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Questões de Filosofia da linguem.Teorias de Frege

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE LINGUAGENS
DEPARTAMENTO DE LETRAS
CURSO DE LETRAS
PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE
Filosofia da Linguagem
ATIVIDADE AVALIATIVA 02
Barra do Bugres, MT.
2015
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1) O plano semântico dos chamados proferimentos inclui, além dos seus aspectos representacional e de puro conteúdo conceitual, um plano de interação entre os interlocutores. Explique, em linhas gerais, em que consiste este último. 
	De acordo com Austin (1990) a linguagem é impreterivelmente constituída pela forma da ação e não por representações da realidade. Assim o autor faz uma distinção entre constativos e performativos. Em linhas gerais pode-se dizer que os constativos seriam uma espécie de declaração factual, descritiva. Já os performativos são ações realizadas simplesmente pelo ato de falar. Um exemplo desta última distinção é palavra-ação de um reverendo ao realizar uma cerimônia matrimonial na qual ele profere realizações de ações pelo simples fato de dizer, isso em circunstâncias apropriadas e por falantes a celebre frase: Eu vos declaro marido e Mulher. Não se trata somente do ato de falar, mas de uma ação expressa, realizada através da fala. A sentença comunicativa não somente fala, mas é ação de alguém cuja autoridade circunstancia a ação por intermédio da palavra, e o enunciado possui poder, força expressiva entre os interlocutores e ouvintes.
Assim, um noivo dizer para sua noiva, numa Igreja, diante de um padre e de testemunhas, “sim, eu aceito (casar-me com você)” constitui um performativo feliz porque atende a todas as exigências do rito “casamento”. Se, contudo, o irmão da noiva diz “eu aceito” no casamento, o performativo não acontece, tendo-se em vista que aquele que o enunciou não estava autorizado para realizá-lo conforme as convenções do rito. (SILVA 2017.p. 03)
Segundo Austin, há, porém caso em que os performativos não se realizam apenas se constitui um ato verbal, ou seja, poder ser proferido, mas vazio e sem valor, o autor assevera que a fala pode ocorrer por meio de insinceridade, ou seja, o enunciado não tem intenção de se cumprir. Este esvaziamento do ato da fala pode ocorrer quanto o enunciado diz algo do qual o ouvinte não acredita que seja a verdadeira intenção, por exemplo, em casamento onde a ex do noivo diz pra noiva: Desejo que vocês sejam muitos felizes! Ou mesmo quando a falante expressa algo que não tem intenção de realização, como no enunciado de: Boa sorte! Proferido por um concorrente em um a partida de futebol.
Braida (2009. p 99) argumenta que:
A partir dessa ideia, pode-se explicitar regras ou máximas que regulam a prática da interação linguística. A “significação” ou conteúdo de um proferimento dependerá das regras implícitas que regem o tipo de cooperação em andamento, assim como da intenção ou propósito que o falante tem ao proferir uma frase.
Deste modo o plano de interação entre os interlocutores são estabelecidos pelas condições de uso das expressões e circunstâncias que determinam o sentido do enunciado.
2) Por que as teorias pragmáticas da linguagem tomam a função interativa como a mais primitiva, dela derivando as demais funções? 
	Partindo do disposto no fascículo sobre concepção pragmático-intencional da linguagem que evidencia uma noção da linguagem por meio da interação entre pensamento e realidade, percebe-se que a interação entre os interlocutores se configura em ações que antecedem ao discurso lingüístico, os enunciados e as sentenças. Deste pode as teorias da linguagem que enquadram no pragmatismo tem a questão da interação como função primitiva e dela derivando as demais funções. Isto porque de acordo com a teoria pragmática a ação entre os sujeitos se embasa em primeiro plano no agir, sendo os recursos lingüísticos (fala) ferramentas das ações entre os interlocutores.
Se tomarmos por base o princípio da tória de Austin vê que este mostra que determinadas sentenças são na verdade ações entre os interlocutores. Isto implica dizer que ao mesmo tempo em que estou proferindo enunciados também estou fazendo ações. Sobre esta idéia de Austin, Silva (2007) assevera que:
“vários são os tipos de ações que podemos realizar ao dizer algo. Quando, por exemplo, digo "sim" perante um juiz ou padre; ao dizer: "nos encontraremos amanhã pela tarde" para um colega; ou ainda, quando pergunto a um amigo: "você tem dez reais para me emprestar?”“.
 Em cada uma das frases citadas percebe-se que existe uma ação, todavia o sucesso destas está na interação que existe entre os interlocutores. Assim pelo fato de sentença não ser apenas fala, mas ação e iteração entres os falantes o pragmatismo filosófico vê a interação como primitiva e dela derivando a semântica dos enunciados. 
Neste sentido Braida (2009. p 93) assevera que:
O ponto principal da concepção pragmática da linguagem é a tese de que a significação linguística tem como ingrediente principal e fundante o agir, e não o sentir e o pensar, no sentido de que o proferimento de uma expressão significativa é prioritariamente um atque visa realizar uma ação, e não representar um objeto ou expressar uma ideia, ato diante do qual a resposta exigida também é uma ação e cujas condições de realização não têm a ver com condições de verdade, mas sim com condições de sucesso e eficácia. 
 
3) Por que, segundo Austin, as regras de uso de uma expressão instauram o significado desta mesma expressão? 
É iminente o fato de que o contexto é a categoria dominante na análise pragmática. Neste sentido a contextualização é, pois de suma importância no processo de significação da linguagem, de onde se tem a idéia de que o significado não esta na palavra em si, ma no contexto do qual a mesma é enunciada. O contexto segundo Austin muda por completamenteo sentido da palavra. Nesta ótica ao apresentar os atos das fala o autor assevera que há uma estruturação na linguagem onde as palavras se configuram mais que apenas sentenças verdadeiras ou falsas. O que quer dizer com isto é que há contextos que determinadas frases não se ocupam por descrever ou significar nada, mas sim em expressar uma ação, não estando passível do julgamento de verdadeiro ou falso. Com isso afirma-se que certas palavras proferidas realizam ações, ou que determinadas ações para serem executadas exigem que algumas frases sejam pronunciadas, isto em um contexto em que impera o significado da expressão. Há, pois algumas convenções que no contexto da fala. Souza Filho (2006. p. 9) ao analisar os atos da fala em Austin argumenta que:
As convenções são de natureza social e podem ser mais formais, por exemplo, no caso de um tribunal, ou informais, no caso de um grupo de amigos discutindo o resultado da final do campeonato de futebol. Mas, em ambos os casos, as convenções estão presentes, e os falantes estão seguindo regras, normas, procedimentos habituais, com variados graus de formalidade, porém constitutivos de suas formas de conduta, enquanto elementos básicos do contexto de realização dos atos.
Dois exemplos muito usados por Austin para explicar esta questão são:
Batizo este navio com o nome de Rainha Elizabeth 
Aposto cem reais como vai chover amanhã. 
O autor evidencia aqui duas sentenças que tem por objetivo maior que mera enunciação a aço de realizar algo. Austin “mostra que elas não descrevem o ato, tampouco declaram, nem podem ser somente julgadas como verdadeiras ou falsas. Elas têm como função realizar algo, isto é, realizar uma ação - conceito fundamental para Austin - pois segundo Ottoni (2002:129) possui um “significado muito preciso pelo fato de ser um dos elementos constitutivos da performatividade”.
4) Enumere e esclareça os três tipos de ação lingüística, segundo Austin. 
Austin em sua teoria sobre dos Atos da Fala enfática ser falha a análise dos enunciados se esta não considerar a natureza de suas ações. Segundo o autor todo enunciado só existe quando produzido por agente, que se o faz em um determinado contexto se apropriando de determinados efeitos lingüísticos. Deste sentido o enunciado esta configurado em três atos da fala que assim se dispõem.
Ato locucionário: diz respeito ao uso que o falante faz das palavras em uma sentença proferida considerando para isto as regras gramaticais de uma determinada língua, deste modo as palavras e sentenças estão dotadas de sentido e referencia. Pode-se afirmar que se trata da simples enunciação.
Ato ilocucionário: aqui o falante tem como núcleo da sentença a força de algo enunciado anteriormente ou em um ato realizado. Diz respeito ao ato de fazer uma declaração sobre algo, a um determinado público
O falante pretende produzir um certo efeito ilocucionário, para que o ouvinte reconheça sua intenção de produzir esse efeito. Ele também pretende que esse reconhecimento seja obtido em virtude do fato de que o significado do item que ele profere convencionalmente associa-o com a produção desse efeito. (SEARLE, 1994, p. 60-61)
Ato perlocucionário: Diz respeito ao ato da fala como conseqüências da relação entre os sentimentos e ações do ato ouvir ou a atenção destinada a aquele que esta falando. O ato perlocucionário evidencia os elementos de ordem emocional do ouvinte em detrimento ao enunciado pelo falante, ou seja é ato de causar efeito no público por meio do enunciação da sentença
 Na tirinha seguir percebe-se que no primeiro quadrinho Calvin explicita uma informação através da sentença, Ato Locucionário. Em seguida no segundo quadrinho Susie faz um questionamento, uma pergunta deste modo ato ilocucionário, todavia tanto a fala de Susie como a de Calvin no último quadrinho estão expressam reações sobre o efeito do enunciado anterior o que configura Ato perlocucionário.Um exemplo dado por Austin pode ser :
1. Ele me disse “atire nela!” (Ato locucionário.)
2. Ele me mandou atirar nela. (Ato ilocucionário.)
3. Ele me convenceu a atirar nela. (Ato perlocucionário.)
 Fonte: www.puc-rio.br/.../FIL-Renato%20Luiz%20Atanazio%20Ferreira.pdf
Referências 
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer – palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 
C. R. BRAIDA. Filosofia e Linguagem 1ª edição Florianópolis ROCCA BRAYDE 2013.
OTTONI, P. John Langshaw Autin e a Visão Performativa da Linguagem. In: Revista Documentos em Lingüística Teórica e Aplicada. São Paulo: PUCSP, nº 18, p.117-143, 2002. 
SILVA. Leosmar Aparecido Relações Entre A Teoria Dos Atos De Fala E Quadrinhos Humorísticos. Disponível em www.nee.ueg.br/seer/index.php/temporisacao/article/view/20/29 acessado em 04/07/2015
SILVA. Josué Cândido, Filosofia da linguagem (6): Austin e Searle e os atos de fala. Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/filosofia-da-linguagem-6-austin-e-searle-e-os-atos-de-fala.htm acessado em 07/07/2015
SOUZA FILHO.Danilo Marcondes de A Teoria dos Atos de Fala como concepção pragmática de linguagem Disponivel em www.puc-rio.br/.../FIL-Renato%20Luiz%20Atanazio%20Ferreira.pdf acessado em 04/07/2015
SEARLE, John. R. Speech acts: um ensaio de filosofia da linguagem. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
Os atos da fala disponível em http://namakajiri.net/letras/2010/resenha_austin.pdf acessado em 07/07/2015

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