Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRANSPORTE 1. Conceito É o contrato pelo qual alguém se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para outro pessoa ou bens. Compõe-se de três elementos: O transportador; O passageiro; e A transladação (necessário haver transferência ou remoção de um lugar para outro, ainda que não percorra distância geográfica). É mister, que o objeto da avença seja especificamente o deslocamento, pois a relações de transporte pode apresentar-se como acessória de outro negócio jurídico. Sendo este secundário, deverá subordinar-se às regras do principal. Constitui obrigação de resultado, de transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias ao destino. A não obtenção desse resultado importa o inadimplemento das obrigações e a responsabilidade pelo dano ocasionado. Incumbe-lhe o ônus de demonstrar que o evento danoso se verificou por culpa exclusiva da vítima, força maior ou ainda por fato exclusivo de terceiro. No mais, rege-se no que lhe couber às normas do depósito. 2. Natureza jurídica É contrato de adesão, em que as partes não discutem amplamente suas cláusulas. Há também, um regulamento previamente estabelecido pelo transportador. É bilateral ou sinalagmático vez que gera obrigações recíprocas. Consensual, oneroso, cumulativo (as prestações são certas e determinadas, antevendo as partes as vantagens e os sacrifícios que dele podem advir), não solene é válida celebração verbal. 3. Espécies de contrato De pessoas e coisas: podendo ser terrestre (ferroviário ou rodoviário), marítimo, aéreo, fluvial. Urbano, interestadual, internacional. O transporte de bagagem é acessório. O passageiro só pagará o transporte de sua bagagem se houver excesso de peso, tamanho ou volume. Transportar a bagagem do passageiro no próprio compartimento em que ele viajar ou em depósitos apropriados dos veículos, em que o transportador fornecerá uma “nota de bagagem”, nesse caso, o valor declarado determina a importância. Transferiu-se para a empresa a obrigação de definir previamente o valor da bagagem para limitar a indenização. Não o fazendo, não haverá limitação. Poderá o transportador exigir o pagamento de prêmio extra de seguro, para a necessária cobertura de valores elevados. 4. Disposições Gerais aplicáveis às várias espécies de contrato de transporte Sempre que o transporte for privativo do poder público, pode este conferir a sua exploração a particulares por meio dos institutos de direito público como a autorização, permissão e a concessão. O Estado fixa as regras, as condições, enfim, as normais que regerão a prestação dos serviços. 4.1. O caráter subsidiário da legislação especial, dos tratados e convenções internacionais Leis especiais: Código Brasileiro de Aeronáutica, Convenção de Varsóvia e CDC. Assim, como não há limite para a responsabilidade civil do Estado, igualmente não o há para a das concessionárias e permissionárias de serviços públicos, que emana da mesma fonte. É nula qualquer cláusula excludente de responsabilidade. 4.2. Transporte cumulativo e transporte sucessivo Cumulativo: vários transportadores efetuam, sucessivamente, o deslocamento contratado. Cada um se obrigando a cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso. Mas para ser cumulativo é necessário haver unidade da relação contratual a que se vinculam os diversos transportadores. Ocorrerá a solidariedade passiva em face do inadimplemento dos transportadores colegiados, o direito do usuário de reclamar a reparação de qualquer dos coobrigados. Todas as empresas que participam do percurso contratado respondem solidariamente. Sem essa unidade de contrato com vinculação de pluralidade de transportadores inexiste transporte cumulativo, mas sim transporte sucessivo, que se caracteriza por uma cadeia de contratos. 5. O transporte de pessoas A responsabilidade pela integridade da pessoa do passageiro se inicia a partir do momento em que esse incide na esfera da direção do transportador. Afasta essa responsabilidade quando se trata de passageiro clandestino. No que tange às estradas de ferro, a responsabilidade tem inicio quando o passageiro passa pela roleta e ingressa na estação de embarque. Nas viagens aéreas, a responsabilidade tem inicio com a execução da avença. No rodoviário, com o embarque do passageiro e só termina com o desembarque. Apresentando responsabilidade objetiva. Considera-se força maior, somente os acontecimentos naturais, como raio e não os fatos decorrentes da conduta humana alheios à vontade das partes, como guerra, greves. Somente o fortuito externo (natureza) excluirá a responsabilidade. O fortuito interno não. Falhas ligadas à maquina não excluem também. Não pode o transportador eximir-se da obrigação de indenizar o passageiro alegando culpa de terceiro, devendo primeiramente, indenizar a vítima para depois discutir a culpa pelo acidente, na ação regressiva. O fato de terceiro só exonera o transportador quando efetivamente constitui causa estranha ao transporte, quando elimina totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do contrato, como na hipótese do passageiro ferido por bala perdida. Incumbe-lhes o ônus de demonstrar que o evento danoso se verificou por força maior ou por culpa exclusiva da vítima ou ainda por fato exclusivo de terceiro. STJ: No caso de queda do trem por praticante de surfismo ferroviário que descaracteriza o contrato de transporte a atitude da vítima que se expõe voluntariamente a grave risco. Verifica que a culpa concorrente da vítima constitui causa de redução do montante da indenização pleiteada, em proporção ao grau de culpa comprovado nos autos. Não exonerando o transportador, somente se for culpa exclusiva. Quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar por sua natureza, risco para os direitos de outrem, responderá ele independentemente de culpa, estando inseridos na teoria da atividade perigosa. Art. 734: responsabiliza o transportador de forma objetiva, salvo força maior. Destina-se a regular outras atividades já existentes ou que venham a existir e que serão consideradas perigosas pela jurisprudência. 6. Transporte de coisas Partes: Expedidor ou remetente; Transportador; Destinatário ou consignatário. Quando o expedidor despacha ou remete coisas para o seu próprio endereço, atua ele, ao mesmo tempo, como expedidor e destinatário. A coisa transportada deve ser descrita ou especificada de modo a não se confundir com outra. Devendo o transportador emitir o conhecimento (descrevendo-a). Se vier a sofrer prejuízo em decorrência de informação inexata ou falsa descrição, será o transportador indenizado, devendo a ação ser ajuizada no prazo decadencial de cento e vinte dias. O transportador não pode transportar coisas cuja natureza desconhece. O recibo de entrega ou conhecimento de transporte é também denominado conhecimento de frete ou de carga. Constitui título de crédito, ainda que impróprio, gozando dos princípios cambiários (literalidade, cartularidade e autonomia). Pode ser transferido por simples endosso. Sendo responsável pelo valor constante do conhecimento, regendo-se no que lhe couber às normas do depósito. Tal obrigação termina quando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo se este não for encontrado ou havendo dúvida sobre quem seja o destinatário. Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do transporte, pedindo-a de volta ou ordenando seja entregue a outro destinatário pagando em ambos oscasos, os acréscimos de despesa decorrentes da contra ordem, mais as perdas e danos que houver. No caso de perda parcial ou de avaria não perceptível a primeira vista, deve o destinatário denunciar o dano no prazo de dez dias a contar da entrega, sob pena de decadência. Se o transporte não puder ser feito ou sofrer longa interrupção em razão de fato superveniente, o transportador deverá solicitar incontinenti, instruções ao remetente e zelará pela coisa, por cujo perecimento ou deterioração responderá, salvo força maior. Se o inadimplemento perdurar, sem culpa do mesmo, e não houver manifestação do remetente, será facultado àquele depositar a coisa em juízo, ou vendê-la, obedecidos os preceitos legais e regulamentares, ou os usos locais depositando o valor. Se, todavia, o impedimento decorrer de fato imputável ao transportador, como defeito mecânico no veículo por falta de manutenção, poderá ele depositar a coisa, por sua conta e risco, mas só poderá vendê-la se perecível. O transportador deve informar o remetente da efetivação do depósito ou da venda. 7. Direitos e deveres do transportador - Direitos: a) Exigir o pagamento do preço ajustado; b) Uma vez executado o transporte, reter a bagagem e outros objetos pessoais do passageiro, para o caso de não ter recebido o pagamento da passagem no início ou durante o percurso: forçar o passageiro a pagá-la, não se aplicando a regra em apreço quando se convenciona o pagamento a prazo; c) Reter 5% da importância a ser restituída ao passageiro, quando este desiste da viagem: a titulo de multa compensatória; d) Estabelecer normas disciplinadoras da viagem, especificando-as no bilhete ou afixando-as à vista dos usuários; e) Recusar passageiros: de acordo com condições de higiene e saúde do interessado; f) Alegar força maior para: 1) Excluir sua responsabilidade por dano às pessoas transportadas e às bagagens; 2) excluir sua responsabilidade pelo descumprimento do horário ou itinerário. - Deveres: a) Transportar o passageiro no tempo e no modo convencionados, sob pena de responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior; b) Responder objetivamente pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo força maior; c) Concluir a viagem contratada: sendo interrompida e impossível continuar, disponibilizar outro veículo da mesma categoria, ou por modalidade diferente se a ela anuir o passageiro, devendo cobrir despesas com alimentação e estadia; d) Não recusar passageiros, salvo nos casos supracitados. 8. Direitos e Deveres do passageiro - Direitos: a) Exigir o cumprimento do contrato de transporte; b) Rescindir o contrato quando lhe aprouver: dando aviso ao transportador em tempo de ser renegociada a passagem com terceiro. Quando o passageiro não comparece, nem avisa previamente, pode obter a restituição do valor pago, se provado que outra pessoa foi transportada em seu lugar. Se desistir depois de iniciada a viagem, terá direito à restituição do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra pessoa foi em seu lugar; c) Ser conduzido são e salvo ao destino convencionado: cláusula de incolumidade – obrigação tacitamente assumida; d) Exigir que o transportador conclua a viagem interrompida por motivo alheio à sua vontade em outro veículo da mesma categoria. - Deveres: a) pagar o preço ajustado; b) Sujeitar-se às normas estabelecidas pelo regulamento do transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que cause incomodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veiculo ou dificultem ou impeçam a execução normal do serviço. Se transgredir normas e instruções regulamentares e, sofrer algum dano, o juiz reduzirá equitativamente a indenização na medida em que houver concorrido para a ocorrência do dano (Culpa concorrente da vítima); c) Não causar perturbação ou incomodo aos outros passageiros; d) comparecer ao local de partida no horário estabelecido ou avisar da desistência ou impossibilidade de realizar a viagem, com a antecedência necessária para que outra pessoa possa viajar em seu lugar. 9. Transporte gratuito O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria extracontratual ou aquiliana.
Compartilhar