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Teoria Geal das Cautelares

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 OAB 1ª Fase - XI Exame (Teoria) 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
1 
TEORIA GERAL DAS CAUTELARES 
 
 
I. Introdução e Conceitos Fundamentais 
 
1. Processo, Jurisdição e Lide 
 
O processo é um instrumento para o exercício 
da jurisdição (função por meio da qual o Estado 
soluciona as lides, que são os conflitos de 
interesse caracterizados por uma pretensão 
resistida). 
 
As lides surgem a partir de crises, assim, o 
processo serve para a solução dessas, que 
podem ser de três naturezas: 
 
1. Crise de Certeza: resolve-se pelo processo 
de conhecimento 
2. Crise de Satisfação/Adimplemento: resolve-
se pelo processo de execução 
3. Crise de Urgência: resolve-se pelo processo 
cautelar 
 
Enquanto no processo de conhecimento a 
atividade precípua é a cognição, consistente 
em uma técnica de análise de alegações e 
provas, com o fim de esclarecer acerca da 
existência ou inexistência de um direito, no 
processo de execução a finalidade é a 
satisfação/adimplemento de um direito de 
crédito (lato sensu). Já no Processo Cautelar o 
que se visa é assegurar o resultado útil do 
processo diante da perspectiva de perda do 
objeto do Processo de Conhecimento ou do 
Processo de Execução. Parte da doutrina até 
defende que o processo de conhecimento e o 
processo de execução poderiam ser reunidos 
para formar a categoria dos processos 
satisfativos, enquanto que, por sua vez, o 
processo cautelar seria uma categoria à parte, 
por ser mero processo assecuratório. 
 
2. Conceito de Processo Cautelar 
 
A palavra “cautelar” remete à idéia de 
segurança, prevenção, garantia. Nesse 
sentido, o Processo Cautelar é aquele por meio 
do qual se obtêm meios para garantir a eficácia 
plena do provimento jurisdicional, a ser obtido 
por meio de futuro ou concomitante processo 
de conhecimento ou de execução. Exemplo: A 
é credor de B, mas não pode cobrar 
judicialmente a dívida porque esta ainda não 
está vencida. Contudo, A percebe que B está 
se desfazendo de seu patrimônio e 
pretendendo sair do país. Ainda que não possa 
entrar com ação para cobrar B, A pode 
justamente lançar mão do Processo Cautelar 
para, por meio deste, obter medida liminar que 
de algum modo bloqueie certos bens de B, cujo 
valor seja suficiente para saldar seu débito. 
 
3. Processo Cautelar, Ação Cautelar e Tutela 
Cautelar 
 
Nesse ponto, é importante que sejam feitas 
algumas distinções. Processo cautelar é aquele 
por meio do qual se assegura o resultado útil 
de um processo principal de conhecimento ou 
de execução. Já a ação cautelar, em sentido 
processual, refere-se à demanda, ao exercício 
do direito de provocar o poder judiciário a 
apreciar uma questão em relação à qual se 
deverá demonstrar via petição inicial, que o 
resultado de um processo principal pode se 
tornar inútil. Assim, por meio da ação cautelar 
se instrumentaliza o processo cautelar. A seu 
turno, medida cautelar é gênero, que abrange 
todo e qualquer meio de proteção à eficácia do 
provimento jurisdicional de conhecimento ou de 
execução, abrange, portanto, as ações 
cautelares (que instrumentalizam o processo 
cautelar), as medidas cautelares genéricas 
(que podem ser concedidas no bojo de 
qualquer tipo de processo não cautelar, 
segundo autorização do novo § 7 do Art. 273 
do CPC) e as medidas cautelares especiais 
(que são concedidas nos procedimentos 
especiais). 
 
II. Requisitos/Pressupostos/Mérito do 
Processo Cautelar 
 
São dois os componentes do Mérito do 
Processo Cautelar: 
 
1. Fumus boni iuris: identifica a circunstância 
em que há fumaça ou aparência do bom direito 
e é correlata à expressão cognição sumária, 
não exauriente, incompleta, superficial ou 
perfunctória. Quem decide com base em fumus 
não tem conhecimento pleno e total dos fatos 
e, portanto, ainda não tem certeza quanto a 
qual seja o direito aplicável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 OAB 1ª Fase - XI Exame (Teoria) 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
2 
2. Periculum in mora: identifica circunstância 
em que, se não for concedida a medida 
pleiteada, posteriormente não mais adiantará a 
sua concessão. 
 
Assim, agregando-se os dois requisitos, se 
tudo indicar que o autor tem o direito que alega 
(fumus boni iuris), e diante da circunstância de 
a não concessão de uma medida de garantia 
poder significar a impossibilidade de 
asseguramento do direito no momento 
oportuno dentro do processo principal 
(periculum in mora), estarão satisfeitos os 
requisitos de instauração do Processo 
Cautelar. 
 
III. Características do Processo Cautelar 
 
1. Autonomia: trata-se de processo com 
estrutura e componentes próprios, que nasce 
com uma PI e termina, necessariamente, por 
sentença. 
 
2. Acessoriedade: apesar de autônomo (início 
e fim próprios), é acessório, pois existe em 
função do processo principal, e para servi-lo. 
Observe-se que, o CPC fala em dependência, 
o que não é um bom qualificativo, pois se 
choca com a idéia de autonomia. 
 
3. Instrumentalidade: se de um lado se pode 
afirmar que o processo tem caráter 
instrumental com relação ao direito material 
(por exemplo, as normas de direito civil), 
porque existe para fazer com que sejam 
efetivamente cumpridas essas normas, de 
outro lado, o processo cautelar existe para 
fazer com que sejam efetivamente cumpridas 
estas normas, de outro lado, o processo 
cautelar existe para garantir a eficácia do 
processo de conhecimento ou da execução, 
sendo, nessa medida, instrumento do 
instrumento. 
 
4. Prevenção: visa evitar que o decorrer do 
tempo e/ou as atividades do réu possam 
frustrar a realização do provável direito do 
autor. 
 
5. Sumariedade, Eficácia Temporária, e 
Revogabilidade: é sumário porque é curto, 
baseado no fumus boni iuris e não na colheita 
exaustiva de provas, e só se admite um 
processo baseado em aparência de direito 
porque ele tende a durar pouco, ser 
temporariamente eficaz, e também porque não 
é perene, sendo revogável a qualquer tempo, 
eis que a sentença que produz não se acoberta 
pelos efeitos da coisa julgada material (salvo 
pronunciamento de prescrição ou decadência 
em relação ao direito a ser apreciado no 
processo principal), conforme enuncia o art. 
807 do CPC, que diz que as medidas 
cautelares conservam a sua eficácia no prazo 
do artigo antecedente e na pendência do 
processo principal; mas podem, a qualquer 
tempo, ser revogadas ou modificadas. 
 
IV. Classificação das Ações Cautelares 
 
A partir do critério momento de propositura, as 
ações cautelares podem classificar-se em: 1) 
Antecedentes/Preparatórias: são as propostas 
antes mesmo da ação principal e; 2) 
Incidentes/Incidentais: são as propostas 
durante o trâmite da ação principal. 
 
 
V. Tutelas de Urgência: Cautelares 
Satisfativas e Tutela Antecipada 
 
Em 1973, com a edição do CPC, no 
procedimento comum só existia um tipo de 
tutela antecipada. Disposta no Art. 804, podia 
ser chamada tutela antecipada cautelar, ou 
seja, era uma tutela antecipada dentro do 
processo cautelar que, apesar de designada 
como cautelar, era verdadeira tutela antecipada 
(portanto, satisfativa). Entretanto, como regra, 
não havia previsão de tutela antecipada fora do 
processo cautelar, ou seja, não havia a 
possibilidade de se pedir antecipação de tutela 
em processo de conhecimento ou de 
execução. Só existia tutela antecipada em 
alguns procedimentos especiais ,como na ação 
de alimentos, no mandado de segurança, e na 
ação possessória. Chamavam-se essas tutelas 
antecipadas dos procedimentos especiais de 
liminares, as liminares dos procedimentos 
especiais. Exemplos: Mandado de Segurança e 
Interditos Possessórios. 
 
Entretanto, começou-se a perceber a 
necessidade de tutelas antecipadas (e. 
portanto, satisfativas) no procedimento comumordinário, mas elas ainda não eram possíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Civil 
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3 
Assim, os advogados começaram a pedir 
providências de cunho satisfativo (tutelas 
antecipadas) como se fossem providências 
cautelares adotando a nomenclatura – tutela 
antecipada cautelar – e fundamentando no Art. 
804 do CPC (que fazia expressa previsão 
dessa medida de urgência, mas que só valia 
dentro do processo cautelar). 
 
Assim, os juízes colmataram a lacuna do 
sistema distorcendo a tutela antecipada 
cautelar (literalmente tutela antecipada dentro 
do processo cautelar), dando provimento ao 
que se começou a chamar na prática de 
cautelar satisfativa, ou seja, uma deformação 
da tutela cautelar em razão da omissão 
legislativa. Ex: sustação de protesto. 
 
Depois de obtido o provimento (tutela 
antecipada) ainda era necessário ajuizar outra 
ação (principal) somente para referendar a 
primeira decisão, ou seja, o mesmo engodo 
jurídico gerava dois processos. 
Exemplo: suspensão de deliberações sociais. 
 
Essa situação só se alterou em 1994, com o 
artigo 273 e o § 3 do Art. 461. A partir desse 
momento, a tutela antecipada satisfativa se 
tornou genérica, aplicável ao procedimento 
comum, pelo que se colmatou legislativamente 
a lacuna outrora existente (quando só existia 
para o processo cautelar sob o nome de tutela 
antecipada cautelar, e para alguns 
procedimentos especiais sob o nome de 
liminar). 
 
Assim, não havia mais nenhuma justificativa 
para a propositura de cautelares satisfativas, 
pois a omissão legislativa que justificou a 
existência dessa deformidade jurídica, já não 
mais existia. 
 
Entretanto, a doutrina dessa época começou a 
fazer uma comparação entre tutela antecipada 
e tutela cautelar, dedicando estudos para, por 
exemplo, esclarecer porque cabe tutela 
antecipada dentro da tutela cautelar. 
 
No que tange à tutela antecipada, ela acabou 
recebendo regulamentação específica em 
1994. Conforme passou a enunciar o art. 273 
do CPC, o juiz pode, a requerimento da parte, 
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da 
tutela pretendida no pedido inicial, desde que, 
existindo prova inequívoca (fumus boni iuris, 
lembrando-se que essa prova inequívoca seria 
incompatível com uma cognição sumária ou 
superficial), se convença da verossimilhança 
da alegação (fumus boni iuris) e: I - haja 
fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
reparação (periculum in mora); ou; II - fique 
caracterizado o abuso de direito de defesa ou o 
manifesto propósito protelatório do réu. Os §§ 
do art. 273 ainda destacam que na decisão que 
antecipar a tutela, o juiz deverá indicar, de 
modo claro e preciso, as razões do seu 
convencimento, não podendo haver a 
antecipação da tutela quando houver perigo de 
irreversibilidade do provimento antecipado. 
Enuncia-se, ainda, que a tutela antecipada 
poderá ser revogada ou modificada a qualquer 
tempo (fungibilidade), em decisão 
fundamentada. Assim, concedida ou não a 
antecipação da tutela, prosseguirá o processo 
até final julgamento. 
 
Importante observar que, com base no Poder 
Geral de Cautela (arts. 797 a 799 do CPC), 
pode o juiz mandar, ex officio, que se forneça 
alguma garantia quando da concessão de 
tutela antecipada, isso para que se garanta o 
resultado útil do processo em curso, no caso 
de a tutela antecipada não ser a medida mais 
acertada e ser modificada ou revogada, 
hipótese em que a garantia do juízo será a 
responsável pela satisfação, ainda que parcial, 
do objeto do litígio. 
 
Estando sedimentado o problema das tutelas 
antecipadas, nova alteração legislativa trouxe 
luzes ao processo civil em 2002, permitindo 
(ainda que implicitamente) a concessão de 
uma tutela cautelar dentro de um processo não 
cautelar. Não seria mais necessário dois 
processos para regularizar uma medida 
cautelar, pois ela poderia ter validade sem a 
necessidade de um processo cautelar. A 
doutrina passou a afirmar que a nova alteração 
criou a fungibilidade, ou seja, um pedido de 
tutela antecipada pode ser concedido como 
tutela cautelar. Mas pode haver o processo 
inverso? Se a parte entrar com um processo 
cautelar pedindo liminar poderá o juiz conceder 
como tutela antecipada em processo de 
conhecimento? A fungibilidade é de mão 
dupla? Prevalece o entendimento que sim, 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
4 
desde que o juiz, converta o processo cautelar 
em processo de conhecimento. O novo § 7, do 
Art. 273 do CPC, é claro ao afirmar que se o 
autor, a título de antecipação de tutela 
(portanto, identificando como antecipação de 
tutela), requerer providência de natureza 
cautelar, poderá o juiz, quando presentes os 
respectivos pressupostos, deferir a medida 
cautelar em caráter incidental do processo 
ajuizado1. 
 
1
 
A DISTINÇÃO ENTRE TUTELA CAUTELAR E TUTELA 
ANTECIPADA 
 
 Anoto, de início, que a antecipação da tutela se 
distingue da medida cautelar por ser aquela para gozo 
imediato e provisório do bem perseguido no processo. A 
medida cautelar não institui o autor da ação no gozo 
imediato do bem. Ele apenas preserva pessoas, provas e 
coisas para o resultado útil do processo principal. Não 
esqueçamos que a medida cautelar é instrumental. 
 Por outro lado, a antecipação da tutela pode ser 
concedida pelo risco da demora na prestação jurisdicional 
ou, alternativamente, pelo abuso do direito de defesa ou 
manifesto intuito protelatório do réu ou, ainda, pela falta 
de contestação de pedido formulado em cumulação de 
ações – inciso I e II e § 6º do art. 273. 
 A medida cautelar só pode ser deferida se 
houver risco de prejuízo ao processo principal pela 
demora na prestação jurisdicional. Não há medida 
cautelar por abuso do direito de defesa ou manifesto 
intuito protelatório do réu ou pela falta de contestação de 
pedido formulado em cumulação de ações. 
 A principal diferença, contudo, é quanto à 
verossimilhança da alegação que se reclama na 
antecipação da tutela em comparação com o “fummus 
boni iuris”. A verossimilhança da alegação é a análise do 
provável êxito do autor. É um juízo que é feito quanto à 
procedência do pedido. O juiz considera se o autor 
ganhará a causa ou não. O “fummus boni iuris” é menos 
que isso. Não interessa, nesse ponto, se o autor pode 
ganhar a causa principal. O que importa é que haja um 
processo principal a ser tutelado. 
Na antecipação, diferentemente do que ocorre na 
cautelar, o autor passa a usufruir o bem pretendido na 
ação como se já tivesse sido o vitorioso no processo. Na 
técnica processual se diz que a antecipação é satisfativa 
e que a cautelar é apenas preventiva. 
Em suma, a tutela cautelar apenas assegura uma 
pretensão, enquanto a tutela antecipada realiza, de 
imediato, tal pretensão (noutros termos, o perigo à 
integridade do processo requer a atuação cautelar; se o 
 
VI. Procedimento Cautelar Genérico 
 
1. Competência 
 
a) Primeiro Grau 
 
A competência das cautelares genéricas é a do 
juízo competente para a ação principal. Assim, 
se a ação principal já estiver em curso, aplica-
se o critério da prevenção, ou seja, a 
competência é do juízo perante o qual o 
processo principal estiver tramitando. 
Entretanto, se a ação cautelar for preparatória, 
sua competência será definida conforme as 
regras que se aplicariam à futura ação principal 
a ser proposta. Importante observar que, em 
casos de urgência, pode a medida ser 
requerida a qualquer juízo, ignorando-se, se 
necessário, até mesmo regras de competência 
absoluta, hipóteses em que, não se aplicará o 
critério da prevenção. 
 
b) Segundo Grau 
 
Serádos Tribunais a competência para as 
cautelares propostas depois de proferida a 
sentença. Entretanto, em situações de urgência 
em que já há sentença, mas o processo ainda 
não subiu ao tribunal, parte da doutrina 
sustenta a possibilidade de se pedir a medida 
cautelar ao juiz de primeira instância, mas a 
questão é deveras polêmica. 
 
c) Demais Instâncias 
 
A mesma diretriz lógica que se aplica aos 
processos em segundo grau vale para as 
cautelares propostas depois que o tribunal já 
julgou o recurso, ou seja, a competência para o 
 
perigo de lesão se referir à pessoa, deverá entrar em 
cena a tutela antecipada). 
 
Como às vezes, do ponto de vista prático, é difícil se 
distinguir tais medidas, o legislador, por meio da lei 
10.444 de 2002, instituiu a fungibilidade entre tais 
medidas, permitindo o deferimento de medida cautelar 
incidental quando, a despeito de postulada sob a epígrafe 
de tutela antecipada, preencher os requisitos de medida 
cautelar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
5 
ajuizamento das cautelares passa a ser a do 
tribunal superior competente para o recurso 
seguinte, ou seja, STJ para recurso especial, e 
STF para recurso extraordinário. Contudo, 
deve-se destacar que, o STF tem duas 
Súmulas afirmando que a medida cautelar, 
enquanto ainda não admitido o recurso 
extraordinário, deve ser proposta perante o 
tribunal de origem. 
 
2. Requisitos da Petição Inicial do 
Procedimento Cautelar Genérico 
 
Na petição inicial deve a parte descrever o 
direito ameaçado (fumus boni iuris) e o receio 
de lesão (periculum in mora). Deverá, ainda, 
haver a indicação da autoridade judiciária, a 
que for dirigida; do nome, do estado civil, da 
profissão e da residência do requerente e do 
requerido, da lide e seu fundamento. Também 
é imprescindível que se indique as provas que 
serão produzidas. 
 
3. Audiência de Justificação 
 
Trata-se de audiência unilateral, em que só o 
autor e suas testemunhas são ouvidos, no caso 
de a prova documental não ter sido suficiente 
para convencer o juiz do fumus do autor, o que 
se dá ainda que não tenha havido a citação da 
outra parte, podendo ser meio que antecede a 
concessão de cautelar inaudita altera parte. 
 
4. Liminar 
 
É possível, ainda, que haja requerimento de 
liminar, para concessão de medida sem a 
realização de audiência de justificação prévia. 
Importante observar, que a liminar que se 
requer em um processo cautelar tem natureza 
jurídica de tutela antecipada, pois ela 
simplesmente visa à antecipação o pedido 
principal realizado na inicial e, se concedida, 
será simplesmente substituída pela sentença 
cautelar final (como reflexo de sua 
provisoriedade, e não de temporariedade, que 
é característica inerente somente às medidas 
de natureza cautelar). Ademais, se 
preenchidos todos os pressupostos, a liminar 
pode ser deferida inaudita altera parte, ou seja, 
antes que seja ouvida a outra parte, isto é, 
antes da citação. 
 
Ponto importante é o trazido pelo art. 799 do 
CPC. Segundo sua norma, poderá o juiz, para 
evitar o dano, autorizar ou vedar a prática de 
determinados atos, ordenar a guarda judicial de 
pessoas e depósito de bens e impor a 
prestação de caução. É o que se chama de 
“Poder Geral de Cautela”. Valendo-se dele, o 
juiz pode conceder liminarmente ou após 
justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir 
o réu, quando verificar que este, sendo citado, 
poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá 
determinar que o requerente preste caução real 
ou fidejussória afim de ressarcir os danos que 
o requerido possa vir a sofrer. Ademais, além 
de poder conceder cautelares sem audiência 
de justificação, ou ainda sem a 
audiência/citação da outra parte, pode o juiz 
fazer isso de ofício, em situações excepcionais. 
 
 
5. Citação e Defesa do Réu, e Audiência de 
Instrução e Julgamento 
 
O réu será citado e terá o prazo de 5 (cinco) 
dias para defender-se, a contar da juntada aos 
autos do mandado citatório ou da execução da 
liminar. Não sendo contestado o pedido, 
presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como 
verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente; 
caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) 
dias. Já se o requerido contestar no prazo 
legal, o juiz designará audiência de instrução e 
julgamento, havendo prova a ser nela 
produzida. 
 
6. Sentença 
 
A decisão final no processo cautelar opera a 
preclusão consumativa, não podendo mais ser 
alterada pelo juiz, só podendo ser modificada 
por recurso de apelação. Ressalte-se que, se 
houver concessão de medida liminarmente, ou 
seja, por meio de decisão interlocutória, ela 
poderá ser alterada pelo juiz a qualquer tempo, 
ou por meio de recurso de agravo (de 
instrumento). Esgotados os recursos, a 
sentença do processo cautelar fará coisa 
julgada formal. É importante que se lembre do 
conteúdo do Art. 810 do CPC, que autoriza ao 
juiz entregar tutela satisfativa pelo proferimento 
de decisão que reconheça a prescrição ou 
decadência do direito objeto do processo 
 
 
 
 
 
 
 
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Sabrina Dourado 
6 
principal, hipótese em que haverá a formação 
de coisa julgada material. 
 
 
VII. Eficácia da Tutela Concedida no 
Processo Cautelar e Responsabilidade do 
Requerente 
 
 
Efetivada a medida preparatória, começa a 
correr o prazo decadencial de 30 dias para que 
a ação principal seja intentada sob a proteção 
da eficácia da medida deferida no processo 
cautelar (Art. 806 do CPC). Todavia, em se 
tratando das medidas cuja efetivação o autor 
não fica automaticamente ciente, como, por 
exemplo, o seqüestro de um bem que se 
encontra em outra comarca, haverá de ser de 
tal cientificado para que tenha início a 
contagem do prazo de 30 dias. Escoado o 
prazo de 30 dias, cessa a eficácia da tutela 
concedida, e a mesma ação cautelar não mais 
poderá ser proposta. Cessará, ainda, a eficácia 
da medida cautelar, se não for executada 
dentro de 30 (trinta) dias (salvo se a demora for 
imputada à máquina judicial); ou se o juiz 
declarar extinto o processo principal, com ou 
sem julgamento do mérito. Ressalte-se que, se 
por qualquer motivo cessar a medida, é defeso 
à parte repetir o pedido, salvo por novo 
fundamento. 
Por fim, deve-se destacar que o requerente de 
uma cautelar tem responsabilidade objetiva 
relativamente aos danos causados ao 
requerido caso não tenha o direito que desde o 
início afirmou ter. 
 
 
 A proibição de renovação da medida que 
perdeu a eficácia. 
 
 A medida que perde a eficácia não pode ser 
renovada. É uma pena a mais que incide sobre 
o requerente que foi negligente. A proibição de 
renovação da medida estará sem efeito, no 
entanto, se outro motivo for invocado para a 
pretensão cautelar. 
Parágrafo único. Se por qualquer motivo 
cessar a medida, é defeso à parte repetir o 
pedido, salvo por novo fundamento. 
 
A situação física da medida cautelar em 
relação ao processo principal 
 
Os autos da medida cautelar serão apensados 
aos do processo principal, como determina o 
art. 809 do CPC. Essa proximidade física dos 
processos principal e acessório é para facilitar 
o manuseio por parte dos operadores do 
direito, nestes incluído o magistrado, como 
quando houver necessidade de consultá-los 
para decidir alguma questão em qualquer um 
deles. 
Art. 809. Os autos do procedimento cautelar 
serão apensados aos do processo principal. 
Os atos instrutórios são independentes, haja 
vista a autonomia existente entre ambos, o que 
não significa a impossibilidade do magistrado 
se valer de atos processuais paraambos os 
processos, máxime quando as fases 
processuais acabam por coincidir. 
 
 O efeito da decisão em torno da medida 
sobre a decisão ou atos executórios do 
processo principal 
 
A causa principal e a acessória, de cognição ou 
executória e a cautelar, são inconfundíveis. Em 
conseqüência dessa autonomia entre as 
causas, entre as pretensões e respectivas 
causas de pedir, o que se decide no processo 
cautelar não tem efeito, repercussão quanto à 
decisão a ser proferida no processo principal - 
art. 810. Essa regra, contudo, tem exceção. A 
norma do art. 810 autoriza ao juiz decidir no 
processo cautelar sobre a decadência ou a 
prescrição do direito ou da ação principal nos 
autos do processo cautelar. A autorização tem 
fundamento na lógica e na razoabilidade. Em 
constatando que há decadência do direito ou 
perda da ação, não seria de impor ao juízo que 
processasse regularmente a cautelar e, ainda, 
que tivesse de esperar a ação principal para 
manifestar nela a ocorrência desses 
fenômenos. 
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta 
a que a parte intente a ação, nem influi no 
julgamento desta, salvo se o juiz, no 
procedimento cautelar, acolher a alegação de 
decadência ou de prescrição do direito do 
autor. 
 
Da responsabilidade civil do requerente da 
medida 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tema sensível é o da responsabilidade civil do 
requerente da medida. Pode não parecer lógico 
que a pessoa que requereu a cautelar possa 
ter que responder perante o requerido por 
eventuais prejuízos que a sua execução venha 
causar ao demandado. Essa possibilidade de 
responsabilização, contudo, nos aponta para a 
necessidade de manejo ético do processo em 
qualquer de suas formas: de cognição, de 
execução ou cautelar. A matéria da 
responsabilidade do requerente está regulada 
no art. 811 do CPC. 
A responsabilidade em questão funciona como 
contrapartida do juízo temporário e 
perfunctório justificador do deferimento da 
medida. 
Conforme afirmado por Humberto theodoro Jr, 
“Quem pleiteia em juízo, valendo-se apenas 
dos aspectos da probabilidade, há que 
indenizar a parte contrária sempre que esta, 
em um melhor exame, demonstrar a sua razão. 
É o benefício e a assunção do risco andando 
lado a lado”. 
A responsabilidade civil em questão é de cunho 
objetivo, de modo a dispensar a prova da culpa 
do requerente, necessitando apenas a 
demonstração do nexo de causalidade entre a 
medida executada e os danos experimentados 
pelo requerido. (ex: sequestro de bem que 
servia ao requerido como fonte de renda). 
No que pertine à liquidação, pensamos que o 
parágrafo único do artigo 811 se referiu às 
hipóteses em que o magistrado revoga 
mediante sentença a medida que fora deferida 
em sede de liminar ou, ainda, quando vem 
reconhecer a decadência ou prescrição em 
sede de processo cautelar. 
Assim, quando improcedente a demanda 
principal e a relação cautelar já estiver finda, 
pensamos que a fixação de responsabilidade 
deverá se dar no próprio compartimento 
sentencial da relação principal. 
Em qualquer das situações, a execução se 
processará mediante a técnica do cumprimento 
de sentença (arts. 475-J e segs., CPC). 
 Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, 
o requerente do procedimento cautelar 
responde ao requerido pelo prejuízo que Ihe 
causar a execução da medida: 
 I - se a sentença no processo principal Ihe 
for desfavorável; 
 II - se, obtida liminarmente a medida no 
caso do art. 804 deste Código, não promover a 
citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias; 
 III - se ocorrer a cessação da eficácia da 
medida, em qualquer dos casos previstos no 
art. 808, deste Código; 
 IV - se o juiz acolher, no procedimento 
cautelar, a alegação de decadência ou de 
prescrição do direito do autor (art. 810). 
 Parágrafo único. A indenização será 
liquidada nos autos do procedimento cautelar. 
 
A medida cautelar de arresto. 
 
DEFINIÇÃO 
 
É a medida cautelar, preparatória ou incidental, 
que tem como objetivo separar bens para 
garantir uma execução ameaçada por atos do 
devedor. 
 
Seria, noutros termos, a apreensão judicial de 
bens indeterminados do patrimônio do devedor, 
com vistas a assegurar uma futura execução 
por quantia certa. 
 
O arresto se justifica pelas atitudes cometidas 
pelo devedor (tentativa ou ausência efetiva de 
forma furtiva, alienação de bens, contração de 
dívidas extraordinárias, etc.), que fazem 
presumir que o mesmo não arcará com o 
adimplemento da dívida líquida e certa a que 
está obrigado. 
 
PRESSUPOSTOS: 
 
a) prova da dívida líquida e certa: É a prova do 
crédito cuja quitação se pretende garantir por 
meio da medida. A liquidez e certeza aqui são 
aqueles requisitos exigidos para os títulos 
executivos, ou seja, precisamos estar diante de 
um título executivo que se apresente líquido e 
certo (a doutrina entende, entretanto, que não 
é necessária a existência de título executivo, 
bastando, tão-somente, documento que ateste 
a existência de dívida). A liquidez é quanto à 
previsão do “quantum devido”. O documento 
deve revelar a quantia devida pelo requerido. 
Por outro lado, a certeza é relativa à aptidão 
formal do título para a produção dos efeitos. 
Ele deve preencher todos os requisitos 
necessários a que o título seja hábil à produção 
de efeitos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Obs: Notamos que o legislador não impõe a 
exigibilidade do título, outro requisito dos títulos 
executivos, como condição do arresto. O 
arresto pode ser dessa forma requerido em 
caráter preparatório, sem que a dívida tenha 
vencido. Pensamos que, nesse caso, não se 
impõe ao credor a propositura da ação nos 
trinta dias que se seguem à efetivação da 
medida, pois a execução só poderá ser 
proposta diante da exigibilidade do título. 
 
b) prova da atuação do devedor lesiva à 
efetividade da execução: É fundamental 
também para a obtenção do arresto que a 
parte demonstre que o devedor está atuando 
para tentar impedir que uma execução possa 
ter êxito. O devedor deve estar tentando 
impedir a quitação do crédito e a prova disso 
se impõe ao credor, como regra. O legislador 
menciona que a demonstração dos atos em 
questão se dará mediante prova documental 
(por exemplo, uma certidão cartorária que 
demonstra a venda de diversos bens em curto 
lapso temporal) ou, na impossibilidade, por 
prova testemunhal em audiência de justificação 
em audiência. 
 
A JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA 
 
Os fatos imputados ao devedor como 
prejudiciais ao êxito da execução devem ser 
provados pelo autor. Em direito não basta 
alegar. Quem alega tem o ônus da prova. É 
possível, porém, que o requerente não tenha a 
prova documental dos fatos que o devedor está 
praticando para tentar fraudar a execução. 
Então, o legislador permitiu que essa prova 
pudesse ser feita por testemunhas. A prova 
terá lugar, destarte, numa audiência. A 
justificação prévia é a audiência para a 
obtenção de prova oral dos fatos imputados ao 
devedor e que não possam ser provados por 
documentos. A audiência será realizada o mais 
rapidamente possível e em segredo de Justiça. 
Essa audiência não é para a prova da dívida 
líquida e certa. A dívida só poderá ser provada 
documentalmente. 
 
O ARRESTO SEM A PROVA DOS FATOS 
IMPUTADOS AO DEVEDOR 
 
É possível ao credor obter, em caráter 
excepcional, o arresto de bens do devedor sem 
a prova dos fatos que ameaçam a execução. 
Essa excepcionalidade beneficia a União, os 
Estados e os Municípios e os credores 
privados que não disponham de prova, desde 
que, no caso desses últimos, hajaa prestação 
de caução. 
 
O fundamento diz respeito ao fato de que os 
atos afirmados pelas pessoas de direito público 
são dotados da presunção de legitimidade e 
veracidade. 
 
Em se tratando de credor privado que presta 
caução, a justificativa reside no fato de que o 
ressarcimento dos eventuais danos causados 
pela execução da medida já estaria 
assegurado pela garantia prestada. 
 
O ARRESTO E A AÇÃO PRINCIPAL 
 
O legislador estabelece expressamente a 
ausência da repercussão da decisão do arresto 
no “julgamento” do processo principal – art. 
817. Essa regra repete o princípio contido nas 
disposições gerais que regem o processo 
cautelar - art. 810. A norma do art. 810 tem 
redação defeituosa, contudo, ao estabelecer 
que “a sentença proferida no arresto não faz 
coisa julgada na ação principal”. O legislador 
melhor diria que a sentença na medida cautelar 
de arresto não teria repercussão em eventual 
discussão sobre a exigibilidade ou prevalência 
do título executivo. 
 
A TRANSFORMAÇÃO DO ARRESTO EM 
PENHORA 
 
A vocação do arresto é transformar-se em 
penhora que é a efetivação de um gravame 
sobre um bem do devedor necessário à 
satisfação da execução. Destarte, sendo 
procedente a medida de arresto, o que pode 
ocorrer com o julgamento final da pretensão 
cautelar, os bens passam automaticamente a 
garantir a execução com os efeitos próprios da 
penhora. 
 
DA SUSPENSÃO DO CUMPRIMENTO DO 
ARRESTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A medida cautelar de arresto pode ter os seus 
efeitos cessados diante do depósito da quantia 
devida, mais honorários e custas que o juiz 
arbitrar para garantir a execução ou, ainda, na 
hipótese do devedor oferecer fiador ou prestar 
caução idônea. As causas de suspensão do 
cumprimento do arresto revelam que o 
importante é a quitação do crédito não 
importando o meio que o juízo utilizará para 
tanto. Vale também o princípio de que o 
devedor não pode ser penalizado acima do 
necessário – art. 620 do CPC. 
 
Em que pese haver menção ao termo “pagar”, 
fato é que o fenômeno em questão importa a 
extinção e não a suspensão da medida como 
equivocadamente está apresentada no inciso I 
do artigo 819, CPC. 
 
DA CESSAÇÃO DO ARRESTO 
 
O legislador apresenta como causas de 
término do processo cautelar de arresto o 
pagamento (modalidade de extinção de 
obrigação por excelência), a novação 
(fenômeno jurídico que altera o conteúdo ou os 
sujeitos de uma dada relação obrigacional) e a 
transação (acordo judicial onde as partes 
estabelecem concessões mútuas). O objetivo 
da medida é a quitação do crédito e é óbvio 
que a sua obtenção, o pagamento, seja causa 
da extinção do processo. A novação é 
fenômeno jurídico que altera o conteúdo da 
obrigação ou dos sujeitos do negócio originário, 
ou seja, é quando há a sucessão do devedor 
ou do credor - art. 360 do CC. Ocorrendo 
qualquer desses fatos que alterem a obrigação 
base do arresto, a medida cessará. Por fim, o 
arresto pode terminar porque as partes 
transacionaram. A transação é instituto jurídico 
previsto para a extinção de litígio mediante 
concessões mútuas. 
 
É mister salientar que, não obstante tenha o 
legislador mencionado apenas o pagamento, 
novação e a transação, é certo que qualquer 
causa extintiva da obrigação (prescrição, por 
exemplo) constituirá motivo para extinção da 
medida cautelar em comento, haja vista que o 
desaparecimento do crédito a que a mesma 
visaria garantir. 
 
 
O ARRESTO POR DETERMINAÇÃO LEGAL 
 
O arresto por determinação legal, previsto no 
artigo 653, CPC, tem lugar quando o oficial de 
justiça não encontra o devedor no ato de 
promoção de sua citação para o processo de 
execução. O arresto de bens do devedor é 
imposto ao oficial de justiça, destarte. 
 
O Arresto em questão consiste em medida de 
cautela e não em ação cautelar, de modo a não 
poder ser comparado com a medida do artigo 
813 e seguintes do CPC. Primeiro, porque a 
medida é oriunda diretamente de 
determinação legal e não por determinação 
judicial; segundo porque é ato do oficial de 
justiça, devidamente autorizado por lei e não 
do juiz, conforme dito; finalmente, porque a 
prática do ato de constrição em questão não 
depende da existência dos requisitos da 
fumaça do bom direito e perigo da demora, 
típico das cautelares. 
 
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO NA 
COGNIÇÃO 
 
Uma questão interessante é quanto à 
possibilidade de que os atos de disposição do 
patrimônio venham ocorrer pela parte ré antes 
ou no curso do processo de conhecimento 
(desde que antes de proferida a sentença). 
Nesse caso, o autor da ação não teria um título 
executivo, uma DÍVIDA LÍQUIDA E CERTA 
para justificar a medida de arresto. 
 
Duas soluções poderiam ser tomadas, a 
depender da qualidade do bens que serão 
objeto do arresto: 
 
Em se tratando de bens imóveis, é 
perfeitamente possível a interposição de uma 
medida cautelar com os mesmos efeitos do 
arresto. A medida não deverá ser chamada de 
arresto, mas de Medida cautelar inominada. 
 
Outrossim, em se tratando de bem móvel, 
certamente que a medida de busca e 
apreensão - medida residual, nos casos de 
não cabimento do arresto ou sequestro- será a 
medida mais adequada. 
 
Agora, em se tratando da necessidade de 
atingir montante que abarque ambas as 
 
 
 
 
 
 
 
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qualidades de bens, a medida cautelar 
inominada continuará sendo a mais adequada. 
 
Obs: a sentença já proferida, líquida ou ilíquida, 
ainda pendente de recurso, se equipara à 
prova literal da dívida líquida e certa, a teor do 
disposto no par. único do artigo 814, CPC. 
Neste caso, portanto, a medida cautelar a ser 
proposta será o arresto. 
 
A SUBSTITUIÇÃO DO ARRESTO POR 
OUTRA MEDIDA 
 
A substituição do arresto por outra medida é 
prevista como causa de não execução da 
medida no inciso II do art. 819. A medida de 
arresto poderá, então, ser substituída por outra 
garantia, fiança ou caução. Essa possibilidade 
de substituição do arresto é a confirmação da 
regra geral do art. 805 do CPC. 
 
 
 
 
A medida cautelar de seqüestro. 
 
DEFINIÇÃO 
 
É a medida cautelar prevista para preservar os 
bens que estão sendo disputados ou que serão 
disputados em processo de cognição. 
 
Seria, noutros termos, a apreensão judicial de 
bem(s) determinado(s), com vistas a assegurar 
uma futura execução para entrega de coisa. 
 
Obs: O seqüestro distingue-se do arresto, 
embora ambos visem à constrição de bens 
para assegurar sua conservação até que 
possam prestar serviço à solução definitiva da 
causa. Assim: 1) o seqüestro atua na tutela da 
execução para a entrega de coisa certa e o 
arresto garante a execução por quantia certa; 
2) o seqüestro visa um bem específico (dito 
“litigioso”) e o arresto tem o escopo de 
preservar um “valor patrimonial”, podendo 
assim, qualquer bem patrimonial disponível ser 
objeto de tal medida. 
 
PRESSUPOSTO DO SEQÜESTRO 
 
O primeiro requisito genérico é o interesse na 
preservação da situação de fato, enquanto não 
julgado o mérito. 
 
O segundo requisito indispensável é o temor ou 
perigo de dano irreparável ou de difícil 
reparação ao bem que está sendo ou que será 
disputado no processo principal, ou mesmo às 
pessoas as quais o bem liga. A medida 
cautelar sempre pressupõe, portanto, um 
perigo a ser afastado. 
 
A regra do art. 822 fala da decretação do 
sequestro nos seguintes casos: 
 
 de bens móveis, semoventes ou imóveis: 
sempre que, dipsutada a propriedade ou 
posse, houver perigo de rixas (contenda física 
entre pessoas- comumente ocorre nas ações 
de inventário)ou danificações (dano que incide 
sobre o bem, valendo salientar que o termo 
tem ampla conotação, de modo a abranger o 
seu desaparecimento); 
 
 dos frutos e rendimentos do imóvel 
reivindicando: neste caso o réu, após 
condenação em sentença ainda sujeita a 
recurso, está praticando ato de dissipação; 
 
 dos bens do casal: o sequestro se dará, de 
forma preparatória ou incidental, nas ações de 
separação judicial, anulação de casamento ou 
divórcio (e, porque não, de dissolução de união 
estável), quando um dos cônjuges os estiver 
dilapidando. 
 
 nos demais casos expressos em lei: vê-
se, portanto, que o rol acima é meramente 
exemplificativo. Outros casos de sequestro são 
encontrados, por exemplo, nos artigos 125, 
CPP (sequestro de bens imóveis adquiridos 
pelo indiciado com os proventos da infração) e 
16 da Lei 8.429 de 1992 (sequestro dos bens 
do agente público ou terceiro que tenha 
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao 
patrimônio. Obs: como o objetivo é recompor 
os danos causados ao patrimônio público, 
parcela da doutrina entende que, tecnicamente, 
a medida em questão deve ser denominada de 
arresto). 
 
Pondere-se que o requerente da medida terá o 
ônus de demonstrar a existência de quaisquer 
dos fatos que alegar como causas da 
pretensão cautelar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA 
 
Os fatos imputados como prejudiciais ao bem 
disputado devem ser provados pelo autor. Em 
direito não basta alegar. Quem alega tem o 
ônus da prova. É possível, porém, que o 
requerente não tenha a prova documental dos 
fatos que está alegando. Então, o legislador 
permite que essa prova possa ser feita por 
testemunhas. A prova terá lugar, destarte, 
numa audiência. A justificação prévia é a 
audiência para a obtenção de prova oral dos 
fatos imputados como causa de pedir do 
seqüestro. 
 
O SEQÜESTRO SEM A PROVA DO PERIGO 
 
A regra do art. 823 do CPC determina que se 
aplique ao seqüestro, no que couber, as regras 
atinentes ao arresto. Assim, é possível ao 
requerente da medida a sua obtenção, em 
caráter excepcional, sem a prova dos fatos que 
ameaçam o bem. Essa excepcionalidade 
beneficia a União, os Estados e os Municípios 
e as pessoas naturais e de direito privado que 
não disponham de prova, desde que, no caso 
dessas últimas, haja a prestação de caução - 
art. 816 do CPC. 
O fundamento para tal benefício é o mesmo 
exposto linhas atrás para o arresto. 
 
O SEQÜESTRO E A AÇÃO PRINCIPAL 
 
A decisão da cautelar, sua procedência ou 
improcedência, não tem qualquer repercussão 
no processo principal – art. 810. O requerente 
da medida não será, necessariamente, a 
pessoa a quem o juízo reconhecerá o direito à 
coisa defendida. 
 
DA NOMEAÇÃO DE UM DEPOSITÁRIO 
 
O depositário dos bens seqüestrados será uma 
pessoa da confiança do juiz. O depósito é 
encargo e recai sobre pessoa que o juiz 
entenda idônea para a atribuição. As partes, 
contudo, podem indicar ao juiz, de comum 
acordo, o depositário. O juiz muito dificilmente 
rejeitará a pessoa indicada e essa parece ser a 
melhor solução para o depósito. O legislador 
permite, por outro lado, que qualquer das 
partes venha a ser nomeada depositária dos 
bens. O depositário, nesse caso, deve oferecer 
maiores garantias que a outra e prestar caução 
idônea. 
A entrega dos bens far-se-á logo após o 
depositário assinar o devido termo de 
compromisso. Acaso haja resistência na 
entrega, o magistrado poderá determinar o 
auxílio de força policial.

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