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Os meios de apuração da substituição tributária progressiva no ICMS - Agatta da Costa Manso

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FUNDAÇÃO ARMANDO ÁLVARES PENTEADO 
FAAP – PÓS-GRADUAÇÃO 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO TRIBUTÁRIO 
EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
ÁGATTA DA COSTA MANSO 
 
 
 
 
 
OS MEIOS DE APURAÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA NO 
ICMS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 
2015 
 
1 
 
Ágatta da Costa Manso 
 
 
 
 
 
 
OS MEIOS DE APURAÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA NO 
ICMS 
 
 
 
Monografia apresentada à FAAP Pós-
Graduação, como parte dos requisitos 
para a aprovação no Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Direito 
Tributário Empresarial. 
 
 
 
 
 
Professor Dr. Alexandre Lucas Veltroni 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 
2015 
 
2 
 
Ágatta da Costa Manso 
 
 
 
 
OS MEIOS DE APURAÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA NO 
ICMS 
 
 
 
Monografia apresentada à FAAP Pós-
Graduação, como parte dos requisitos 
para a aprovação no Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Direito 
Tributário Empresarial. 
 
 
( ) Recomendamos exposição na biblioteca 
 
( ) Não recomendamos exposição na biblioteca 
 
 
 
Nota: ___________________________ 
 
 
 
São Paulo, _____ de _______________ de 2015. 
 
 
 
________________________________________ 
 Professor (a) 
 
 
 
________________________________________ 
 Professor (a) 
 
 
 
________________________________________ 
 Professor (a) 
 
3 
 
Agradecimentos 
 
 
Agradeço, primeiramente, a minha mãe Sideia Moreira da Costa Manso que me 
inspira diariamente com sua força e coragem. 
 
A todos os meus professores que trabalharam para meu aprimoramento, tanto como 
profissional quanto estudante, em especial ao Professor Alexandre Lucas Veltroni 
quem, brilhantemente, me auxiliou na elaboração do presente estudo. 
 
Ao meu marido Paulo Henrique dos Santos, que vem acompanhando diariamente 
minha evolução como pessoa; e a minha irmã Thábata da Costa Manso que, mesmo 
de longe, torce por meu futuro profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Resumo 
 
 
Manso, Ágatta da Costa. Meios de apuração da substituição tributária progressiva no 
ICMS. São Paulo, 2015. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato-
Sensu em Direito Tributário Empresarial. Fundação Armando Álvares Penteado. 
 
 
 
 
A presente pesquisa tem como tema central os meios de apuração da substituição 
tributária progressiva no ICMS. Objetiva-se demonstrar a correlação do instituto com 
os princípios constitucionais, as implicações práticas e o desafio dos contribuintes 
em entender seu procedimento. A substituição tributária é tema de muita discussão 
doutrinária e jurisprudencial. Um dos objetivos do estudo é simplificar essa 
sistemática, apresentando a dualidade de opiniões acerca do tema, tendo em vista 
que a maioria da doutrina a entende como inconstitucional, diferente de como a 
entendem os tribunais superiores. O Fisco visa sempre à arrecadação mais eficiente 
e ágil, criando mecanismo para que essa premissa se efetive. Dentro desse 
contexto, faz-se necessário a observação das posições doutrinárias a favor e contra 
sua instituição e os mecanismos para adequação da sistemática à realidade dos 
contribuintes. 
 
 
 
 
 
 
Palavras chave: Princípios. ICMS. Substituição tributária. Regra matriz de 
incidência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
Introdução ..........................................................................................................6 
 
1 A competência tributária e as limitações ao poder de tributar ..................8 
1.1 Competência tributária ...................................................................................9 
1.2 Limites ao poder de tributar ...........................................................................12 
1.2.1 Princípio da legalidade ...............................................................................15 
1.2.3 Princípio da igualdade tributária e da capacidade contributiva ..................18 
1.2.4 Princípio da vedação ao confisco ...............................................................21 
1.3 Princípio da não-cumulatividade.....................................................................23 
 
2 Substituição tributária no ICMS .....................................................................28 
2.1 Conceito de substituição tributária .................................................................28 
2.2 Sujeição passiva tributária: contribuinte e responsável..................................35 
2.3 Substituição tributária progressiva no ICMS ..................................................41 
2.4 Análise da constitucionalidade........................................................................45 
 
3 Meios de apuração da substituição tributária progressiva no ICMS .........54 
3.1 Base de cálculo do ICMS/ST..........................................................................54 
3.2 Pauta Fiscal ...................................................................................................60 
3.3 Margem de Valor Agregado ...........................................................................66 
 
Conclusão ...........................................................................................................70 
 
Referências bibliográficas .................................................................................72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Introdução 
 
 
 A substituição tributária no ICMS é um instituto muito questionado no meio 
jurídico e está divida em substituição tributária regressiva, concomitante e 
progressiva. A modalidade tratada na presente pesquisa refere-se à substituição 
tributária progressiva, ou para frente. 
 
Sua sistemática consiste no recolhimento do ICMS por um único contribuinte, 
o substituto tributário, quem, geralmente, ocupa a primeira posição na cadeia de 
circulação de mercadoria. 
 
Essa modalidade de tributação tem como objetivo inibir a sonegação, facilitar 
a fiscalização, pautada no princípio da praticidade fiscal. 
 
Utiliza-se para apuração do tributo uma base de cálculo presumida, que 
consiste em uma estimativa do valor de mercado, pago pelo consumidor ao final da 
cadeia de circulação. Na maior parte das vezes, essa presunção não está de acordo 
com a realidade econômica, o que vem ensejando uma grande discussão 
doutrinária, a partir do momento em que sua constitucionalidade foi declarada pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
 
 Além disso, a economia de um país pode sofrer alterações durante o ano 
fiscal, não sendo possível a aplicação das presunções em momentos de 
instabilidade. 
 
 Dessa forma, a presente pesquisa tem por objetivo discutir a compreensão 
prática da sistemática da substituição tributária progressiva, os meios de cálculo, e 
os principais impactos sociais advindos das determinações legais na qual se baseia. 
 
7 
 
 O primeiro capítulo inicia-se com a análise dos princípios elimitações 
constitucionais ao poder de tributar que estão relacionados ao tema, inclusive as 
teses de inconstitucionalidade ventilada por doutrinadores como Roque Antônio 
Carrazza (2012), Sacha Calmon Navarro (2006), José Roberto Rosa (2011), entre 
outros. Ao final do capítulo, aborda-se acerca do princípio da não-cumulatividade, 
que tem por objetivo o de detalhar a sistemática do ICMS. 
 
 No segundo capítulo, o instituto é conceituado em suas três modalidades, em 
que se frisa, em tópico próprio, o tema central da pesquisa. Apresenta-se a figura do 
responsável da relação jurídico-tributária, qual seja o substituto. E por fim, realiza-se 
uma análise jurídico-doutrinária de constitucionalidade, demonstrando as posições 
divergentes sobre o tema. 
 
 Finalmente, no terceiro capítulo, é demonstrado os meios e a complexidade 
de apuração do imposto, pautadas nas legislações que instituem a sistemática da 
substituição tributária progressiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1 A competência tributária e as limitações ao poder de tributar 
 
 
 Os entes públicos são dotados de competência para a criação, majoração e 
exclusão dos tributos, aptidão conferida pela Constituição Federal à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Essa outorga não é ilimitada, visto 
que os direitos e garantias fundamentais devem ser respeitados, dentre outras 
especificações trazidas no Texto Constitucional. 
 
As barreiras contidas na Constituição Federal são as relacionadas às 
limitações ao poder de tributar, ou seja, um conjunto de regras principiológicas que 
devem ser respeitadas para que um certo tributo esteja de acordo com o 
ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Entretanto, cada ente é livre para instituir e criar tributos de seu interesse, 
mas o principal ponto da competência tributária é que essa dita liberdade não é 
absoluta, devendo ser observados as normas, os princípios, as determinações 
constitucionais e infraconstitucionais. 
 
Entre os princípios limitadores aqui tratados, também faz-se necessário 
abordar os princípios vinculados ao ICMS, tributo sob estudo, que será demonstrado 
mais detalhadamente nos capítulos posteriores. 
 
 Por fim, aborda-se acerca do princípio da não-cumulatividade para detalhar-
se mais precisamente o conceito e os mecanismos do ICMS, pois toda a sistemática 
de cobrança do tributo é pautada nele. 
 
 
 
 
9 
 
1.1 Competência tributária 
 
 
 A Constituição Federal prescreve um sistema misto de competência ao 
repartir entre os entes tributantes a criação de certos tributos. Desde que sejam 
observados os limites impostos pela Carta Magna, cabem à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios definir a base de cálculo, o fato gerador e a 
abrangência de cada tributo. 
 
A função de dispor sobre os conflitos de competência, regular as limitações 
ao poder de tributar e o estabelecimento de normas, em matéria de legislação 
tributária, é privativo da Lei Complementar, de acordo com o disposto no artigo 146 
do texto Constitucional. 
 
Dito de outra forma, competência tributária, de acordo com Roque Antônio 
Carrazza (1999, p. 55) é: 
 
[...] a possibilidade jurídica de criar, in abstracto, tributos, descrevendo, 
legislativamente, suas hipóteses de incidência, seus sujeitos ativos, seus 
sujeitos passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas. Como corolário 
disto, temos que exercitar a competência tributária e dar nascimento, no 
plano abstrato, a tributos. 
 
Portanto, competência tributária é a possibilidade jurídica atribuída aos entes 
públicos para a criação de tributos, em que a lei deverá estabelecer sua hipótese de 
incidência1, os sujeitos vinculados, sua base de cálculo e alíquota. Por meio dela é 
que ocorrerá o “nascimento” dos tributos. 
 
 
 
 
1
 Geraldo Ataliba (1999, p. 50) relaciona hipótese de incidência ao conceito legal (descrição legal 
hipotética de um fato, estado de fato ou conjunto de circunstâncias de fato) e “fato imponível” ao fato 
efetivamente acontecido, num determinado tempo e lugar, configurando, rigorosamente, a hipótese 
de incidência. 
10 
 
Para Paulo de Barros Carvalho (2004, p. 155): 
 
A competência legislativa é a aptidão de que são dotadas as pessoas 
políticas para expedir regras jurídicas, inovando o ordenamento positivo. Ela 
se efetiva por meio da observância de uma série de atos, cujo conjunto 
caracteriza o procedimento legislativo. 
 
Trata-se de aplicação da regra matriz de incidência, que disciplina a relação 
jurídico-tributária entre o fisco e o contribuinte e na qual, por meio de um fato 
descrito em lei, se verifica no mundo fenomênico um fato imponível. Ainda de acordo 
com o entendimento de Paulo de Barros Carvalho (2004, p. 378): 
 
Ora, a regra matriz de incidência tributária é, por excelência, uma norma de 
conduta, vertida imediatamente para disciplinar a relação do Estado com 
seus súditos, tendo em vista contribuições pecuniárias. Concretizando-se os 
fatos descritos na hipótese, dever-ser a consequência, e esta, por sua vez, 
prescreve uma obrigação patrimonial. Nela, encontraremos uma pessoa 
(sujeito passivo) obrigada a cumprir uma prestação em dinheiro. Eis 
o dever-ser modalizado. 
 
 Já, na visão de Roque Antônio Carrazza (2009, p. 479): 
 
A Constituição, ao discriminar as competências tributárias, estabeleceu – 
ainda que, por vezes, de modo implícito e com uma certa margem de 
liberdade para o legislador – a norma padrão de incidência (o arquétipo, a 
regra matriz) de cada exação. Noutros termos, a lei apontou a hipótese de 
incidência possível, a base de cálculo possível e a alíquota possível, das 
várias espécies e subespécies de tributos. Em síntese, o legislador, ao 
exercitar a competência tributária, deverá ser fiel à norma de incidência do 
tributo, pré-traçada na Constituição. O legislador (federal, estadual, 
municipal ou distrital), enquanto cria o tributo, não pode fugir deste 
arquétipo constitucional. 
 
 O ente detentor da competência tributária deve legislar, inovando, criando ou 
modificando um tributo, com respeito às limitações impostas, principalmente no que 
se refere ao princípio da legalidade. 
 
 
11 
 
Para fins didáticos, a distribuição da competência tributária divide-se em três 
modalidades: sendo a privativa, na qual a atribuição é exclusiva a um ente político; a 
residual, atribuída à União, para instituir impostos sobre situações não previstas; a 
comum, atribuída a todos os entes políticos, para a instituição de taxas e 
contribuições de melhorias. 
 
No que se refere à competência federal, o legislador federal sofre as 
restrições previstas na Constituição Federal e na Lei Complementar (CTN); 
o legislador estadual, além das normas referidas para a União, sofre as 
restrições da Constituição Estadual; e o legislador municipal, além das 
normas referidas para a União e os Estados-membros, sofre restrições 
previstas na Lei Orgânica dos Municípios (ICHIHARA, 1994, p. 90). 
 
Dessa forma, o legislador, ao editar a norma tributária, deve ater-se 
exatamente, à Constituição Federal para a criação do tributo. Contudo, se não 
houver a descrição do fato gerador, do contribuinte, da base de cálculo e da 
alíquota, o tributo não poderá ser exigido. 
 
Quanto à competência tributária para legislar, são os Estados e o Distrito 
Federal que devem instituir leis relativas ao ICMS, previsto no artigo 155, inciso II da 
Constituição Federal. Ocorre que, para estabelecer as normas gerais, em matéria 
tributária, faz-se necessária aelaboração de uma Lei Complementar (Lei Kandir - 
LC n° 87/1996) que delimita as regras básicas a respeito do imposto, devendo ser 
rigorosamente observadas pelos entes tributantes. 
 
Os Estados e o Distrito Federal devem observar os dispositivos da lei 
complementar e legislar ordinariamente sobre o ICMS. Para o estabelecimento da 
alíquota, deve-se atentar para a tabela definida pelo Senado Federal que fixa um 
percentual mínimo, de acordo com artigo 155, §2º, inciso IV a VIII da Constituição 
Federal. 
 
 
 
 
12 
 
Roque Antônio Carrazza (2012, p. 100) aduz: 
 
Este é um nítido caso de resolução reguladora de ‘limitações constitucionais 
ao poder de tributar’. Melhor explicitando, a Constituição, no dispositivo em 
exame, contém uma limitação à competência estadual e do Distrito Federal 
para tributar, por meio de ICMS, que a resolução do Senado poderá regular. 
 
A instituição do ICMS só pode deixar de ocorrer se houver a celebração de 
Convênios entre os Estados e o Distrito Federal firmados pelos governadores e 
ratificados por meio de decretos legislativos. Tendo em vista sua função econômica-
arrecadatória. 
 
Nos dizeres de Roque Antônio Carrazza (1999, p. 54): 
 
[...] à criação de tributos, tarefa exclusivamente legislativa e, não sua mera 
arrecadação, mister que se relaciona com o exercício da função legislativa. 
O exercício da competência tributária é uma das manifestações do exercício 
da função legislativa, que deflui da Constituição. Em suma criar tributos é 
legislar; arrecadá-los, administrar. [...] é a faculdade potencial que a 
Constituição confere a determinadas pessoas, para que tributem. 
 
Portanto, as competências tributárias são indelegáveis e irrenunciáveis, isso 
garante a rigidez constitucional, dificultando as alterações no Texto Magno. No 
entanto, o constituinte tem o poder absoluto para instituir órgãos e competências que 
bem entender, bem como suas regras de funcionamento. 
 
 
1.2 Limites ao poder de tributar 
 
 
 A competência tributária não está prevista de maneira ilimitada, ou seja, a 
Constituição Federal também reservou matéria para tratar das limitações de forma a 
resguardar os valores relevantes, em forma de princípios e imunidades 
constitucionais. 
13 
 
 José Souto Maior Borges (1978, p. 378), afirma que: 
 
 A competência tributária já nasce limitada. É como que um perfil resultante 
de um desenho constitucional, não só com as normas autorizativas que 
definem positivamente o exercício do poder fiscal, mas também como 
normas limitativas, quer dizer, as normas que determinam os limites que 
esse poder poderá ser exercido, ou deverá ser exercido. 
 
 De acordo com Hugo de Brito Machado (2003, p. 39), os “[...] princípios têm 
por escopo proteger o cidadão dos abusos do poder, sendo a Constituição um 
instrumento de defesa do cidadão contra o Estado”. 
 
 Portanto, vale-se a Constituição Federal de garantias e limitações para a 
criação de tributos que devem ser observado pelos Entes Tributantes. O contribuinte 
será sempre parte hipossuficiente na relação jurídico tributária. As limitações não se 
esgotam apenas no capítulo a elas destinado, mas em todos os meios legais 
existentes no Brasil. 
 
O texto constitucional abrange determinados princípios que regulam a 
tributação, impondo limitações ao ente tributante, que deverá prosseguir 
com a imposição de fatos imponíveis, respeitando os ditames esculpidos 
pela própria Constituição Federal (ZOUAIN, 2011, p. 65). 
 
Na visão do Fisco, as limitações constituem restrições ao poder de tributar. Já 
para os contribuintes são instrumentos de proteção e resistência à pretensão estatal. 
Nelas estão contidas os valores e as aspirações sociais capazes de influenciar na 
interpretação das normas. 
 
De acordo com Luciano Amaro (2007, p.107): 
 
As chamadas limitações ao poder de tributar integram um conjunto de 
traços que demarcam o campo, o modo, a forma e a intensidade de atuação 
do poder de tributar. 
 
 
14 
 
 Entretanto, para que um tributo seja considerado constitucional, ou para que 
esteja de acordo com os mandamentos previstos em nosso ordenamento jurídico 
vigente, faz-se necessário a observância das referidas limitações. 
 
 Sacha Calmon Navarro Coelho (2006, p. 189) assevera: 
 
Para começar, ditos princípios traduzem no âmago e em suas expansões 
projeções de direitos fundamentais, ou melhor, no miolo, são garantias de 
direitos fundamentais, notadamente capacidade, liberdade, dignidade 
humana, propriedade e igualdade, além de valores republicanos, 
federalistas e solidaristas. 
 
Os princípios considerados limitadores ao poder de tributar são: o princípio da 
legalidade, da isonomia, da irretroatividade, da anterioridade, da proibição ao 
confisco, da liberdade ao tráfego e as imunidades. Há, ainda, o entendimento, de 
que as limitações não se esgotam na Seção “Limitações ao poder de tributar”, sendo 
encontrados em normas esparsas de outros capítulos da Constituição assim como 
em leis complementares e outros tipos normativos. 
 
De acordo com as observações feitas por Hugo de Brito Machado (2003, p. 
233), este afirma: 
 
Em sentido amplo, é possível entender-se como limitação ao poder de 
tributar toda e qualquer restrição imposta pelo sistema jurídico às entidades 
dotadas desse poder. Aliás, toda atribuição de competência implica 
necessariamente limitação. A descrição da competência atribuída, seu 
desenho, estabelece os seus limites. Em sentido restrito, entende-se como 
limitações do poder de tributar o conjunto de regras estabelecidas pela 
Constituição Federal, em seus arts. 150 a 152, nas quais residem princípios 
fundamentais do Direito Constitucional Tributário [...]. 
 
 A presente pesquisa abordará apenas as limitações que envolvam as teses 
de inconstitucionalidade no âmbito da Substituição Tributária Progressiva, conforme 
se notará a seguir. 
 
 
15 
 
1.2.1 Princípio da Legalidade 
 
 
 O Princípio da Legalidade apresenta-se como a primeira limitação ao poder 
de tributar. Descrito no artigo 150, inciso I, da Constituição Federal e também no 
artigo 97 do Código Tributário Nacional, ele se apresenta nos seguintes termos: 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir 
ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça [...]. 
 
 O referido princípio visa garantir a segurança jurídica e os ideais de justiça 
aos contribuintes, tendo em vista a necessidade de lei para qualquer imposição 
estatal. 
 
 A Constituição Federal distribui as competências de cada ente na instituição, 
cobrança e majoração dos tributos, cabendo ao legislador ordinário especificar os 
modelos previstos, dentro dos limites já aduzidos. 
 
 Sendo que todos os tributos dependam de lei para serem válidos, o Princípio 
da Legalidade será um limite intransponível à atuação do Fisco. O texto 
constitucional descreve as matérias que devam ser instituídas por meio de lei 
complementar e, por exclusão, as demais matérias são tratadas por meio de lei 
ordinária. 
 
 Luciano Amaro (2007, p 168) preleciona: 
 
As leis complementares prestam-se a dois tipos de atuação em matéria 
tributária. Na quase totalidade das hipóteses, a Constituição lhes confere 
tarefas dentro de sua função precípua (de “complementar” as disposições 
sobre conflitos de competência, em matéria tributária), [...] explicitando, por 
exemplo, a demarcação da linha divisória do ICMS, ou a regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar, desdobrando as exigências 
do princípio da legalidade,regulando as imunidades tributárias etc. [...]. 
16 
 
 Tal regra admite exceções no que se refere à majoração de tributos, a qual 
poderá ocorrer por meio de ato do Poder Executivo. Trata-se dos tributos 
denominados extrafiscais, os quais têm por objetivo a regulação da economia do 
país. 
 
É mister que a lei defina in abstracto todos os aspectos relevantes para que, 
in concreto, se possa determinar quem terá de pagar, quanto, a quem, a 
vista de que fatos ou circunstâncias (AMARO, 2007, p. 112). 
 
 O Princípio da Legalidade está atrelado ao princípio da tipicidade fechada (ou 
estrita legalidade), e ambos são de suma importância, pois o fato tributário deve ser 
previsto em lei e para que haja o nascimento da obrigação tributária, é necessária a 
subsunção2 do fato concreto com a hipótese de incidência legalmente prevista. 
 
A tipicidade cerrada funde-se na premissa de que o legislador contempla 
todos os elementos da hipótese de incidência tributária relativos à obrigação 
principal (credor, devedor, materialidade, base de cálculo, alíquota, 
momento e local da ocorrência do denominado fato gerador), e aos deveres 
instrumentais (notas e livros fiscais, informações). Significa a completude do 
sistema jurídico, prestigiando-se os princípios da segurança e da certeza do 
direito (MELO 2008, p. 19). 
 
As obrigações só podem ser exigidas se previstas em lei, caso contrário a lei 
torna-se inconstitucional, violando os princípios e se apoderando dos rendimentos 
obtidos pelo contribuinte de forma confiscatória. 
 
Ambos os princípios, a legalidade e a tipicidade, são muito importantes para o 
contribuinte, pois cooperam de maneira decisiva para a segurança jurídica das 
relações. Garantindo aos contribuintes a justa cobrança de impostos instituídos por 
meio de leis. 
 
 
 
2
 A operação lógica de inclusão de um elemento em uma classe é chamada de “subsunção”. 
Satisfazendo aos requisitos de pertinencialidade a certa classe “C”, um objeto determinado (“o”) nela 
se subsume. Assim fica claro, que a incidência da regra não ocorrerá como norma individual e 
concreta, dando conta da subsunção do fato à classe de acontecimentos descritos no suposto, caso 
não seja expedida pelo órgão competente (CARVALHO, 2012, p 75). 
17 
 
O Princípio da Tipicidade impõe a exigência do tributo no mundo fenomênico 
e com a previsão legal nasce à obrigação tributária, dando origem, então, ao crédito 
tributário e ao direito á exigência do tributo. Assim, para que o tributo seja exigido, é 
necessário que um fato esteja juridicamente enquadrado em lei, ou seja, haja a 
ocorrência do fato gerador. 
 
De acordo com as afirmações de Roque Antônio Carrazza (2012, p. 386), 
 
Um tributo só pode nascer após a ocorrência do fato gerador. Dito de outra 
maneira, o tributo só pode ser validamente exigido quando nasceu por 
vontade de lei. 
 
 A Constituição Federal ainda determina que, para tratar de assuntos sobre a 
substituição tributária, é necessária a disposição em lei complementar. Desta forma, 
qualquer outro meio legal que trate dessa aludida matéria deverá ser considerado 
inconstitucional, se analisados os princípios apresentados na Carta Magna. 
 
 Em crítica aos artigos 5º a 8º da Lei Complementar 87/1996, Roque Antonio 
Carrazza (2012, p. 379) assegura: 
 
Inconstitucional, portanto os aludidos artigos quando delegaram à lei 
ordinária dos Estados e do Distrito Federal competências para esmiuçar a 
substituição tributária no ICMS. Muito bem, estes ditames constitucionais 
foram afrontados pelos arts. 5 e 6 da Lei Complementar 87/96, que, em 
síntese, autorizam a lei ordinária dos Estados e Distrito Federal a dispor 
sobre substituição tributária no ICMS. 
 
Na substituição tributária, utiliza-se uma base de cálculo fundada em valores 
presumidos, sempre a maior que o valor real do produto. Dessa forma, a hipótese de 
incidência não é realmente calculada, gerando a insegurança jurídica para os 
contribuintes. Trata-se de ficção normativa, pois não ocorreu o fato gerador, não 
havendo riqueza a ser tributada. 
 
 
18 
 
De acordo com a afirmação de Luciano Amaro (2007, p. 115), com o prescrito 
no parágrafo 7º do artigo 150 da Constituição Federal, “[...] pretende-se autorizar a 
cobrança do tributo de alguém que nem sequer realizou o fato futuro”. 
 
Portanto, se a substituição tributária for analisada de acordo com o princípio 
da legalidade e a ocorrência do fato gerador, que, no caso é presumido, trata-se de 
manifesta inconstitucionalidade. 
 
 
1.2.2 Princípio da igualdade tributária e da capacidade contributiva 
 
 
O princípio da isonomia está estatuído no artigo 150, inciso II, da 
Constituição, e veda que todos os entes administrativos instituam tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, 
proibindo qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles 
exercida, independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. 
 
Esse dispositivo guarda relação com a previsão do princípio da igualdade, 
previsto no artigo 5º, caput, da Carta Política e corrobora a diminuição das 
desigualdades sociais e regionais, que constitui um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil, nos tempos do artigo 3º, III, da Constituição 
Federal (ZOUAIN, 2011, p. 75). 
 
Trata-se de uma real afirmação do princípio da legalidade, uma vez que, ao 
garantir que todos são iguais, legalmente, reitera-se a ideia de que o tributo só 
poderá ser instituído por meio de lei. 
 
O que, no estágio atual de interpretação do Princípio da Igualdade, é 
buscado de forma que ‘a igualdade perante a lei signifique igualdade por 
meio da lei, vale dizer, que seja a lei o instrumento criador das igualdades 
possíveis e necessárias ao florescimento das relações justas e equilibradas 
entre as pessoas’ (ROCHA, 1994, p. 118). 
 
19 
 
No Direito Tributário, a isonomia também é amplamente ligada à 
proporcionalidade, cuja cobrança do tributo deverá ser proporcional aos bens e aos 
gastos de cada contribuinte. 
 
Ambos os princípios também estão atrelados à capacidade contributiva, ou 
seja, faz-se necessário que se observe a capacidade do contribuinte para quitar uma 
obrigação, sem ignorar as diferenças existentes entre eles. 
 
De acordo com Regina Helena Costa (2003, p. 30), o princípio da capacidade 
contributiva atua como um limitador da tributação: 
 
Sendo critério de graduação do imposto, a capacidade contributiva atuará, 
outrossim, como limite de tributação, permitindo a manutenção do ‘mínimo 
vital’ e obstando a que a progressividade tributária atinja níveis de confisco 
ou de cerceamento de outros direitos constitucionais. 
 
 Dessa forma, com o objetivo de garantir a isonomia entre todos os 
contribuintes, é de suma importância a observação do princípio da proporcionalidade 
e da capacidade contributiva, tributando apenas os fatos que apresentem 
significativa presunção de riqueza. 
 
 Roque Antônio Carrazza (2012, p. 74) atrela um princípio ao outro quando 
expõe: 
 
O princípio da capacidade contributiva hospeda-se nas dobras do princípio 
da igualdade e ajuda a realizar, no campo tributário, os ideais republicanos. 
[...]. As pessoas, pois, devem pagar impostos na proporção dos seus 
haveres, ou seja, de seus índices de riqueza. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 E, ainda, Alfredo Augusto Becker (1998, p. 491) disserta: 
 
O princípio da capacidade contributiva é o corolário (tributar desigualmente 
os desiguais, na medida em que se desigualam) do fundamentalismo do 
princípio da igualdadeque rege a contínua integração ou desintegração 
atômica do Estado. Capacidade contributiva é sinônimo de Justiça 
Tributária. Em síntese: o princípio da tributação segundo a capacidade 
contributiva é uma genuína regra de Direito Natural. 
 
O princípio da capacidade contributiva garante ao contribuinte o direito de 
pagar exatamente o montante devido na operação tributária. Em observância ao 
princípio da tipicidade e à segurança jurídica, no que se refere à base de cálculo 
estimada (por meio de tabelas, pautas fiscais, indicações de fabricante), o regime de 
substituição tributária é uma afronta aos ditames constitucionais. O contribuinte não 
pode ser compelido a recolher quantia aproximada, tendo em vista enriquecimento 
ilícito por parte das Fazendas Públicas. 
 
O Ministro Carlos Veloso, ao se posicionar quanto ao voto divergente na ADI 
nº 1851/AL, proferiu a seguinte decisão na ADI 2675/PE: 
 
[...] Sendo a base de cálculo do fato gerador sua dimensão material ou 
expressão valorativa, na hipótese de a operação realizar-se em valor inferior 
aquele presumido, deve ser devolvida ao contribuinte a quantia recolhida a 
maior, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado. [...] (ADI 2675/PE, rel. 
Min. Carlos Velloso e ADI 2777/SP, rel. Min. Cezar Peluso, P. 26 e 27 
nov.2003. (ADI-2675 - ADI-2777. Acesso em 04 out. 2014). 
 
Além da atividade de estimar um valor para os produtos, que em muitas vezes 
são fictícias, levando em consideração a instabilidade econômica na qual o país se 
encontra, ocorre, ainda, a não observância da capacidade do contribuinte em solver 
suas obrigações tributárias. 
 
 Contudo, os tributos devem incidir de forma a não retirar dos indivíduos as 
condições mínimas para seu sustento e de sua família, para que não sejam 
imputadas a eles regras confiscatórias, respeitando o mínimo existencial. 
 
21 
 
Nos dizeres de José Eduardo Soares de Melo (2008, p. 30): 
 
Este princípio, que se vincula com o princípio da vedação ao confisco, 
significa um dos fundamentos basilares da tributação, como autentico 
corolário do princípio da isonomia, verdadeiro sinônimo da justiça fiscal. 
 
 Portanto, a igualdade tributária está relacionada às regras de 
proporcionalidade de instituição de impostos, à dignidade da pessoa humana e à 
capacidade contributiva, visando à paz e justiça social. 
 
 
1.2.3 Princípio da vedação ao confisco 
 
 
O princípio da vedação ao confisco está prescrito no artigo 150, inciso IV da 
Constituição Federal que veda, aos entes, a instituição de tributo com efeito 
confiscatório. O objetivo constitucional é impedir que o Fisco se utilize de seu poder 
e de sua estrutura administrativa, com o pretexto de cobrar tributo e de se apossar 
dos bens dos contribuintes. 
 
Antônio Roberto de Sampaio Dória (1986, p. 194) define confisco como a 
absorção da propriedade particular, pelo Estado, sem justa indenização. 
 
Segundo Renato Sorroce Zouain (2011, p. 79): 
 
Por esse princípio, proíbe-se que, por meio da cobrança do tributo, seja o 
contribuinte tolhido de seus bens, de modo a perdê-los em virtude de uma 
tributação voraz, sem ser pautada na razoabilidade e proporcionalidade, 
que em conjunto com a capacidade contributiva, constituem as nuanças 
balizadoras desse princípio. 
 
 
22 
 
O princípio do não confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade 
contributiva, visando à preservação da capacidade econômica do indivíduo. Trata-se 
de um critério informador aos intérpretes e julgadores, que decidirão se o tributo é ou 
não confiscatório. 
 
Desde que a tributação respeite os limites constitucionais, a transferência de 
riqueza do contribuinte ao Estado por meio de tributos é legítima e não confiscatória. 
O que se objetiva com o presente princípio é evitar os excessos na tributação. 
 
Contudo, trata-se de um princípio de difícil aplicação, pois não há critérios 
seguros para ser auferido em dadas situações. Isto ocorre porque os níveis mínimos 
e máximos não foram bem delimitados pela Constituição e pela legislação 
infraconstitucional. 
 
Conforme preleciona Paulo de Barros Carvalho (2004, p. 107): 
 
O problema reside na definição do conceito, na delimitação da ideia, como 
limite a partir do qual incide a vedação do art. 150, IV, da Constituição 
Federal. Aquilo que para alguns tem efeitos confiscatórios, para outros pode 
perfeitamente apresentar-se como forma lidima de exigência tributária. 
 
 O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de que o poder público não 
pode agir imoderadamente, principalmente em matéria tributária, uma vez que a 
atividade estatal é pautada na razoabilidade, limitando a ação legal do Poder 
Legislativo. Assim, o confisco ocorre sempre que incidências múltiplas de tributos 
afetem, substancialmente, de maneira não razoável o patrimônio do contribuinte. 
 
A tese de inconstitucionalidade, aplicada ao referido princípio, será abordada 
em capítulo posterior. A crítica gira em torno da presunção do fato gerador, pois a 
cobrança do tributo, sem sua ocorrência, resulta em atividade confiscatória, ferindo o 
princípio da segurança jurídica e da vedação ao confisco. 
 
23 
 
No momento em que não haja a certeza de que a atividade mercantil 
ocorrerá, ou, ainda, de que a mercadoria não perecerá, esta dita incerteza é 
confiscatória, sendo, portanto, inconstitucional. 
 
De acordo com José Eduardo Soares Melo (2008, p. 114): 
 
Supor que um fato tributário acontecerá não é jamais o mesmo que tornar 
concreta sua existência, de modo que a conferir segurança e certeza a uma 
exigência tributária. 
 
Portanto, para que o regime de substituição tributária seja constitucionalmente 
aceito, faz-se necessária à observância de todos os princípios constitucionais 
limitadores. 
 
 
1.3 Princípio da não-cumulatividade 
 
 
 O princípio da não-cumulatividade garante a todo realizador de operação 
mercantil o direito de creditar-se do montante do tributo cobrado em operações 
anteriores, pelo mesmo ou outro Estado diferente ou pelo Distrito Federal (Art. 155, 
§ 2º, I, CF). 
 
O referido princípio não se inclui no rol de princípios limitadores, mas também 
garante ao contribuinte segurança jurídica e igualdade nas relações, principalmente 
no que se refere ao ICMS. 
 
A não-cumulatividade no ICMS visa evitar o indesejável efeito conhecido 
como “cascata” ou “piramidização”, fenômeno que prejudica as atividades 
econômicas, já que onera, repetida e sobrepostamente, todas as etapas da 
circulação de bens e da prestação de serviços (CARRAZZA, 2012, p. 399-
400). 
 
24 
 
 No decorrer da cadeia comercial, com a vigência desse princípio, cada 
contribuinte que leva a mercadoria do produtor ao consumidor final terá direito a uma 
carga tributária ideal, deduzindo o tributo devido nas operações anteriores. 
 
O princípio da não-cumulatividade garante, ao contribuinte, o pleno 
aproveitamento dos créditos de ICMS e tem o escopo de evitar que a carga 
econômica do tributo (i) distorça as formações dos preços das mercadorias 
ou dos serviços de transporte transmunicipal e de comunicação, e (ii) afete 
a competitividade das empresas (CARRAZZA, 2012, p. 400). 
 
 A não-cumulatividade é um princípio de grande importância à economia do 
país. Sua supressão no âmbito jurídico causaria um colapso econômico, gerando um 
custo indesejável aos produtos e serviços, o que implicaria no aumento do custo de 
vida da população e na redução dos investimentos empresariais. 
 
 Cada operação, na cadeia de circulação da mercadoria, determina o 
surgimento de uma relação de crédito, e, com isso, a garantia ao abatimento.Assim, 
o ICMS será não cumulativo, porque é assegurada a cada contribuinte uma dedução 
dos valores cobrados em operações anteriores. 
 
De acordo com Ives Gandra Martins (2014), em artigo recentemente 
publicado: 
 
O certo, todavia, é que em virtude do princípio da não-cumulatividade, a 
sistemática da compensação é inerente ao imposto. A tributação incidente 
sobre o produto final, apurada mediante a aplicação da alíquota 
estabelecida em lei sobre a base de cálculo da operação em que se dá a 
entrega ao consumidor, deve corresponder à soma das incidências 
ocorridas ao longo de todo o ciclo circulatório, o que se alcança 
compensando-se, em cada operação, o valor das incidências anteriores, 
para evitar a acumulação, ou a chamada tributação em cascata. 
 
 
 
 
25 
 
A impossibilidade de creditar-se ocorre apenas em operações isentas ou não 
tributadas, caso contrário deverá ocorrer em todas as etapas de circulação da 
mercadoria, no caso do ICMS. Portanto, caso ocorra isenção ou não incidência no 
meio do ciclo, a anulação do ICMS se dará nas operações anteriores e posteriores. 
 
A norma segundo a qual a isenção ou não-incidência salva determinação 
em contrário da legislação, não implicará crédito para compensação com o 
montante devido nas operações ou prestações seguintes, Constituição 
Federal art.155, § 2º, inciso II, alínea a, deve ser entendida em consonância 
com o princípio da não -cumulatividade, que não pode por ela restar 
anulado. Para tanto, pois, tem-se de considerar as várias situações nas 
quais se verifica a exoneração do imposto. A não ser assim, a isenção do 
ICMS deixará de produzir o seu efeito essencial. Deixará de ser um 
instrumento de redução da carga tributária, para ser um instrumento de 
agravamento dessa carga. Se a isenção ou nãoincidência puder cortar a 
cadeia de circulação, impedindo que o crédito relativo às operações 
anteriores, nas quais se deu à incidência do imposto, seja transferido para o 
adquirente, a isenção ou não-incidência estará transformada em 
agravamento do ônus, na medida em que faz cumulativo o imposto, e não é 
razoável admitir-se que o constituinte pretendeu fazer da isenção um 
instrumento de majoração do imposto (MACHADO, 1997, p. 138). 
 
 De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal a apuração com 
a sistemática diferenciada da substituição tributária não apresentará nenhuma 
alteração principiológica, pois foi conferido à lei complementar disposição sobre o 
regime de compensação do ICMS. 
 
Dessa forma, a Lei Complementar 87/96 transferiu aos Estados e ao Distrito 
Federal a responsabilidade para dispor sobre a arrecadação na substituição 
tributária, sendo o tributo apurado de forma individual em cada operação, 
diferentemente da apuração convencional, cujo regime de compensação é realizado 
com períodos determinados. 
 
 De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a sistemática 
da substituição tributária está totalmente de acordo com o princípio da não-
cumulatividade e ainda com os princípios limitadores. 
 
 
26 
 
 Conforme nota-se na jurisprudência: 
 
TRIBUTÁRIO. ICMS. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. SUBSTITUIÇÃO 
TRIBUTÁRIA. EXIGÊNCIA LEGITIMA. 1. O recolhimento antecipado do 
ICMS, pelo substituto tributário, não caracteriza pagamento do imposto 
antes da ocorrência do fato gerador. 2. “O momento de incidência da lei 
para fazer gerar a obrigação tributária não se confunde com ato de 
recolhimento do tributo” [...] 4. O regime de recolhimento do ICMS 
antecipado por substituto tributário não pratica ofensa ao princípio da 
legalidade, da capacidade contributiva e da não-cumulatividade do tributo. 
Não caracteriza, também, vinculação do substituto tributário com o fato 
gerador. [...] (STJ - REsp: 82279 SP 1995/0065707-4, Relator: Min. José 
Delgado, J: 08 fev. 1996, T1 – primeira turma, P. DJ 18 mar.1996. Acesso 
em: 10 abr. 2014). 
 
 De maneira diversa, Roque Antônio Carrazza (2012, p. 256) entende que o 
regime de substituição ofende, sim, o princípio da não-cumulatividade, pois a 
compensação dos créditos oriundos da substituição tributária no ICMS representa 
uma cumulação, uma vez que ela já ocorrerá antecipadamente. E, no caso de 
pagamento a maior e a impossibilidade de devolução, também está em desacordo 
com o referido princípio, pois é de direito do contribuinte creditar-se desses valores. 
 
 Para Hugo de Brito Machado (2012) a substituição tributária progressiva 
extingue o ICMS plurifásico, não cumulativo, ficando em seu lugar um tributo 
monofásico na produção e importação e outro monofásico nas vendas. Mas para 
que haja segurança jurídica na relação faz-se necessário o estabelecimento de um 
prazo maior para o recolhimento do tributo. 
 
 Caso isso não ocorra, garante Hugo de Brito Machado (2012, p. 398): 
 
[...] o imposto monofásico na produção e na importação, para gerar uma 
arrecadação equivalente ao ICMS não cumulativo, implicaria elevado ônus 
para o capital de giro das empresas. Essa desvantagem certamente pode 
ser minimizada com o estabelecimento de prazos maiores para o 
recolhimento do tributo, que permitirão aos industriais e importador a 
concessão de prazos também maiores a seus clientes revendedores. E o 
imposto monofásico na produção e na importação pode ter base de cálculo 
estabelecida em lei, sem qualquer margem para o arbítrio, oferecendo a 
desejada segurança jurídica para o fisco como para os contribuintes. 
 
27 
 
 Contúdo, ante as inúmeras teses relacionadas à substituição tributária 
progressiva, entende-se que a antecipação da cobrança do imposto com o fato 
gerador presumível, apesar de regulamentada pelos tribunais superiores, pode ser 
discutida, caso o fato gerador não venha a ocorrer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
2 Substituição tributária no ICMS 
 
 
 O presente capítulo fará uma abordagem do conceito geral da Substituição 
Tributária, suas modalidades e, também, sua incidência legal. 
 
 Em seguida, explicar-se-á sobre a sujeição passiva e a observação dos 
limites constitucionais. Será analisada a figura do substituto tributário, como sujeito 
passivo, ou responsável da obrigação tributária por substituição. 
 
 Por fim, será apresentada a dualidade de opiniões sobre o tema, tanto pela 
doutrina, quanto pelos tribunais superiores, que entendem a sistemática da 
substituição tributária progressiva como plenamente constitucional. 
 
 
2.1 Conceito de substituição tributária 
 
 
A substituição tributária é um instituto muito debatido no âmbito jurídico 
tributário, seja por sua diversidade de aplicação, pela dificuldade de compreensão e, 
ainda, pela tese de inconstitucionalidade ventilada por doutrinadores tais como 
Roque Antonio Carrazza (2012), Ives Gandra Martins (1996), Marco Aurélio Greco 
(2001), dentre outros, como será visto a seguir. 
 
 Na Constituição de 1988, a substituição tributária surge por meio da Emenda 
Constitucional 03/1993. É necessário notar que o referido instituto poderia ocorrer 
em operações e prestações antecedentes, concomitantes e subsequentes. 
 
29 
 
 A Constituição Federal determina, em seu artigo 155, § 2º, inciso XII, alínea b, 
que “cabe à lei complementar dispor sobre substituição tributária” e, para cumprir 
com tal mandamento, tutela-se a sistemática por meio da Lei Complementar nº 
87/1996, a chamada Lei Kandir. 
 
Art. 6
o
 Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a 
depositário a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, 
hipótese em que assumirá a condição de substitutotributário. 
§ 1º A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto 
incidente sobre uma ou mais operações ou prestações, sejam 
antecedentes, concomitantes ou subsequentes, inclusive ao valor 
decorrente da diferença entre alíquotas interna e interestadual nas 
operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final 
localizado em outro Estado, que seja contribuinte do imposto. (grifo nosso) 
 
Dessa forma, é necessária a elaboração de lei estadual que verse 
detalhadamente o instituto em suas três modalidades: substituição tributária “das 
operações antecedentes, das operações subsequentes e nas prestações de serviço 
de transporte” 3. 
 
 A substituição tributária possui três espécies vigentes em nossa legislação, 
ou seja, a para frente, a concomitante e a para trás. A espécie abordada na presente 
pesquisa será a para frente (ou progressiva), mas é importante ressaltar as 
características de cada uma, como será visto a seguir. 
 
 Primeiramente, a Substituição de Operações Antecedentes, também 
conhecida como diferimento, tem por característica o pagamento do tributo em 
momento futuro, ou seja, há a ocorrência do fato gerador e a respectiva tributação, 
mas o pagamento se dará em outro momento. 
 
A legislação do Estado de São Paulo se utiliza de meios diversos para tratar o 
assunto quando o produto é enviado para fora do Estado, devendo ser aplicadas as 
regras de acordo com a especificação do produto. 
 
3
 Denominação utilizada por José Roberto Rosa (2011, p. 377) para especificar as modalidades de 
substituição tributária. 
30 
 
José Roberto Rosa (2011, p. 111) assegura que: 
 
O diferimento é muito utilizado entre os Estados com o objetivo de facilitar o 
controle do imposto. Nesse caso, os Estados adiam o momento do 
lançamento e do recolhimento do imposto do ICMS para o momento futuro, 
transferindo a responsabilidade para o contribuinte destinatário da 
mercadoria. 
 
A previsão legal para essa modalidade de substituição está prescrita no artigo 
128 do Código Tributário Nacional. Trata-se de modalidade defendida pela maioria 
da doutrina, inclusive por Roque Antônio Carrazza (2012, p. 374), como plenamente 
constitucional. 
 
Só a substituição tributária ‘para trás’ pode prosperar no Brasil. A outra 
(substituição tributária para frente) – posto muito difundida, na pratica – é 
inconstitucional, porque agride valores que a nossa Lei Maior encampou e 
que os interesses fazendários não podem atropelar. 
 
De acordo com Meira Junior (2008), trata-se de um adiamento no 
recolhimento do tributo facilitando a alteração de valores em uma futura tributação, 
ou seja: 
 
É, na realidade, uma postergação do momento do recolhimento, do tributo 
(o oposto, portanto, da forma tradicional), que pode a vir a se concretizar em 
longínqua etapa de comercialização e aplicável com grande ênfase a 
produtos agropecuários, resíduos e sucatas, facilitando com isto, na 
essência do ICMS, a agregação de valores para uma futura tributação. 
 
Já, a Substituição Tributária de operações concomitantes ocorre geralmente 
em serviços de transporte prestado por autônomos ou empresas transportadoras, 
cujo recolhimento do tributo ocorre no mesmo momento do fato gerador. 
 
Essa modalidade pode ser exemplificada da seguinte forma: uma empresa A 
(substituta) contrata uma empresa B, de transporte, para levar um produto a um 
determinado local. 
31 
 
No caso em questão, o responsável pelo recolhimento do ICMS será a 
empresa A, que recolherá em nome do transportador (empresa B) no momento da 
ocorrência do fato gerador. 
 
Segundo Mariano, Werneck e Bezzerra (2007, p. 50): 
 
Essa espécie de substituição tributária caracteriza-se pela atribuição da 
responsabilidade pelo pagamento do imposto a outro contribuinte e não 
aquele que esteja realizando a operação / prestação, concomitantemente a 
ocorrência do fato gerador. Nessa espécie, encontra-se a substituição 
tributária dos transportes. 
 
 Na Substituição tributária progressiva, objetivo da presente pesquisa, o 
imposto é recolhido antes mesmo da ocorrência do fato gerador pelo substituto, que 
repassa o produto na cadeia de consumo livre de imposto. O contribuinte anterior 
recolhe o tributo devido pelo contribuinte posterior. O fato gerador do produto é 
antecipado, estimando-se o valor a ser pago pelo produto. 
 
[…] a emenda constitucional nº 3/93 criou a figura do substituto tributário 
responsável por obrigação sem fato gerador ocorrido e sem certeza de 
que poderá ocorrer, ou seja, sem matéria tributável presente. Criaram 
uma obrigação sobre o nada, sobre uma ficção futura, ‘science fiction’ 
tributária, já que a ‘Science fiction’ é o ‘ramo da fantasia’ que cuida de 
imaginar o futuro. De forma vernacular, criaram-se obrigações sobre 
relações não ocorridas, para cobrar hoje o tributo que apenas deveria ser 
devido no futuro, se fato gerador futuro viesse a ocorrer. (MARTINS, grifo do 
autor. Acesso em: 30 abr. 2014). 
 
 No entender de Mariano, Werneck e Bezerra (2007, p. 50), as operações 
subsequentes são definidas como: 
 
O sujeito passivo recolhe dois impostos – o devido pelas operações próprias 
e o pelas operações subsequentes anteriores a ocorrência do fato gerador. 
Em outras palavras a lei atribui a responsabilidade tributária à terceiro, que 
antecipadamente paga o tributo, tendo em vista a provável ocorrência 
do fato gerador futuro. A progressividade caracteriza-se pela atribuição do 
determinado contribuinte (normalmente o primeiro da cadeia de 
comercialização, o fabricante/importador) pelo pagamento do valor do 
ICMS incidente as posteriores operações com a mercadoria, até sua 
saída destinada ao consumidor/usuário final. (grifo nosso) 
 
32 
 
A substituição tributária pode ser retida na fonte e por diferencial de alíquota. 
Ambas as formas têm por objetivo facilitar o controle da sonegação e a praticidade 
na fiscalização tributária. 
 
Conforme o pensamento de Paulo Carvalho Engler Pinto Júnior (2006, p. 20): 
 
Incontestavelmente, se considerarmos apenas os aspectos econômicos, 
financeiros e práticos e de política fiscal, a substituição tributária é um 
poderoso artifício em favor da administração pública fazendária, o que tem 
motivado as autoridades a cada dia aumentarem o leque de tributos que 
utilizam desta sistemática. 
 
A substituição tributária retida na fonte ocorre quando uma indústria, ao 
vender ao comércio, debita o imposto normal da operação e calcula, conjuntamente, 
o imposto devido pelo comerciante na próxima operação. Esse imposto é cobrado 
na nota fiscal, mas deve ser apurado e declarado separadamente. 
 
Trata-se de modalidade mais comum quando as operações ocorrem dentro 
do mesmo Estado da Federação. 
 
José Roberto Rosa e Heloísa Helena Parri (1995, p. 135) entendem que: 
 
Um dos pontos da legislação do ICMS que mais discussão enseja é a 
substituição tributária, com retenção do imposto antecipadamente, ou seja, 
o ICMS retido na fonte. Os estados começam a utilizar tal expediente com o 
objetivo de facilitar a arrecadação e fiscalização do imposto, principalmente 
com relação a mercadorias cuja comercialização se pulveriza numa 
infinidade de postos varejistas, dificultando o controle e facilitando a 
sonegação. 
 
Já, quanto ao diferencial de alíquota, prevê a Constituição Federal que, 
quando um contribuinte adquire material ou uso de consumo de outro Estado, deve 
pagar o diferencial de alíquota interna e a interestadual. 
 
 
33 
 
Se a mercadoria constar no rol das que se sujeitam a substituição tributária o 
remetentedeverá reter o diferencial de alíquota e repassar, como substituto, ao 
Estado destinatário ficando este responsável pelo recolhimento, caso não haja 
acordo celebrado entre os Estados. 
 
 De acordo com o artigo 426-A do Decreto 52.742/08 (RICMS/SP), afirma José 
Roberto Rosa (2011, p. 214): 
 
Portanto, ao adquirir tais mercadorias de outro Estado, para revenda neste 
Estado, o comerciante paulista deve aplicar o IVA ST ajustado no valor da 
nota fiscal de aquisição mais o valor do frete, aplicar a alíquota interna da 
mercadoria, deduzir o ICMS destacado pelo remetente, se este for do RPA, 
e recolher a diferença a título de ICMS antecipado das operações 
subsequentes. 
 
Essa operação deverá ocorrer mediante Convênios celebrados entre os 
Estados, conforme disposto no art. 9 da LC nº 87/96: “A adoção do regime de 
substituição tributária em operações interestaduais dependerá de acordo específico 
celebrado entre os Estados interessados [...]”. 
 
 Todavia, pode o valor do produto chegar ao consumidor final de forma 
diferente da praticada para fixação da base de cálculo (por valores estimados pela 
regra da legislação). Diante disso, é que surgem conflitos e discussões relacionados 
ao modelo implantado, principalmente no que diz respeito ao cálculo correto do 
imposto, se a tributação é definitiva ou não e quanto ao direito de ressarcimento, 
caso ocorra o recolhimento a maior. 
 
Em primeiro lugar, a substituição só se concretiza se amparada na 
presunção: presume-se a ocorrência de um fato gerador para antecipar a 
sua obrigação e, consequentemente presume-se a base de cálculo do fato 
gerador futuro (COELHO, 2006, p. 234). 
 
 
34 
 
Portanto, a substituição tributária progressiva é pautada somente, em 
presunções, diferentes da realidade. Se ao menos os produtos sujeitos a essa 
sistemática pudessem ter seus valores tabelados, poder-se-ia se chegar próximo a 
uma realidade justa aos contribuintes. Mas essa sistemática também pode afetar o 
princípio da livre concorrência. 
 
José Roberto Rosa (2011, p. 162), expõe: 
 
O substituto, fabricante ou importador, no momento de efetuar a venda da 
mercadoria para um revendedor irá providenciar a retenção do imposto. A 
base de cálculo para o imposto retido é o preço do varejo, o preço final da 
mercadoria, pelo qual ela chegará ao consumidor. 
 
Essa modalidade de substituição, apesar de ter sido considerada 
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN nº 1.851-4/AL, 
é alvo de críticas pela doutrina por violar os princípios da legalidade, da capacidade 
contributiva e do não confisco. 
 
De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 
[...] a lei complementar, por igual, definiu o aspecto temporal do fato gerador 
presumido como sendo a saída da mercadoria do estabelecimento do 
contribuinte substituto, não deixando margem para cogitar-se de momento 
diverso, no futuro, na conformidade, aliás, do previsto no art. 114 do CTN, 
que tem o fato gerador da obrigação principal como a situação definida em 
lei como necessária e suficiente para sua ocorrência. O fato gerador 
presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas definitivo, não 
dando ensejo a restituição ou complementação do imposto pago, 
senão no primeiro caso, na hipótese de sua não realização final. Admitir o 
contrário valeria por despojar-se o instituto das vantagens que 
determinaram a sua concepção e adoção, como a redução, a um só tempo, 
da máquina-fiscal e da evasão fiscal a dimensões mínimas, propiciando, 
portanto, maior comodidade, economia, eficiência e celeridade as atividades 
de tributação e arrecadação [...]. (STF - ADI: 1851 AL , Relator: Min. Ilmar 
Galvão, J: 08/05/2002, Tribunal Pleno, P: DJ 22-11-2002. DJ 13 dez. 2002 
PP-00060, grifo nosso. Acesso em 10 abr. 2014). 
 
 
35 
 
Dessa forma, diante do exposto pelo STF no que se refere à 
constitucionalidade da Substituição Tributária Progressiva, torna-se claro que o 
objetivo do presente instituto é o de mero benefício às Fazendas Públicas. Sua 
constitucionalidade vem sendo alvo de severas críticas, pois não dá importância aos 
direitos conferidos aos contribuintes, utilizando, como escopo de aceitação, a 
praticidade tributária. 
 
Ocorre que esse pretexto de praticidade não pode ser aceito, se o tributo tiver 
efeitos confiscatórios. Não se podem violar os mandamentos da Carta Magna com o 
objetivo de beneficiar as Fazendas Públicas, mesmo porque, dentro da relação 
jurídico-tributária, a parte frágil é o contribuinte. 
 
 
2.2 Sujeição passiva tributária: contribuinte e responsável 
 
 
A regra matriz de incidência além do critério pessoal, é formada, também, 
pelo critério material, que tem por escopo a conduta realizada pelo sujeito passivo; 
pelo critério espacial, do local em que a conduta foi praticada; pelo critério temporal, 
em que se remete ao momento de sua ocorrência; e, por fim, pelo critério 
quantitativo, composto pela base de cálculo e a alíquota do tributo. 
 
Na hipótese da norma encontram-se os critérios material, temporal e 
especial; no consequente a relação jurídica tributária com seu critério 
pessoal – sujeito ativo e sujeito passivo e critério: base de cálculo e alíquota 
(FARIA, 2008, p. 90). 
 
A regra matriz de incidência tributária tutela uma regra de comportamento e 
disciplina a conduta que refletirá em uma obrigação tributária, pois guarda em seus 
critérios todas as características do tributo, facilitando o entendimento da relação 
jurídico tributária. 
 
36 
 
Nos dizeres de Vitório Cassone (2008, p. 420): 
 
A esquematização formal da regra matriz de incidência tem-se mostrado um 
utilíssimo instrumento científico, de extraordinária fertilidade e riqueza para 
a identificação e conhecimento aprofundado da unidade irredutível que 
define a fenomenologia básica da imposição tributária. Seu emprego, sobre 
ser fácil, é extremamente operativo e prático, permitindo, quase que de 
forma imediata, penetrarmos na secreta intimidade da essência normativa, 
devassando-a e analisando-a de maneira minuciosa. Em seguida, 
experimentando o binômio base de cálculo/hipótese de incidência, colhido 
no texto constitucional para marcar a tipologia dos tributos, saberemos 
dizer, com rigor e presteza, da espécie e da subespécie da figura tributária 
que investigamos. 
 
De acordo com o artigo 121, parágrafo único, inciso I, do Código Tributário 
Nacional, o contribuinte de determinado tributo será aquele que tiver relação pessoal 
e direta com o fato gerador do tributo. 
 
Noutro dizer Roque Carrazza (2012, p. 45) preleciona: 
 
Só poderá ser contribuinte do ICMS quem está coligado com a regra matriz 
desse tributo, é dizer, pode praticar (e efetivamente pratica) operações 
mercantis. 
 
No bojo da regra matriz de incidência tributária, entre todos os critérios, 
encontra-se o critério pessoal, tendo como sujeito ativo, o fisco, seja federal, 
estadual, distrital ou municipal. Já, o sujeito passivo será o contribuinte ou o 
responsável tributário, que são pessoas legalmente determinadas para proceder ao 
recolhimento do tributo. 
 
O contribuinte pode ser identificado como pessoa que realiza o fato gerador 
da obrigação tributária principal. [...] o fato gerador, muitas vezes não 
corresponde aos atos do contribuinte, mas sim a uma situação na qual se 
encontra (ou com o qual se relaciona) o contribuinte. (AMARO, 2007, p. 
299) 
 
 
 
37 
 
Assim, pode-se considerar como contribuinte aquele que tenha a capacidade 
contributiva decorrente da prática de um fato descrito em lei, devendo estar 
pessoalmente ligado ao fato gerador. No caso do ICMS, o contribuinte deverárealizar uma atividade mercantil que tem por objetivo o lucro. No entanto, nem 
sempre aquele que pratica a atividade mercantil será o real pagador do tributo. 
 
De acordo com as observações de Paulo de Barros Carvalho (2004), há uma 
distinção entre a capacidade para realizar o fato jurídico tributário e a capacidade 
para ser sujeito passivo de obrigação tributária. 
 
Conforme define Paulo de Barros Carvalho (2004, p. 46): 
 
Define-se capacidade tributária como a aptidão que as pessoas têm para 
serem sujeitos passivos das relações de índole tributária. É, pois, a pessoa 
que promove a realização do fato jurídico tributário ou participa de seu 
acontecimento’ [...] Ser capaz de realizar o fato jurídico tributário não quer 
demonstrar a capacidade jurídica para ser sujeito passivo de obrigações 
tributárias. Uma coisa é aptidão para concretizar o êxito abstratamente 
descrito no texto normativo, outra é integrar o liame que se instaura no 
preciso instante em que adquire proporções concretas o fato previsto no 
suposto da regra tributária. 
 
A figura do responsável tributário está prescrita nos artigos 121, II e 128 do 
Código Tributário Nacional, no qual o legislador poderá eleger pessoa ligada ao fato 
gerador, que não o contribuinte, em caráter supletivo, subsidiário, para realizar o 
recolhimento do tributo. 
 
Assim sendo, o responsável não terá vínculo pessoal ou direto com o fato 
gerador. De acordo com o texto constitucional, a responsabilidade deverá ser 
atribuída à pessoa ligada a ele, evitando-se, assim, sua diminuição patrimonial. 
 
De acordo com Luciano Amaro (2007, p. 304): 
 
A presença do responsável como devedor na obrigação tributária traduz 
uma modificação subjetiva no polo passivo da obrigação, na posição que, 
naturalmente, seria ocupada pela figura do contribuinte. 
38 
 
 Segundo Rubens Gomes de Souza (1975, p. 93), a responsabilidade 
tributária é dividida em duas modalidades: substituição e transferência. 
 
A responsabilidade por transferência ocorre em razão de um acontecimento. 
A responsabilidade é atribuída a um terceiro, somente em um momento posterior e 
se dará por ocorrência de fato relevante, diferente do que se deu causa ao fato 
gerador. 
 
A transferência ocorre quando a obrigação tributária, depois de ter surgido 
contra uma pessoa determinada (que seria o sujeito passivo direto), 
entretanto, em virtude de um fato posterior, transfere-se para outra pessoa 
diferente (que será o sujeito passivo indireto) (SOUZA, p. 92). 
 
Além disso, Rubens Gomes de Souza (1975, p. 95) identifica na 
responsabilidade por transferência outras três subespécies, dentre elas a sucessão, 
a solidariedade e a responsabilidade. No entanto, tais subespécies não serão 
tratadas no presente trabalho tendo-se em vista que o tema principal refere-se à 
responsabilidade por substituição. 
 
Já, na responsabilidade por substituição, o terceiro definido por lei é 
responsável pelo recolhimento do tributo, ou seja, a obrigação tributária já nasce 
com o polo passivo ocupado por ele, o substituto. 
 
A substituição ocorre quando, em virtude de uma disposição expressa em 
lei, a obrigação tributária surge desde logo contra uma pessoa diferente 
daquela que esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio 
tributado: nesse caso, é a própria lei que substitui o sujeito passivo direto 
por outro indireto (SOUZA, p. 92). 
 
A figura do substituto estará presente desde o início da relação jurídico-
tributária, devendo arcar com o pagamento do tributo por sua totalidade, excluindo o 
contribuinte que fica isento de qualquer responsabilidade. 
 
39 
 
Para Hugo de Brito Machado (2003, p. 423): 
 
Embora o Código Tributário Nacional não tenha feito referência à figura do 
substituto tributário, ou contribuinte substituto, essa figura terminou sendo 
introduzida em nosso Direito, a partir de permissivo que a pressão 
fazendária terminou por fazer encartar na Constituição. Não se trata de 
responsável, mas do contribuinte substituto. (grifo nosso) 
 
De acordo com Ives Gandra Martins (1996), em parecer relacionado ao tema, 
a substituição tributária amplia o poder impositivo do Estado, imputando a terceiros a 
obrigação pelo recolhimento do tributo. 
 
Ao contrário do contribuinte, que deve dar de seu patrimônio estático ou 
dinâmico parcela ao Fisco, sendo ele próprio a pessoa que deu causa à 
incidência do tributo, o substituto recolhe tributo por operação alheia, 
podendo, em alguns casos, substituir o verdadeiro contribuinte de forma 
absoluta e não apenas solidária, desresponsabilizando-o de qualquer 
recolhimento, em caso de inadimplência. 
 
Há, ainda, o entendimento de mais duas subespécies dentro da 
responsabilidade por substituição, ou seja, a substituição tributária por infração e a 
por conveniência. 
 
A substituição por infração esta prescrita nos artigos 135 e 137 do Código 
Tributário Nacional, pautando-se na negligência e na prática de ações ou omissões 
dolosas que contrariam a lei. Os atos ilícitos que ensejam o fato gerador da 
obrigação tributária são caracterizados pelo Código como excesso de poder, 
infração de lei, contrato social ou estatuto. O substituto responde por toda a dívida, 
incluindo o principal e todos os acréscimos legais. 
 
 
A referida modalidade também é criticada por autores como Luciano Amaro 
que a consideram inconstitucional, tendo em vista sua conotação punitiva. 
 
 
40 
 
De outro modo, Luciano Amaro (2007, p. 306) argumenta: 
 
Ninguém duvidará de que o contribuinte seja pessoa que recolhe o 
tributo, mas é inconcebível a ideia de contribuinte referida a alguém não 
na condição de pagador de tributos, mas na de pagador de multas 
pecuniárias. Aproveitando a linguagem do código, se alguém tem ‘relação 
pessoal e direta’ com o fato gerador do tributo é contribuinte, quem tem a 
‘relação pessoal e direta’ com uma infração é infrator, nunca 
contribuinte. (grifo nosso) 
 
Quanto ao ICMS, essa punição está prescrita no artigo 5º da Lei 87/1996, 
caso o contribuinte ou o responsável não realize o recolhimento do tributo, o Fisco 
tem à oportunidade de cobrar um valor acrescido de multa de um terceiro. Tal 
preceito legal infringe o princípio da segurança jurídica, pois o pagamento poderia 
não ser realizado até mesmo pelo consumidor ao final da cadeia de circulação da 
mercadoria. 
 
A substituição por conveniência visa à praticidade fiscal, especialmente nos 
impostos plurifásicos, cujas fiscalizações e cobranças tornam-se inviáveis tendo em 
vista as inúmeras operações comerciais envolvidas. Dessa forma, é mais oportuno e 
conveniente que o fisco concentre a arrecadação em poucos sujeitos passivos, ou 
seja, se utilize da figura do substituto para facilitar os procedimentos de fiscalização. 
 
 A obrigação de pagar tributo que não teve seu fato gerador realizado, “é 
como pagar e não poder levar” 4. Roque Antônio Carrazza (2012, p. 372) entende a 
que a praticidade tributária é um pretexto da substituição, pois não passam de 
“comodidades arrecadatórias” proveniente do Fisco. 
 
 
 
 
 
4
 Expressão utilizada por Roque Carrazza em sua obra ICMS. 
41 
 
Sacha Calmon Navarro Coelho (2002, p.393), ao comentar o parágrafo 7º, do 
artigo 150, da Carta Magna, aduz: 
 
 
O dispositivo supra, em nome do princípio da praticabilidade da tributação, 
para superar o óbice de se cobrar imposto antecipadamente de um 
substituto por fato gerador de terceiro ainda não praticado, instituiu um tipo 
novo de substituição tributária ‘para frente’ [...] cobra-se do substituído um 
imposto cujo fato gerador sequerocorreu. 
 
Contudo, para que seja possível a responsabilidade por substituição, o 
legislador deverá observar alguns pressupostos legais, devendo o substituto ter 
relação jurídica e econômica com o fato gerador. Há, ainda, as hipóteses de que a 
compensação dos valores pagos deverão se dar de forma ágil e efetiva; deve-se 
observar a capacidade contributiva do substituto e dos outros princípios limitadores, 
e, por fim, a edição de lei complementar para tratar da questão da substituição de 
forma clara e coerente. 
 
 
2.3 Substituição tributária progressiva no ICMS 
 
 
A substituição tributária progressiva ocorre em tributos que nem sequer foram 
gerados, tendo em vista a não ocorrência do fato gerador. O substituto é 
responsável pelo recolhimento do valor a ser pago pelo tributo de sua operação 
própria (ICMS) e a das operações subsequentes (ICMS/ST) 5. 
 
Dito de outro modo trata-se de uma imposição legal para o recolhimento do 
tributo, por um terceiro, antes da ocorrência do fato gerador. Essa modalidade de 
substituição vem disposta no parágrafo 7º do artigo 150 do Texto Constitucional. 
 
 
5
 Para facilitar a compreensão será utilizada a sigla ICMS/ST para parafrasear o regime de 
substituição tributária no ICMS. 
42 
 
 Segundo Roque Antônio Carrazza (2012, p. 373): 
 
Na substituição tributária ‘para frente’ parte-se do pressuposto que o fato 
imponível ocorrerá no futuro e que, portanto, é valida a cobrança antecipada 
do tributo (ainda quando há fundados receios de que o realizador desse fato 
futuro praticará evasão fiscal). 
 
Trata-se de um único recolhimento do tributo, ou seja, de incidência 
monofásica na qual, pela praticidade e por determinação legal, o substituto pagará 
em nome do substituído valores referente toda cadeia de circulação de mercadoria, 
que se presume vendida. 
 
A lei [...] estabelece que o tributo seja recolhido, pelo substituto, na próxima 
operação jurídica (em nome do substituto). Destarte, a carga econômica do 
tributo não será suportada pelo realizador da operação jurídica (o 
substituído), mas por quem leva a cabo a seguinte (CARRAZZA, 2012, p. 
372). 
 
 A sistemática do ICMS/ST já existia na vigência da Constituição anterior, que 
previa o regime de substituição tributária com intuito de acautelar os interesses do 
fisco. 
 
Eduardo Maneira (2006, p. 62) preleciona: 
 
Quando a substituição tributária progressiva foi implantada, vivia-se um 
período de economia controlada, com forte intervenção do Estado em 
todos os setores produtivos. Assim, a base de cálculo não era 
presumida, mas tabelada. Com a liberação da economia e com a 
extinção das tabelas de preços é que começaram a surgir os problemas 
com a substituição para frente, porque a base de cálculo passou a ser 
realmente presumida e, salvo raras exceções, presumidas em 
patamares superiores aos reais, causando deformações na tributação 
antecipada e ferimento ao princípio da capacidade contributiva dos sujeitos 
passivos. (grifo nosso) 
 
 
 
43 
 
Para que um tributo seja considerado constitucional, seus critérios devem 
obedecer ao já determinado, mas se o fato gerador ainda não ocorreu, não há como 
se falar em obrigação tributária, tampouco em direito ao fisco em constituir o crédito 
tributário. 
 
Mas, de acordo com o entendimento de Roque Carrazza (2012, p. 373), se o 
pagamento for a modalidade que extingue o credito tributário (156, inciso I do CTN), 
tornar-se-á impossível extinguir o tributo que não nasceu. 
 
Eis aqui um limite lógico: somente se pode substituir pessoa certa, 
perfeitamente identificada. Ora, se ainda não surgiu a obrigação tributária, 
seu sujeito passivo não existe e, deste modo, presumi-lo afronta os 
postulados constitucionais [...]. 
 
 O artigo 8º da Lei Kandir (LC nº 87/1996) delimita os parâmetros que 
determinam a base de cálculo do imposto devido por substituição. 
 
 
Para se apurar a base de cálculo do ICMS/ST, é necessário somar os valores 
da mercadoria, frete, do IPI e de despesas diversas; somada a margem de valor 
agregado; multiplicado pela alíquota interna aplicável, e, em seguida, subtraído do 
valor do ICMS da operação própria (valor do produto somado à alíquota do Estado). 
A margem de valor agregado, que possui valores distintos de acordo com a 
especificidade do produto, e a porcentagem de lucratividade, é determinada com 
base nos preços já praticados pelo mercado. 
 
Kalinka Bravo (2012, p. 345) aduz que: 
 
Por vincular-se a evento futuro incerto [...] o cálculo do ICMS/ST depende 
do estabelecimento, pela legislação, de uma base de cálculo presumida, 
cujos critérios foram definidos a partir do art. 8º da Lei Kandir: (i) o preço da 
operação própria adicionado dos encargos atribuíveis e da margem de valor 
agregado, inclusive o lucro; (ii) o preço fixado por órgão público competente; 
(iii) o preço sugerido pelo fabricante; e (iv) a média ponderada dos preços 
ao consumidor final, usualmente praticados em relação ao bem ou serviço, 
ou seus similares, em condições de livre concorrência. 
44 
 
Dessa forma, observa-se que o imposto não é calculado tomando-se por base 
o valor real da mercadoria, mas, sim, um valor estimado, onerando ainda mais a 
cadeia produtiva e aumentando o recolhimento do tributo. 
 
O Texto Constitucional garante aos contribuintes a restituição efetiva caso o 
fato gerador não ocorra no futuro. No entanto, a própria lei determina a morosidade 
no pagamento que não é efetivado em moeda corrente, mas em créditos na 
escrituração fiscal da empresa. 
 
Sustenta, porém, a minoria (Hugo de Brito Machado, Heron Arzua, Sacha 
Calmon Navarro Coêlho, Aroldo Gomes de Mattos, entre outros) que, ao ser 
assegurada a ‘imediata e preferencial restituição’ do tributo pago, caso não 
seja realizado o fato gerador presumido, foram definitivamente superadas 
as inconstitucionalidades então arguidas (COELHO, 2002, p. 394). 
 
O Regulamento do ICMS Paulista, a partir de 2008, teve um aumento no rol 
de mercadorias sujeitas à sistemática da substituição tributária progressiva, a saber: 
venda porta a porta; revenda em bancas de jornal; fumos e derivados; refrigerante, 
cerveja, água mineral, chope; cimento; frutas; automóveis e motos; pneus e câmaras 
de ar; tintas e vernizes; combustíveis e lubrificantes; medicamentos; ferramentas; 
bicicletas; instrumentos musicais. 
 
José Roberto Rosa (2011, p. 157) usa, como exemplo, a substituição 
tributária e sua ocorrência em uma fábrica de cigarros: 
 
Uma fábrica de cigarros, ao vender para o comerciante, debita o imposto 
normal sobre sua operação, mas também já calcula o imposto do 
comerciante, referente a operação subsequente, cobra na nota fiscal, apura 
e declara separadamente o valor do imposto retido e recolhe ao Estado, 
como substituto. 
 
 
 
 
45 
 
No presente caso, a legislação indica o contribuinte que inicia a cadeia de 
circulação como sendo o responsável pelo recolhimento do imposto que será devido 
nas próximas etapas. O responsável passivo por substituição, ou substituto 
tributário, será o fabricante, importador, arrematante de mercadoria importada ou 
apreendida. 
 
 Hamilton Dias de Souza (1996, p. 25-26) pontua as situações em que a 
substituição tributária é benéfica ao fisco e aos contribuintes. De acordo com o 
entender do autor a substituição tributária, se corretamente aplicada, poderá 
alcançar a justiça fiscal. E, argumenta: 
 
[...] A sistemática da substituição tributária é prevista não só na Constituição 
brasileira como também é conhecida no direito comparado. Sua 
observância não

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