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RESUMOS TRI 2 - 2ª PROVA

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RESUMOS TRI 2 
GRAMSCI, HEGEMONIA E RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS – COX
Gramsci e hegemonia 
 Os conceitos de Gramsci foram derivados da história. Um conceito é vago e flexível, só 
adquire precisão quando posto em contato com determinada situação que ele ajuda a explicar – 
contato que também desenvolve o significado do conceito. 
Origens do conceito de hegemonia 
 Existem duas correntes principais que levam à ideia gramsciana de hegemonia. A primeira 
nasceu dos debates da Terceira Internacional: alguns procuraram associar Gramsci a ideia de 
uma hegemonia do proletariado (e não ditadura do proletariado – Lênin). Os operários 
exerceriam hegemonia sobre as classes aliadas, e ditadura sobre as inimigas. 

 A originalidade de Gramsci consiste na aplicação do conceito de hegemonia à 
burguesia, ao aparato ou mecanismo de hegemonia da classe dominante. Gramsci ampliou sua 
definição de Estado. Quando o aparato administrativo, executivo e coercitivo do Governo estava 
sujeito à hegemonia da classe dirigente de uma formação social inteira, só fazia sentido se houvesse 
a inclusão das bases da estrutura política da sociedade civil. Ou seja, Estado = Governo + 
Sociedade Civil. Essas bases políticas da sociedade civil seriam as instituições que ajudavam a 
GRAMSCI, HEGEMONIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS – COX 1 
THE EVOLVING SPHERES OF INTERNATIONAL JUSTICE– ANDREW LINKLATER 6
UMA IMAGEM AMPLIADA – Bourdieu 10 
A CRITIQUE OF MORGENTHAU’S PRINCIPLES OF POLITICAL REALISM – TICKNER
13 
WELL, WHAT IS THE FEMINIST PERSPECTIVE ON BOSNIA – MARYSIA ZALEWSKI
19 
POSTCOLONIAL THEORY AND THE CRITIQUE OF INTERNATIONAL RELATIONS – 
SETH 26 
THE POSTCOLONIAL MOMENT IN SECURITY STUDIES – BARKAWI & LAFFEY 31 
THE DOUBLE OUTSIDE OF THE MODERN INTERNATIONAL – WALKER 38 
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criar nas pessoas certos tipos de comportamento e expectativas coerentes com a ordem social 
hegemonia. 
 A segunda dos textos de Maquiavel: Enquanto Maquiavel considera o príncipe individual, 
Gramsci considera o príncipe moderno: partido revolucionário engajado num dialogo constante e 
produtivo com sua própria base de apoio. Para Gramsci, a Hegemonia é suficiente para garantir 
a submissão da maioria das pessoas durante a maior parte do tempo, a coerção está sempre 
latente, mas só é aplicada em casos anómalos. 
Guerra de movimento e guerra de posição 
 A diferença básica da Russia e da Europa Ocidental estava nas forças relativas do Estado e 
da sociedade civil; a Russia possuía um Estado forte e uma sociedade civil subdesenvolvida, 
enquanto a sociedade civil da Europa ocidental, sob a hegemonia burguesa, estava mais plenamente 
desenvolvida. 
 Na Russia, uma classe operaria, relativamente pequena, conseguiu derrubar o Estado 
numa guerra de movimento pois não encontrou nenhuma resistência efetiva do restante da 
sociedade civil. Já na Europa Ocidental, uma guerra de movimento seria fadada ao fracasso 
por causa da capacidade de recuperação da sociedade civil. A estratégia alternativa é a guerra 
de posição, que lentamente constrói o fundamentos dos alicerces sociais de um novo Estado; 
na Europa Ocidental, a luta tinha de ser vencida no seio da sociedade civil, antes que um 
assalto ao estado pudesse ter êxito. Para construir as bases de um Estado e de uma sociedade 
civil alternativos significa criar instituições e recursos intelectuais alternativos dentro da 
sociedade existente. 
Revolução passiva 
 Revolução passiva é a introdução de mudanças que não envolveram nenhuma 
sublevação de forças populares. A falta de qualquer participação popular prolongada e 
amplamente disseminada no movimento de unificação explica o caráter de “revolução 
passiva”. 
 Uma outra característica da revolução passiva é o transformismo, que é a cooptação de 
lideres potenciais de grupos sociais subalternos, servindo de estratégia de assimilação e 
domesticação de ideias potencialmente perigosas, ajustando-as às políticas de coalizão 
dominante e pode, dessa forma, obstruir a formação de uma oposição organizada, como base 
na classe, ao poder social e politico estabelecido. 
Bloco histórico 
 Estado e sociedade juntos constituíam uma estrutura solida, e revolução implica o 
desenvolvimento, dentro dela, de outra estrutura forte o suficiente para substituir a primeira. 
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Gramsci, assim como Marx achava que a revolução só aconteceria quando a primeira tivesse 
esgotado todo o seu potencial. Uma estrutura assim é o que Gramsci chama de bloco histórico. 
 O bloco histórico também tinha uma orientação revolucionária por sua pressão sobre a 
unidade e a coerência de ordens sociopolíticas, era uma defesa intelectual contra a cooptação 
pelo transformismo. As ideias e as condições materiais andam sempre juntas, influenciando-se 
mutuamente. Um bloco histórico não pode existir sem uma classe social hegemônica. Para que 
um novo bloco hegemônico seja formado em um estado para substituir o atual hegemôn é 
necessário um dialogo intenso entre lideres e seguidores dentro da futura classe hegemônica. 
 Para Gramsci,a estratégia para uma guerra de posição necessitava que os partidos 
tivessem o papel de liderar, intensificar e melhorar o dialogo no seio da classe operaria e entre 
a classe operaria e outras subordinadas que poderiam chegar a fazer uma aliança com ela. Os 
intelectuais desempenham um papel-chave na construção de um bloco histórico, e para 
Gramsci, o partido era um intelectual coletivo. 
 O movimento rumo à hegemonia é uma passagem da estrutura – interesses específicos 
de um grupo ou classe– para a esfera das superestruturas complexas – construção de 
instituições e a elaboração de ideologia. Se essas instituições e ideologia refletem uma 
hegemonia, terão uma forma universal. 
Hegemonia e relações internacionais 
 As mudanças básicas nas relações de poder internacional ou de ordem mundial, vistas como 
mudanças no equilíbrio militar-estratégico e geopolítico, podem remontar a mudanças fundamentais 
nas relações sociais. Para Gramsci o Estado continua sendo a entidade básica das relações 
internacionais, o lugar onde os conflitos sociais acontecem, assim, é o lugar onde as hegemonia 
das classes sociais podem ser construídas. 
 Dependência: as grandes potências têm uma liberdade relativa de determinar suas 
políticas externas em resposta a interesses nacionais; as potências menores têm menos 
autonomia: A vida econômica das nações subordinadas é invadida pela vida econômica e 
nações poderosas, e a ela se entrelaça, processo que se complica ainda mais pela existência de 
regiões estruturalmente diferentes no interior dos países, regiões essas que têm tipos distintos 
de relações com as forças externas. 
 Os Estados que têm poder são exatamente aqueles que passaram por uma profunda 
revolução social e econômica e elaboraram de forma mais plena as consequências dessa revolução 
na forma do Estado e das relações sociais. 
 Outros países sofreram revolução passiva, ou seja, o ímpeto para mudar não surge de 
um vasto desenvolvimento econômico local sendo, ao contrario, reflexo de processos 
internacionais que transmitem suas correntes ideológicas à periferia. Nesse tipo de revolução é 
um estrato intelectual que aproveita ideias originadas de uma revolução econômica e social 
ocorrida no estrangeiro, por isso, o pensamento desse grupo assume uma forma idealista, sem 
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raízes num processo econômico de seu país, e sua concepção do Estado assume
a forma de um 
racional absoluto. 
 
Hegemonia e ordem mundial 
 Ao aplicar o conceito de hegemonia à ordem mundial, é importante determinar quando 
começa e quando termina um período de hegemonia. Historicamente, para se tornar hegemônico, 
um Estado teria de fundar e proteger uma ordem mundial que fosse universal em termos de 
concepção, uma ordem em que um Estado não explore os outros estados diretamente, mas na qual a 
maioria desses possa considerá-lo compatível com seus interesses. 
 Essa ordem dificilmente poderia ser concebida apenas em termos interessados. O mais 
provável seria que enfatizasse as oportunidades para as forças da sociedade civil operarem em 
escala mundial. O conceito hegemônico de ordem mundial não se baseia apenas na regulação 
do conflito, mas também numa sociedade civil concebida globalmente, ou seja, num modo de 
produção de extensão global que gera vínculos entre as classes sociais dos países nela 
incluídos. 
 A hegemonia mundial é uma expansão para o exterior da hegemonia interna 
estabelecida por uma classe social dominante. As instituições econômicas e sociais, a cultura e 
a tecnologia associadas a essa hegemonia nacional tornam-se modelos a serem imitados no 
exterior. Essa hegemonia expansiva é imposta aos mais mais periféricos pela revolução 
passiva, incorporando elementos do modelo hegemônico sem que as antigas estruturas de 
poder sejam afetadas. A hegemonia é mais intensa e coerente no centro e tem muito mais 
contradições na periferia. 
 A hegemonia mundial pode ser definida como uma estrutura social, uma estrutura 
econômica e uma estrutura política, e não pode ser apenas uma dessas estruturas, tem de ser todas 
ao mesmo tempo. Essa hegemonia se expressa em normas, instituições e mecanismos 
universais que estabelecem regras gerais de comportamento para os estados e para as forças 
da sociedade civil que atuam alem das fronteiras nacionais. 
Os mecanismos de hegemonia: organizações internacionais 
 As características das OI que expressam seu papel hegemônico são: corporificar as 
regras que facilitam a expansão das ordens mundiais hegemônicas; ela é produto da ordem 
mundial hegemonia; legitima ideologicamente as normas da ordem mundial; coopta as elites 
do países periféricos; absorve ideias contra-hegemônicas. 
 Em geral, as instituições e regras internacionais se originam do estado que estabelece a 
hegemonia. No mínimo, tem de ter o apoio desse Estado. Países de segundo escalão são 
consultados para que seu apoio seja assegurado, e o consentimento de alguns países periféricos é 
solicitado. Existe uma estrutura informal de influencia que reflete os diferentes níveis do verdadeiro 
poder politico e econômico por trás dos procedimentos formais de decisão. 
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 As instituições internacionais também desempenham um papel ideológico, ajudando a 
definir diretrizes políticas para os Estados e a legitimar certas instituições e praticas no plano 
nacional, refletindo orientações favoráveis às forças sociais e econômicas dominantes. 
 O talento da elite dos países periféricos é cooptado para as instituições internacionais 
no estilo do transformismo, ou seja, são condenados a trabalhar dentro das estruturas da 
revolução passiva. O transformismo também absorve ideias potencialmente contra-hegemônicas e 
faz elas se tornarem coerentes com a doutrina hegemônica. 
As perspectivas da contra hegemonia 
 As ordens mundiais se baseiam em relações sociais. Portanto, uma mudança estrutural 
significativa da ordem mundial estaria, provavelmente ligada a uma mudança fundamental 
nas relações sociais e nas ordens políticas nacionais que correspondem às estruturas nacionais 
e relações sociais. Isso poderia acontecer, segundo Gramsci, com o surgimento de um novo 
bloco histórico. 
 Só a guerra de posição tem condições, a longo prazo, de realizar mudanças estruturais, 
e uma guerra de posição implica a construção de uma base sociopolítica para a mudança, com 
a criação de novos blocos históricos. O contexto nacional continua sendo o único lugar no qual 
um bloco histórico pode ser criado. 
 A tarefa de mudar a ordem mundial começa com o longo e trabalhoso esforço de 
construir novos blocos históricos dentro das fronteiras nacionais.

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THE EVOLVING SPHERES OF INTERNATIONAL 
JUSTICE– ANDREW LINKLATER
 De acordo com o realismo clássico, a justiça não desempenha um papel central do 
mundo competitivo da política internacional. Nos anos 70, dois temas contrastantes surgiram em 
oposição a essa doutrina: 1) com a independência das colônias, os estados se apoiariam na 
redistribuição de poder e riqueza do rico para o pobre. 2) com o crescimento da interdependência a 
distinção entre as relações domesticas e internacionais ficou menor e as questões sobre quem 
beneficia os arranjos globais inevitavelmente levanta considerações sobre justiça. 
 A globalização – compressão do espaço-tempo e a universalização das relações econômicas 
e sociais – reforçou a critica ao realismo encorajando uma rigorosa analise das abordagens 
equitativas para lidar com o aquecimento global e destruição do ozônio. As considerações sobre a 
justiça se tornaram mais importantes com o decorrer da Guerra Fria, reforçada pela evidencia de 
que as desigualdades de riqueza continuavam crescendo. 
Esferas da justiça internacional 
 Uma tarefa para o estudante da justiça nas relações internacionais contemporâneas é 
identificar as diferentes esferas da justiça internacional. 
• A primeira é a esfera que se preocupa com a distribuição dos recursos no mundo. Com o fim 
da geopolítica nas regiões centrais, avançadas industrialmente, a ênfase mudou para o status da 
nova ordem geo-econômica moldada pelo racionalismo liberal econômico. Nesse contexto, 
o alvo da justiça são as corporações transnacionais e organizações internacionais como o 
FMI e o Banco Mundial, assim como as nações resistentes. 
• O segundo domínio gira em torno do fenômeno dos danos transnacionais. A globalização 
aumentou as oportunidades de, e a incidência dos danos transnacionais – injuria aos indivíduos 
ou grupos causada por outras sociedades ou corporações transnacionais, injuria que se espalha 
pelas fronteiras pela força do mercado, pelas tendências globais que causam danos à natureza. 
Esse domínio tem significado para o que podemos chamar de domínio direito 
internacional e nacional cosmopolita. Principal exemplo: aquecimento global 
• A terceira esfera cresce com o desenvolvimento das instituições globais que enfrentam um 
deficit democrático global. A questão importante está na preocupação com a distribuição 
desigual do acesso às tomadas de decisão. 
• A quarta esfera é introduzida pela nova diplomacia de gestão do meio-ambiente global. A 
justiça em conexão com a diplomacia ambiental levanta questões importantes sobre a obrigação 
especial que recai sobre os estados estabelecidos industrialmente, não só por terem uma grande 
capacidade de contribuir para medidas internacionais, mas por serem os principais responsáveis 
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pelos danos ambientais. A ordem e a cooperação nessa área é improvável sem esforços 
significativos para garantir a justiça entre as partes (países desenvolvidos e subdesenvolvidos). 
• A quinta esfera da justiça é criada pela questão da migração e reassentamento. Esse problema 
levanta uma importante questão ética sobre os benefícios e malefícios da permissão ou rejeição 
da admissão dos migrantes nas comunidades delimitadas. O problema dos refugiados levantou 
questões sobre como os estados estão fazendo contribuições justas para a solução dos problemas 
que eles mesmo causaram. Essa esfera, então, se preocupa com os direitos e deveres 
fundamentais das comunidades. 
• O sexto domínio foi criado pelas demandas que a estrutura básica da sociedade 
internacional deve garantir a justiça entre diferentes culturas. 
• A sétima esfera
cresceu com os protestos contra os especicismo. defende a criação de áreas de 
proteção para os grandes macacos, e uma grande rede de questões sobre a proteção de espécies 
ameaçadas, o que evidencia a irredutível esfera da justiça que está preocupada com o 
tratamento da humanidade de outros seres sensíveis. 
 Uma proposição chave é a que temos a obrigação de ajudar os pobres a superar os 
efeitos das desigualdades, mesmo se não tivermos contribuído para criá-las. Nós podemos não 
causar desigualdades mas causamos injuria aos estrangeiros, e a partir disso surge a 
obrigação de garantia que os vulneráveis sejam capazes de contestar o modo como são 
tratados e tenham a capacidade de “rejeitar ofertas”. A justiça precisa de esforços para projetar 
compromissos democráticos nas fronteiras nacionais, assim, aqueles que forem incorporados nas 
relações globais sociais e econômicas possuirão mais possibilidade de voz e representação. 
 As consideração da justiça global deve começar com a suposição de que a relevância 
moral da distinção entre nacionais e estrangeiros deve ser demonstrada ao invés de 
pressuposta. De outro modo, a significância moral das delimitações não devem simplesmente 
serem postuladas como um elemento vital da teoria política do Estado. A revisão desse ponto no 
departamento da teoria política internacional é uma pequena revolução no pensamento sobre a 
justiça global. 
O papel do Estado 
 As teorias clássicas argumentam que a tarefa principal dos Estados é proteger os interesses 
de seus nacionais. Os membros da tradição racional grociana tem um ponto de vista diferente, no 
qual os Estados devem evitar causar danos ou injuria ao outro e não se deve impor custos aos 
outros. Os críticos argumentariam que a capacidade e os desejos dos estados para promover a 
reforma global está prestes a declinar, e seu ressurgimento parecem improvável. 
 Uma analise empírica é necessária para se decidir se a posição progressiva é sustentável. Os 
realistas e os marxistas rejeitam teorias progressivas do Estado. Para o realismo, a inabilidade do 
estado em agir de qualquer outra forma que não seja a organização da auto-ajuda é uma teoria a 
priori. O marxismo argumenta que os estados tem poderes limitados para alterar o capitalismo 
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global, entretanto, com forças progressivas no controle, poderão agir para transformar o sistema 
mundial capitalista. 
 Uma visão mais otimista notaria as posições de política externa reformistas tomadas pelos 
Estados nórdicos ao longo de muitos anos, enquanto sublinhava o fracasso mais geral para cumprir 
as metas internacionais de ajuda. 
Direito internacional e nacional cosmopolita 
 Os meios de julgar o comportamento da política externa do Estado a partir de algum ponto 
moral externo podem ser sugeridos, mas não existem indícios óbvios de como compromissos com a 
justiça global podem ser alimentados através do processo político, permanecendo ainda um abismo 
entre os dois mundos de teoria e prática. 
 O estudo do direito nacional e internacional oferece meios interessantes para decidir como 
os Estados podem contribuir para a promoção da justiça cosmopolita. O direito internacional tem 
sido uma lei de estados, e o direito internacional universal tem desempenhado um papel secundário. 
O direito internacional requere que os estados evitem causar dano ao outro, uma injunção com 
conseqüências potencialmente radicais para a ideia de soberania nacional. Essa qualidade 
subversiva está evidente em serias discussões recentes sobre o direito nacional e o internacional que 
considera apropriadas as responsabilidades legais para danos transnacionais. 
 A noção de que os interesses dos co-nacionais ou concidadãos não priorizam 
automaticamente os interesses do resto da humanidade está implícita. O igualitarismo moral 
deve ser incorporado com formas mais cosmopolitas de direito nacional. Como o fenômeno dos 
danos transnacionais tem se tornado mais relevantes, o direito internacional também está sendo 
pressionado para garantir os mesmos compromissos cosmopolitas, o que está evidente nos vários 
esforços para criar leis internacionais que constrangem corporações multinacionais que operam em 
sociedades pobres e para que se continuem as discussões sobre o papel das cortes nacionais e 
internacionais na proteção dos direitos humanos e defendendo as leis de guerra. 
 O direito internacional tradicional garante que o estado soberano tenha o direito de decidir o 
quanto honrará as obrigações morais universais. Entretanto, muitos estados desejam continuar 
privilegiando o direito nacional, o fato é que o apelo moral de que os nacionais vêm em primeiro 
lugar é eticamente inseguro no contexto do aumento dos danos transnacionais. Formas mais 
cosmopolitas do direito internacionais e nacional são meios óbvios, direitos até então imperfeitos 
aos estrangeiros mas que podem se tornar mais perfeitos. 
Conclusão 
 Analistas das políticas de identidade e diferenças forçaram os universalistas a refletir 
cuidadosamente sobre as particularidades dos compromissos normativos e as aspirações. 
Abordagens mais tradicionais sobre a questão da ordem e da justiça nas relações internacionais 
estão certas em argumentar que o progresso nas relações mundiais requerem uma radical 
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redistribuição de poder e riqueza dos ricos para os pobres, e que devem ter medidas para 
incorporar as ideias e aspirações não-ocidentais no direito internacional. 
 O desafio colocado pelas diferentes esferas na injustiça internacional é de equilibrar o 
universal e o particular, de encontrar o ponto em que as obrigações de co-nacionais coexistem 
com, e não contrariam, obrigações para com a humanidade de forma mais ampla. A questão 
que deve ser respondida é se as novas relações entre os Estados e as sociedades civis irão 
reforçar as estruturas e as desigualdades existentes ou criar novas oportunidades para a 
mudança radical que pode ser assegurado pela legislação nacional e internacional 
cosmopolita. 
O que são direitos cosmopolitas? 
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UMA IMAGEM AMPLIADA – Bourdieu
 Estamos incluídos, como homem ou mulher, no próprio objeto que nos esforçamos por 
aprender, incorporamos, sob a forma de esquemas inconscientes de percepção e de apreciação, as 
estruturas históricas da ordem masculina. Trataremos a analise etnográfica das estruturas objetivas e 
das formas cognitivas de uma sociedade historia especifica, ao mesmo tempo exótica e intima, 
estranha e familiar, a dos berberes da Calíbia, como instrumento de um trabalho de socioanálise do 
inconsciente androcêntrico capaz de operar a objetivação das categorias desse inconsciente. 
 Os camponeses das montanhas da Calíbia, representam uma forma paradigmática da visão 
falo-narcísica e da cosmologia androcêntrica, comum a todas as sociedades mediterrâneas e que 
sobrevivem, até hoje, mas em estado parcial e como se estivessem fragmentadas, em nossas 
estruturas cognitivas e em nossas estruturas sociais. Toda a Europa partilha dessa tradição. 
A construção social dos corpos 
 Em um universo em que a ordem da sexualidade não se constitui como tal, e no qual as 
diferenças sexuais permanecem imersas no conjunto das oposição que organizam todo o cosmos, os 
atributos e atos sexuais se vêem sobrecarregados de determinações antropológicas e 
cosmológicas. A constituição da sexualidade como tal nos fez perder o senso da cosmologia 
sexualizada, que se enraíza em uma topologia sexual do corpo socializado, de seus movimentos e 
seus deslocamentos, imediatamente revestidos de significação social. O movimento para o alto é 
associado ao masculino, como a ereção ou a posição superior no ato sexual. 
 A divisão das coisas e das atividades segundo a oposição entre o masculino e o feminino 
recebe sua necessidade objetiva e subjetiva de sua inserção em um sistema de oposições homologas: 
alto/baixo, em cima/ em baixo/
na frente/atras, direita/esquerda, reto/curvo, seco/úmido, duro/mole, 
temperado/insosso, claro/escuro, fora/dentro, público/privado(casa). Tais oposições são 
suficientemente concordes para se sustentarem mutuamente, no jogo e pelo jogo inesgotável de 
transferências práticas e metáforas; e também suficientemente divergentes para conferir, a cada 
uma, uma espécie de espessura semântica, nascida da sobre determinação pelas harmonias, 
conotações e correspondências. Esses esquemas de pensamento, de aplicação universal, 
naturalizam as diferenças de natureza, inscrevendo-as em um sistema de diferenças todas 
igualmente naturais em aparência; de modo que as previsões que elas engendram são 
incessantemente confirmadas pelo curso do mundo, sobretudo por todos os ciclos biológicos e 
cósmicos. 
 A divisão entre os sexos parece estar na ordem das coisas, em estado objetivado nelas. 
É a concordância entre as estruturas objetivas e as estruturas cognitivas, entre a conformação 
do ser e as formas do conhecer, entre o curso do mundo e as expectativas a esse respeito, que torna 
possível esta referencia ao mundo como “atitude natural”, ou “experiência dóxica”. A força da 
ordem masculina se evidencia no fato de que ela dispensa justificação: a visão androcêntrica 
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impõe-se como neutra e não tem necessidade de se enunciar em discursos que visem legitimá-
la. 
 A ordem social funciona como uma imensa maquina simbólica que tende a ratificar a 
dominação masculina sobre a qual se alicerça: divisão do trabalho, distribuição estrita das 
atividades atribuídas a cada um dos dois sexos de seu local, seu momento, seus instrumentos, é a 
estrutura do espaço opondo o lugar de assembléia ou de mercado, reservado aos homens, e a casa, 
reservada às mulheres; é a estrutura do tempo, a jornada, o ano agrário, ou o ciclo de vida, com 
momentos de ruptura, masculinos, e longos períodos de gestação, femininos. 
 O mundo social constrói o corpo como realidade sexuada. É o corpo que constrói a 
diferença entre os sexos biológicos, conformando-a aos princípios de uma visão mítica do mundo, 
enraizada na relação arbitraria de dominação dos homens sobre as mulheres. A diferença biológica 
e anatômica entre os órgãos sexuais, pode assim, ser vista como justificativa natural da 
diferença socialmente construída entre os gêneros, e principalmente, da divisão social do 
trabalho. 
 A virilidade, enquanto questão de honra, mantém-se indissociável da virilidade física, 
através sobretudo, das provas de potência sexual – defloração da noiva, progenitura masculina 
abundante… – que são esperadas de um homem de verdade. 
 O esquema do enchimento é ambíguo, é o principio gerados dos ritos de fecundidade, 
destinados a fazer crescer o falo e o ventre da mulher. A ambiguidade estrutural se manifesta na 
existência de um laço morfológico entre certos símbolos ligados a fecundidade, seio e pênis, pode 
ser explicada pelo fato de representarem diferentes manifestações da plenitude vital, do vivente que 
dá vida (através do leite e do esperma, que se assemelha ao leite). A mesma relação morfologia se 
estabelece entre o ovulo e os testículos. O esperma evoca a plenitude, o que enche a vida, o 
esquema de preenchimento (cheio/vazio). Ao associar a ereção à dinâmica vital do enchimento, a 
construção social dos órgãos registra e ratifica simbolicamente certas propriedades naturais 
indiscutíveis. 
 Quando os pensamentos e as percepções estão estruturados em conformidade com as 
estruturas da relançar de dominação, os atos de conhecimento se tornam atos de 
reconhecimento de submissão. As definições dos órgãos sexuais diretamente expostas à 
percepção, é produto de uma construção efetuada à custa de uma serie de escolhas orientadas, ou 
melhor, através da acentuação de certas diferenças, ou do obscurecimento de certas 
semelhanças. Representação da vagina como um falo invertido, obedece as oposições fundamentais 
de positivo/negativo, que se impõe a partir do momento em que o principio masculino é tomado 
como medida de todas as coisas. 
 Os anatomistas do século XIX tentaram encontrar no corpo da mulher a justificativa do 
estatuto social que lhes é imposto, apelando para oposições tradicionais entre o interior e o exterior, 
a sensibilidade e a razão, a passividade e a atividade. A descoberta do clitóris demonstra que, longe 
de desempenhar o papel fundante que lhes é atribuído, as diferenças visíveis entre os órgãos sexuais 
masculinos e femininos são uma construção social que encontra seu principio nos princípios de 
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divisão da razão androcêntrica, ela própria fundamentada na divisão dos estatutos sociais atribuídos 
ao homem e à mulher. 
 A cintura é um dos signos de fechamento do corpo feminino, que ainda hoje se impõe as 
mulheres nas sociedades euro-americanas atuais. Simboliza a barreira sagrada que proteje a vagina, 
socialmente constituída como objeto sagrado. e que portanto possui regras estritas de acesso, que 
determinam as condições do contato consagrado, ou seja, os atos legítimos ou profanadores. Essas 
regras se aplicam hoje tanto nos ritos matrimoniais, como nas situações de que um médico homem 
tem que praticar o exame vaginal. 
 O corpo tem sua frente, lugar de diferença sexual, e suas costas, sexualmente 
indiferenciadas e potencialmente femininas, ou seja, algo sexualmente indiferenciadas e 
potencialmente femininas, ou seja, algo passivo, submisso, como nos fazem lembrar os insultos 
contra a homossexualidade. É igualmente através da divisão sexual do usos legítimos do corpo 
que se estabelece o vinculo entre o falo e o logos: usos públicos e ativos, de parte alta, masculina do 
corpo – fazer frente a, enfrentar, frente a frente, olhar no rosto, nos olhos, tomar a palavra 
publicamente. A mulher mantém-se afastada dos lugares públicos (anda com os olhos baixos, e a 
única expressão que lhe convém é não sei. 
 O próprio ato sexual é pensado em função do principio do primado da masculinidade. 
A posição considerada normal é logicamente aquela em que o homem fica por cima; a posição 
na qual a mulher se põe sobre o homem é explicitamente condenada em inúmeras civilizações. 
Em cima ou em baixo, ativo ou passivo, essas alternativas paralelas descrevem o ato sexual 
como uma relação de dominação. 
 O gozo masculino é, por um lado, gozo do gozo feminino, do poder de fazer gozar, o que 
tem razão na simulação do orgasmo, uma comprovação exemplar do poder masculino de fazer com 
que a interação entre os sexos se dê de acordo com a visão dos homens, que esperam do orgasmo 
feminino uma prova de sua virilidade e do gozo garantido por essa forma suprema de submissão. 
 Em muitas sociedades, a posse homossexual é vista como uma manifestação de potência, 
um ato de dominação, exercido em certos casos para afirmar a superioridade e feminilizar o 
outro, e que é a este titulo que ela leva aquele que a sofre a desonra e a perda do estatuto de 
homem integro e de cidadão. Ligando a sexualidade ao poder, a pior humilhação para um 
homem consiste em ser transformado em mulher. 

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A CRITIQUE OF MORGENTHAU’S PRINCIPLES OF 
POLITICAL REALISM – TICKNER
A política internacional é um mundo masculino, um mundo de poder e conflito em que a guerra é 
uma atividade privilegiada. Tradicionalmente, a diplomacia, o serviço militar e a ciência da 
política internacional tem sido domínio dos homens. 
Enquanto mais mulheres têm entrado no mundo a política pública, elas ficam mais confortáveis 
em lidar com questões domésticas como problemas sociais que são mais compatíveis com suas 
habilidades de nutrir. Ainda, o grande numero de mulheres nos movimentos para a paz sugerem 
que as mulheres não estão desinteressadas nas questões sobre guerra e paz, apesar de sua 
dissidência da segurança nacional ser rotulada como ingenuidade, falta de informação, ou até 
mesmo falta de patriotismo. 
PRINCÍPIOS DO REALISMO
POLÍTICO DE MORGENTHAU: UMA PERSPECTIVA 
MASCULINA? 
 Os 6 princípios de Morgenthau moldaram significantemente o modo como a maioria dos 
estudiosos e práticos de ri no ocidente pensam sobre a política internacional desde 1945. 
1. Política, como sociedade no geral, é governada por leis objetivas que possuem suas raízes na 
natureza humana, a qual é imutável. 
2. O conceito de interesse definido em termos de poder o qual provoca uma ordem racional para a 
matéria política, e faz o entendimento teórico da política possível. 
3. O realismo assume que o interesse definido em termos de poder é uma categoria objetiva, 
válida universalmente mas não com um significado fixo. O poder é o controle do homem sobre 
o homem. 
4. O realismo político tem conhecimento do significado moral da ação política. 
5. O realismo político recusa a identificação das aspirações morais de uma nação em particular 
com leis morais que governam o universo. É o conceito de interesse definido em termos de 
poder que nos salva do excesso moral e da tolice política 
6. Os realistas políticos mantêm a autonomia da esfera política. O realismo político é baseado 
numa concepção da natureza humana. Um homem que não é nada além de homem político seria 
uma besta, por estar preso às restrições morais. Para se desenvolver uma teoria autônoma do 
comportamento político, o homem político deve ser abstraído dos outros aspectos da natureza 
humana. 
 A autora considera que isso é uma descrição parcial da política internacional porque é 
baseada em suposições sobre a natureza humana que é parcial e privilégio da masculinidade. 
Masculinidade e feminilidade se referem a um conjunto de categorias socialmente 
construídas, que variam no tempo e no espaço. No ocidente, as dicotomias conceituais, 
objetividade x subjetividade, razão X emoção, mente x corpo, cultura x natureza, eu x outro, saber x 
ser, público x privado, tem sido usadas para descrever as diferenças entre o feminino e o 
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masculino pelos feministas e não feministas. É importante destacar que essas características são 
estereótipos. 
 Evelyn Fox Keller mostra que a maioria das comunidades científicas dividem a suposição de 
que o universo que estudam é diretamente acessível, representado pelos conceitos e moldados não 
pela linguagem mas apenas pelas demandas da lógica e da experiência. Keller rejeita essa visão de 
ciência que impõe um padrão coercitivo, hierárquico e conformista na investigação científica. As 
feministas são céticas sobre a possibilidade de se encontrar uma base universal e objetiva para 
o conhecimento. A maioria acredita que o conhecimento é socialmente construído, uma vez que 
a linguagem que transmite o conhecimento, o uso da linguagem e suas reivindicações de 
objetividade devem continuar sendo questionados. 
 Ela argumenta que a objetividade, na nossa cultura, é associada com a masculinidade. A 
divisão do sujeito e do objeto é baseada na necessidade de controle: objetividade se torna 
associada com poder e dominação À necessidade de controle tem sido uma importante força 
motivacional do realismo moderno. 
 Morgenthau está consciente que o homem real, assim como os Estados, são morais e bestiais 
mas, porque os Estados não vivem de acordo com as leis morais universais que governam o 
universo, aqueles que agem moralmente na política internacional são dominados por falhas por 
causa das ações imorais dos demais. Para resolver isso, ele definiu o mundo como sendo 
hobbesiano, os estados devem agir como bestas, a sobrevivência depende da maximização do poder 
e boa vontade para lutar. 
 O homem político de Morgenthau é baseado na construção social de uma representação 
parcial da natureza humana. Onde está a mulher no estado de natureza de Hobbes? Presumidamente 
ela está envolvida na reprodução e no cuidado com os filhos, ao invés da guerra. 
 A ênfase dele no aspecto conflituoso do sistema internacional contribui para a tendência de 
não enfatizar elementos de cooperação e regeneração que também são aspectos esperados nas ri. À 
construção de Morgenthau de um reino amoral do poder político internacional é um esforço pra 
resolver o que ele vê como tensão fundamental entre as leis morais que governam o universo e a 
exigência de uma ação política de sucesso num mundo onde os Estados usam a moralidade para 
justificar o propósito de seus próprios interesses nacionais. 
 A ordem hierárquica de Morgenthau tem um paralelo com o trabalho de psicologia do 
Kohlberg. Em critica a esse trabalho, Carol Gilligan argumenta que os estágios de 
desenvolvimento moral de Kohlberg é baseado numa concepção masculina de moralidade. 
Uma vez que as mulheres são socializadas dentro de um modo de pensar que é contextual e 
narrativo, ao invés de formal e abstrato, elas tendem a ver as questões em termos mais 
contextuais do que em abstratos. 
 As prescrições de realpolitik de Morgenthau para uma ação política de sucesso parecem ser 
prescrições para corrigir os erros dos anos 30 e não prescrições com aplicabilidade atemporal. A 
autora afirma que para a mudança do mundo devemos começar a procurar por modos de 
comportamento diferentes daqueles prescritos por Morgenthau. O Estado nação não é mais 
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capaz de lidar com o crescimento da ordem pluralista dos problemas que variam da 
interdependência econômica à degradação ambiental. 
UMA PERSPECTIVA FEMININA NAS RI? 
 
 A autora examina dois conceitos importantes das relações internacionais, poder e 
segurança, de uma perspectiva feminista e depois discute algumas resoluções feministas para o 
conflito. Naney Hartsock argumentou que o poder, definido por Morgenthau como controle do 
homem sobre o homem, é um poder de dominação associado com a masculinidade, uma vez 
que o exercício de poder ter sido geralmente uma atividade masculina, raramente se tem uma 
mulher exercendo poder legitimamente no domínio público. Quando as mulheres escrevem 
sobre poder elas gastam energia, capacidade e potencial. 
 Hanna Arendt, frequentemente citada pelas feministas, sobre poder, define poder como a 
habilidade humana em agir em concerto, ou agir em conexão com outros que dividem 
preocupações similares. Jane Jaquette, argumenta que desde que a mulher tenha menos acesso 
aos instrumentos de coerção, elas estarão mais aptas a usarem o poder como persuasão; 
comparando as atividades domesticas com a construção de coalizão. 
 Essas autoras estão retratando o poder como uma relação de mutua capacitação. Jaquette vê 
similaridades nas estratégias femininas de persuasão e estratégias dos estados pequenos 
operando de uma posição de fraqueza no sistema internacional. 
 A autora não nega que o poder como dominação é uma realidade nas relações 
internacionais, mas considera também que há instancias de cooperação nas relações 
interestatais, que tendem a ser obscurecidas quando o poder é visto apenas como dominação. 
Pensando sobre o poder nesse senso multidimensional pode nos ajudar a pensar construtivamente 
sobre o potencial para a operação e para o conflito, um aspecto das ri geralmente minimizado pelo 
realismo. 
 O conceito de segurança nacional tem sido ligado a força militar como proteção física do 
estado contra ameaças externas. A noção de Morgenthau de defender o interesse nacional em termos 
de poder é consistente com essa definição. Mas, o avanço tecnológico dos estados é altamente 
interdependente, o que faz com que os efeitos das armas seja devastador tanto para os perdedores 
quanto para os vencedores. 
 Tradicionalmente, a literatura focou nos aspectos do desenvolvimento que se encontravam 
na esfera pública, que é tecnologicamente complexa e normalmente empreendido pelos homens. 
Pensando sobre o papel da mulher no desenvolvimento e no modo no qual podemos definir 
desenvolvimento e satisfação das necessidades básicas a serem incluídas no papel das mulheres e 
necessidades são tópicos
que merecem prioridade na agenda internacional. 
 Carolyn Merchant argumenta que a visão mecânica da natureza ajudou a guiar o 
desenvolvimento industrial e tecnológico que resultou em dano ambiental, que se tornou uma 
questão de preocupação global. Ela afirma que a mulher e a natureza possuem uma antiga 
associação. Consequentemente ela mantém o movimento ecológico, que tem crescido em 
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resposta as ameaças ambientais, que se interconectam como o movimento das mulheres. 
Ambos destacam o equilíbrio com a natureza ao invés de sua dominação, veem a natureza 
como uma entidade viva não hierárquica em que cada parte é mutualmente dependente do 
todo. Os ecologistas e as feministas sugerem que apenas uma mudança fundamental na forma de se 
enxergar o mundo permitirá que a espécie humana sobreviva aos danos que ela tem causado ao 
meio ambiente. 
 Sara Ruddick fez um trabalho sobre o pensamento maternal. Ela descreve o pensamento 
maternal como focado na preservação da vida e do crescimento das crianças. Para fomentar 
um ambiente doméstico propício para essas metas, a tranquilidade deve ser preservada, 
evitando conflitos sempre que possível, envolvendo-se numa comunidade não-violenta e 
restaurada. Nesse ambiente os fins que são disputados são subordinados aos significados pelos 
quais eles são resolvidos. Esse método de resolução de conflito envolve julgamentos contextuais 
ao invés da apelação para padrões absolutos, o que está de acordo com a definição de 
moralidade feminina da Gilligan. 
 Enquanto as resoluções não violentas de conflito na esfera domestica são normas 
largamente aceitas, a resistência passiva no ambiente publico é considerada divergente. 
Ruddick argumenta que a resolução pacifica de um conflito pelas mães não extende-se aos 
filhos do inimigo, uma importante razão pela qual as mulheres estão prontas para apoiar as 
guerras dos homens. 
 Gilligan afirmou que as meninas estão menos aptas a tolerar um alto nível de conflito, mais 
suscetíveis que os homens a jogar jogos que envolvem revezamento e nos quais o sucesso de um 
não depende do fracasso do outro. Isso sugere a validade da investigação de como as meninas são 
socializadas a usar diferentes modos de resolução de conflitos e de lidar com eles, e em como esse 
comportamento pode ser útil no pensamento sobre as resoluções de conflitos internacionais. 
 
EM DIREÇÃO A EPISTEMOLOGIA FEMINISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 Keller argumenta sobre uma forma de conhecimento que ela chama de objetividade 
dinâmica, que garante ao mundo sua integridade independente, mas o faz permanecendo 
consciente, na verdade dependendo de nossa conectividade com esse mundo. A noção ocidental 
liberal do homem econômico racional, um maximizador da individualidade e do bem-estar, similar 
a imagem do homem politico racional no qual o realismo baseia suas investigações, não fazem 
sentido na visão de mundo africana onde o individual é visto como parte da ordem social, agindo 
com ela e não contra ela. 
 Merchant destaca a interconectividade das coisas, inclusive da natureza, e afirma que 
essa interconectividade pode nos ajudar a pensar sobre uma perspectiva mais global. Essa 
perspectiva incluiria a diversidade cultural ao mesmo tempo que reconheceria a crescente 
interdependência. 
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 A objetividade dinâmica, o mundo africano e o pensamento ecológico nos aponta na direção 
da apreciação do outro como sujeito cujas visões são legitimas como as nossas próprias, um modo 
de pensar que infelizmente é deficiente na historia das ri. 
 A literatura feminista impulsiona a construção de epistemologias que qua valorizam a 
ambiguidade e a diferença. Essas qualidades poderiam nos ajudar a construir uma teoria 
humana ou sem gênero das ri a qual conteria elementos de ambos, feminino e masculino, 
modos de pensamento. 
OS PRINCIPIOS DO REALISMO POLÍTICO DE MORGENTHAU: UMA REFORMULAÇÃO 
FEMINISTA 
 
 Uma verdadeira figura realista da política internacional deve reconhecer elementos de 
cooperação assim como os do conflito, moralidade assim como realpolitik, esforços por justiça 
assim como para ordem. 
1. Uma perspectiva feminista acredita que a objetividade, culturalmente definida, é associada 
como a masculinidade. Assim, as supostas leis objetivas da natureza humana são baseadas numa 
visão parcial masculina. A natureza humana é feminina e masculina, contem elementos da 
reprodução social e desenvolvimento assim como da dominação política. A objetividade 
dinâmica oferece uma visão mais conectada da objetividade com menor potencial de 
dominação. 
2. O feminismo acredita que o interesse nacional é multidimensional e condicionada 
contratualmente. Não pode ser definida apenas termos de poder. No mundo contemporâneo, o 
interesse nacional demanda cooperação ao invés de soluções de soma zero para resolver 
problemas no mundo interdependente que inclui guerra nuclear, sucesso econômico e 
degradação ambiental. 
3. O conceito de poder não pode ser considerado como universalmente valido. Poder como 
dominação e controle do privilégio masculino ignora as possibilidades de empoderamento 
coletivo, outro aspecto do poder associado com a feminilidade. 
4. O feminismo rejeita a possibilidade da separação do comando moral da ação política. toda ação 
política tem um significado moral. A agenda realista por maximização da ordem pelo poder e 
controle da prioridade ao comando moral da ordem sobre a justiça e satisfação das necessidades 
básicas que asseguram a reprodução social. 
5. Reconhecendo que as aspirações morais de nações particulares não podem ser 
consideradas como princípios morais universais, a perspectiva feminista procura 
elementos morais comuns nas aspirações humanas que podem se tornar a base para a 
diminuição dos conflitos internacionais e para a construção da comunidade internacional 
6. O feminismo nega a autonomia politica, uma vez que a autonomia é associada a 
masculinidade na cultura ocidental. Construir limites em torno de um campo político 
restrito define política de uma forma que exclui as preocupações e contribuições das 
mulheres. 
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 Acrescentando a perspectiva feminista na epistemologia das ri é um estagio pelo qual 
devemos passar se queremos pensar em construir uma ciência humana e sem gênero da política 
internacional, a qual é sensível mas vai além, é masculina e feminina ao mesmo tempo. Um 
discurso humano se torna possível apenas quando as mulheres são adequadamente 
representadas na disciplina e quando há igual respeito pelas contribuições das mulheres e dos 
homens.

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WELL, WHAT IS THE FEMINIST PERSPECTIVE ON 
BOSNIA – MARYSIA ZALEWSKI
 
 A essência do feminismo é a reinterpretação radical da tradição. O terceiro debate acusou 
a disciplina das Relações Internacionais de ser reacionária, teoricamente ingênua, tendenciosamente 
machista, insensível com gêneros e geralmente com uma capacidade deficiente de pensar os 
problemas contemporâneos do mundo da política de um modo menos superficial. Essas criticas 
apareceram de três grupos: feministas, teóricos críticos e pós-modernistas. 
Feminismo e gênero 
 Essa introdução para a variedade de abordagens feministas nas relações internacionais 
pretende alertar o leitor para o fato de que o feminismo não é um modelo que pode ser 
aplicado diretamente às teorias e praticas das relações internacionais a fim de produzir 
facilmente uma perspectiva feminista da Bósnia. Em vez disso, o feminismo é melhor entendido 
como numerosos conjuntos de praticas, teorias, filosofias e perspectivas as quais consideram o 
gênero como uma categoria de analise importante e muitas vezes central. Note-se que a atenção 
do feminismo é para o gênero e não simplesmente para a mulher. 
 O gênero pode ser definido de duas formas. Primeiramente refere-se as categorias 
construídas social e culturalmente sobre o masculinidade
e a feminilidade. A ênfase na 
construção natural dessas categorias significa que não há nada natural, inerente ou 
biologicamente inevitável sobre os atributos, atividades e comportamento que são definidos 
como masculinos ou femininos. Essas categorias não são independentes, mas definidas em relação 
de oposição entre elas; ser feminino é não ser masculino. Há também uma constância historia em se 
dar maior valor com aquilo associado a masculinidade e menos valor ao que é associado a 
feminilidade. 
 Segundamente, para se pensar sobre o gênero temos que pensar sobre as crenças sobre as 
diferenças de gênero. O argumento é que existem crenças profundas sobre as diferenças 
sexuais, apesar de seu personagem socialmente construído, que repercute-se nas praticas 
diárias de todos os níveis, pessoal, publica e internacional. Alguns podem dizer que existem dois 
mitos revelados no trabalho de gênero: as divisões e diferenças de gênero são determinações de 
Deus ou naturais, e portanto o domínio da analise política; o outro é que o gênero não tem nada a 
fazer com os processo e eventos internacionais. 
Direitos Humanos 
 Duas entre três mulheres no mundo sofrem da doença mais debilitante conhecida pela 
humanidade. Essa doença é a probreza. A representação desproporcional das mulheres em pobreza 
absoluta e ainda as outras 2 milhões que só conseguem suprir suas necessidades básicas mais 
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imediatas é o maior abuso aos direitos humanos das mulheres. Esses dados são resultados das 
crenças e construções sobre as diferenças de gênero.Outros abusos contra os DH’s das 
mulheres são prostituição forçadas; violência sexual endêmica contra as mulheres refugiadas; 
cirurgia genital; discriminação contra crianças do sexo feminino que resulta em mortes. A 
violência contra a mulher é talvez a mais difundida e a menos reconhecida como abuso de 
direitos humanos no mundo. 
 É inadequado argumentar que essas estatística e realidades são apenas resultado das crenças 
reacionárias ou tradição cultural, particularmente quando consideramos a afirmação de que todos os 
estados dependem e agem de acordo com as crenças sobre sexo para fins políticos. Peggy 
Watson: “é o crescimento atual do machismo a característica principal das relações de gênero 
no leste europeu” – A transição do socialismo para o capitalismo liberal permitiu a emergencia de 
políticas e praticas prejudiciais às mulheres, especificamente nas áreas de representação política, 
aborto e mercado de trabalho. Reivindicações radicais de diferença de gênero são a base da 
legitimação das regras do homem e constituem uma justificação explicita da exclusão da mulher do 
poder.As mulheres foram excluídas da representação política. O argumento é que os direitos das 
mulheres foram violados pelas crenças sobre as diferenças de gênero para servir fins políticos e 
sociais. O representante do conselho europeu polonês afirmou, por exemplo, que é impossível falar 
em discriminação contra as mulheres; A natureza deu um papel diferente aos homens e as mulheres; 
o ideal permanece sendo a mulher-mãe, a qual foi abençoada pela gravidez. Similarmente, o líder 
da União da Política Real, afirmou que a equidade dos sexos não faz sentido, uma fez que o 
desenvolvimento da espécie humana dependeu da especialização, e assim as mulheres e os homens 
devem desempenhar papeis diferentes. 
 A escola feminista argumenta que essas diferenças são materializadas numa oposição 
hierárquica que posiciona o sujeito macho como padrão ou norma, e que ambos naturalizam 
a subordinação das mulheres e eliminam sua significância política na esfera privada. 
 Watson afirmou também que o direito do aborto também sofreu ataques desde a 
dissolução do socialismo, e destaca que é intrigante que no meio de um crise econômica, política e 
de insegurança social, o aborto se tornou uma questão primária nos antigos países socialistas. A 
regulação da mulher foi vista como uma área não só que requeria ação, mas também uma em que o 
poder poderia ser facilmente exercido enquanto que a economia gerou sentimentos de impotência. 
 Spike Peterson argumenta que embora o princípio da igualdade esteja consagrado na 
elaboração de instrumentos de direitos humanos, na prática, direitos das mulheres são 
subordinados. Ela afirma que as convenções internacionais de direitos humanos rejeita m 
especificamente o princípio da não-intervenção, mas a violência sistemática contra a mulher é 
tratada como costume ou um assunto privado e, portanto, imunes à condenação internacional. 
 A ausência de revolta é ainda mais significativa por uma das mais fortes declarações 
feministas sobre os direitos humanos: que, em parte, os governos, estados e a cooperação 
intergovernamental dependem da violação dos direitos humanos das mulheres. Georgina 
Ashworth alega que alguns modelos de acumulação de capital, orientação para a exportação e 
crescimento são baseados na violação dos direitos econômicos das mulheres, através de seu 
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exercício fraco dos direitos civis e políticos, e baixo nível sócio-cultural. A vulnerabilidade das 
mulheres para exploração econômica é universal; o valor do sexo feminino sendo menor que a do 
sexo masculino significa que o trabalho feminino vale menos do que o trabalho do homem. 
 Algumas versões do feminismo populista nas sociedades ocidentais contemporâneas 
considerariam tal documentação da violência praticada contra as mulheres como um caso de 
“vitima feminista”, o que é uma deturpação grosseira. Apenas com uma documentação empírica 
exaustiva podemos começar a mudar e expandir o conhecimento base que usamos para construir as 
figuras sobre o que está acontecendo no mundo da política internacional. Indubitavelmente, o 
mapeamento ativo e preciso da vida das mulheres por mulheres de todo o mundo é que têm 
mobilizado as mulheres internacionalmente para a campanha para o reconhecimento de seus 
direitos. 
 Em 1993, na Conferencia de DH’s da ONU um considerável numero de de grupos que 
defendiam os direitos das mulheres chegaram a uma declaração final incluindo 9 parágrafos sobre a 
“equidade de status e direito humanos” das mulheres. 
 Em março de 1994, a Comissão de DH’s da ONU adotou uma histórica resolução 
condenando todas as violações dos direitos humanos das mulheres e clamando pela total integração 
dos direitos humanos das mulheres no monitoramento e no sistema de comunicação do centro de 
Direitos Humanos da ONU. Essa resolução marcou uma nova fase dos direitos humanos. O 
reconhecimento dos direitos das mulheres como direitos humanos e da natureza política do domínio 
privado é significante. 
 Stanlie James afirma que apesar de a proteção dos direitos das mulheres terem sido 
incorporados na linguagem da Declaração Universal, os sistemas normativos da opressão 
baseada no gênero continuam operacionais no tempo e no espaço, abrangendo todos os níveis, 
do familiar ao internacional. Flexível, e responsável por diversas condições e situações, essas 
fronteiras fundamentais do privilegio patriarcal foram construídos de modo a constranger as 
mulheres da participação total no processo de decisão política, enquanto também as excluiu do 
completo e igual acesso aos recursos sociais. 
 Para se pensar seriamente sobre as mulheres, gênero e direitos humanos, os estudiosos de 
relações internacionais devem questionar quantas nações, estados e sociedades naturalizam e 
dependem das crenças sobre diferenças de gênero, que com demasiada frequência tornam-se 
ratificadas como desvantagem. Isso é um desafio para os atuais conceitos de autoridade e soberania 
das relações internacionais. as reivindicações dos estados pela auto-determinação e não-intervenção 
são facilmente manipuladas para esconder e evitar lidar com o abuso de mulheres dentro de suas 
fronteiras. A segurança do Estado, muitas vezes tem pouco significado quando a luta pela 
integridade corporal é um desafio
diário. 
Guerra e os militares 
“Bem. Garotos serão Garotos” (Reagan) – Well. Boys will be boys. 
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 O uso dessa citação parece confirmar uma visão tradicional de que as mulheres são de 
alguma forma naturalmente pacificas, enquanto os homens são agressivos. É verdade que 
algumas mulheres e feministas argumentaram que há uma conexão significante entre mulheres e 
paz e entre homens e guerra. Nos anos 80 mulheres fizeram campanha para paz e para destruição 
das armas de guerra. De fato, por todo o mundo as mulheres estão protestando ativamente para 
erradicar a guerra e a violência. Mas isso implica que as mulheres são mais pacificas que os 
homens, ou que se as mulheres e os homens revertessem suas posições relativas de poder politico o 
mundo teria menos guerras? É verdade que as mulheres matam menos pessoas do que os homens. É 
verdade também que algumas mulheres, alguns feministas e alguns homens alegaram que os 
homens são naturalmente agressivos e que a guerra é “trabalho de homem”. 
 Entretanto, podemos saber mais sobre a sexualização da guerra e dos militares 
prestando atenção em como as nossas crenças sobre a diferença sexual serve à uma variedade 
de propósitos e à construção e reforço de numerosos mitos e realidades. Uma atividade 
culturalmente produzida que é definida rigidamente pela diferenciação sexual e comprometida com 
a exclusão sexual como parte de guerra para um local onde os significados sobre gênero estão sendo 
produzidos, reproduzidos e distribuídos de volta à sociedade. Depois da reprodução biológica, a 
guerra é talvez a arena em que a divisão do trabalho entre os limites de gênero é a mais obvia, 
e assim, onde a diferença sexual parece ser a mais absoluta e natural. 
 Isso destaca que o gênero é culturalmente e socialmente construído e que as crenças sobre a 
diferença sexual desempenham um papel relevante na construção das realidades, nesse caso, a 
realidade da guerra. Os estudiosos foram capazes de ignorar a importância e a relevância do gênero 
por tanto tempo que parecem acreditar que as diferenças de gênero são naturais ou inevitáveis, e por 
essa razão, não passíveis de analise política. 
 Linda Boose estudou o ideal da masculinidade na cultura Americana contemporânea no 
contexto na reemergência do militarismo após a guerra do Vietnã. Quando o militarismo re-
imergiu como um tópico na sociedade americana, ele o fez por meio dos filmes. Depois de um 
breve flerte com a nova sensibilidade masculina, apresentada nos anos 70, a ética cultural 
visualmente incorporada na figura da liderança masculina teve uma reversão de 180 graus nos anos 
90. Os filmes de aventura de Hollywood enunciaram uma metanarrativa de reafirmação masculina 
violenta e de exclusão feminina que muitos dos filmes adotam. Boose mostra como o papel da 
mulher nos filmes encolheu, seus corpos tornaram-se progressivamente submetidos a uma 
evisceração assustadoramente literal: filmes de terror com suas vítimas, inevitavelmente, do sexo 
feminino têm proliferado... enquanto personificação do sexo feminino e corpos femininos foram 
sendo reduzidos, a tela se encheu inflada de torsos masculinos do tipo que, antes de 1980, tinha sido 
relegado a filmes de Tarzan. 
 Os filmes hollywoodianos dos anos 90 foram definidos por Boose como de 
“tecnomuscularidade”, representados por Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. As 
narrativas desses filmes era moldar o futuro mudando o passado, imortalizado pela linha do 
filme Rambo. Os filmes anti-guerras representando a experiência no Vietnã representavam o 
corpo masculino como pequeno, vulnerável e implicitamente destrutível, enquanto os filmes 
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de direita, dos atores citados, usavam homens muito musculosos para articular a visão de uma 
América invencível, que não perde a guerra. Para Boose, essa narrativa popular serviu para a 
recuperação do militarismo extensivo. 
 Cynthia Enloe afirmou que os comentaristas da política internacional convencional 
colocaram o poder em seu centro de analise – excluindo a cultura e as ideias – mas subestimaram a 
quantidade de variedade de poderes. Ela mostra que uma das mais notáveis características dos 
militares é que eles são exclusivamente homens; mas essa masculinidade sozinha não tem sido 
considerada suficiente para garantir a formação de militares em que os estados podem 
confiar. As estimadas 430.000 mulheres servindo os exércitos regulares do mundo no final dos 
anos 80 não mudaram a cultura essencialmente masculinizada dos militares. 
 Nancy Hartsock observou, a virilidade masculina e a violência são normalmente postas 
juntas e os valores tradicionais da masculinidade são sistematicamente invocados no 
treinamento básico do exercito. Os recrutas aprendem que ser um homem é ser um soldado, 
não uma mulher. Lynne Segal escreveu que a natureza masculina dos militares é fomentada para 
proteger as instituições militares e o Estado. O treinamento militar é designado para promover 
um tipo particular de agressividade masculina: mulher e gay são os insultos mais frequentes 
lançados aos novos recrutas pelos sargentos. 
 O que deve chamar a atenção não é o fato de que o exercito quer que os soldados 
hajam como homens másculos, mas o esforço monumental que é preciso para criar esta 
persona, que tem sido assumido como sendo em grande parte irrelevante para a nossa 
compreensão sobre os militares e sobre a guerra a qual eles são parte. 
 As lentes pelas quais vemos o mundo são extremamente androcêntricas, priorizar a 
experiência das mulheres e a realidade parece ser preconceito ou alegação especial. Enloe afirma 
que precisamos analisar a construção do gênero que cria essa diferentes realidades. 
 Para se produzir soldados músculos prontos para a guerra, os militares confiam em noções 
sobre o que significa ser másculo, o que estará intrinsicamente relacionado com o que significa ser 
feminino. Ambos, combate e masculinidade, são construções sociais mas também, essa moeda 
política tem sido muito investida na tentativa de construir esses conceitos em prol da 
preservação da ordem patriarcal. Feministas foram persuasivos quando eles mostraram que 
os comportamentos e as ideias consideradas naturais e incontestáveis tinham sido na realidade 
disputados. 
 Lynne Segal argumenta que o tabu no fato de mulheres segurarem armas não é para 
protegê-las, mas para proteger a mitologia, a moral, motivação, prestigio e privilégios dos 
soldados homens; apoiar a ideia da masculinidade inevitável do combate e a feminilidade 
essencial daquelas que devem ser protegidas, aquelas que dão a luz, aquelas que não podem 
matar, mulheres pelas quais os homens devem brigar e morrer. 
 Aqueles preocupados com política internacional tem se esforçado em entender a guerra: 
como elas ocorrem, quais mecanismos são usados na construção da guerra, quais ideologias e 
comportamentos sustentam ou acabam com as guerras, e quando as guerras acabam, como as 
sociedades e as pessoas se recuperam. A analise feminista nos move para longe da pergunta 
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simplista: “se as mulheres governassem o mundo ele seria mais pacifico?”no sentido de um 
aprofundado uso onipresente do gênero. A analise da Enloe, sempre baseada na pergunta: “O que 
está acontecendo com as mulheres”?, mostram o quão diferente a imagem da realidade se 
mostra quando o referente muda. 
 A analise de gênero da guerra e dos militares insiste para que prestemos atenção em como os 
mitos e ideologias sobre o gênero são usados para criar ideias sobre o que significa ser uma boa 
mulher e um bom homem, e como essas construções moldam a ação pública e forjam uma 
identidade feminina e masculina. 
 A crença sobre o gênero, considerada natural ou irrelevante, desempenha um serio e 
profundo papel nos processo e praticas da política mundial. Não podemos ignorar essas 
imagens criadas sobre o gênero, devemos usa-las como dispositivos epistemológicos
que nos 
permitam começar a pensar em sobre como as construções e crenças sobre gênero formam 
nossos pensamentos e ações. 
Conclusão 
 Os estudiosos de relações internacionais estão preocupados em entender mais sobre como 
funciona o mundo. Isso significa que as profecias que são partes de teorias e pratica das relações 
internacionais devem resistir às tentativas para patrulhar as fronteiras intelectuais que emolduram o 
estudo da política mundial, e começar questionar a o própria construção da autoridade e da 
soberania. Mas o que isso significa para os praticantes das relações internacionais? 
 Existem duas respostas a essa questão. A primeira é que empiricamente, mais atenção pode 
ser direcionada para os grupos marginalizados no mundo politico, ao invés de assumir que aqueles 
que estão no centro estão lá naturalmente. A outra resposta, um movimento em direção ecletismo 
intelectual, sem o qual os estudiosos e os decisores políticos terão dificuldade para desenvolver 
análises mais inovadores da política mundial. 
 Qual a perspectiva feminista da sobre a Bósnia? Primeiramente deve-se olhar para o que está 
acontecendo às mulheres na Bósnia. Não se pode negar que as mulheres sofrem por questões de 
gênero de diferentes maneiras durante a guerra, embora esta é muitas vezes representada como uma 
simples efeito secundário desagradável. Christine Chinkin afirma que o estupro de mulheres 
durante a guerra é um instrumento deliberado de guerra e uma consequência do poder do 
homem e dos privilégios masculinos. 
 Devemos considerar também como as noções de identidade feminina estão sendo usadas, 
como por exemplo, as mulheres na servia, as quais formaram o partido das mulheres, o qual 
intencionalmente transgride fronteiras étnicas chamando todas as mulheres da Iugoslávia, e também 
as mulheres do norte da Irlanda. Nesse caso, depois da 1ª G.M., a solidariedade feminina tem sido 
usada para insistir na paz. 
 Devemos começar o difícil processo de traçar uma complexa rede de significados, mitos e 
ideologias de gênero, os quais, em parte, criaram uma população de mulheres que possuem limitado 
acesso a independência financeira; uma construção sexualizada do exótico, flexível, e de sempre 
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pronta para servir sobre as mulheres asiáticas/orientais; e a construção heterosexualizada do soldado 
másculo cujas necessidades sexuais fazem parte da política militar. A mudança de foco empírico nos 
permite central domínio epistemológico e pode nos fazer questionar como as crenças e mitos 
sobre gênero desempenham um papel importante na criação, manutenção e finalização das 
guerras. 

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POSTCOLONIAL THEORY AND THE CRITIQUE OF 
INTERNATIONAL RELATIONS – SETH
 Esse artigo é uma critica pós-colonial da corrente principal das RI. Essa critica procura 
provincializar sistematicamente a Europa. Desafia a centralidade dada à Europa como fonte e 
origem da ordem internacional histórica; A universalidade reconhecida às perspectivas 
morais e legais que refletem e reproduzirem a relações de poder característica do encontro 
colonial, e que estão, portanto, longe de ser universais; e questiona o privilégio epistemológico 
concedido a uma compreensão do conhecimento que é cego constitutivamente, e não meramente 
representacional, o papel do conhecimento. O artigo não oferece uma melhor maneira de 
"fazer" RI. Na verdade, as críticas implicam alternativas, mas aqui eu principalmente ofereço 
uma crítica pós-colonial da disciplina, não uma forma pós-colonial de praticá-la. O 
conhecimento serve para constituir o que eles pretendem meramente cognitivamente ou representar, 
e que a teoria RI serve para naturalizar o que é historicamente produzido. Este é precisamente 
o que faz 'o internacional "uma esfera interessante e reveladora de investigação, e que pode e deve 
ser integrada em debates filosóficos e éticos mais amplos. 
História 
 Uma grande parte da RI mostra pouco interesse na história, pois a história é sem 
importância se a característica definidora da ordem internacional é considerada o fato transhistórico 
de “anarquia". Waltz reconheceu que existiram diferentes sistemas internacionais no curso do 
milênio, diferindo de acordo com suas unidades políticas preliminares que eram cidades-estados, 
impérios ou nações, mas diferentes "sistemas internacionais de política, como mercados 
econômicos, os quais são individualista na origem, gerados espontaneamente, e não 
intencionalmente”. Os realistas e neorrealistas concluem que a política internacional moderna exibe 
uma igualdade que é básica em sua historia. Parece que a política internacional não é nada mais 
nem nada menos que uma eterna disputa entre múltiplos estados soberanos na anarquia. 
 A Escola Inglesa tem o mérito de se inquirir sobre as origens históricas do sistema 
internacional contemporânea. No entanto, como discuto abaixo, as considerações da "expansão da 
sociedade internacional" oferecido pela Escola Inglesa é eurocêntrica e equivocada. Os europeus, 
Watson escreve: "queriam usar sua superioridade para europeizar e modernizar o mundo não-
europeu, para trazer" progresso "a ele"; tanto se os não-europeus os admiravam quanto se não 
gostassem dos europeus, eles ficaram profundamente impressionados e “era difícil resistir ao que os 
europeus tinham para oferecer". Um número crescente de governantes não europeus procuraram 
juntar-se à sociedade europeia de Estados e, embora inicialmente eles fossem rejeitados, e os 
critérios de "civilização" fossem usados para excluí-los, eventualmente, a Europa e os EUA 
decidiram que 'todos os outros estados independentes devem admitidos em sua sociedade 
internacional nas mesmas condições desses'. A descolonização, de acordo com Watson, trouxe o 
domínio indiscutível dos poderes europeus para um fim, e uma nova sociedade global, não 
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discriminatória veio a ser, um objetivo que "herdou sua organização e a maioria dos conceitos do 
seu antecessor Europeu. 
 O modelo padrão, RI americana, assume que os sistemas internacionais são compostos 
de varias unidades com contato direto, e que o processo inclui diplomacia, guerra e comercio. 
Essa é a visão eurocêntrica que domina a maior parte da teoria de RI, e a qual faz sentido 
para a maioria da era moderna. O eurocentrismo das RI afeta o entendimento sobre o sistema 
internacional anterior e sua capacidade de compreender mudanças futuras. Mas essas 
suposições fazem sentido para a maior parte da era moderna, na qual não se tem duvida de que o 
sistema internacional existente teve suas origens na Europa e portanto deve ser entendido com 
referencia na historia europeia. A atual estrutura política internacional é, em sua base, um 
legado europeu. 
 O relato convencional, que informa muitas disciplinas e está profundamente enraizado na 
compreensão popular, é um que pressupõe que o capitalismo começou na Europa e mais tarde 
irradiou para o exterior através do comércio, exércitos e afins. A tarefa intelectual é, então, por 
definição, identificar o que era (ou veio a ser) distintivo sobre a Europa – o conjunto de 
características econômicas ou religiosas ou culturais ou outras, ausentes em outras partes do mundo, 
permitiu à Europa tornar-se, de acordo com Daniel Defert, "um processo planetário em vez de uma 
região do mundo”. 
 Relatos alternativos afirmam que o desenvolvimento do capitalismo e da modernidade 
não são frutos do desenvolvimento endógeno europeu, mas interconexões estruturais entre 
diferentes partes do mundo. O comercio não era apenas inter-europeu, a colonização das 
Américas – o fluxo da prata, do ouro e das matérias primas – teve um papel importante para 
a ascensão do capitalismo na Europa, e o fornecimento de matérias-primas das colônias, e a 
existência de mercados cativos coloniais para bens manufaturados europeus, também 
desempenharam um papel importante - em suma, as relações da Europa com
o mundo fora da 
Europa podem ter sido relevantes. 
 Junto com o sistema Westfaliano de equidade e mutua independência territorial dos 
estados soberanos, diferentes sistemas coloniais e imperiais estavam sendo estabelecidos para 
além da Europa. Os princípios fundamentais desses sistemas coloniais e imperiais não eram 
equidade e soberania, e sim que a soberania deveria ser dividida entre as fronteiras nacionais 
e territoriais como requisito para se desenvolver o comercio e promover o que os europeus e 
norte americanos consideravam bom governo. 
 Para se explicar satisfatoriamente a emergencia da modernidade deve-se explicar também 
como a sociedade internacional foi moldada pelas interações entre a Europa e os colonizados. O 
'pós' no pós-colonialismo, note-se, não é uma periodização que sinaliza o início de uma era em que 
o colonialismo é parte do passado; pelo contrário, significa a afirmação de que a conquista, o 
colonialismo e o império não são uma nota de rodapé ou episódio de uma história maior, como a do 
capitalismo, a modernidade ou a expansão da sociedade internacional, mas na verdade são uma 
parte central dessa história e são constitutivas dele. O 'pós' não marca o período após a era colonial, 
mas sim os efeitos desta época na formação do mundo que é nosso. Este mundo não nasceu de o 
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Ocidente ter um impacto sobre e "despertar" um adormecido não-Ocidental, mas fora de ambos 
sendo constituído no decurso de múltiplos (desiguais, hierárquicas e, geralmente, coercitiva) 
intercâmbios. 
Cultura e teoria 
 Realistas e neo-realistas não estão interessados em questões de cultura e noções 
culturalmente derivadas de que são consideradas moralidade. Uma vez que estados simplesmente 
existem, e por sua natureza buscam seus interesses, ou então são obrigados a fazê-lo pelas 
circunstâncias sistêmicas e estruturais da anarquia, as regras que governam a interação dos estados 
não são vistos como tendo alguma coisa a ver com a cultura. Cultura pertence a outras disciplinas 
de RI. Na tentativa de interrogar o lugar da cultura e diferença na dominante RI, o autor se volta 
para aqueles influenciados pela Escola Inglesa, porque a Escola Inglesa, pelo menos, reconhece que 
a questão da cultura é fundamental para, e não periférica, à política internacional. 
 O direito internacional e a diplomacia permitem a interação de vários sistemas políticos, sem 
que eles tenham que compartilhar profundas suposições de moralidade social ou cultura política 
características de civilizações particulares. como as ocidentais, muçulmanas ou asiáticas. 
 No campo em que as RI chamam teoria política "doméstica", um problema foi que o 
processo foi, de facto altamente substancial e normativo; longe de ser neutro, como os críticos 
apontaram, as normas processuais adotadas pressupunham, e, portanto, favoreciam, os 
valores cristãos em relação a outros valores, homens sobre as mulheres e assim por diante. O 
desenvolvimento da teoria política liberal tem sido, em parte, um processo de busca para 'purificar' 
esses procedimentos e normas do seu conteúdo. Mas isso também falhou, e está fadado ao fracasso, 
pois simplesmente não há pressupostos processuais "neutros". Todas as presunções, incluindo 
(talvez especialmente) aqueles sobre o que significa ser humano, e ser racional, são 
historicamente e culturalmente produzidas, e são, portanto, "particulares" em vez de 
universais. 
 Temos todas as razões, no entanto, para duvidar da "universalidade" do direito 
internacional, e para duvidar que, embora originalmente Europeu, foi purificado de 
quaisquer particularidades culturais e tornou-se um recurso neutro disponível para todos. Em 
qualquer caso, 'generalizado', 'geral' e até 'global' não são a mesma coisa que "universal". A 
onipresença de uma prática ou norma nada diz sobre suas origens ou as circunstâncias em que foi 
adotado (ou imposto). 'Universal' sugere não apenas onipresença, mas algum tipo de autorização 
transhistórica, transcultural e / ou transcendental. A aceitação das normas e praticas pelos não 
ocidentais não da a essas o caráter de universais, livrando-os de suas particularidade e 
origem. 
 Se os argumentos sobre o caráter neutro da lei e da diplomacia internacional não 
convencem, o 'argumento decisivo' é que as interações estatais são moldadas pelos limites impostos 
pela forma como as coisas são estruturadas, limites que são conhecidos pelo raciocínio prudente, 
que é um atributo universal. 
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 Em suma, as dificuldades que a teoria política possuem para tentar equiparar o processo com 
mera forma, desprovida de qualquer conteúdo particularista, também são encontradas pela teoria 
internacional sempre que busca reconhecer e ainda negar a importância da cultura. Na verdade, isso 
é ainda mais um problema para RI do que de teoria política. E é ainda mais problemático ao 
assumir, como a RI faz quando tenta reconciliar conteúdo com forma e substância com 
procedimento, que as culturas ou civilizações são isomorfas com os Estados-Nações, para assumir, 
em suma, que a diversidade que está aqui sendo caracterizada e valorizada é incorporada ou 
instanciada pelo Estado-nação. Mas, desde que a cultura, civilização, língua e qualquer uma das 
outras características que individualmente ou em combinação são invocadas para definir "um povo" 
nunca, de fato, correspondiam às nações que constituem a ordem internacional, em seguida, 
'imaginar' estes em forma nacional foi sempre um criativo, bem como um coercivo processo. 
 Com algumas exceções, na verdade, poucos estudiosos acreditam que Estados-nações 
instanciam e representam culturas e civilizações. Isso é ao menos uma caracterização de como o 
mundo é do que uma tentativa de torná-lo assim, ou dizer que ele deve, de qualquer forma, ser 
assumido como sendo assim. É uma acolhida, na sua maior parte, pela ONU, que executa 
continuamente a contradição de defender o direito à auto-determinação enquanto 
decididamente defende a integridade territorial e a soberania dos Estados Nacionais existentes 
não só de "externo" desafios, mas também de «sub-nacionalismos». Mas isso não quer de 
forma alguma fazer estados-nações isomórficos com "povos" ou "culturas", mais do que a 
aprovação da lei e da diplomacia internacional tornam esses procedimentos “neutros". 
Sabendo e sendo 
 Culturas, civilizações e pessoas não estão mapeadas pelos Estados- nações do mundo. 
As ciências sociais têm suas origens no Ocidente no capitalismo e da modernidade e foram 
concebidos para dar sentido ao comportamento do poder e da cultura sob a modernidade 
capitalista ocidental. Estes são os elementos a partir dos quais universalizações maiores 
tipicamente foram produzidas, em associação com a universalização do poder ocidental sob o 
colonialismo e globalização. No entanto, uma vez que deriva de uma fatia historicamente muito 
peculiar, temporalmente muito fina, e espacialmente muito estreita da história humana, a teoria 
desenvolvida a partir de que a história não nos ajuda a entender, e até mesmo nos impede de ver, o 
que aconteceu em outros lugares e como isso pode diferir do que acabou por produzir a combinação 
peculiar de cultura e poder no mundo moderno chamado o estado-nação. 
 Escritos pós-coloniais, que trabalham na junção de uma consciência aguda dessa 
incompatibilidade empírica, por um lado, e com uma receptividade para a virada linguística e de 
introspecções pós-estruturalista, por outro lado, têm sido especialmente abertas às idéias de que os 
conhecimentos podem servir para constituir os mundos que eles supostamente "representam", 
"espelham", "rendem" ou “retratam". 
 O indivíduo livre, igual, racional e unitário não é um fato do mundo, o ponto de 
partida do conhecimento, mas sim uma consequência ou produto que tenha sido naturalizada 
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de tal forma que pode parecer ser um fato. Na teoria política liberal, pode-se dizer,

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