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Direito Constitucional - Aula 11 - Remédios Constitucionais 1

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
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AULA 11: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS – PARTE I 
 
 
 
 
I. HABEAS CORPUS 
 
 
 
 
1) REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
Remédios constitucionais são as garantias prescritas na Constituição para 
assegurar a plena fruição dos direitos contemplados no ordenamento jurídico. 
Seguindo a tradicional lição, direitos são bens da vida que as normas jurídicas 
consagram (liberdade, propriedade, intimidade, vida privada etc). Existem de 
forma autônoma, tendo valor em si mesmos. As garantias, ao contrário, tem 
um caráter acessório, pois constituem instrumentos previstos em normas 
jurídicas para assegurar a plena fruição dos direitos pelos seus destinatários. 
Exemplificativamente, a Constituição assegura a todos, nacionais e 
estrangeiros, o direito à liberdade de locomoção em tempos de paz. Uma vez 
observadas os requisitos legais, todos têm o direito de ingressar no território 
nacional, dele sair ou nele permanecer. Para assegurar o pleno gozo desse 
direito, protegendo-o contra ilegalidade ou abuso de poder, prevê a 
Constituição o habeas corpus, uma garantia, um remédio, um instrumento que 
se destina a resguardar o direito de locomoção, protegendo contra atos que o 
lesionem ou ameacem lesioná-lo. 
A Constituição de 1988 foi generosa no rol de direitos outorgados às pessoas, 
físicas ou jurídicas, públicas ou privadas. Para amparar tais direitos, instituiu 
paralelamente as garantias, que a doutrina convencionou denominar "remédios 
constitucionais". 
Algumas dessas garantias são de caráter administrativo – aqui se alocam os 
direitos de petição e de certidão -, ao passo que outras têm natureza 
jurisdicional – a saber, o habeas data, o habeas corpus, o mandado de 
segurança, o mandado de injunção e a ação popular -. Tais garantias, em seu 
conjunto, correspondem aos remédios constitucionais, cujos aspectos legais e 
constitucionais constituem nosso objeto de estudo nessa unidade. 
Iniciaremos nosso estudo pelo habeas corpus. 
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2) LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
 
A Constituição Federal, no art. 5°, XV, prevê o direito à liberdade de locomo-
ção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. 
Na lição de Alexandre de Moraes, a liberdade de locomoção abrange quatro 
situações: (a) direito de acesso e ingresso no território nacional; (b) direito de 
saída do território nacional; (c) direito de permanência no território nacional; e 
(d) direito de deslocamento dentro do território nacional. 
Nos termos da Constituição, todos, brasileiros e estrangeiros, residentes ou 
não no Brasil, têm direito à liberdade de locomoção no nosso território em 
tempos de paz, de normalidade político-institucional, mas caberá à lei 
restringir tal direito, instituindo alguns requisitos e condições para seu 
exercício, referentes principalmente à entrada, à saída e à circulação interna 
de pessoas e bens. 
Em tempo de guerra a Constituição implicitamente autoriza a instituição de 
restrições mais gravosas à liberdade de locomoção, de acordo com as 
circunstâncias concretas do conflito armado, objetivando-se assegurar a 
segurança interna do País e a integridade do nosso território. 
A própria Constituição expressamente limita a amplitude do direito de 
locomoção em determinadas situações, a saber, no estado de defesa e no 
estado de sítio. No primeiro, a teor do art. 136, parágrafo terceiro, inciso I, a 
Constituição autoriza a prisão, fora das hipóteses de flagrância, por ordem de 
autoridade administrativa. No segundo vai mais longe, admitindo no art. 139, 
I, que possa ser fixada para as pessoas a obrigação de permanecerem em 
determinada localidade. 
Trata de restrições ao direito de locomoção impostas pelo próprio texto 
constitucional em face da excepcionalidade da situação que justificou a 
decretação do estado de defesa ou do estado de sítio. Devemos considerá-las, 
pois, como limitações autorizadas pela CF que reduzem temporariamente a 
amplitude do direito à liberdade de locomoção, sem jamais chegar ao ponto de 
suprimi-lo. 
Pois bem, para assegurar a liberdade de locomoção, nos termos em que ela é 
contemplada na Constituição, foi previsto o habeas-corpus, o qual, a teor do 
art. 60, parágrafo quarto, inciso IV, da CF, goza da condição de clausula 
pétrea, sendo vedada a propositura de emendas que tendam à sua abolição. 
 
3) HABEAS CORPUS: ORIGEM, CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
 
Embora não seja consensual, predomina o entendimento de que a origem mais 
remota do habeas corpus é a Carta Magna, editada na Inglaterra em 1215. No 
Brasil, o remédio foi previsto pela primeira vez, a nível infraconstitucional, no 
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Código de Processo Criminal de 1832, atingindo estatura constitucional na 
nossa primeira Carta republicana, a Constituição de 1891, e desde então 
permaneceu consagrado nos textos constitucionais. 
Na atual Constituição a garantia encontra-se prevista no art. 5°, LXVIII, da CF, 
nos seguintes termos: 
LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se 
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
O habeas corpus é, assim, o instrumento judicial destinado à defesa do 
direito de locomoção contra ilegalidade ou abuso de poder. Aplica-se na 
proteção à liberdade do indivíduo de ingressar no território nacional, dele se 
retirar, nele se deslocar e permanecer, quando tal liberdade for efetivamente 
violada ou estiver na iminência de sê-lo por ato de autoridade pública ou 
de particular. 
Apesar de regulamentado no Código de Processo Penal no capítulo reservado 
aos recursos, o habeas corpus tem a natureza jurídica de ação. Trata-se de 
uma ação de natureza penal de procedimento especial, usada na 
proteção do direito de locomoção. Por meio intermédio objetiva-se um 
provimento judicial – emanado de um juiz singular ou de um Tribunal – que 
faça cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção do indivíduo 
atingido pela ilegalidade ou pelo abuso de poder. 
Na ação de habeas corpus o autor é denominado impetrante; o indivíduo em 
favor do qual é impetrada a ação (aquele que sobre a lesão ou a ameaça de 
lesão), paciente; e aquele contra cujo ato ilegal ou abusivo é instaurada a 
ação, impetrado, autoridade coatora, ou sujeito coator. Na eventualidade 
de ser autor da ação o mesmo indivíduo que está sofrendo a lesão ou a 
ameaça de lesão ao seu direito de locomoção, ele ocupará concomitantemente, 
na ação, as posições de impetrante e paciente. 
 
4) ESPÉCIES 
 
O habeas corpus pode ser preventivo (salvo-conduto), quando a violação ao 
direito de locomoção ainda não se efetivou, caso em que o objetivo com sua 
interposição é justamente impedir que se concretize a violação; ou repressivo 
(liberatório), quando a violação ao direito de locomoção já se consumou e a 
utilização do remédio tem por intuito fazê-la cessar. 
Em outros termos, quando há ameaça ao direito de locomoção, não tendo se 
efetivado ainda a violação, o habeas corpus é preventivo; quando o direito de 
locomoção já foi violado por ato ilegal ou abusivo, repressivo. 
 
5) LEGITIMAÇÃO ATIVA 
 
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A legitimação para a propositura do habeas corpus segue o princípio da 
universalidade: qualquer um, independente de qualquer atributo, pode 
impetrar a ação. Como ressalta Alexandrede Moraes, "a legitimidade para 
ajuizamento do habeas corpus é um atributo de personalidade, não se exigindo 
a capacidade de estar em juízo, nem a capacidade postulatória, sendo uma 
verdadeira ação penal popular". 
Desse modo, qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, independentemente de capacidade civil ou política ou de 
quaisquer elementos relacionados a sexo, cor, idade, profissão, domicílio, 
estado mental, ou quaisquer outros, tem legitimidade para o ajuizamento da 
ação, em benefício próprio ou alheio. 
Nem mesmo capacidade civil ou a plena posse das faculdades mentais é 
exigida, de modo que até mesmo os menores e os doentes mentais podem 
interpor a ação, sem necessidade de assistência ou representação. O 
analfabeto também pode ajuizá-la, desde que alguém assine a rogo a petição. 
Como dito acima, até mesmo as pessoas jurídicas tem legitimidade ativa para 
a propositura do habeas corpus, desde que em favor de pessoas físicas a ela 
vinculadas, uma vez que, nesse contexto, o direito de locomoção não é 
extensível às pessoas jurídicas, pois incompatível com a sua natureza. 
Os estrangeiros também gozam de legitimidade para a propositura. Porém, 
exige-se que a petição de interposição seja redigida em português, sob pena 
de não-conhecimento, mesmo quando o magistrado a quem foi distribuída a 
petição conheça o idioma estrangeiro, uma vez que seu tem que ser acessível 
a todos. 
Os membros do Ministério Público, nessa qualidade, também podem ajuizar a 
ação em favor de terceiros, seja perante a justiça de primeiro grau, seja 
perante as instâncias jurisdicionais superiores. 
Porém, é indispensável, para se aferir a legítima atuação do órgão do MP, a 
análise da finalidade que o levou a impetrar o habeas corpus. Esta lição é de 
Alexandre de Moraes, que a apresenta nos seguintes termos: 
Em relação aos membros do Ministério Público, importante ressaltar 
que, apesar de disporem genericamente de legitimidade ativa ad 
causam para o ajuizamento da ação constitucional de habeas corpus em 
favor de terceiros, no caso concreto deverá ser analisada a finalidade 
buscada pelo Parquet. Assim, o citado writ nunca poderá ser utilizado 
para tutela dos direitos estatais na persecução penal, em prejuízo do 
paciente, com claro desvio de sua finalidade de tutelar a liberdade de 
locomoção do paciente, sob pena de não conhecimento do pedido. Desta 
forma, para certificar-se da fiel observância finalística do habeas corpus 
impetrado pelo Ministério Público, deverá o paciente manifestar-se pre-
viamente, para que esclareça se está ou não de acordo com a 
impetração. Conforme decidiu o Pretório Excelso, "a impetração do 
habeas corpus, com desvio de sua finalidade jurídico-constitucional, 
objetivando satisfazer, ainda que por via reflexa, porém de modo 
ilegítimo, os interesses da acusação, descaracteriza a essência desse 
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instrumento exclusivamente vocacionado a proteção da liberdade 
individual". 
A única ressalva ao caráter universal do instituto refere-se aos magistrados, 
aos quais se veda, na sua qualidade de magistrado, o ajuizamento de 
habeas corpus. Todavia, podem concedê-lo de ofício, no decorrer de um 
processo judicial sob sua apreciação. 
Ressalte-se que na condição de particular poderá um membro do Poder 
Judiciário interpor a ação, desde que não se refira a uma situação já sujeita à 
sua apreciação, caso em que, pela lição anterior, deve o magistrado 
simplesmente conceder a ordem de ofício, atuando na sua qualidade de juiz. 
Como esclarece Pedro Lenza, "o Juiz de Direito, o Desembargador, Ministros, 
quando não estiverem exercendo a atividade jurisdicional, impetrarão, e não 
concederão de ofício, naturalmente, o habeas corpus, já que atuando como 
pessoa comum ." 
 
6) LEGITIMAÇÃO PASSIVA 
 
Nos termos da Constituição, o habeas corpus é cabível para combater lesão ou 
ameaça de lesão ao direito de locomoção perpetrada por ilegalidade ou 
abuso de poder. Duas são, portanto, as hipóteses de interposição: ilegalidade 
ou abuso de poder. 
Segundo Alexandre de Moraes, a hipótese de ilegalidade alcança tanto 
autoridades públicas (diretores de penitenciária, juízes, delegados, membros 
do MP etc) quanto particulares (diretores de hospitais privados, dirigentes de 
clínicas de internação particulares), ao passo que o abuso de poder aplica-se 
exclusivamente às autoridades públicas. 
Podemos concluir, portanto, que tanto autoridades públicas quanto 
particulares tem legitimidade passiva para responder em sede de habeas 
corpus, ou seja, para ser réu nesta ação constitucional, pois ambos podem 
lesar ou ameaçar de lesão o direito de locomoção de terceiros, atuando como 
sujeitos como sujeitos coatores.. As autoridades públicas, por ilegalidade ou 
abuso de poder, os particulares apenas por ilegalidade. 
Ato ilegal, em sentido amplo, é aquele que viola a lei ou os princípios jurídicos 
em geral. Ato abusivo, por sua vez, é aquele que a autoridade pratica além de 
sua competência, ou com finalidade diversa do interesse público ou daquela 
prevista em lei para o ato praticado. Exemplo de um ato ilegal é a prisão 
determinada por um delegado sem mandado judicial e fora das hipóteses de 
flagrância; exemplo de ato abusivo é a determinação de prisão de alguém 
como meio de coagi-lo ao pagamento de uma divida de caráter não-alimentício 
(a Constituição não autoriza a prisão civil para tal finalidade). 
 
7) PECULIARIDADES PROCESSUAIS 
 
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Não é nosso objetivo analisar em toda sua amplitude o processo judicial do 
habeas corpus, mas somente apontar, de forma tópica, as principais 
peculiaridades que o caracterizam. Nesses termos, podemos considerar como 
principais aspectos processuais deste remédio constitucional: 
1°) cabimento de liminar: embora o rito do habeas corpus seja, por si só, 
célere, o caso em concreto pode justificar uma atuação jurisdicional ainda mais 
rápida, a legitimar a concessão de medida liminar pelo órgão jurisdicional 
competente. Por tal fundamento, apesar de inexistente expressa previsão da 
medida na legislação processual penal, a jurisprudência é pacífica quanto ao 
cabimento de liminar em habeas corpus, seja preventivo ou repressivo, desde 
que no caso concreto estejam presentes os pressupostos de toda medida dessa 
natureza, a saber, o periculim in mora (probabilidade de dano irreparável ou 
de difícil reparação em caso de demora no provimento jurisdicional) e o fumus 
boni iuris (indícios razoáveis de que a lesão ou a ameaça de lesão ao direito de 
locomoção é abusiva ou ilegal); 
2°) empate do julgamento do habeas corpus: nos habeas corpus interpostos 
perante órgãos jurisdicionais colegiados, em caso de empate na votação 
considera-se a decisão favorável ao paciente; 
3°) o habeas corpus é isento de custas, em face da gratuidade prescrita para a 
ação no art. § 5°, LXXVII, da Constituição; 
4°) a ação pode ser interposta em favor do próprio impetrante ou de terceiro 
(habeas corpus em favor de terceiro), não se exigindo procuração do paciente 
no caso de outrem ajuizar a ação em seu favor; 
5°) não é necessária a presença de advogado para a interposição de habeas 
corpus. Assim, o próprio paciente ou terceiro em seu favor possui legitimidade 
para ajuizar a ação, sem necessidade de assistência de advogado. Entretanto, 
segundo o STF o impetrante não possui legitimidade para interpor ação de 
reclamação a fim de garantir a efetividade de eventual decisão concessiva de 
habeas corpus, quando não cumprida pelo órgão jurisdicional indicado como 
coator, pois para essa ação faz-se indispensável a presença do advogado;6°) não se admite a impetração apócrifa, que não contenha a identificação e a 
assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo; 
7°) o STF admite a impetração do habeas corpus por fax, condicionado seu 
conhecimento à ratificação da petição pelo impetrante no prazo determinado 
pelo Ministro-relator do processo. Já o STJ tem posição diversa, tendo editado 
a respeito a resolução 43, de 23-10-1991, do Tribunal Pleno, em que é 
autorizada a recusa do recebimento da petição por fax sem a devida 
autenticação dos originais. Ou seja, o STJ só admite a impetração por fax com 
a devida autenticação dos originais; 
8°) O STF admite a desistência da ação, seja o habeas corpus preventivo ou 
represssivo (HC 76967, 23/6/1998); 
9°) na análise do habeas corpus o órgão jurisdicional não está vinculado ao 
pedido e à causa de pedir formulados. Como ensina Alexandre de Moraes: 
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Na apreciação de habeas corpus, o órgão competente para seu 
julgamento não está vinculado à causa de pedir e pedido formulados. 
Havendo, pois, a convicção sobre a existência de ato ilegal não veiculado 
pelo impetrante, cumpre-lhe afastá-lo, ainda que isto implique 
concessão de ordem em sentido diverso do pleiteado, conforme 
depreende-se do art. 654, § 2°, do Código de Processo Penal. 
Assim, na defesa da liberdade de locomoção, cabe ao Poder Judiciário 
considerar ato de constrangimento que não tenha sido apontado na 
petição inicial. Da mesma forma, pode atuar no tocante à extensão da 
ordem, deferindo-a aquém ou além do que pleiteado. 
Ainda em defesa da garantia de liberdade de locomoção, concedida 
ordem de habeas corpus com base em motivos que não sejam 
exclusivamente de ordem pessoal, deve ser estendida aos co-réus na 
conformidade do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal. 
10°) majoritariamente, não se admite a intervenção do assistente de acusação 
no processo de habeas corpus; 
11°) concessão de ofício do habeas corpus em recurso extraordinário que não 
atende os requisitos de admissibilidade: o STF, em caso de evidente 
constrangimento ilegal ao direito de locomoção, admite a possibilidade de 
concessão de ofício do habeas corpus no bojo de um recurso extraordinário 
criminal interposto sem o preenchimento total ou parcial de seus requisitos de 
admissibilidade (RE 287658, de 16/9/2003); 
12°) em termos mais genéricos, o STF admite a concessão de ofício do habeas 
corpus quando o próprio pedido original não puder ser conhecido em face da 
ausência de preenchimento de seus requisitos de admissibilidade (RRC 81793, 
de 10/12/2002); 
13°) em face de seu caráter sumaríssimo, o habeas corpus não admite dilação 
probatória objetivando corrigir erro judiciário e, pelos mesmos fundamentos, 
não admite reapreciação de análise probatória. Por isso, não pode ser utilizado 
para combater decisão transitada em julgado, sob a justificativa de que seria 
contrária às evidências dos autos, pois para tanto seria necessário o reexame 
de todo o material probatório. Apenas em caráter excepcional admite o STF o 
uso do habeas corpus para corrigir erro manifesto de sentença penal na fixação 
da pena( HC 78011, de 9/3/1999). 
 
8) HIPÓTESES DE CABIMENTO DE HABEAS CORPUS 
 
O habeas-corpus, como já apontado à exaustão, direciona-se à defesa do 
direito de liberdade, ao direito do indivíduo de entrar em nosso território ou 
dele se retirar, deslocar-se em seu interior ou nele fixar em determinada 
localidade. Suas hipóteses de cabimento, em termos genéricos, relacionam-se 
às situações em que tal direito está sendo ameaçado ou já foi efetivamente 
violado por atuação ilegal de uma autoridade pública ou de um particular, ou 
por um ato abusivo de certa autoridade. 
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Em diversas situações, entretanto, estabeleceram-se dúvidas acerca do 
cabimento deste remédio constitucional. Neste tópico relacionaremos as 
hipóteses em que, segundo entendimento do STF, cabe o uso do habeas-
corpus. No tópico subseqüente, dentro da mesma sistemática, relacionamos as 
hipóteses em que se considera não-admissível a interposição do habeas-
corpus. 
Suas hipóteses de cabimento, são, pois, as seguintes: 
a) mais uma vez frisando, a regra geral na matéria é que cabe habeas-corpus 
para evitar ou sanar lesão ao direito de locomoção. Transportando tal 
entendimento para os processos penais, deve-se admitir o cabimento do 
habeas corpus sempre que algum ato ou medida produzidos no transcurso do 
processo puder resultar em ameaça ou violação do direitos de locomoção, o 
que se considera-se configurado quando o indivíduo estiver respondendo a 
processo criminal do qual possa resultar, em tese, a aplicação de pena 
privativa ou restritiva de liberdade. 
Por tal fundamento, é possível a interposição de habeas corpus, 
exemplificativamente, contra medidas judiciais que determinem a quebra dos 
sigilos bancário, fiscal e telefônico, ou para pleitear a retirada de provas 
reputadas ilícitas dos autos do processo, desde que o indíviduo possa, no 
processo penal respectivo, vir a ser condenado à pena privativa ou restritiva de 
liberdade; enfim, quando puder ser afetado seu direito de locomoção. 
Evidentemente, as provas colhidas a partir da quebra de um sigilo bancário, 
por exemplo, podem ser determinantes para a definição do resultado do 
processo – absolvição ou condenação - e da pena nele eventualmente aplicada, 
o que justifica o uso do remédio heróico. 
Pelo mesmo fundamento, em regra não há possibilidade de se fazer uso do 
habeas corpus no âmbito de processos judiciais de natureza diversa (cível, 
trabalhista, tributário, eleitoral) ou de processos administrativos, uma vez que 
deles não pode resultar a aplicação de penas restritivas ou privativas de 
liberdade. Não é possível, por exemplo, interpor o remédio constitucional 
buscando a retirada de provas consideradas ilícitas dos autos de um processo 
cível cujo objeto seja a discussão acerca de certo direito de propriedade, uma 
vez que de nenhum modo a decisão nele proferida pode afetar o direito de 
locomoção de qualquer das partes litigantes. 
b) o STF admite o uso do habeas corpus por indivíduo convocado a depor 
perante uma Comissão parlamentar de Inquérito, sob a alegação de que 
a convocação reveste-se de abuso ou ilegalidade. Como estudaremos 
posteriormente, as CPI têm poder para determinar a condução coercitiva 
daqueles que, por ela convocados, negarem-se a comparecer na data e local 
por ela determinados, e é tal prerrogativa que justifica o uso do habeas corpus 
na presente situação. Como o convocado não pode simplesmente negar-se a 
comparecer, já que pode ser conduzido coercitivamente à presença dos 
membros da CPI, por ato da própria Comissão, é evidente que, nesse caso, 
está sendo afetado seu direito de locomoção. Logo, pode ele se valer do 
habeas corpus para escapar da convocação, sob o fundamento de que esta foi 
determinada de forma abusiva ou ilegal; 
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c) o habeas corpus pode ser aplicado para fazer cessar constrangimento ilegal 
em decorrência de excesso abusivo no prazo para o encerramento da 
instrução em um processo penal, quando o acusado já se encontra 
privado de sua liberdade, pela aplicação de alguma das inúmeras prisões 
processuais. 
Para que seja provido o habeas corpus, na hipótese, é indispensável que o 
excesso de prazo tenha sido abusivo, ou seja, que não tenha decorrido de 
fatos justificadores do atraso da instrução penal. Alexandre de Moraes, 
arrolando alguns destes fatos justificadores, declara não se configura o abuso 
quando o excesso de prazodecorreu (a) de greve dos serventuários da justiça; 
(b) de dúvida sobre a competência para o processo e julgamento do caso, que 
já tenha sido resolvida; (c) de exigência da defesa em arrolar testemunhas 
domiciliadas em diferentes comarcas; (d) do grande número de acusados no 
processo pesal, entre outras hipóteses possíveis 
d) o art. 142, § 2.°, da CF estabelece que não cabe a interposição de habeas 
corpus com relação a punições disciplinares militares aplicadas sobre os 
militares das Forças Armadas . O art. 42, § 1.°, estende a vedação aos 
militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios. Da sua confluência 
podemos afirmar, em termos gerais, que na literalidade da Constituição as 
punições disciplinares aplicadas a militares não podem ser impugnadas em 
sede de habeas corpus. 
A doutrina e a jurisprudência, analisando tais disposições constitucionais, 
vieram a estabelecer o entendimento a ser adotado na matéria, qual seja: (a) 
é vedada a interposição de habeas corpus para discutir o mérito das punições 
disciplinares militares; (b) é admissível a propositura da ação para discutir os 
pressupostos de legalidade da punição, dentre eles, a competência para a 
aplicação da penalidade, a observância dos princípios do contraditório e da 
ampla defesa, bem como dos demais princípios processuais, a conformidade do 
processo com a legislação em vigor, as razões declaradas pela autoridade 
militar para decidir sobre a culpa e definir a espécie e graduação da penalidade 
etc. 
Valendo-nos dos termos do STF, "hierarquia, poder disciplinar, ato ligado à 
função e pena suscetível de ser aplicada disciplinarmente" são os pressupostos 
de legalidade passíveis de apreciação pelo Poder judiciário no bojo de um 
habeas corpus instaurado para discutir uma penalidade disciplinar militar (HC 
n. 70.648); 
e) o habeas corpus pode ser utilizado por indivíduo beneficiado com a 
suspensão condicional da pena – sursis -, porque a suspensão, apesar de mais 
favorável que a própria pena restritiva de liberdade, ainda assim afeta o direito 
de locomoção; 
f) é cabível o habeas corpus para discutir a constitucionalidade de normas 
legais, desde que, no caso, possa se vislumbrar que a discussão em questão 
pode afetar o direito de locomoção do paciente. 
 
8) HIPÓTESES DE DESCABIMENTO DE HABEAS CORPUS 
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Segundo entendimento do STF, o habeas corpus não pode ser utilizado nas 
seguintes hipóteses: 
a) para discutir o mérito das punições disciplinares militares: desde que a 
punição tenha sido aplicada em conformidade com seus pressupostos legais e 
constitucionais, não é possível a interposição de habeas corpus para discutir o 
próprio mérito da sanção disciplinar, sendo tal juízo próprio e privativo da 
autoridade ou das autoridades militares que decidiram acerca da imposição; 
b) em quaisquer processos judiciais, mesmo que de natureza penal, dos quais 
não possa resultar, em tese, a aplicação de sanções privativas ou restritivas de 
liberdade ao acusado. A determinação da quebra do sigilo fiscal, por exemplo, 
em processo penal não suscetível de acarretar referido tipo de penalidade, ou 
o pedido de juntada de provas em um processo cívell, entendidas por ilegais 
pela outra parte, não podem ser combatidas por habeas corpus; 
c) para questionar decisões penais condenatórias a penas não-restritivas de 
liberdade, a exemplo das pena de multa; 
d) para questionar sanções disciplinares aplicadas em processos 
administrativos: penas como advertência, suspensão, demissão, entre outras, 
não afetam o direito de locomoção do punido, logo, não são suscetíveis de 
discussão em sede de habeas corpus; 
e) para impugnar decisão determinante da suspensão de direitos políticos, 
como as passíveis de serem proferidas nas ações de improbidade 
administrativa; 
f) para discutir afastamento ou perda de cargo público, ou a aplicação de pena 
de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública (STF, 
Súmula 694); 
g) para questionar decisões do Plenário ou de qualquer das Turmas do STF, 
pois atsi órgãos, ao exercerem suas funções, estão representando o próprio 
Tribunal; 
h) para decidir disputa judicial sobre a guarda de filhos menores. Ilustrando a 
hipótese, o STF, no HC 81681, de 23/4/2002, decidiu pelo não cabimento do 
remédio heróico impetrado em favor de menor de idade a fim de que pudesse 
ficar com um de seus genitores e dele acompanhado sair do Brasil; 
i) para a discussão de condenação penal a pena privativa de liberdade, quando 
a penalidade já está extinta (STF, Súmula 695); 
j) para impugnar condenação proferida em processo de impeachment, pela 
prática de crime de responsabilidade, em virtude da condenação, de natureza 
politica, não implicar lesão ao direito de locomoção; 
l) para obstar a execução que determina o seqüestro de bens imóveis; 
m) para debater sobre matéria discutida em processo de jurisdição, quanto os 
fatos não são líquidos quanto à definição do crime; 
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n) para combater a omissão do Ministro-relator do STF em processo de 
extradição, se baseado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava 
dos autos, nem foi ele provocado sobre a matéria (STF, Súmula 692); 
o) para combater indiciamento em inquérito policial, desde que existam 
indícios razoáveis e suficientes acerca da ocorrência do ilícito penal e da sua 
autoria. 
Por fim, vale mencionar posicionamento do STJ, no sentido de que é incabível 
habeas corpus com a finalidade de anulação de decisão penal condenatória 
transitada em julgado, uma vez que para tal objetivo o Código de Processo 
penal prevê a revisão criminal. 
 
9) COMPETÊNCIA 
 
A regra geral, em tema de competência para o ajuizamento do habeas-corpus, 
é a definição com base na qualificação da autoridade coatora, segundo a 
distribuição de competências prescrita na Constituição Federal. 
Por exemplo, se o sujeito coator for um juiz de direito, cabe ao Tribunal de 
Justiça respectivo o julgamento do habeas corpus interposto; se for um juiz 
federal, a competência para o julgamento do habeas corpus é do Tribunal 
Regional Federal a que ele está vinculado, e assim por diante. 
Em certas hipóteses, todavia, a Constituição estabelece a competência a partir 
da qualificação do paciente, daquele que está sofrendo a lesão ou a ameaça de 
lesão. 
Com base nesses dois critérios de definição de competência, apresentaremos 
as regras sobre a matéria prescritas na Constituição Federal, bem como os 
entendimentos do STF nos pontos em que a CF foi omissa ou em que há 
dúvida na definição. 
 
9.1) Competência da Justiça Federal de Primeira Instância 
Cabe aos juízes federais processar e julgar os habeas corpus em matéria 
criminal de sua competência, ou quando o constrangimento provier de 
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (CF, 
art. 109, VII). Seria o caso, por exemplo, de um habeas contra ato de um 
delegado da Polícia Federal, que deve ser interposto perante a Justiça Federal 
de primeira instância. 
 
9.2) Competência dos Tribunais Regionais Federais 
Nos termos do art. 108, I, d, da Constituição, cabe aos Tribunais Regionais 
Federais processar e julgar, originariamente, os habeas corpus quando a 
autoridade coatora for juiz federal. Também aos TRF compete, 
originariamente, o processamento e o julgamento dos habeas corpus 
interpostos contra membros do Ministério Público Federal que atuem perante a 
primeira instância da Justiça Federal. 
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9.3) Competênciados Tribunais Regionais Eleitorais. 
O art. 121, § 4°, V, da CF, implicitamente reconhece aos TRE a competência 
para o processamento e o julgamento de habeas corpus em matéria de sua 
competência. 
 
9.4) Competência do TSE 
Por sua vez, também em face do 121, § 4°, V, da CF, acabe ao TSE julgar 
recurso contra decisão em habeas corpus, quando denegatória a decisão dos 
Tribunais Regionais Eleitorais). 
 
9.5) Competência da Justiça do Trabalho 
Inovação da EC 45/2004: compete à Justiça do Trabalho processar e julgar os 
habeas corpus quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua 
jurisdição (CF, art. 114, IV, acrescentado pela EC 45/2004). 
 
9.6) Competência do Superior Tribunal de Justiça 
Nos termos do art. 105, I, c, da Constituição, cabe ao STJ processar e julgar, 
originariamente, o habeas corpus, quando o coator ou paciente for 
Governador de Estado ou do Distrito Federal, desembargador dos Tribunais de 
Justiça dos Estados ou do Distrito Federal, membro dos Tribunais de Contas 
dos Estados ou do Distrito Federal, membro dos Tribunais Regionais Federais, 
membro dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membro dos 
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e membros do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais. O mesmo dispositivo outorga 
ao STJ competência para processar e julgar, originariamente, os habeas corpus 
quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou 
Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a 
competência da Justiça Eleitoral. 
Ao STJ, por forca do art. 105, II, a, da CF, cabe julgar, em recurso ordinário, 
os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando a decisão for denegatória (CE art. 105,11, a). Segundo 
entendimento do STF, este recurso (recurso ordinário constitucional) pode ser 
substituído por habeas corpus originário para o STJ, ficando, entretanto, 
prejudicada a análise do recurso ordinário eventualmente apresentado. 
 
9.7) Competência do Supremo Tribunal Federal 
Conforme o art. 102, I, d, da CF, insere-se na competência originária do STF o 
processamento e o julgamento de habeas-corpus quando o paciente é o 
Presidente da República, o Vice-Presidente da República, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador-Geral da República, 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
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Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas 
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente 
Também é de sua competência o processamento e o julgamento, em grau 
originário, do habeas corpus quando coator for Tribunal Superior ou quando o 
coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos 
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime 
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância (CF, art. 102, I, na redação 
dada pela EC 22, de 1999). 
Em sede de recurso ordinário constitucional, ao STF cabe julgar o habeas 
corpus decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória 
a decisão (CF, art. 102, II, a). Segundo entendimento do Supremo, este 
recurso, no caso de decisões denegatórias de habeas corpus proferidas pelo 
STJ, pode ser substituído pela interposição de habeas corpus originário para o 
STF - habeas corpus substitutivo de recurso ordinário -. 
Na verdade, a competência do STF na matéria é até mesmo mais ampla, pois é 
cabível habeas corpus para o STF contra decisões proferidas pelo STJ mesmo 
no exercício de sua competência recursal (e não apenas em instancia única). 
Mesmo após a EC 22, de 1999, o STF manteve o entendimento de que sua 
competência, na matéria, não se limita às decisões originárias proferidas pelo 
STJ, mas também alcança aquelas proferidas em grau recursal, já que O STF 
representa o último guardião do direito de locomoção do indivíduo. Assim, 
qualquer decisão do STJ proferida em habeas corpus, seja originariamente, 
seja em grau de recurso, é passível de impugnação perante o STF via habeas 
corpus. 
Apenas de não serem hipóteses expressamente previstas na Constituição, o 
STF pacificou o entendimento que também é de sua competência, em grau 
originário, o processamento e o julgamento de habeas corpus contra decisões 
das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais, órgãos colegiados de 
primeiro grau (STF, Súmula 690). 
De se ressaltar que contra os atos monocráticos de juiz estadual atuando nos 
Juizados Especiais Criminais o habeas corpus deve ser interposto para o 
respectivo Tribunal de Justiça; da mesma, forma, contra ato monocrático de 
juiz federal que atue nos Juizados Especiais Criminais Federais o habeas corpus 
deve ser interposto para o respectivo Tribunal Regional Federal. 
Por fim, também é da competência do STF, em grau originário, o 
processamento e o julgamento de habeas corpus contra ato de Comissão 
Parlamentar de Inquérito instaurada no âmbito do Senado Federal ou da 
Câmara dos Deputados, pelo fato de que, ao atuarem, as CPI representam a 
própria Casa Legislativa, o que atrai a competência do STF. 
 
9.8) Habeas corpus contra atos de membros do Ministério Público 
Cabe ao Tribunal de Justiça, originariamente, processar e julgar os habeas 
corpus ajuizados membros do Ministério Público Estadual. 
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Por sua vez, é competência do respectivo Tribunal Regional Federal processar e 
julgar, originariamente, o habeas corpus movido contra ato de membro do 
Ministério Público Federal que atue perante a primeira instância da Justiça 
Federal. 
Por fim, compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar os habeas corpus 
contra os membros do Ministério Público da União (compreendidos todos seus 
ramos) que atuem perante Tribunais (CF, art. 105, I, c). Apesar de ter havido 
certa controvérsia na matéria, o STF pacificou o entendimento de que a 
competência do STJ abrange também os membros do Ministério Público do 
Distrito Federal e Territórios que atuem perante o respectivo Tribunal de 
Justiça (o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), uma vez que 
este Ministério Público integra o Ministério Público da União. 
 
9.9) Habeas corpus contra ato monocrático ou colegiado de Tribunais de 
Justiça ou de Tribunais Regionais Federais 
Antes da entrada em vigor da EC 22, de 1999, era bipartida a competência 
para o processo e julgamento dos habeas corpus contra atos e decisões dos TJ 
e TRF, nos termos prescritos à época pelo art. 102, I, i e 105, I, c, da CF. Na 
redação original desses dispositivos constitucionais cabia ao Superior Tribunal 
de Justiça a competência originaria para processar e julgar os habeas corpus 
interpostos contra atos e decisões monocráticos dos membros desses 
Tribunais, estendendo-se, tal competência, à época, aos atos monocráticos 
praticados pelos desembargadores dos Tribunais de Alçada. 
Contra atos dos órgãos colegiados desses Tribunais, ou mesmo do Plenário, a 
impetração do habeas corpus deveria ser feita perante o STF, competente para 
seu processamento e julgamento. Era também do STF a competência para o 
julgamento de habeas corpus contra decisões que o presidente de órgão 
colegiado do TJ tivesse tomado em nome de todo o órgão colegiado. 
Pois bem, a EC 22, de 1999, alterou o regramento na matéria. Abaixo 
transcrevemos os art. 102, I, i e 105, I, c, da CF, que tratam da matéria, na 
redação dada pela citada Emenda: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guardada Constituição, cabendo-lhe: 
I. processar e julgar, originariamente: 
(...) 
i) o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for Tribunal Superior 
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos 
atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal 
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única 
instância; 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça 
I. processar e julgar, originariamente: 
(...) 
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c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das 
pessoas mencionadas na alínea a, quando coator for tribunal sujeito à 
sua jurisdição, ou Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do 
Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Elei-
toral 
O art. 105, I, a, a que faz referência este último dispositivo, menciona, entre 
outros órgãos jurisdicionais, os Tribunais de Justiça e os Tribunais Federais. 
Pois bem, com a nova redação dos dispositivos, fruto da EC 22, foi unificada 
no STJ a competência na matéria, de modo que atualmente cabe ao Superior 
Tribunal de Justiça a competência para processar e julgar originariamente os 
habeas corpus contra atos ou decisões dos Tribunais Regionais Federais ou dos 
Tribunais de Justiça, seja o ato ou decisão monocrático ou colegiado. Em 
síntese: cabe ao STJ a competência para apreciar os habeas corpus interpostos 
contra os atos e decisões monocráticos ou colegiados emanados dos Tribunais 
de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais. 
Ao STF, permanece a competência para a apreciação de eventual recurso 
(recurso ordinário constitucional) contra a decisão proferida pelo STJ no 
habeas corpus, se a decisão for denegatória (CF, art. 102, II, a). Ainda, 
permanece o STF competente para julgar e processar originariamente os 
habeas corpus quando o coator for Tribunal Superior (CF, art. 102, I, i), 
inclusive o STJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II. DIREITO DE PETIÇÃO 
 
 
O art. 5o, inc. XXXIV, a, da CF, prevê o direito de petição, pelo qual se 
assegura a todos, brasileiros ou estrangeiros, pessoas físicas ou jurídicas, 
independentemente do pagamento de taxas, o direito de apresentar petição 
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou 
abuso de poder. 
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As origens do direito de petição remontam à Inglaterra, tendo o mesmo se 
consolidado Bill of Rights, em 1689, que possibilitou aos súditos ingleses a 
formulação de petições dirigidas diretamente ao monarca. Posteriormente, o 
direito de petição foi previsto nas Declarações de Direitos formuladas nos 
Estados norte-americanos, constando também na Constituição francesa de 
1791. 
Nos termos em que normatizado na Constituição, pode-se definir o direito de 
petição como o direito de natureza eminentemente política pelo qual o 
indivíduo direciona um pedido aos Poderes Públicos, seja para a defesa de 
direitos de natureza pessoal ou coletiva, seja contra ilegalidade ou abuso de 
poder. Gabriel Dezen Junior é taxativo ao afirmar que a expressão "em defesa 
de direitos" abrange tanto direitos individuais quanto direitos coletivos ou 
gerais. 
Na verdade, o direito de petição tem natureza dúplice: pode ser utilizado para 
a defesa de interesse pessoal, e neste caso deve ser compreendido como um 
instrumento a mais que a Constituição outorga às pessoas para a defesa de 
seus direitos; mas pode, por outro lado, ser usado para a defesa de interesses 
que transcendem a esfera pessoal do peticionário, referindo-se à sociedade 
como um todo, caso em que o direito de petição deve ser visto como um 
instrumento de exercício da cidadania, que possibilita ao indivíduo fiscalizar o 
Poder Público e, deste modo, participar ativamente do processo decisório do 
Estado. 
Vicente Paulo apresenta lição do STF sobre o direito de petição, vazada nos 
seguintes termos: 
(...) o direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras, 
qualifica-se como importante prerrogativa de caráter democrático. 
Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto à disposição de 
qualquer interessado - mesmo daqueles destituídos de personalidade 
jurídica - com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as 
instituições estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de natureza 
pessoal quanto de significação coletiva. 
Embora seu exercício comumente se dê de forma individual, nada impede que 
seja exercido conjuntamente, por diversas pessoas, tendo em vista o mesmo 
objeto. 
São extremamente variadas as formas de exercício do direito de petição, 
admitindo-se em seu âmbito pedidos apresentados sob a forma de queixa, 
informação, representação, entre outros instrumentos de natureza similar. 
Seu exercício é caracterizado pela informalidade, bastando para a apreciação 
da petição a adequada identificação do requerente e o conteúdo do pleito que 
deseja apresentar ao Poder Público.Em regra, a petição deve ser apresentada 
na forma escrita, devendo-se aceitar, todavia, que a petição seja formulada 
oralmente, devendo ser reduzida a termo pelo agente público competente. 
É amplíssima a legitimidade para o exercício do direito de petição, podendo o 
mesmo ser exercitado por brasileiros e estrangeiros, pessoas físicas ou 
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jurídicas, pessoas com e sem capacidade civil plena, entre outras 
possibilidades. 
O destinatário do direito de petição, por sua vez, são todos os órgãos e 
entidades públicao, aí compreendidos os Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário, o Ministério Público e os Tribunais de Contas, de todas as esferas de 
Governo. Inegavelmente, toda a Administração Pública, em sentido amplo, é 
destinatária do direito de petição. 
Uma vez levada ao conhecimento do Poder Público a petição, a autoridade 
competente deve recebê-la, desde que ela preencha os mínimos requisitos 
formais indicados acima – identificação, conteúdo e, em regra, forma escrita -. 
Uma vez recepcionada a petição, incumbe à autoridade responder à petição em 
tempo razoável, bem como cientificar da sua decisão o peticionário. 
A inobservância desses deveres, ou seja, a violação do direito de petição, pode 
ser combatida via mandado de segurança, visto tratar-se de um direito líquido 
e certo consagrado a nível constitucional. Ademais, a omissão do Poder Público 
pode acarretar sua responsabilização civil, bem como a responsabilização 
administrativa, civil e penal da autoridade responsável, conforme as 
circunstâncias próprias do caso em concreto. 
Ressalte-se que ao contrário do direito de ação, que exige em regra a presença 
do advogado e é dirigido ao Poder Judiciário, o direito de petição é um 
instrumento de caráter administrativo, que pode ser exercitado 
independentemente da participação de um profissional do Direito. 
Trata-se de duas esferas distintas de atuação. O direito de ação apresenta um 
rigor formal muito mais amplo, exige em regra a presença do advogado e tem 
como destinatário exclusivo o Poder Judiciário. O direito de petição é informal, 
não exige a atuação de um bacharel de Direito regularmente inscrito na OAB e 
tem como destinatário o Poder Público, genericamente considerado. 
Em função dessas dessemelhanças, entre outras, jamais poderá pretender o 
indivíduo valer-se do direito de petição, em vista da sua informalidade, para 
transpor os requisitos prescritos na legislação processual para o exercício do 
direito de ação. Da mesma forma, não é possível por intermédio do direito de 
petição atingir-se um resultado que, na sistemáticaadotada em nosso 
ordenamento jurídico, exige necessariamente a interposição de uma ação 
judicial, com a indispensável observância de todos os requisitos prescritos na 
legislação para sua válida tramitação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III. DIREITO DE CERTIDÃO 
 
 
A Constituição Federal garante a todos, nacionais ou estrangeiros, pessoas 
físicas ou jurídicas, independente do pagamento de taxas, o direito de 
obter certidão em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimentos de situações de interesse pessoal (CF, art. 5o, XXXIV, 
caput e alínea b). 
Trata-se de direito a ser exercido contra os órgãos e entidades públicas em 
geral, de qualquer dos Poderes da República e de qualquer esfera de Governo, 
abrangendo também os órgãos do Ministério Público e os Tribunais de Contas. 
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O direito de certidão prescrito na Constituição, a exemplo dos demais direitos 
fundamentais, não é absoluto, pois não abrange as informações protegidas por 
sigilo, quando o mesmo for imprescindível à segurança da sociedade ou do 
Estado. 
A Lei 11.111, de 2005, dispõe que o acesso aos documentos públicos de 
interesse particular ou de interesse coletivo ou geral só será restringido 
quando a manutenção do sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e 
do Estado, e que os documentos públicos que contiverem informações que 
abranjam aspectos da intimidade, vida privada, honra e imagem de pessoas, e 
que venham a ser liberados para conhecimento público, poderão ser 
disponibilizados por meio de certidão ou cópia do documento, desde que os 
dados relativos a estas quatro esferas protegidas pela Constituição não 
constem da certidão ou da cópia do documento. 
Entretanto, desde que a certidão seja necessária para a defesa de direitos (que 
podem ser pessoais ou de interesse coletivo) ou para o esclarecimento de 
informações de interesse pessoal, e que se refira a informações não protegidas 
por sigilo, ou seja, desde que os requisitos constitucionais tenham sido 
observados, o direito de certidão constitui direito líquido e certo de qualquer 
pessoa, e sua negativa pelo Poder Público, além de poder resultar na sua 
responsabilização e na do agente público que se negou a emitir a certidão, 
pode ser defendida administrativamente, por meio do direito de petição, ou 
judicialmente, mediante mandado de segurança (e não habeas data, que se 
presta à defesa do direito de obter informações de interesse pessoal, e não 
certidão a respeito delas). 
A jurisprudência acata com tranqüilidade este entendimento, como podemos 
observar pelo seguinte julgado, proferido pelo TJSP: 
Exceção feita às ressalvas legais referentes à segurança da sociedade e do 
Estado, ao que se impõe o sigilo, não pode a Administração Pública recusar 
a fornecer as informações solicitadas, sob nenhum pretexto (Apelação Cível 
no 271.054-2/6/SP). 
Posicionamento similar é esposado pelo STJ, o qual afirma: 
A garantia constitucional que assegura a todos a obtenção de certidões em 
repartições públicas é de natureza individual, sendo obrigatória a sua 
expedição quando se destina à defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal do requerente (...) (6a Turma –RMS no 
3.735-5/MG). 
A Lei no 9.051/95 regulou o direito de certidão, dispondo em seus arts. 1o e 
2o: 
Art. 1o. As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de 
situações, requeridas aos órgãos públicos da administração centralizada 
ou autárquica, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e 
às fundações públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de quinze 
dias, contados do registro do pedido no órgão expedidor. 
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Art. 2o. Nos requerimentos que objetivam a obtenção das certidões a 
que se refere esta lei, deverão os interessados fazer constar 
esclarecimentos relativos aos fins e razões do pedido. 
Como nos informam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, o STF esposou o 
entendimento de que os “esclarecimentos” a que se refere o art. 2o podem ser 
genéricos, limitando-se a demonstrar que a certidão relaciona-se a algum 
direito ou interesse. Em outros termos: o STF tem entendido que o direito de 
obter certidão independe da demonstração da finalidade específica do pedido. 
Assim, sobre os dispositivos legais, vale ressaltar que a lei fixa um prazo 
improrrogável de quinze dias, a contar do protocolo do pedido, para que seja 
expedida a certidão; e que, no início do caput do art. 1o, ela fala apenas em 
“defesa de direitos e esclarecimento de situações”, sem agregar à expressão o 
termo pessoal, com o que assegura o direito de certidão também para a defesa 
de direitos coletivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV. MANDADO DE INJUNÇÃO 
 
 
1) CONCEITO 
 
A Constituição em seu art. 5°, LXXI, instituiu um remédio constitucional 
inédito, não contemplado em nossos diplomas constitucionais anteriores. 
Trata-se do mandado de injunção, instrumento que, ao lado da ação direta 
de inconstitucionalidade por omissão, destina-se a combater a denominada 
"síndrome de inefetividade das normas constitucionais ". 
O instituto é previsto na Constituição nos seguintes termos: 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades 
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania. 
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O STF já teve oportunidade de declarar, por unanimidade, que o mandado de 
injunção é auto-aplicável, por força do art. 5°, § 1°, da Constituição Federal, 
que determina que as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. 
Até que seja editada sua legislação específica, ao mandado de injunção 
aplicam-se ao remédio as normas legais pertinentes ao mandado de 
segurança, como dispõe o art. 24, § 1°, da Lei 8.038/90. Ademais, ao 
contrário do habeas-corpus, o mandado de injunção não é gratuito e só pode 
ser interposto por advogado. 
Trata-se, pois, o mandado de injunção, de uma ação constitucional de 
natureza civil e de rito especial, destinada ao combate da inércia do 
Poder Público no cumprimento de seu dever constitucional de legislar, 
quando tal omissão inviabilizar ao interessado o pleno exercício dos 
direitos e liberdades contemplados na Constituição, e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
É lição tradicional na doutrina que o descumprimento da Carta pelo Poder 
Público tanto pode advir de uma ação, de um comportamento estatal 
comissivo, que ofenda a algum dos dispositivos constitucionais, como de uma 
omissão, de um comportamento estatal negativo, que impeça que as normas 
constitucionais adquiram sua plena aplicabilidade. 
O remédio constitucional de utilização individual para o combate da inércia do 
Poder Público em legislar, quando dessa conduta omissiva fica inviabilizado o 
exercício dos direitos e liberdades consagrados na Constituição, é o mandado 
de injunção. 
De pronto, devemos perceber que não é qualquer ausência normativa que 
justifica a interposição do mandado de injunção, é indispensável, para o uso 
deste remédio constitucional, que tal ausênciaimplique o não exercício de 
certo direito ou liberdade prescrito na Constituição, ou das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania ou à cidadania. Se mesmo prevendo a 
Constituição que caberá a edição de lei para o detalhamento de certo direito ou 
liberdade nela prescrito, tal lei não for pressuposto para o seu exercício, não é 
cabível mandado de injunção, já que eventual inexistência de norma 
infraconstitucional não resulta na inviabilidade do direito ou liberdade 
consagrado na Constituição. 
Tal raciocínio remonta à clássica lição do Professor José Afonso da Silva, que 
subdivide as normas constitucionais, quanto à sua eficácia, em normas 
constitucionais de eficácia plena, contida e limitada. Repisando, as normas 
constitucionais de eficácia plena gozando de eficácia imediata e integral, 
podendo ser aplicadas independentemente de edição de legislação 
infraconstitucional; as normas constitucionais de eficácia contida também 
podem ser imediatamente aplicadas, mas admitem restrição em sua amplitude 
por força da legislação infraconstitucional; e as normas constitucionais de 
eficácia limitada, apesar de formalmente eficazes com sua mera previsão na 
Constituição, só adquirem eficácia plena após a elaboração da legislação 
infraconstitucional nelas requerida. 
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Pois bem, como as normas constitucionais de eficácia plena e contida 
produzem na integralidade seus efeitos independentemente da elaboração de 
qualquer legislação ordinária, podemos concluir que eventual inexistência de 
lei detalhando um direito ou liberdade previsto em normas dessa natureza não 
inviabiliza seu exercício. Logo, o mandado de injunção é passível de uso 
apenas quando a ausência normativa afeta um direito ou liberdade previsto em 
norma constitucional de eficácia limitada, uma vez que apenas em relação a 
tais normas é que se pode vislumbrar situação em que "a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades 
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania". 
Com isto, podemos concluir que são pressupostos para a interposição do 
mandado de injunção: 
a) que haja certo direito, liberdade ou prerrogativa inerente à soberania, à 
nacionalidade e à cidadania previstos na Constituição (e não em lei ou em 
qualquer outro ato normativo); 
b) que este direito, liberdade ou prerrogativa esteja previsto em norma 
constitucional não auto-aplicável, ou seja, uma norma constitucional de 
eficácia limitada, de modo que seu exercício esteja condicionado à edição da 
legislação ordinária requerida na norma; 
c) que não tenha sido elaborada tal legislação ordinária, e com isso não se 
tenha viabilizado o exercício do direito, liberdade ou prerrogativa 
constitucional. 
Sobre a matéria, é válida a transcrição das considerações do Ministro Celso de 
Mello (MI n. 542): 
O direito à legislação só pode ser invocado pelo interessado, quando 
também existir simultaneamente imposta pelo próprio texto 
constitucional a previsão do dever estatal de emanar normas legais. Isso 
significa que o direito individual à atividade legislativa do Estado apenas 
se evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da 
função de legislar refletir, por efeito de exclusiva determinação 
constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao Poder 
Público. Para que possa atuar a norma pertinente ao instituto do 
mandado de injunção, revela-se essencial que se estabeleça a 
necessária correlação entre a imposição constitucional de legislar, de um 
lado, e o conseqüente reconhecimento do direito público subjetivo à 
legislação, de outro, de tal forma que, ausente a obrigação jurídico-
constitucional de emanar provimentos legislativos, não se tornará 
possível imputar comportamento moroso ao Estado, nem pretender 
acesso legítimo à via injuncional. 
Em síntese, podemos concluir que só é cabível mandado de injunção quando 
há uma relação de causalidade entre a inviabilidade do exercício do direito 
ou liberdade constitucional e a ausência de legislação reguladora, ou seja, a 
inviabilização daquele deve-se justamente à ausência da legislação 
infraconstitucional, e isso só se verifica com relação aos direitos e liberdades 
contemplados em normas constitucionais de eficácia limitada. Portanto, é 
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apenas a inércia legislativa em relação a tais normas que, para fins de 
mandado de injunção, entende-se como descumprimento do dever 
constitucional de legislar, a ser combatido mediante a utilização deste 
remédio constitucional. 
 
2) LEGITIMAÇÃO ATIVA 
 
O mandado de injunção pode ser interposto por qualquer pessoa – física ou 
jurídica, nacional ou estrangeira – que esteja obstada de exercer um direito ou 
liberdade constitucional em virtude da inexistência de norma que o 
regulamente. 
Desse modo, ao contrário da ADIN por omissão, cuja legitimação ativa é 
restrita, já que pode ser proposta apenas pelos órgãos, entidades e 
autoridades listados no art. 103, I a IX, da CF, o mandado de injunção é 
remédio de legitimação ampla, passível de exercício por todo aquele que teve 
o exercício do direito constitucional obstado. 
Enfim, o próprio titular do direito cujo exercício está sendo inviabilizado 
pela inércia do legislador: é este o sujeito ativo do mandado de injunção. 
Ao contrário do que faz relativamente ao mandado de segurança, a 
Constituição não prevê o mandado de injunção coletivo. O STF, todavia, há 
tempos assentou que cabe a interposição de mandado de injunção 
coletivo, sendo para tanto legitimadas, em favor de seus membros ou 
associados, as mesmas entidades que podem ajuizar mandado de segurança 
coletivo. 
Assim sendo, a legitimação para a propositura de mandado de injunção 
coletiva foi conferida pelo STF ao partido político com representação no 
Congresso Nacional e à organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa 
dos interesses de seus membros ou associados, que estão sendo frustrados no 
exercício de certo direito constitucional em virtude do descumprimento pelo 
Poder Público do dever de legislar. 
 
3) LEGITIMAÇÃO PASSIVA 
 
O mandado de injunção deve ser interposto contra os órgãos ou autoridades 
públicas responsáveis pela não-edição da legislação ordinária 
regulamentadora da norma constitucional de eficácia limitada. São esses os 
legitimados passivos em se tratando de mandado de injunção. 
Assim, na esfera federal, o mandado de injunção deverá ser interposto contra 
o Congresso Nacional, salvo nas hipóteses de iniciativa legislativa privativa, 
quando então o remédio deve ser ajuizado contra a autoridade detentora da 
iniciativa privativa, já que a ela e apenas a ela compete dar início ao processo 
legislativo do qual poderá regular a norma viabilizadora do exercício do direito. 
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É o que ocorre, exemplificativamente, com o Presidente da República, nas 
matérias listadas no art. 61, § 1°, da Constituição. 
O STF já pacificou no entendimento de que particulares não possuem 
legitimidade ad causam para responder em mandado de injunção, pois 
compete exclusivamente ao Poder Público editar a legislação complementadora 
da Constituição. Sendo assim, impossível a formação de litisconsórcio passivo 
entre órgãos ou autoridades públicas e entes privados. Necessariamente, a 
ação será interposta apenas contra o Poder público. 
 
4) COMPETÊNCIA 
 
A competência para o julgamento e o processamento do mandadode injunção 
é sempre definida a partir da legitimação passiva, ou seja, a partir da 
autoridade ou órgão responsáveis pela ausência da legislação reguladora do 
direito ou liberdade constitucional. 
A Constituição é lacunosa na matéria, tratando expressamente da competência 
apenas do STF, do STJ e do TSE. Com relação aos demais órgãos jurisdicionais 
federais, a matéria deverá ser tratada a nível de legislação ordinária, 
respeitadas, evidentemente, as disposições prescritas na Constituição. Quanto 
aos órgãos judiciários estaduais, a matéria deverá ser tratada nas respectivas 
constituições estaduais, a teor do art. 125 da Carta. 
As competências descritas na própria Constituição podem ser assim 
sintetizadas: 
a) ao STF cabe, originariamente, o julgamento do mandado de injunção 
quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente 
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas 
da União, de um dos Tribunais Superiores ou do próprio Supremo Tribunal 
Federal (CF, art. 102, I, q). Ainda, julga o STF, em sede de recurso ordinário, 
os mandados de injunção decididos única instância pelos Tribunais Superiores, 
se for denegatória a decisão (CF, art. 102, II, a); 
b) ao STJ, por sua vez, compete, originariamente, o julgamento do mandado 
de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de 
órgão ou entidade federal, da Administração Direta ou Indireta, excetuados os 
casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça 
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (CF, art. 105, I, h); 
c) por fim, é competência do TSE, em grau recursal, o julgamento dos 
mandados de injunção denegados pelos respectivos Tribunais Regionais 
Eleitorais(CF, art. 121, § 4°, V). 
 
5) DESCABIMENTO 
 
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Apesar de termos esclarecido no primeiro tópico desta unidade que só é 
cabível a interposição de mandado de injunção quando ausente norma 
regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades 
prescritos na Constituição, ou das prerrogativas nela contempladas pertinentes 
à nacionalidade, à soberania e à cidadania, é útil apresentarmos alguns 
posicionamentos do STF na matéria, acerca das hipóteses em que não é 
cabível o uso do mandado de injunção. 
 Assim, não cabe a interposição de mandado de injunção, segundo o STF: 
a) se a Constituição apenas faculta ao legislador infraconstitucional a 
elaboração da legislação complementadora de suas disposições: se a 
Constituição não impõe ao legislador, como dever indeclinável, a elaboração da 
legislação complementadora do direito ou liberdade nela previsto, a não edição 
da norma não caracteriza descumprimento de dever de legislar, logo, não 
justifica a propositura de mandado de injunção; 
b) se o direito ou liberdade cujo exercício é obstado por ausência de norma 
regulamentadora está previsto na legislação ordinária: o mandado de 
injunção presta-se exclusivamente ao combate da inércia legislativa no 
complemento dos direitos e liberdades consagrados na própria Constituição. 
Logo, a não-elaboração pelo Presidente da República de um decreto 
regulamentador a fim de dar aplicabilidade a um direito previsto em lei 
ordinária ou complementar editada pela União, a não-expedição pelo 
Congresso nacional de decreto legislativo regulamentando os efeitos de medida 
provisória não convertida em lei, a ausência de decreto executivo regulamento 
um direito previsto em tratado internacional são algumas hipóteses de 
descabimento do mandado de injunção; 
c) se já existe norma regulamentadora do direito ou liberdade previsto na 
Constituição, mesmo que ela apresente defeitos de forma ou de fundo: o 
mandado de injunção volta-se ao combate da inércia do Poder Público no 
cumprimento de seu dever de legislar. Se não há tal inércia, ou seja, se o 
Poder Público editou a norma, ainda que com vícios formais ou materiais, não 
cabe a interposição de mandado de injunção. 
 
6) EFICÁCIA DA DECISÃO 
 
Inegavelmente, a questão mais debatida em tema de mandado de injunção 
refere-se aos efeitos jurídicos da decisão nele proferida. Inúmeras foram as 
posições doutrinárias e jurisprudenciais a respeito, a maioria das quais foi 
considerada pelo STF nas suas discussões sobre a matéria. 
No âmbito da Corte os debates resultaram em diversos posicionamentos, os 
quais podem ser assim sintetizados: 
1a) posição concretista: defende que, verificados os pressupostos 
constitucionais do mandado de injunção, deve o Poder Judiciário, numa decisão 
constitutiva, após reconhecer a omissão legislativa, elaborar a norma 
faltante, implementando o exercício do direito ou da liberdade prescritos na 
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Constituição, ou da prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania ou à 
cidadania. 
Esta corrente divide-se em duas, a concretista geral, pela qual a decisão 
judiciária teria efeitos erga omnes, estabelecendo uma norma geral, válida 
para todos, até que o órgão responsável pela edição da lei ou do ato normativo 
exercesse sua competência; e a concretista individual, que entende também 
caber ao Judiciário o estabelecimento da norma aplicável, mas limitados seus 
efeitos ao autor da ação. Assim, o judiciário implementaria o exercício do 
direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucional, mas apenas para o 
autor da ação. 
Essa posição - concretista individual -, desmembra-se em duas: a concretista 
individual direta, pela qual o Judiciário, após reconhecer a omissão 
legislativa, imediatamente estabelece a norma aplicável para o caso concreto, 
implementando desde já o exercício do direito para o autor da ação; e a 
concretista individual intermediária, segundo a qual o Judiciário, uma vez 
reconhecida a omissão, num primeiro momento deve fixar um prazo de 120 
dias) para que o órgão ou autoridade competente elabore a norma; 
permanecendo a inércia, o Judiciário fixa a regulamentação para o caso em 
concreto. 
2a) posição não-concretista: considera caber ao Judiciário tão somente o 
reconhecimento formal da omissão legislativa, comunicando a falta ao 
órgão ou autoridade responsável pela sua edição. Apesar de podermos 
perceber na doutrina uma preferência pela posição concretista individual 
intermediária, foi esta posição, a não-concretista, que veio a ser adotada 
majoritariamente no STF. Apesar das veementes críticas doutrinárias ao 
posicionamento do STF na matéria, que acaba por tornar os efeitos no 
mandado de injunção idênticos ao da ADIN por omissão, é esta posição que 
devemos entender prevalente. 
Por tal posição, pode-se concluir, na lição de Vicente Paulo, que a decisão 
proferida em mandado de injunção tem eficácia declaratória – reconhecendo 
a inconstitucionalidade da omissão – e mandamental – cientificando o órgão 
ou a autoridade competente sobre sua mora na edição da norma 
regulamentadora -. 
Ilustrando o ponto, trazemos um dos acórdãos proferidos pelo STF 
apresentados pelo Autor: 
O mandado de injunção não é o sucedâneo constitucional das funções 
político-jurídicas atribuídas aos órgãos estatais inadimplentes. Não 
legitima, por isso mesmo, a veiculação de provimentos normativos que 
se destinem a substituir a faltante norma regulamentadora sujeita à 
competência, não exercida, dos órgãos públicos. O Supremo Tribunal 
Federal não se substitui ao legislador ou administrador que se hajam 
abstido de exercer a sua competência normatizadora. A própria 
excepcionalidade desse novo instrumento jurídico impõe ao Judiciário o 
dever de estrita observância do princípio constitucional da divisãofuncional do Poder (MI n. 107, Ministro Celso de Mello) 
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Excepcionalmente, tem a Corte adotado, em algumas de suas decisões, uma 
posição mais próxima da corrente concretista. 
Alexandre de Moraes traz dois casos concretos em que o STF conferiu maior 
amplitude à sua decisão em sede de mandado de injunção. 
No primeiro, o STF estava analisando a inércia do Congresso Nacional em 
editar a legislação requerida no art. 8°, § 3° do ADCT, que fixa prazo para a 
atuação do Poder Legislativo. 
Reza o referido dispositivo: 
Art. 8°, § 3° Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, 
atividade profissional específica, em decorrência das Portarias 
Reservadas do Ministério da Aeronáutica n° S50-GM5, de 19-6-64, e n° 
S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na forma 
que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor 
no prazo de doze meses a contar da promulgação da constituição. 
O STF, tendo em vista do prazo prescrito no próprio dispositivo constitucional, 
solenemente descumprido pelo Congresso Nacional, a evidenciar sua inércia, 
decidiu que os beneficiários da norma poderiam desde já exercer o direito nela 
prescrito, mediante o ajuizamento da ação de reparação econômica cabível, 
com base no direito comum em vigor. 
O segundo caso teve por objeto o art. 195, § 7°, da CF, segundo o qual "são 
isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei". 
Face à omissão estatal na elaboração da lei requerida no dispositivo, a análise 
da questão resultou no seguinte pronunciamento da Corte: 
o Tribunal, por maioria, conheceu em parte o mandado de injunção e 
nessa parte o deferiu para declarar o estado de mora em que se 
encontra o Congresso Nacional, a fim de que, no prazo de seis meses, 
adote as providências legislativas, decorrentes do art. 195, § 7°, da 
Constituição, sob pena de, vencido esse prazo, sem legislar, passe a 
requerente a gozar a imunidade requerida". 
Vicente Paulo também trata de hipótese na qual o STF abandona a posição 
não-concretista, conferindo maior eficácia às suas decisões em mandado de 
injunção. Entende a Corte que é cabível a fixação de prazo para a edição da 
norma regulamentadora quando o Estado tiver dupla sujeição passiva no caso, 
o que se configura, nesse contexto, quando o Estado, além de ser o 
responsável pela elaboração da norma, também ocupar o pólo passivo nas 
relações jurídicas que resultariam do exercício do direito, o que se encontra 
inviabilizado pela inexistência da norma. 
Exemplificativamente, no MI n. 283-5/DF a Corte adotou esse posicionamento, 
asseverando: 
Se o sujeito passivo do direito constitucional obstado é a entidade 
estatal à qual igualmente se deva imputar a mora legislativa que obsta 
ao seu exercício, é dado ao Judiciário, ao deferir a injunção, somar, aos 
seus efeitos mandamentais típicos, o provimento necessário a acautelar 
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o interessado contra a eventualidade de não se ultimar o processo 
legislativo, no prazo razoável que fIxar, de modo a facultar-lhe, quando 
possível, a satisfação provisória do seu direito. 
 
7) DESCABIMENTO DE MEDIDA LIMINAR 
 
Não cabe medida liminar em sede de mandado de injunção, por ser 
inadequada ao remédio constitucional em questão. Esse é o entendimento 
absolutamente pacífico do STF na matéria. 
Na posição que veio a predominar no Tribunal, o mandado de injunção resulta, 
quando provido, no reconhecimento formal da inércia do Poder Público no 
cumprimento de seu dever constitucional de legislar, não admitindo a Corte 
declaração provisória desta omissão, em decisão liminar. O reconhecimento da 
mora legislativa, se for o caso, só pode ser proclamado na decisão final do 
mandado de injunção. 
 
8) DIFERENÇAS ENTRE O MANDADO DE INJUNÇÃO E A ADIN POR 
OMISSÃO 
 
Na seqüência do Curso, durante o estudo do controle de constitucionalidade, 
analisaremos a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADIN por 
omissão), ação constitucional que, da mesma forma que o mandado de 
injunção, volta-se contra a inércia legislativa do Poder Público. Neste ponto 
ambos os instrumentos se identificam. 
Todavia, diversas são suas diferenças. Limitando-nos às diferenças principais 
entre os dois institutos, podemos apresentá-las nos seguintes termos: 
a) competência para o julgamento: na esfera federal, compete exclusivamente 
ao STF o julgamento da ADIN por omissão (CF, art. 102, I, a); já a 
competência para o julgamento do mandado de injunção, como analisamos 
anteriormente, é outorgada pela Constituição não só ao STF, mas também ao 
STJ e ao TSE. Ademais, a Constituição é lacunosa ao tratar da competência 
para a apreciação de mandado de injunção, cabendo ao legislador ordinário 
complementar suas disposições; 
b) legitimação ativa: o mandado de injunção pode ser interposto por qualquer 
pessoa que esteja obstada de exercer um direito contemplado na Constituição 
em virtude da falta de norma regulamentando-o; já a ADIN por omissão só 
pode ser instaurada pelas autoridades, órgãos e agentes listados no rol 
taxativo do art. 103 da CF, inc. I a IX; 
c) finalidade: no mandado de injunção seu autor busca a solução para uma 
situação específica que lhe afete, o direito constitucional cujo exercício está 
inviabilizado pela ausência de norma regulamentadora. É indispensável para a 
interposição, desse modo, a efetiva lesão à esfera jurídica de certa pessoa, o 
autor do mandado de injunção, pois é justamente tal ofensa que justifica sua 
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propositura. Na ADIN por omissão tal circunstância é de todo irrelevante, pois 
sua interposição não requer que tenha havido efetiva violação a um direito 
individual. Na ADIN por omissão debate-se a inércia legislativa do Poder 
Público em tese, desgarrada de qualquer caso em concreto, buscando-se obter 
o reconhecimento formal da omissão com efeitos erga omnes. 
As duas últimas diferenças entre o mandado de injunção decorrem diretamente 
da diversidade da natureza das duas ações. Como expõe com precisão Pedro 
Lenza, a partir da obra de Dirley da Cunha Júnior, "o mandado de injunção é 
uma ação constitucional de garantia individual, enquanto a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão é uma ação constitucional de garantia da 
Constituicão". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V. HABEAS DATA 
 
 
 
1) NOÇÕES GERAIS 
 
O habeas data é remédio constitucional previsto no art. 5°, LXXII, da CF, nos 
seguintes termos: 
LXXII – Conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por 
processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
Trata-se de uma ação constitucional de natureza civil e rito sumário, 
posta à disposição de pessoas físicas e jurídicas para o conhecimento de 
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informações a seu respeito, que estejam armazenadas em registro ou 
banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, e 
para a retificação dessas mesmas informações, quando o interessado não 
preferir se valer de um processo sigiloso, judicial ou administrativo, para tanto. 
Nos termos da Constituição, o habeas-data é,

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