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Direito Constitucional - Aula 13 - Organização do Estado

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR GUSTAVO BARCHET 
 
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AULA 13: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
 
 
 
1) CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
 
Reza o art. 18 da Constituição Federal que "a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos 
desta Constituição". 
Como sabemos, a forma de Estado por nós adotada foi a Federação, 
conforme consta explicitamente nos art. 1° e 18 da Carta, que trazem a 
denominação oficial de nosso Estado: República Federativa do Brasil. 
A forma de Estado é conceito que se prende ao modo como é distribuído o 
poder político no território do Estado. 
Se em todo o território há apenas um centro de poder político, existindo, 
no mais, apenas entidades de caráter administrativo, cujas competências são 
outorgadas pelo ente político central, estamos perante o Estado Unitário. É 
o que se observa, por exemplo, no Uruguai. 
O Estado brasileiro, por sua vez, é do tipo Federativo, sendo, em vista 
disso, composto de diversos entes políticos, cujas competências estão 
definidas no texto constitucional. Temos, assim, um ente político central - a 
União -; entes políticos regionais – os Estados-membros -; entes políticos 
locais – os Municípios -, além do Distrito Federal, ente político que detém, a 
grosso modo, as competências estaduais e municipais. 
Todos os entes políticos de nosso Estado, como explicitado no art. 18 da 
Carta, gozam de autonomia. De pronto, portanto, podemos evitar qualquer 
confusão entre o Estado brasileiro, organizado como Federação, e a 
denominada Confederação, a terceira forma de Estado, que consiste numa 
reunião de Estados soberanos mediante a celebração de um tratado 
internacional dissolúvel. 
A Confederação é composta por entes políticos detentores de soberania que 
se congregam em torno de um tratado internacional plenamente dissolúvel, 
de modo que qualquer um deles, justamente porque conserva sua soberania, 
ao integrar-se à Confederação, pode desligar-se dela a qualquer tempo. 
Ao contrário, a Federação tem como diploma jurídico básico uma 
Constituição, e é justamente tal documento que confere aos entes 
federados suas competências. Daí, dizer-se que as entidades políticas 
componentes da Federação gozam de autonomia: poderes que são 
outorgados pela Constituição e, portanto, por ela limitados. Suas 
competências, assim, são aquelas oriundas de outorga de poderes feita pela 
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Constituição Federal, e legitimamente exercitadas nos termos e limites 
impostos na Carta Política, de modo explícito ou implícito. 
Uma das limitações impostas pela nossa Constituição, em seu art. 1°, bem 
como pelas Constituições dos demais Estados organizados como Federação, é 
a indissolubilidade do vínculo federativo ou, em outras palavras, a 
proibição de secessão. Nenhum ente político integrante do Estado 
brasileiro pode pretender desmembrar-se de nosso Estado e unir-se a outro 
Estado ou compor um novo Estado soberano. Como esclarece Alexandre de 
Moraes, é "inadmissível qualquer pretensão de separação de um Estado-
membro, do Distrito Federal ou de qualquer Município da Federação, 
inexistindo em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de 
secessão". 
A Constituição expressamente autoriza à União a decretar a intervenção 
federal nos Estados ou no DF para "manter a integridade nacional". Trata-se, 
pois, de um instrumento último previsto na Carta para assegurar a 
indissolubilidade do vínculo federativo, a ser utilizado contra qualquer 
tentativa de secessão dos entes integrantes de nossa Federação. 
Temos, portanto, que o Estado brasileiro organiza-se segundo o modelo 
federativo caracterizado pela descentralização política promovida a nível 
constitucional, e da qual se originam os entes políticos ou entes federados, 
que convivem, harmônica e coordenadamente num mesmo território, 
exercendo as competências para eles traçadas na Constituição Federal, 
sendo inconstitucional qualquer tentativa por eles promovida no sentido de 
se desvincularem de nosso Estado. 
Todos os entes federados gozam de autonomia, o que significa que seus 
poderes e prerrogativas, bem como os respectivos limites, têm seu 
delineamento traçado na Constituição. União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios estão situados em um mesmo patamar hierárquico, não gozando 
qualquer deles de supremacia sobre os demais. É absolutamente errôneo 
afirmar-se que a União, por ser o ente central, encontra-se em posição de 
superioridade com relação aos demais entes federados, ou que os Estados 
situam-se em posição de supremacia sobre os Municípios sediados em seus 
respectivos territórios. 
Todos ostentam igual status jurídico, qual seja, a condição de entes 
autônomos, titulares das competências para eles outorgadas pela 
Constituição, às quais são exercidas sem qualquer espécie de subordinação. 
Desse modo, qualquer tentativa de um ente no sentido de invadir a 
competência de outro é eivada de absoluta inconstitucionalidade, sendo 
passível de combate por intermédio dos instrumentos para tanto prescritos 
na Constituição. Não devemos nos esquecer, entretanto, de que em 
hipóteses extraordinárias a Constituição autoriza a intervenção da União nos 
Estados, no Distrito Federal e nos Municípios sediados em Territórios Federais 
(CF, art. 34 e 35), bem como dos Estados nos Municípios localizados em seu 
território (CF, art. 35). 
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A autonomia de cada ente federado é aspecto fundamental de nossa 
organização política, de tal modo que a Constituição erigiu à condição de 
cláusula pétrea a forma federativa de Estado (art. 60, § 4°, I). Isso não 
significa, simplesmente, que a Constituição veda que o Brasil torne-se um 
Estado unitário, com a concentração das competências políticas em um único 
ente, no caso, a União. A significação da prescrição é muito mais ampla: 
deve-se ter por inconstitucional qualquer proposta de emenda que objetive 
reduzir a autonomia dos entes federados, na forma como originalmente 
traçada pela Constituição. Qualquer proposta de alteração do texto 
constitucional que vise a enfraquecer substancialmente a margem de 
autonomia conferida a cada um dos entes federativos pela Constituição 
padece de absoluta inconstitucionalidade, por violar a forma federativa de 
Estado. 
Assim, seriam inconstitucionais, exemplificativamente, propostas de emenda 
à CF que pretendessem conferir à União poder para a elaboração das 
Constituições estaduais ou da Lei Orgânica do DF, ou que outorgassem aos 
Estados poder para nomear diretamente os Prefeitos municipais, ou que 
retirassem dos Estados a competência para organizar seu Poder Judiciário, 
entre outras possibilidades. 
Encerrando este tópico inicial, cabe destacar algumas peculiaridades da 
nossa Federação: 
1°) a Federação brasileira não adota o modelo típico desta forma de 
organização de Estado, elaborado nos Estados Unidos da América. No modelo 
típico de Federação existem apenas dois níveis de poder político, o central, 
que origina a União, e o regional, que dá surgimento aos Estados-membros. 
No Brasil temos também uma outorga constitucional de poderes políticos a 
nível local, originando os Municípios. Ademais, temos um ente que reúne as 
competências locais e regionais, o Distrito Federal. Assim, na Federação 
brasileira, além dos dois entes típicos dessa forma de Estado, a União e os 
Estados-membros, temos ainda os Municípios e o Distrito Federal, que são 
entes federados anômalos, peculiares da nossa Federação; 
2°)embora o Distrito Federal, em linhas gerais, reúna as competências 
conferidas aos Estados e aos Municípios (CF, art. 32, § 1°), há determinadas 
competências tipicamente estaduais que a Constituição não conferiu ao DF, 
não se podendo, assim, afirmar que este ente federado é titular de todas as 
competências de que os Estados são detentores. Isto se deve ao disposto nos 
art. 21, XIII, XIV e 22, XVII, da CF, os quais, respectivamente, determinam 
ser competência da União: (a) organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal; (b) organizar e 
manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do 
Distrito Federal e (c) legislar sobre organização judiciária, do Ministério 
Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal; 
3°) segundo entendimento do STF, a autonomia dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios não abrange a possibilidade de instituição de forma 
de governo, de regime de governo e de sistema eleitoral diferentes daqueles 
prescritos pela CF para a União. Não podem esses entes políticos, portanto, 
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adotarem a forma de Governo monárquica, o regime de Governo 
parlamentarista ou sistemas eleitorais (majoritário e proporcional, conforme 
o caso) diversos daqueles prescritos pela CF para a União; 
4°) segundo o regramento constitucional, não é peculiaridade de nossa 
Federação a participação de todos os entes federados na composição 
da vontade nacional. Isso se deve ao fato de que os Municípios não têm 
representação no Senado Federal e não possuem legitimidade para a 
apresentação de propostas de emenda à Constituição Federal. Desse modo, 
apesar de ser inegável que os Municípios ostentam a condição de entes 
federados, pode-se concluir que tal condição não compreende a possibilidade 
de influírem na formação da vontade nacional; 
5°) por opção do legislador constituinte originário, nossa Federação é 
bastante centralizada. Embora a Constituição tenha conferido competências 
políticas a todos os entes federados, pois é justamente tal outorga de 
poderes que justifica seu enquadramento como tal, a Carta reservou a 
maioria das competências legislativas e administrativas à União, nosso ente 
político central. Sobre o ponto, é válida a transcrição da lição de Celso 
Ribeiro Bastos, trazida pelo Professor Vicente Paulo: 
(...) o Estado brasileiro na nova Constituição ganha níveis de 
centralização superiores à maioria dos Estados que se consideram 
unitários e que, pela via de uma descentralização por regiões ou 
províncias, consegue um nível de transferência das competências tanto 
legislativas quanto de execução muito superior àquele alcançado pelo 
Estado brasileiro. 
Por fim, transcrevemos lição de Alexandre de Moraes, segundo a qual a 
Constituição, para assegurar a forma federativa de Estado, deve contemplar 
os seguintes princípios: 
- os cidadãos dos diversos Estados-membros aderentes à Federação 
devem possuir a nacionalidade única dessa; 
- repartição constitucional de competências entre a União, Estados-
membros, Distrito Federal e município; 
- necessidade de que cada ente federativo possua uma esfera de 
competência tributária que lhe garanta renda própria; 
- poder de auto-organização dos Estados-membros, Distrito Federal e 
Municípios, atribuindo-lhes autonomia constitucional; 
- possibilidade constitucional excepcional e taxativa de intervenção 
federal, para manutenção do equilíbrio federativo; 
- participação dos Estados no Poder Legislativo Federal, de forma a 
permitir-se a ingerência de sua vontade na formação da legislação 
federal; 
- possibilidade de criação de novo Estado ou modificação territorial de 
Estado existente dependendo da aquiescência da população do Estado 
afetado; 
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- existência de um órgão de cúpula do Poder Judiciário para 
interpretação e proteção da Constituição Federal. 
 
2) BRASÍLIA 
 
O § 1º, do art. 18, da Constituição declara que Brasília é a Capital Federal. 
Trata-se de inovação da Constituição de 1988, que passou a considerar 
Brasília a capital de nosso Estado, ao contrário das Constituições anteriores, 
que conferiam tal condição ao Distrito Federal. 
Fica bem clara, desse modo, a diferença entre Brasília, que ocupa a condição 
de capital do nosso País, e o Distrito Federal, o ente federativo em cuja 
circunscrição territorial localiza-se a Capital, e ao qual a Constituição veda, 
no art. 32, a subdivisão em Municípios. 
 
3) TERRITÓRIOS 
 
O § 2º do art. 18 assevera: 
Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação 
em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em 
lei complementar. 
A Constituição de 1988, nesse dispositivo, esclarece a natureza jurídica dos 
Territórios Federais, ao definir que eles não ostentam a condição de entes 
federados, não detendo, pois, competências de natureza política. São 
entidades de caráter administrativo, integrantes da estrutura da União, na 
condição de autarquias, resultando de uma descentralização territorial 
promovida pela entidade política. 
Atualmente não existe, de fato, nenhum território federal, prescrevendo a 
Constituição que para sua criação, transformação em Estado ou reintegração 
ao Estado de origem faz-se necessária a edição de lei complementar. 
 
4) INCORPORAÇÃO, SUBDIVISÃO OU DESMEMBRAMENTO DE ESTADOS 
 
Dispõe o art 18, § 3º, da Constituição Federal: 
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou 
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados 
ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente 
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei 
complementar. 
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Os Estados-membros são os típicos entes integrantes da Federação, já que 
esta nada mais é que uma união de Estados autônomos. Como analisamos 
anteriormente, é expressamente vedada pela Constituição qualquer alteração 
do território, globalmente considerado, da República Federativa do Brasil, 
uma vez que os entes federativos não podem desgarrar-se da Federação. Os 
limites territoriais externos do nosso Estado são, pois, imutáveis. 
Entretanto, como se conclui pelo art. 18, § 3°, da CF, o mesmo não se aplica 
à divisão político-administrativa interna do nosso País, que pode sofrer 
modificações, seja pela alteração nos territórios dos Estados, como 
analisaremos nessa oportunidade, seja pela alteração nos territórios dos 
Municípios, como analisaremos no tópico posterior. 
O dispositivo em questão prevê quatro tipos de alteração territorial interna: 
(a) fusão; (b) subdivisão; (c) desmembramento - anexação e (d) 
desmembramento - formação. 
A fusão, que a Constituição prevê sob a expressão incorporação entre si, 
ocorre quando dois ou mais Estados unem-se para formar um novo Estado-
membro, extinguindo-se os já existentes. Estes perdem sua personalidade 
jurídica, pois a fusão implica na criação de um novo Estado, uma nova 
entidade política, cujo território corresponde à totalidade do território dos 
Estados até então existentes. Enfim, estes cessam de existir, dando lugar ao 
novo Estado. 
A subdivisão é o oposto da fusão, ocorrendo quando um mesmo Estado 
divide-se em dois ou mais Estados-membros. Ao contrário da fusão, que 
implica redução no número de Estados existentes, a subdivisão aumenta o 
número de entes federados regionais, uma vez que do território de um só 
Estado surgirão dois ou mais Estados. Enfim, cessa de existir o Estado 
originário,extinguindo-se sua personalidade jurídica. E da sua extinção 
originam-se dois ou mais novos Estados, cujo território corresponde a certa 
parcela do território do Estado originário. 
O desmembramento, por sua vez, admite duas modalidades: o 
desmembramento-anexação e o desmembramento-formação. Em ambas não 
há a extinção do Estado originário, mas apenas a redução do seu território. 
Permanece ele, pois, como ente federado, apenas com sua área original 
reduzida. 
No desmembramento-anexação, além de não se extinguir o Estado 
originário, também não será criado nenhum novo Estado-membro, uma vez 
que a parte desmembrada será apenas anexada a um Estado pré-existente. 
A operação envolve, assim unicamente alteração dos limites territoriais de 
dois Estados já existentes, não havendo a extinção de qualquer deles nem a 
criação de um novo ente federado. 
No desmembramento-formação poderá ou não haver a criação de um novo 
ente federado. Isto ocorrerá se a parcela desmembrada do Estado originário 
resultar na instituição de um novo Estado. Teremos, então, a permanência 
do Estado originário, com seu território inicial reduzido, e a formação de um 
novo Estado-membro, cujo território corresponde à parcela desmembrada do 
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Estado originário. Entretanto, poderá o desmembramento não resultar na 
instituição de um novo ente federativo, o que ocorrerá quando a parcela 
desmembrada formar um Território Federal, o qual, como sabemos, é uma 
entidade de natureza administrativa, pertencente à União. 
Qualquer que seja a modalidade de alteração, o respectivo processo segue as 
regras do dispositivo constitucional retrotranscrito, as quais podem ser assim 
sintetizadas: 
1o) consulta prévia às populações diretamente interessadas, por meio 
de plebiscito (é apenas a população que efetivamente reside na área em 
que pode ocorrer a transformação, e não toda a população do Estado ou dos 
Estados envolvidos). É obrigatória a consulta prévia, mediante plebiscito, não 
se admitindo o referendo, ou seja, a consulta popular após a elaboração da 
lei. Caberá ao Tribunal Regional Eleitoral a organização do plebiscito. Se 
aprovada a alteração pela população, o processo segue para a próxima 
etapa, constituindo a anuência popular verdadeira condição de 
procedibilidade. Portanto, em caso de reprovação da proposta de alteração 
pela população envolvida, encerra-se o processo; 
2º) oitiva das Assembléias Legislativas dos Estados envolvidos (CF, 
art. 48, VI), no prazo fixado em lei ou, à falta de previsão legal, pela Justiça 
Eleitoral, se aprovada a proposta de alteração pela população diretamente 
interessada. A competência da Assembléia Legislativa é meramente 
opinativa, não decisória, de modo que o resultado da deliberação dos 
deputados estaduais não vincula o Congresso Nacional. José Afonso da Silva 
entende que a Assembléia Legislativa pode, ao invés de opinar a favor ou 
contra a alteração, simplesmente se abster de manifestar-se; 
3o) lei complementar federal aprovando (ou não) a incorporação, a 
subdivisão ou o desmembramento. Se o projeto de lei complementar lograr 
aprovação no Congresso, é remetido à sanção do Presidente da República. 
Esta autoridade e os membros do Congresso Nacional gozam de autonomia 
para decidir, não estando adstritos à aprovação popular manifestada no 
plebiscito. 
Nota-se, que a subdivisão de Estados, bem como a incorporação e o 
desmembramento, são matérias de competência de lei complementar 
federal, não podem ser realizadas por emenda à Constituição. O motivo é 
simples: o projeto de lei é passível de sanção ou veto pelo Presidente da 
República, ao passo que no processo legislativo de proposta de emenda o 
Presidente não intervém, a não ser, eventualmente, como autor da proposta. 
Por fim, vale ressaltar que, até a presente data, nenhum novo ente político 
foi criado pela aplicação destas regras da Constituição, pois os novos 
Estados-membros foram instituídos pela própria Constituição, podendo-se 
citar, exemplificativamente, o Estado do Tocantins, instituído pelo art. 13 do 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
 
 
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5) CRIAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E DESMEMBRAMENTO DE 
MUNICÍPIOS 
 
Dispõe o art. 18, § 4o, da Constituição Federal, na redação dada pela EC 15, 
de 1996: 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por 
Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante 
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos 
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da 
lei. 
Como se percebe pela redação constitucional, a criação, a incorporação, a 
fusão e o desmembramento de municípios pressupõem lei complementar 
federal que estabeleça o período dentro do qual qualquer dessas 
transformações poderá ser intentada. 
Além disso, faz-se necessária a observância de lei ordinária federal, que 
estabelecerá os demais requisitos para estes processos, bem como as 
normas relativas à elaboração, apresentação e publicação dos Estudos de 
Viabilidade Municipal. Na redação do dispositivo anterior à EC 15, de 1996, 
esta matéria era objeto de tratamento em lei complementar estadual. A 
referida emenda, visando a uniformizar a matéria para todos os municípios 
brasileiros, passou a exigir que a mesma fosse regulada em lei ordinária 
editada pela União. 
A partir destas duas leis editadas pela União, o processo de criação, 
incorporação, fusão e desmembramento de Municípios segue a seguinte 
seqüência: 
1o) realização e divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal; 
2o) convocação da Assembléia Legislativa respectiva para a realização de 
plebiscito. É chamada a votar toda a população dos Municípios 
envolvidos, e não apenas os eleitores residentes no território onde pode 
ocorrer a transformação. A consulta obrigatoriamente deve ser prévia, 
mediante plebiscito, não se admitindo a transformação ad referendum da 
população (após ter sido editada a lei estadual); 
O art. 18, § 4º, da CF, neste ponto, também foi alterado pela EC 15, de 
1996. Na redação anterior do dispositivo exigia-se consulta apenas às 
populações diretamente interessadas na alteração. Como visto, atualmente a 
consulta abrange a população de todos os Municípios envolvidos na 
alteração. 
Ademais, o STF é peremptório quanto à necessidade de consulta, e de 
consulta prévia, mediante plebiscito, à população dos Municípios envolvidos, 
considerando inconstitucional qualquer alteração no território de municípios 
que não observe esta etapa do procedimento. 
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3o) realização do plebiscito, cuja organização compete à Justiça Eleitoral; 
4o) se aprovada a transformação pela população, elaboração de projeto de 
lei ordinária estadual, no período determinado pela lei complementar 
federal. O projeto tramitará regularmente na Assembléia Legislativa e, se 
nela aprovado, será enviado ao Governador do Estado para veto ou sanção. 
Tanto os deputados estaduais como o Governador gozam de ampla 
autonomia nas suas decisões, não estando vinculados ao resultado positivo 
do plebiscito. Porém, se a proposta de transformação não for aprovada na 
consulta popular, encerra-se o processo, sendo inviável a elaboração do 
projeto de lei pela Assembléia. 
 
6) VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS DE NATUREZA FEDERATIVA 
 
O art. 19 da Constituição Federal estabelece três regras proibitivas, todas de 
natureza federativa, com o objetivode reforçar o vínculo entre os diversos 
membros da Federação brasileira, ressaltando a sua posição de paridade. 
Dentro desse contexto de não-sobreposição, as vedações do art. 19 da CF 
visam a garantir um mínimo de equilíbrio e de harmonia entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como entre os cultos 
religiosos e as igrejas do Brasil, e mesmo entre todos os brasileiros, sejam 
natos ou naturalizados, seja qual for o ponto do território nacional em que 
residam ou venham a residir. 
Pela primeira, prescrita no inc. I, do art. 19, da CF é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “estabelecer cultos religiosos ou 
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, 
na forma da lei, a colaboração de interesse público”. 
O dispositivo afirma, em termos peremptórios, que a República Federativa do 
Brasil é um Estado leigo ou laico, não imperando entre nós uma religião 
oficial, e havendo uma nítida separação entre o Estado e a Igreja, entre o 
poder temporal e o poder espiritual. 
Deste modo, proíbe-se tanto a instituição, por qualquer das unidades 
federadas, de uma religião oficial, como a interferência indevida em igrejas e 
cultos religiosos, seja para auxiliá-los, seja para prejudicá-los. 
Afrontam o dispositivo, por exemplo, a adoção de uma fé como obrigatória 
por escolas públicas; a previsão de recursos orçamentários para o 
desenvolvimento de determinada igreja ou culto; a nomeação de 
representantes religiosos, nesta qualidade, para cargos em comissão na 
Administração Pública e a criação de impostos sobre templo de qualquer 
culto (CF, art. 150, VI, b), entre outras possibilidades. 
A parte final do inciso, todavia admite a colaboração entre um ente federado 
e determinada igreja ou culto, nos termos de lei editada pelo ente e, tendo 
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em vista, a satisfação de certo interesse público (e não apenas dos adeptos 
do culto ou igreja). 
Em prosseguimento, o mesmo art. 19 da CF declara, no inc. II, ser vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “recusar fé aos 
documentos públicos”. 
Tal regra representa inegavelmente uma vedação de natureza federativa. 
Como todos os entes políticos que compõem a República Federativa do Brasil 
situam-se em posição de paridade, nos termos postos pela Constituição 
Federal, não pode qualquer deles recusar-se a reconhecer a eficácia jurídica 
de documentos emitidos por outro. 
Não há hierarquia entre os membros de nossa Federação, mas atuação 
coordenada, segundo o delineamento de nossa Constituição, não podendo, 
em vista disso, qualquer ente político recusar fé aos documentos oficiais 
emitidos pelos demais. Enfim, salvo quando houver fundada dúvida acerca 
de sua autenticidade, um documento emitido por certo ente federado faz 
prova, em termos formais e materiais, perante os demais. 
Finalmente, o inc. III, do art. 19, da CF declara ser vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios "criar distinções entre 
brasileiros ou preferências entre si". 
A primeira parte da regra impõe a todos os entes federados tratar segundo 
os mesmos critérios todos os brasileiros, sejam natos ou naturalizados, 
qualquer que seja seu local de nascimento ou seu domicílio. Basta, pois, que 
se trate de um brasileiro, e automaticamente incide esta vedação federativa. 
É o que Alexandre de Moraes denomina princípio da isonomia federativa. 
Não, poderá, por exemplo, a União instituir tratamento diferenciado para os 
brasileiros que residam nas regiões Norte ou Nordeste, ou certo Estado 
estabelecer um tratamento privilegiado para os habitantes de seu território, 
ou um Município criar um tratamento mais rigoroso para os brasileiros 
oriundos de certas localidades ou regiões do País. Qualquer destas condutas 
ofende o inc. III, do art. 19, da CF. 
A parte final do dispositivo, por sua vez, impede que os entes federados 
instituam preferências entre si. A norma impede, pois, que a União, os 
Estados, o DF e os Municípios criem qualquer tipo de tratamento mais 
favorável a certos entes federados, em detrimento dos demais. 
Exemplo de aplicação direta desta proibição encontra-se no art. 150, VI, a, 
da CF, que estabelece a imunidade tributária recíproca entre os entes 
federados, ao prescrever que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre patrimônio, renda ou 
serviços, uns dos outros. 
Alexandre de Moraes, sobre o tema, apresenta o seguinte pronunciamento 
do STF: 
A imunidade tributária recíproca reforça a idéia central da Federação, 
baseada na divisão de poderes e partilha de competências entre os 
diversos entes federativos, todos autônomos, e tem sido consagrada 
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no direito constitucional brasileiro como um dos dogmas básicos de 
nosso Estado Federal, intangível em face da expressa previsão do art. 
60, § 4°, inciso I, da Constituição Federal. 
 
7) ENTES FEDERADOS 
 
7.1) UNIÃO 
A União é o ente político central do nosso Estado, constituindo-se, bem como 
os demais entes federados, em pessoa jurídica de Direito Público 
interno, apta a adquirir direitos e obrigações em nome próprio. Na lição de 
José Afonso da Silva é, também, entidade de Direito Constitucional, porque 
criada pela Constituição e nela tem delineadas suas competências. 
As atribuições da União vêm prescritas nos arts. 21 a 24 da Constituição, e 
serão analisadas no momento próprio, mas devemos, neste ponto, tratar de 
uma das competências para ela estabelecida nestes dispositivos, mais 
precisamente, no art. 21, I, segundo o qual à União compete "manter 
relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais". 
Como acima afirmado, a União ostenta a condição de pessoa jurídica de 
Direito Público interno. Não é esta entidade, e sim o Estado brasileiro, a 
República Federativa do Brasil, ente composto pela União, Estados-membros, 
Distrito Federal e Municípios, que se constitui em pessoa jurídica de Direito 
Público internacional, e que, portanto, mantém relações com Estados 
estrangeiros e participa de organizações internacionais, a exemplo da ONU e 
da OEA. 
Levando isso em consideração, podemos desde já concluir que a União 
poderá atuar em seu nome, na sua condição de pessoa jurídica de direito 
público interno, caso em que não terá aptidão para manter relação com 
outros Estados ou participar de organizações internacionais; ou poderá a 
União estar atuando em nome da República Federativa do Brasil, quando 
então, a partir da personalidade jurídica de Direito Público internacional do 
nosso Estado, estabelecerá relações com outros Estados ou atuará em 
organizações multilaterais. 
O Estado brasileiro é soberano; a União, uma das entidades políticas que o 
compõe, tão somente autônoma, mas quando atuar no exercício de uma das 
atribuições acima referidas o fará amparada no poder soberano do nosso 
Estado. Nesta situação estará também quando: (a) declarar a guerra e 
celebrar a paz; (b) assegurar a defesa nacional e (c) permitir, nos casos 
previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo 
território nacional ou nele permaneçam temporariamente (CF, art. 21, II a 
IV). 
Enfim, à União cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado 
brasileiro, caso em que estará atuando em nome deste, o que ocorrerá nas 
hipóteses dos incs. I a IV da Constituição Federal. Além disso, atuando em 
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seu nome e no gozo de sua autonomia, caberá a ela exercer as demais 
competências outorgadas na Constituição. Por fim, em vista da sua condição 
de pessoa jurídica (de Direito Público interno), possui aptidão para adquirir 
direitos e contrair obrigações em nome próprio. 
Sobre o ponto, conquanto extensa, é válida a transcrição da lição de José 
Afonso da Silva: 
A União, como mencionamos, é entidade de Direito Constitucional, não 
sendo certo que se caracterize também como pessoa jurídica de 
Direito Internacional. Isso, às vezes, se diz, tendo em vista que é pela 
União que a República Federativa do Brasil se representa nas relações 
internacionais. Isso quer apenas dizer que as relações internacionais 
do Estado brasileiro constituem matéria de competência exclusiva da 
União. Os Estados federados não dispõem dessa faculdade. São os 
órgãos da União que representam o Estado federal nos atos de Direito 
Internacional, porque o Presidente da República (Federativa do Brasil) 
é, a um tempo, Chefe do Estado brasileiro e Chefe do Governo Federal 
(Governo da União) - Chefe do Poder Executivo da União (art. 84). 
Não é, realmente, a União que aparece nos atos internacionais, mas a 
República Federativa do Brasil, de que ela é apenas uma das entidades 
componentes (art. 18). 
O Estado federal - a República Federativa do Brasil - é que é a pessoa 
jurídica de Direito Internacional. Na verdade, quando se diz que a 
União é pessoa jurídica de Direito Internacional, não se está dizendo 
bem isso, mas quer-se referir a duas coisas: (a) as relações 
internacionais da República Federativa do Brasil realizam-se por 
intermédio de órgãos da União, integram a competência desta, 
conforme dispõe o art. 21, incs. I a IV; (b) os Estados federados não 
têm representação nem competência em matéria internacional, nem 
são entidades reconhecidas pelo Direito Internacional, são 
simplesmente de direito interno. 
Na sua condição de pessoa jurídica de Direito Público interno, a União pode 
ser titular de direitos reais, bem como de direitos pessoais. O art. 20 da 
Constituição, tratando da matéria, assevera que são bens da União: (I) os 
que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; (II) as 
terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, definidas em lei; (III) os lagos, rios e quaisquer correntes de água 
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; (IV) as 
ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias 
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço 
público e a unidade ambiental federal, e as áreas referidas no art. 26, II 
(redação dada pela EC 46, de 2005); (V) os recursos naturais da plataforma 
continental e da zona econômica exclusiva; (VI) o mar territorial; (VII) os 
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terrenos de marinha e seus acrescidos; (VIII) os potenciais de energia 
hidráulica; (IX) os recursos minerais, inclusive os do subsolo; (X) as 
cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; 
(XI) as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
Em complemento, o § 2º, do art. 20, da CF declara que "a faixa de até cento 
e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, 
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa 
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei". E 
o § 1º, por sua vez, assegura, "nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da 
União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de 
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros 
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar 
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa 
exploração". 
 
7.2) ESTADOS-MEMBROS 
Na parte inicial desta unidade, afirmamos que os entes políticos que 
integram nosso Estado são todos detentores de autonomia, nos termos 
prescritos pela Constituição. Neste ponto, antes de tratarmos propriamente 
dos Estados-membros, cabe apresentarmos de forma genérica quais são as 
quatro capacidades compreendidas na autonomia que a Constituição 
outorga às entidades políticas. 
Temos, assim, que os entes políticos, como decorrência de sua autonomia, 
detêm quatro capacidades, quais sejam: 
1a) auto-organização: pela qual os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios elaboram suas Constituições e Leis Orgânicas. De notar-se que a 
União não detém capacidade de auto-organização, nos termos em que esta é 
aqui definida, uma vez que a Constituição Federal não é constituída por 
qualquer ente, ao contrário, ela os constitui, pois representa o marco inicial 
da nossa ordem jurídica e de todos os poderes de nossos entes federados; 
2a) autogoverno: é a capacidade pela qual os entes federados estruturam 
com autonomia seus Poderes e elegem seus representantes nos Poderes 
Executivo e Legislativo; 
3a) autolegislação: é a capacidade outorgada a cada ente federativo para 
editar atos normativos que inovam na ordem jurídica, dentro da distribuição 
de competências traçada na Constituição Federal; e 
4a) auto-administração: manifesta a capacidade de cada ente político para 
prestar os serviços e desempenhar as atividades a eles cometidas pela 
Constituição que não estejam compreendidas nas demais capacidades. 
Isto posto, cabe-nos agora analisar o tratamento conferido pela Constituição 
aos Estados, nos seus arts. 25 a 28. 
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7.2.1) Auto-organização e autolegislação 
A capacidade de auto-organização e de autolegislação dos Estados está 
contemplada no caput, do art. 25, da CF, nos termos do qual os Estados 
organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, 
observados os princípios desta Constituição. 
Os Estados, com base nesse dispositivo constitucional, auto-organizam-se 
quando, no exercício de seu poder constituinte derivado decorrente, 
elaboram suas próprias Constituições estaduais, observados os limites 
materiais e formais a esta competência, prescritos na Constituição Federal e 
desempenham sua capacidade de autolegislação, quando editam sua 
legislação, inovando na ordem jurídica, de acordo com a competência por 
matéria traçada também na Constituição Federal. 
Quanto à capacidade de autolegislação, é válido ressaltar que o STF já 
assentou o entendimento de que é legítima a edição de medidas provisórias 
pelos Governadores de Estado, desde que a respectiva Constituição estadual 
contenha previsão deste instrumento legislativo. Tal previsão, se existente, 
deverá seguir os mesmos moldes com que a Constituição Federal trata desse 
ato legislativo, principalmente quanto aos requisitos materiais para a sua 
edição, a urgência e a relevância. 
No desempenho de ambas as capacidades, os Estados deverão observar os 
princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais 
estabelecidos e os princípios constitucionais extensíveis. 
Os princípios constitucionais sensíveis estão elencados no art. 34, VII, da 
CF, e sua inobservância por um Estado pode resultar na aplicação da mais 
grave medida política prevista na Constituição Federal, a saber, a 
intervenção federal, passível de ser decretada pela União, entre outras 
hipóteses,quando forem violados os seguintes princípios (os princípios 
constitucionais sensíveis): 
– forma republicana, sistema representativo, regime democrático; 
– direitos da pessoa humana; 
– autonomia municipal; 
– prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
– aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
Os princípios constitucionais estabelecidos são aqueles previstos 
expressamente na Constituição Federal como de observância obrigatória 
pelos entes federados em geral – União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios. Em verdade, os princípios constitucionais sensíveis poderiam ser 
incluídos entre os princípios constitucionais estabelecidos, mas são arrolados 
à parte pelo fato de sua inobservância poder acarretar a decretação da 
intervenção federal ou estadual, conforme o caso. 
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Assim, quando a União obriga os Estados (ou os demais entes federados) a 
algo ou quando lhes veda algo, explícita ou implicitamente, devem os 
Estados submeter-se a tais mandamentos, consagrando-os em suas 
Constituições, bem como na legislação a elas complementar. 
Os princípios constitucionais extensíveis são aqueles previstos 
expressamente no Texto Constitucional como vinculantes somente para a 
União, mas que foram estendidos também aos Estados (bem como aos 
Municípios e ao DF), por força do trabalho hermenêutico de nossa 
jurisprudência, capitaneada pelo STF, a partir de uma perspectiva sistemática 
e teleológica da Constituição Federal. Podemos citar, como exemplo, os 
princípios relativos ao processo legislativo federal, ao sistema de governo 
(parlamentarista ou presidencialista) e à organização e estruturação dos 
Tribunais de Contas. 
Desse modo, segundo essa perspectiva, os princípios constitucionais 
extensíveis são os princípios previstos expressamente na Constituição apenas 
para a União, mas que a doutrina e a jurisprudência, especialmente o STF, 
entendem como de observância obrigatória também para os demais entes 
federados; ao passo que os princípios constitucionais estabelecidos são 
aqueles que a própria Constituição, expressamente, estabelece como de 
observância obrigatória para todos os entes federados (para todos, para 
alguns ou para um deles, conforme o caso). De qualquer modo, nessa 
perspectiva tanto os princípios extensíveis como os estabelecidos são 
aplicáveis a todos os membros da nossa Federação. 
Fazemos tal consideração para introduzir a lição do Professor Alexandre de 
Moraes, que apresenta de forma ligeiramente diversa a matéria. É sua a 
seguinte lição: 
Os princípios federais extensíveis são as normas centrais comuns à 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, portanto, de observância 
obrigatória no poder de organização do Estado. Poder-se-iam colocar 
nessa classificação os chamados por Raul Machado Horta de “Princípios 
da Constituição”. 
Por fim, os princípios constitucionais estabelecidos consistem em 
determinadas normas que se encontram espalhadas pelo texto da 
Constituição, e, além de organizarem a própria federação, estabelecem 
preceitos centrais de observância obrigatória aos Estados-membros 
em sua auto-organização. Dividem-se em normas de competência e 
normas de pré-ordenação. 
Como deflui da transcrição, segundo Alexandre de Moraes, os princípios 
extensíveis são as normas comuns a todos os entes federados, enquanto os 
princípios estabelecidos consistem em regras que organizam a 
Federação, além de alguns preceitos de observância obrigatória para os 
Estados-membros. 
Com relação aos princípios constitucionais extensíveis, entendemos que há 
compatibilidade entre a lição do Autor e o conceito antes exposto. O ponto de 
eventual controvérsia reside na definição do Autor quanto aos princípios 
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constitucionais estabelecidos, que deu margem a que o CESPE afirmasse que 
são eles aplicáveis somente aos Estados-membros. 
Discordamos desse posicionamento da banca, pois Alexandre de Moraes 
também considera princípios estabelecidos as normas que organizam a 
Federação. Ora, se organizam a Federação, aplicam-se a todos os entes 
federados. 
Evidentemente, como são normas expressas, podem ser previstas apenas 
para um ou alguns dos entes federados. Os arts. 27 e 28 da CF, por 
exemplo, aplicam-se somente aos Estados-membros e ao DF. O art. 31, 
§ 4º, por outro lado, que veda a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos 
de Contas Municipais, aplica-se apenas aos Municípios, e assim por diante. O 
que queremos enfatizar é que não podemos considerar os princípios 
estabelecidos como restritos aos Estados, pois a própria Constituição impõe 
uma conclusão diversa. E entendemos que esse também é o posicionamento 
de Alexandre de Moraes, uma vez que o Autor considera que entre esses 
princípios estão aqueles que organizam a Federação, logo, são de 
observância obrigatória para os entes federados em geral. 
Enfim, trouxemos a discussão para publicizar o posicionamento que o CESPE 
adotou na matéria, com o qual não concordamos, pelos motivos já expostos, 
mas que deve ser conhecido para os concursos da entidade. 
Em prosseguimento, a Constituição não define especificamente quais as 
matérias que se inserem na competência legislativa dos Estados, à exceção 
daquelas elencadas entre as de competência legislativa concorrente entre a 
União, os Estados e o Distrito Federal. No mais, outorga aos Estados a 
competência legislativa remanescente ou residual (art. 25, § 1°), para tratar 
das matérias que não lhe sejam expressamente vedadas pela Constituição. 
Todavia, eventualmente essa regra é excepcionada, estabelecendo a 
Constituição certas matérias inseridas expressamente entre as de 
competência legislativa privativa dos Estados. 
A primeira hipótese em que isso ocorre encontra-se prescrita no art. 25, § 
2°, da CF, que inicialmente confere aos Estados competência para explorar 
diretamente ou por meio de concessão os serviços locais de gás canalizado, 
na forma da lei. A parte final do dispositivo prevê a competência legislativa 
privativa dos Estados-membros para legislar sobre a matéria, vedando que o 
façam mediante a utilização de medida provisória. 
A segunda está contida no art. 25, § 3°, da CF, que outorga aos Estados 
competência para, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por 
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o 
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. 
Como ensina Alexandre de Moraes: 
Regiões metropolitanas são conjuntos de Municípios limítrofes, com 
certa continuidade urbana, que se reúnem em tomo de um município-
pólo, também denominado município-mãe. Microrregiões também 
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constituem-se por municípios limítrofes, que apresentam 
características homogêneas e problemas em comum, mas que não se 
encontram ligados por certa continuidade urbana. Será estabelecido 
um município-sede. Por fim, aglomerados urbanos são áreas urbanas 
de municípios limítrofes, sem um pólo, ou mesmo uma sede. 
Caracterizam-se pela grande densidade demográfica e continuidade 
urbana. 
Quando existente tal agrupamento de Municípios limítrofes, a Constituição, a 
fim de aumentar a eficiência da atuação dos Estados, autoriza-lhes a 
instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, 
conforme a hipótese,desde que o façam mediante lei complementar. É a 
segunda hipótese de competência legislativa outorgada com exclusividade 
aos Estados pela Constituição. 
 
7.2.2) Autogoverno 
A terceira capacidade dos Estados é a de autogoverno, por meio da qual 
são os eleitores do Estado que elegem diretamente seus representantes nos 
Poderes Executivo e Legislativo – os Governadores e os deputados estaduais 
–, sem qualquer espécie de subordinação à União ou a qualquer outro ente 
federado. 
Segundo alguns doutrinadores, esta capacidade compreende também a 
autonomia conferida aos Estados para organizar seus Poderes Executivo (CF, 
art. 28), Legislativo (CF, art. 27) e Judiciário (CF, art. 125), respeitadas, 
evidentemente, as regras na matéria estabelecidas na Constituição Federal. 
O art. 27 da Carta Política estabelece o regramento básico do Poder 
Legislativo estadual: nomina o órgão legislativo – Assembléia Legislativa -; 
determina seu caráter unicameral; trata da sua composição e prescreve a 
duração do mandato de seus membros – os deputados estaduais –; estende 
a eles as regras sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, 
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às 
Forças Armadas prescritas para os parlamentares federais; trata do seu 
subsídio; elenca as matérias sujeitas a regramento por ato normativo próprio 
da Assembléia Legislativa e, finalmente, prevê a iniciativa popular no 
processo legislativo estadual. 
O caput do dispositivo, que trata da composição da Assembléia Legislativa, 
dispõe que "o número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá 
ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o 
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os 
Deputados Federais acima de doze". Nos termos do art. 45, § 1°, da CF, 
cabe à lei complementar fixar, no ano anterior a cada eleição, o número total 
de membros da Câmara dos Deputados, bem como a representação por 
Estado e pelo Distrito Federal. 
Explicitando em outros termos a regra do art. 27, podemos concluir que se o 
Estado tiver até doze representantes na Câmara dos Deputados, basta 
multiplicar este número por 3, e teremos atingido o número de membros da 
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Assembléia Legislativa. Por exemplo, um Estado que tenha 9 representantes 
na Câmara dos Deputados terá 27 membros em sua Assembléia Legislativa. 
Em continuidade, se o número de deputados federais ultrapassar doze, a 
cada representante a mais no Legislativo Federal corresponderá um deputado 
estadual a mais na Assembléia Legislativa. Por exemplo, num Estado com 60 
deputados federais, o número de deputados estaduais é encontrado 
multiplicando-se 12 por 3 (36), e acrescendo-se a esta soma o número de 
deputados federais superiores a 12 (48). Chegaremos, com isso, ao número 
de deputados que formará a Assembléia Legislativa, que, no caso, será de 84 
(36 + 48). 
O § 1º, do art. 27, da CF estatui que "será de quatro anos o mandato dos 
Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre 
sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de 
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas". Quando 
tratarmos da organização do Poder Legislativo Federal retornaremos a este 
ponto. 
O § 2º do art. 27, por sua vez, reza que "o subsídio dos Deputados Estaduais 
será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no 
máximo, 75% (setenta e cinco por cento) daquele estabelecido, em espécie, 
para os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, 
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I". 
A redação atual do dispositivo é fruto da EC 19, de 1998. Na redação anterior 
cabia a cada Assembléia Legislativa, mediante decreto legislativo, fixar em 
cada legislatura para a subseqüente o valor da remuneração de seus 
membros. Atualmente, como se nota, a matéria deve ser tratada por lei 
ordinária, cuja iniciativa é de cada Assembléia Legislativa, o que significa que 
o Governador do Estado terá participação ativa na fixação dos subsídios, uma 
vez que poderá, no regular exercício de suas atribuições, sancionar ou vetar 
o projeto de lei aprovado pela Assembléia. Não se aplica mais a regra da 
legislatura, o que significa que o valor do subsídio dos Deputados Estaduais 
poderá ser alterado num período de tempo inferior a quatro anos; por outro 
lado, não poderá ultrapassar 75% do valor do subsídio, em espécie, fixado 
para os Deputados Federais. 
Os §§ 3º e 4º encerram o art. 27 da Constituição. A primeira norma 
determina que cabe a cada Assembléia Legislativa dispor sobre seu 
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, bem 
como prover seus respectivos cargos. A segunda prevê que caberá à lei 
ordinária editada por cada Estado regular a iniciativa popular no processo 
legislativo estadual. 
O art. 28 da Constituição, na redação dada pelas EC 16, de 1997, e 19, de 
1998, prescreve o regramento básico do Poder Executivo estadual. 
Inicialmente, estipula que a eleição do Governador e do Vice-Governador de 
Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de 
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo 
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus 
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antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano 
subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77 (que regula a 
eleição para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República). 
Em prosseguimento, determina que perderá o mandato o Governador que 
assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, 
ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no 
art. 38, I, IV e V, que tratam, respectivamente, do afastamento do servidor 
de seu atual cargo, emprego ou função pública quando eleito para mandato 
eletivo federal, estadual ou distrital; do seu tempo de serviço e dos 
benefícios previdenciários em caso de afastamento. 
Encerrando o art. 28, o § 2º assevera que os subsídios do Governador, do 
Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de 
iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
 
7.2.3) Auto-administração 
Como última capacidade compreendida na autonomia dos Estados-membros, 
temos a capacidade de auto-administração, por meio da qual esses entes 
federados executam os serviços e atividades a eles outorgados pela 
Constituição Federal, seja em caráter exclusivo ou em comum com os demais 
entes federados. 
Como bem ressalta Alexandre de Moraes, a capacidade de auto-
administração pressupõe a existência de um mínimo de recursos financeiros, 
o que é obtido pelos Estados principalmente mediante o exercício da sua 
competência tributária própria, tal como definida na Constituição, e pelos 
mecanismos de repartição de receitas tributárias, também definidos no texto 
constitucional. 
Vale relembrar o art. 25, § 2°, da CF que contempla uma hipótese de 
competência administrativa dos Estados, ao outorgar-lhes poder para 
explorar diretamente ou mediante concessão os serviços locais de gás 
canalizado. 
 
7.2.4) Bens dos Estados 
O art. 26 da Constituição, em rol de natureza não-exaustiva, determina que 
incluem-se entre os bens dos Estados: 
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em 
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de 
obras da União; 
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu 
domínio,excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; 
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; 
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IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. 
Sobre esse rol constitucional são cabíveis as seguintes considerações: 
1°) o inc. I do art. 26, acima transcrito, confere aos Estados a propriedade 
das águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; 
Pela análise isolada do dispositivo, poderíamos concluir que as águas 
públicas, ressalvadas as oriundas de obras da União, integrariam o domínio 
dos Estados. Mas devemos relembrar que o art. 20, III, da CF, determina 
que pertence à União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em 
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de 
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais. 
Logo, a partir de uma análise comparativa dos dois dispositivos, podemos 
concluir que integram o domínio federal as águas públicas mencionadas no 
inc. III, do art. 20, da CF e aquelas decorrentes de obras da União. As 
demais águas públicas pertencem aos Estados. 
2°) nos termos do inc. II, do art. 26, da CF pertencem aos Estados as áreas, 
nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas 
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros. Segundo o art. 20, 
IV, da CF, pertencem à União as ilhas oceânicas e as costeiras, ressalvadas 
aquelas pertencentes aos Estados e aquelas que contenham a sede de 
Municípios, integrando também o domínio federal mesmo as áreas nas ilhas 
que sediem Municípios, quando estejam afetadas ao serviço público ou à 
unidade ambiental federal. 
Da análise comparativa dos dois dispositivos podemos concluir que sempre 
integrarão o domínio da União as áreas nas ilhas oceânicas e costeiras que 
estejam afetadas ao serviço público ou à unidade ambiental federal. No mais, 
as áreas nas ilhas oceânicas e costeiras podem estar sob domínio da União, 
dos Estados, dos Municípios ou mesmo de particulares. 
3°) o inc. III, do art. 26, da CF confere aos Estados a propriedade das ilhas 
fluviais e lacustres não pertencentes à União. Como, a teor do art. 20, IV, da 
CF, à União pertencem as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com 
outros países, podemos concluir, nos termos da Constituição, que as demais 
pertencem aos Estados; 
4°) fechando o rol não-exaustivo do art. 26, determina seu inciso IV que aos 
Estados pertencem as terras devolutas não compreendidas entre as da 
União. Nos termos do art. 20, II, da CF, pertencem a União as terras 
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e 
edificações militares, das vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, na forma definida em lei. Logo, as demais terras devolutas 
pertencem aos Estados. A título de esclarecimento, terras devolutas são 
aquelas pertencentes ao domínio público e que não se encontram vinculadas 
a nenhuma destinação pública específica. Basicamente, são terras públicas 
sem destinação pública definida. 
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7.3) MUNICÍPIOS 
As Leis Orgânicas municipais estão sujeitas à dupla vinculação: à 
Constituição Federal e à Constituição do respectivo Estado. Além disso, os 
Municípios não possuem representantes no Senado Federal, e os Prefeitos e 
as Câmaras Municipais, coletivamente, não detêm competência para o 
oferecimento de proposta de emenda à Constituição Federal. 
Enfim, o regramento constitucional dos Municípios distingue-se em aspectos 
relevantes do regramento constitucional da União, dos Estados e do Distrito 
Federal. Essas diferenças de tratamento jurídico, entre outras considerações, 
fizeram com que, nos anos imediatamente subseqüentes à entrada em vigor 
da Constituição Federal, muitos de nossos doutrinadores negassem aos 
Municípios a condição de verdadeiros entes federativos. 
José Afonso da Silva é um dos constitucionalistas que sustentou esse 
entendimento, como podemos concluir pela sua lição: 
A Constituição consagrou a tese daqueles que sustentavam que o 
Município brasileiro é "entidade de terceiro grau, integrante e ne-
cessária ao nosso sistema federativo". Data venia, essa é uma tese 
equivocada, que parte de premissas que não podem levar à conclusão 
pretendida. Não é porque uma entidade territorial tenha autonomia 
político-constitucional que necessariamente integre o conceito de 
entidade federativa. Nem o Município é essencial ao conceito de 
federação brasileira. Não existe federação de Municípios. Existe fe-
deração de Estados. Estes é que são essenciais ao conceito de qual-
quer federação. Não se vá, depois, querer criar uma câmara de re-
presentantes dos Municípios. 
Em que muda a federação brasileira com o incluir os Municípios como 
um de seus componentes? Não muda nada. Passaram os Municípios a 
ser entidades federativas? Certamente que não, pois não temos uma 
federação de Municípios. Não é uma união de Municípios que forma a 
federação. Se houvesse uma federação de Municípios, estes 
assumiriam a natureza de Estados-membros, mas poderiam ser 
Estados-membros (de segunda classe?) dentro dos Estados federados? 
Onde estaria a autonomia federativa de uns ou de outros, pois esta 
pressupõe território próprio, não compartilhado? Dizer que a República 
Federativa do Brasil é formada de união indissolúvel dos Municípios é 
algo sem sentido, porque, se assim fora, ter-se-ia que admitir que a 
Constituição está provendo contra uma hipotética secessão municipal. 
Acontece que a sanção correspondente a tal hipótese é a intervenção 
federal que não existe em relação aos Municípios. A intervenção neles 
é da competência dos Estados, o que mostra serem ainda vinculados a 
estes. Prova que continuam a ser divisões político-administrativas dos 
Estados, não da União. Se fossem divisões políticas do território da 
União, como ficariam os Estados, cujo território é integralmente 
repartido entre os seus Municípios? Ficariam sem território próprio? 
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Então, que entidades seriam os Estados? Não resta dúvida que ficamos 
com uma federação muito complexa, com entidades superpostas. 
Entretanto, apesar de posicionamentos desse teor, paulatinamente foi-se 
consolidando o entendimento de que os Municípios são verdadeiros 
membros de nossa Federação, e que as peculiaridades de seu tratamento 
constitucional de forma alguma os coloca em nível hierárquico inferior ao dos 
demais entes federativos. O STF e o STJ já emitiram pronunciamentos no 
sentido de que os Municípios são efetivamente entes federados, gozando das 
quatro capacidades que integram a autonomia política: (1) auto-
organização; (2) autogoverno; (3) autolegislação e (4) auto-
administração. 
Pela auto-organização, o Município elabora sua lei orgânica, segundo os 
ditames do art. 29 da Constituição Federal. 
Pela autolegislação, o Município edita atos normativos que inovam na 
ordem jurídica, segundo a distribuição de competências por matéria posta na 
Constituição. Detém o ente competência legislativa exclusiva (art. 30, I), 
para legislar sobre assuntos de interesse predominantemente local, e 
competência legislativa complementar (art. 30, II), para integrar a legislação 
federal e estadual, complementando-a em face das suas peculiaridades. 
Pela capacidade de autogoverno, o eleitorado municipal, sem qualquer 
ingerência federal ou estadual, elege o Prefeito,o Vice-Prefeito e os 
membros da Câmara Municipal, mediante pleito direto e simultâneo em todo 
o País. 
Pela capacidade de auto-administração, o Município cria, mantém e 
desenvolve seus serviços próprios, sejam os serviços administrativos 
voltados para a manutenção da máquina pública, sejam os serviços públicos 
propriamente ditos, voltados à satisfação das necessidades dos munícipes. 
Nos termos do art. 29 da Carta, cada Município será regido por Lei Orgânica, 
que deve ser votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, 
sendo necessário o voto de dois terços dos membros da Câmara Municipal, 
em ambos os turnos, para a sua aprovação, após o que caberá também ao 
Legislativo municipal promulgá-la. 
Caberá à Lei Orgânica municipal organizar os Poderes Executivo e Legislativo 
municipais, estabelecer os mecanismos de relacionamento e de controle 
recíproco entre os Poderes, tratar dos órgãos propriamente administrativos, 
indicar as matérias de competência legislativa exclusiva do Município e 
aquelas de competência legislativa supletiva, bem como sua competência 
comum com os demais entes federados. Ainda, deverá a Lei Orgânica 
detalhar o processo legislativo municipal e conter as normas básicas de 
tributação e finanças, além das demais matérias de interesse municipal. 
O caput, do art. 29, da CF, na sua parte final, assevera que, ao tratar desses 
temas, deverá a Lei Orgânica municipal respeitar os princípios estabelecidos 
na Constituição Federal e na Constituição do respectivo Estado. A seguir, o 
mesmo dispositivo constitucional determina um rol de preceitos de 
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observância obrigatória pela Lei Orgânica, o conteúdo básico a ser observado 
nesse diploma legislativo. 
José Afonso da Silva esclarece que diversas matérias prescritas no art. 29 da 
Carta não são suscetíveis de tratamento de Lei Orgânica Municipal, nos 
seguintes termos: 
Certa "incisomania", na redação da Constituição, levou o constituinte a 
incluir como inciso do art. 29 matérias que não podem constituir 
conteúdo da Lei Orgânica municipal, porque não se trata de assunto de 
sua competência, tais como as referentes à definição de eleições, 
duração de mandato, pleito direto e simultâneo em todo o País (como, 
que Município pode tratar disso?), época das eleições e princípio da 
maioria absoluta (dois turnos), número de Vereadores, referindo-se a 
mínimos e máximos na generalidade dos Municípios (como se isso 
pudesse ser objeto da Lei Orgânica), e até o privilégio de foro do 
Tribunal de Justiça, para julgamento do Prefeito. Enfim, toda a matéria 
constante dos incs. I, II, IV e VIII do art. 29 é de competência do 
constituinte nacional. Constituíam artigos, mas a preocupação em 
fazer a Constituição parecer com menor número de artigos, embora 
com a mesma quantidade de matéria, levou a Relatoria a transformá-
los em incisos, inadequadamente, com sérios prejuízos para o bom 
entendimento do texto. A Lei Orgânica pode até repetir essa matéria, 
inutilmente. 
Apesar das colocações do renomado Autor, em nosso entender o legislador 
constituinte, no art. 29, apenas instituiu alguns preceitos de observância 
obrigatória pelos legisladores municipais na elaboração das leis orgânicas, de 
modo que, ao elaborarem o diploma constitucional estadual e tratarem das 
matérias mencionadas, no art. 29, o façam em conformidade com os 
preceitos postos no Texto Maior. 
De qualquer modo, os preceitos em questão são os seguintes: 
a) a eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito, para um mandato de quatro anos, 
obedece às regras do sistema majoritário, e será realizada mediante pleito 
direito e simultâneo em todo o País, admitindo-se, a teor do § 5°, do art. 14, 
da CF, a reeleição do chefe do Poder Executivo municipal para um único 
período subseqüente. 
A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito será realizada no primeiro domingo 
de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, 
havendo segundo turno se o Município tiver mais de duzentos mil eleitores e 
nenhum dos candidatos obtiver a maioria dos votos válidos no primeiro turno 
da eleição. A posse dos candidatos eleitos ocorrerá em 1° de janeiro do ano 
subseqüente ao das eleições. 
b) a eleição dos Vereadores, para um mandato de quatro anos, também 
ocorre mediante pleito direto e simultâneo em todo o País, e segue as regras 
do sistema proporcional. O número de vereadores será, portanto, 
proporcional à população de cada Município, observados os seguintes 
parâmetros: 
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– mínimo de nove e máximo de vinte e um Vereadores nos Municípios de até 
um milhão de habitantes; 
– mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um Vereadores nos 
Municípios de mais de um milhão e menos de cinco milhões de habitantes; 
– mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e cinco Vereadores nos 
Municípios de mais de cinco milhões de habitantes. 
c) o subsídio do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais será 
fixado por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que dispõem os 
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
Esta regra consta do inc. V, do art. 29, da CF, e foi reformulada pela EC 19, 
de 1998. Na redação anterior do dispositivo a remuneração dos Prefeitos, dos 
Vice-Prefeitos e dos Vereadores era fixada pela Câmara Municipal, por ato 
próprio, em cada legislatura para a subseqüente, sem qualquer participação 
do chefe do Poder Executivo. 
Atualmente, é matéria de lei ordinária a fixação do subsídio do Prefeito, do 
Vice-Prefeito e dos Secretários municipais (que não constavam na redação 
anterior), cujo projeto é de iniciativa da Câmara Municipal, não se aplicando 
mais a regra da legislatura. Com isto, de um lado passa o chefe do Poder 
Executivo a intervir diretamente no processo, uma vez que o projeto de lei 
aprovado pela Câmara será remetido à autoridade para veto ou sanção; de 
outro, não se proíbe que possa haver alteração do valor dos subsídios dentro 
da própria legislatura. 
d) o subsídio dos Vereadores será fixado pelas Câmaras Municipais, por ato 
próprio, em cada legislatura para a subseqüente, observadas as regras 
postas na Constituição Federal e na respectiva Lei Orgânica (CF, art. 29, VI). 
A matéria – subsídio dos Vereadores – foi objeto de sucessivas alterações por 
força de emendas à Constituição, inicialmente pela EC no 1, de 1992, e 
posteriormente pelas EC 19, de 1998, e 25, de 2000. Tais emendas 
instituíram um rigoroso tratamento sobre os subsídios dos Vereadores e 
sobre as despesas em geral das Câmaras Municipais, de modo que um 
tratamento completo da matéria atualmente exige a análise conjunta de 
quatro dispositivos constitucionais, os incs. VI e VII, do art. 29 e o caput e § 
1º, do art. 29-A, da Constituição. 
Pela análise dos referidos dispositivos, verificamos que são quatro os 
parâmetros a serem observados na fixação do subsídio dos Vereadores, a 
saber: (a) o total da receita do Município; (b) o valor do subsídio dos 
deputados estaduais; (c) o número de habitantes do Município e (d) a 
receita orçamentária da Câmara Municipal. 
Esses quatro parâmetros são assim disciplinados na Constituição: 
1°) o valor do subsídio dos Vereadores será fixado pela própria Câmara 
Municipal, em cada legislatura para a subseqüente, e observará os seguintes 
limites máximos (CF, art. 29, VI): 
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- em Municípios de até 10.000 habitantes, o subsídio máximo dos 
Vereadores corresponderá a 20% do subsídio dos Deputados 
Estaduais; 
- em Municípios de10.001 a 50.000 habitantes, o subsídio máximo dos 
Vereadores corresponderá a 30% do subsídio dos Deputados Estaduais; 
- em Municípios de 50.001 a 100.000 habitantes, o subsídio máximo dos 
Vereadores corresponderá a 40% do subsídio dos Deputados Estaduais; 
- em Municípios de 100.001 a 300.000 habitantes, o subsídio máximo 
dos Vereadores corresponderá a 50% do subsídio dos Deputados 
Estaduais; 
- em Municípios de 300.001 a 500.000 habitantes, o subsídio máximo 
dos Vereadores corresponderá a 60% do subsídio dos Deputados 
Estaduais; 
- em Municípios de mais de 500.000 habitantes, o subsídio máximo dos 
Vereadores corresponderá a 75% do subsídio dos Deputados Estaduais. 
2°) o total da despesa com o subsídio dos Vereadores não poderá ultrapassar 
o montante de 5% da receita municipal (art. 29, VII); 
3°) o total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios 
dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar 
determinados percentuais, relativos ao somatório da receita tributária própria 
do Município e das transferências tributárias previstas na Constituição, 
efetivamente realizado no exercício anterior (art. 29-A, caput). Os 
percentuais são os seguintes: 
 - 8% para Municípios com população de até 100.000 habitantes; 
- 7% para Municípios com população entre 100.001 e 300.00 
habitantes; 
- 6% para Municípios com população entre 300.001 e 500.00 
habitantes e 
- 5% para Municípios com população de mais de 500.000 habitantes. 
4°) a Câmara Municipal não poderá gastar mais de 70% da sua receita com 
folha de pagamento, incluído no percentual o gasto com o subsídio dos 
Vereadores(art. 29-A, § 1º). 
O § 3° do mesmo art. 29-A tipifica como crime de responsabilidade do 
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito à regra contida no § 1° do 
artigo. 
E o § 2° do art. 29-A tipifica como crime de responsabilidade do Prefeito 
Municipal: (a) efetuar repasse que ultrapasse os limites definidos no caput e 
no § 1° do art. 29-A; (b) não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês 
ou (c) enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária 
municipal. 
De se observar, por fim, que o subsídio dos vereadores deve ser fixado em 
cada legislatura para a subseqüente, não podendo ser fixado para vigorar na 
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própria legislatura. O STF já teve oportunidade de afirmar, no Rextr. n. 
172.212-6/SP, que a fixação dos subsídios para viger na própria legislatura 
configura-se "ato lesivo não só ao patrimônio material do Poder Público, 
como à moralidade administrativa, patrimônio moral da sociedade". 
e) é assegurado aos Vereadores inviolabilidade por suas opiniões, palavras e 
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município, sendo-lhes 
aplicáveis proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, 
similares, no que couber, ao disposto na Constituição Federal para os 
membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para 
os membros da Assembléia Legislativa (CF, art. 29, VIII e IX); 
O inc. VIII contempla a imunidade material dos vereadores, por opiniões, 
palavras e votos relacionados ao exercício do mandato e nos limites da 
circunscrição municipal, previsão imunizante que abrange as 
responsabilidades política, civil, penal e disciplinar. Não há previsão de 
imunidades formais aos Vereadores, relativas ao processo judicial penal e à 
prisão, nem é possível que exista tal previsão nas Leis Orgânicas ou mesmo 
nas Constituições estaduais. Do mesmo modo, não se admite que as 
Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas venham ampliar a imunidade 
material conferida pela CF aos Vereadores. 
Admite-se, entretanto, que as Constituições estaduais instituam o Tribunal 
de Justiça local como o juízo natural para, originariamente, processar e julgar 
os Vereadores pelo cometimento de infrações penais comuns. 
A essa matéria voltaremos quando do estudo das garantias constitucionais 
aos membros do Poder Legislativo. 
f) o julgamento do prefeito será realizado perante o respectivo Tribunal de 
Justiça. Ademais, está a autoridade sujeita à pena de perda do mandato 
quando, durante seu transcurso, assumir cargo ou função na administração 
pública direta ou indireta, ressalvada a posse decorrente da aprovação em 
concurso público e observadas as disposições dos incs. I, IV e V, do art. 38, 
da Carta (CF, art. 29, X e XIV); 
g) em fechamento ao art. 29 da CF, seus incisos XI, XII e XIII determinam 
como preceitos de acatamento obrigatório pela Lei Orgânica: (a) organização 
das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal; (b) cooperação 
das associações representativas no planejamento municipal e (c) iniciativa 
popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou 
de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do 
eleitorado. 
 
7.3.1) Foro por prerrogativa de função dos Prefeitos 
A Emenda no 01, de 31/3/1992, no art. 29, X, conferiu aos Prefeitos foro 
privilegiado no caso de infrações penais, a saber, o respectivo Tribunal de 
Justiça, pelo seu Plenário ou órgão fracionário. É este, pois, o juízo natural 
dos prefeitos. 
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Todavia, a Constituição não detalhou esta competência, não especificou a 
que tipo de delito penal aplica-se o foro por prerrogativa de função, se se 
limita aos crimes comuns; se se estende ou não aos crimes dolosos contra a 
vida, aos crimes de competência da Justiça Federal e aos crimes eleitorais. 
Em face dessa lacuna normativa, coube à jurisprudência definir a 
competência para o julgamento do chefe do Executivo municipal. 
É o Tribunal de Justiça competente, originariamente, para o processo e o 
julgamento dos prefeitos por crimes de competência da Justiça Estadual. Esta 
competência permanece na hipótese de crimes dolosos contra a vida, 
afastando-se, no caso, a incidência do art. 5°, XXXVIII, da CF, que prevê o 
Tribunal do Júri, em vista da especialidade da previsão do inc. X, do art. 29, 
da CF. Desse modo, por crimes dolosos contra a vida os prefeitos serão 
julgados originariamente pelo Tribunal de Justiça local, e não pelo Tribunal 
do Júri. 
Já no caso de delitos eleitorais a competência do Tribunal de Justiça é 
afastada, cabendo originariamente o processo e o julgamento do prefeito 
municipal ao Tribunal Regional Eleitoral. 
No caso de crimes praticados contra bens, serviços ou interesse da União, de 
suas autarquias ou de empresas públicas federais, também não incide a 
competência do TJ, sendo o prefeito julgado perante o respectivo Tribunal 
Regional Federal. 
Na hipótese de processo-crime contra prefeitos em virtude de desvio de 
verbas repassadas pela União, mediante convênio, aplicam-se duas súmulas 
do STJ para a definição da competência. Pela primeira, a Súmula no 208, 
“compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio 
de verba sujeito à prestação de contas perante órgão federal”. Pela segunda, 
a Súmula no 209, “compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por 
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal”. 
Analisando conjuntamente as súmulas, podemos concluir que, na hipótese de 
desvio de verbas cuja aplicação está sujeita à prestação de contas perante 
órgão federal, a competência para o julgamento é do Tribunal Regional 
Federal, salvo quando o recurso foi incorporado ao patrimônio municipal, 
caso em que a competência passa a ser do Tribunal de Justiça local. 
Cabe, agora, definirmos a competência para processo e julgamento dos 
prefeitos pela prática de crimes de responsabilidade, pois a mesma varia 
conforme se

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