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IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO1 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUALIDADE EM ALIMENTOS O termo “qualidade” há muito tempo já faz parte do vocabulário de muitas pessoas, diz-se qualidade de produtos, serviços, de ensino, de vida, etc., mas como defini-lo de forma a atingir toda a dimensão do seu significado? A qualidade envolve muitos aspectos simultaneamente e sofre alterações conceituais ao longo do tempo (PALADINI, 1996). Alguns autores formularam conceitos que se tornaram clássicos: a) CROSBY (1984) assinalou que é conformidade do produto às suas especificações. b) Segundo DEMING (1982), a qualidade de um produto ou serviço apenas pode ser definida pelo cliente. A qualidade assim, um termo relativo que vai mudando de significado à medida que as necessidades dos clientes evoluem. c) Para ISHIKAWA (1985), é um "sistema de métodos de produção que, economicamente, produz bens ou serviços que atingem as expectativas dos consumidores". d) Para JURAN e GRYNA (1988), é "satisfação do cliente e ausência de defeitos". Ao longo dos anos, inúmeros conceitos foram estruturados sem deixar de relacionar a satisfação do consumidor como o elemento principal. Logo, espera-se que, para que se tenha uma contínua evolução da qualidade, deve-se conhecer o quanto os consumidores estão satisfeitos com os produtos que estão adquirindo (CHAVES e TEIXEIRA, 1991; JURAN e GRYNA, 1993; FIGUEIREDO e NETO, 2001). 1.1 - SISTEMAS DE QUALIDADE EM ALIMENTOS O homem aprendeu a transformar os alimentos, a conservar, a congelar e a industrializar e todo esse desenvolvimento e tecnologia empregada trouxeram muitos benefícios à sociedade. No entanto, para garantir a excelência da qualidade do alimento, diante de tanta transformação, tornou-se necessário criar padrões de qualidade (COPRAS e MEINDL, 2003). Os sistemas de gestão de qualidade são programas especialmente elaborados para determinados setores do processo produtivo, incluindo o setor administrativo a fim de proporcionar melhorias no processo e no produto. Segundo PAULA (2007), estes sistemas quando implantados separadamente ou em conjunto, trazem benefícios no nível operacional e gerencial facilmente percebidos e têm como base entre outros itens: - A padronização dos processos operacionais. - Treinamentos direcionados e especializados para cada função; - Sistema de acompanhamento que permitem uma visão ampla e real do andamento dos processos; - Registros e tratamento das ocorrências; - Integração entre colaboradores e o sistema de gestão; - Integração entre os colaboradores e os outros processos da empresa; - Normas claras e objetivas quanto a política da empresa; - Busca por ambiente de trabalho adequado; - Garantia de qualidade de processo e principalmente de produto. Neste sentido, entende-se que a qualidade passou a ser símbolo e condição para sobrevivência e a própria legitimidade social das empresas. Nesse mundo de transformações, tanto o comportamento alimentar quanto a situação nutricional das pessoas, tem sofrido profundas alterações, às quais, entre acertos e erros, levarão o consumidor deste novo século a conhecer muito melhor as relações intrínsecas existentes entre a alimentação e a saúde, a exigir 1 Profa. Lenice Freiman de Oliveira, CRED II n.025 IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos muito mais pelos seus direitos e a mover a indústria de alimentos para uma aclarada fase de franca competitividade, de busca incessante pela qualidade. Assim, torna-se necessário que os atuais e futuros empreendedores deste ramo de negócio, tenham uma formação mais adequada no aspecto técnico e de gestão empresarial. É preciso encarar este potencial de mercado de forma profissional, que tem se mostrado cada vez mais concorrido e competitivo (OLIVEIRA, 2000). Vários programas foram criados e são respeitados para garantir a qualidade dos alimentos. A Pirâmide da Qualidade (Fig. 1) exemplifica esses procedimentos, desde o programa 5s até a qualidade total, estudados detalhadamente posteriormente. Conforme pode ser observado, o primeiro degrau para a melhoria de qualidade deve ser iniciado pelo Programa 5S, seguido de GMP ou BPF - Boas Práticas de Fabricação, POP´s – Procedimentos Operacionais Padronizados, APPCC – análise de perigo e de pontos críticos de controle, NBR ISO 22000 - Sistema de Segurança dos Alimentos, NBR ISO 9000, NBR ISO 14000 - Sistema de gestão ambiental, NBR ISO 18000 - Sistema de gestão voltado para a saúde de segurança ocupacional e outros. Figura 1 – Pirâmide da qualidade para área de alimentos. As mudanças do comportamento humano e o maior nível de consciência têm imprimido algumas transformações sociais bastante positivas. A qualidade deixou de ser diferencial e passou a ser fundamental para a sobrevivência dos empreendedores, que precisam estar alinhados com o conceito de respeito ao cliente (COLOMBO, 1999). Esse conceito vem ganhando espaço na economia nacional que implica em produtividade, racionalização dos custos, envolve administração participativa e pressupõe também resultados em preços menores, essenciais para ganhar concorrências. 1.2 - A RESTAURAÇÃO COLETIVA A Alimentação Coletiva (AC) é um processo produtivo de refeições com nível de sanidade exigido pela legislação vigente no país, cuja razão de ser é a responsabilidade com a saúde de sua clientela. Várias denominações têm sido dadas a este tipo de processo: catering no Reino Unido, Food Service nos Estados Unidos, Restauration Colletive na França e outros países de idioma francês, Serviço de Alimentação e Nutrição (coletividade sadia) e Serviço de Nutrição e Dietética (coletividade enferma) no Brasil (LANZILLOTTI, 2002). O Serviço de Alimentação e Nutrição ou Food Service engloba um conjunto bastante heterogêneo de estabelecimentos de diferentes tipos de alimentação fora do lar, que vão desde PNQ Qualidade total ISO 14000 Gestão ambiental e ISO 18000 de saúde ocupacional NBR ISO 9000 NBR ISO 22000 APPCC Programas de pré-requisitos (BPF, POP´s) Programa 5S IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos restaurantes de hotéis, bufês, lanchonetes, cozinhas industriais, fast foods, até cozinhas de hospitais, porém, com uma finalidade comum: administrar comida e bebida tanto para ser consumida no próprio local como para ser transportada (MENEZES, 1999). Com o decorrer do tempo, o restaurante passou a atuar e a comportar-se como empresa comum, competindo com as mesmas técnicas de produtos ou serviços produzidos em série. Justifica-se em função disso, a preocupação cada vez maior de se implantar um sistema administrativo adequado e profissional, buscando a padronização e o controle de qualidade em bons níveis (LOBO, 1999). A função fundamental do Serviço de Alimentação é fornecer dietas que sejam balanceadas (suficiente, completa, harmônica e adequada às características e hábitos alimentares dos usuários), segura do ponto de vista da higiene e que se ajuste aos limites financeiros das instituições, contribuindo para a manutenção, melhoria ou recuperação da saúde da clientela a que atende. Nas instituições de ensino (escolas, universidades, cursos, etc.) atuam como atividades-meio para atingir o principal objetivo da instituição, pois as refeições também contribuem para a melhoria do aprendizado (TEIXEIRA et al., 1990). O programa de merenda escolar no Brasil atende esta finalidade e é um dos mais importantes programas sociais. Nas empresas dosetor produtivo, a fome é uma das principais causas de acidentes de trabalho, pois quanto maior for o dispêndio de energia para a realização de um determinado trabalho, mais imprescindível se torna uma alimentação equilibrada (REVISTA CIPA, 2000). Além disso, novas oportunidades de negócios deslocaram-se para as mesas dos restaurantes, fazendo com que recantos preparados e organizados das mais diversas formas, de repente adquiram vida e sirvam de cenário de fundo para diferentes acontecimentos da coletividade, confraternizações diversas entre outros. A prova disso é que grande número de restaurantes investe na conquista do cliente jovem, por exemplo, criando ambientes e serviços atrativos e transformando-os em pontos de encontro da moda, com espaços para dançar, jogar, etc.(COZINHA INDUSTRIAL, n. 42, p. 44-50, 1994). 1.3 - O CRESCIMENTO DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA (AC) O ramo de Food Service é um mercado com grandes potencialidades, apesar de muito pulverizado tem crescido significativamente nos últimos anos (MENEZES, 1999). Essa tendência deve continuar principalmente devido às modificações das relações do trabalho, com maior incidência do trabalho feminino, dos empregos mais distantes das residências, das dificuldades de locomoção para fazer as refeições em casa e da facilidade das empresas em alimentar seus colaboradores em restaurantes internos ou refeições-convênio em restaurantes comerciais. A vida nas grandes cidades e o marketing do fast food também leva à mudança no hábito de se preparar à refeição em casa. Nesse aspecto, também, influi a melhor administração e tecnologia desse setor, oferecendo produtos de melhor qualidade a preços mais competitivos. Além disso, a busca da melhor qualidade de vida, com simplificação e facilitação dos serviços no lar, é também uma das tendências que resultam no crescimento do Food Service. Cada vez mais, as pessoas se sobrecarregam de atividades que as fazem esquecer de uma prática muitíssimo importante: as refeições. As mulheres trabalham fora, os filhos estão assoberbados de atividades e todos estão sempre com pressa. Aquele momento tranqüilo e familiar em que todos se sentavam à mesa e saboreavam uma deliciosa refeição, preparada com todo esmero e dedicação, já não acontece mais. À tendência, cada vez maior, é de comer fora e em pouco tempo. Segundo RIBEIRO (1999), a indústria de alimentos tem focalizado suas atenções nesse mercado porque o crescimento do Food Service é uma conseqüência das transformações da economia brasileira, que ficou mais ágil e cobra-se produtividade dentro e fora das empresas, bem como o desenvolvimento de melhores produtos a preços competitivos. O consumidor também passou a ter mais acesso a informações, tornando-se mais exigente e esclarecido. Com isso, na área de alimentos as pessoas passaram a buscar praticidade e menor custo nas refeições, obrigando as indústrias a atenderem essa nova demanda. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Os dados da ABERC (2000) demonstraram o mercado de AC com potencial de 22 milhões de refeições/dia, isto computando menos da metade da força de trabalho estimada em 54 milhões, indicando que ainda exige-se muito crescimento para alimentar nossa força de trabalho. 1.4 - A ALIMENTAÇÃO E A SAÚDE A alimentação coletiva no Brasil vem cada vez mais fazendo parte de toda a reflexão sobre a qualidade de vida cotidiana deste século, fato perfeitamente compreensível quando se tem conhecimento do número de refeições servidas em coletividade. Esse aspecto da vida em meio urbano ensaia uma nova forma de convívio partilhada pela maioria da população. Reconhecidamente um fenômeno contemporâneo, a alimentação coletiva deve, portanto, ser tratada com grande senso de inovação sem perder de vista a evolução dos hábitos e costumes de nossa sociedade. Dados referentes a estudos de surtos de doenças veiculadas por alimentos (DVA), remetem a preocupação da população com a melhoria da qualidade dos alimentos, conforme pode ser observado na tabela 1. Em relatos da Organização Mundial de Saúde e informações recentes sobre doenças de origem alimentar no Brasil, mais de 60% são toxinfecções alimentares, ou seja, os agentes etiológicos encontram-se entre as bactérias, vírus, fungos e parasitos (GUIMARÃES, 2002). A qualidade aplicada aos produtos e serviços é uma vantagem competitiva que diferencia uma empresa de outra, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sua expectativa no momento de tomada de decisão pela aquisição de um determinado produto. Logo, as empresas que não estiverem preocupadas com esta busca pela qualidade poderão ficar à margem do mercado consumidor (FIGUEIREDO e NETO, 2001). Em relação aos alimentos, este fator é essencial, dada a maior preocupação com a redução dos riscos à saúde e ao meio ambiente. Tabela 1- Locais mais comuns de ocorrência de surtos de DVA. LOCAIS ONDE OS ALIMENTOS SÃO MANIPULADOS INCORRETAMENTE % DE SURTOS Serviço de refeição coletiva 40,4 Desconhecido, não especificado 40,4 Domicílios 15,1 Indústria 4,1 Fonte: DEAN (1990) Segundo AKUTSU et al. (2005), estima-se que no Brasil, de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa, na Europa duas de cada seis e, nos Estados Unidos uma em cada duas. Para BELLIZZE, COSTA e VERRUMA-BERNARDI (2005), tal mudança no comportamento do consumidor colaborou para o desenvolvimento do comércio de alimentos e trouxe uma preocupação a mais para os profissionais responsáveis pela segurança alimentar: garantir a qualidade higiênico-sanitária desses alimentos. A literatura relata inúmeros casos de surtos de toxinfecções, veiculados por alimentos, alguns dos quais envolvendo um número elevado de pessoas, e às vezes, com elevada mortalidade, como ilustram os dados apresentados a seguir: Tabela 2 – Fatores responsáveis pelos surtos de DVA’s. FATORES PORCENTAGEM (%) Temperatura de refrigeração inadequada 39,5 Falhas na higiene pessoal 20,3 Cozimento inadequado 13,7 Equipamento inadequado 13,4 Alimentos de origem duvidosa 5,4 Outros 7,7 Fonte: Source: Data from CDC, Annaul Summaries. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Tabela 3 – Fatores gerais que contribuíram para a ocorrência de surtos de DVA’s, no município de São Paulo, 1993. FATORES No % Contaminação por manipuladores 10 9,62 Contaminação cruzada 2 1,92 Conservação deficiente 46 44,24 Tratamento térmico inadequado 3 2,80 Falta de higiene das instalações, equipamentos e utensílios. 3 2,88 Matéria-prima contaminada 3 2,88 Instalação inadequada 1 0,96 Indeterminado 36 34,62 Fonte: SEMAG, Secção técnica de epidemiologia, Cadastro dos estabelecimentos comerciais, 1994. Em seguida, são apresentados os principais agentes causadores de doenças veiculadas por alimentos. Tabela 4 – Agentes causadores de DVA’s. RISCO DE VIDA GRAVES MODERADAS Clostridium botulinum Salmonella spp. Bacillus spp Salmonella typhi Shigella Clostridium perfringens Listeria monocytogenes* Streptococcus type A Listeria monocytogenes** Vibrio cholerae Vibrio parahaemolyticus Staphylococcus aureus Yersinia enterocolíticas Parasitos em geral Vírus da hepatite A Metais pesados * para gestantes, fetos, crianças e imunodeprimidos. ** para adultos sadios. A análise destes fatos nos leva à conclusão da importância de se ter um Sistema de Garantia da Qualidade que possa melhor assegurar a qualidade dos alimentos consumidos. Estas técnicas consistem basicamente no controle sistemático das condições ambientais, durante o transporte, armazenamento e processamento de alimentos, de forma a evitar a sua contaminação por microrganismos, insetos, roedores e outros animais, bemcomo por substâncias químicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERC (Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas), Manual ABERC de Práticas de Elaboração e Serviço de Refeição para Coletividades, 6ª ed, 215p, 2000. AKUTSU, R. C.; BOTELHO, R. A.; CAMARGO, E. B.; SÁVIO, K. E. O.; ARAÚJO, W.C. Adequação de boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, Campinas, p. 419-427, mai/jun. 2005. BELLIZZE, A.; COSTA, E. Q.; VERRUMA-BERNARDI, M. R. Treinamento de manipuladores de alimentos: uma revisão de literatura. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.19, n. 133, p. 36-48, jul. 2005. CHAVES, J. B. P., TEIXEIRA, M. A. Gerência da qualidade na indústria de alimentos, Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa, 1991. COLOMBO, S. S. Qualidade: sua parceira no sucesso. Nutrição em pauta. São Paulo, mai/jun. 1999. Disponível em: <http://www.nutriçaoempauta.com.br/novo/36/foodservice.html> . Acesso em: 21 nov. 2001. COPRAS, S., MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 85p. 2003. CROSBY, P. B. Quality is free, McGraw-Hill Book Company: EUA, 265p. 1980. DEAN, K. H., HACCP and Safety in Canadá, Food Technol. 44:172-178, 1990. DEMING, W. E. Out of the crisis, Mit Press: Cambridge – Massachusetts, 493p. 1982. FIGUEIREDO, V. F., NETO, P. L. O. A implantação do HACCP na indústria de alimentos, Gest. Prod. vol.8, n.1, São Carlos, Apr. 2001. GUIMARÃES, A. Food service: tendência em alimentação. Nutrição em pauta. São Paulo, jan/fev. 2000. Disponível em: http://www.nutriçaoempauta.com.br/novo/40/matcapa.html, Acesso em: 24 jul. 2002. JURAN, J. M., GRYNA, F. M. Quality planning and analysis. 3rd ed, MvGraw-Hill: United States of America, 1993. JURAN, J.M., GRYNA, F.M. Juran Quality Control Handbook, New York: Mc.Graw Hill Book, 1988. LANZILLOTTI, H. S. Aplicação da tecnologia de alimentos em alimentação coletiva, Revista higiene alimentar, V. 16, nº 92 – 93, p. 16 25, jan – fev, 2002. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos LOBO, A. Manual de estrutura e organização do restaurante comercial. São Paulo: Atheneu, 1999, 122 p. MENEZES, E. C. Painel de negócios: há diversas opções para investir no setor. O Estadão. São Paulo, 12 out. 1999. Disponível em: http://www.estado.estadao.com.br/jornal/suplem/pain/html. Acesso em: 24 jul. 2001. NUTRIÇÃO EM PAUTA: tendência do food service: oferecer alimentação saudável. São Paulo, n. 47, p. 8-14, mar/abr. 2001. OLIVEIRA, L. F. et al. Estudo Comparativo das Refeições e das Necessidades Calóricas Diárias de Estudantes em um Serviço de Alimentação Institucional. Anais da X Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ. Editora da Universidade Rural, Seropédica, RJ. 2000. PALADINI, E. P., Gestão da qualidade: a nova dimensão da gerência de produção. Trabalho apresentado à UFSC como parte dos requisitos de concurso de professor titular na área de gerência de produção. 1996. PAULA, G. Fundamentos do sistema de gestão de qualidade, disponível em: http://www.agrosoft.org.br, acesso em: 17/05/2007. REVISTA COZINHA INDUSTRIAL, Refeições recreativas, ano VI, nº 42, p. 44 – 50, 1994. TEIXEIRA, S. M. F. O; OLIVEIRA, Z. M. C; REGO, J. C.; BISCONTINI, T. M. B. Administração Aplicada as Unidades de alimentação e Nutrição, Rio de Janeiro: Atheneu, 1990, 219 p. UNIDADE II – ASPECTOS DE QUALIDADE NO PLANEJAMENTO FÍSICO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. INTRODUÇÃO O planejamento físico das unidades de alimentação classificadas como institucionais voltadas para reposição da força de trabalho, nas indústrias e para a recuperação de pacientes, nos hospitais, é fundamental para a adequação das instalações dos objetivos propostos. É através do planejamento que se pode garantir uma operacionalização das refeições conforme os padrões qualitativos desejados, do ponto de vista técnico e higiênico. O planejamento físico permite inclusive melhor utilização dos recursos humanos, através do dimensionamento do contingente de mão-de-obra necessário e definição das tarefas a serem executadas, de que resulta maior racionalização do trabalho e, consequentemente, menor fadiga. Um planejamento físico respaldado no reconhecimento das características específicas do funcionamento das UAN, além da economia de movimentos e evidente racionalização das ações, poderá evitar fatores negativos de operacionalização, dentre os quais: interrupções no fluxo de operações, cruzamentos desnecessários de gêneros e funcionários, má utilização dos equipamentos, limitação no planejamento dos cardápios por falta de equipamentos apropriados, equipamentos ociosos ou mal localizados, causando congestionamento na circulação, ocorrência de filas, por falhas no dimensionamento e localização dos pontos de distribuição, deficiência no sistema de ventilação e, inclusive, aumento de custos. Além disso, esta fase deve ser realizada IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos por uma equipe multiprofissional, sendo imprescindível a presença do profissional responsável pela gestão da UAN, apropriadamente um Economista Doméstico ou Nutricionista. Alguns aspectos do planejamento físico refletem-se diretamente nas condições higiênicas da UAN, como é o caso da escolha de material adequado para revestimento dos pisos e paredes, dimensionamento e localização correta dos ralos dos pisos para escoamento da água, com a dupla função de facilitar as operações de limpeza e diminuir acidentes de trabalho. Esse planejamento é abrangente, envolvendo, além do dimensionamento das áreas, sua ambiência, composição, fatores ergométricos, configuração geométrica e projeto arquitetônico que favoreça e realce os fatores ambientais. 2.1- AMBIÊNCIA A ambiência do trabalho é considerada como o “... conjunto de elementos envolventes que condicionam as atividades administrativas e operacionais e determinam, em grande parte, a qualidade e quantidade de trabalho produzido...” Vários são fatores que devem ser considerados na ambiência do trabalho, alguns interferindo diretamente na produção e outros proporcionando condições adequadas ao trabalho. Dentre os que interferem diretamente na produção pode-se citar: iluminação, ventilação, cor, ruídos, temperatura e umidade. Dentre os que propiciam condições favoráveis podem ser mencionados: localização, configuração geométrica, revestimento das paredes, pisos, esquadrias, instalações elétricas, mecânicas, de vapor, etc. a) Localização A UAN deve, sempre que possível, localizar-se em pavimento térreo, de forma a proporcionar fácil acesso externo para abastecimento, iluminação natural e ótimas condições de ventilação. Na impossibilidade da localização no andar térreo, sugere-se a instalação de elevadores e/ou monta cargas específicos. A construção da UAN deve ser em área onde os arredores não ofereçam riscos às condições gerais de higiene e sanidade. Seu projeto e suas instalações devem facilitar as operações de manutenção e limpeza, evitar as contaminações ambientais e impedir a entrada de animais, pássaros, insetos, roedores e demais pragas. b) Configuração geométrica A forma mais indicada é a retangular, desde que o comprimento não exceda mais de 1,5 a 2,0 vezes a largura. Esta forma, além de propiciar melhor disposição dos equipamentos, minimiza caminhadas supérfluas e conflitos de circulação, reduz as fases operacionais e facilita a supervisão do trabalho. c) Iluminação A iluminação deve ser distribuída pelo ambiente, evitando ofuscamentos, sombras, reflexos fortes e contrastes excessivos. Deve incidir numa direção que não prejudique os movimentos nem a visão dos manipuladores. As janelas ou outros tipos de aberturas devem estar dispostas de maneira que permitam penetração direta do sol sobrea superfície de trabalho. A iluminação mais recomendada é a natural. A iluminação artificial, quando necessária, deve ser de natureza tal que não altere as características sensoriais (visuais) dos alimentos. De acordo com SILVA Jr (2002), não deve ser inferior a 1000 lux nas áreas de inspeção, 250 lux nas área de processamento e 150 lux em outras áreas. As lâmpadas devem possuir sistema de segurança contra explosão e quedas acidentais. Para calcular a intensidade de iluminação, usa-se a seguinte formula: Onde: Lux = intensidade de luz 0 = lumen = fluxo luminoso E = intensidade desejada (em lux) 0 = E X 1,25 X A N IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Fator 1,25 = usado para compensar a perda de fluxo luminoso da lâmpada quando velha A = área a ser iluminada N = eficiência de distribuição de fluxo sobre a área = 0,5 Sabe-se que: A lâmpada incandescente (tungstênio) = 10 lumen/watt A lâmpada fluorescente ou de vapor de mercúrio = 50 lumen/watt d) Ventilação, temperatura e umidade A ventilação deve ser adequada para proporcionar a renovação do ar, remover o ar viciado, garantir o conforto térmico e manter o ambiente livre de fungos, gases, fumaças e condensação de vapores. O ar ambiente das áreas de processamento de alimentos deve ser renovado freqüentemente, através de equipamentos de insuflação e exaustão devidamente dimensionados. Cabe ressaltar que o ar condicionado e o ventilador são equipamentos que não atendem a estes requisitos e, portanto não devem ser utilizados nas áreas de processamento. Vale salientar ainda, que a direção do fluxo de ar dentro do estabelecimento nunca deve ir de uma área suja para uma limpa. O conforto térmico pode ser assegurado por aberturas de paredes que permitam a circulação natural do ar, com área equivalente a 1/10 da área do piso. Quando este conforto não puder ser assegurado por meio natural, o mais indicado é recorrer a meios artificiais, como exaustores, coifas que, além de retirar o ar quente, amenizam a presença de odores. Para as operações realizadas em Unidades de Alimentação é considerada compatível uma temperatura de 22º. a 26° C com umidade relativa de 50 a 60%. Outros fatores podem contribuir para amenizar o calor, como o modelo de uniforme, tipo e cor dos tecidos, etc. O uniforme é um aspecto muito importante, na medida em que pode comprometer a produtividade e padrão higiênico das refeições, pela possibilidade de favorecer a proliferação de bactérias, em temperaturas altas e pela sudorese que acomete os funcionários. e) Cor A escolha das cores no ambiente de trabalho está diretamente relacionada ao seu índice de reflexão (a quantidade de luz que volta ao meio ambiente, após incidir numa superfície). As cores têm o poder de absorver luz em maior ou menor intensidade, daí sua importância no ambiente de trabalho. As cores utilizadas no teto e no alto das paredes (acima da altura dos olhos) devem ter um percentual de reflexão acima de 80%. Para as paredes, abaixo da altura dos olhos, o índice de reflexão deve estar entre 50 e 75% e, para os pisos, as cores recomendadas devem corresponder a um índice de reflexão de 15 a 30%, conforme tabela 1. Tabela 1 – As cores e seus índices de reflexão (ROCHA, 1986). CORES ÍNDICE DE REFLEXÃO CORES ÍNDICE DE REFLEXÃO Branco 80 a 85% Bege 40 a 45% Creme 55 a 70% Cinza-claro 40 a 50% Amarelo-palha 55 a 70% Cinza-escuro 15 a 25% Verde-claro 35 a 55% Azul-claro 30 a 50% Vede-escuro 10 a 35% Azul-escuro 05 a 15% Preto 05 a 10 % Rosa-claro 55 a 60% IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos A legislação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina as cores que devem ser usadas em alguns locais específicos para prevenir acidentes: • O vermelho é usado para distinguir e identificar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio, sendo muito usado nas áreas de alarme, hidrantes, extintores de incêndio e portas de saída de emergência; • O amarelo é utilizado para indicar cuidado e atenção sendo comum em parapeitos, corrimões, portas baixas de escadas, etc. • O verde indica segurança, sendo usado em caixas e equipamentos de socorro de urgência, quadro de avisos e exposição de cartazes e • O branco é empregado em áreas de bebedouros, áreas de armazenagem e zonas de segurança. Para as instalações das Unidades de Alimentação e Nutrição recomenda-se a utilização de cores claras, como branco, creme, areia e outras. f) Ruídos O ruído é considerado uma das causas de doenças psicológicas, ocasionando elevação da pressão sanguínea, redução das secreções salivares e gástricas, perda da acuidade auditiva, neurose, etc. A capacitação auditiva do homem vão de 0 a 120 decibéis, porém, ruídos entre 70 e 80 db já prejudicam a saúde e, passando dos 80db, prejudicam o aparelho auditivo. A partir do reconhecimento do efeito negativo dos ruídos no comportamento (diminuindo a produtividade física do serviço de alimentação), deve-se tomar medidas que visem a sua redução, dentre os quais: As paredes, quando paralelas, não devem ficar a mais de 17m de distância, a fim de evitar o eco, produzido com mais facilidade a partir desta distância; Evitar projetos na UAN, com formas circulares, triangulares ou côncavas, por concentrarem e conduzirem o som; Não instalar equipamentos nos cantos ou junto a paredes, a fim de evitar reflexão do som; Empregar materiais acústicos e isolantes para o teto e paredes; Aplicar material isolante nas bancadas de inox, antes da fixação no contexto; Dar preferência a equipamentos silenciosos e carros que se movam sob rodízios de borracha; Instalar sistema de som ambiente; Promover cursos de treinamento para funcionários, objetivando identificação do ruído como causa de doença, no trabalho. g) Piso O piso deve ser escolhido e dimensionado em função de sua carga estática e de outros fatores, tais como características antiderrapantes, facilidade de higienização e desinfecção, impermeabilidade, resistência ao tráfego e ao ataque de substâncias corrosivas, cor, etc. O piso deve ter inclinação suficiente para direcionar aos ralos a água de higienização. Estes ralos devem ser sifonados para impedir a entrada de roedores e devem possuir grelhas com proteção telada ou outro dispositivo adequado. h) P aredes e divisórias As paredes devem ser lisas, em cores claras, duráveis, impermeáveis e resistentes a limpezas freqüentes. É recomendável que sejam revestidas com azulejos até a altura mínima de 2 metros, devendo estar livres de falhas, rachaduras, umidade, bolor e descascamentos. Indica-se a aplicação de cantoneiras e barras nos locais de movimentação dos carros para aumentar a resistência do material de revestimento. i)Portas e janelas As portas devem ter superfícies lisas e não absorventes, fechamento automático com mola ou sistema eletrônico, abertura máxima de 1cm do piso e proteção inferior contra insetos e IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos roedores. No caso de portas e acessos às câmaras frigoríficas, recomenda-se que sejam providas de cortinas de ar. As janelas devem ter superfícies lisas e laváveis, bom estado de conservação, ausência de falhas de revestimento e ajustes perfeitos aos batentes. Devem ser fixas e utilizadas preferivelmente para iluminação. Quando usadas para ventilação, estas e outras aberturas devem ser dotadas de telas, mantidas em bom estado, serem facilmente removíveis para limpeza e possuírem abertura menor ou igual a 2mm. j) Forros e tetos O teto deve ser isento de vazamentos e goteiras. Deve-se evitar a utilização de telhas que permitam a ocorrência de respingos. O acabamento deve ser liso, impermeável, lavável, em cor clara e em bom estado deconservação. O forro deve ser livre de trincas, rachaduras, umidade, bolor e descascamento, deve estar em perfeitas condições de limpeza e não deve possuir aberturas que não estejam protegidas com tela adequada ou material similar. Entre as paredes e o teto não devem existir aberturas e/ou bordas que propiciem a entrada de pragas e formação de ninhos. O pé direito normal é de 3 metros, sendo mínimo aceitável de 2,7 metros. l) Outras instalações As áreas das Unidades de alimentação e Nutrição devem estar com suprimento adequado de: eletricidade monofásica e trifásica, gás, água tratada (fria e quente) e esgoto. A água de abastecimento deve ser ligada à rede pública ou ter potabilidade atestada através de laudo oficial ou laboratório especializado. Sendo a rede pública, a caixa d’água deve ser lavada a cada seis meses e sua potabilidade microbiológica deve ser atestada, de preferência, semestralmente. Para outros tipos de abastecimento de água (poço artesiano e nascentes), é imprescindível um controle freqüente da potabilidade da água, de acordo com a Vigilância Sanitária local. Os dejetos devem ter ligação à rede de esgoto ou, quando necessário, devem ser tratados adequadamente para serem eliminados através de rios e lagos. A caixa de gordura e a de esgoto não podem localizar-se no interior das áreas de processamento de alimentos. 2.2 - DISTRIBUIÇÃO E FLUXO DOS SETORES DAS UNIDADES As áreas das UANs deverão ser planejadas seguindo uma linha de produção o mais racional possível. Suas unidades operacionais deverão obedecer um fluxo coerente, evitando cruzamentos e retrocessos, que tanto comprometem a produção e a qualidade higiênico-sanitária das refeições produzidas. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Fonte: TEIXEIRA et al. (1990). 2.3 - O DIMENSIONAMENTO DAS ÁREAS A determinação da área de uma UAN constitui uma etapa complexa do planejamento, por envolver uma série de variáveis. Os autores divergem quanto aos índices e variáveis mais diretamente envolvidos. De forma geral, as variáveis intervenientes são: número de refeições oferecidas no dia ou no maior turno, o padrão dos cardápios, por definir o número de preparações em um mesmo cardápio assim como sua complexidade, a modalidade e sistema de distribuição, por determinar se é centralizado ou descentralizado e a política de compras e de abastecimento. Alguns índices empregados: A Consolidação das Leis Trabalhistas, na Portaria 3.214 de 08/06/1978, estabeleceu que as áreas previstas para cozinhas e depósitos de gêneros alimentícios deverão ocupar 35% e 20%, respectivamente, da área do refeitório. A área do refeitório deverá ser calculada considerando 1m2 por usuário, abrigando de cada vez 1/3 do total de comensais por turno de trabalho. LANZILLOTTI (1983) dimensiona a área para restaurantes populares, de colégios e indústrias, utilizando os índices especificados na tabela 2. Tabela 2 – Índices para dimensionamento de áreas para restaurantes. NO. DE REFEIÇÕES M2 POR PESSOA 250 0,80 500 0,80 600 0,75 700 0,72 800 0,70 900 a 1000 0,60 IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Acima de 1000 0,50 De acordo com o padrão do cardápio oferecido, há necessidade de acréscimo de 5% da área em restaurantes de cardápio médio e popular, e 10% para o tipo de luxo, o que evidencia a correlação entre padrão de cardápio/número de refeições e o dimensionamento da área. Segundo LANZILLOTTI (1973), a setorização quando relacionada com a área total, poderá ser planejada tomando-se como parâmetros os seguintes percentuais: Tabela 3 – Setores e seus percentuais indicados. SETORES ÁREA DESTINADA Estocagem 10 a 12% Preparo de refeições 16 a 20% Higiene e limpeza 6 a 8% Distribuição de refeições 45 a 48% Administração e segurança 12% 2.4 – COMPOSIÇÃO DAS ÁREAS DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO A área destinada para uma Unidade de Alimentação e Nutrição deve ser planejada seguindo um fluxo racional de produção. Suas unidades operacionais devem obedecer fluxo coerente, de modo a evitar cruzamentos indesejáveis e retrocessos que comprometam a produção de refeições. a) Área de recebimento de mercadorias Há a necessidade de uma área própria para o recebimento das mercadorias situada, de preferência, em áreas externas ao prédio e próximo à estocagem. Deve ser de fácil acesso aos fornecedores e ser provida de plataforma de descarga, rampa e marquise para proteção dos produtos na hora da entrega. Cabe salientar que não deve existir cruzamento de matérias-primas com a saída do lixo. b) Área de inspeção, pesagem e higienização de mercadorias. Este local deve constituir-se num prolongamento da plataforma de descarga, evitando-se as áreas de circulação. Deve dispor de espaço suficiente para acomodar a mercadoria no momento do controle e ser aparelhada com balança tipo plataforma, carros para transporte, tanques ou calhas para pré-higienização das verduras e frutas antes de seu armazenamento. A existência de um esguicho de pressão é importante para auxiliar neste procedimento. O esguicho deve ser dotado de suporte adequado para guardar a mangueira longe do piso, quando fora de uso. c) Área para armazenamento à temperatura ambiente Para esta área, são importantes as seguintes condições e características: Porta única, com molas, larga e alta, simples ou em seções; Borracha de vedação na parte inferior das portas (protetores contra insetos e roedores); Piso em material lavável e resistente; Ausência de ralos para escoamento de água; Boa iluminação; Ventilação, cruzada ou mecânica que permita ampla circulação de ar entre as mercadorias; Janelas e aberturas teladas; Temperatura não superior a 26º C; Umidade relativa do ar em torno de 50 a 60%; Inexistência de tubulações de água e de vapor; Prateleiras localizadas a 25cm do piso, com profundidade não superior a 45cm, preferencialmente moduladas para permitir flexibilidade de novos arranjos; IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Estrados fenestrados para sacarias, com pés protegidos com canoplas, elevados do piso no mínimo 25cm para os fixos e 10cm para os móveis; Locais distintos para armazenagem de produtos de limpeza e descartáveis. Nesta área não devem existir equipamentos (refrigeradores, freezeres, aquecedores, tubulações de água e vapor, etc) que possam alterar as condições térmicas ambientais ou a umidade relativa do ar. A mesa para o estoquista pode permanecer nesta área desde que não interfira no controle de qualidade dos alimentos, nem no fluxo do armazenamento. d) Área para armazenamento à temperatura controlada Esta área destina-se à estocagem de gêneros perecíveis ou rapidamente deterioráveis em temperatura ambiente. Devido à diversificação das características dos alimentos utilizados, recomenda-se a instalação de câmaras frigoríficas ou refrigeradores em número suficiente para atender a conservação de: ALIMENTOS TEMPERATURA Carnes Até 4º C Hortifrutigranjeiros Até 10º C Frios e laticínios Até 8º C Sobremesas, massas e produtos prontos Até 4º C É importante ressaltar que o ideal é que estes gêneros sejam armazenados separadamente. Entretanto, no caso de possuir apenas 1 (uma) câmara ou refrigerador, a temperatura deve ser regulada para o alimento que requeira a menor temperatura. A necessidade da instalação de freezeres e câmaras de congelamento (-18º.C) varia em função das facilidades de abastecimento, freqüência e utilização e quantidade do produto adquirido. É importante que as câmaras apresentem as seguintes características: Antecâmara para proteção térmica; Revestimento de material lavável e resistente; Nível do pisoigual ao da área externa, para facilitar o transporte de mercadorias pelos carros; Inexistência de ralos internos, mesmo quando sifonados; Termômetro, tipo mostrador, permitindo a leitura pelo lado externo; Interruptor de segurança localizado na parte externa da unidade refrigerada, com lâmpada piloto indicadora da condição “ligado-desligado”; Prateleira em aço inox, ou outro material apropriado, moduladas para permitir flexibilidade de novos arranjos; Porta hermética, revestida em aço inox ou outro material adequado, com ferragens cromadas e dispositivos de segurança que permitam abertura por dentro. e) Área de pré-preparo e preparo As operações preliminares de confecção são realizadas nesta área, comumente subdividida em: preparo de carnes e peixes, preparo de verdura e frutas, preparo de massas e sobremesas e outros preparos. É importante que estas áreas disponham de pia com sistema completo para higienização das mãos. Área para preparação de carnes vermelhas, aves e pescados – independente do número de refeições, esta é uma área necessária a qualquer Unidade de Alimentação e Nutrição e deve dispor de pelo menos uma bancada com tampo de inox ou outro material adequada para manipulação das carnes e um balcão com cuba, onde devem ser dispostos os equipamentos necessários. O ideal é que esta área seja climatizada no máximo a 16ºC, sendo mais recomendado a 12ºC. Área de preparação de hortifrutigranjeiros – esta área deve ser dotada de bancada com tampo de inox ou outro material adequado, cubas suficientes para a correta IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos lavagem, desinfecção e enxágüe dos vegetais, mesas de apoio e local para dispor todos os equipamentos necessários. Área de preparação de massas e sobremesas – deve possuir bancada com tampo de inox ou outro material adequado e também cubas, mesas de apoio e local para dispor todos os equipamentos usados nos trabalhos desenvolvidos nesta área. Área de outros preparos – no caso de previsão de refeições como lanches, desjejum, café e dietas, devem ser planejadas áreas específicas para estes fins. O número de cubas e seu dimensionamento, assim como o tamanho dos balcões da área de processamento, estão relacionados ao número de refeições, padrões de cardápios, sistema e modalidade de distribuição, entre outros fatores. f) Área de cocção A área destinada para cocção deve situar-se entre as áreas de preparos prévios e a expedição das preparações. Os equipamentos necessários a esta fase devem ser organizados segundo um fluxo racional e apoiados sobre balcões específicos. Nesta área devem permanecer apenas os equipamentos destinados ao preparo de alimentos quentes, não devendo ter refrigeradores ou congeladores porque calor excessivo compromete o funcionamento de seus motores e consequentemente a garantia da temperatura específica de cada gênero. É importante que esta área disponha de uma pia com sistema completo para higiene das mãos. g) Área de higienização das mãos Em todas as áreas de manipulação devem existir locais específicos para higienização das mãos (lavagem e anti-sepsia). Esses locais devem contar com: Lavatórios exclusivos para higiene das mãos; Água corrente, de preferência quente a 42º.C, com misturador quente/frio; Torneiras acionadas por pedal ou outro meio não manual, sempre que possível; Saboneteiras específicas para sabão líquido e para anti-séptico alcoólico (álcool 70% ou similar) ou apenas uma para sabão anti-séptico; Suporte para papel toalha ou outro equipamento adequado para secar as mãos (ar quente); Cesto com tampa acionada sem o uso das mãos, para descarte dos papéis usados. Na ausência de lavatórios em cada área de manipulação, é imprescindível a instalação de lavatórios em pontos estratégicos em relação ao fluxo de preparação. Nota: Devido ao alto risco de contaminação química, nas pias e bancadas utilizadas para manipulação e preparo de alimentos, NÃO deve existir sabão e/ou anti-séptico para higiene das mãos. h) Área de expedição das preparações Nos casos onde o refeitório é adjacente à cozinha, as refeições podem sair da área de cocção diretamente para área de distribuição, através de carros transporte ou de “pass-through” para o abastecimento do balcão de distribuição. Caso contrário, faz-se necessária a existência de uma área específica para expedição das preparações antes destas atingirem sua etapa final de distribuição local ou transportada. i) Área para higienização de utensílios usados no processamento Deve ser separada e isolada da área de processamento, de preferência, delimitada por parede completa, porém sem prejuízo de iluminação e ventilação. Conforme o número de refeições, justifica-se a instalação de esguicho de pressão com suporte de mangueira. É importante que esta área tenha: Suprimento de água quente e fria; Sistema de drenagem bem dimensionado; Local para dispor os utensílios que aguardam a higienização; Cubas profundas; Local para guarda de material após a higienização. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos O retorno de utensílios sujos NÃO deve oferecer risco de contaminação aos que já foram higienizados e guardados. j) Área para distribuição de refeições O dimensionamento desta área está relacionado ao tipo ou modalidade de distribuição oferecida à clientela, bem como ao padrão de atendimento. Deve contar com equipamentos adequados que atendam as características dos sistemas eleitos. l) Área para consumação/refeitório/salão de refeições A diversificação de salões por tipo de clientela ou por turma de trabalho deve ser analisada cuidadosamente, de acordo com a política de cada empresa. Entretanto, independente disso, no refeitório deve haver espaço suficiente para mesas e cadeiras com perfeita circulação entre elas. É recomendável a instalação de lavatórios e cafeteiras, sempre que possível. A existência de ventiladores de teto ou de chão é permitida, desde que o fluxo de ar não incida sobre as plantas ou alimentos e a ventilação fique regulada apenas para circular o ar. No refeitório é permitido manter plantas naturais como ornamentação, desde que mantidas distantes dos alimentos (balcões de distribuição e mesas dos usuários) e desde que não represente risco de contaminação aos mesmos. Estas plantas não devem ser tratadas com adubo orgânico e não devem estar entre o fluxo de ar e os alimentos. m) Área para higienização de bandejas e utensílios de mesa Recomenda-se que esta área seja adjacente ao refeitório, comunicando-se com este através de guichê para recepção de material usado. O ideal é que o lay out desta área esteja de acordo com o sistema de distribuição eleito, de modo que possua local e equipamentos adequados para eficaz higienização dos utensílios usados no refeitório. Dependendo do número de refeições justifica-se a instalação de esguicho de pressão com suporte para mangueiras. O planejamento deve prever local para guarda de utensílios após higienização. O sistema de devolução de utensílios sujos e o de distribuição não devem oferecer riscos de contaminação cruzada. n) Área para sala da administração É importante que esta área esteja situada em local estratégico, que facilite a supervisão das operações do processamento das refeições. A colocação de piso em nível mais elevado que o da área em que está situada a produção, bem como um visor em toda a extensão da sala, a partir de um metro do piso facilitam a supervisão do ambiente e das operações de processamento. o) Área para descarte de embalagens É importante a existência de uma área externa destinada à guarda de caixotes, latas,vidros e outras embalagens vazias, retornáveis ou não, para serem armazenadas até que sejam removidas ou descartadas. p) Área para depósito de lixo Esta área deve ser localizada em ponto que facilite a remoção diária do lixo e deve ser fechada e revestida de material lavável. É importante que seja dotada de esguicho de pressão com água fria e quente para limpeza dos latões e do próprio local. Estas instalações devem ser projetadas no sentido de evitar o acesso de pragas ao lixo e de evitar a contaminação dos alimentos, da água potável, do equipamento, do edifício ou das vias de trânsito e de acesso local. O ideal seria substituir esta área por unidade refrigerada a 10ºC. q) Área de guarda de botijões de gás (GLP) De acordo com as diretrizes da ABNT, esta área de armazenamento, incluindo os recipientes de GLP e seus acessórios, deve ser delimitada para assegurar exclusividade à área e IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos proteção aos elementos da instalação. A delimitação deste local deve ter cerca de tela, grades vazadas ou outros processos construtivos que, além de evitar a transposição de pessoas estranhas à instalação, permitam e assegurem a ventilação desta área. r) Área de depósito e higienização do material de limpeza Os materiais e objetos de limpeza, tais como vassouras, rodos, esfregões, panos de chão, baldes e outros, devem ser guardados em área própria, de maneira que não provoquem a contaminação de alimentos, utensílios, equipamentos, etc. É importante que esta área disponha de um tanque específico para higienização destes materiais. s) Área para instalações sanitárias e vestiários As instalações sanitárias, para uso exclusivo dos funcionários, devem ser privativas, adequadas, separadas para ambos os sexos, com vasos sanitários que possuam tampas, mictórios e lavatórios nas seguintes proporções: 1 (uma) bacia sanitária com tampa, 1 (um) mictório, 1 (um) lavatório e 1 (um) chuveiro para cada 20 empregados do sexo masculino; 1 (uma) bacia sanitária com tampa, 1 (um) lavatório e 1 (um) chuveiro para cada 20 empregados do sexo feminino; Os vestiários devem ter 1 (um) armário para cada funcionário. Os sanitários e vestiários devem estar em bom estado de conservação e não podem ter comunicação direta com as áreas de produção e refeitórios. Devem dispor de sistema completo de higienização das mãos, recomenda-se ainda a utilização de coletores com tampas e sacos plásticos de preferência com pedal ou outro sistema de acionamento sem uso das mãos, para o descarte de papéis toalhas e papéis higiênicos usados. BIBLIOGRAFIA ABERC, Manual Aberc de práticas de elaboração e serviço de refeições para coletividades, 4ª. Ed., São Paulo: ABERC, 1998. TEIXEIRA, S.F.M.G., OLIVEIRA, Z.M.C., REGO, J.C., BISCONTINI, T.M.B. Administração aplicada às Unidades de Alimentação e Nutrição, Rio de Janeiro: Atheneu, 1990. SILVA JUNIOR, ENEO ALVES, Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos, 5ª. Ed., São Paulo: Livraria Varela, 2002, 479p. ROCHA, O. L. Organização e métodos – uma abordagem prática, 5ª. Ed., São Paulo: Atlas, 1986, p. 268. LANZILLOTTI, H. S. Nutrição empresarial, Rio de Janeiro:Pirâmide, 1983. LANZILLOTTI, H. S., Sistemática de funcionamento para restaurantes de comerciários, Documento, Rio de Janeiro (13):6-80, out./dez., 1973. UNIDADE III – O PROCESSO DE LIMPEZA E SANIFICAÇÃO EM UNIDADES PRODUTORAS DE ALIMENTOS Na etapa de limpeza é feita a remoção dos resíduos orgânicos e minerais presentes nas superfícies e na sanificação/desinfecção é feita a redução da carga microbiana a níveis satisfatórios, havendo eliminação de patogênicos (usado para ambientes ou vegetais – inanimados). Estas duas etapas fazem parte da higienização do ambiente de processamento de alimentos. Já a anti-sepsia é procedimento que tem o mesmo significado da sanitização, mas utilizado para superfícies vivas externas, como pele, mucosas, etc. Para que a higienização seja eficiente é necessário que haja otimização dos fatores energia química, mecânica e térmica e o tempo de contato. Energia química é necessária para a remoção dos resíduos presos à superfície a serem limpas. Energia mecânica diz respeito ao contato entre o sanitizante e os resíduos e os microrganismos. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Energia térmica é necessária para aumentar a eficiência do processo de limpeza. O tempo de contato é necessário para que as reações durante a limpeza venham a acontecer. A atuação destes fatores deve ocorrer de tal forma que qualquer mudança na atuação de um deve ser compensado pela atuação do outro. Antes de dar início a um programa de higienização, é necessário que haja conhecimento do tipo de resíduo que será removido, natureza da superfície, qualidade da água, métodos de higienização utilizados, pois todos estes fatores são importantes na escolha dos agentes de limpeza e sanitização. 3.1 – Os principais resíduos dos alimentos Tabela 1- Tipos de resíduos a serem higienizados. Resíduo Solubilidade Remoção Alteração pelo calor Carboidrato Solúveis em água fácil Caramelização Gordura Insolúveis em água Solúvel em álcalis e tensoativos difícil polimerização Proteínas Insolúveis em água Solúveis em alcalis difícil Desnaturação Sais minerais monovalentes solúveis em H20 e ácidos difícil Difícil remoção Sais minerais polivalentes Insolúveis em H2O e solúveis em ácidos difícil Difícil remoção Principais reações químicas para remoção de resíduos. O conhecimento da solubilidade dos resíduos é fundamental para que haja uma boa escolha dos agentes químicos a serem utilizados no processo de higienização. Resíduos orgânicos – destacam-se as proteínas e as gorduras, que para sua remoção é necessário que ocorra a saponificação e/ou emulsificação da gordura e solubilização das ptn, reações que ocorrem quando são utilizados reagentes alcalinos. Na reação de saponificação ocorre a formação de sabão que é facilmente solubilizado pela água, enquanto a emulsificação promovida por agentes tensoativos, solubiliza a gordura através da mudança da polaridade de sua superfície. Resíduos minerais – podem ser oriundos dos alimentos, da água e dos agentes de limpeza e sanificação. Normalmente são utilizados na sua remoção agentes complexantes e ácidos. 3.2 - Superfícies utilizadas na indústria de alimentos. Tabela 2 – Superfícies utilizadas na área de alimentos. SUPERFÍCIE CARACTERÍSTICA CUIDADOS Madeira Permeável a umidade, gordura e óleo, difícil manutenção, é destruída por alcalinos. Difícil de higienizar Aço carbono Detergentes ácidos e alcalinos clorados causam corrosão Usar detergentes neutros Concreto Danificado por alimentos ácidos e agentes de limpeza Deve ser denso e resistente a ácidos IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Vidro Liso e impermeável. Danificado por alcalinos fortes e outros agentes de limpeza Usar detergente neutro Tinta Danificada por agentes alcalinos Algumas são adequadas para alimentos Borracha Endurece e perde a maleabilidade Aço inoxidável Resistente a corrosão, superfície lisa e impermeável, facilmente higienizado É caro 3.3 - Qualidade da água. A água pode conter mais de 50 componentes diferentes, dissolvidos ou em suspensão, incluindo entre outros gases, compostos orgânicos e microrganismos. Esses componentes conferem à água várias características, podendo limitar o seu uso em alimentos. A utilização da água na área de alimentos é intensa, envolvendo desde a limpeza até o processamento, portanto a qualidade da água é fundamental, pois podeser veículo de contaminação de alimentos deixando com níveis de contaminação acima dos permitidos, inclusive alguns destes podem ser causadores de doenças causando riscos a Saúde Pública. A qualidade da água também é importante na limpeza do ambiente e dos equipamentos, pois pode conter substâncias causadoras de corrosão e/ou incrustações, causando danos. Aspectos físicos (cor, turbidez, sabor e odor). A cor indica presença de materiais orgânicos e íons férricos e outros. Estas substâncias podem causar manchas em equipamentos, utensílios, pisos e paredes. A turbidez é uma característica devida principalmente à presença de lama e areia. A lama é comum em águas superficiais. Em águas superficiais o índice de turbidez pode chegar a 2000mg/l expressas em SiO2, mas na área de alimentos este índice não deve ser superior a 5mg/l. Problemas com sabor e odor podem ser tolerados no caso da água ser utilizada para limpeza, mesmo não sendo a condição ideal. No caso de processamento esta água deve ser descartada. Essas características da água podem ser decorrentes da presença de gases, matéria orgânica e substâncias minerais. Aspectos químicos – dureza e acidez O principal parâmetro a ser observado em relação a estes aspectos é a dureza da água. Por dureza entende-se a presença de sais de cálcio e de magnésio como CaCO3, MgCO3, CaHCO3 e MgHCO3. A água dura pode influenciar no funcionamento de equipamentos devido à formação de incrustações e ainda pode diminuir a eficiência de alguns agentes de limpeza. Os níveis aceitáveis são de 0 a 60 ppm de CaCO3. Outro aspecto químico da água é a acidez, que pode ser provocada pela presença de dióxido de carbono e resíduos industriais. Aspectos biológicos Numa análise microbiológica, pode-se verificar a presença de muitos microrganismos presente na água. Dentre eles, muitos são causadores de doenças, portanto, importantes em termos de Saúde Pública, bem como também podem estar presentes microrganismos que causam a deterioração de alimentos. 3.4- Métodos de higienização Higienização manual: este é o método de limpeza mais simples, feito através do uso de escovas, raspadores e esponjas. É utilizado quando o processo mecânico não é possível de ser aplicado. Após a higienização, escovas e esponjas devem ser imersas em soluções sanitizantes uma vez que podem se tornar fontes de contaminação. O sucesso desta modalidade depende da eficiência do operador. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos Higienização por imersão: método utilizado para utensílios e partes desmontáveis de equipamentos e também é utilizada para limpeza de interior de tachos e tanques. Higienização por meio de máquinas lava jato tipo túnel: Higienização por meio de equipamentos spray: Higienização por circulação. 3.4.1Procedimento geral de higienização Pré-lavagem: nesta etapa é feita a redução de resíduos aderidos na superfície dos equipamentos, em geral ocorre a remoção de 90% de sujidades. A temperatura da água deve estar em torno de 38 a 46º C. Lavagem: é feita através da aplicação de detergentes, que tem como finalidade retirar as sujidades aderidas nas superfícies a serem limpas. Para a correta e eficiente operação é preciso ter conhecimento de todos os parâmetros de processo como tipo de resíduo a ser retirado e qualidade da água. Os detergentes utilizados apresentam duas categorias: - Detergentes alcalinos – quando o objetivo é remover proteínas e/ou gorduras. - Detergentes ácidos – quando existe a possibilidade de formação de incrustações minerais, notadamente observado quando a água apresenta dureza. Enxágüe: nesta etapa é retirado os resíduos e também do detergente aplicado na limpeza. A água deve apresentar-se morna. Sanificação: realizar antes do uso do equipamento e com o uso de sanificantes adequados, para promover a eliminação de microrganismos. 3.5 Agentes químicos para a higienização Os detergentes Alcalinos – NaOH, corrosivo. Fosfatos – evita a precipitação de sais (NaPo4) Ácidos- ácido muriático, sulfúrico... Complexantes – EDTA Tensoativos – o mais clássico é o sabão neutro ou o sabão de origem vegetal. Sanificantes ou desinfetantes Agentes físicos – pode-se citar o uso do calor (que é o mais comum na destruição de microrganismos) e a luz ultravioleta que tem sido utilizada para a redução da carga microbiana em ambientes de processamento, laboratórios e em plásticos para embalagem. Agentes químicos – compostos clorados, iodados, quaternários de amônio e peróxido de hidrogênio, sendo mais comum o uso do primeiro em programas de sanificação (conforme tabela 3). Compostos clorados É um aniônico inativado pela matéria orgânica e sabão corrosivo em altas concentrações, são esporocidas. Existem no mercado o hipoclorito de sódio (líquido) e hipoclorito de cálcio (sólido). No hipoclorito de sódio existente no mercado há adição de soda cáustica e barrilha o que confere poder alvejante, assim sempre que for possível deve-se utilizar na sanitização o hipoclorito livre de poder alvejante. É importante também que se conheça o teor de cloro ativo na solução (por exemplo água sanitária comercial possui de 2,0 a 2,5% de cloro ativo), para que possamos padronizar o método de diluição e termos segurança de que não haverá variações. Requerimento de solução clorada: Higienização de alimentos (verduras, frutas, etc): 100 a 200 ppm de Cl Higienização de superfícies: 200 a 250 ppm de cloro. Cálculo de concentrações: V x C = g ou ml do produto IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos % de cloro ativo x 10 Onde: V (volume em litros) = requerido C (ppm) = concentração desejada Obs: tempo de contato de 15 minutos. Tabela 3 – Vantagens e desvantagens dos sanitizantes mais comuns. SANITIZANTES VANTAGENS DESVANTAGENS Compostos clorados (Hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio) Relativamente baratos Instáveis ao armazenamento e presença de luz Agem rapidamente Inativado pela matéria orgânica Não são afetados pela dureza da água Corrosivos quando não usados corretamente Efetivos contra grande maioria de m.o Irritantes contra a pele Efetivos em baixa concentração Pode provocar odores indesejáveis Não são tóxicos nas concentrações recomendadas Reduzem a eficiência com o aumento do pH Soluções fáceis de preparar e aplicar Apresentam efetividade intermediária contra bolores e levedurasPodem ser utilizados no tratamento de água Compostos iodados Boa estabilidade Mais caro que o cloro Ação de molhagem Pode provocar descolorações Eficiente sobre todos os m.o exceto os esporos bacterianos Não deve ser utilizado em temperatura superiores a 49º C Elimina leveduras mais rápido que cloro Eficiência diminui com aumento do pH Relativamente não tóxico Mancha utensílios de plástico Não afetado por água dura Menos eficiente que o cloro sobre esporos bacterianosMenos sensível a matéria orgânica que o cloro Compostos quaternários de amônio Estáveis ao armazenamento É caro Vida de prateleira longa Baixa atividade em água dura Estáveis a mudanças de temperatura Pouco efetivo contra esporos bacterianos coliformes e psicrotróficos.Efetivos em condições alcalinas Não corrosivo e não irrita a pele Forma um filme protetor em equipamentos É necessário fazer rinsagem de equipamentos. Inodoro e não tóxico Problemas com formação de espumas Peróxido de hidrogênio (água oxigenada) Age com eficiência sobre bactérias gram-positivas A baixa temperatura requer longo tempo de contato Baixo efeito residual Não requer enxague Requer precaução no manuseio e dosagem Corrosivo a cobre, zinco ebronze IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos BIBLIOGRAFIA TORREZAN, R., Curso de processamento de frutas, Rio de Janeiro: CTAA/Embrapa, 1997, 137p. SILVA JUNIOR, ENEO ALVES, Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos, 5ª. Ed., São Paulo: Livraria Varela, 2002, 479p. ABERC, Manual Aberc de práticas de elaboração e serviço de refeições para coletividades, 4ª. Ed., São Paulo: ABERC, 1998. UNIDADE IV – MICROBIOLOGIA APLICADA Á MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS A microbiologia de alimentos é parte integrante de um conjunto de fatores que constituem um Controle de Qualidade. A partir de um controle de qualidade microbiológico, desde a matéria- prima até o produto final, pode-se evitar possíveis fontes de deterioração, contaminação e toxi- infecções alimentares. A ausência deste controle pode acarretar na perda parcial ou total de toda a produção, gerando problemas sócio-econômicos inviáveis para a indústria. A higiene e a sanitização na indústria, a conservação e estocagem de alimentos são pontos importantes que auxiliam no controle microbiológico. Graças ao desenvolvimento da microbiologia de alimentos, os produtos alimentícios industrializados podem apresentar maiores garantias de qualidade microbiológica. 4.1 – PRINCIPAIS GRUPOS DE MICRORGANISMOS OU AGENTES DE CONTAMINAÇÃO DE IMPORTÂNCIA EM ALIMENTOS Dentre os agentes infectantes existentes, alguns têm especial interesse para a microbiologia de alimentos, por serem responsáveis por processos de deterioração, por participarem da elaboração de alimentos ou por serem causadores de doenças alimentares. São eles: bactérias, fungos (incluem leveduras e bolores), protozoários, vírus e outros, como o príon (conforme tabela 1). Tabela 1 – Principais agentes de contaminação de alimentos. AGENTE FATORES IMPORTANTES BACTÉRI AS Responsáveis por: - Doenças no homem, nos animais e nas plantas; deterioração nos alimentos e materiais diversos; composição da microbiota normal do homem; produção de alimentos; simbiontes na agricultura e na medicina. Dimensões: - Células entre 0,5 a 10 micra de comprimento. Podem ser vistas de 400 a 600x para observação a fresco e 1000x para esfregaços de cultura em lâmina Formas: - Cocos (coco típico e cocobacilos), bastonetes (bacilos e víbrio) e espirais (espirilo e espiroquetas). Estas células unidas formando grupamentos como cachos, cadeias, formações pares, tétrades e outras. Multiplicação: - Bipartição ou cissiparidade, em condições ótimas o tempo de geração é de 15 a 20 minutos. Algumas formam esporos em condições adversas. Características fisiológicas: - Tensão de oxigênio: aeróbias, anaeróbias, facultativas, microaerófilas. - pH: preferem menos ácidos, - Temperatura: prefere faixa de 20 a 45ºC. - Ambientes com muita água e ricos em nutrientes. AGENTE FATORES IMPORTANTES IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos FUNGOS: BOLORES Responsáveis por: deteriorações e micotoxinas nos alimentos; produção de certos alimentos (queijos, orientais); fabricação de alguns medicamentos. Dimensões: são bem maiores, mais de 100 micra, pode ser observado com aumento de 100x Formas: podem ser célula única, multicelular (micélio), que são filamentos chamados hifas. Multiplicação: desenvolve o micélio. Dura mais de três horas para dobrar massa. Características fisiológicas: com raras exceções são aeróbios. Adaptam- se bem aos ácidos. Preferem temperaturas entre 20 e 30ºC, podendo ocorrer sob refrigeração. Aceitam pouca água. FUNGOS: LEVEDURAS Responsáveis por: - Encontradas e maior parte nas frutas e verduras, provocam deterioração de alimentos e bebidas; algumas provocam doenças, mas não pelos alimentos, fabricação de bebidas, pães e outros fermentados. Dimensões: variam de 2 a 20 micra, podendo medir 100 micra. Formas: podem ser redonda, oval, elíptica, apiculada ou triangular. Multiplicação: assexuadamente, por formação de brotos ou gemas. Formam películas nos líquidos. Levam de 30 min a três horas para dobrarem. Características fisiológicas: - Podem ser aeróbias ou facultativas (fermentação alcoólica). Adaptam- se bem em ácidos. Preferem temperatura de 20 a 30ºC, mas crescem sob refrigeração. Precisam de + água que bolores e bactérias. VÍRUS Responsáveis por: - São hospedeiros específicos (gripe no homem, raiva nos mamíferos); são inativos em alimentos; problemas no fabrico dos iogurtes e queijos; podem ser veiculados ao homem por água e alimento. Dimensões: média de 0,1 micra, microscópio eletrônico. Formas: não possuem estrutura celular, tem ácido nucléico (DNA ), circundado por camada protéica. Multiplicação: precisam célula viva. Características fisiológicas: PARASITOS Responsáveis por: São transmitidos pelos alimentos, mas não se multiplicam nestes. Dimensões: protozoários são microscópicos e os helmintos são grandes e produzem ovos. Formas: Multiplicação: peprodução assexuada (divisão) ou sexuada Características fisiológicas: PRÍONS Responsáveis por: doenças nos animais. São transmitidos pelo alimento (carne). Interfere no impulso nervoso. Dimensões: Formas: Multiplicação: não produzem ATP, são estruturas protéicas capazes de reproduzir no organismo. Características fisiológicas: É termorresistente e seu controle é feito na produção animal. Encefalopatia espongiformes bovina (BSE) = vaca louca 4.2 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA MULTIPLICAÇÃO MICROBIANA IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos A multiplicação microbiana significa aumento no número total de células devido à multiplicação dos organismos individuais em uma cultura ou em qualquer ambiente. É freqüente encontrar-se o termo crescimento microbiano ao invés de multiplicação. Em condições ótimas, os microrganismos encontram-se em desenvolvimento balanceado. Durante esse desenvolvimento, a duplicação de massa vem acompanhada da duplicação de todos os demais constituintes, como DNA, RNA e proteínas. A multiplicação microbiana obedece a uma curva, que é mostrada na figura 1. Vale lembrar que este comportamento ocorre nas condições ótimas de temperatura, pH, nutrientes, umidade, tensão de oxigênio e outros fatores importantes para o microrganismo em questão. A = fase lag ou de adaptação B = fase log ou exponencial C = fase estacionária D = fase de declínio ou morte Tempo Figura 1 – Curva de multiplicação de microrganismos. Na fase lag, fase de adaptação ou de latência, taxa de crescimento é zero, o microrganismo se adapta ao novo ambiente, assim, se um microrganismo presente no solo contaminar uma carne, levará um tempo para se adaptar ao novo substrato, pois terá que começar a produzir enzimas capazes de digerir nutrientes como as proteínas. Logo, a fase lag poderá ser longa. Entretanto, se a contaminação da mesma carne for feita através de resíduos de carne de uma superfície mal higienizada, as bactérias já estarão adaptadas ao alimento e, assim, vão se multiplicar mais rapidamente, não havendo a fase lag. Neste sentido, entende-se que a contaminação através de resíduos de alimentos (limpeza e sanificação deficientes) é mais problemática. Na fase log ou exponencial, a taxa de crescimento é máxima e constante, as condições de crescimento são balanceadas; as células são uniformes em termos de composição química e atividade metabólica e fisiológica. É o pico da atividade e da eficiência fisiológica. Na fase estacionária, a taxa de crescimento é zero, há acúmulo de produtos metabólicos tóxicos e/ou exaustão de nutrientes. Algumas células morrem, outras crescem e se dividem. O número de células viáveis diminui. Já na fase (d) de morte, taxa de crescimento negativa, há acúmulo adicional de produtos metabólicos inibitórios.A taxa de morte é acelerada; o número de células diminui de modo exponencial. Tipicamente todas as células morrem em dias ou meses. O desenvolvimento de microrganismos em alimentos e, a maior ou menor facilidade de deterioração é dependente de fatores como a atividade de água, pH, conteúdo de nutrientes, tensão de oxigênio, temperatura, etc. 4.2.1 – FATORES INERENTES AO ALIMENTO OU FATORES INTRÍNSECOS a) pH O pH mede a concentração de H+ de um alimento ou solução, o que é representado pela equação: pH = log 1/[H+]. Por essa equação, observa-se que quanto maior for a concentração de IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos H+ (caráter ácido), menor é o pH. Assim, o pH é menor em alimentos ácidos. O pH varia de 0 a 14, sendo 7 o valor que expressa a neutralidade. O pH é um dos fatores que exerce maior efeito seletivo sobre a microbiota capaz de se desenvolver nos alimentos. Tal é sua importância, que foi proposta uma classificação prática dos alimentos em função do pH, dividindo-se em três grupos: Esta classificação está baseada no pH mínimo para a multiplicação e produção de toxina de Clostridium botulinum (pH 4,5) e no pH mínimo para a multiplicação da grande maioria das bactérias (pH 4,0). Desta forma, os alimentos de pouco ácidos (pH>4,5) são mais sujeitos a multiplicação microbiana, tanto por espécies patogênicas quanto por espécies deterioradoras. Enquanto que os alimentos ácidos (pH entre 4,0 e 4,5) predominam o crescimento de leveduras, de fungos filamentosos e de algumas espécies bacterianas, principalmente, bactérias láticas e algumas espécies de Bacillus. Nos alimentos muito ácidos (pH<4,0), o desenvolvimento microbiano fica restrito quase que exclusivamente a fungos filamentosos e leveduras. O homem lança mão do efeito do pH sobre os microrganismos para a conservação dos alimentos. Assim, são elaborados os alimentos fermentados, seja através dos ácidos produzidos pelos microrganismos que provocam o abaixamento do pH (por exemplo, leite, carnes, vegetais fermentados, etc.) ou utilizando-se acidulantes como ácido cítrico, lático, acético e outros. Dessa forma, elimina-se o risco de deterioração ou atenua-se o tratamento térmico, no caso de picles, champinhon, palmito em conserva, etc. Tabela 2 – pH de alguns alimentos. HORTALIÇAS pH FRUTAS pH Brócolis 6,5 Ameixa 2,8 a 4,6 Aspargos 5,7 a 6,1 Figo 4,6 Batata 5,3 a 5,6 Laranja (suco) 3,6 a 4,3 Cenoura 4,9 a 6,0 Maçã 2,9 a 3,3 Milho/ em conserva 7,3/ 5,5 a 6,2 Morango 3,0 a 3,9 Azeitona 3,6 a 3,8 Maracujá 2,9 a 3,02 Tomate 4,2 a 4,3 Banana 4,5 a 4,7 Palmito em conserva 4,0 a 4,3 Frutas em caldas 3,7 a 4,4 CARNES pH PESCADOS pH Frangos 6,3 a 6,4 Atum 5,2 a 6,1 Presunto cozido 5,9 a 6,1 Camarão 6,8 a 7,0 Salsichas Frankfurt 6,2 Peixe fresco (maioria) 6,6 a 6,8 Bovina (moída) 5,1 a 6,2 Salmão 6,1 a 6,3 LATICÍNIOS pH LATICÍNIOS pH Creme de leite 6,5 Queijo prato 5,2 a 5,4 Manteiga 6,1 a 6,4 Queijo minas frescal 5,0 a 5,3 Iogurtes 3,7 a 4,4 Queijo mussarela 5,1 a 5,3 Leite 6,3 a 6,5 Leite UHT 6,2 a 6,5 Fontes: Jay (1992); ICMSF (1980); Veras, Pinto e Meneses (2002). • pH de alguns ambientes: o Águas de escoamento de solos vulcânicos e de minas: pH = 1 a 3 o Águas de nascentes: pH = 10 Alimentos pouco ácidos - pH superior a 4,5. Alimentos ácidos - pH entre 4,5 e 4,0. Alimentos muito ácidos - pH inferior a 4,0. IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos o Solos ricos em amônia: pH = 11 o Oceanos: pH = 8; águas polares: pH = 6 Microrganismos pH ótimo bactérias 4 a 9 fungos 5 a 6 protozoários 6.7 e 7.7 algas 4 a 8.5 b) Atividade de água (Aa) A água é essencial para o crescimento e metabolismo microbiano, entretanto, é necessário que esteja numa forma disponível. O parâmetro que mede a disponibilidade de água em um alimento denomina-se atividade de água (Aa). A atividade de água de um alimento é definida pela relação entre a pressão de vapor da água contida na solução ou no alimento (P) e a pressão de vapor da água pura (Po), a uma dada temperatura. A Aa de um alimento varia de 0 a 1 e, em condições de equilíbrio com o ambiente, relaciona-se com a umidade relativa (UR): Os microrganismos apresentam um comportamento bastante diverso em relação Aa favorável para seu desenvolvimento. De um modo geral, as bactérias necessitam de uma quantidade maior de água disponível do que as leveduras e estas mais do que os fungos filamentosos (Tab. 3). As frutas e os sucos apresentam, em geral, Aa superior a 0,95 razão pela qual a grande maioria dos microrganismos teria condições favoráveis de água disponível para seu desenvolvimento nesses alimentos. Todavia, produtos derivados de frutas, principalmente, doces e geléias apresentam Aa muito mais baixas em função da adição de açúcares ou da evaporação de água (concentração) que ocorre no processamento. Tabela 3 - Valores de Atividade de água mínima para o crescimento de alguns microrganismos. DIVISÃO MICRORGANISMOS ATIVIDADE DE ÁGUA (Aa) GRUPOS Bactérias deterioradoras 0,88 a 0,91 Leveduras deterioradoras 0,88 Fungos filamentosos deterioradores 0,80 Bactérias halofílicas 0,75 Fungos filamentosos Xerófilos 0,65 Leveduras Osmofílicas 0,60 a 0,62 MICRORGANISMOS ESPECÍFICOS Clostridium botulinum tipo E 0,97 Escherichia coli 0,96 Bacillus cereus 0,95 Enterobacter aerogenes 0,95 Clostridium perfringens 0,95 Salmonella 0,95 Clostridium botulinum tipo A e B 0,94 Víbrio parahaemolyticus 0,94 Saccharomyces cerevisae 0,90 Staphylococcus aureus 0,86 Aspergillus flavus 0,78 Aspergillus niger 0,77 Fonte: Jay (1992); Farkas (1997). Aa = P/Po ou Aa = UR/100 IH 377 – Higiene e Segurança dos Alimentos c) Tensão de oxigênio Os microrganismos no seu habitat natural necessitam de quantidades variadas de gases tais como: O2, CO2, N2, CH3. Alguns gases são utlizados no metabolismo celular; outros podem ter sido excluídos de uma cultura por serem tóxicos às células. O O2 e CO2 são os dois gases principais que afetam o crescimento de células microbianas. Em relação à disponibilidade de oxigênio e a necessidade dos microrganismos podem ser classificados em aeróbios, anaeróbios, facultativos e microaerófilos (conforme figura 2). Figura 2 – Comportamento dos microrganismos em relação ao oxigênio. Os aeróbios são aqueles microrganismos que necessitam de oxigênio livre para seu desenvolvimento (padrão: 21% de O2); Os anaeróbios só se desenvolvem na ausência de oxigênio. Não utilizam o O2 para reações de produção de energia. Embora sabe-se que alguns até toleram baixas concentrações de oxigênio, ex: o Clostridium perfringens - altamente tolerantes ao O2 o Clostridium tetani - moderadamente tolerantes ao O2 o Methanobacterium - anaeróbios estritos Os facultativos se desenvolvem tanto na presença como na ausência de oxigênio. Assim, quando em condições de anaerobiose, obtém energia pelo processo metabólico chamado fermentação. Ex. gêneros da família bacteriana Enterobacteriacea (Escherichia coli), leveduras (Saccharomyces cerevisae). Os microaerófilos necessitam somente de pequena disponibilidade de oxigênio. De um modo geral, os fungos filamentosos são estritamente aeróbios, as leveduras se desenvolvem melhor aerobicamente, mas podem viver na ausência de oxigênio e, as bactérias podem ser aeróbias, anaeróbias e facultativas. d) Conteúdo de nutrientes Os microrganismos necessitam de fontes de energia e nitrogênio, fatores de crescimento como vitaminas, purinas e pirimidinas e, minerais para seu desenvolvimento e produção de seus metabólitos, apresentando comportamento diferenciado em relação as suas exigências aos fatores de crescimento e a capacidade de utilizarem diferentes substratos que compõem os alimentos. De um modo
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