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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 05: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 1) INTRODUÇÃO Genericamente falando, princípio jurídico é um valor, uma diretriz que orienta a aplicação do Direito. Trazendo tal definição para nossa seara, princípio constitucional é um valor que comanda e direciona a interpretação dos dispositivos constitucionais. Na lição de Uadi Lamêgo Bulos, trazida por Gabriel Dezen Junior, princípio constitucional pode ser definido como “um enunciado lógico que serve de vetor para a interpretação da Constituição, conferindo coerência geral ao sistema constitucional”. Os princípios distinguem-se das normas pelo seu alcance interpretativo, pela generalidade e abstração que os caracteriza. Enquanto as normas são comandos destinados precipuamente a reger situações determinadas, cessando aí sua aplicação, os princípios são vazados em linguagem mais genérica, abstrata, o que possibilita sua aplicação a uma infinidade de situações. Isto em tudo se aplica aos princípios trazidos nos art. 1˚ a 4˚ da Constituição Federal, nominados pela própria Carta de princípios fundamentais. Se todo princípio, por sua própria natureza, tem caráter fundamental, pois serve de alicerce normativo às situações que se aplica, os princípios de que trataremos nessa unidade tem ampliada tal característica, pois seu conteúdo informa a interpretação e aplicação de todos os dispositivos constitucionais, bem como das normas e princípios que compõe nosso ordenamento infraconstitucional. Iniciamos nosso trabalho pelo mais abrangente artigo de nossa Constituição, que traça o modelo essencial de nosso Estado (composto pelo povo, território e governo soberano) e os fundamentos da sua existência. Trata-se do art. 1˚, vazado nos seguintes termos: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 2) FORMA DE ESTADO CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 2 Forma de Estado é conceito relativo ao modo como se estrutura o exercício do poder político no território do Estado. Se existe apenas um centro de poder político no Estado, estamos perante o Estado unitário; se coexistem diversos centros de poder político no Estado, todos autônomos, reunidos em torno de um ente político central, soberano, estamos diante da Federação; se tivermos diversos entes políticos, todos soberanos, reunidos politicamente pela celebração de um tratado internacional, estamos frente à Confederação. No Estado unitário, todo o poder político é centralizado em um ente. Temos, aqui, apenas uma entidade política ou governamental, soberana em todo o território do Estado. O Estado unitário caracteriza-se, portanto, pela inexistência de repartição de poderes políticos. Há somente um poder político, central, que irradia suas decisões de forma soberana para todo o restante do território nacional, impondo suas determinações às coletividades regionais e locais. Evidentemente, o ente político pode estabelecer subdivisões de caráter administrativo, criando entidades dessa natureza a nível regional ou local, e conferindo-lhe competência para desempenhar parcela de suas atribuições, sem poder de comando. Isto em nada descaracteriza o Estado unitário, pois a competência para governar, o poder para a tomada das decisões políticas e para a edição de atos legislativos e jurisdicionais, continuará concentrado nas mãos do ente central que criou tais entidades. O Uruguai é exemplo de Estado unitário. É de se ressaltar que o Professor Pedro Lenza apresenta em termos diversos a matéria, desmembrando o Estado Unitário em três modalidades, quais sejam: (a) o Estado unitário puro; (b) o Estado unitário descentralizado administrativamente e (c) o Estado unitário descentralizado administrativa e politicamente. Na lição do Professor, no Estado unitário puro há uma total centralização de poder, político e administrativo, nas mãos de um único ente. Trata-se de uma figura meramente teórica, que não encontra exemplo histórico a ser citado. No Estado unitário descentralizado administrativamente permanece a concentração de poder político nas mãos de somente um ente, mas este descentraliza a execução de suas decisões políticas, ou seja, outorga poderes administrativos, para pôr em prática suas determinações políticas, a outros entes, por ele criados. Já o Estado unitário descentralizado administrativa e politicamente é aquele em que o ente político central, ao promover a descentralização administrativa para a execução de suas decisões, outorga, concomitantemente, parcela de poder político, a fim de possibilitar que o ente a quem foi transferido o poder possa definir, dentro dos parâmetros postos pelo ente central, qual a melhor conduta a ser adotada frente aos casos em concreto. Apresentamos a lição do Professor pelos seus méritos, mas, para fins de prova, entendemos que deve-se trabalhar a matéria da forma antes exposta, considerando que no Estado unitário há apenas um ente com poder político, que promove descentralização exclusivamente de competências administrativas, a outros entes por ele próprio criados. Prosseguindo na matéria, temos a segunda forma de Estado, a Federação, na qual, ao contrário do que ocorre no Estado unitário, o poder político é CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 3 dividido entre diversos entes políticos ou governamentais. Foi a forma adotada pela Constituição para o nosso Estado, a República Federativa do Brasil, ente detentor de soberania que compreende, em sua organização político-administrativa, a União, ente político central, os Estados, entes políticos regionais, e os Municípios, entes políticos locais, além do Distrito Federal, que reúne as competências dos Estados e dos Municípios; todos detentores de autonomia, nos termos estabelecidos pela Constituição (art. 18, caput). Os componentes da Federação – inclusive a União – ostentam autonomia, e não soberania, atributo exclusivo do próprio Estado, em nosso caso, a República Federativa do Brasil. A diferença é significativa: soberania é a qualidade atribuída a um ente político pelo qual este detém poder absoluto e indiscriminado para determinar sua conduta; autonomia é a competência conferida a um organismo político para decidir acerca dos assuntos que lhe são próprios, dentro dos limites estabelecidos por um poder a ele anterior e superior, cuja existência pressupõe: a Constituição. Desse modo, a autonomia conferida a cada ente federativo não tem cunho genérico, é especificada pela Constituição a cada um deles. Não podemos, então, afirmar que a União tenha maior autonomia que os Estados, ou que estes a detenham em maior grau que os Municípios, pois todos a possuem dentro dos parâmetros estabelecidos no texto constitucional. Segundo Celso Bastos, Soberania é o atributo que se confere ao poder do Estado em virtude de ser ele juridicamente ilimitado. Um Estado não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. Isso o coloca, pois, numa posição de coordenação com os demais integrantes da cena internacional e de superioridade dentro do seu próprio território, daí ser possível dizer da soberania que é umpoder que não encontra nenhum outro, acima dela, na arena internacional e nenhum outro que lhe esteja nem mesmo em igual nível na ordem interna. Autonomia, por outro lado, é a margem de discrição de que uma pessoa goza para decidir sobre os seus negócios, mas sempre delimitada essa margem pelo próprio direito. Daí porque se falar que os Estados- membros são autônomos, ou que os Municípios são autônomos: ambos atuam dentro de um quadro ou de uma moldura jurídica definida pela Constituição Federal. Autonomia, pois, não é uma amplitude incondicionada ou ilimitada de atuação na ordem jurídica, mas, tão- somente, a disponibilidade sobre certas matérias, respeitados, sempre, os princípios fixados na Constituição. A República Federativa do Brasil é pessoa jurídica de direito público internacional, ao passo que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são pessoas jurídicas de direito público interno. Ocorre que a União, além de poder atuar em seu nome, no plano interno, pode também atuar em nome da República Federativa do Brasil, no plano internacional. No primeiro caso, estará tratando da gerência dos seus assuntos próprios, na condição de pessoa jurídica de direito público interno e gozando de autonomia; no segundo, estará representando nosso Estado na esfera internacional, quando então atuará gozando de seu atributo, a soberania, e da sua condição de pessoa jurídica de direito público internacional. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 4 A fim de enfatizarmos a diferença a República Federativa do Brasil e a União, trazemos à colação as palavras de Gabriel Dezen Junior: República e União, portanto, não são sinônimos. A União é pessoa jurídica de Direito Público interno com capacidade política, que ora se manifesta em nome próprio (como União), ora em nome da Federação (como República). No âmbito interno, a União é apenas autônoma, como deixa claro o dispositivo [o caput do art. 18 da CF]. A República é que é soberana. Nossa Carta Política, ao estabelecer que a República Federativa do Brasil é formada pela “união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”, vedou de forma expressa e terminativa o direito à secessão, ou seja, a possibilidade de um de nossos entes autônomos tentar se dissociar da República Federativa do Brasil e constituir, por si só, um Estado soberano, sendo qualquer tentativa nesse sentido flagrantemente inconstitucional. Na expressão não consta a União, pois ela não tem existência material, física (ela não ocupa uma parte de nosso território), mas apenas político-administrativa. Enfim, todos os entes autônomos compõem o Estado Brasileiro, a República Federativa do Brasil e, nos termos de nossa Constituição, necessariamente continuarão compondo. Pelo exposto, podemos sintetizar no seguinte elenco as características básicas comuns a toda Federação: - divisão do poder político, promovida pela Constituição Federal, entre diversos entes, os entes federados; - soberania do Estado, e apenas do próprio Estado; - autonomia dos entes federados; - vedação do direito à secessão. Na aula sobre organização do Estado voltaremos ao estudo da Federação, aí, então, analisando em maior profundidade as características da nossa Federação, tal como determinadas pela Constituição Federal. Como última forma de organização do Estado, temos a Confederação. Trata-se de uma união de Estados, entes políticos soberanos, que livremente unem-se mediante a celebração de um tratado internacional e livremente podem dele se desvincular, abandonando a Confederação. Enquanto na Federação temos um único Estado, soberano, na Confederação coexistem diversos Estados, todos detentores de soberania. Daí, não existe, aqui, vedação à secessão. Ao contrário, como os integrantes da Confederação, ao nela ingressarem, não abrem mão de sua soberania, podem a qualquer tempo dela desligar-se. Ademais, também em vista a manutenção de sua soberania, os Estados confederados não estão automaticamente vinculados às decisões tomadas pela Confederação. As leis por ela promulgadas, as decisões políticas por ela tomadas, dependem, para serem aplicadas no território do Estado, de sua expressa manifestação, internalizando a medida em seu domínio geográfico. Eventualmente, o Estado que se negar a adotar a decisão da Confederação poderá ser penalizado com as sanções prescritas no tratado internacional constitutivo, ou em outros tratados celebrados em decorrência dele. Não há, contudo, meios de coagi-lo materialmente a acatar a decisão tomada, justamente porque o Estado confederado mantém sua soberania. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 5 Isso se aplica também no plano internacional, nas relações com outros Estados soberanos. Cada Estado confederado permanece com sua personalidade jurídica direito público internacional íntegra, podendo manter relações jurídicas diretamente com quaisquer outros Estados, independentemente de anuência da Confederação. A forma federativa de Estado é cláusula pétrea de nossa Constituição. 3) FORMA DE GOVERNO A forma de governo relaciona-se ao modo pela qual o poder político é instituído e exercitado em certo Estado, e como nele se relacionam os governantes e governados. Temos duas formas de governo: a República e a Monarquia. República é forma de governo que tem como características a periodicidade do mandato dos governantes; a eletividade como forma de condução aos cargos políticos; a possibilidade de responsabilização dos governantes pelos atos praticados no exercício do mandato e o fato de que os governantes representam diretamente o povo. A segunda forma de Governo é a Monarquia. Nesta, os governantes não chegam ao poder por meio de eleições, mas sim por critérios hereditários, sanguíneos; não exercem mandato a prazo certo, pois a investidura é vitalícia; não representam o povo, mas determinada estirpe, a família a que pertencem; e não respondem perante pelos atos que praticam no exercício do mandato. O Brasil adotou a forma republicana de governo, de forma que seus princípios regem toda a organização política de nosso Estado. Eventuais emendas à Constituição que estabelecessem a nomeação dos Governadores dos Estados pelo Presidente da República, que conferissem caráter vitalício aos mandatos legislativos e executivos, que impedissem a responsabilização do Presidente da República por atos praticados no exercício de suas funções, são alguns exemplos de emenda frontalmente contrárias aos preceitos republicanos e, conseqüentemente, inconstitucionais. Contudo, a forma de governo republicana não é cláusula pétrea de nossa Constituição. 4) REGIME DE GOVERNO Apesar de não ser matéria tratada no art. 1˚ da Constituição, vamos neste ponto analisar o sistema ou regime de governo. Sistema ou regime de governo corresponde ao modo como se relacionam os Poderes Legislativo e Executivo. Há dois sistemas ou regimes, o presidencialista e o parlamentarista, o primeiro marcado por uma maior independência entre os dois Poderes, o segundo, por uma maior interdependência, colaboração entre eles. No Presidencialismo, sistema típico da forma de governo republicana, o chefe do Poder Executivo concentra as funções de chefe de Estado e de chefe de Governo. Como chefe de Estado, representa o Estado nas relações com outros Estados soberanos e organismos internacionais; como chefe de Governo, o chefe do Executivo trata de todos os assuntos CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 6 pertinentes à política interna de nosso País, determinadoos programas de atuação governamental e o funcionamento da Administração Pública federal. É de se ressaltar que alguns vislumbram a chefia da Administração Pública, dos órgãos e entidades administrativos responsáveis pela execução dos planos de governo, como uma função separada da chefia de Governo, ao passo que outros, em posição a que aderimos, consideram a chefia da Administração como função inerente à chefia de Governo e, pois, nesta compreendida. De qualquer modo, em face desta concentração da função executiva nas mãos de uma só autoridade, a chefia do Poder Executivo no Presidencialismo é monocrática. No Brasil este é o regime de governo adotado, pois o Presidente da República enfeixa em suas mãos a chefia de Estado, mediante a qual representa nosso País na esfera internacional, e a chefia de Governo, pela qual define os rumos de nossa política interna e determina a atuação dos órgãos e entidades administrativos na execução do seu plano de governo. Outra característica deste sistema, a assinalar a independência entre os Poderes Executivo e Legislativo, é a autonomia do mandato de seus respectivos membros. O chefe do Poder Executivo, uma vez investido em suas funções, permanece exercendo-as independentemente da concordância do Poder Legislativo. No regime presidencialista o chefe do Poder Executivo elabora seu plano de governo, fixa as diretrizes de sua atuação e os põem em prática independentemente da concordância do Poder Legislativo, ressalvadas as matérias que dependem de lei. Os membros deste Poder, mesmo que insatisfeitos com a atuação do chefe do Executivo, não podem negar-lhe o direito de, durante o transcurso de seu mandato, dar efetividade ao seu programa de trabalho. Também não podem impedi-lo de exercer seu mandato até o final. Por sua vez, os membros do Poder Legislativo atuam com independência em relação ao Poder Executivo. Seus posicionamentos nas votações de projetos de lei e sua atuação parlamentar como um todo independe de anuência do chefe do Poder Executivo. Seus mandatos advêm da vontade popular, manifestada nas urnas, e não pode o chefe do Executivo impedi-los de exercê-los por discordar de sua atuação. É incabível, nesse regime, a dissolução do Poder Legislativo pelo chefe do Poder Executivo. Enfim, não podem os membros do Legislativo destituir o chefe do Executivo por discordarem das diretrizes de seu plano de governo ou de decisões políticas isoladas por ele adotadas; por outro lado, não pode o chefe do Poder Executivo dedidir pela dissolução do órgão legislativo por considerar que a atuação de seus membros não se conforma às diretrizes executivas. Uns e outros são eleitos para exercer seus respectivos mandatos por tempo determinado. Outra característica a ser destacada neste sistema é que cabe exclusivamente ao chefe do Poder Executivo a responsabilidade pela execução do plano de governo. Embora via de regra tais planos sejam aprovados pelo Legislativo (é o que ocorre no Brasil), a anuência legislativa não significa responsabilidade solidária com o Poder Executivo, devendo ser vista como uma autorização para que o chefe do Poder ponha em prática sua visão de governo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 7 Em fechamento, podemos afirmar, além do que já foi apontado, que no regime presidencialista a atuação dos Poderes Legislativo e Executivo é em regra independente. Cada Poder exerce com autonomia suas funções, sem possibilidade de ingerência pelo outro, à exceção das hipóteses expressamente prescritas na Constituição. A regra é a independência, a exceção o controle ou a atuação conjunta. Embora a Constituição estabeleça diversos mecanismos de controle de um deles sobre o outro, permanece a independência como a marca de atuação de ambos. Vigora aqui com certa severidade o princípio da separação dos Poderes, analisado ainda nesta aula. Já no parlamentarismo, sistema de governo típico das monarquias, ao contrário, do que ocorre no presidencialismo, predomina a colaboração entre os Poderes Legislativo e Executivo. Há nesse sistema uma forte interdependência na atuação desses Poderes, como veremos a seguir. Inicialmente, cabe se destacar que no parlamentarismo a chefia do Poder Executivo é dual. A chefia de Estado é exercida pelo Monarca (ou pelo Presidente da República), ao passo que a chefia de Governo cabe ao Primeiro Ministro (ou a um Conselho de Ministros, o Gabinete). Em linhas gerais, podemos sintetizar o funcionamento desse sistema nos seguintes termos: o chefe de Estado (Monarca ou Presidente da República) indica o chefe de Governo, o Primeiro Ministro (quando a chefia de Governo não for colegiada). Ao indicado para o cargo cabe, como primeira atribuição, elaborar um plano de governo e levá-lo à apreciação do Poder Legislativo, ao qual compete aprová-lo ou rejeitá-lo. A aprovação do plano de governo proposto traz em si, como consequência automática, a aprovação do indicado para o cargo de Primeiro Ministro, e a rejeição, em regra, sua não- aceitação para o cargo. Com a aprovação do plano de governo o Parlamento assume responsabilidade política perante o povo, ao contrário do que ocorre no presidencialismo. Temos no parlamentarismo, então, a seguinte relação: o Governo, na figura do Primeiro Ministro ou do Conselho de Ministros, responde politicamente perante o Parlamento pela execução do plano de Governo, e este, por sua vez, responde perante o povo. Desse modo, se o Parlamento, majoritariamente, passar a discordar da condução da política interna, retira seu apoio ao Primeiro Ministro ou ao Gabinete, dando-se sua exoneração. Nesse caso, o processo deve iniciar-se novamente, com a indicação, pelo chefe de Estado, de um novo nome para o cargo. Por outro lado, frente ao atrito entre o chefe de Governo e o Parlamento, em certas hipóteses poderá ocorrer o inverso: não a exoneração do Primeiro Ministro, mas a dissolução do Parlamento, por ato do chefe de Estado, com a simultânea convocação de novas eleições. O objetivo do chefe de Estado, ao impor uma nova composição ao parlamento, é tentar reverter a situação precedente, de forma a obter apoio ao plano de governo elaborado pelo Primeiro Ministro por ele indicado. A partir dessa visão panorâmica do regime parlamentarista, podemos sintetizar suas principais características: a) a Chefia do Poder Executivo é dual, dividida entre o Presidente ou o Monarca, que exerce a chefia de Estado, e o Primeiro Ministro ou o Gabinete, que desempenha a chefia de Governo; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 8 b) não há responsabilidade política do chefe de Estado perante o povo ou o Parlamento. Pela execução do plano de governo, há responsabilidade do chefe de Governo perante o Parlamento e deste perante o povo; c) o Poder Legislativo exerce atribuições políticas mais abrangentes do que no Presidencialismo, eis que assume responsabilidade política pela concretização do plano de governo, além de ter o chefe de Governo saído de seus próprios quadros; d) o Primeiro Ministro (ou os integrantes do Gabinete) e os membros do Parlamento não têm direito a exercer suas respectivas funções por um prazo certo, determinado. O Primeiro Ministro, porque sujeita-se a exonerar-se de suas funções, quando perder o apoio do Parlamento (caso em que será constituído um novo Governo); e os membros do Legislativo, porque o Parlamento pode ser dissolvido pelo chefe de Estado, com a convocação de novas eleições. O regime de governo presidencialista não é cláusula pétrea de nossa Constituição. 5) ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO A instituição do Estado de Direito revolucionou a organização do poder.Antes dele, à época dos Estados absolutistas, o governante detinha poder absoluto para decidir sobre as questões de Estado da forma que lhe aprouvesse, podendo impor sua vontade aos seus súditos, sem qualquer limitação institucional. Com o Estado de Direito, instala-se o império da lei. O poder do governante não é extinto, mas sua discricionariedade, agora, verga-se ao princípio da legalidade, pelo qual é a lei o único instrumento legítimo para instituir direitos e obrigações, vinculando a todos, inclusive e principalmente os governantes. Este não faz mais o que deseja, mas o que a lei permite a ele que deseje. Essencialmente, o Estado de Direito é aquele em que apenas as leis podem definir qual é o Direito que competirá ao governante aplicar. O curso da História assistiu à degeneração do Estado de Direito, como conseqüência da distorção do princípio da legalidade, seu lastro institucional. A aplicação míope deste princípio restringiu o exame da validade de uma lei aos seus aspectos meramente formais, permitindo a subsistência no ordenamento jurídico estatal de qualquer regra posta em vigor, uma vez observado o procedimento próprio para sua instituição. Não se assegurava, assim, a legitimidade da norma, qualidade que se originava da confluência de seu conteúdo, do teor de suas disposições, com os anseios populares. Enfim, no Estado “meramente” de Direito foi reconhecida a validade jurídica de leis formalmente perfeitas, mas materialmente ilegítimas. Em função disso, o Estado de Direito evoluiu em direção ao Estado Democrático de Direito, no qual se considera a lei não só pelo ângulo formal, mas também pelo material, reconhecendo-se a legitimidade tão somente daquelas que apresentarem conteúdo democrático, em conformidade com os interesses e aspirações do povo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 9 O Estado Democrático de Direito, assim, representa uma evolução do Estado de Direito. Este erige a lei ou ato normativo de idêntica hierarquia como o único instrumento apto para criar direitos e, principalmente, para impor restrições e criar obrigações para os membros da coletividade (Estado de Direito). Aquele aprofunda tal exigência, asseverando que a legitimidade da lei não é assegurada apenas pelo fato de ter sido observado o procedimento para sua elaboração, é necessário mais, que o próprio conteúdo das normas que compõem a lei tenha caráter democrático, que seus dispositivos estejam em consonância com os anseios populares e visem justamente à sua satisfação (Estado Democrático de Direito). Como reza o art. 1˚, a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, com as conseqüências acima apontadas. 6) FUNDAMENTOS Os incisos do art. 1˚ da Constituição traçam os fundamentos da República Federativa do Brasil, a saber: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Há o que dizer, rapidamente, sobre esse elenco: - soberania: o fundamento primeiro da República Federativa do Brasil, como de resto de qualquer Estado, é a sua soberania, como pontifica a Constituição, em seu art. 1o, inciso I. Nas palavras de André Ramos Tavares, soberania é: Um poder político supremo e independente, entendendo-se por poder supremo aquele que não está limitado por nenhum outro na ordem interna e por poder independente aquele que, na sociedade internacional, não tem que acatar regras que não sejam voluntariamente aceitas e está em pé de igualdade com os poderes supremos de outros povos. Este é o conceito tradicional de sobrania, como vimos quando da análise da Federação. Há entendimento, entretanto, que não foi esse o sentido com que a expressão foi utilizada para definir um dos fundamentos de nossa República. É a lição de Gabriel Dezen Junior, para o qual a soberania, no contexto ora analisado, deve ser compreendida como soberania popular, isto é, como o reconhecimento explícito pela Constituição de que “a origem de todo o Poder da República brasileira é o seu povo, e que toda a estrutura do Estado, dada pela Constituição, foi formada em atendimento a esse princípio”. Concordamos com esse segundo entendimento. De fato, o conceito tradicional de soberania, como atributo do Estado, já está compreendido no próprio conceito de Estado, não sendo necessária, portanto, expressa CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 10 menção à parte para entendê-lo como uma das bases do Estado Brasileiro. A soberania a que se refere o inc. I do art. 1º, em nosso entender, refere- se à soberania popular, como ensina Gabriel Dezen Junior. - cidadania: o segundo fundamento da República Federativa do Brasil, consoante o art. 1o, II, da CF, é a cidadania, pressuposto dos direitos políticos conferidos aos brasileiros, natos ou naturalizados, para participar da vida política de nosso Estado. Mais uma vez recorrendo aos ensinamentos de Gabriel Dezen Junior, ensina o Professor que os termos população, povo e cidadão não são termos equivalentes. População é o conjunto composto por todos os indivíduos que, em dado momento, habitam certo território; povo é o conjunto dos naturais do território; e cidadão é a parcela do povo que titulariza a capacidade eleitoral ativa, o poder de votar, e assim participar da vida política do Estado. Além do voto, em nosso sistema constitucional representam prerrogativas exclusivas do cidadão o direito de interpor ação popular, de conjuntamente apresentar ao Poder Legislativo projetos de lei, de apresentar-se com candidato a cargos eletivos (a capacidade eleitoral passiva), dentre outras prerrogativas previstas na Constituição. - dignidade da pessoa humana: outro dos fundamentos de nossa República, previsto no art. 1º, III, da Constituição, a dignidade da pessoa humana é preceito basilar que impõe o reconhecimento de que o valor do indivíduo, enquanto ser humano, prevalece sobre todos os demais. A Constituição é pródiga em normas que representam aplicações diretas deste fundamento, como as que tratam dos direitos dos presos, as que vedam determinadas sanções penais, as que protegem os deficientes e os idosos, entre tantas outras, que serão analisadas quando do estudo dos direitos e garantias fundamentais. - valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são contemplados como fundamentos de nosso Estado pelo art. 1o, IV, da Constituição. O dispositivo alcança o trabalhador em sentido estrito, que, mediante contraprestação pecuniária, coloca suas forças à disposição de terceiro, o empregador, a ele subordinando-se; o trabalhador informal, que não mantém vinculo regular de emprego; bem como aquele que opta por correr os riscos de seu próprio negócio, e assim lança-se ao mercado em nome próprio. A importância da inserção dos valores sociais do trabalho entre os fundamentos de nosso Estado é realçada por Gabriel Dezen Junior nos seguintes termos: O trabalhador foi visto e entendido, por muito tempo, como uma espécie de engrenagem num mecanismo de produção de riqueza. A atual Constituição não aceita esse entendimento, e impõe que o trabalho seja, além de gerador de riquezas para o empregador e para o Brasil, instrumento do trabalhador para obter todos os direitos sociais que estão assegurados no art. 6˚. Quanto à livre iniciativa, é fundamento que busca proteger o empreendedor, o micro, pequeno ou macro empresário contra práticas ilícitas, abusivas, que tenham por intuito restringir a competitividade do mercado, alijando de seu âmbito os empreendedorescom estrutura CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 11 econômica menos robusta. Os monopólios e oligopólios são, exemplificativamente, dois fenômenos econômicos contrários a este fundamento da República. - pluralismo político: Numa sociedade multifacetária como a nossa, é indispensável que todos os seus membros encontrem um canal adequado às suas convicções, que lhes permita expressar suas opiniões ou, até mesmo, concorrer a cargos eletivos, participando do processo político de nosso país. O pluralismo político é, assim, outro dos fundamentos de nosso Estado, conforme o art. 1o, V, da Constituição, e possui estreita ligação com outro dos fundamentos ora analisados: a cidadania. Não basta, pois, que abstratamente se reconheça ao brasileiro nato ou naturalizado o direito de participar da vida política de nosso Estado. Nem mesmo é suficiente que sejam levadas a cabo ações governamentais com vistas ao desenvolvimento no cidadão de uma consciência política crítica. É indispensável que, a partir do reconhecimento do direito à cidadania e da aquisição do conhecimento necessário para seu exercício, disponha o cidadão de diversos canais que lhe permitam transmitir suas convicções e, talvez mesmo, passar a participar diretamente das decisões estatais. É mister, enfim, que haja ampla liberdade de se congregarem em partidos políticos, associações, sindicatos indivíduos com ideologias políticas semelhantes, para que possam debatê-las amplamente e tentar pô-las em prática. 7) TITULARIDADE E EXERCÍCIO DO PODER Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Alexandre de Moraes, analisando esse dispositivo dentro do contexto do princípio democrático, brinda-nos com a seguinte lição: Assim, o princípio democrático exprime fundamentalmente a exigência de integral participação de todos e de cada uma das pessoas na vida política do país, a fim de garantir-se o respeito à soberania popular. Como é possível verificar, a partir do Direito Constitucional comparado, modernamente a soberania popular é exercida em regra por meio da Democracia representativa, sem contudo descuidar-se da Democracia participativa, uma vez que são vários os mecanismos de participação mais intensa do cidadão nas decisões governamentais (plebiscito, referendo, iniciativa popular), bem como são consagrados mecanismos que favorecem a existência de vários grupos de pressão (direito de reunião, direito de associação, direito de petição, direito de sindicalização). O dispositivo afasta qualquer dúvida sobre a titularidade do poder político no Estado brasileiro: o povo. Este, titular único e absoluto do poder político, pode exercê-lo diretamente, mediante a utilização de um dos diversos instrumentos de participação prescritos na Constituição, ou indiretamente, mediante a eleição de seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 12 É o que evidencia a lição de Alexandre de Moraes. Temos a democracia representativa ou indireta, que tem por instrumento de exercício o voto, mediante o qual o povo elege seus representantes, outorgando-lhes o poder de tomar as decisões políticas; e a democracia participativa ou direta, na qual o próprio povo, a partir de instrumentos constitucionais, toma para si, individual ou coletivamente, a responsabilidade de interferir diretamente nas decisões políticas do Estado. Podemos elencar, entre os meios diretos de participação popular postos à disposição pela Constituição Federal, o plebiscito, o referendo, a possibilidade de apresentar projetos de lei, o poder de fiscalizar as contas públicas, o direito de obter informações dos órgãos públicos, o poder de propor ação popular e mandado de injunção, o direito de representar perante o TCU, a possibilidade de organizar ou integrar partido político, o direito de petição aos Poderes Públicos, entre outros mecanismos com previsão constitucional. 8) PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O poder é uno, e tem titular único – o povo –, como se depreende da leitura do parágrafo único do art. 1º da CF. O que faz a Constituição, ao estatuir que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, é estabelecer uma divisão de caráter funcional e orgânico quanto ao exercício das três funções estatais: a legislativa, a jurisdicional e a administrativa, cada uma das quais exercida com precipuidade, mas não com exclusividade, por um dos Poderes de nossa República, como se conclui a partir de uma leitura sistemática do texto constitucional. Podemos, assim, dizer que o Poder Executivo tem como função típica a administrativa (ou executiva), por meio da qual se busca, de modo direto e imediato, a realização de determinada utilidade pública, mediante a aplicação das leis a situações em concreto; mas, além desta, detém atribuições de caráter legislativo (quando, por exemplo, edita medidas provisórias) e jurisdicional (quando decide litígios em âmbito administrativo). Da mesma forma, o Legislativo precipuamente legisla (expede atos gerais e abstratos que inovam na ordem jurídica) e fiscaliza, mas também, de forma atípica, julga (o Senado, por exemplo, tem competência para julgar o Presidente da República, nos crimes de responsabilidade) e administra (quando promove um concurso público, para o preenchimento de seus cargos, ou uma licitação, para a celebração de determinado contrato). E o Judiciário, a exemplo dos demais Poderes, além de sua função típica – a jurisdicional, pela qual são solucionados litígios jurídicos de forma definitiva –, também atipicamente exerce atribuições de caráter legislativo (quando os Tribunais elaboram seus respectivos regimentos internos, por exemplo) e administrativo (quando contrata seu pessoal e organiza os serviços de suas secretarias). CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 13 Como apontado, a Constituição outorgou a cada um dos Poderes da República o desempenho de certa função como típica, como própria do Poder, sendo tal desempenho o fundamento, a justificativa, para sua existência. Segue-se, em consequência, que o exercício desta função não pode ser objeto de delegação a outros Poderes, salvo quando a própria Constituição Federal prevê tal possibilidade (é o que ocorre, por exemplo, no caso das leis delegadas, nos termos do art. 68 da CF). A isto se denomina princípio da indelegabilidade das atribuições. Enfim, as competências outorgadas a cada um Poderes pela Constituição devem ser por eles diretamente exercidas, salvo quando a própria Constituição admitir a possibilidade de delegação. No desencargo desta tarefa, cada Poder atuará com independência, sem subordinar-se aos demais Poderes. A isto se denomina princípio da separação dos poderes, e a isto se refere a Constituição quando, em seu art. 2º, assevera que os poderes são independentes entre si. Este dispositivo, todavia, afirma também que os poderes são harmônicos entre si, consagrando a chamada teoria dos freios e contrapesos, que visa a assegurar um equilíbrio na atuação dos três Poderes, sem sobreposição de qualquer deles em relação aos demais. Com este escopo, a Carta estabelece um intrincado mecanismo de controles recíprocos entre os Poderes, de forma que um Poder controle os demais, ao mesmo tempo em que é por eles controlado, nas hipótesesnela expressamente previstas. O Poder Legislativo controla o Executivo quando, exemplificativamente, autoriza o Presidente da República a declarar a guerra e a celebrar a paz (CF, art. 48, X e XI); susta os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (CF, art. 49, V) ou fiscaliza, com o auxílio do Tribunal de Contas, a execução do orçamento pelos órgãos e entidades do Poder Executivo (CF, art. 49, IX). E o Executivo também controla o Legislativo, a exemplo de quando nomeia membros do Tribunal de Contas, órgão vinculado ao Poder Legislativo (CF, art. 61 e 73, § 2o, I), ou veta os projetos de lei por ele aprovados (CF, art. 66). O Legislativo fiscaliza o Judiciário, quando legisla sobre organização judiciária (CF, art. 48, IV), aprova ou não a nomeação pelo Presidente da República de membros do Poder Judiciário (CF, art. 48, VIII) ou, até mesmo, instaura uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar atos relacionados ao Poder Judiciário (CF, art. 58, § 3o), entre outras hipóteses. Reciprocamente, é o Legislativo fiscalizado pelo Judiciário, quando este decide acerca da constitucionalidade ou não dos atos normativos por ele editados (CF, art. 102, I, a, e art. 5o, XXXV) ou julga seus membros nas infrações penais comuns (CF, art. 102, I, b). E o Executivo fiscaliza o Judiciário quando nomeia os Ministros do STF e do STJ (CF, art. 101 e 104), entre outros Tribunais, ou quando concede indulto e comuta penas (CF, art. 84, XII), entre outras hipóteses. E é por ele controlado quando, exemplificativamente, o Judiciário aprecia, no controle difuso ou concentrado, a constitucionalidade de atos normativos editados pelo Poder Executivo (CF, art. 102, I, a, e art. 5o, XXXV) ou julga o Presidente da República nas infrações penais comuns (CF, art. 102, b). CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 14 É oportuno destacar-se as duas modalidades de controle realizadas pelo Poder Legislativo: o controle político e o controle financeiro. O controle político exercido pelo Poder legislativo tem sua previsão mais genérica, basicamente, em dois dispositivos constitucionais, o art. 49, X, pelo qual cabe ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”; e o art. 49, V, que confere ao Congresso a prerrogativa de “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa”. Já o controle externo financeiro vem previsto no art. 70 da CF. Sua competência é atribuída com exclusividade, na esfera federal, ao Congresso Nacional, que contará com o auxílio do Tribunal de Contas da União no exercício desta tarefa. Nos termos do dispositivo, mediante este controle se objetiva a “fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas”. Por meio dele objetiva-se, essencialmente, assegurar a probidade administrativa e a regularidade da aplicação e utilização dos recursos públicos. Por fim, vale frisar que o Supremo Tribunal Federal considera ofensivas ao princípio da separação dos Poderes as seguintes medidas: (a) previsão, em Constituição Estadual, de regra que submeta os convênios e ajustes celebrados pelo Poder Executivo à prévia aprovação do Poder Legislativo; (b) fixação de prazo, em Constituição Estadual, para que o Poder Executivo encaminhe ao Legislativo projetos de lei tratando de matérias de sua iniciativa exclusiva. O princípio da separação dos poderes é cláusula pétrea de nossa Constituição. 9) OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. O art. 3º da Constituição complementa seu art. 1º. Enquanto este traça os fundamentos, as bases ideológicas de nosso Estado, o art. 3º estatui os objetivos fundamentais que nortearão as suas ações. Como ressalta Gabriel Dezen Junior, nossa doutrina vem considerando esse dispositivo como de natureza programática, com os efeitos que lhe são peculiares. Seus comandos não constituem propriamente um direito, passível de invocação em caráter individual ou coletivo. Eles impõem diretrizes para o agir estatal, objetivos que direcionarão sua conduta. Cabe CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 15 ao Estado, portanto, elaborar e pôr em prática os planos de governo que buscarão a concretização do art. 3º. Percebe-se o caráter nitidamente dinâmico do dispositivo pela forma de redação de seus incisos. “Construir”, “garantir”, “erradicar” e “promover” são verbos ativos, que impõem ao Estado a implementação das políticas necessárias à sua efetivação. 10) PRINCÍPIOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. O dispositivo enumera os valores que nortearão as ações de nosso Estado no cenário internacional. A independência nacional é valor que deve ser interpretado por duas óticas diversas: o Brasil, ao manter suas relações internacionais, não poderá abrir mão da sua independência, da sua condição de nação soberana; por outro via, deverá reconhecer tal condição aos Estados com que se relacionar, respeitando sua independência. A prevalência dos direitos humanos é princípio aplicável não só em âmbito internacional, mas principalmente dentro de nossas fronteiras, em decorrência da previsão da dignidade da pessoa humana como fundamento de nosso Estado. No que toca à esfera internacional, significa o princípio que o Brasil evitará travar alguma relação jurídica com Estados que desrespeitem os direitos humanos do seu povo ou do povo brasileiro. Por outro lado, pode ser interpretado como uma vedação à formação de vínculos de qualquer natureza com Estados que desprezem idêntico valor. A autodeterminação dos povos e a não-intervenção reforçam a segunda aplicação do princípio da independência nacional, proibindo o Brasil de tomar parte em ações ofensivas à soberania de outro Estado, salvo quando encontrar fundamento constitucional para tanto, como, por CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 16 exemplo, a fim de assegurar a prevalência dos direitos humanos no território do Estado. A igualdade entre os Estados é princípio de difícil aplicação prática, já que são evidentes as diferenças políticas, culturais, econômicas dasdiferentes nações. Uma leitura mais adequada do princípio nos leva à conclusão de que ele impõe não um tratamento idêntico, pelo Brasil, a todos os países, mas um tratamento diferenciado na medida de suas disparidades, vedado o estabelecimento de distinções que não encontrem respaldo no texto constitucional. A defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos são dois princípios intimamente relacionados, na verdade complementares. O primeiro é de acepção mais genérica, e abrange não só ações negativas, de repúdio a conflitos armados já deflagrados, mas também ações positivas, que objetivem evitar a explosão do conflito. Pode-se interpretá-lo em acepção ainda mais larga, de modo a abranger os direitos fundamentais de terceira geração, calcados na solidariedade, a exemplo do direito ao desenvolvimento dos povos e à defesa do meio-ambiente ecologicamente equilibrado. Já o segundo princípio, de sentido mais estrito, aplica-se perante conflitos já deflagrados, impondo ao Brasil que auxilie na resolução das divergências que o ocasionaram mediante o uso de instrumentos pacíficos, a exemplo da arbitragem internacional. O repúdio ao terrorismo e ao racismo, apesar de mencionado à parte, é princípio que se pode considerar já previsto anteriormente neste dispositivo, nos inc. VI (quem defende a paz não pode admitir o terrorismo) e II (quem alça a prevalência dos direitos humanos à condição de princípio interno e externo não pode compactuar com o racismo). Gabriel Dezen Junior, valendo-se de lição de Sotille, após esclarecer que não há definição jurídica clara de terrorismo, afirma que ele caracteriza-se “pelo uso de método criminoso e violência, visando atingir um fim determinado”. Quanto ao racismo, o Professor traz a definição do art. 1˚ da Convenção de 1966 da ONU, segundo a qual “a discriminação racial significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais”. A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade é diretriz de cunho genérico que, conforme o caso concreto em que aplicada, pode servir de justificativa para a relativização dos conceitos de soberania e independência nacional, principalmente por parte do Estado brasileiro. A concessão de asilo político é o último dos princípios regentes do Brasil em suas relações internacionais que se aplica em âmbito geral, alcançando quaisquer Estados, ou, melhor dizendo, os indivíduos de qualquer Estado. Segundo Alexandre de Moraes, o asilo político, também chamado asilo diplomático, “consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um Estado que não o seu, em virtude de perseguição por ele sofrida e praticada ou por seu próprio país ou, ainda, por terceiro. As causas motivadoras dessa perseguição, ensejadora da concessão do asilo, em regra são: dissidência política, livre manifestação do pensamento ou, ainda, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 17 crime relacionados com a segurança do Estado, que não configurem delitos no direito penal comum”. Na sistemática constitucional, a concessão de asilo político é competência exclusiva do Presidente da República, que pode decidir discricionariamente em um sentido ou outro. Diferentemente do que ocorre com a extradição, no asilo político não há participação do Poder Judiciário. É ato privativo do Presidente da República, que ao decidir o faz na condição de chefe de Estado da República Federativa do Brasil, atuando, pois, de forma soberana. Estudaremos com mais detalhes o instituto quando da análise do art. 5º da Constituição. Por fim, temos o parágrafo único do art. 4º, norma eminentemente programática, que impõe como missão internacional a nosso Estado buscar a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, com vistas à criação de uma comunidade latino-americana de nações. O Mercosul é uma tentativa incipiente de concretizar esse preceito constitucional. É de se observar que a integração intentada deve abranger somente os países latino-americanos, e não o continente americano como um todo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 18 QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 1 (CESPE/Procurador – MP/TCDF – 2002) - O Federalismo constitui um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. 2 (CESPE/Defensor Público – Alagoas/2003) - Considere a seguinte situação hipotética. Valendo-se do regulamento da sua empresa, o diretor-presidente de uma fábrica de roupas íntimas femininas sujeitava suas empregadas a revista pessoal, com despimento de roupas íntimas (sutiãs e calcinhas), sob ameaça de despedimento por justa causa. Denunciado pelo Ministério Público, na forma do art. 146 do Código Penal, por constrangimento ilegal, foi o diretor-presidente condenado a pena de multa, entendendo-se, entre outros argumentos, que a revista violava a dignidade humana. Nessa situação, houve fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana, mas não significou que a decisão condenatória, implicitamente, considerou o fato como violador da ordem pública. 3 (CESPE/Consultor Jurídico – SETEPS/PA – 2004) - Por ser o Brasil uma república, seria inconstitucional a criação de funções públicas hereditárias. 4 (CESPE/Juiz Federal –TRF 5ª Região – 2004) - Com base na determinação constitucional de que os poderes sejam independentes e harmônicos entre si, é correto argumentar que, quanto à legalidade e à legitimidade, o Poder Judiciário não está sujeito à fiscalização operacional e patrimonial mediante controle externo. 5 (CESPE/Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU - 2004) - A partir da aplicação dos princípios gerais que regem a concepção do sistema de freios e contrapesos na Constituição da República, é possível deduzir controles entre os poderes que não estejam expressos no texto constitucional. 6 (CESPE/Técnico Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - Enquanto o território estatal constitui o limite espacial no qual se exerce efetiva e exclusivamente o poder de Estado, configurando o âmbito de validade jurídica, a forma de Estado é o modo de exercício desse poder em função também da unidade ou da multiplicidade organizativa. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 19 7 (CESPE/Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - O autogoverno é característica da autonomia estadual quando pode montar autonomamente seus poderes e eleger seus representantes. 8 (CESPE/Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2002) - O ideal de segurança jurídica e império da lei caracterizam, segundo o paradigma procedimental, o Estado de direito. 9 (CESPE/Consultor Legislativo – Senado/2002) - A Constituição da República determina que o Estado brasileiro deve empenhar-se na formação de uma comunidade latino-americana. Essa disposição constitucional pode ser classificada como uma norma programática. 10 (CESPE/Defensor Público – Alagoas/2003) - Assim como as normas programáticas, os direitos fundamentais podem não ter sua eficácia imediata, sendo passíveis de restrição em qualquer hipótese. 11 (ESAF/Agente, Auxiliar e Arrecadador Tributário – SEFAZ/PI-2001) - Assinale a opção correta. a) Na República Federativa do Brasil,todos os Estados-membros são soberanos. b) A Constituição admite que um Estado-membro, por decisão da população nele situada, possa separar-se da República Federativa do Brasil. c) Segundo a Constituição, o poder no Brasil deve ser sempre exercido diretamente – jamais indiretamente – pelo povo. d) Segundo o princípio da separação de poderes, consagrado na Constituição, nenhuma função de ordem legislativa pode ser exercida pelo Poder Executivo, nem função judicante alguma pode ser exercida pelo Poder Legislativo. e) Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil garantir o desenvolvimento nacional e reduzir as desigualdades regionais. 12 (ESAF/Oficial de Chancelaria – MRE/2002) - Assinale a opção correta. a) O Estado-membro da Federação brasileira dispõe do direito de secessão, uma vez que o princípio da autodeterminação dos povos foi expressamente consagrado como princípio fundamental da Constituição Federal. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 20 b) O princípio da independência dos poderes, como adotado pela Constituição Federal, é incompatível com o julgamento de membro do Judiciário pelo Poder Legislativo. c) Uma vez que o Brasil se rege nas suas relações internacionais pelo princípio da não-intervenção, é inconstitucional toda a participação de tropas brasileiras em ações militares em outros países. d) O princípio da igualdade entre os Estados, que rege o Brasil nas suas relações internacionais, não impede que o Brasil confira trata- mento diplomático diferenciado a países estrangeiros à conta da sua localização geográfica. e) A Constituição expressamente estabelece como programa de ação para o Brasil no cenário internacional, a integração dos Estados latino-americanos, com vistas à formação de um único Estado que abranja todas as nações latino-americanas. 13 (ESAF/Assistente de Chancelaria – MRE/2002) - Assinale a opção em que não consta princípio que, segundo a Constituição, rege o Brasil nas suas relações internacionais. a) Independência nacional. b) Defesa da paz. c) Concessão de asilo político. d) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. e) Prevalência dos interesses econômicos nacionais. 14 (ESAF/TRF/2002) – Assinale a opção correta: a) Na Federação brasileira, os Estados-membros dispõem do direito de secessão, como expressão do princípio da autodeterminação dos povos. b) A Constituição Federal, ao proclamar o princípio da separação de Poderes, cria obstáculo absoluto a que um poder fiscalize o outro. c) Lei que viesse a instituir o regime de partido político único entre nós feriria princípio fundamental da República Federativa do Brasil. d) A Constituição Federal em vigor é toda ela voltada para a defesa de valores sociais e da cidadania, por isso mesmo, os valores da livre iniciativa não são arrolados como princípios fundamentais da República Federativa do Brasil. e) Embora diga que todo poder emana do povo, a Constituição estabelece que o poder é exercido pelos representantes do povo, não admitindo hipótese de exercício do poder diretamente pelo povo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 21 15 (ESAF/TRF/2003) - Considerando os princípios fundamentais da Constituição de 1988, julgue as ações governamentais re-feridas abaixo e assinale a opção correta. I. Permissão dada a Nações estrangeiras para que colaborem com a proteção do meio ambiente por meio de unidades policiais alienígenas espalhadas em áreas como a Amazônia, patrimônio natural mundial da humanidade. II. Proposta de legislação que permita a escravidão no Brasil de indígenas perigosos condenados pela Justiça. III. Ações administrativas que promovam a conscientização política de todos os brasileiros. IV. Proposta de legislação complementar para a existência de um único partido político no Brasil. a) Todas estão incorretas. b) Somente III está correta. c) II e IV estão corretas. d) I e II estão corretas. e) III e IV estão corretas. 16 (ESAF/TRF/2003) - Com relação aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, assinale a opção correta relativa a normas-regras que não contradizem os enunciados principiológicos da Constituição Federal. a) Incentivar o acúmulo de capitais nas mãos dos proprietários dos meios de produção para garantir o desenvolvimento nacional. b) Permitir o acesso dos cidadãos da região do Piauí e de Pernambuco aos cargos públicos para redução das desigualdades regionais. c) Estabelecer mecanismos tributários de justiça social para construção de uma sociedade justa e solidária. d) Facilitar nas corporações militares só o acesso a pessoas da raça negra, que possuem biologicamente organismos mais resistentes às intempéries do clima brasileiro. e) Combater a fome no Brasil privilegiando as mães e esposas, tendo em vista reduzir as desigualdades materiais na relação familiar e conjugal. 17 (ESAFTRF/2003) - Assinale a opção correta, a respeito das relações internacionais do Brasil com os outros países à luz da Constituição Federal de 1988. a) Repúdio à violação aos direitos humanos para com países nos quais o Brasil não mantenha relações comerciais. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 22 b) Apoio a guerra, quando declarada para a proteção de direitos humanitários desrespeitados por determinadas autoridades de determinados países. c) Busca de soluções bélicas em repúdio ao terrorismo. d) Interferência na escolha de dirigentes de outras Nações que sejam vinculados a grupos racistas. e) Colaboração como árbitro internacional na busca de solução pacífica de conflitos. 18 (ESAF/Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental MPOG/2003) – Assinale a opção correta: a) No Brasil, normas que versem assunto materialmente constitucional têm status de normas constitucionais, ainda que estejam veiculadas por meio de lei ordinária. b) Dado o caráter democrático e descentralizador da Constituição de 1988, nada impede que nos Estados-membros se adote um sistema parlamentarista de governo. c) Mesmo tendo adotado o princípio da separação dos poderes, a Constituição admite que o Poder Legislativo julgue certos crimes, que o Poder Executivo legisle em certas hipóteses e que o Poder Judiciário emita normas gerais em certos casos. d) O princípio da separação de poderes é incompatível com a possibilidade de membro do Congresso Nacional ser processado criminalmente perante o Supremo Tribunal Federal sem prévia licença da Casa legislativa a que pertence o acusado. e) De acordo com o sistema federativo adotado entre nós, os Municípios estão juridicamente equiparados aos Estados-membros, podendo nas suas leis orgânicas dispor sobre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que atuam no seu território. 19 (ESAF/Técnico do MPU/2004 – Área Administrativa) - Sobre princípios fundamentais, na Constituição de 1988, marque a única opção correta. a) Em razão do princípio republicano, adotado na Constituição de 1988, os Estados podem instituir seus impostos e aplicar suas rendas. b) Em decorrência do princípio federativo, há, na Constituição brasileira, a previsão de que os Estados possuirão constituições e os municípios, leis orgânicas, ambos os documentos, aprovados, por força de expressa disposição constitucional, após dois turnos de votação, respectivamente, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras municipais. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSORGUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 23 c) A adoção do princípio de separação dos poderes, na Constituição brasileira, impõe uma independência absoluta entre os Poderes, impedindo que haja qualquer tipo de interferência de um Poder sobre o outro. d) A concessão de asilo político, um dos princípios que rege o Brasil em suas relações internacionais, tem sua aplicação restringida, nos termos da Constituição, por questões de ideologia e de independência nacional. e) Como decorrência da adoção do princípio do Estado Democrático de Direito, temos o princípio da independência do juiz, cujo conteúdo relaciona-se, entre outros aspectos, com a previsão constitucional de garantias relativas ao exercício da magistratura. 20 (ESAF/Procurador do Distrito Federal 2004) - O exercício do poder não pelo seu titular, mas por órgãos de soberania que atuam no interesse do povo constitui o sentido essencial do: a) princípio da dignidade da pessoa humana. b) princípio do sufrágio. c) princípio do pluralismo político. d) princípio da representação. e) princípio da soberania popular. 21 (ESAF/PFN / 2004) - a) A adoção do princípio constitucional da solução pacífica de conflitos não constitui obstáculo incontornável a que o Brasil recorra às armas para a defesa dos seus interesses no cenário internacional. b) Sempre que o interesse público entra em linha de colisão com um interesse individual, aquele deve prevalecer. c) Chamam-se princípios constitucionais sensíveis aqueles que não podem ser objeto de abolição por meio de emenda à Constituição. d) No conflito entre princípios constitucionais, os que se referem a direitos fundamentais devem sempre prevalecer sobre os demais. e) Quando dois princípios constitucionais colidem, um deles invariavelmente exclui o outro como inválido. 22 (ESAF/AFTE / RN – 2004/2005) - Sobre Poderes do Estado e respectivas funções, formas de Estado e formas e sistemas de governo, marque a única opção correta. a) A adoção do princípio de separação de poderes, inspirado nas lições de Montesquieu e materializado na atribuição das diferentes funções do poder estatal a órgãos diferentes, afastou a concepção CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 24 clássica de que a unidade seria uma das características fundamentais do poder político. b) O Estado unitário distingue-se do Estado federal em razão da inexistência de repartição regional de poderes autônomos, o que não impede a existência, no Estado unitário, de uma descentralização administrativa do tipo autárquico. c) Em um Estado federal temos sempre presente uma entidade denominada União, que possui personalidade jurídica de direito público internacional, cabendo a ela a representação do Estado federal no plano internacional. d) O presidencialismo é a forma de governo que tem por característica reunir, em uma única autoridade, o Presidente da República, a Chefia do Estado e a Chefia do Governo. e) Sistema de governo pode ser definido como a maneira pela qual se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a relação entre governantes e governados. 23 (ESAF/APO – MPOG/2005) - Quanto aos princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988, assinale a assertiva correta. a) A adoção do princípio federativo como um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil implica a obrigação de que a União e os Estados possuam sistema de controle externo, sempre exercido pelo Poder Legislativo, e sistema de controle interno nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário que atuarão de forma integrada. b) Decorre do princípio republicano a previsão constitucional da competência do presidente da República de manter relações com Estados estrangeiros. c) A possibilidade de um Parlamentar ser nomeado, em nível federal, Ministro de Estado sem a perda de seu mandato é, segundo a doutrina, uma exceção ao princípio de separação de poderes. d) O conteúdo do princípio do estado democrático de direito, no caso brasileiro, não guarda relação com o sistema de direitos fundamentais, uma vez que esse sistema possui disciplina própria no texto constitucional. e) O Estado brasileiro adota a soberania como um de seus fundamentos, assegurando ao titular da soberania o seu exercício direto, que se dá pela eleição de seus representantes. 24 (ESAF/AFRF/2005) -Sobre os princípios fundamentais da Constituição de 1988, marque a única opção correta. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 25 a) No caso do Federalismo brasileiro, a soberania é um atributo da União, o qual distingue esse ente da federação dos estados e municípios, ambos autônomos. b) A adoção da dignidade humana como fundamento da República Federativa do Brasil tem reflexos, no texto constitucional brasileiro, tanto na ordem econômica como na ordem social. c) A forma republicana de governo, como princípio fundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteção no texto constitucional contra alterações por parte do poder constituinte derivado. d) A especialização funcional, elemento essencial do princípio de divisão de poderes, implica o exercício exclusivo das funções do poder político – legislativa, executiva e judiciária – pelo órgão ao qual elas foram cometidas no texto constitucional. e) Segundo a doutrina, o princípio do Estado Democrático de Direito resulta da reunião formal dos elementos que integram o princípio do Estado Democrático e o princípio do Estado de Direito. 25 (ESAF/TRF/2006) - Sobre princípios fundamentais na Constituição de 1988, marque a única opção correta. a) Em função da forma de governo adotada na Constituição de 1988, existe a obrigação de prestação de contas por parte da administração pública. b) Por ser o Brasil uma federação, é reconhecida, na Constituição brasileira, a autonomia de Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios. c) Em razão da independência funcional, um dos elementos essenciais do princípio de separação dos poderes, o exercício das funções que integram o poder político da União é exclusivo. d) Segundo a doutrina, não se constitui em um princípio do Estado Democrático de Direito o princípio da constitucionalidade, o qual estaria ligado apenas à noção de rigidez constitucional. e) A concessão de asilo diplomático é um dos princípios que rege o Brasil nas suas relações internacionais, conforme expressa previsão no texto da Constituição Federal de 1988. 26 (ESAF/AFC/CGU – 2003/2004) - Analise as assertivas a seguir, relativas à Teoria Geral do Estado, aos poderes do Estado e suas respectivas funções e à Teoria Geral da Constituição, e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a opção correta. ( ) Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepção contemporânea, constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 26 campo interno, como o poder supremo de que dispõe o Estado para subordinar as demais vontades e excluir a competição de qualquer outro poder similar. ( ) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem uma relação de dependência com a maioria do Parlamento, havendo, por isso, uma repartição, entre o governo e o Parlamento, da função de estabelecer as decisões políticas fundamentais. ( ) Em sua concepção materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias consideradas como de conteúdo constitucional eque deveriam integrar obrigatoriamente o texto positivado. ( ) Um dos objetos do Direito Constitucional Comparado é o estudo das normas jurídicas positivadas nos textos das Constituições de um mesmo Estado, em diferentes momentos histórico-temporais. ( ) A idéia de uma Constituição escrita, consagrada após o sucesso da Revolução Francesa, tem entre seus antecedentes históricos os pactos, os forais, as cartas de franquia e os contratos de colonização. a) V, V, V, F, V b) V, V, F, F, V c) F, F, V, V, F d) F, F, F, V, V e) V, V, F, V, V 27 (ESAF/AFC – CGU – 2006) - Sobre Teoria Geral do Estado e princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988, assinale a única opção correta. a) Não é elemento essencial do princípio federativo a existência de dois tipos de entidade – a União e as coletividades regionais autônomas. b) O princípio republicano tem como características essenciais: a eletividade, a temporariedade e a necessidade de prestação de contas pela administração pública. c) O pluralismo político, embora desdobramento do princípio do estado Democrático de Direito, não é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. d) Rege a República Federativa do Brasil, em suas relações internacionais, o princípio da livre iniciativa. e) É um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, expresso no texto constitucional, a garantia do desenvolvimento nacional e a busca da auto-suficiência econômica. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 27 28 (FCC/Auditor – TCE/MG – 2005) - Dentre os princípios fundamentais da Constituição brasileira é previsto expressamente como fundamento da República a (A) proporcionalidade. (B) imunidade recíproca dos entes federados. (C) moralidade. (D) dignidade da pessoa humana. (E) defesa do consumidor. 29 (FCC/Procurador – TCE/PI – 2005) - O Titulo I da Constituição Federal trata dos princípios fundamentais, incluindo, dentre esses, a (A) prevalência dos direitos humanos como fundamento do Estado Democrático de Direito. (B) garantia do desenvolvimento nacional como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. (C) democracia como principio de regência das relações internacionais da República Federativa do Brasil. (D) soberania e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária como objetivo do Estado Democrático de Direito. (E) cidadania como principio de regência das relações internacionais da República Federativa do Brasil. 30 (FCC/Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas "Poderia acontecer que algum cidadão, nos negócios públicos, violasse os direitos do povo e cometesse crimes que os magistrados estabelecidos não soubessem ou não quisessem castigar. Mas, em geral, o poder legislativo não pode julgar; e o pode menos ainda neste caso particular, onde ele representa a parte interessada, que é o povo. Logo, ele só pode ser acusador. Mas diante de quem fará a acusação? Irá rebaixar-se diante dos tribunais da lei, que lhe são inferiores e compostos, aliás, de pessoas que, sendo do povo como ele, seriam levadas pela autoridade de tão grande acusador? Não: é preciso, para conservar a dignidade do povo e a segurança do particular, que a parte legislativa do povo faça a acusação perante a parte legislativa dos nobres, que não tem os mesmos interesses, nem as mesmas paixões que ela." (MONTESQUIEU. O espírito das Leis. Livro XI, capo VI) O mecanismo acima descrito cuida de hipótese em que o Poder Legislativo CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 28 (A) atipicamente exerce função jurisdicional, em situação compatível com o principio da separação de poderes. (8) tipicamente exerce função legislativa, através da qual contém o exercício do poder pelos órgãos executivo e judiciário. (C) extrapola do exercício de suas funções típicas, em prática incompatível com o princípio da separação de poderes. (D) atipicamente exerce função executiva, consistente na aplicação de lei ao caso concreto sob circunstâncias especiais. (E) exerce poder soberano em relação ao órgão executivo, sujeita, porém, sua decisão à aprovação do órgão judiciário. 31 (FCC/Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - O princípio da independência e harmonia entre os Poderes figura entre os princípios constitucionais fundamentais, tendo merecido um tratamento segundo o qual (A) nenhum dos Poderes poderá exercer funções típicas dos demais. (B) a separação dos Poderes goza da garantia reforçada de integrar o núcleo imutável da Constituição. (C) quem for membro de um dos Poderes deverá sempre renunciar ao respectivo cargo para ocupar cargo em outro Poder. (D) não será obrigatório que nenhum Poder preste contas de seus atos a outro dos Poderes. (E) a nomeação de membros de um dos Poderes não poderá depender da aprovação de outro Poder. 32 (FCC/Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 3ª Região – 2005) - O Brasil, segundo dispõe a Constituição, adota a forma de Estado (A) federal, descentralizada por regiões e estados. (B) unitária centralizada. (C) unitária descentralizada. (D) confederada. (E) federal. Gabarito: 1. E 2. E 3. C CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 29 4. E 5. E 6. C 7. C 8. C 9. C 10. E 11. E 12. D 13. E 14. C 15. B 16. C 17. E 18. C 19. E 20. D 21. A 22. B 23. C 24. B 25. E 26. E 27. B 28. D 29. B 30. A 31. B 32. E
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