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The Post-Positivist Debate – Vasquez

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THE POST-POSITIVIST DEBATE: RECONSTRUCTING SCIENTIFIC ENQUIRY AND 
INTERNATIONAL RELATIONS THEORY AFTER ENLIGHTENMENT’S FALL – JOHN VASQUEZ
Juntos, os pós-empiricistas e os pós-modernistas colocaram a ciencia social na era pós-
positivista. 
AS PROMESSAS E ARMADILHAS DO PÓS-MODERNISMO
Consideraremos que a principal diferença do pós-modernismo e do pós-estruturalismo é o 
o foco da analise na preocupação com a questão do relativismo. Os pós-estruturalistas, inspirados 
em Foucault, flertam com o relativismo, os pós-modernistas, o incorpora. Apesar disso, o uso 
dessas teorias promete importantes contribuições para o campo e para as teorias de relações 
internacionais especificamente. Uma das principais armadilhas é que algumas dessas 
percepções, se tomadas como reivindicações universais, se tornam generalizações exageradas 
que não são a verdade.
A natureza arbitrária da modernidade
Os pós-modernistas discordam dos iluministas e dois aspectos: 1) negam a ideia de 
progresso, e, em seu lugar, pregam a ideia de descontinuidades; 2) rejeita a noção de que o 
fim do Iluminismo, a modernidade, é o fim da historia, a perfeição humana. Para os pós-
modernistas não existe uma maneira certa de se fazer as coisas, existem varias maneiras, e 
uma não é necessariamente melhor que as outras. Além disso, não existe uma verdade, 
existem várias verdades. 
A modernidade e seus anseios não têm que ser produtos da historia, embora sejam 
produtos da historia do oeste europeu. A modernidade não é um modelo, é simplesmente uma 
instancia; não é inevitável nem necessária, é um projeto, e é arbitrária. As ideias de 
desenvolvimento politico e econômico são apenas conceitos modernos impostos aos mais fracos 
e derrotados. A modernidade é culturalmente e etnicamente arbitraria. O pós-modernismo não se 
refere apenas a uma posição filosófica, mas à era historia que entramos.
A realidade é uma construção social
A realidade é uma construção social. É criada e construída pelas crenças e 
comportamentos. Estruturas moldam os valores e o comportamento assim como alguns 
positivistas pensam, entretanto, essas estruturas são produto da ação humana. Ou seja, a 
realidade é uma imposição humana.
Linguagem e conceitos são propensos a ser profecias autô-realizâveis.
certas regras e normas são obedecidas, institucionalizadas e impostas por vários 
mecanismos de controle social, e assim a realidade é formada. Uma vez que as pessoas 
muitas vezes se adequam a essa cultura, é possível termos uma ciência, para explicar e prever 
padrões.
Por causa desse efeito, a ciência social não pode ser considerada livre ou neutra, pois 
ajuda a construir as estruturas que suportam e nutrem alguns estilos de vida e 
desestimulam e outros. A ciência não é apenas uma ferramenta, mas uma prática que cria 
modelos de vida que conscientemente destroem outras formas de pensar e viver.
A escolha racional é vista como um conceito moderno que faz a escolha parecer 
verdade. para a analise da escolha racional se torna uma ciência rigorosa dependerá de quanto 
as pessoas ou lideres aceitam as regras que guiam seu comportamento. Assim, não criará 
apenas a realidades, mas pessoas que são indivíduos calculadamente racionais.
Nas relações internacionais podemos nos perguntar como a política de poder e o 
paradigma realista claramente constroem a realidade…
O processo de identificação e a construção da identidade são formas de poder e atos de violação
A identidade é provavelmente uma das formas mais intimas da construção social imposta 
aos indivíduos. Não há duvidas de que a identidade é uma construção social. Quem controlar 
a identidade obviamente tem profunda influencia sobre o destino e a vida de um indivíduo, 
grupo ou sociedade, por causa disso é um ato de poder. Como a identidade normalmente não 
é escolhida, é uma violação da liberdade humana.
Os pós modernistas tiveram um profundo impacto na teoria literária. Os teóricos literais, 
depois de tudo, passaram a lidar com a ficção, então, para eles a verdade empírica nunca é uma 
preocupação, para eles existe apenas a verdade metafísica ou construções de significado. Para 
eles a humanidade e seu mundo é plástico, onde qualquer leitor pode construir seu próprio 
significado.
O pós-modernismo é uma alternativa da epistemologia e da visão de mundo. É uma 
maneira de reconstruir a pesquisa cientifica abordando algumas criticas pós-empirica que fazem a 
ciência positivista tão vulnerável.
RECONSTRUINDO A PESQUISA CIENTÍFICA: LIDANDO COM A CRÍTICA PÓS-EMPIRICA.
A realidade do mundo se refere a resistência do mundo em estar em conformidade com 
todas as concepções imagináveis que os humanos criam. As diferenças entre a precisão e o erro, 
realidade e ficção, verdade e falsidade são de fato conceitos construídos. 
Das varias criticas feitas pelos pós-empíricos existem duas questões que 
possivelmente rejeitam conceitos ou teorias de qualquer base cientifica: 1) olha para a base 
empírica para a teoria de testes e argumenta que não há fatos independentes, bases de dados 
ou realidade para testar teorias; 2) olha para o processo de fazer inferências sobre a 
inadequação da teoria e argumenta que a ciência não é baseada na lógica, mas em um ato de 
poder que impõe os seus critérios para determinar a verdade sobre a cultura.
Se discute que os fatos não são independentes das teorias, e por isso não podem ser 
usados para testá-las. Uma vez que as teorias criam fatos, fatos sempre podem dar suporte a 
teoria. Essas alegações filosóficas pós-positivistas não são definitivas, mas são normalmente 
tratadas de maneira a negar os achados empíricos.
Os pós-positivistas argumentam que porque os conceitos criam fatos, qualquer definição 
operacional derivada dos conceitos não criam uma base de dados independente. Para os pós-
empíricos, qualquer base de dados será sempre feita a favor da teoria que a revelou. Os dados 
não são independentes no sentido de que não possuem vínculos com os conceitos, mas são 
independentes no sentido de que não asseguram a confirmação das teorias.
A preocupação com a verdade e a procura dessa como os valores mais altos são mais que 
apenas preferências, são os compromissos de valor fundamentais do positivismo. Dizer que a 
verdade é o valor primordial significa que as teorias e crenças devem ser aceitas ou rejeitadas 
somente baseadas em sua habilidade de ser consistente com a evidencia, e não porque sua 
aceitação trará consequências benéficas; ser consistente com a doutrina preconcebida, ou 
promover uma função que permita a sociedade moldar o mundo, controlando as pessoas e os 
recursos. Ciência, assim, é uma ação de poder que impõe critérios para a determinação da 
verdade na sociedade. 
SUPERANDO O RELATIVISMO NA TEORIA CIENTIFICA E PRÁTICA
Nas relações internacionais, a questão da superação do relativismo é uma preocupação 
crucial por causa do pós-positivismo e por causa do debate interparadigmático. Existem seis 
critérios (padrões na filosofia da ciência) relevantes para a pesquisa das relações 
internacionais: precisão, falseabilidade, explicação do poder, progressividade, consistência 
e parcimônia. 
Vasquez estabeleceu sete criterios para a adequação; um manual para a prática: ter boas 
propostas e consequências; ser capaz de implementá-la da pratica; prover conselhos completos e 
precisos sobre o que deve ser feito; ser relevante para as dificuldades dos problemas politicos 
atuais; antecipar os custos é melhor que antecipar os benefícios; obter sucesso; uma teoria 
empírica da teoria pratica deve ser cientifica.
Uma das principais diferenças entre a analise normativa e a empírica está no critério 
utilizado para aceitar ou rejeitar discursos. Uma vez que a analise normativa envolve uma 
serie de valores da definição do que é “bom” e a analise cientifica assume que a verdade é 
o maior valor; Os critérios para a teoria prática
aceitará varias posições, abordagens e 
estilos de vida adequados. Nas areas de significado, interpretação e estilo de vida, variedade 
pode ser visto como algo intrinsicamente bom – a diversidade que muitos pós-modernistas 
celebrariam. Entretanto, esse critério gera base para discussões sobre alternativas. Para as 
preocupações empíricas o comprometimento com a verdade é o critério mais rigoroso, 
especialmente aquele com exatidão, que faz com que a rejeição de teorias seja mais possível. 
Apesar de os critérios fazerem com que a verdade seja mais parte do processo do que um 
produto final, a ideia de verdade implica na explicação singular e exata, ao invés de um grande 
numero de teorias igualmente verdadeiras.
Esses criterios empíricos podem ser usados para colocar a investigação cientifica numa 
nova base, respondendo algumas das maiores criticas do pós-empiricismo, e evitando o potencial 
relativismo do pós-modernismo.
O PÓS-POSITIVISMO E O FUTURO DA TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Para o Vasquez, a crise real na investigação das relações internacionais é a ausência de 
uma analise séria, tanto empírica como normativa, sustentada por uma avaliação rigorosa da 
teoria. O estudo cientifico da política mundial foi uma perda de recursos e energia, sendo que 
nada importante foi encontrado. Parte do problema está na base de dados dos estudiosos que 
não prestaram atenção suficiente nas descobertas da integração. 
A construção teórica baseada nos achados e/ou comprometimentos a testar suas 
reivindicações com base em evidências é parte do processo científico. Dizer a principal 
contribuição teoria dos behavioristas foi quando eles atuaram como metafísicos ao invés de 
positivistas é negar que a construção teórica não é uma parte essencial do processo cientifico. A 
teoria sempre parecerá mais valiosa, mas teorias que não são baseadas na pesquisa são 
doutrinas, e qualquer um que viveu no período do pensamento uni-dimensional realista dos anos 
50 deve saber os perigos disso. Uma das mensagens que a pesquisa cientifica tem nos dado é 
que o paradigma realista dominante não está promovendo um guia muito proveitoso e progressivo 
à pesquisa.
Se os neo-tradicionalistas preferirem estudos de caso históricos para a base de dados, não 
tem problema, mas deve haver alguns esforços para comparar as reivindicações teorias com uma 
revisão sistemática da evidência, e num contexto mais abrangente do outro critério de adequação.
A habilidade do paradigma realista em se reformular explica sua persistência no campo, 
mas ao contrário deles, o autor não vê esse fato como indicador de progresso no programa de 
pesquisa. Ao contrário, a proliferação de emendas expõem a degeneração do caráter do programa 
de pesquisa do paradigma realista.
A aplicação do critério de adequação da teoria pratica é o que pode resolver os problemas 
da agenda do debate inter-paradigmático, além de colocar uma base mais rigorosa na teoria 
normativa. Além disso, o foco no debate inter-paradigmático pode ajudar a trazer os neo-
tradicionalistas e a base de dados dos estudiosos juntas para trabalhar uma agenda comum sem 
compromisso com as ênfases nas divergências metodológicas.
Tratar a ciencia como um sistema autónomo com suas próprias regras e normas baseadas 
nas convenções dos estudiosos e razão, ao invés de princípios de lógica irrefutáveis coloca a 
abordagem cientifica numa epistemologia mais adequada. 
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RESENHA CRÍTICA
“The Post-Positivist Debate: Reconstructing Scientific Enquiry and International Relations
Theory After Enlightenment’s Fall”
John A. Vasquez
PROMESSAS E FALHAS DO PÓS-MODERNISMO
Ao fazer uma análise mais aprofundada do pós-modernismo, consegue-se perceber que
essa corrente é mais uma atitude do que uma posição, podendo ter significados diferentes nos
diversos campos de conhecimento. No campo das Relações Internacionais, o pós-modernismo
ainda não tem uma crítica bem desenvolvida e pode ser que nem se desenvolva em detrimento a
uma visão mais crítica da corrente pós-estruturalista, a qual contém diversas diferenças do pós-
modernismo, porém, a propósito de análise desse assunto, a diferença está mais focada na
questão do relativismo.
Vasquez argumenta que enquanto os pós-estruturalistas apenas flertam com o
Relativismo, os pós-modernistas o abraçam, de maneira que aqueles que fazem uma produção
teórica na base pós-estruturalista são muito influenciados pela teoria crítica e ainda resistem à
carga do relativismo. Esse uso das correntes pós-modernistas e pós-estruturalistas é visto como
uma promessa de boas contribuições para o campo teórico das Relações Internacionais.
A promessa do pós-modernismo baseia-se em cinco perspectivas, as quais todas, de
alguma maneira, envolvem uma forma de nos libertar de nossos objetivos conceituais. Porém,
são nessas perspectivas que podem encontrar falhas potências na corrente pós-modernista, uma
vez que esses têm que ser vistos com certas reservas nas suas reivindicações. Uma das falhas
principais é que algumas dessas perspectivas, se tomadas como universais, facilmente tornam-se
generalizações que simplesmente não são verdadeiras.
A primeira das perspectivas discorre sobre a natureza arbitrária da modernidade, a qual
nega a idéia de progresso do iluminismo alegando que a modernidade não é um fim e sim um
modelo como outro qualquer. A segunda perspectiva diz que as escolhas se portam como
verdade, em que tudo que existe é uma criação humana, frutos de uma escolha consciente ou
não. Já a terceira perspectiva é conseqüência da segunda, que alega que se tudo que existe é
arbitrário e produto da escolha humana então tudo é produto de uma construção social das
pessoas, ou seja, a realidade é uma construção social. Os pós-modernistas, na quarta 
perspectiva, nos levam a pensar em como a linguagem, os quadros conceituais e os paradigmas 
moldam o mundo, alegando que a ciência não é somente uma ferramenta útil, mas é também uma 
prática que conscientemente destrói outras formas de pensar e viver. Já na quinta perspectiva, é
discutido a maneira em que uma identificação e a construção de uma identidade é uma forma de
poder e um ato de violação, uma vez que quem tem controle de identidades tem profunda
influência sobre o destino e vida de um individuo grupo ou sociedade.
RECONSTRUINDO A PESQUISA CIENTÍFICA: LIDANDO COM A CRÍTICA PÓS-
EMPIRICISTA
A primeira questão a qual devemos nos ater ao analisar as possibilidades de reconstrução
do projeto científico é a existência ou não de maneiras não arbitrárias de distinção entre
conceitos quanto a sua veracidade. Considerando que a palavra “realidade” refere-se à resistência
do mundo em se conformar com determinados conceitos imaginários criados por humanos,
concluímos que nem todas as narrativas imaginárias podem ser impostas ao mundo.
Dentre as críticas pós-empiricistas quanto à possibilidade de se determinar a realidade por
meio de bases científicas, duas merecem particular destaque: a primeira afirma que não há fatos,
base de dados, ou realidades “independentes” onde se possa testar as teorias; a segunda afirma
não ser a ciência baseada em uma lógica neutra, mas um ato de poder que impõe seus critérios
para determinar verdades.
Os pós-empiricistas afirmam, em sua primeira crítica, que fatos não podem ser usados
para testar teorias, pois não são independentes destas, mas sim produtos de conceitos que, por
sua vez, estão atrelados às teorias. Fatos podem, assim, ser encontrados para provar teorias.
Segundo o autor, no entanto, tal perspectiva não significa que não existiam observações e
quebra-cabeças anteriores à teoria. Além disso, teorias e conceitos muitas vezes seguem
observações em busca de padrões, que se mostram, em diversos casos, mais importantes que os
próprios fatos.
Outro detalhe levantado por Vasquez é que,
se os fatos só servissem para confirmar as
teorias que os criaram, então só seriam produzidas confirmações. O que se observa, no entanto, é
 justamente o contrário. Podemos ainda afirmar que duas bases de dados são consideradas
independentes se as duas explicações que competem acerca de um mesmo comportamento têm
as mesmas chances de serem rejeitadas, existindo a possibilidade de identificação dessa 
independência.
Os antigos positivistas lógicos esperavam que a ciência e seus métodos pudessem ser
estabelecidos na lógica, mas essa epistemologia não se estabeleceu. Daí surge a segunda crítica
da pós-empiricistas, a qual afirma que a ciência nada mais é do que uma escolha, um acordo
arbitrário. Nesse caso, o que se deve observar é que essas regras e critérios científicos são
elaborados de modo rigoroso, visando limitar a intrusão de preferências pessoais. Vasquez
afirma que a ciência é mais do que uma mera ferramenta, ela tem valores próprios e práticas que
a tornam uma maneira de pensar. O compromisso com a verdade é seu mais alto valor, isso
significa que teorias e crenças devem ser aceitas ou rejeitadas somente com base na sua
habilidade de ser consistente com as evidências e não porque sua aceitação será benéfica por
algum motivo particular.
SUPERANDO O RELATIVISMO NA TEORIA CIENTÍFICA E PRÁTICA
Vasquez inicia o texto argumentando que vários foram os esforços para superar o
relativismo encontrado na questão do estabelecimento de critérios par aa avaliação teórica e que
esta é área de preocupação do pós-positivismo e do debate interparagmático, em Relações
Internacionais.
O autor entende que, para vários estudiosos, o pluralismo teórico é algo benéfico, mas
que deve-se tomar cuidado sobre o que se produz. Assim, ele traça parâmetros para a avaliação
das crenças, explicações, teorias e paradigmas, baseando-se na suposição de que uma boa 
teoria deve ser verdade. Ademais, Vasquez argumenta que a utilização de tais critérios diminui as
chances de que o objeto em questão seja falso, em relação a um que não as use, e que o objeto
estará mais propenso a atinger seu objetivo final - objetivo final da ciência -, que é a aquisição de
conhecimento.
Ele então apresenta seis critérios, sendo que os dois primeiros são essenciais. Uma “boa”
teoria deve portanto ser: precisa; refutável; capaz de evidencias grande poder explicativo;
progressiva, em oposição a degenerativa em termo de seu(s) programa(s) de pesquisa(s);
consistente com o que é sabido em outras áreas; e apropriadamente parcimoniosa e elegante.
Neste ponto, o autor discute cada ponto adotado por ele como qualidade de uma boa teoria e
alega que o que é crucial é que ela seja capaz de passar em testes, primeiro em princípio e 
depois em fato. Vasquez depende que estes critérios devem ser interpretados como objetivos a se 
lutar, mas que a aplicação deles não deve ser feita num estágio prematuro da teoria.
Pós-modernismo e pós-empiricismo têm ganho espaço para a investigação de uma análise
normativa, mas o autor argumenta que esse trabalho não tem sido rigoroso, e que se é respeito
que se busca, que, então deve-se também ter mais critérios de avaliação.
O propósito da teoria pratica é guiar a prática. Então pode ser avaliado em termos da
extensão em que ela fornece uma função que a permite, isto é, quão bem guia os profissionais. E
isso pode ser feito verificando se a teoria de fato provem informação que os profissionais
precisam saber e podem usar. Uma filosofia e teoria da prática também podem ser testadas pelas
políticas e ações a quais elas cedem lugar. Assim, teoria prática pode ser avaliadas por tanto
observar suas características intrínsecas (ex.: tipo de informação que ela provém), quanto pela
qualidade das prescrições políticas que produz.
Neste momento, Vasquez traça sete critérios de adequação. Um “bom” guia de prática
deve: ter um bom propósito e conseqüências - e este é um critério essencial; ser capaz de ser
implementado na prática; prover comparativamente conselho completo e preciso para o que
deveria ser feito; ser relevante para os problemas de política mais difíceis do dia; ter antecipado
custos (incluindo o custos morais) que valem os benefícios esperados; alcançar sucesso e evitar
falha; e, finalmente, a teoria empírica latente de uma teoria prática deve ser cientificamente
válida.
Tendo colocado esses critérios, Vasquez alega que a chave está em definir “bom”, que
pode só pode ser feito - ou constestado - pelos maiores grupos éticos, religiosos, profissionais,
ou, no caso de política externa, pelo Estado.
No final desta secção, Vasquez propõe que estes critérios empíricos podem ser utilizados
para colocar questionamentos científicos num novo patamar, respondendo a uma das maiores
críticas ao pós-empiricismo e evitando um potencial relativismo do pós-modernismo.
PÓSPOSITIVISMO E O FUTURO DA TEORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Na conclusão de seu capítulo, Vasquez critica o modo de fazer ciência empregado pelos
Realistas, corrente que ele admite dominar a construção teórica no campo de Relações
Internacionais, e propõe uma nova forma de fazer ciência, delineada por seus critérios citados na
sessão anterior.
Para tal, o autor começa indicando que o Pós-Positivismo guiou as ciências sociais, em
especial, as Relações Internacionais para uma grave crise. A verdadeira crise da pesquisa em
relações internacionais está na ausência de uma análise empírica e normativa com base em uma
apreciação teórica séria, sustentável e rigorosa. Sendo que a razão para essa falta de apreciação
está em dois pontos: a) a escassez de critérios; b) a falta de disciplina ao empregar os critérios
existentes.
Ou seja, na argumentação de Vasquez, os critérios são usados somente quando se 
ajustam aos resultados perseguidos pelo cientista. Na sua visão os cientistas têm, nas Relações
Internacionais, orientações políticas e ideológicas que determinam decisivamente as suas
pesquisas e os resultados que elas geram. Por esse motivo, ele não admite que existam no 
campo várias teorias que competem, como afirma Lapid (1989). Vê, contrariamente, vários 
sistemas conceituais que convivem e não competem, já que explicam diferentes fenômenos. O 
grande desafio das Relações Internacionais não consiste em escolher entre esses sistemas, mas 
sintetizá-los e integrá-los em um todo coerente. O problema é a construção de teorias e não a 
apreciação delas.
Outro grande problema é o da construção teórica que confere demasiada importância aos
dados. Há uma crítica massiva aos estudiosos que não conseguem integrar os dados de forma a
concluir algo sobre a realidade a partir deles. Para esses críticos, a pesquisa baseada em dados é 
pouco produtiva. Vasquez, entretanto, admite que esse tipo de pesquisa é parte do processo
científico. O grande problema o uso de dados específicos para confirmar fatos esperados, ou seja,
usá-los com base em uma intenção pré-determinada.
Parte da falta de rigor científico do campo é, para o autor, conseqüência de se dispensar
facilmente o método em função da teoria. Esse argumento corresponde ao cerne da crítica do
autor ao Realismo. A falta de acumulação de conhecimento nas RI é resultado de o conjunto de
abordagens teóricas que estão sendo testadas, ou seja, o próprio Realismo, ser provavelmente
errado. Isso decorre do fato de o Realismo ter um problema com a manipulação de evidências.
Desde Morgenthau podemos observar exemplos de dados históricos que foram 
apropriados para ilustrar e afirmar algum ponto de vista. Vasquez também critica os 
Neotradicionalistas, que se abstêm de todos os dados e constatações e adotam apenas 
evidências casuais. Os estudiosos que adotam esse ponto de vista apenas constroem bons 
argumentos sem a preocupação de testá-los, ou seja, escrevem sobre vários temas sem conhecer 
nenhum dado quantitativo ou histórico que sustentem suas afirmações. As baseiam apenas no 
senso comum. Vasquez
afirma que eles agem com essa liberdade frente aos dados por dois 
motivos: a) a noção de que a pesquisa é contraditória e não muito informativa; b) a crença que o 
trabalho quantitativo não é realmente uma evidência e que pode ser colhidos após questionarem 
medidas, padrões de pesquisa, etc. A falha consiste em empregar apenas evidências casuais e 
em ignorar programas de pesquisas inteiros, ou seja, não apresentam nenhum critério para a 
pesquisa.
Com base nessas críticas, o autor propõe, finalmente, uma série de soluções para a
construção de uma “boa” ciência das relações internacionais. Afirma, em primeiro lugar, que os
critérios apresentados na sessão anterior devem ser seguidos com o objetivo de substituir esse
procedimento sombrio que domina as Relações Internacionais por um procedimento mais
rigoroso. Deve-se, portanto, aliar casos históricos ao trabalho baseado em dados quantitativos.
Além disso, deve-se comparar reivindicações teóricas com uma revisão sistemática das
evidências e com o contexto maior do critério da adequação. Apenas aliando todos os critérios e
chegando a um meio-termo que se pode fazer algum progresso científico e acumular
conhecimento. Como forma de fortalecer o discurso científico de Relações Internacionais de
modo geral, é necessária a observância ao rigor científico e a obediência ao método.
Além disso, há uma necessidade de aplicação sistemática dos critérios para progredir com
o debate interparadigmático. Lakatos e Kuhn apontam que os paradigmas não podem ser
falsificados através de uma aplicação do seu critério da precisão (ou da exatidão). Parte da razão
pela qual o Realismo é dominante até hoje é que ele foi constantemente reformulado ao ter que
enfrentar anomalias e resultados discrepantes. A violação do critério da precisão explica porque
o Realismo ainda vigora e é tão criticado. Essa capacidade do Realismo se reformular contribui
para a sua persistência no campo, mas, segundo ele, não é indicador de que ele é um programa 
de pesquisa progressivo.
O debate interparadigmático só pode ser resolvido através da aplicação de todos os
critérios de adequação de forma sistemática e do modelamento da pesquisa de acordo com a
agenda de apreciação da teoria. Além disso, um foco nesse debate pode ajudar a unir
Neotradicionalistas e estudiosos que se baseiam em dados em torno de uma agenda comum, sem
comprometer as ênfases metodológicas divergentes. A aplicação do critério da adequação da
teoria prática pode ajudar a localizar a teoria normativa em uma nova fundamentação de rigor.
O debate Pós-positivista nos leva a escolher a avaliar de forma mais conscientes as
teorias científicas, assim como restaura a teoria normativa prática ao seu lugar de direito dentro
do discurso de Relações Internacionais. Além disso, o Terceiro Debate induziu as Relações
Internacionais a reconstruir sua fundamentação filosófica, sem necessariamente por em perigo
suas abordagens de pesquisa. Ao tratar a ciência como um sistema com suas próprias regras e
normas baseadas em convenções e na razão, ao invés da lógica, situa a abordagem científica
numa epistemologia mais adequada.

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