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Estudo SCRI – 1a prova

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ESTUDO DE SCRI – 1ª PROVA
Terceiro Setor
O primeiro setor é formado pelo Governo, o segundo pelas empresas privadas, e o 
Terceiro setor é formado pelas associações sem fins lucrativos. As entidades do terceiro 
setor têm como objetivo principal melhorar a qualidade de vida dos necessitados.
Esse setor se trata de um conjunto diversificado de instituições, no qual incluem-se 
organizações não governamentais, fundações e institutos empresariais, associações 
comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas, assim como varias instituições sem 
fins lucrativos, como as ONG’s e OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse 
Público. 
Movimentos Sociais
Os comportamentos coletivos e os movimentos sociais constituem tentativas, 
fundadas num conjunto de valores comuns, destinadas a definir as formas de ação social 
e a influir nos seus resultados. Os episódios de comportamento coletivo constituem um 
primeiro estagio de mudança social, manifestam-se quando se apresentam condições de 
tensão, mas antes que os meios sociais tenham sido mobilizados para um ataque 
especifico, tão pouco eficaz às causas dessa tensão.
Pesquisas recentes demonstram que os agentes que iniciam o movimento não são 
os marginalizados. Quando muito, esses poderão constituir uma base importante para a 
extensão e consolidação do movimento, mas a liderança é construída por indivíduos não 
periféricos, mas centrais. os primeiros a se rebelar não são os grupos mais oprimidos e 
desagregados, mas os que experimentam uma contradição intolerável entre a identidade 
coletiva existente e as novas relações sociais impostas pela mudança. Estes podem 
mobilizar-se mais facilmente, porque: 1) já contam com uma experiência de participação, 
isto é, conhecem os procedimentos e métodos de luta; 2) possuem já lideres próprios e 
um mínimo de recursos de organização que provêm dos vínculos comunitários ou 
associativos preexistentes; 3) podem utilizar redes de comunicação já existentes para 
fazer circular novas mensagens e novas palavras de ordem; 4) podem descobrir 
facilmente interesses comuns.
ONG’s
São todas as organizações sem fins lucrativos, criadas por pessoas que trabalham 
voluntariamente em defesa de uma causa. A ONG faz parte do Terceiro Setor, e tem a 
finalidade de dar complemento aos serviços de ordem pública. São mantidas 
financeiramente por pessoas físicas, empresas privadas, fundações e em alguns casos 
com a colaboração do próprio Estado.
Sociedade Civil
As organizações da sociedade civil são capazes de desempenhar funções 
tipicamente estatais. Tem também a capacidade de se auto organizar em torno de temas 
políticas e conduzir embates ideológicos, destacando assim a votação para o ativismo 
social das entidades da sociedade civil como movimentos sociais, suas organizações, 
redes e fóruns, por exemplo. A sociedade civil social define para si a missão de 
consolidar-se como instância capaz de disciplinar as instituições sistêmicas: estado e 
mercado.
Perspectivas sobre a sociedade civil global no estudo das Relações Internacionais 
– Ana Carolina Evangelista
O termo sociedade civil ganha força na década de 1990, no contexto no pós-
Guerra fria, num período de crescente interdependência econômica entre os estados, de 
crescentes integração e interconectividade global, de redefinição do papel do estado no 
cenário internacional e de fortalecimento das analises sobre os “novos atores” na política 
internacional.
O conceito de sociedade civil vai se construindo a partir de três processo que já 
estavam em curso: a intensificação e o aprofundamento do debate sobre a globalização, o 
renascimento da ideia de sociedade civil e o fenômeno da revolução associativa global.
Globalização, interdependência e novos atores
Aqui devemos observar a globalização como um processo composto por dinâmicas 
que atingem diferentes esferas da vida social – econômica, política, cultural, social – e de 
desdobramentos desiguais e irregulares. Quando observados os elementos da vida 
cotidiana, varias analises caracterizam a globalização a partir de uma percepção de que o 
mundo, impulsionado por forças econômicas e tecnológicas, esta rapidamente se 
transformando em um grande espaço social compartilhado, no qual realidades sociais e 
dinâmicas políticas e estruturas econômicas estão cada vez mais conectadas, integradas 
e interdependentes. Assim, globalização pode ser definida por: interdependência 
crescente das atividades humanas, compressão do espaço-tempo e a interpenetração 
crescente das sociedades.
O foco neste momento será apontar as transformações, os processos que estão na 
base da construção do conceito de sociedade civil global. Interdependência, redefinição 
do papel dos Estados no sistema internacional, o surgimentos de novas fontes e padrões 
de identidade e o crescimento da participação dos atores não-estatais, os chamados 
“novos atores”, no cenário internacional.
Vivemos num período no qual nossas vidas são cada vez mais influenciadas ou 
afetadas por fatores e/ou acontecimentos que estão além das fronteiras dos nossos 
próprios estados.
A insegurança representa, também, uma dinâmica vivida em tempos de 
globalização, inerente a este processo de crescente interdependência. Insegurança aqui 
não é entendida apenas pelas formas clássicas estudadas pelas relações internacionais 
— guerra x paz, conflitos internacionais, atos de intervenção em outros Estados, risco de 
uma guerra nuclear, crises em tomadas de decisão em política externa — mas num 
sentido mais amplo, a partir da noção de risco. A estes riscos “clássicos” estudados pelas 
relações internacionais, somam-se hoje riscos de caráter econômico, social, político, 
ambiental, sanitário dos mais diversos tipos: crises financeiras, aprofundamento da 
desigualdade entre pobres e ricos, catástrofes ambientais, epidemias, agravamento da 
fome no mundo, crescimento do crime organizado internacional — tráfico de drogas e 
armas —, entre outros. esta crescente interdependência aumenta o potencial multiplicador 
dos mesmos e a mudança na velocidade com que informações, fatos e imagens são 
enviados e recebidos ao redor do globo, faz com que nos sintamos mais vulneráveis a 
certas incertezas. 
O estado segue sendo um ator essencial de regulação econômica, de 
representação política e de solidariedade social, mas sua atuação ganha novos formatos, 
novos contornos, suas estruturas internas e funções se internacionalizam. Nesse sentido, 
sob as condições de uma globalização, que se intensifica e se acelera a cada dia, 
conceitos como soberania, território nacional, identidade nacional e cidadania são 
rediscutidos e ressignificados. O estudo das relações internacionais tem sido pautado 
tradicionalmente por uma concepção estadocêntrica na qual os Estados apresentam 
papel central na organização e nos processo de decisão no sistema internacional.
As transformações que se acirram “em tempos de globalização” vêm desafiando os 
pilares da política moderna, originalmente ordenada e delimitada pelo Estado-nação, e 
consequentemente introduzindo novos elementos para o estudo das relações 
internacionais. 
Muitas análises apontam para os impactos dos processos de globalização nos 
fundamentos da democracia e da cidadania. Um primeiro desdobramento diz respeito ao 
estabelecimento de novos padrões de identidade, a identidade nacional é mais uma entre 
as tantas identidades que os povos hoje constroem. A intensificação dos processo de 
globalização aumenta de maneira significativa a interrelação entre as esferas nacional e 
mundial e, ao mesmo tempo em que impulsiona o fortalecimento de movimentos locais e 
nacionais, mostra-se capaz de provocar identidades em âmbito internacional e 
extraterritorialmente.
Com a intensificação do processo de globalização, o sistema de Estados deixa de 
ser a única estrutura na ordem mundial e abre espaço
para uma atuação cada vez maior 
das instituições internacionais e da sociedade civil. Nesse sentido, há a emergencia de 
uma nova ordem mundial de cooperação crescente entre os estados e de uma 
convergência de valores e interesses.
Ao mesmo tempo em que algumas coisas se globalizam e se internacionalizam 
outras se localizam; ao mesmo tempo em que se fortalecem espaços de discussão de 
valores éticos universais (maior atenção da opinião pública mundial para temas como 
direitos humanos, justiça social, meio ambiente), fortalecimentos de movimentos globais 
(emergência de uma sociedade civil global), assiste-se, também, ao crescimento da 
desigualdade e da exclusão social. 
Poderíamos observar, portanto, as particularidades dos processos de globalização 
contemporâneos a partir das seguintes dimensões: a) extensão das redes globais; b) 
intensidade da interconectividade global e c) velocidade e intensidade das transformações 
e dos fluxos globais. Dinâmicas como a individualização, fragmentação social, 
desterritorialização, redefinição do espaço “encolhimento espacial”, representam 
transformações que se acentuam com os processos de globalização, uma vez que eles 
passam a imprimir uma nova velocidade aos fatos e às transformações em si, tornando- 
as ainda mais dinâmicas.
O renascimento da ideia de sociedade civil
Para Hegel, A ação do homem articula-se em três níveis: família, sociedade civil e 
Estado. Entre a família e o Estado encontra-se um conjunto de instituições, o sistema de 
necessidades e as corporações. A sociedade civil representa a esfera composta pelas 
ações que derivam de interesses particulares, enquanto o Estado é visto como o espaço 
onde se encontram as ações que obedecem ao interesse coletivo. A ação que conduz das 
necessidades à sua satisfação gera um fluxo de nexos recíprocos entre os homens e cria 
um nível reciproco de interação e comunicação: sociedade civil.
Já para Marx, a sociedade civil não representa um conjunto de estrutura 
intermediárias entre a família e o Estado, mas sim um sistema de necessidades. 
Corresponde a instância econômica da atividade social. Para marx, a base econômica, 
material, modela tanto a religião e a filosofia quanto as expressões culturais e as 
instituições. 
Gramsci é o primeiro autor a introduzir no debate a ideia de sociedade civil 
enquanto lugar da organização da cultura. Segundo Gramsci, a disputa entre as classes 
pela hegemonia acontece principalmente no espaço da sociedade civil, completando-se 
no plano da sociedade política. Hegemonia é entendida, aqui, como direção intelectual e 
moral. A noção de Gramsci é de Estado ampliado, o Estado é composto pela sociedade 
civil e pela sociedade política.
Na concepção de Gramsci a sociedade civil é vista como um espaço onde são 
construídos projetos globais de sociedade, articulam-se capacidades de direção ético-
política, disputa-se o poder e a dominação. Um espaço de invenção e organização de 
novos Estados e novas pessoas. Um espaço de luta, governo e contestação, no qual se 
formam vontades coletivas. 
O conceito ressurge no leste europeu nos anos 7, como critica ao estado totalitário 
e defesa radical da sociedade civil como uma importante esfera de busca e representação 
da ordem social e política democrática. Na america Latina igualmente, em meados dos 
anos 80, o debate sobre a sociedade civil é retomado, ligado fortemente às ações de 
resistência contra os regimes militares. Além dos processos de democratização da 
América Latina e da Europa Oriental, este “renascimento” do debate também foi 
impulsionado pelo surgimento dos chamados “novos movimentos sociais. Já no inicio da 
década de 90, inserido neste contexto de revisão e redefinição de conceitos, surgem as 
primeiras analises a respeito de uma emergente sociedade civil global ou internacional.
Cohen e Arato fizeram o modelo da nova sociedade civil, que afirma que apenas 
uma reconstrução com base num modelo tripartite distingue sociedade civil do Estado e 
da economia, tem possibilidade de assumir o papel de oposição democrática 
desempenhado por estes conceitos nos regimes autoritários, bem como de renovar seu 
potencial critico nas democracias liberais. A sociedade civil caracteriza-se, portanto, 
segundo esta concepção, como a esfera da interação social entre a economia e o 
Estado. No entanto, ela não engloba toda a vida social fora do Estado e da 
economia, é preciso distinguir a sociedade civil tanto de uma sociedade política de 
partidos e organizações políticas, quanto de uma sociedade econômica – 
empresas, cooperativas, redes de produção, etc. 
A ideia da sociedade civil na virada do milênio e suas formas contemporâneas
A utilização do termo sociedade civil designa empreendimentos cívicos, 
organizações não-governamentais, grupos de defesa dos direitos humanos até 
movimentos sociais e redes civis transnacionais. A sociedade civil passa a ser vista ao 
mesmo tempo como uma esfera não-estatal, antiestatal, pós-estatal e até supra-
estatal.
Três ideias de sociedade civil vêm sendo adotadas e reproduzidas na linguagem 
política e contemporânea. 1) A sociedade civil democrático-radical refere-se ao conceito 
gramsciano de sociedade civil, onde se aplicaria a equação sociedade política + 
sociedade civil = Estado. 2) A idéia de sociedade civil global que passa a ser construída 
nesse momento, e que mais se dissemina na linguagem política contemporânea, aparece 
seja como uma idéia associada ao mercado e oposta ao Estado, seja como uma esfera 
isolada dos âmbitos do Estado e do mercado. 3) Na concepção da sociedade civil liberal 
“a sociedade civil é externa ao Estado — uma instância pré-estatal ou infra-estatal —, e 
nela se busca compensar a lógica das burocracias públicas e do mercado com a lógica do 
associativismo sociocultural. 
A revolução associativa global
Na década de 90 surgiu a revolução associativa, uma revolução no papel que 
atores da sociedade civil passam a desempenhar no sistema internacional, seja 
pressionando seus governos localmente, buscando influencia-los em sua atuação 
internacional, seja agindo diretamente em fóruns internacionais e na formulação da 
agenda de organismos multilaterais.
A década de 90 foi marcada realmente por um grande envolvimento das ONGs em 
diversas atividades da ONU, principalmente no âmbito das grandes conferências 
mundiais. As ONGs “ampliaram o entendimento público das questões, aguçaram a 
elaboração de políticas públicas, encorajaram esforços internacionais mais ajustados para 
lidar com questões de ‘bens públicos globais’ a diminuíram a lacuna entre a retórica 
política e a ação governamental”, afirmam as Nações Unidas em recente relatório. Pode-
se afirmar que esta nova fase na relação da sociedade civil com as Nações Unidas inicia-
se com a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992, 
a chamada Eco-92. 
Esta nova fase de relacionamento das Nações Unidas com a chamada sociedade 
civil pode ser observada também na crescente presença de organizações nas seções 
informais de negociação, momentos nos quais as resoluções finais eram detalhadas e 
debatidas ponto a ponto e na presença, também cada vez maior, de representantes 
destas organizações como convidados nas delegações oficiais dos Estados membros. 
Para muitos analistas, o maior envolvimento da sociedade civil com as atividades oficiais 
da ONU atraiu a atenção da mídia internacional, levou os governos a se dedicarem mais 
atentamente ao debate público sobre algumas questões que antes eram deixadas de 
lado, e contribuiu em grande medida com o monitoramento local e internacional do 
cumprimento dos acordos feitos nas reuniões de cúpula.
No final dos anos 90, com as manifestações públicas nos encontros da OCDE de 
1998, por ocasião do Acordo Multilateral de Investimentos - AMI, e nas reuniões 
ministeriais da OMC, em Seattle em
1999 e em Gênova em 2000, crescem as análises 
sobre os movimentos de resistência à globalização. Como no início foi chamado, o 
movimento social “anti-globalização” tem sua origem no final da década de 90, com o 
crescimento e a intensificação de diferentes manifestações de protesto e resistência às 
políticas econômicas de caráter neoliberal, identificada com organismos como a OCDE, 
OMC e os Fóruns Econômicos Mundiais. As manifestações de Seattle nesse sentido 
desempenham um papel muito importante na sensibilização da opinião publica para o fato 
de que o debate sobre a globalização não se dá apenas nas reuniões reuniões 
ministeriais e nos corredores oficias da diplomacia, mas também na atuação e reflexão 
feita por grupos de cidadãos e pela sociedade civil. A noção de que este conceito, para 
muitos abstrato, “a tal da globalização”, está presente também no nosso dia-dia e não se 
limita apenas à realidade de governantes e dirigentes de empresas multinacionais, ou 
representantes de organizações multilaterais.
Os movimentos “anti-globalização” aos poucos foram redefinindo sua identidade e 
passam a ser reconhecidos nas análises políticas, e pela opinião pública, como forças 
políticas com propostas de mudanças. Soma-se a este cenário a realização do Fórum 
Social Mundial. Com ele, acrescenta-se ao debate o sentido de alter. A batalha de Seattle 
é vista, por muitos autores, como o marco fundador do “movimento altermundialista”. 
inaugura-se, portanto, a partir das manifestações como as de Seattle que se multiplicam e 
se intensificam na segunda metade da década de 90, uma nova cartografia política do 
ativismo transnacional (2004a). Um ativismo plural, heterogêneo, de natureza 
eminentemente global, “formado por velhos e novos movimentos sociais, ONGs, redes de 
ação cívica e grupos políticos e sociais com as mais diversas concepções, interesses, 
sinais de identidade e recursos organizacionais”.
A construção de uma idéia
Inserida em um contexto de intensificação dos processos de globalização, 
“renascimento” da idéia de sociedade civil e de uma transformação nas formas mais 
recentes de associativismo “além fronteiras” – a chamada “revolução associativa global” - 
a idéia de sociedade civil global vai aos poucos se construindo e ganhando espaço no 
debate político contemporâneo. 
Zerbini
A sociedade civil passa a ser um ator principal das relações internacionais no 
século XXI. Quando se fala em sociedade civil, se trabalha com um conceito sociológico 
que fala da liberalização das forças sociais, incluídas as forças de mercado, de suas 
relações autônomas, e também de suas interações com a esfera estatal.
Cada um dos atores da sociedade civil organizada tem sua vontade própria, e 
dirigem suas ações para alcanças os objetos dessa vontade. São exatamente a ação e a 
vontade humana os fatores que conferem a sociedade civil , os estados e a comunidade 
internacional uma hierarquia de igualdade que se configura como um todo harmônico e 
coerente em pró da afirmação da dignidade humana nas relações internacionais.
Sob a perspectiva dos direitos humanos, a sociedade civil abrange uma pluralidade 
de atores que trabalham em favor da dignidade humana. Na area da afirmação da 
dignidade humana, não se deve mistificar o trabalho da sociedade civil organizada em 
prol dos direitos humanos. A afirmação da dignidade da pessoa humana demanda um 
trabalho constante, que deve ser levado a cabo tanto pela sociedade civil, como pelos 
estados e comunidade internacional. 
O estado democrático é composto por todos os atores sociais, inclusive a 
sociedade civil organizada. O Estado deve atuar cada vez mais e decidir considerando a 
opinião dos outros atores, inclusive os da sociedade civil, como as ONG’s. É importante 
destacar que a atual sociedade mundial não é unicamente estatocêntrica e é muito difícil 
para os estados cuidarem de todos os temas atentamente. Assim, a multicentralidade dos 
atores nas relaciones internacionais tem sido diretamente responsáveis pelo incremento 
do debate de reconhecimento por parte das organizações internacionais, sobre tudo a 
ONU e os sistemas regionais de proteção dos direitos humanos na europa e america, da 
contribuição dos atores não estatais ao fortalecimento destas organizações. Entretanto, o 
espaço oficial oferecido a elas para a sociedade civil não é significativo, tampouco 
representativo para o trabalho que a sociedade civil vem executando em prol da 
humanidade e da convivência harmonica e pacifica entre os povos e os estados. 
Os estados e as organizações não podem dar-se ao luxo de trazer a pauta da 
comunidade internacional sem escutar, elaborar planos comuns e desenvolver ações em 
conjunto com a sociedade civl, sobretudo em temas de domínio publico, como os direitos 
humanos.
A repercussão da afirmação da sociedade civil nas relações internacionais e no direito 
internacional
Muitas criticas recaem sobre a sociedade civil, sobretudo às ONG’s. As principais 
são que a a sociedade civil carece de legitimação democrática; é irresponsável; em seu 
conjunto é um agente do imperialismo; de alguma maneira, funciona como anestesista 
dos movimentos sociais; e esta aliada às organizações internacionais.
A segurança coletiva, entendia no âmbito donde prevalece a concepção mais 
tradicional das relações internacionais, se fundamenta na soberania como chave do 
sistema. Recentemente, aconteceu o surgimento de forças não estatais com capacidade 
de intervenção em múltiplos planos normativos, de gestão de assuntos diversos, de 
vigilância dos cumprimentos das normas e regras internacionais pelos atores tradicionais. 
Também é importante assinalar que nunca como agora as interações entre os atores 
internacionais tiveram efeitos recíprocos tão altos.
No contexto global, a maneira em que a sociedade civil pode contribuir para um 
sistema internacional de segurança coletiva focada em direitos humanos através de três 
diferentes níveis de ação, nos quais são reconhecidos de forma mais ampla, pela 
Membros, a necessidade de uma interacção mais formal e coordenada com a sociedade 
civil, para além do já existente. São eles:
1. Um plano interno: o desenvolvimento de um esforço conjunto com os Estados 
internamente no âmbito dos seus três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ou 
seja, participar na formulação, implementação e monitoramento de políticas 
públicas de segurança, direitos humanos, meio ambiente e redução da pobreza (nos 
países onde não há taxas de pobreza são registrados, poderá a a sociedade civil a 
participar de projetos de cooperação internacional para combater a pobreza, a segurança 
pública e desenvolvimento).
2. A nível regional: a participação em debates e na formulação de propostas de 
organizações internacionais regionais, formalmente (aumentando os atuais baixos 
níveis de participação formal) e oficial sobre as questões dos direitos humanos, 
meio ambiente e segurança coletiva . Isso não só facilitaria a realização e 
implementação destas propostas, mas também, gostaria de destacar a organização 
internacional e do seu trabalho, que permitiria o conhecimento da existência e finalidade 
da organização internacional, contribuindo para a consolidação da sua legitimidade no 
seio das sociedades e dos povos que fazem suas declarações. Isso pode contribuir 
para a identidade das organizações internacionais para os seus Estados membros e 
dos povos.
3. A nível universal: como no ponto anterior, participando de debates e na formulação 
de propostas de organizações universais internacionais, como o sistema das 
Nações Unidas, ainda mais formal e oficialmente, na temática direitos humanos, 
meio ambiente e segurança coletiva. Isso não só facilitaria a realização e 
implementação destas propostas, mas também seria compartilhada com a organização 
internacional e seu trabalho, possibilitando o conhecimento da sua
existência e finalidade, 
contribuindo assim para reforçar a legitimidade da organização internacional dentro das 
sociedades e dos povos que compõem seus estados Partes, que possam contribuir para 
a identidade das organizações internacionais para os seus Estados membros e dos 
povos.
O maior desafio das relações internacionais é a criação de um novo modelo de 
estado que deverá refletir a pluralidade dos povos e reconhecer seus direitos. Essa 
transformação passa incondicionalmente pela consolidação e universalização das normas 
de direitos internacionais dos direitos humanos.
A importância especial da sociedade civil para a afirmação dos direitos econômicos 
sociais e culturais.
Ativismo se refere ao processo politico disseminado para influir na tomada de 
decisões politicas, a nivel nacional e internacional. Esse processo parte de uma iniciativa 
cidadã e esta destinado a transformar os interesses as necessidades e os desejos 
populares nas políticas definidas, em praticas e direitos.
No âmbito dos DESC o estado é o unico responsável pela sua vigência. O estado 
tem a tarefa principal de proteger e promover esses direitos, adquirindo a 
responsabilidade internacional ante tratados ratificados. Entretanto, a plena exigência dos 
DESC cabe também a outros atores sociais como as organizações internacionais e a 
sociedade civil organizada.
A relação do estado e sociedade civil em prol da afirmação dos DESC é 
desenvolver uma cultura política que reivindique o publico sobre os interesse particulares 
e que reafirme a sociedade civil como contraparte do estado na realização dos DESC, 
não como sua rival ou substituta, mas aquela que busca fortalecer o estado, fazendo-o 
eficiente e responsavel ante a sociedade em seu conjunto e não apenas ante grupos de 
interesses.
As ONG’s tem sido essenciais para a canalização das denuncias de violações de 
direitos humanos, em sido fundamentais também para o seguimento dos casos da 
vigilância e do comprimento das medidas cautelares emanadas pelos órgãos do sistema e 
para o próprio cumprimento das sentenças ditadas pela corte.
Destaca-se a formação de três importantes espaços de discussão e analise dos 
DESC por parte da sociedade civil organizada, que se transformaram em conhecidos 
entes de influencia nas decisões dos governos e das OI’s em matéria dos DESC: a 
plataforma interamericana de direitos humanos, democracia e desenvolvimento 
(PIDHDD), a plataforma interamericana dos DESC e a coalizão de ONG.
Diante dessa realidade, notamos que há um grande desafio no espectro do 
ativismo pelos direitos humanos por parte do sistema americano. O ativismo pelos direitos 
humanos responde ao interesse do cidadão em transformar os direitos humanos formais 
em direitos reais e efetivos. Nesse sentido, uma abordagem fundamental deve a 
sociedade civil Inter-americano com o objectivo de reforçar o sistema regional de proteção 
dos direitos humanos seria a colheita e propor demandas paradigmáticas para o 
fortalecimento não só do próprio sistema, mas também das noções crucial que beira do 
campo conceitual dos direitos humanos, especialmente as noções de complementaridade, 
indivisibilidade e da universalidade deles. Outro objetivo seria garantir ativista chave em 
todos os Estados signatários da Convenção Americana e do Protocolo de San Salvador, a 
aplicação das regras nele contidas de forma consistente.
A sociedade civil, por suas características anteriormente mencionadas e por seu 
próprio, é o ator que diariamente lembra os estados, aos órgãos de supervisão de 
diferentes sistemas regionais de proteção dos direitos humanos e as respectivas 
organizações internacionais, a existência de um conjunto de direitos – consubstanciados 
nos documentos e tratados internacionais respectivos – que devem ser respeitados, 
protegidos e vigiados por cada um deles.
Capital social – Maria Celina D’Araujo
Podemos aproveitar o conceito de Capital Social para falarmos de assuntos de 
interesse geral: desenvolvimento econômico, humano, social e democrático. É uma nova 
roupagem para preocupações antigas que inquietam grande parte da população. 
Marx definiu Capital como produto da mais-valia produzida pelo trabalhador e 
apropriada pelos donos dos meios de produção. Modernamente, na area econômica e 
empresarial, capital pode vir acompanhado de vários adjetivos: capital aberto, capital 
constante ou variável, capital de giro, capital de risco, capital fechado, capital financeiro, 
capital fixo, capital intensivo, capital social das empresa. Além desses, temos o capital 
humano. 
Capital Social expressa basicamente a capacidade de uma sociedade de 
estabelecer laços de confiança interpessoal e redes de cooperação com vistas à 
produção de bens coletivos. Segundo o Banco Mundial, refere-se às instituições, 
relações e normas sociais que dão qualidade às relações interpessoais em uma dada 
sociedade. Capital social é o que mantém as instituições em contato entre si e as vincula 
ao cidadão visando à produção do bem comum.
Para ser Capital Social a associação deve ser voluntária e cívica em que há 
horizontalidade nas relações entre os membros. 
Putnam busca entender a diferença de desempenho institucional entre regiões, 
valorizando a cultura cívica, o civismo, a cultura política, as tradições republicanas, em 
suma, fatores importantes para a existência do capital social. O contexto cívico é 
importante para o funcionamento das instituições. A cultura cívica, associada à confiança 
interpessoal, traduz-se em um recurso fundamental de poder para os indivíduos e para as 
sociedades, em um capital social cujos benefícios são comuns a todo o grupo ou a toda a 
sociedade.
Se não houver confiança ou instrumentos definidos para obrigar a cada um cumprir 
a sua parte no contrato, pessoas racionais não produzem espontaneamente bens 
coletivos. Ou dito de outra forma, o uso da razão não é suficiente para produzir o bem-
estar. O capital social facilita a cooperação espontânea e minimiza os custos de 
transação.
Segundo Putnam, a confiança pode derivar de duas fontes: regras de reciprocidade 
e sistemas de participação cívica. Na comunidade cívica o contrato que mantém a 
cooperação é moral. A consciência de que cada cidadão tem seu papel e seus deveres, 
em conjunto com seu compromisso de igualdade política, constitui o cimento moral da 
comunidade cívica. Capital social é o único capital que cresce na medida em que é usado. 
Confiar e usufruir das vantagens de confiar produz mais confiança.
Capital social está definido por três fatores inter-relacionados: confiança, normas e 
cadeias de reciprocidade e sistemas de participação cívica. A preocupação como Capital 
social surgiu, para muitos, devido a crise do Estado; na falta de um Estado forte, capaz de 
cumprir metas sociais, a tenção teria se voltado para a sociedade civil, e uma sociedade 
civil forte e saudável deveria ser capaz de corrigir distorções do mercado sem precisar da 
presença tão ativa do Estado.
Para Fukuyama, a tese é a de que a habilidade de formar organizações depende 
de contratos, regras de comercio exterior, clausulas bem definidas sobre direitos de 
propriedade, mas também de aspectos morais que não estão explicitados em normas 
escritas; depende do capital social de cada sociedade, da capacidade de seus membros 
para interagir com confiança. Segundo esse autor, na ausência de um amplo raio de 
confiança e de associativismo, uma sociedade teria duas opções para construir 
organizações econômicas de larga escala: usar o Estado como promotor do 
desenvolvimento ou recorrer a investimentos estrangeiros. Capital social, capitalismo, 
liberalismo econômico e político seriam uma combinação ideal para a promoção do 
desenvolvimento.
Para o Banco Mundial, capital social e cultura são as chaves do desenvolvimento, 
o que denota a necessidade de que cada projeto financiado pelo Banco
leve em 
consideração valores culturais do meio onde será efetivado. As políticas públicas não 
podem ser efetuadas apenas a partir da presença de um estado-coordenador ou de um 
mercado livre. É necessária uma atuação por redes, em que Estado, mercado e 
sociedade possam interagir e atuar conjuntamente de forma menos hierarquizada.
O economista Albert Hirshman define capital social como aquele que aumenta 
dependendo da intensidade de seu uso, no sentido de que praticar cooperação e 
confiança produz mais cooperação e confiança, e, logo, mais prosperidade.
Outro economista, Amartya Sen, diz que o desenvolvimento econômico só faz 
sentido se tiver o homem como meio e fim. A pobreza, a falta de recursos básicos, priva o 
indivíduo do exercício de suas liberdades primárias; os impede de ser capaz de escolher.
Democracia, cultura cívica e sociedade civil
Cultura política é um conceito universal – onde há continuidade humana há formas 
organizadas de poder e há portanto uma cultura política. Culturas política democráticas 
eram aquelas em que predominavam o espirito cívico.
Instituições políticas solidas seriam o cerne de uma teoria geram do 
associativismo. Na ausência de tais instituições as sociedades altamente mobilizadas 
correm o risco da desordem e da anarquia. As instituições políticas organizam a 
participação, dão-lhe eficácia,. Se não há instituições políticas consolidadas e legitimadas, 
a vida em sociedade torna-se desorganizada e caótica. Para Tocqueville, sem sociedade 
civil organizada, sem cultura cívica e liberdade, não haveria confiança nem relações 
horizontais de poder, não haveria capital social, e sem capital social não haveria 
democracia bem sucedida. 
Quando falamos de sociedade civil estamos nos referindo a uma sociedade em 
que grupos organizados, formais ou informais, com independência do Estado e do 
mercado, têm condições de promover ou de facilitar a promoção de diversos interesses 
da sociedade. Capital social são as relações informais e de confiança que fazem com que 
as pessoas ajam conjuntamente em busca de um bem comum; fundamental para que 
novas e velhas organizações da sociedade civil possam prosperar e dar oportunidade de 
participação aos que ainda carecem de engajamento ou proteção. A cooperação tem 
como principal alvo o bem-estar do indivíduo e o zelo pelo governo democrático e 
transparente.
O declínio do capital social e o futuro da democracia
O capital social é uma maneira de manter ou aprimorar sociedades já democráticas 
e também pode ser um instrumento para promover a emergência da democracia onde ela 
falhou. As instituições políticas podem ser os agentes a ensinar a tolerância, compromisso 
e participação e a formar futuros lideres. Nas democracias emergentes, o capital social 
auxiliaria a promover criticas ao governo, a formar redes de oposição e de informação.
Gohn
PARTE 1 – redes de mobilizações no Brasil contemporâneo
Os pontos que diferenciam os movimentos sociais atuais na atualidade, em relação 
ao passado são: 
1. A necessidade de qualificação do tipo de ação coletiva que tem sido caracterizado 
como movimento social. Movimentos sociais possuem uma identidade, tem um 
opositor e articulam ou se fundamentam num projeto de vida e de sociedade. 
Questões como a diferença e a multiculturalidade têm sido incorporadas para a 
construção da própria identidade dos movimentos; lutam pelo reconhecimento da 
diversidade cultural. A igualdade é ressignificada com a tematização da justiça social; 
a fraternidade se retraduz em solidariedade; e a liberdade associa-se ao principio da 
autonomia; autonomia entendida como inserção e inclusão social na sociedade, com 
autodeterminação, com soberania. Os movimento sociais na atualidade tematiza e 
redefinem a esfera pública, realizam parcerias com outras entidades da sociedade civil 
e política, têm grande poder de controle social e constroem modelos de inovações 
sociais.
2. O século XXI apresentou uma conjuntura social e política contraditória na A.L.; ao 
mesmo tempo em que vários movimentos tiveram, em vários países, mais condições 
de organização, em outro, eles perderam muito sua força política. Em alguns países 
houve uma radicalização do processo democrático e o ressurgimento de lutas sociais 
tidas como tradicionais. Eclodiram na cena publica como agentes de novos conflitos 
renovação dos movimentos e lutas sociais coletivas, e em alguns casos elegeram 
como representantes supremos da nação suas lideranças. 
3. As alterações do papel do Estado em suas relações com a sociedade civil e em seu 
próprio interior: as novas políticas sociais do Estado globalizado priorizam processos 
de inclusão social de setores e camadas tidas como vulneráveis ou excluídas de 
condições socioeconômicas ou direitos culturais. Esse papel é realizado de forma 
contraditória, capturando-se o sujeito politico e cultural da sociedade civil, antes 
organizado em movimentos e ações coletivas de protestos, agora parcialmente 
mobilizados por políticas sociais institucionalizadas. Transformam-se as identidades 
políticas destes sujeitos em políticas de identidade, pré-estruturadas segundo modelos 
articulados pelas políticas publicas, arquitetados e controlados por secretarias de 
estado, em parceria com organizações civis. A inversão da ordem dos termos: 
identidade política para política de identidade, muda radicalmente o sentido e o 
significado da ação coletiva dos movimentos sociais. A interação do Estado por meio 
da ação de seus governos se faz mediante uma retórica que retira dos movimentos a 
ação propriamente dita; ela transforma em execução de tarefas programadas, tarefas 
que serão monitoradas e avaliadas para que possa continuar a existir. A 
institucionalização das ações coletivas impera como regulação normativa, com regras 
e espaços demarcados e não como um campo relacional de reconhecimento. O novo 
cenário das políticas publicas cria um deslocamento na questão de desigualdade; 
além dos deslocamentos da questão da desigualdade para a questão das diferenças e 
da igualdade para a equidade. O tratamento das desigualdades deve ter como 
horizonte a igualdade. A equidade é a disposição de reconhecer igualmente o direito 
de cada um – o direito de todos serem iguais.
4. Além da ampliação dos sujeitos protagonistas de ações coletivas, ocorreram 
alterações no formato das mobilizações e na forma de atuação, agora em redes. Isso 
resulta do alargamento das fronteiras dos conflitos e tensões sociais em virtude da 
nova geopolítica que a globalização econômica e cultural têm gerado.
5. Grandes lacunas permanecem na produção acadêmica a respeito dos movimentos 
sociais: o próprio conceito de movimento social; o que os qualifica como novos; o que 
distingue de outras ações coletivas ou de algumas organizações sociais como as 
ONG’s; o que ocorre de fato quando uma ação coletiva expressa num movimento 
social se institucionaliza; qual o papel dos movimentos sociais nesse século; como 
podemos diferenciar um movimento social criado a partir da sociedade civil, por 
lideranças e demandatários, de ações civis organizadas ao redor de projetos de 
mobilização social e que também se autodenominam movimentos; quais as teorias 
que realmente têm sido construídas para explica-los.
Os novos ativistas são mobilizados para participares de ações sociais, estruturadas 
por agentes do chamado Terceiro Setor, ou por agências governamentais, via políticas 
públicas indutoras da organização popular, como nos conselhos gestores, ou mobilizados 
pelos fóruns temáticos nacionais, regionais ou internacionais onde a presença de antigos 
e novos movimentos sociais é corrente. 
A categoria Movimento social tem sido substituída pela de mobilização social, 
voltada para a ação coletiva que busca resolver problemas sociais, diretamente, via a 
mobilização e engajamento de pessoas
Categorias de análise:
redes e mobilização social
Inclusão social substituiu a categoria exclusão como objeto de estudos e 
pesquisas, num movimento contraditório que acompanha a ênfase nas novas políticas 
sociais. Se antes o entendimento da exclusão/inclusão era tratado como uma polaridade, 
inerente ao capital, na atualidade é visto como dado a ser administrado tecnicamente ou 
gerido pelas praticas de assistência. 
A política antes era vista como processo de construção da cidadania, parte 
integrante da vida democrática, agora se transforma na arte da negociação. O 
esquecimento da política é a privatização da vida é o preço que se paga com a 
progressiva destruição do espaço publico e da dimensão publica das instituições. Dessa 
forma, a sociedade civil, em sua heterogeneidade organizacional perdeu o sentido e o 
campo de critica, e emerge apenas como cooperação em que cabe todo o tipo de 
associações civis, entendidas como organizações privadas para a ação pública. A 
participação política é confundida como o consenso e a política deixa de ser a 
reivindicação da parte dos que não têm parte a uma intervenção de expedientes.
Atualmente a identidade tem sido tratada como uma ferramenta em construção. 
Não se trata da identidade construída na trajetória de um movimento, mas de uma 
identidade modelada, outorgada, na qual determinados sujeitos sociopolíticos e culturais 
são mobilizados para serem incluídos. 
Um movimento social com certa permanência é aquele que cria sua própria 
identidade a partir de suas necessidade e seus desejos, tomando referentes com os quais 
se identifica, outros igualmente carentes, excluídos ou sem direitos, reconhecimentos ou 
pertencimentos. O reconhecimento da identidade política se faz no processo de luta, 
perante a sociedade civil e política. 
Rede social passa a ter um papel até mais importante do que o movimento social. 
Ela é importante na analise das relações sociais de um dado território ou comunidade de 
significados porque permite a leitura e a tradução da diversidade sociocultural e política 
existentes nessas relações. O uso de redes sociais é um instrumento de analise e 
articulação de políticas sociais.
Para alguns, rede substitui a categoria movimento social, para outros é um dos 
suportes ou ferramentas dos movimentos, e, para outros ainda, a rede é uma construção 
que atua em outro campo, das praticas civis, sem conotações com a política.
PARTE 2 – Mapeando a cena: movimentos sociais e associações civis
Os atores coletivos podem ser aglutinados em 4 sujeitos sociopolíticos, e eles se 
articulam nas redes:
1. Os movimentos sociais como uma forma de estruturação de relações sociais.
2. As ONG’s, entidades assistenciais e entidades do mundo empresarial articuladas pelo 
Terceiro Setor 
3. os fóruns, plenárias e articulações nacionais e transnacionais
4. Conselhos gestores de projetos, programas ou políticas sociais. São ativos sociais 
pelo papel que desempenham no jogo politico democrático.
Movimentos sociais
Movimentos sociais mobilizam ideias e valores e geram saberes e aprendizado 
coletivo; enquanto isso, a maioria das chamadas ações cívicas são organizadas de cima 
para baixo, permanecem auto-estradas e autorreferenciadas, limitando-se ao 
desempenho de um estratégia de sobrevivência ou um ação cultural, sem desenvolver 
potencial para autonomia e autodesenvolvimento das ações. Os movimentos são 
elementos fundamentais na sociedade moderna. 
Muitos movimentos se transformaram em ONG’s ou se incorporaram às que já os 
apoiavam. Mobilizar passou a ser sinônimo de arregimentar e organizar a população para 
participar de programas e projetos sociais, a maioria dos quais já vinha totalmente pronto 
e atendia a pequenas parcelas da população. O militante foi se transformando no ativista 
organizador das clientelas usuárias dos serviços sociais.
Cenário dos movimentos sociais na atualidade brasileira
O eixos temáticos que envolvem os movimentos, lutas, ações coletivas de 
associações e demandas são: Movimentos sociais ao redor da questão urbana; 
movimentos em torno da questão do meio ambiente: urbano e rural; movimentos 
identitários e culturais: gênero, etnia, gerações; movimentos de demandas na area do 
direito; movimentos ao redor da questão da fome; mobilização e movimentos sociais area 
do trabalho; movimentos decorrentes de questões religiosas; mobilização e movimentos 
rurais; movimentos sociais no setor de comunicações; movimentos sociais globais.
Sociedade civil, organizações da sociedade civil e democratização na Argentina
Para se evitar retrocessos autoritários, promoveu-se organizações da Sociedade 
Civil (OSC), mobilizadas em torno da defesa e da expansão de diversos direitos da 
sociedade. A ideia de um sociedade ciivl organizada, pluralista e aberta afeta 
positivamente a qualidade da democracia. Desde a transição à democracia na década de 
80 na maioria dos países da América Latina, incluindo a Argentina, experimentou-se uma 
expansão significativa de diferentes tipos de OSC. No entanto, ao mesmo tempo em que 
se registra este crescimento e diversificação das OSC, as instituições democráticas 
permanecem frágeis, o desenvolvimento continua difícil e a diminuição da desigualdade 
social continua pendente.
Origem da sociedade civil
As OSC se consolidaram nas últimas décadas na agenda global como agentes 
democratizantes políticos, econômicos, so- ciais e culturais não só na teoria, mas também 
na prática, através do financiamento generoso recebido por parte de várias agências de 
cooperação internacionais.
Sociedade civil na Argentina
Em 1983, a Argentina retomou o caminho democrático deixando para trás quase 
uma década de autoritarismo, violação sistemática dos direitos humanos e paralisação 
econômica. A ressureição da sociedade civil, isso é, a rápida expansão da organização e 
participação cidadã que trouxe consigo o colapso do regime militar, foi um fator 
determinante para deixar definitivamente para trás o terrorismo de Estado e avançar na 
redemocratização evitando potenciais retrocesso autoritários. Essa ressurreição da 
sociedade ci- vil se caracterizou na Argentina, assim como em outros países da região, 
pelo surgimento de novas formas de organização e novos movimentos sociais que 
impulsionaram a renovação das velhas estruturas de participação social. As novas 
estruturas organizadas eram flexíveis, em muitos casos informais, e seu discurso 
legitimador visava defender o direito à vida e a uma cidadania plena que abrangesse os 
direitos políticos, civis, sociais e culturais. Essa sociedade civil tinha o objetivo de 
democratizar a democracia. 
O processo de reforma neoliberal nos anos 90 esteve acompa- nhado da expansão 
sustentada das OSC, que começaram a tomar para si funções que antes eram realizadas 
pelo Estado, sobretudo em maté- ria de política social e desenvolvimento local. A retração 
do estado de bem-estar e a concomitante introdução de políticas sociais focalizadas e 
descentralizadas tiveram nas OSC, dedicadas a fornecer bens concretos, seu principal 
ator. Novas e velhas OSC se transformaram desta forma em veículos de implantação e 
gestão de políticas planejadas pelo Estado, na maioria das vezes com o apoio financeiro 
e ideológico de organismos internacionais como o Banco Mundial e o Banco 
Interamericano de Desenvolvimento. Muitas das novas OSC foram virtualmente formadas 
pelo Estado, justamente para a implementação de tais políticas.
A governo do presidente Néstor Kirchener que se iniciou em 2003 criou diversas 
iniciativas para articular a participação das OSC na implementação e monitoramento de 
políticas publicas destinadas a aliviar a profunda crise econômica, resultado do 
fracassado modelo neoliberal. Ainda que tenham sido criadas novas instâncias de 
participação entre o Estado e a sociedade civil (como os Conselhos Consultivos em 
política social),também
aconteceram tentativas (bem-sucedidas) de cooptação e 
manipulação das OSC.
OSC e desigualdade social
A estrutura da sociedade civil argentina é diversificada, fragmenta- da e reproduz 
em seu interior as desigualdades existentes no país: existem OSC ricas, bem articuladas, 
altamente profissionais e comum canal de comunicação direto com os meios de 
comunicação de massa; e existem muitas OSC pobres, que lutam dia a dia por sua 
sobrevivência, com uma equipe basicamente de voluntários e quase invisíveis aos meios 
de comunicação e ao resto da sociedade.
Essa desigualdade cria varias tenções e conflitos dentro do mundo das OSC. 
Como os recursos financeiros são mínimos e as fontes de financiamento pouco 
diversificadas, a tendência é a competição entre OSC que por suas características 
poderiam, a principio, associar-se e cooperar em temas de interesse comum. Não só os 
recursos são escassos, mas também são incertos e carecem de continuidade no decorrer 
do tempo. Os levantamentos existentes sugerem que as fontes de financia- mento 
disponíveis são: fundações (na maioria, estrangeiras), o Estado em seus diferentes níveis 
(sobretudo através de programas sociais, às vezes com o apoio de organismos 
internacionais) e/ou pessoa física. As empresas argentinas, em geral, participam muito 
pouco do que se costuma chamar de ‘responsabilidade social empresarial’, por mais que 
o interesse dessas aumentou recentemente.
Existem várias consequências negativas que podemos destacar com relação à 
limitação das fontes de financiamento. Uma que foi frequentemente citada pelos 
especialistas do chamado “Terceiro Setor” é a instabilidade que a falta de recursos e de 
fontes de financiamento di- versificadas gera na profissionalização dos quadros das OSC. 
Diante da incerteza de suas carreiras, muitos preferem mudar para outros setores 
profissionalmente mais estáveis (por exemplo, o Estado e inclusive os doadores), ainda 
que suas preferências pessoais sejam permanecer no setor das OSC. Isto aumenta a 
desigualdade entre as OSC, já que as “ricas” podem captar, capacitar e reter os melhores 
profissionais, os quais, por sua vez, são mais eficientes para obter fundos, criando com 
isso um círculo virtuoso para a sua própria OSC, mas vicioso para toda a sociedade civil. 
Uma segunda consequência negativa é que os doadores, que também têm as suas 
próprias agendas a cumprir, preferem apostar no ganhador e a maioria termina apoiando 
as organizações mais ricas e profissionalizadas para garantir resultados positivos em 
razão de tal agenda, reforçando ainda mais a desigualdade entre elas. A despeito de 
fatores estruturais de caráter político e institucional que dinamizam a organização e 
sustentação de uma ação coletiva bem-sucedida, isto explica em grande parte a alta taxa 
de ‘mortalidade’ registrada entre as OSC e a limitação na agenda autônoma que elas 
poderiam desenvolver; em muitos sentidos, as OSC têm que se ajustar às agendas dos 
doadores disponíveis. Uma consequência posterior é a transformação dessas 
organizações com grande capital organizacional no que se costuma cha- mar OSC 
supermercadistas, isto é, OSC que podem tocar quase qualquer projeto que o doador 
disponível proponha.
A cooptação-incorporação de líderes e ativistas de OSC também abrange 
organizações em outros âmbitos de ação. No campo do advocacy, especialmente no de 
direitos humanos, o Executivo nacional utilizou a mesma estratégia, dando subsídios e 
cargos públicos, assim como preferências para certas OSC em detrimento de outras. 
muitas OSC dedicadas ao advocacy não têm um funcionamento interno democrático e 
suas estratégias de ação para efetivar as suas respectivas agendas estão muito longe da 
cooperação e da solidariedade. sociedade civil não opera no vazio, mas sim em um 
contexto político, social, cultural e econômico determinado. Em um ambiente de forte 
corrupção, clientelismo e personalismo como é o argentino, é de esperar que as OSC 
sejam afetadas por estas tendências.
Argumentos a favor da sociedade civil: um contratual
Para a teoria democrática, a pluralidade e a diversidade social que vem 
acompanhada do crescimento e da diversificação das OSC são características positivas 
para o surgimento de uma democracia de melhor qualidade. a grande proliferação e 
diversidade atual das OSC é certamente um aspecto positivo para a vida democrática e 
tem o potencial de ser um antídoto contra retrocessos autoritários e um agente ativo no 
aprimoramento da qualidade da democracia. As OSC adotaram uma linguagem de 
direitos, isto é, de reivindicações de direitos da cidadania. Em termos gerais, um discurso 
de autorrepresentação baseado na “lingua- gem de direitos” contribui positivamente para 
criar um ambiente favorável à vigência do estado de direito e ao cumprimento da lei.
Em resumo, a violação do direito de associação autônoma – como acontece no 
clientelismo – subverte o espaço público ao limitar as oportunidades dos cidadãos pobres 
de se organizar, deliberar, participar coletivamente e fazer com que sua voz seja 
efetivamente ouvida no processo político.
Resumo
A política do Poder Executivo nacional a respeito de muitas OSC sempre foi o 
divide et impera, dando-lhes recursos arbitrariamente. Isto aumenta ainda mais a 
desigualdade entre as OSC. Com relação aos partidos políticos, também podemos 
constatar que utilizam algumas OSC como extensão da máquina partidária em época 
eleitoral, afetando negativamente a capacidade de organização dos setores mais pobres, 
sobretudo a nível lo-al. 
No que diz respeito à agenda pública as OSC são, em geral, limitadas. Sem uma 
mobilização significativa da sociedade com relação aos temas propostos pelas OSC, elas 
se transformam quase sempre em um insumo dos meios de comunicação. Entrevistas 
com jornalistas dos meios nacionais revelam que as OSC não são um poder de fato e que 
sua capacidade de estabelecer temas na agenda de- pende da conjuntura política e da 
própria agenda da mídia, não o contrário. Existe uma associação difusa entre a mídia e as 
OSC, onde a primeira costuma ter a iniciativa. Ela pode, por si só, influir na agenda 
pública, o que não acontece com as OSC a não ser que consigam uma grande 
mobilização da sociedade em alguma questão pontual.
Na Argentina, as agendas das OSC sofreram uma influência parcial da agenda dos 
doadores internacionais. Sob o paradigma neoliberal anti estatal de uma sociedade civil 
como criadora de tudo o que é bom, muitas OSC viram seus recursos limita- dos para 
desenvolver agendas realmente autônomas. É importante enfatizar que existem coalizões 
sólidas entre doadores internacionais, universidades privadas e OSC proeminentes que 
monopolizam a maior parte dos recursos disponíveis.
Conclusões
A reivindicação atual do Estado como agente econômico e social quase exclusivo 
contém o perigo de atribuir um papel residual à sociedade civil. Isto deve ser um sinal de 
alarme não só para as OSC, mas também para qualquer cidadão ou cidadã fortemente 
comprometido com a expansão da democracia e da equidade social.
Bolívia: ONGs e movimentos sociais em tempos de mudança
Com a vitoria do Movimento ao Socialismo (MAS), esse novo modelo de estado se 
caracteriza pelo retorno do protagonismo estatal nas tarefas de desenvolvimento 
econômico e social, pelo reconhecimento dos direitos coletivos dos povos indígenas e por 
uma descentralização politico-administrativa, organizada em torno de um modelo de 
autonomias territoriais nos departamentos, municípios e nos territórios indígenas. 
As mudanças em direção a uma cidadania multiculturas, reconhecendo os 
indígenas e os japoneses como sujeitos de direitos coletivos, denotam o protagonismo do 
movimento indígena e camponês no processo constituinte e colocam em evidencia 
transformações nas relações entre o sistema politico e a sociedade civil, assim como a 
própria composição
da sociedade civil.
A partir de 2006, as mudanças nas relações entre movimentos sociais e ONGs 
foram profundas, porque o MAS tinhas uma importante presença de profissionais de 
ONGs no poder executivo. Assim, o discurso de varias ONGs foram se adequando aos 
parâmetros discursivos estabelecidos pelo governo de Evo respeito do desenvolvimento 
da democracia.
A sociedade civil é um conjunto de instituições sociais e também uma esfera 
pública, são as duas caras de uma mesma moeda. Faz referencia a formas de associação 
voluntária de indivíduos que agem em função de propósitos comuns e ao mesmo tempo, 
a uma âmbito de interdiscursividade que têm influencia nas decisões do estado. 
Sociedade civil implica organizações de associação voluntária e de esfera pública.
…
Conclusões
As organizações da sociedade civil, particularmente as ONGs e as fundações 
ligadas a estes setores e a redes do movimento antiglobalização, passa- ram a 
desempenhar um papel de destaque a partir da vitória eleitoral de Evo Morales e do MAS. 
Sua influência se manifestou no processo constituinte e na definição de políticas públicas 
com o protagonismo de membros de ONGs na esfera governamental, ainda que com 
alguns sinais de cooptação e traços de subordinação às organizações sociais e ao partido 
do governo. Se no passado as ONGs, em termos gerais, pro- moveram projetos de 
desenvolvimento e se multiplicaram em razão da aplicação de uma política de 
participação cidadã no nível municipal, nos últimos anos seu trabalho se orientou a 
reforçar as transformações impulsionadas pelo governo de Evo Morales. A união com o 
governo definiu o âmbito de possibilidades de ação das ONGs, algumas das quais foram 
questionadas por suas ligações com setores da oposição e agências de cooperação 
norte-americanas. Ou seja, as mudanças políticas influíram no trabalho das ONGs que 
assumiram as novas normas dis- cursivas sobre o desenvolvimento baseadas no 
protagonismo das rei- vindicações camponesas e indígenas que reafirmam um projeto 
político que se sustenta na ampliação da democracia e na participação cidadã. 
 O projeto governamental do MAS também se expressa em uma maior participação 
do Estado na economia e no fortalecimento das organizações sociais com papéis políticos 
e produtivos. Esta situação in- flui na orientação das políticas de desenvolvimento e, 
logicamente, no trabalho das ONGs. As prioridades nas políticas sociais já não 
correspondem a recomendações de organismos multilaterais como o Fundo Monetário 
Internacional ou o Banco Mundial. As reivindicações das organizações da sociedade civil 
se transformaram em políticas públicas e, portanto, o Estado já não é mais visto como um 
aliado incômodo ou um competidor, mas como o agente estratégico que define as 
diretrizes às quais se acomodam os demais atores do desenvolvimento. Diferente- mente 
do passado, as ONGs não têm um discurso antigovernamental, exceto no caso de 
denúncias de violação dos direitos humanos feitas por grupos de oposição. Por outro 
lado, o fortalecimento das organizações rurais e indígenas provoca outros efeitos sobre as 
ONGs, porque intervém na definição do perfil dos projetos de desenvolvimento e permite 
a entrada em suas zonas de influência.
Em resumo, o trabalho das ONGs, em razão de sua articulação com organizações 
populares com tradição organizativa e reivindicações políticas próprias, adquiriu novos 
contornos com a chegada do MAS ao poder. Sendo assim, os valores que defendem e as 
demandas que pro- movem possuem outro sentido, porque são reivindicações feitas por 
atores sociais transformados em protagonistas com capacidade para definir a orientação 
das políticas públicas. De certa forma, o discurso das organizações da sociedade civil 
passou do protesto à proposta e, portanto, da postura antigovernamental para a 
colaboração com o Estado. A canalização das reivindicações das organizações sociais 
através da implementação de políticas públicas proporcionou às ONGs um horizonte mais 
amplo de “influência”, orientada a transformar o modelo de desenvolvimento e aprofundar 
a democracia, apesar do risco de diminuir o grau de autonomia com relação ao poder 
político, seja ele qual for.

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