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Gestalt Terapia

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Principais conceitos da Gestalt Terapia
Agressividade: origina-se no que ele chamou de “agressão dental”: morder, tirar pedaços e mastigar a própria experiência absorvendo o que lhe é necessário e livrar-se do que não precisa. A agressão é colocada de forma positiva, serve tanto para a preservação de si mesmo como para contatar o ambiente. A agressão nos habilita arriscar a ter um impacto no nosso mundo, e nos liberta para sermos criativos ou produtivos.
Aqui-Agora: tudo está contido no agora, apresenta uma concepção de tempo, que não é a do tempo linear, trabalha com a ideia de presente e passado presentificados.  Logo, só podemos ver, ouvir e tocar no presente. Daí, aqui-agora é onde a consciência sensorial acontece: no presente. “No agora, você usa o que está disponível, e é obrigado a ser criativo. Observe crianças brincando, o que estiver disponível será usado, e então alguma coisa acontece, alguma coisa surge do seu contato com o aqui e agora.”
Awareness: refere-se a capacidade de aperceber-se do que passa dentro e fora de si no momento presente nos três níveis simultaneamente: corporal, mental e emocional (embora uma ou outra zona possa se tornar figuro em dado momento).
Consciência :“a consciência é sempre consciência de alguma coisa, ou seja, a consciência é intencionalidade.
Contato: “é esta conjunção articulada de motivação, percepção, afeto, cognição e ação.”. É um dos conceito central na Gestalt Terapia. A qualidade dos contatos vai determinar em grande parte o processo saúde/adoecimento. A formação de gestalten completas e abrangentes é a condição da saúde mental e do crescimento.
Continuum de consciência: seria uma filosofia de vida baseada na constante atenção (awareness) ao que se passa tanto consigo próprio quanto com o que se passa ao seu redor.
Culpa : “Na GT,… nós vemos a culpa… como um ressentimento projetado: sempre que você sentir culpa, descubra do que você se ressente, a culpa desaparecerá 
Figura e Fundo: Conceito central da teoria.
Percebemos as coisas de forma integrada, organizada, não percebemos os elementos de uma situação desordenados entre si. Esta lei é válida para qualquer percepção, mesmo as conceituais, pois o pensamento é um prolongamento da percepção, um não está subordinado ao outro. São apenas atributos diferentes do mesmo psiquismo. Basicamente, ela organizava as percepções do fluxo sensorial recebido na experiência primária de uma figura sendo vista ou percebida contra um background, ou fundo. A figura poderia ser uma melodia, diferenciada de um fundo harmônico, ou poderia ser um padrão visual emergindo como uma entidade coerente contra um agrupamento de linhas estranhas. “Uma figura, seja ela simplesmente perceptual ou consistindo de uma ordem de complexidade superior, emerge do fundo à maneira de um baixo relevo, avançando para uma posição que força uma atenção e que acentua as suas qualidades de limites e clareza.”
Gestalt :  O termo se generalizou no seu sentido mais amplo dando nome ao movimento. Tem sido usado na Gestalt terapia com o significado de “configuração dinâmica e integrada”. Este conceito remete ao modo como percebemos as coisas. A percepção de algo ou de uma situação se dá na sua totalidade e não dos elementos individualizados que a compõe. O sentido de algo é dado pela sua integração, ou seja, a relação entre as partes que compõe um todo é que vão dizer deste todo, e não por suas partes aleatórias.  A maneira como percebemos a realidade se dá a partir de “configurações de sentido”, cada situação vivenciada é uma gestalt.
Gestalt incompleta: (ou situação inacabada): está ligada a ideia de uma situação que ficou em aberto, isso quer dizer, uma situação onde o contato foi interrompido em algum momento do processo.  A maioria dos indivíduos tem uma grande capacidade para situações inacabadas… Não obstante, embora se possa tolerar uma quantidade considerável de experiências inacabadas, estes movimentos não completados buscam um complemento e, quando se tornam suficientemente poderosos, o indivíduo é envolvido por preocupações, comportamentos compulsivos, cuidados, energia opressiva e muitas atividades autofrustrantes. Se você não xinga seu chefe no trabalho, mas gostaria realmente de fazê-lo, e então vai para casa e o faz com seus filhos, as probabilidades são de que isto não funcione porque é somente uma tentativa fraca ou parcial de terminar alguma coisa que de qualquer maneira ainda está suspensa, inacabada… Uma vez que a finalização foi alcançada e que pode ser experenciada plenamente no presente, a preocupação com o antigo não-completamento é resolvido e a pessoa pode caminhar para as possibilidades atuais.” Gestalten : plural de gestalt, na língua original (alemão).
Insigh: é uma formação de padrão do campo perceptivo, de uma maneira tal que as realidades significativas ficam aparentes; é a formação de uma gestalt na qual os fatores relevantes se encaixam com respeito ao todo. “O insight, uma forma de awareness, é uma percepção óbvia imediata de uma unidade entre elementos, que no campo aparentam ser díspares”.
O todo e as partes: isso significa uma integração de partes em oposição à soma do “todo”. O todo é mais que a soma das partes, ou seja, o todo não é mera soma das partes. Estas partes formam um todo dinâmico, integrado e interdependente. Ex: as notas que formam a melodia, isto é, a melodia é um todo organizado e não a soma das notas que a compõe.
Neurose: Pode ser definido como a incapacidade de assumir total identidade e responsabilidade pelo comportamento maduro. ( O Neurótico) faz tudo para se manter no estado de imaturidade, mesmo quando faz papel de adulto – isto é, seu conceito infantil de como o adulto é. O neurótico não se concebe como uma pessoa que se mantém sozinha, capaz de mobilizar seu potencial para lidar com o mundo. Procura apoio do meio através de ordens, ajuda, explicações e respostas. Não mobiliza seus próprios recursos e sim maneiras de manipular o meio – impotência, adulação, estupidez e outros controles mais ou menos sutis – de forma a receber apoio. Perls diz: ”… considero a neurose um sintoma de maturação incompleto”… “um neurótico é incapaz de enxergar o óbvio. Ele perdeu os sentidos.” Neurose “é a fixação em um passado imutável”. Perda da função Ego ou da personalidade: a escolha da atitude adequada é difícil ou desadaptada. É uma psicopatologia consistindo em camadas. As camadas da neurose, segundo Perls, são: 1ª camada: Desempenho de papéis, 2ª camada: implosiva que leva ao impasse. Medo de ser. 3ª camada: Explosiva ( explosão de amor sensual, raiva, alegria ou tristeza) 4ª camada: Viver autêntico. Comportamento Neurótico implica na “manipulação dos outros em vez de crescer sozinho”.
 Polaridade: Segundo a GT, todo o evento tem dois polos que permitem que o diferenciemos. “… se quisermos ficar no centro do nosso mundo,… seremos ambidestros – então veremos os dois polos de todo evento. Veremos que a luz não pode existir sem a não luz. A partir do momento em que existe igualdade, não se pode mais perceber. Se sempre existisse luz, vocês não experienciariam mais a luz. Deve haver um ritmo de luz e escuridão.
Ponto cego: (ou escotoma) destruição mágica do que queremos evitar, é um substituto de uma catexia negativa. Há pessoas que literalmente não veem o que não ‘querem’ ver, não ouvem e não “sentem” determinados sentimentos. A imagem que podemos fazer é a de que tem “buracos” em determinadas partes do corpo, ou seja, partes cuja sensibilidade encontra-se perturbada.
Processo:  “é uma mudança ou uma transformação em um objeto ou organismo, na qual uma qualidade consistente ou uma direção podem ser discernidas. Um processo é sempre, em algum sentido, ativo; algo está acontecendo. Ele contrasta com a estrutura ou a forma de organização daquilo que muda, cuja estrutura é concebida para ser relativamente estática, a despeito da mudança processual.”
Resistência: Em “Ego, fome e agressão” Perls já apontava que a origem delas é oral, o que representa umapequena mudança na ênfase psicanalítica – esse artigo encontrou reprovação quando apresentado no congresso da Tchecoslováquia.
Saúde doença: toda doença é como uma tentativa do organismo de ser ouvido, decifrado e compreendido, trazendo um novo aprendizado sobre si mesmo. A sabedoria do organismo elege uma parte do seu todo para revelar algo de si.
Self: na GT é ele quem exerce a função do contato, o complexo sistema de contatos necessários para o ajustamento nas dificuldades do meio. É composto pelas seguintes estruturas: Id, Ego e Personalidade.
Id: fundo (de ordem molecular, corporal, pulsional, as gestalten abertas, necessidades).
Ego: quem se identifica com as figuras e se aliena de outras, quem age.
Personalidade: a imagem que vai sendo criada pelas escolhas que vou fazendo para meu crescimento. auto imagem. Não é uma entidade, mas um processo, é através dele que nos retraímos ou estabelecemos contato. Ele seria o administrador, o que vai “resolver” o funcionamento da hierarquia de necessidades, com suas catexias negativas e positivas (investimentos).
Self suport: Devido a imagem positiva do ser humano, a GT parte do princípio de que cada ser humano possui o equipamento necessário para poder enfrentar a vida. Para tanto só precisa se conscientizar de suas forças. Geralmente quando a pessoa busca ajuda, ela não conta com esse suporte, muitas vezes não tem a mínima noção das suas possibilidades e nem uma visão clara do que já construiu na vida. Deve ser um dos objetivos da terapia possibilitar self suport ao paciente, ou seja, oferecer meios para que ele possa desenvolver e utilizar seus recursos para resolver seus problemas de forma satisfatória. Cada situação difícil “resolvida” torna a próxima solução mais fácil. Há um fortalecimento a cada obstáculo vencido – a força emocional vem daí (resumindo: seria reconhecer as necessidades e descobrir os meios de supri-las).
Simbolismo: dos sonhos recurso, segundo Miller (1997), poderá também ser compreendido como uma forma que o self encontrou para representar.
Suporte: “O suporte refere-se a qualquer coisa que possibilite o contato ou o afastamento: energia, suporte corporal, respiração, informação, preocupação com os outros, linguagem e assim por diante. O suporte mobiliza recursos para o contato ou para o afastamento. Por exemplo, para dar suporte à excitação que acompanha o contato, a pessoa precisa ingerir oxigênio suficiente.”
Teoria de Campo: O campo é definido como: ”Uma totalidade de forças mutuamente influenciáveis que, em conjunto, formam uma fatalidade interativa unificada” O espaço entre o self e o outro não é um vácuo, como na maioria das abordagens psicológicas. A experiência se desdobra em um campo, parecido com um campo elétrico, carregado de premências, a vontade, necessidades, preferências, anseios desejos, julgamentos e outras expressões e manifestações do ser. O contato entre duas pessoas não é, por exemplo, uma colisão entre duas estruturas neurobiológicas internas ou hábitos e crenças condicionados ou um ego, id e superego.
Teoria Paradoxal da Mudança: Consiste nisto: a mudança ocorre quando uma pessoa se torna o que é, não quando tenta converter-se no que não é. a mudança pode ocorrer quando o paciente abandona, pelo menos de momento, aquilo em que gostaria de se tornar e tenta ser aquilo que é. A premissa é que a pessoa deve permanecer em seu lugar, a fim de ter um terreno firme para se deslocar, e que é difícil ou impossível qualquer movimento sem essa base sólida.
Top dog/Under dog: Conflito interno entre dominador (top dog) e dominado (under dog). “O dominador (Top dog) pode ser descrito como exigente, punitivo, autoritário e primitivo. Ele manda continuamente com afirmações do tipo: ” Você deveria”,”Você precisa”, ” Por que você não”… O dominado (Under dog) desenvolve uma grande habilidade em fugir das ordens do dominador. Normalmente, com a intenção de concordar apenas parcialmente com o dominador, ele responde: ” Sim, mas…”, “estou tentando muito, mas da próxima vez farei melhor” e “amanhã…”. “O dominador geralmente se julga com a razão e é autoritário; ele sabe mais… o dominado manipula sendo defensivo, desculpando-se, seduzindo, representando o bebê-chorão ou coisa parecida.
Tomada de consciência: é o sentido que se dá ao trabalho terapêutico, de uma constante tomada de consciência, realizado no sentido de desenvolver uma capacidade discriminatória cada vez mais clara a medida em que as gestalten vão sendo fechadas – seria o conscientizar-se.
Zona de contato:  O contato “é a conjunção articulada de motivação, percepção, afeto, cognição e ação.”
Zona interna: diz respeito a relação conosco mesmos, com as percepções que temos com relação ao “si” que compreendem percepções subjetivas (estados de espírito) e objetivas como sede, fome, dor em alguma parte do corpo, etc.
Zona intermediária: envolve a imaginação, o pensamento, a cognição.
Zona externa: é o entorno, tudo o que envolve aquilo que percebemos como o que está fora de nós. Todas aquelas condições do ambiente que nos afetam de alguma forma. Vai desde as condições atmosféricas até o mais sutil signo: um olhar, gestos, o significado que damos as coisas.  Esta zona compreende então o ambiente e os outros.
Empatia: por sua vez, consiste na capacidade de se colocar no lugar do cliente, ver o mundo pelos olhos deles e sentir como ele sente, comunicando tal situação para ele, que receberá esta manifestação como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo compreendido, não julgado. Em primeiro lugar é imprescindível que tanto o facilitador quanto o cliente sintam-se  bem e verdadeiramente disponíveis nessa relação.
Depois, o facilitador deverá ser capaz de tentar enxergar a pessoa buscando se aproximar da visão dela, tendo desta forma, provavelmente, maior disponibilidade interna em se livrar dos seus princípios e valores e de compreender melhor o outro sob a perspectiva do outro, seus motivos, seus medos e sentimentos e conseqüentemente mais condições de não julgar ou direcionar a relação de ajuda.
Congruência: a condição que permitirá ao profissional, embora nutra um afeto positivo e incondicional por seu cliente e tenha a capacidade de “estar no lugar” dele, a habilidade de expressar de modo objetivo seus sentimentos e percepções, de modo a permitir ao cliente as experiências de reflexão e conclusão sobre si mesmo.

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