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Introdução ao Direito

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O Estado, o Direito e a Política no Capitalismo em Marx
Anotações
O marxismo sempre se apresentou como uma alternativa às outras teorias das ciências sociais. O marxismo tem método específico 
Ser marxista pode significar adotar um certo método, não significa adotar as teses históricas de Marx, e é um método cuja especificidade, garantiria uma superioridade analítica em relação àquilo que os marxistas chamam de ciência social burguesa.
Os marxistas mais contemporâneos- discutem a possibilidade de abandonar as teses empíricas do marxismo apresentadas até o presente momento, mas mantendo os métodos.
Esta especificidade metodológica ela tem uma dimensão negativa e uma dimensão positiva:
A dimensão negativa é contra qual tipo de método o marxismo se posiciona? Contra o empiricismo da ciência social não marxista. Que os marxistas chamam de ciência social burguesa. Quando Marx chama Smith e Ricardo de economistas burgueses ele não está usando este termo no sentido pejorativo. Não está diminuindo a importância científica destes dois autores clássicos, o que ele está dizendo é que os limites estabelecidos naquela teoria econômica, tem a ver com a perspectiva de classe destes autores, não quer dizer que estes autores não fizeram importantes revelações sobre a economia capitalista. Fizeram, mas são burgueses, por que a forma pela qual abordam o tema, o observatório a partir do qual eles olham a sociedade, é um observatório de classe. Ilumina certos aspectos da sociedade, mas deixa outros aspectos de fora. O que é dado pelo posicionamento de classe e ideológico.
Se Marx denomina de burguesa, não quer denegrir ou negar o caráter cientifico destas proposições ou destes cortes teóricos. Mas, identificar os limites sociais.
Assim, o método propriamente marxista ele se afirma primeiro, contra o empiricismo, desta ciência social burguesa, de inspiração ... ou seja que acredita que a realidade ou a verdade dos fatos está contida nos próprios fatos, ou seja, basta que você tenha algum método de observação das ocorrências do mundo concreto para que você consiga descobrir a realidade daquela situação em que você envolvido. 
A critica ao empiricismo está intimamente ligada a esta afirmação teórica do marxismo, da distinção entre essência e aparência. Os empiricistas seriam aqueles que acreditariam que a realidade seria compreendida imediatamente. É contra este empiricismo, este que diz que a experiência imediata que nós temos da realidade já é a realidade, a verdade. Marx diz que não, que esta realidade superficial, na esmagadora maioria das vezes ela é enganadora. È preciso transcender esta realidade imediata para compreender as coisas de forma mais profunda.
Toda a discussão que Marx faz no 18 Brumário, sobre a cena política, revela a política como uma aparência, como um caos, como uma encenação, que esconde algo.
Enquanto um empiricista olha pára aquele caos e acha que a verdade daquela sociedade se encontra naquela realidade, no marxismo há idéia de transcender.
O marxismo se afirma também contra o individualismo na ciência social. Ou seja na verdade estes indivíduos concretos, eles estão submetidos a determinadas forças objetivas que eles não controlam, são estas forças que nós devemos analisar. Aquilo que os indivíduos fazem concretamente a forma pela qual os indivíduos justificam a própria conduta. Estas questões não são fundamentais. O que é fundamental é entender uma espécie de lógica objetiva que rege todos os membros da comunidade. Lógica que escapa completamente ao controle consciente dos agentes, dos atores concretos que são submetidos a ele. No Capital, na primeira parte, no prefácio Marx diz que o objetivo é identificar as leis que regem o modo de produção capitalista. Leis que são tidas como objetivas. Não é a toa que Marx dedica ao Charles Darwin, porque a idéia é de que essas leis são tão objetivas, quanto as leis que regem a natureza, elas não estão à mercê das vontades dos indivíduos. Toda a discussão presente no Capital é uma tentativa disto. Não interessa a Marx operários empíricos, nem os capitalistas empíricos, mas ele se interessa pelo Capital como relação social. Isto é, uma relação social, portadora de uma determinada lógica, que está além, que transcende as forças individuais e que submete... 
A crítica fundamental aqui é contra a teoria econômica clássica que depois vai emprestar o seu individualismo para a sociologia de inspiração Weberiana. O que vai interessar ao individualismo metodológico. 
Mas a teoria econômica ao contrário, explica o fenômeno econômico a partir da lógica do calculo individual. A teoria do valor utilidade, a tese de que o valor das coisas é determinado pela avaliação subjetiva que os indivíduos fazem acerca da capacidade daquela coisa satisfazer os seus interesses. Então, o indivíduo é a matéria prima, a unidade nuclear a partir da qual se explica o fenômeno econômico. Não as relações objetivas. São as relações individuais. Então Marx se afirma contra o individualismo. 
Do ponto de vista positivo, a primeira coisa fundamental, é a de que só é possível entender o funcionamento social a partir da categoria de totalidade. Está no prefácio, e em outras obras... sem a categoria de totalidade não é possível entender o funcionamento social, é a resposta a esta idéia de individualismo em grande parte.
A expressão geral dada pelos marxistas é a de totalidade social, se quiser colocar mais próximo ao senso comum, é o próprio termo sociedade.
O que é totalidade social? É entender a sociedade como um conjunto, um todo, formado por partes interligadas, ou seja, a totalidade social é um todo estruturado, é um conjunto de partes interligados formando um sistema. Quando Marx utiliza a expressão Sistema, o conceito de totalidade de Marx é idêntico ao conceito de sistema... contemporâneo, sistema é isso, é um todo formado por partes que são articuladas, de modo que mudança, em uma das partes, significa mudança no todo. Embora a natureza desta alteração possa ser discutida. Então o que explica um dado fenômeno social, é o seu lugar na totalidade social. Então na totalidade social, o analista tem que captar a lógica de estruturação desta realidade. Se eu quero estudar a política , a ideologia , a religião, a economia, a cultura de uma dada sociedade eu não posso estudá-la em si mesma, ou a partir da visão que os atores tem deste fenômeno, mas tem que olhar este fenômeno a partir do seu lugar objetivo na estrutura social. 
Portanto se se quer estudar o Estado, eu não posso me perguntar o que os agentes estatais pensam de si próprios, e não posso me perguntar de onde vem, mas o fundamental é saber qual é a função real do estado dentro da totalidade social. Por que eu posso achar que a função do Estado é garantir o interesse geral. Mas será que isto coincide com a função real, ou seja, objetiva do estado na estrutura social? Marx vai dizer, não! A função objetiva do Estado na estrutura social é reproduzir a dominação de classe. O que importa é o resultado objetivo que esta instituição produz, e não o que as pessoas pensam de si próprias. Não o que os agentes estatais pensam de si próprios. 
Implica um vinculo do fenômeno a ser estudado com a idéia de totalidade social. Se vc é marxista e vai estudar um determinado fenômeno político, este fenômeno não pode ser estudado por si mesmo, este fenômeno tem que estar de alguma forma vinculado a esta totalidade social. E ser explicado em função desta vinculação. 
A preocupação do marxista é com o papel da estrutura política no interior de uma dada sociedade ou pelo menos um tipo de estrutura política no interior de um tipo de sociedade. Está explicito no Prefácio à critica a economia política. Em uma das passagens mais famosas...”cheguei a conclusão de que as relações jurídicas,assim como as formas de Estado, não podem ser compreendidos por si mesmo, nem pela...” Então elas tem que ser compreendidas como? A primeira resposta é: como uma referencia à totalidade social. 
Sóque esta totalidade social que Marx diz, é uma totalidade social hierarquizada. No marxismo há um elemento interior, uma das partes desta totalidade social que é mais importante do que outras. E esta parte Marx chama de economia, ou infra-estrutura, ou o que ele chama de no “Prefácio”, de anatomia da sociedade civil. Quando ele diz, quando eu quiser entender as formas do Estado e do Direito eu não posso olhar para elas próprias, mas eu tenho que olhar para a anatomia da sociedade civil, para concluir que a natureza deste estado e deste direito depende da forma pela qual aquela sociedade se organiza materialmente. É a natureza das relações materiais que vai me permitir entender a natureza da política de um estado e de um direito produzido. Isto significa muito mais e muito menos, do que dizer que são os interesses econômicos que explicam os comportamentos dos agentes. 
Então para entender que a idéia de totalidade social é fundamental em Marx, esta totalidade social é hierarquizada. Esta totalidade social é uma totalidade hierarquizada, no sentido que são estas relações materiais que me permitem ver a natureza desta totalidade social. 
Se você quer estudar o Direito moderno eu não pode olhar para o direito exclusivamente, é preciso entendê-lo a partir de um lugar fora dele. Este lugar é a infra-estrutura, é o termo utilizado no Prefácio, anatomia da sociedade civil, economia, sociedade civil, neste momento estes termos tem a mesma função. Nele se inscreve a forma pela qual os homens se relacionam para produzir a sua riqueza. 
Então 3 conceitos são fundamentais : relações de produção, classes sociais e forças produtivas.
Forças Produtivas: O maquinário, a ciência, tudo aquilo que contribui para a produtividade e é utilizado no processo de trabalho.
Quando se fala em infra-estrutura, em economia e etc..., se está falando destas 3 coisas ao mesmo tempo (forças produtivas, relações de produção, e classes sociais)estes conceitos são inseparáveis, não existe relações sem classes sociais, não existem classes sociais sem forças produtivas. 
O que diferencia as diversas totalidades sociais ao longo da história? O que diferencia uma totalidade social da outra? É a forma de organização desta infra-estrutura. Então o modo pelo qual os homens se relacionam para produzir a sua riqueza material muda qualitativamente. 
Se eu olho para a sociedade capitalista estas relações materiais de produção estão de maneira qualitativamente diferente das relações materiais de produção em outro modo.
Para cada tipo de relação material você tem tipos específicos e correspondentes de relações não materiais. É o que Marx chama no Prefácio, de superestrutura. Há a metáfora do Edifício, há a fundação, a base, sobre a qual se levantam os andares superiores. A idéia de que estes andares superiores se sustentam sobre esta base, dependem da base para existir. Para cada tipo de base material eu tenho um tipo de superestrutura correspondente. 
Por Superestrutura se compreende todas as relações não econômicas da sociedade. O Estado, o Direito, a filosofia, a religião, a cultura, a política. O que Marx está querendo dizer? Não pode por exemplo, existir um direito moderno capitalista (racional na perspectiva weberiana), numa sociedade que se organiza materialmente segundo os princípios do moldo de produção feudal.
Quando Marx disse que o segredo destas formas superestruturais se encontra na anatomia da sociedade civil. O que é a anatomia da sociedade civil? Este conjunto analiticamente separável que é formado pelas classes, pelas relações de produção e pelas forças produtivas. 
Nas relações de produção há o que o Marx chama de relação de propriedade e relação de apropriação real. A relação de propriedade descreve a propriedade econômica dos meios de produção. O que é a propriedade econômica? Quem é que tem o Direito de se apropriar do trabalho excedente nesta ou naquela sociedade. 
Numa sociedade escravista são os senhores de escravos, numa sociedade feudal, os senhores feudais, numa sociedade capitalista, os próprios capitalistas. A propriedade econômica dos meios de produção, significa a possibilidade de se apropriar efetivamente daquilo que te interessa, que é o trabalho excedente, que é o trabalho fruto da exploração, e em cada uma destas sociedades assumiu uma forma diferente. Então isso aqui é invariante, porque o proprietário dos meios de produção é sempre aquele que tem a propriedade econômica. A relação de apropriação real descreve a relação entre o produtor direito (que na sociedade escravista é o escravo, na sociedade feudal é o servo, na sociedade capitalista é o trabalhador assalariado) e os meios de produção. Esta relação ela varia ao longo da história, ela é variável, e é aqui que reside o segredo, a anatomia da sociedade civil. O que caracteriza o feudalismo é uma defasagem entre estas duas coisas, o senhor feudal tem a propriedade econômica dos meios de produção, mas o servo tem a posse destes meios, significa que é o servo que organiza o processo de trabalho, que tem acesso as próprias ferramentas, que controla este processo, só que o trabalho excedente produzido por esta atividade é apropriado pelo senhor feudal. O senhor feudal tem a propriedade, mas não tem a posse. No capitalismo é diferente, esta defasagem desaparece, o mesmo agente que tem a propriedade econômica é o agente que tem a posse, o capitalista é quem se apropria do trabalho excedente produzido pela jornada de trabalho, e ao mesmo tempo é quem organiza todo processo. Marx utiliza uma expressão que sintetiza esta diferença, ele vai dizer: no feudalismo o produtor direto está próximo das suas condições objetivas de trabalho, no capitalismo ele está separado. Houve um processo de separação do servo da terra, transformando-o em trabalhador assalariado. O trabalhador assalariado, e esta é uma grande sacada de Marx contra a apologia da teoria econômica mais vulgar, que dizia que o capitalismo é a sociedade da livre iniciativa e da propriedade privada. O que Marx mostra claramente, é que o capitalismo é a sociedade da anti-propriedade, é a sociedade que só existe graças a expropriação de nove décimos da população, porque se as pessoas, todas elas tivessem propriedade, o que aconteceria? Elas trabalhariam para si próprias e não para o capital, então é parte logicamente necessária, e historicamente e empiricamente comprovada, que é fundamental para o capitalismo a expropriação da esmagadora maioria dos trabalhadores. 
Porque esta digressão toda? Porque estas duas formas de se organizar materialmente a sociedade, de um lado o produtor direito vinculado, próximo das suas condições objetivas de trabalho e de outro lado o produtor direto (trabalhador assalariado) separado, expropriado das condições objetivas de trabalho, demanda direitos distintos? O direito feudal é exatamente o direito que estabelece formalmente as relações de dependência pessoal, típicas do feudalismo. Por quê? Porque se não tiver um constrangimento extra-econômico, que obrigue o trabalhador-produtor direto, a se submeter ao senhor feudal, o que ele vai fazer? Vai trabalhar para si próprio, vai se transformar em um produtor independente (já que tinha a posse da terra). Por isso todos aqueles direitos tipicamente feudais, que submetem o servo ao senhor feudal, como a corvéia e etc...são direitos que correspondem a uma forma específica de realização da vida material, e o direito capitalista ele pode reconhecer a igualdade de todos perante a lei, acabar com o reconhecimento formal da desigualdade, porque? Porque ele libera, a economia capitalista libera o trabalhador, transforma este trabalhador em trabalhador livre, que vai se encontrar com o capital, no mercado enquanto proprietário de mercadoria. O que é que este direito reconhece? As classes? Não, ele reconhece agentes privados que se encontram no mercado para estabelecer uma relação contratual. Infelizmente, o que continua existindo no mundo material, real, são classes, mas se este direito pode existircom alguma eficácia porque ele sabe que o capitalismo rompe, completamente no nível material, com as relações de dependência pessoal. Só no capitalismo existe mercado, só no capitalismo existe um lugar chamado mercado de força de trabalho, mercado de trabalho, porque as pessoas se encontram para contratar esta mercadoria.
Você tem esta forma da vida material que dissolve as relações de dependência pessoal e joga todos os indivíduos no mercado. O capitalismo é a única sociedade onde existe mercado e trabalho, onde todos os agentes econômicos se encontram enquanto indivíduos portadores de mercadoria, o capitalista como proprietário do capital e o trabalhador como proprietário da força de trabalho, que estabelecem entre si um contrato de trabalho, este contrato de trabalho só existe no capitalismo como forma universal de relação entre os agentes econômicos. Não se ouviu falar em contrato de trabalho entre o senhor e seu escravo, porque a relação escravista é uma relação de força. Por esta razão toda relação econômica feudal é ao mesmo tempo uma relação política. Porque ela é uma relação de constrangimento. Na relação de produção capitalista é que o direito pode se distanciar do mundo material e o Estado pode se apresentar como uma entidade neutra, oficial.
Porque falar tudo isso, para mostrar que a idéia de uma totalidade social que se estrutura a partir da economia, das relações de produção, produzindo formas estruturais próprias, chama atenção por uma espécie de correspondência estrutural. Não quer dizer que os agentes econômicos, que os capitalistas concretos, influenciam, controlam os agentes... Isso não é a idéia de Marx, embora isso possa acontecer, e é o que acontece em situações específicas, mas essa não é a tese fundamental do materialismo histórico. A tese é a de que independente do que pensam as pessoas, as formas que elas assumem na sociedade, correspondem, se encaixam logicamente, em função das exigências da vida material. Essa é a idéia de totalidade estruturada, hierarquizada, que Marx usa.
Obs: discussão sobre a situação escrava. Se parece um anacronismo no capitalismo, ou contraditório com a lógica do capitalismo, por uma análise marxista (sistêmica) não será. 
Obs: a questão da igualdade - a burguesia teve vários problemas com a idéia de igualdade de todos perante a lei, sobretudo se essa idéia era estendida à dimensão política. A idéia de igualdade de todos, de isonomia jurídica, é uma idéia materialmente autorizada pelo capitalismo, por mais que a própria burguesia não goste, a lógica é explicada sistemicamente. O direito Moderno, capitalista é explicado a partir da lógica capitalista, da sociedade que se organiza materialmente na forma capitalista e não pode ter outro direito que não este. Levar em conta a base material para afirmar isto com um mínimo de plausibilidade. Poderíamos dizer, mas se de fato só existem fatos sociais então o direito é uma mera mentira? Não, por isso quando Marx vai falar de ideologia usa a expressão ilusão real, esse aparente paradoxo, descreve que a sociedade produz ilusões em torno dos agentes, mas que são suficientemente plausíveis, porque corresponde a determinadas dimensões da vida material. De onde é que a idéia da igualdade de todos perante a lei retira a sua seiva vital, da própria liberdade dos agentes no mercado de trabalho, efetivamente estes agentes vivenciam a sua condição econômica, como condição de indivíduos privados que buscam seus próprios interesses no mercado? Marx diz que isso é uma ilusão produzida na sociedade capitalista, suficientemente forte e ilusória, porque ela retira da aparência desta sociedade a sua força. 
E aí entramos em outra discussão fundamental para o marxismo que é a discussão da distinção entre essência e aparência. O que podemos dizer? Se, como acreditam os empiricistas, a realidade das coisas, a verdade das coisas, fosse inegavelmente visível aos olhos, não haveria necessidade de ciência. Era só olhar para o mundo e ter um método para descobrir porque a sociedade funciona desta ou daquela maneira. Para Marx não, para ele o mundo social é organizado, sobretudo no capitalismo, na forma de uma distinção entre a essência e a aparência. Geralmente em Marx aparece a palavra forma ou forma econômica, e ele está querendo dizer aparência, a maneira pela qual determinadas relações sociais se manifestam nascem e morrem,.
Porque ele utiliza por exemplo, a palavra aparência, ou a expressão forma, ou forma econômica, e aqui a gente percebe que Marx é muito mais sociólogo do que economista, porque quando ele vai falar quais são as formas econômicas, naturalizadas pela teoria econômica clássica: mercadoria, lucro, renda da terra. Ele vai dizer, estes caras utilizam estas expressões como se elas tivessem sempre existido. Como se elas fossem formas naturais, ora, o que existe por detrás destas formas econômicas é o que me interessa, e essas formas econômicas, diz Marx, se constituem na verdade, na manifestação aparente de relações sociais historicamente construídas, mercadoria só pode existir se você tiver um aprofundamento da divisão social do trabalho. Em que os agentes econômicos são obrigados a produzir para o mercado, já que não podem produzir integralmente a sua própria subsistência. Lucro , juros, salário, são expressões, são manifestações aparentes de relações sociais específicas, o que está por detrás da categoria salário é o processo histórico de suprimir a propriedade privada de produtor direto, isto é, ter afastado do produtor direito a condições objetivas de trabalho. Porque em não afastando estes trabalharão para si próprios. Se não houver um processo histórico que afaste o produtor direto das condições objetivas de trabalho, transformando estes produtores em expropriados, em trabalhadores livres, assalariados, não temos capitalismo, porque não temos salários. Isso não é uma existência natural, é forma econômica de um determinado tipo de relação social se manifestar. É isso que tem que ser demonstrado, é preciso transcender a aparência de salário, para encontrar a relação essencial e que dá origem. O Estado: há que se transcender a forma política, a aparência do Estado enquanto aparato oficial que representa o interesse geral, é preciso transcender esta forma para encontrar as relações materiais que permitem a existência desta forma. A essência por trás da aparência. Por isso que para o marxismo, olhar para o político, em si mesmo, é cair presa da armadilha do empiricismo, é cair presa da armadilha que a própria realidade, a política não se explica por si própria ela não tem uma lógica própria, ainda que ela possa se apresentar aparentemente como autônoma, o fato de nunca o Estado aparecer como uma entidade separada da economia, é fruto da própria determinação econômica desta sociedade. Acreditar que este estado é autônomo é acreditar no engodo que a própria realidade capitalista nos prega. Esta não autonomia, este vinculo com o mundo material econômico, não se dá necessariamente distante daquela influencia subjetiva... O Estado capitalista é a forma política da sociedade capitalista. Voltando àquela frase de Marx “nas minhas pesquisas cheguei a conclusão de que as relações jurídica, assim como as formas de estado não podem ser compreendidas por si mesmas... “ porque elas estão inseridas numa totalidade social estruturada a partir das relações materiais de produção...
Fazer uma ciência sobre a política para o Marx é isso, é encontrar determinações exteriores a própria política. Por isso Marx também não se preocupa muito com a política cotidiana com o que acontece no parlamento, com o dia-a-dia do parlamento, com as lutas partidárias mais aparentes. Não é isso que interessa, o que interessa o significado que eu acumulo, a partir da lógica sistêmica que eu analiso a sociedade. A idéia de totalidade é que esta totalidade está submetida a uma lógica, que escapa ao controle individual. (a explicação não está nas ações dos indivíduos)
1- Estado, Direito e as relaçõesmateriais: Para entender as formas do Estado e do Direito eu não posso olhar para elas próprias, mas tenho que olhar para a anatomia da sociedade civil, para concluir que a natureza deste estado e deste direito depende da forma pela qual aquela sociedade se organiza materialmente. É a natureza das relações materiais que vai me permitir entender a natureza da política de um estado e de um direito produzido.
2- Infra- estrutura( economia e sociedade) Para estudar o Direito moderno eu não posso olhar para o direito exclusivamente, é preciso entendê-lo a partir de um lugar fora dele. Este lugar é a infra-estrutura, é o termo utilizado no Prefácio, anatomia da sociedade civil, economia, sociedade civil, neste momentos estes termos tem a mesma função. Nele se inscreve a forma pela qual os homens se relacionam para produzir a sua riqueza. 
3-As formas de organizar materialmente a sociedade: Vamos falar do feudalismo e do capitalismo. Estas duas formas de se organizar materialmente a sociedade, demanda direitos distintos. De um lado, no feudalismo, o produtor direto está vinculado, próximo das suas condições objetivas de trabalho e de outro lado, no capitalismo, o produtor direto (trabalhador assalariado) está separado, expropriado das condições objetivas de trabalho. O que sustentará estas duas estruturas, são um direito, uma política e uma ideologia distintas. O direito medieval não será o mesmo em relação ao direito moderno. 
4- O Direito no Feudalismo e as relações materiais no feudalismo: No feudalismo o produtor direto está próximo das suas condições objetivas de trabalho, no capitalismo ele está separado. Houve um processo de separação do servo da terra, transformando-o em trabalhador assalariado. O direito feudal é exatamente o direito que estabelece formalmente as relações de dependência pessoal, típicas do feudalismo. Porque? Porque se não tiver um constrangimento extra-economico, que obrigue o trabalhador-produtor direto, a se submeter ao senhor feudal, o que ele vai fazer? Vai trabalhar para si próprio, vai se transformar em um produtor independente. Por isso todos aqueles direitos tipicamente feudais, que submetem o servo ao senhor feudal, como a corvéia e etc...são direitos que correspondem a uma forma específica de realização da vida material. Não existia um contrato de trabalho entre o senhor feudal e seu servo ou escravo, porque esta relação escravista ou servil, é uma relação de força. Por esta razão toda relação econômica feudal é ao mesmo tempo uma relação política, uma relação de poder. Porque ela é uma relação de constrangimento, por se exerce o poder pela força, diferente do capitalismo que irá exercer o poder pela lei.
5- O Direito no Capitalismo e as relações materiais no Capitalismo: o direito capitalista ele pode reconhecer a igualdade de todos perante a lei, acabar com o reconhecimento formal da desigualdade. Mas por quê? Porque o direito libera e a economia capitalista libera o trabalhador, transformando este trabalhador em trabalhador livre, que vai se encontrar com o capital, no mercado enquanto proprietário de mercadoria. O que é que este direito reconhece? As classes? Não, ele reconhece agentes privados que se encontram no mercado para estabelecer uma relação contratual. Infelizmente, o que continua existindo no mundo material, real, são classes, mas se este direito pode existir com alguma eficácia porque ele sabe que o capitalismo rompe completamente no nível material, com as relações de dependência pessoal que existiam no feudalismo. Só no capitalismo existe mercado, só no capitalismo existe um lugar chamado mercado de força de trabalho, mercado de trabalho, porque as pessoas se encontram para contratar esta mercadoria. Há esta forma da vida material que dissolve as relações de dependência pessoal e joga todos os indivíduos no mercado. O capitalismo é a única sociedade onde existe mercado e trabalho, onde todos os agentes econômicos se encontram enquanto indivíduos portadores de mercadoria, o capitalista como proprietário do capital e o trabalhador como proprietário da força de trabalho, que estabelecem entre si um contrato de trabalho, este contrato de trabalho só existe no capitalismo como forma universal de relação entre os agentes econômicos. Não se ouviu falar em contrato de trabalho entre o senhor e seu escravo, porque a relação escravista é uma relação de força. Por esta razão toda relação econômica feudal é ao mesmo tempo uma relação política. Porque ela é uma relação de constrangimento. Na relação de produção capitalista é que o direito pode se distanciar do mundo material e o Estado pode se apresentar como uma entidade neutra, oficial.( e aqui pode estabelecer direitos abstratos e gerais dentro da constituição)
6- A igualdade de oportunidade e igualdade de condições: E é neste Estado que a igualdade de condições não pode ser garantida...o máximo e o suportável, é a idéia de igualdade de todos perante a lei. A burguesia teve vários problemas com a idéia de igualdade de todos perante a lei, sobretudo se essa idéia era estendida à dimensão política. A idéia de igualdade de todos, de isonomia jurídica, é uma idéia materialmente autorizada pelo capitalismo, por mais que a própria burguesia não goste, a lógica é explicada sistemicamente. 
O Direito Moderno, capitalista é explicado a partir da lógica capitalista, da sociedade que se organiza materialmente na forma capitalista e não pode ter outro direito que não este. Poderíamos dizer, mas se de fato só existem fatos sociais então o direito é uma mera mentira? Não, por isso quando Marx vai falar de ideologia usa a expressão ilusão real, esse aparente paradoxo, descreve que a sociedade produz ilusões em torno dos agentes, mas que são suficientemente plausíveis, porque corresponde a determinadas dimensões da vida material. De onde é que a idéia da igualdade de todos perante a lei retira a sua seiva vital? Da própria liberdade dos agentes no mercado de trabalho , efetivamente estes agentes vivenciam a sua condição econômica, como condição de indivíduos privados que buscam seus próprios interesses no mercado. Marx diz que isso é uma ilusão produzida na sociedade capitalista, suficientemente forte e ilusória, porque ela retira da aparência desta sociedade a sua força. E aí entramos em outra discussão fundamental para o marxismo que é a discussão da distinção entre essência e aparência. O que podemos dizer? Se, como acreditam os empiricistas, a realidade das coisas, a verdade das coisas, fosse inegavelmente visível aos olhos, não haveria necessidade de ciência. Era só olhar para o mundo e ter um método para descobrir porque a sociedade funciona desta ou daquela maneira. Para Marx não, para ele o mundo social é organizado, sobretudo no capitalismo, na forma de uma distinção entre a essência e a aparência. 
Essência e aparência: Geralmente em Marx aparece a palavra forma ou forma econômica, e ele está querendo dizer aparência, a maneira pela qual determinadas relações sociais se manifestam nascem e morrem. Porque ele utiliza por exemplo, a palavra aparência, ou a expressão forma, ou forma econômica, e aqui a gente percebe que Marx é muito mais sociólogo do que economista, porque quando ele vai falar quais são as formas econômicas, naturalizadas pela teoria econômica clássica: mercadoria, lucro, renda da terra. Ele vai dizer, as pessoas utilizam estas expressões como se elas tivessem sempre existido. Como se elas fossem formas naturais, ora, o que existe por detrás destas formas econômicas é o que me interessa, e essas formas econômicas, diz Marx, se constituem na verdade, na manifestação aparente de relações sociais historicamente construídas, mercadoria só pode existir se você tiver um aprofundamento da divisão social do trabalho. Em que os agentes econômicos são obrigados a produzir para o mercado, já que não podem produzir integralmente a sua própria subsistência. Lucro , juros, salário, tudo isso são expressões, são manifestações aparentes de relações sociais específicas, o que está por detrásda categoria salário é o processo histórico de suprimir a propriedade privada de produtor direto, isto é, ter afastado do produtor direito a condições objetivas de trabalho. Porque em não afastando estes trabalharão para si próprios. Se não houver um processo histórico que afaste o produtor direto das condições objetivas de trabalho, transformando estes produtores em expropriados, em trabalhadores livres, assalariados, não temos capitalismo, porque não temos salários. E, neste sentido, a igualdade material, ou de condições, não pode ser compatível com o capitalismo....e aqui a discussão das normas auto-aplicáveis e as programáticas!(por que as normas que entraram para a constituição que se referiam a direitos sociais, não são auto- aplicáveis? Porque as que garantem a liberdade são?) Se eu possibilito a subsistência, distribuindo renda, efetivando direitos sociais, não há mais capitalismo. 
Essência e Aparência: O salário não é uma existência natural, é forma econômica de um determinado tipo de relação social se manifestar. É isso que tem que ser demonstrado, é preciso transcender a aparência de salário, para encontrar a relação essencial e que dá origem. 
O Estado: há que se transcender a forma política, a aparência do Estado enquanto aparato oficial que representa o interesse geral é preciso transcender esta forma para encontrar as relações materiais que permitem a existência desta forma. A essência por trás da aparência. Por isso que para o marxismo, olhar para o político, em si mesmo, é cair presa da armadilha do empiricismo, é cair presa da armadilha que a própria realidade , a política não se explica por si própria ela não tem uma lógica própria, ainda que ela possa se apresentar aparentemente como autônoma, o fato de nunca o Estado aparecer como uma entidade separada da economia, é fruto da própria determinação econômica desta sociedade. Acreditar que este estado é autônomo, é acreditar no engodo que a própria realidade capitalista nos prega. Esta não autonomia, este vinculo com o mundo material econômico, não se dá necessariamente distante daquela influencia subjetiva... O Estado capitalista é a forma política da sociedade capitalista. E por isto é no Estado que está o poder e a política, neste modo de produção capitalista.

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