Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
* * ANEMIAS HEMOLÍTICAS Prof Luis Carlos Arão Hematologia Clínica * * CONCEITO Anemias caracterizadas pela ocorrência de hemólise intravascular ou extravascular. Hemólise intravascular ocorre na própria circulação e o seu conteúdo liberado no plasma. Hemólise extravascular ocorre pelos macrófagos no tecido retículo-endotelial (baço). * * CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE Tendência à anemia. Aumento na liberação de eritropoietina hiperplasia medular. Encontro de eritroblastos no sangue periférico. Aumento de reticulócitos policromatofilia. * * CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE Hiperplasia de medula Encontro de células jovens no sangue periférico Principais células encontradas: reticulócitos (policromatofilia e eritroblastos) * * CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE Hemólise aumento de hemoglobina livre no plasma. Metabolização da hemoglobina livre: A protoporfirina é transformada em biliverdina que, por sua vez, é convertida em bilirrubina indireta. O ferro é transportado pela transferrina de volta à medula óssea para ser incorporado a um novo eritroblasto * * CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE Formação de cálculos biliares devido ao aumento de bilirrubina. Sequestro esplênico esplenomegalia. Elevação de LDH enzima mais concentrada no interior dos eritrócitos. * * CAUSAS DA HEMÓLISE Defeito na molécula de hemoglobina: Hb variantes e talassemias. Defeito de membrana: esferocitose e ovalocitose. Defeito metabólico: deficiências de G6PD, piruvato quinase e outras. * * CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS HEMOLÍTICAS Hereditárias: Hemoglobinopatias Defeito na molécula de hemoglobina: Hb variantes e talassemias. Por defeito de membrana: esferocitose e ovalocitose. Por deficiência enzimática: G6PD e piruvato quinase. Não hereditárias: Por anticorpos: auto-Ac’s, transfusões incompatíveis, DHRN e medicamentos. Válvulas cardíacas. Hemoparasitas malária. * * MOLÉCULA DA HEMOGLOBINA Grupo Heme: Protoporfirina + Fe2+ Grupo Protéico - Globina: cadeias polipeptídicas (aa) * * TIPOS DE HEMOGLOBINA NORMAIS * * HEMOGLOBINOPATIAS Alterações genéticas na molécula da hemoglobina. Podem ser: Por defeito qualitativo: alterações na sequência de aminoácidos que formam a globina hemoglobinas variantes Anemia falciforme e HbC. Por defeito quantitativo: alterações na quantidade de aminoácidos e consequentemente no tamanho da cadeia da globina talassemias * * HEMOGLOBINOPATIAS Geralmente ocorrem por mutações na posição 6 da cadeia de aminoácidos. Tudo indica que a posição 6 é muito importante e que favorece a captação de O2. O perfil hemoglobínico de um indivíduo se torna permanente aos 6 meses. * * ANEMIA FALCIFORME * * ANEMIA FALCIFORME Conceito: Alteração genética caracterizada pela substituição do aminoácido 6 da cadeia beta (ácido glutâmico por valina). Presença da HbS: HbSS homozigotos (anemia falciforme). HbS/btal Interação. HbS/HbC Interação. HbAS Traço falciforme (portador). * * ANEMIA FALCIFORME Presença de hemácias falciformes na corrente sanguínea * * ANEMIA FALCIFORME Formação da Hemácia falciforme: Quando a Hb S é desoxigenada, a substituição do ácido glutâmico pela valina, desencadeia uma polimerização da HbS desoxigenada, formando cristais do tipo tactóides resultando na distorção na forma da hemácia e diminuição acentuada na sua capacidade de se deformar. * * ANEMIA FALCIFORME Cristais do tipo tactóides: Polimerização de moléculas de desoxi-Hb S. As setas indicam os polímeros longitudinais estáveis, com formação de feixes paralelos, os tactóides (beta b). * * ANEMIA FALCIFORME Diagnóstico laboratorial: Hemograma: Hemoglobina na faixa de 6 a 9 g/dl. VCM na faixa de 90 fl (normal e raramente reduzido). Leucocitose ( 12.000 a 15.000/mm3). Nº de plaquetas geralmente aumentado com presença de plaquetas gigantes (disfunção esplênica). Anisocitose intensa, policromatofilia intensa e poiquilocitose. Hemácias em alvo, eritroblastos, corpúsculos de Howell-Jolly, anel de Cabot, pontilhados basófilos, etc. Presença de hemácias falciformes. * * ANEMIA FALCIFORME Hemácias falciformes ou drepanócitos * * ANEMIA FALCIFORME Hemácias em alvo * * ANEMIA FALCIFORME Eritroblastos com pontilhado basófilo e policromatofilia * * ANEMIA FALCIFORME Corpúsculo de Howell Jolly * * ANEMIA FALCIFORME Pontilhado basófilo e macrócitos policromatófilos * * ANEMIA FALCIFORME Exames complementares: Reticulocitose: 8 a 12% em média. Aumento da bilirrubina indireta sérica. Aumento da atividade de LDH. Clínico hepatoesplenomegalia. * * ANEMIA FALCIFORME Diagnóstico conclusivo Eletroforese de hemoglobina em pH alcalino 8,6: Ausência de HbA. Hb S: 75 a 95%. HbA2 e HbF – normais ou aumentadas. Pesquisa de drepanócitos no esfregaço positiva. * * ANEMIA FALCIFORME Eletroforese de Hemoglobina em pH alcalino: * * ANEMIA FALCIFORME Pesquisa de drepanócitos positiva: * * ANEMIA FALCIFORME Manifestações clínicas: Anemia hemolítica crônica hemólise descompensada. A medula óssea pode reverter o quadro produzindo hemácias continuamente, sem levar à anóxia. Déficit de hemácias hipóxia fadiga, fraqueza, palidez e vertigens. Icterícia. * * ANEMIA FALCIFORME Complicações: Infecções debilidade do SI e transfusões de sangue. Crises vasoclusivas hemácias falciformes que chegam à microcirculação formando êmbolos, trombos, úlceras e dor. Acidentes vasculares e IAM. Úlceras em membros inferiores. Insuficiência renal e pulmonar. * * ANEMIA FALCIFORME Crises vasoclusivas: * * ANEMIA FALCIFORME Relação com outras doenças: Portadores da anemia falciforme são naturalmente resistentes à algumas doenças do sangue como a Malária. Isso ocorre pois o Plasmodium necessariamente se reproduz no interior de hemácias. Contudo, as hemácias danificadas do indivíduo falcêmico não são adequadas a esse tipo de função, mesmo quando exposto ao vetor da doença. * * TRAÇO FALCIFORME Indivíduos com HbS em heterozigose com HbA. Ausência de manifestações clínicas. * * HEMOGLOBINOPATIA C * * HEMOGLOBINOPATIA C Presença de HbC em estado homozigótico. A HbC também é originada por substituição na cadeia beta. HbC menos solúvel formação de cristais. Variantes genéticas: Homozigose CC. Interação SC. Heterozigose HbAC. * * HEMOGLOBINOPATIA C Diagnóstico laboratorial: Hemograma Anemia hemolítica moderada. Hb: 9 a 12g/dL. Presença de hemácias em alvo e cristais de hemoglobina. Esplenomegalia. * * ANEMIA FALCIFORME Hemácias em alvo * * ANEMIA FALCIFORME Cristais de hemoglobina * * HEMOGLOBINOPATIA C Diagnóstico conclusivo: Eletroforese de Hb em pH alcalino e ácido. Reticulocitose (5 a 8% aproximadamente). Hemácias em alvo (até 100%). Icterícia dosagem elevada de BI. * * HEMOGLOBINOPATIA C Eletroforese de Hemoglobina: * * TALASSEMIA * * TALASSEMIA Combinações das cadeias que dão origem às Hb normais: * * TALASSEMIA Conceito: Grupo heterogêneo de distúrbios resultante de um defeito genético hereditário das cadeias de globina (usualmente cadeias a ou b). Doença provocada por um defeito quantitativo na cadeia polipeptídica. O defeito nos genes regulares provoca uma redução na síntese das cadeias de globina e consequentemente redução da Hemoglobina. * * TALASSEMIA Sinonímia: Anemia do Mediterrâneo. Anemia de Cooley médico que primeiro a descreveu em 1925 Epidemiologia: Comum em Italianos, Gregos, Asiáticos e Africanos. * * TALASSEMIA * * TALASSEMIA Classificação das Talassemias: Alfa () talassemia. Beta () talassemia.-Talassemia menor (ou traço talassêmico). -Talassemia intermediaria. -Talassemia maior (doença). * * * * TALASSEMIA * * TALASSEMIA Sintomas: Aparentemente saudáveis ao nascer. Os primeiros sinais aparecem no primeiro ano de vida: Anemia palidez, desânimo, falta de apetite e hipodesenvolvimento. Com o tempo tornam-se ictérico (a pele e a esclerótica ocular tornam-se amarelos). Esplenomegalia, hepatomegalia e cardiomegalia. Problemas cardíacos. Infecções. * * -TALASSEMIA Ocorre por redução de síntese das cadeias alfa. O controle genético da síntese de cadeias alfa é exercido por 4 genes, localizados no cromossoma 16. Indivíduos normais → (aa/aa). * * -TALASSEMIA Classificação pelo genótipo: aa/a- Geralmente assintomáticos. aa/-- Anemia discreta. a-/-- a-tal propriamente dita (anemia crônica). --/-- Hidropsia fetal (incompatível com a vida). * * -TALASSEMIA aa/a- Geralmente assintomáticos. ↓HbF, ↓HbA2, HbA1 discretamente diminuída e traços de HbH. aa/-- Apresenta anemia discreta. ↓HbF, ↓HbA2, HbA1 moderadamente diminuída e maior quantidade de HbH que o anterior. * * -TALASSEMIA a-/-- a-talassemia propriamente dita (anemia hemolítica crônica). ↓HbF, ↓HbA2, ↓HbA1 e ↑HbH. --/-- Incompatível com vida. HbBarts. * * -TALASSEMIA Diagnóstico laboratorial da Alfa Talassemia (a-/--): Hemograma: Redução de Hb, Hm e Hto. Global de leucócitos normal ou discretamente diminuída. Hipocromia e microcitose. Poiquilocitose com presença de hemácias em alvo, esquisócitos, dacriócitos, ovalócitos, corpúsculos de Howell-Jolly, eritroblastos e policromatofilia. * * -TALASSEMIA Diagnóstico laboratorial da Alfa Talassemia (a-/--): Contagem de Reticulócitos: aumentada. Dosagem de BI: elevada. Número de eritroblastos: elevado. * * -TALASSEMIA * * -TALASSEMIA Diagnóstico confirmatório da -Talassemia (a-/--): Pesquisa de hemácias contendo corpos de HbH positiva (aspecto de “bolinha de golfe”) usando o ACB. Obs: Nem sempre esta pesquisa é positiva. Eletroforese de Hb em pH alcalino. * * -TALASSEMIA * * -TALASSEMIA Eletroforese de hemoglobina em ph 8,6: HbA reduzida. HbA2 reduzida (não possui valor diagnóstico). HbF reduzida (não possui valor diagnóstico). HbH de 5 a 20%. * * -TALASSEMIA * * -TALASSEMIA Hidropsia Fetal (--/--) Incompatível com a vida pela ausência completa de cadeias alfa. Anemia acentuada ao nascimento. Intensa reticulocitose e eritroblastose (até 100%). Tetramerização de cadeia g Hb Bart´s (100% das hemácias). * * -TALASSEMIA . * * -TALASSEMIA * * -TALASSEMIA Ocorre por redução de síntese de cadeias beta. O controle genético da síntese de cadeias beta é exercido por 2 genes, localizados no cromossoma 11. Indivíduos normais → (b/b). (-/-) → b talassemia maior. (b/-) → b talassemia menor. * * -TALASSEMIA MAIOR Diagnóstico laboratorial Hemograma: Hm, Hb e Hto muito baixos. Microcitose e hipocromia. Policromatofilia. Poiquilocitose com presença de hemácias em alvo, esquisócitos, ovalócitos, dacriócitos, Howell-Jolly, anel de Cabot, pontilhado basófilo, etc. Acentuado número de eritroblastos: eritroblastose. * * -TALASSEMIA MAIOR Pontilhado basófilo * * -TALASSEMIA MAIOR Diagnóstico complementar: Dosagem de Ferro Sérico aumentada. Dosagem de BI aumentada. Contagem de Reticulócitos aumentada. * * -TALASSEMIA MAIOR Diagnóstico confirmatório: Coloração pelo azul de cresil brilhante (ACB): Pesquisa de corpos de HbH positiva. Corpos de Heinz (a4). Eletroforese de Hb em pH alcalino. * * -TALASSEMIA MAIOR * * -TALASSEMIA MAIOR Eletroforese de Hemoglobinas em pH 8,6 Ausência de HbA. Expansão de HbF 94 a 98%. Expansão de HbA2 2,0 a 10,0%. * * -TALASSEMIA MAIOR * * -TALASSEMIA MENOR Defeito na síntese de cadeia . Mecanismo compensatório ↑ síntese de cadeia (HbA2). Anemia hemolítica discreta, pois o gen compensa a redução de . * * -TALASSEMIA MENOR Anemia discreta, piora na gestação, em situações de estresse emocional ou patológico, em diabéticos, traumas mecânicos e hemorrágicos. A capacidade de expansão de gens para síntese de cadeia é de 10%. Quando se ultrapassa essa capacidade, há acionamento da síntese de cadeia para compensar. Existem casos em que não se encontra HbA1, pois a síntese de cadeia é totalmente suprimida. * * -TALASSEMIA MENOR Diagnóstico Laboratorial: Hemograma: Redução discreta de Hm, Hb e Hto. Microcitose e hipocromia discretas. Presença discreta de pontilhados basófilos. Discreta poiquilocitose. * * -TALASSEMIA MENOR Diagnóstico confirmatório: Eletroforese de Hb: HbA ~ 88%. HbF até 5%. HbA2 ~ 4 a 10%. Dosagem de HbA2 por cromatografia ou por eluição. * * -TALASSEMIA INTERMEDIÁRIA Esta forma de -talassemia é classificada com base nas evidências clínicas do paciente. As características clínicas são intermediárias entre b-talassemia maior e menor. Eletroforese: HbA diminuída. HbF entre 10 e 80%. HbA2 normal ou aumentada. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Conceito: Anemia provocada por um defeito genético na membrana das hemácias fazendo com que a membrana fique mais espessa e a hemácia tome a forma de uma esfera hipercorada. Principal causa deficiência de espectrina. A sobrevida dos esferócitos está bastante reduzida pois eles são destruídos precocemente pelo baço. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Espectrina proteína da membrana dos eritrócitos responsável pela manutenção de sua forma, estabilidade e deformabilidade. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Etiopatogênese: À medida em que essas hemácias vão passando pelo baço seu diâmetro vai se reduzindo. Traumatismos na membrana deformações, perda de pedaços da membrana e hemólise. Deficiência de Espectrina Alterações nas trocas de Na+ e K+ Perda da plasticidade e da flexibilidade Aumento da rigidez do glóbulo * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Consequências: Isquemia e micronecrose em vários órgãos. Anemia. Esplenomegalia. Diagnosticada na infância geralmente quando uma infecção exacerba o quadro hemolítico. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Diagnóstico Laboratorial: Hemograma: Hm, Hb e Hto diminuídos. Contagem de leucócitos e plaquetas normal ou discretamente aumentada. Desvio para a esquerda. Presença de esferócitos, corpúsculos de Howell-Jolly, pontilhado basófilo e anel de Cabot no esfregaço. CHCM: aumentado. VCM e HCM: aumentados, diminuídos ou normais. Policromatofilia. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Diagnóstico Complementar: Número de reticulócitos aumentado. Aumento de bilirrubina Indireta sérica. Aumento da Fragilidade Osmótica das Hemácias. Teste de Coombs Direto negativo. Aumento na atividade de LDH. * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Curva de fragilidade osmótica: * * ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Diagnóstico clínico: Icterícia. Esplenomegalia. * * OVALOCITOSE HEREDITÁRIA * * OVALOCITOSE HEREDITÁRIA Conceito: Doença hemolítica congênita, geralmente assintomática. O encurtamento da sobrevida das hemácias decorrente à ovalocitose é pequeno, de modo que a hemólise é compensada e raros são os pacientes anêmicos. * * OVALOCITOSE HEREDITÁRIA Diagnóstico Laboratorial: Sinais de anemia no hemograma. Presença de ovalócitos (25 a 100%). Reticulocitose. Bilirrubinemia. Fragilidade osmótica aumentada. * * OVALOCITOSE HEREDITÁRIA * * REFERÊNCIAS LORENZI, T. F.Manual de Hematologia –Propedêutica e clínica. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. ZAGO, M. A; FALCÃO, R. P; PASQUINI, R. Hematologia –Fundamentos e Prática. 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2004. RAVEL, R. Laboratório Clínico. 6ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. CARVALHO, M. G; SILVA, M. B. S. Hematologia –Técnicas laboratoriais e interpretação. 1ª. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1988. VERRASTRO, T; LORENZI, T F; NETO, S W. Hematologia e Hemoterapia – Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia 1ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
Compartilhar