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OAB XI EXAME – 1º FASE 
Direito Civil 
Cristiano Sobral 
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Doação 
 
Conceito: A sua definição encontra-se melhor 
conceituada no artigo 538 do Código Civil: 
 
Art. 538. Considera-se doação o contrato 
em que uma pessoa, por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou 
vantagens para o de outra. 
 
 
Natureza jurídica 
 
a) Contrato unilateral/bilateral – apresenta 
obrigação somente para uma das partes; 
porém, no caso de doação modal, ocorre uma 
imposição para aquele que recebe bens ou 
vantagens de um ônus. 
 
b) Contrato gratuito – a doação será, em regra, 
gratuita (excepcionalmente haverá a doação 
modal, conferindo vantagens a ambas as 
partes). 
 
c) Contrato consensual –é formado pela 
manifestação de vontade das partes. 
 
d) Contrato real – ocorre sempre que a doação 
envolver bem de pequeno valor seguido de sua 
tradição (doação oral/manual); 
 
e) Contrato comutativo – acontece quando as 
partes são cientificadas de suas obrigações no 
ato da elaboração; 
 
f) Formal e solene – desde que a doação de 
bem imóvel seja superior a 30 salários 
mínimos. 
 
g) Formal e não solene – todas as vezes que o 
bem imóvel for superior a 30 salários mínimos, 
porém não há necessidade de escritura 
pública. 
 
 
Espécies de Doação 
 Doação Pura e Simples: não possui 
nenhuma condição, termo ou encargo. 
 
 Doação Onerosa, Modal, com encargo 
ou gravada: Impõe ao donatário uma 
incumbência ou dever. 
 
 Doação Remuneratória: feita em 
retribuição de serviceos prestados, cujo o 
pagamento não pode ser exigido do donatário. 
 
Art. 540. A doação feita em contemplação 
do merecimento do donatário não perde o 
caráter de liberalidade, como não o perde a 
doação remuneratória, ou a gravada, no 
excedente ao valor dos serviços 
remunerados ou ao encargo imposto. 
 
Obs: Cabe a alegação de vícios redibitórios 
(art. 441). O art. 564, CC. Art. 2011, CC. 
 
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
I - as doações puramente remuneratórias; 
 
Art. 2.011. As doações remuneratórias de 
serviços feitos ao ascendente também não 
estão sujeitas a colação. 
 
 Doação Contemplativa ou Meritória: 
como o nome diz, por causa de um 
merecimento. Aqui o doador expressamente 
prevê os motivos da doação. 
 
 Doação ao Nascituro. Concebido, mas 
ainda não nasceu. 
 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, 
sendo aceita pelo seu representante legal. 
A aceitação está no plano da validade do 
negócio? 
 
É uma doação condicional? 
 
 Doação sob forma de subvenção 
periódica 
 
Art. 545. A doação em forma de subvenção 
periódica ao beneficiado extingue-se 
morrendo o doador, salvo se este outra 
coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar 
a vida do donatário. 
 
Pode ultrapassar a vida do donatário? Não. Art. 
166 VII. Nulidade Virtual. 
 
Obs: caráter personalíssimo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Doação sob forma 
de subvenção 
Contrato de 
constituição de 
renda (art.803 a 
819,CC) 
Espécie Gênero 
Sempre Negócio 
Gratuito 
Gratuito ou Oneroso 
Nunca está 
relacionado a um 
imóvel 
A renda pode estar 
relacionada com 
imóvel 
 
 Doação em contemplação de 
casamento futuro (propter nuptias) 
 
Art. 546. A doação feita em contemplação 
de casamento futuro com certa e 
determinada pessoa, quer pelos nubentes 
entre si, quer por terceiro a um deles, a 
ambos, ou aos filhos que, de futuro, 
houverem um do outro, não pode ser 
impugnada por falta de aceitação, e só 
ficará sem efeito se o casamento não se 
realizar. 
 
ObS: Doação condicional 
# Dos presentes enviados, pois essa é uma 
doação pura. 
 
ObS: Não se aplica a união estável. 
 Doação de Ascendentes a 
Descendentes e entre cônjuges 
 
Art. 544. A doação de ascendentes a 
descendentes, ou de um cônjuge a outro, 
importa adiantamento do que lhes cabe por 
herança. 
 
ObS: Arts 1992 a 1996 e 2006, CC. 
 
Obs: Entre Conjugês somente nos regimes de 
comunhão parcial, separação convencional de 
bens, participação final nos aquestos. 
 
Obs: Nula no regime de comunhão universal. 
 Doação com cláusula de reversão: 
 
É uma condição resolutiva expressa! É intuitu 
personae. 
 
 
 
 
Art. 547. O doador pode estipular que os 
bens doados voltem ao seu patrimônio, se 
sobreviver ao donatário. 
 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de 
reversão em favor de terceiro. 
 
 
 Doação Conjuntiva 
 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a 
doação em comum a mais de uma pessoa 
entende-se distribuída entre elas por igual. 
 
Parágrafo único. Se os donatários, em tal 
caso, forem marido e mulher, subsistirá na 
totalidade a doação para o cônjuge 
sobrevivo. (direito de acrescer legal). Aqui 
se um dos cônjuges falece , a quota é 
transmitida ao outro consorte. 
 
Obs: Regra Geral! Não há direito de acrescer 
entre os donatários. Se falecer um deles, sua 
quota será transmitida diretamente aos seus 
sucessores e não ao outro donatário. 
 
Obs: Direito de acrescer contratual 
convencional ou legal. 
 
 Doação Manual 
 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura 
pública ou instrumento particular. 
 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, 
se, versando sobre bens móveis e de pequeno 
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
 
Obs: A doação é um contrato consensual, mas 
aqui existe uma exceção! 
 
 Doação Inoficiosa 
 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à 
parte que exceder à de que o doador, no 
momento da liberalidade, poderia dispor em 
testamento. 
 
A nulidade atinge tão somente a parte que 
excede a legítima! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exemplo: Se uma pessoa tem patrimônio de 
200 mil e doa 120 mil o ato será válido até 100 
mil (parte disponível). 
 
ObS: Ação de Redução- Ação declaratória de 
nulidade. 
 
Prazo? 
 
1. Qualquer tempo (nulidade absoluta) 
2. Prazo de 10 anos (Resp 259406/PR) 
 
Quem pode propor? 
 
Somente os interessados, ou seja, herdeiros 
necessários. 
 
 Doação Universal 
 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens 
sem reserva de parte, ou renda suficiente 
para a subsistência do doador. 
 
 Doação do Cônjuge Adúltero ao seu 
cúmplice 
 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao 
seu cúmplice pode ser anulada pelo outro 
cônjuge, ou por seus herdeiros 
necessários, até dois anos depois de 
dissolvida a sociedade conjugal. 
 
 Doação a entidade futura 
 
Art. 554. A doação a entidade futura 
caducará se, em dois anos, esta não estiver 
constituída regularmente. 
 
Obs: Doação sob condição suspensiva 
 
CONTRATO DE FIANÇA (arts. 818 a 839 do 
CC) 
 
11.1. Conceito 
 
Trata-se de garantia fidejussória em que um 
terceiro (fiador) passa a garantir pessoalmente 
perante o credor a dívida do devedor com seu 
patrimônio, tendo dessa forma uma 
responsabilidade sem débito. 
 
 
 
11.2. Natureza jurídica 
 
a) Gratuito – quem obtém o benefício deste 
contrato é o credor, que tem o seu direito de 
crédito garantido. Porém, pode ser oneroso, 
como no caso da fiança bancária. Nessa última 
hipótese será aplicada as regras do CDC. 
 
b) Consensual – atende à autonomia da 
vontade das partes. 
 
c) Formal – exige, minimamente, documento 
escrito. 
 
d) Não solene – não há necessidade de 
escritura pública. 
 
e) Obrigação acessória – a sua existência 
depende de um contrato principal. 
 
f) Típico – possui previsão legal. 
 
g) Fiduciário – essencialmente decorre da 
confiança das partes. 
 
11.3. Seus efeitos e regras 
 
a) As dívidas futuras podem ser objeto de 
fiança, mas o fiador, nesse caso, não será 
demandado senão depois que sefizer certa e 
líquida a obrigação do principal devedor (art. 
821 do CC). 
 
b) A fiança poderá abranger a totalidade da 
dívida (total) ou parte da dívida (parcial), sendo 
a primeira ilimitada e a segunda limitada. 
 
c) O credor possui o direito de examinar a 
idoneidade da fiança, não podendo ser 
obrigado a aceitá-lo se o mesmo não for 
idôneo, domiciliado no município onde tenha de 
prestar a fiança, e não possua bens suficientes 
para cumprir a obrigação. 
 
d) Se houver insolvência do fiador, o credor 
poderá exigir a sua substituição. 
 
e) É inerente à fiança o benefício de ordem, 
qual seja, o fiador exigir que inicialmente seja 
executado o bem do devedor para 
posteriormente ter o seu patrimônio atingido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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f) A solidariedade não se presume, decorre da 
lei ou da vontade das partes, logo inexiste 
diploma legal dizendo que o devedor e o fiador 
são solidários; se inexistir no contrato, não se 
poderá presumi-los solidários, pois isso violaria 
a regra legal. 
 
g) A fiança poderá ser prestada conjuntamente 
a um só débito, por mais de uma pessoa, 
importando o compromisso de solidariedade 
entre elas se declaradamente não se 
reservarem o benefício da divisão, 
respondendo cada fiador unicamente pela 
parte que proporcionalmente lhe couber no 
pagamento. 
 
h) O fiador também tem direito perante o 
devedor de ser ressarcido de todas as perdas e 
danos que vier a sofrer em razão da fiança. 
 
i) Poderá o fiador promover o andamento da 
execução contra o devedor nos casos em que 
o credor, sem justa causa, demorar a executar. 
 
j) Segundo a doutrina majoritária, a renúncia 
convencional é nula. 
 
l) A obrigação do fiador passa para os 
herdeiros, mas fica limitado ao quinhão 
hereditário (forças da herança). 
 
m) É o único contrato em que há compensação 
sem reciprocidade de créditos e débitos, 
podendo ser compensado com o credor o que 
este deve ao afiançado. 
 
n) A desoneração de fiador em locação urbana 
é regulada pelo artigo 40 da Lei n. 8.245/91, 
em que o fiador ainda responde no período de 
120 dias após a sua desoneração, enquanto a 
da Lei Civil, o fiador ficará obrigado por todos 
os efeitos da fiança, durante 60 dias após a 
notificação do credor. 
 
o) Não obstante discussões anteriores acerca 
da constitucionalidade da penhora do único 
bem imóvel do fiador, o STF pacificou este 
entendimento acerca da possibilidade, 
declarando a constitucionalidade do artigo 3º, 
inciso VII, da Lei n. 8.009/90. 
 
 
 
11.4. Extinção da fiança 
 
São casos de extinção da fiança: 
 
a) resilição unilateral; 
 
b) morte; 
 
c) O fiador pode opor ao credor as exceções 
que lhe forem pessoais e as extintivas da 
obrigação que competem ao devedor principal, 
se não provierem simplesmente de 
incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo 
feito a pessoa menor; 
 
d) o fiador, ainda que solidário, ficará 
desobrigado se, sem o seu consentimento, o 
credor conceder moratória ao devedor; se por 
fato do credor, for impossível a sub-rogação 
nos seus direitos e preferências; se o credor, 
em pagamento da dívida, aceitar 
amigavelmente do devedor objeto diverso do 
que este era obrigado a lhe dar, ainda que 
depois venha a perdê-lo por evicção; 
 
e) em caso de ser invocado o benefício da 
excussão e o devedor, retardando-se à 
execução, cair em insolvência, ficará 
exonerado o fiador que o invocou, se provar 
que os bens por ele indicados eram, ao tempo 
da penhora, suficientes para a solução da 
dívida afiançada;

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