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Livro: Economia: o que você precisa saber

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Prévia do material em texto

PAULO GONZAGA MIBIELLI DE CARVALHO
JORGE BRITTO
CARMEM FEIJÓ
FERNANDO CARLOS G. DE CERQUEIRA LIMA
MARCOS TOSTES LAMONICA
ORGANIZAÇÃO 
DURVAL CORRÊA MEIRELLES
RONALD CASTRO PASCHOAL
2ª edição
rio de janeiro 2014
Economia: o que 
você precisa saber
Comitê editorial externo carmem aparecida do valle costa feijó, fernando carlos greenhalgh 
de cerqueira lima e jorge nogueira de paiva britto
Comitê editorial interno durval corrêa meirelles, paulo gonzaga mibielli de carvalho e ronald 
castro paschoal
Organizadores do livro durval corrêa meirelles e ronald castro paschoal
Autores dos originais paulo gonzaga mibielli de carvalho (capítulos 1 e 2), jorge britto 
(capítulo 3), carmem feijó (capítulo 4), fernando carlos de cerqueira lima (capítulo 5) e marcos 
tostes lamonica (capítulo 6)
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção rodrigo azevedo de oliveira
Projeto gráfico paulo vitor fernandes bastos
Diagramação paulo vitor fernandes bastos e andré renato fernandes lage
Supervisão de revisão aderbal torres bezerra
Redação final e desenho didático roberto paes
Revisão linguística pricilla basilio e katia souza
Capa thiago lopes amaral
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quais-
quer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou 
banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2014.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
E17 Economia: o que você precisa saber
 Durval Corrêa Meirelles [organizador].
 — Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2013.
 160 p
 isbn: 978-85-60923-08-3
 1. Economia. 2. Macroeconomia. 3. Microeconomia. 4. Desenvolvimento. I. Título.
cdd 330
Diretoria de Ensino – Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido – Rio de Janeiro – rj – cep 20261-063
Sumário
Apresentação 7
1. Conceituação Básica 9
A importância de se estudar Economia 10
Mas por que os economistas divergem? 12
O objeto de estudo da Economia 13
Questões econômicas fundamentais: escassez e necessidades 14
Quanto produzir? 15
Como produzir? 15
Para quem produzir? 16
Isso nos leva a outra questão: como definir as necessidades? 16
A curva de possibilidades de produção e custo de oportunidade 18
Bens e serviços 21
Recursos naturais 22
Fatores de produção, agentes econômicos e o fluxo circular 24
Fluxo circular 25
Economia, sociedade e meio ambiente 26
A relação entre economia, sociedade e meio ambiente 26
Próximos capítulos 26
2. Contextualização da Ciência Econômica 29
Uma introdução à História do Pensamento Econômico 30
Os Economistas Clássicos 30
Mão invisível 30
Divisão do trabalho 31
A reação alemã 35
A Economia Neoclássica 37
A Escola Austríaca 38
A economia keynesiana 39
Monetarismo 41
Estruturalismo 42
Economia Capitalista (de mercado) versus Economia Planificada 43
Economia: divisões e relação com as diferentes profissões 45
Economia e sua relação com Administração e Contabilidade 46
Economia e sua relação com Comunicação 46
Economia e sua relação com Direito 46
Economia e sua relação com Geografia 47
Economia e sua relação com História 47
3. A Abordagem microeconômica 49
Método de análise 51
A Teoria do consumidor e da demanda 53
A Teoria da Produção 56
Equilíbrio de mercado e bem-estar 58
Análise de estruturas de mercado 58
Falhas de mercado 63
Da microeconomia tradicional para a organização industrial 65
4. Abordagem macroeconômica 69
O sistema de contas nacionais e os 
agregados macroeconômicos — Parte 1 70
Fluxo e estoque 71
Produto Interno Bruto (PIB) 72
Fluxo, Estoque, Produto Interno Bruto e Produto Interno Líquido 73
As diferentes óticas de mensuração do produto da economia 74
Ótica do produto 74
Ótica da renda 75
Ótica da despesa 75
PIB e PIB per capita 76
Renda Nacional Bruta e demais agregados 78
Medindo as transações com o resto do mundo: 
Balanço de Pagamentos 81
Os determinantes do nível de produto e emprego 
na economia: conceitos de teoria macroeconômica — Parte 2 84
Crescimento no curto prazo: flutuações do PIB 84
Emprego e desemprego 89
O que determina os preços, sua variação,
e sua relação com a moeda 91
O que é moeda, as funções da moeda, moeda e inflação 92
Inflação ou desemprego: o dilema de economias modernas 94
Como medir a inflação 95
5. Políticas Macroeconômicas 97
Política macroeconômica: definição e objetivos 98
Política monetária: definição e objetivos 99
Metas intermediárias 100
Meta intermediária (I): moeda 100
Meta intermediária (II): taxa de juros 104
Meta de inflação 106
Instrumentos de política monetária: introdução 107
Depósito compulsório 107
Taxa de redesconto 108
Operações de mercado aberto (ou open market) 109
Instrumentos diretos de política monetária 109
Política cambial 110
Regimes cambiais: vantagens e desvantagens 111
Taxa de câmbio fixa 111
Taxas de câmbio flutuantes 113
Taxa de câmbio administrada 114
Acumulação de reservas internacionais:
vantagens e desvantagens 115
Política de comércio exterior 116
Política Fiscal 116
Definição e objetivos 117
Déficit primário e déficit nominal 117
Dívida bruta e dívida líquida 118
6. Noções sobre Crescimento e Desenvolvimento Econômico 121
Crescimento econômico versus desenvolvimento econômico 122
Crescimento econômico de longo prazo 123
Acumulação de Capital (K) 124
Crescimento da força de trabalho (L) 125
Nível de desenvolvimento tecnológico (T) 125
Desenvolvimento econômico 126
Os principais indicadores sociais: índice de Gini e 
índice de desenvolvimento humano (IDH) 127
Índice de Gini 127
Explicando o índice de Gini 128
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 129
Desenvolvimento sustentável 130
Políticas públicas para a promoção do desenvolvimento 131
Política de incentivo à acumulação de capital 132
Política de incentivo à Educação 134
Política de garantia ao Direito de Propriedade 135
Política de incentivo ao livre comércio 136
Política de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento 137
Globalização 138
Origem 139
Características da globalização 140
Globalização produtiva 141
Globalização financeira 142
Apêndice — Como fazer e interpretar gráficos e tabelas 145
Como fazer 146
1) Gráficos 146
Cuidados com o gráfico 146
2) Tabelas 147
Cuidados com uma boa tabela 147
Como interpretar 148
O que nos diz esse gráfico? Várias coisas: 150
capítulo 1 • 7
Apresentação
A maior parte do que uma pessoa necessita na sua vida não é produzida por ela própria, de 
modo individual. Algumas das necessidades humanas são satisfeitas no entorno imediato 
da família – como a educação não formal e a troca de afeto –, outras, tanto materiais quanto 
espirituais, ou de qualquer natureza, são satisfeitas pelo conjunto de indivíduos organiza-
dos em uma sociedade. 
Uma questão importante que daí decorre é como cada sociedade supre as necessidades 
de seus membros, ou seja, como ela organiza a produção e a distribuição dos bens e serviços 
produzidos. Em sociedades menos complexas como, por exemplo, nas tribais, essa organi-
zação ocorre de modo tradicional pela produção coletiva e pela distribuição mais ou menos 
igualitária dos bens. Nessas sociedades, embora possamos identificar um local onde eventu-
almente trocas sejam feitas, o que chamaríamos de mercado, este não ocupa um lugar fun-
damental na organização econômica. Mesmo em sociedades onde o comércio assume papel 
relevante na geração de riquezas, como ocorreu com a civilização fenícia,na Antiguidade, a 
distribuição dos recursos materiais não era inteiramente regulada pelo mercado.
Apenas na sociedade do tipo capitalista, que se desenvolveu a partir do século XVIII, 
encontraremos uma economia construída em torno do mercado. Uma economia de mer-
cado pode ser definida como um sistema autorregulável de mercados, isto é, uma econo-
mia onde bens, serviços e fatores de produção (recursos naturais, trabalho e capital) são 
distribuídos e alocados, exclusivamente, pela troca. Na verdade, isso não se aplica de modo 
absoluto a nenhuma sociedade, pois existem imperfeições em tal sistema que exigem in-
tervenções externas a ele, como, por exemplo, através da ação governamental.
Quando pagamos impostos, esperamos que o Estado os utilize bem, gerando uma con-
trapartida em termos de proteção e de prestação de serviços públicos. Contamos com isso 
porque o Estado, por meio dessas atividades, desempenha o papel necessário de organizar 
o funcionamento de uma sociedade. Assim, os mercados suprem as necessidades econô-
micas dos indivíduos e das empresas, cabendo ao Estado as múltiplas funções que garan-
tam o melhor desempenho da sociedade como um todo, através das políticas que propi-
ciem as condições de vida ao indivíduo e de desenvolvimento social e econômico ao país.
A compreensão desses aspectos, fundamentais para o nosso dia a dia, são o objeto das 
Ciências Econômicas, um conjunto de disciplinas que procuram entender como as socie-
dades organizam a produção e a distribuição da riqueza. As respostas às questões que daí 
decorrem – O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? – constituem o 
principal objetivo do estudo da Economia.
A finalidade deste livro é propiciar aos alunos de diversos cursos uma visão introdutó-
ria, porém abrangente, dos principais problemas econômicos que nos afetam nos dias de 
hoje. Para tal, procuramos abordar de forma simples - mas não excessivamente simplifica-
da, pois aí perderia efetividade - os instrumentos de que a Economia dispõe para entender 
e atuar sobre nossa realidade.
Esperamos que a leitura deste livro seja agradável e útil ao leitor, contribuindo como 
base efetiva para a sua atuação profissional e de cidadão.
ronald castro paschoal
Conceituação 
Básica
paulo gonzaga mibielli de 
carvalho 
1
10 • capítulo 1
A importância de se estudar Economia
É importante estudar Economia para melhor entender o mundo que 
nos cerca. Conhecer a questão do desemprego é importante, por exem-
plo, para se entender o que é discutido nos jornais, na televisão e nas 
redes, mas também porque isso ajuda o indivíduo em questões tais 
como decidir qual a melhor hora de trocar de emprego e pedir aumen-
to de salário... 
Outras questões que a Economia estuda, presentes na mídia e que 
afetam o consumidor, o trabalhador e o empresário, entre outros, são: 
Por que a inflação está alta? Por que a Economia cresce pouco? A crise 
econômica mundial já acabou? A importação de produtos chineses vai 
acabar com a indústria nacional? Paga-se muito imposto no Brasil? É 
necessária uma reforma na Previdência? A renda no Brasil é muito con-
centrada? O que é desenvolvimento sustentável? O estudo da Economia 
nos ajuda a responder a todas essas perguntas.
Apesar dessa relevância, é muito comum ouvir dos estudantes co-
mentários relacionados à dificuldade de se estudar e compreender Eco-
nomia. Sendo assim, vamos levantar os questionamentos mais comuns 
e procurar respondê-los de forma prática.
REFLEXÃO
Economia é uma matéria muito complicada, pois exige muito conhecimento 
de matemática...
Um economista precisa ter uma boa base em Matemática, mas não 
é necessário grande conhecimento dela para se entender os princípios 
básicos de Economia. Este livro pretende demonstrar isso.
Os economistas só trabalham com modelos, por isso o que eles dizem 
é incompreensível.
Nem todos os economistas trabalham com modelos matemáticos, mas 
seu uso muitas vezes é imprescindível. Modelos nada mais são do que uma 
simplificação da realidade, o que é necessário, já que a realidade é muito 
complexa. Por exemplo, um economista pode afirmar que o nível de renda 
das pessoas é consequência da sua escolaridade e idade (experiência). Isso é 
1 Conceituação Básica
COMENTÁRIO
Outras questões
Neste livro não vamos abordar todas 
essas questões, mas esperamos des-
pertar em você o interesse pela Econo-
mia, possibilitando que continue seus 
estudos da forma que lhe for mais con-
veniente, em um curso formal ou não. 
Uma forma simples de fazer isso é lendo 
a editoria de economia de um jornal de 
grande circulação, pois esses têm a pre-
ocupação de explicar os fatos econômi-
cos em uma linguagem mais simples. 
 
COMENTÁRIO
Economista
Deve-se desconfiar dos economistas 
que só conseguem se expressar por 
meio de fórmulas matemáticas e não 
conseguem apresentar suas ideias sem 
economês (aquelas palavras difíceis 
que só os economistas conhecem).
 
capítulo 1 • 11
uma simplificação da realidade, pois outras variáveis têm impacto sobre o 
nível de renda. Mas para que complicar demais? Se o poder explicativo des-
sas duas variáveis (escolaridade e idade) for elevado, podemos ficar por aqui. 
Claro que há modelos de difícil compreensão, alguns não podem ser 
testados por falta de dados. Diferentes escolas de pensamento econô-
mico irão utilizar diferentes modelos para explicar o mesmo fenômeno, 
mas o uso de modelos é inevitável. 
EXEMPLO
Um bom exemplo de como a simplificação é necessária para a compreensão da 
realidade são os mapas. No google maps de uma cidade, todas as ruas transversais 
às grandes avenidas só surgem quando se aplica um bom zoom. Com pouco zoom, 
apenas as grandes avenidas são visíveis, mas isso é exatamente o mais relevante. 
Se nessa escala aparecessem também as ruas transversais, ficaria difícil visualizar o 
mais importante, que são as avenidas. Detalhe demais atrapalha.
REFLEXÃO
O conhecimento de Economia de pouco adianta no dia a dia.
Conhecimento de Economia é muito útil no dia a dia. É tão útil, que 
vários desses conhecimentos você já tem e não se deu conta disso. Veja-
mos um exemplo:
EXEMPLO
Seu time de futebol, que tem uma grande torcida, vai ter um jogo decisivo no sába-
do. Você vai deixar para comprar o ingresso no próprio sábado um pouco antes da 
partida? Claro que não. Pois nesse caso você iria comprar de cambista e pagar muito 
caro. O cambista vende caro, porque a essa altura não há mais ingresso disponível 
nas bilheterias, mas ainda existem pessoas querendo comprar. Dito de outra forma, 
há pouca oferta de ingressos – o que tem está com os cambistas – mas há procura 
por ingressos. Os cambistas sabem disso e por isso vendem caro. Se você entende 
a lógica de situações desse tipo, você conhece os princípios básicos da chamada 
lei da oferta e da demanda. Foi a escola da vida que te ensinou, não foi um curso de 
Economia. Ensinou e você aprendeu, porque é algo útil no dia a dia.
Mas a escola da vida não ensina tudo, caso contrário, ninguém estu-
daria nem faria faculdade. Vejamos agora um tipo de situação em que o 
conhecimento de Economia é importante.
COMENTÁRIO
Simplificação da realidade
Em uma segunda etapa, podemos sofis-
ticar um pouco mais e agregar outras va-
riáveis. Portanto, um economista iria criar 
uma relação matemática entre essas 
variáveis, formulando assim um mode-
lo econômico, para em seguida testá-lo 
com os dados existentes (supondo que 
não seja um modelo apenas teórico). No 
capítulo 3 veremos mais sobre a constru-
ção de modelos teóricos na microecono-
mia e o uso do método lógico-dedutivo e 
de hipóteses simplificadoras.12 • capítulo 1
EXEMPLO
Suponha que você queira comprar uma televisão nova e existam duas opções: à vista ou 
em 24 vezes com juros de 2% ao mês, mas com uma prestação baixa. Suponha também 
que a inflação seja de 0,5% ao mês e a caderneta de poupança renda 0,6% ao mês. A 
maioria das pessoas optaria por pagar a prazo, afinal a prestação é baixa e cabe bem 
no salário. Essa solução é a mais cômoda, mas não é a melhor. Você estará pagando 
de juros o equivalente a quatro vezes o valor da inflação, e durante 24 meses! Não é 
necessário fazer cálculos para confirmar, é evidente que nesse caso o barato sai caro. 
Para chegar a essa conclusão você comparou a taxa de juros com a taxa de inflação 
e rendimento da caderneta de poupança e (implicitamente) confrontou o preço à vista 
com o preço a prazo. Com noções de economia é mais fácil fazer esse tipo de raciocínio. 
REFLEXÃO
Os economistas não se entendem, cada um diz uma coisa diferente. É tudo muito confuso.
Os economistas têm discordâncias entre si, mas divergências exis-
tem em várias ciências e profissões e são parte da vida. Ainda mais na 
Economia, que é uma ciência social e não uma ciência exata. Você con-
corda com todas as ideias de seus pais, de seu filhos, irmãos ou amigos? 
Com certeza não, e isso, na maioria das vezes não impede a convivência. 
Mas por que os economistas divergem?
Em primeiro lugar existem diferentes escolas de pensamento dentro da 
Ciência Econômica. Fazendo uma analogia com a Medicina, um médico 
com formação tradicional e outro com formação em Medicina Chinesa 
vão olhar o paciente de forma muito diferente e, portanto, o diagnóstico 
e, principalmente a terapia, serão divergentes. 
Comparando um economista neoliberal e um economista keynesia-
no (mais adiante falaremos mais detidamente dessas correntes de pen-
samento), veremos que o primeiro acredita que a intervenção do Estado 
só atrapalha o funcionamento da economia. Já o segundo, acredita que a 
economia só vai funcionar adequadamente com intervenção do Estado. 
REFLEXÃO
Os economistas vinculados a essas correntes nunca vão se entender, caso se ati-
verem rigidamente a seus princípios, pois partem de premissas e teorias diferentes. 
A situação se complica ainda mais se esses economistas estiverem vinculados a 
partidos políticos ou associações de classe divergentes. 
COMENTÁRIO
Divergências 
Veja o caso dos médicos que, no dia a 
dia, para todos nós, são mais importan-
tes que os economistas. Em muitas si-
tuações, não é incomum consultar três 
médicos sobre uma operação e ter três 
diagnósticos diferentes: a) não precisa 
operar; b) não precisa operar agora, mas 
talvez precise operar no futuro; c) tem 
de operar e tem de ser agora. Se algum 
deles for homeopata ou praticante da 
medicina chinesa, as divergências se-
riam ainda maiores.
 
capítulo 1 • 13
Pode haver divergências também porque um dos lados usou de forma inadequada uma 
teoria ou um modelo, por exemplo, deixando de lado variáveis importantes. Pode haver tam-
bém divergências de ordem empírica. 
EXEMPLO
Por exemplo, se há falta de dados e informações, qualquer avaliação fica muito subjetiva e, portanto, as 
divergências são grandes. Se há dados suficientes, pode haver divergência quanto à escolha da base 
de dados – por exemplo, a do IBGE ou do Ministério da Agricultura para estimativas de safra – e no 
tratamento/uso desses dados.
De que lado ficar em uma polêmica? Há duas alternativas. Pode-se assumir uma postu-
ra sectária (e equivocada) e sempre considerar que estão corretas as posições defendidas 
pelos economistas com os quais você simpatiza e que as demais estão erradas. Ou adotar 
uma postura aberta e democrática ouvindo o que todos têm a dizer e depois se posicionar. 
Essa é a postura correta. 
REFLEXÃO
É só assim, com o livre debate de ideias, que o conhecimento avança, não só na Economia como em todas 
as áreas do saber. É mais trabalhoso, sem dúvida, mas ser guiado por preconceitos é muito pior.
O objeto de estudo da Economia
Mas afinal, do que trata a Economia? Qual é o seu objeto de estudo? A definição mais tra-
dicional, formulada em 1932 por Lionel Robbins, afirma que “a economia é uma ciência 
que estuda o comportamento humano, como uma relação entre meios e fins. Sendo os 
meios escassos e com usos alternativos”. Dito de outra forma, a economia estuda como 
se usa a racionalidade (do comportamento humano) para solucionar problemas como 
orçamento apertado. 
EXEMPLO
Por exemplo, temos um fim — pagar as contas, ter algum lazer e, se possível, poupar —, mas o salário é 
curto (meio escasso). O dinheiro pode ser utilizado de diferentes formas, pois há várias contas a pagar –─ 
algumas podem ser adiadas com pouco custo e outras não –, há diferentes tipos de lazer e de aplicações 
financeiras. Qual seria a escolha racional a se fazer nessa situação? Essa escolha seria a que daria maior 
satisfação (maximizaria o bem-estar). 
Tendo as informações necessárias, a teoria econômica indica o caminho a tomar. Situações desse tipo 
não ocorrem apenas com consumidores e famílias, mas também com empresas, governos, instituições etc.
Note que essa definição pressupõe que o agente econômico (basicamente famílias e 
empresas) aja com racionalidade. Mas a propaganda nos leva a agir com racionalidade? 
14 • capítulo 1
No intuito de obter maiores ganhos, as famílias e empresas agem sem-
pre com racionalidade ou muitas vezes são otimistas em excesso e in-
fluenciadas por boatos? 
A definição de Robbins também restringe a Economia ao estudo da 
Psicologia Humana, quando, na verdade, ela é muito mais do que isso. 
Não há referência à história ou à sociedade, portanto, a teoria econômi-
ca daria conta de qualquer situação de meios escassos e fins alternativos 
que envolvam seres humanos. Mas uma tribo indígena e o homem mo-
derno têm a mesma racionalidade? 
Uma definição alternativa seria: A Economia é a ciência social que es-
tuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. As principais 
diferenças frente à definição anterior são a menção da Economia como 
ciência social, e não se fazer referência ao comportamento humano. 
REFLEXÃO
Cabe destacar dois pontos. Em nenhuma das duas definições há valores éticos ou 
morais envolvidos. Portanto, a Economia pode ser utilizada para o bem (exemplo: para 
a paz) ou para o mal (exemplo: para a guerra). Os agentes econômicos, porém, no dia 
a dia, têm valores éticos e morais e fazem suas escolhas também com base nisso. 
Não se falou nada até agora sobre quais seriam os fins. Esses seriam, 
pelo enfoque tradicional, tornar máximo (maximizar) o lucro das em-
presas e a satisfação dos indivíduos. Entretanto, os agentes econômicos 
(famílias, empresas) procuram fazer o que é melhor para eles individu-
almente, o que não necessariamente é o melhor para a coletividade ou 
para o país, como você verá no capítulo 2.
Questões econômicas fundamentais: es-
cassez e necessidades
As questões econômicas fundamentais, do ponto de vista do agente in-
dividual, são:
ATENÇÃO
O que e quanto produzir — quais os produtos a serem produzidos e em 
que quantidades;
Como produzir — que tecnologia utilizar;
Para quem produzir — que mercado consumidor se pretende atingir.
Essas questões só existem porque há escassez e necessidades a se-
rem atendidas. Estamos tratando aqui apenas dos bens econômicos, 
COMENTÁRIO
Otimistas
Uma das causas da crise financeira 
internacional de 2008 foi uma combi-
nação de endividamento elevado com 
otimismo desmesurado sobre ganhos 
financeiros. 
 
capítulo 1 • 15
que são aqueles relativamente escassos e que precisam ser produzidos, 
e, portanto, não são abundantese oferecidos gratuitamente pela nature-
za, como é o caso dos bens livres. As necessidades vão definir o tamanho 
do mercado consumidor de um produto. 
Quanto produzir?
O quanto produzir vai depender do tamanho do mercado e da capaci-
dade da empresa em atendê-lo. Suponha que em um país com 10 mi-
lhões de habitantes, metade deles tenha algum tipo de deficiência visual 
(miopia, astigmatismo etc.) e necessitem de óculos. Suponha que todos 
tenham recursos para comprar óculos. Nesse caso, o mercado consumi-
dor de óculos seria de 5 milhões de pessoas. Até aqui já estão definidos 
para quem produzir (pessoas com deficiência visual), o que produzir 
(óculos) e quanto produzir (5 milhões de óculos). 
Como produzir?
No exemplo dos óculos, várias empresas vão disputar esse mercado. Ven-
derá mais quem utilizar uma tecnologia que possibilite produzir óculos 
de boa qualidade, com um preço atrativo para o consumidor (bom e ba-
rato). Estamos falando, portanto, do como produzir, ou seja, refere-se à 
tecnologia utilizada no processo produtivo. A questão da escassez entra 
na escolha da tecnologia. As matérias-primas mais escassas são as mais 
caras e determinam a escolha da tecnologia. Os empresários vão fugir 
da tecnologia que tem altos custos de produção, pois isso significa preço 
elevado e poucos consumidores.
REFLEXÃO
Não se pode produzir sem que haja alguém ou alguma máquina trabalhando em 
algum lugar. Portanto, precisamos para produzir, pelo menos, de trabalho, capital 
e recursos naturais. Esses são os fatores de produção, que são os recursos indis-
pensáveis para viabilizar um processo produtivo. Alguns avaliam que capacidade 
empresarial e capacidade tecnológica também devem ser consideradas fatores 
de produção. Para simplificar, trabalharemos nesse capítulo apenas com os dois 
fatores produtivos mais utilizados pelos economistas nos seus estudos, que são 
capital e trabalho. 
Há sempre diferentes formas de se produzir um mesmo produto, a 
partir de diferentes combinações dos fatores produtivos. Por exemplo, 
no passado as agências bancárias faziam seu serviço de atendimento 
ao público utilizando muito fator trabalho (muitos caixas humanos) e 
COMENTÁRIO
Bens livres
Exemplos de bens livres são o ar, água, 
luz solar etc. Como você já deve ter pen-
sado, alguns bens livres, devido ao mau 
uso feito pelo homem, já estão se tornan-
do escassos, como é o caso da água.
 
16 • capítulo 1
pouco fator capital. Hoje é o inverso, pois predominam os caixas ele-
trônicos.
Para quem produzir?
As questões econômicas fundamentais não são fáceis de serem respondi-
das. O ponto de partida de tudo é o para quem produzir. Só faz sentido pro-
duzir algo que venha a ser comprado pelos consumidores. Se for um produ-
to ou serviço já estabelecido no mercado, não há muito como errar, mas se 
for um produto novo ou substancialmente modificado, como os consumi-
dores vão reagir? Basta a propaganda para solucionar esse problema? Com 
propaganda se cria mercado para qualquer produto? Com certeza não. 
EXEMPLO
Por exemplo, no início dos anos 1990, no Brasil, houve muito propaganda dos carros 
da marca Lada, que eram importados da antiga União Soviética. Essa marca era des-
conhecida aqui, mas com a propaganda muitos carros foram vendidos, até porque 
o preço era convidativo. O problema é que em pouco tempo ficou claro que o carro 
não era adaptado às ruas, estradas e ao clima brasileiro. As vendas despencaram e 
o Lada deixou de ser importado. Moral da história: propaganda não faz milagre; se o 
produto é ruim, não vende. 
Vejamos o caso do telefone celular. Qualquer pesquisa junto aos con-
sumidores nos anos 1980 diria que eles não necessitavam desse produ-
to. O que todos queriam era um telefone fixo em casa, o que não era fácil 
de conseguir. Com telefone no trabalho, em casa e cabines telefônicas 
(orelhões) na rua, qual a necessidade de um telefone portátil? Mas o pro-
duto foi introduzido no mercado e aos poucos foi conquistando espaço, 
ainda sem os recursos que existem hoje. Atualmente, para muitos, já é 
um produto de primeira necessidade. Moral da história: as necessida-
des podem ser criadas. Todo produto que torna a vida mais fácil, por ser 
mais prático, por exemplo, leva vantagem.
Isso nos leva a outra questão: como defi-
nir as necessidades?
As necessidades individuais podem ser divididas em corporais, espiritu-
ais e de consumo suntuário (de luxo). As necessidades corporais podem 
ser biológicas, que são as relativas ao vestuário, alimentação, reprodu-
ção e habitação, e sociais, que são dadas pela vida em sociedade. 
COMENTÁRIO
Comprado pelos consumidores
Estamos nos referindo aqui apenas ao 
que é produzido com fins de lucro, pois 
o governo, por exemplo, pode oferecer 
serviços gratuitos para a população.
 
capítulo 1 • 17
EXEMPLO
Por exemplo, certas empresas exigem que seus funcionários trabalhem de terno, 
pois isso é uma norma social; logo, é forçoso adquirir esse tipo de roupa. 
As necessidades espirituais são as referentes ao conhecimento, cria-
ção artística e a religião. O consumo de luxo tem servido historicamente 
para diferenciar classes sociais, pois o preço de seus produtos costuma 
ser muito elevado. 
Vivemos em sociedade e, portanto, temos também necessidades cole-
tivas, que são aquelas derivadas da vida em comunidade e que só podem, 
na maioria das vezes, ser atendidas, de forma coletiva. Esse é o caso dos 
serviços de transporte, habitação, saúde, educação (CANO, 2007). 
ATENÇÃO
O atendimento das necessidades básicas depende, em boa parte, dos indivíduos. 
Tendo um bom emprego podemos pagar por uma boa alimentação, comprar roupas 
etc. Já as necessidades sociais dependem, em boa medida, do governo e suas polí-
ticas públicas, pois é ele que constrói grande parte das estradas, hospitais, escolas e 
grandes espaços de lazer (estádios, por exemplo). 
As necessidades das pessoas são diferentes (região, classe social, 
sexo etc.) e mudam ao longo de tempo. Esse é um grande desafio, se o 
objetivo for alcançar o desenvolvimento sustentável, que pode ser de-
finido como o desenvolvimento que visa atender às necessidades da 
geração presente, sem comprometer o atendimento das necessidades 
das futuras gerações.
ATENÇÃO
Esse já é um problema do presente, nosso planeta não suporta o atendimento de nos-
sas necessidades atuais. Um bom exemplo disso é o problema das mudanças climá-
ticas. A temperatura do nosso planeta tem aumentado, em boa medida, por causa do 
aumento do consumo de combustíveis fósseis (exemplos: carvão e derivados do petró-
leo). Em virtude disso, o clima está ficando cada vez mais instável e a altura dos mares 
aumentando. Para enfrentarmos esse problema não basta trocarmos combustíveis 
fósseis por fontes de energia renováveis (energia hidrelétrica, solar, eólica — ventos 
etc.), precisamos mudar nosso padrão de consumo e, portanto, nossas necessidades. 
Não é nada fácil, dado o consumismo da sociedade em que vivemos. So-
mos consumistas quando compramos mais do que necessitamos. Todas as 
necessidades atuais podem ser atendidas? Com certeza não, pois não ha-
veria recursos naturais suficientes, nem capacidade de absorver os dejetos 
gerados pela poluição do ar, da água, de resíduos sólidos (lixo). Se todos os 
COMENTÁRIO
Consumismo
Com certeza você já comprou produtos 
que nunca utilizou ou utilizou muito pou-
co, o que não justificaria a compra. Se 
isso acontece com frequência você é um 
consumista. Responda com sinceridade: 
você consegue viver sem consumir pro-
dutos supérfluos (não essenciais)? Para 
você é fácil definir o que é um produto 
supérfluo? O telefone celularé um pro-
duto supérfluo? Sua resposta se refere 
a todos os celulares ou só para alguns 
tipos de celulares? Essas não são ques-
tões fáceis de serem respondidas. 
 
18 • capítulo 1
habitantes do planeta tivessem o mesmo padrão de vida de um norte-americano de classe mé-
dia, seria o caos. Só tendo outros planetas para importar matérias-primas e exportar poluição.
Na sociedade em que vivemos, é difícil não ser consumista de alguma forma. O consu-
mismo é algo sobre o qual se deve refletir e não apenas aceitar passivamente.
A curva de possibilidades de produção e custo 
de oportunidade
O dilema entre recursos limitados versus fins alternativos é muito bem apresentado na cur-
va de possibilidade de produção (também chamada de curva de fronteira produtiva ou de 
transformação da produção). Essa curva, que é uma representação simplificada de uma 
economia, é sempre côncava e em cada eixo há um produto. Vejamos:
4
2
3
1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
8
9
10
Qu
an
tid
ad
e 
pr
od
uz
id
a 
de
 C
an
hõ
es
Quantidade produzida de Manteiga
7
6
5
ATENÇÃO
A área delimitada pela curva é a de possibilidades de produção para aquela Economia em relação aos 
dois produtos, que são os únicos produzidos, no caso, manteiga (em toneladas) e canhões (quantidade). 
Isso significa que qualquer ponto além da curva é impossível de ser alcançado. A produção máxima é 
alcançada quando a economia está em algum ponto da borda da curva. Esse é o seu limite, o limite das 
possibilidades de produção.
capítulo 1 • 19
A área delimitada pela curva é dada pela capacidade produtiva da Economia, que por 
sua vez, depende da disponibilidade de fatores produtivos (capital e trabalho). Portanto, 
quanto maior a população, o número de máquinas e fábricas no país, ou quanto maior a 
produtividade dos operários ou das máquinas, maior a sua capacidade produtiva. Haven-
do maior produtividade ou disponibilidade de fatores, a curva se desloca para a direita 
(para fora). Havendo menor produtividade ou disponibilidade, o deslocamento é para a 
esquerda — para dentro.
0 0,5 1 1,5
Produto A
Pr
od
ut
o 
B
2 2,5 3 3,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
 
ATENÇÃO
Por exemplo, a curva irá se deslocar para a direita se a população crescer ou se, com o progresso téc-
nico, as máquinas velhas forem substituídas por novas, que são mais produtivas. Se a população do país 
diminuir em razão da emigração, queda da taxa de natalidade ou por guerras ou terremotos, a curva irá 
se deslocar para a esquerda.
A curva expressa o dilema clássico da Economia. Não há recursos para se produzir tudo 
o que se deseja e é necessário fazer escolhas. Para se produzir mais de um produto é neces-
sário, sempre, se produzir menos de outro, até a situação limite, em que toda a capacidade 
produtiva da Economia está voltada para a produção de apenas um produto.
20 • capítulo 1
0 0,5 1 1,5
Quantidade produzida de Manteiga
Qu
an
tid
ad
e 
pr
od
uz
id
a 
de
 C
an
hõ
es
2 2,5 3 3,5
0
1
2
3
4
5
C
A
B
D
6
7
8
9
10
 No exemplo dado, 9 é a quantidade máxima que se pode produzir de 
canhões; e 3 toneladas, o máximo de manteiga. Suponha que se esteja no 
ponto A (8 canhões e 1 tonelada de manteiga) e se passe para o ponto B (5 
canhões e 2 toneladas de manteiga). Nesse caso, a produção de mantei-
ga aumentou de 1 tonelada para 2 toneladas, mas, em compensação, a 
produção de canhões caiu de 8 para 5. Para se produzir 1 tonelada a mais 
de manteiga foi necessário abrir mão de 3 canhões. Esses 3 canhões que 
deixaram de ser produzidos representam o custo de oportunidade. 
Note que o ponto D é impossível de ser atingido. Esse não é o caso 
do ponto C. Esse último ponto representa uma situação em que se está 
produzindo menos do que poderia, pois estamos dentro da curva e não 
na sua borda. No ponto C estamos produzindo 1 tonelada de manteiga, 
mas apenas 5 canhões, quando poderíamos produzir 8. Isso ocorre por-
que, por algum motivo, não estamos utilizando todos os recursos que 
temos e, portanto, estamos com recursos ociosos. 
Em nosso exemplo, os dois produtos selecionados foram canhões e 
manteiga para destacar um dilema econômico clássico. Ao se desviar mui-
tos recursos para a guerra (canhões), as necessidades da população (man-
teiga) ficam em segundo plano. Esse é um dos muitos custos de uma guerra. 
EXEMPLO
Durante a Segunda Guerra Mundial, a venda de manteiga nos Estados Unidos foi ra-
cionada, havendo um limite máximo de manteiga que as famílias podiam comprar por 
mês. A venda de automóveis para civis chegou a ser proibida, exceto em situações 
especiais — exemplo: médicos podiam comprar automóveis por ser considerado ne-
cessário para o exercício de sua profissão. As fábricas de automóveis passaram a 
fabricar tanques e diversos tipos de armamentos. 
COMENTÁRIO
Custo de oportunidade
É o de que se abre mão ao se fazer uma 
escolha. É o custo de uma escolha. À 
medida que se avança na produção de 
manteiga, o custo de oportunidade au-
menta. Para mais uma tonelada de man-
teiga, abre-se mão de 5 canhões.
O conceito de custo de oportunidade se 
aplica a várias situações. Em um filme 
do cineasta Domingos de Oliveira, o per-
sonagem principal — um conquistador 
inveterado — afirma que o difícil não é 
escolher uma mulher, o difícil é deixar de 
lado todas as outras mulheres do mundo. 
Nesse caso, o custo de oportunidade são 
todas as outras mulheres do mundo. O 
filme se chama Todas as mulheres do 
mundo e foi estrelado por Paulo José e 
Leila Diniz, em 1966. É considerado um 
clássico do cinema brasileiro.
 
COMENTÁRIO
Recursos ociosos
Um exemplo seria a situação de desem-
prego. Parte da mão de obra não está 
trabalhando, e, por isso, a produção é 
menor do que poderia ser.
 
capítulo 1 • 21
Bens e serviços
Numa Economia são produzidos bens e serviços. Bens são produtos que 
têm forma física — como ferro, automóvel e sapato, por exemplo — e 
existem para satisfazer alguma necessidade. Os serviços não têm forma 
física — como uma consulta médica, o serviço de um eletricista, uma 
aula de professor. 
A produção provém dos três setores que compõem uma Economia: 
primário (agricultura e pecuária), secundário (indústria) e terciário (co-
mércio e serviços). 
EXEMPLO
Quando um país é pobre, é o setor primário o mais importante, quase não existe in-
dústria, e o terciário tem pouco peso. O Brasil era assim até o século XIX. Com o de-
senvolvimento, a indústria ganha peso e, em seguida, o setor terciário. A economia, 
portanto, se diversifica. Em 2013, no Brasil, a agropecuária representava apenas 
5,7% da produção do país, a indústria 24,9% e o terciário 69,4% (Fonte: indicadores 
do IBGE - Contas Nacionais trimestrais, outubro/dezembro 2013). 
 
Os bens podem ser de dois tipos: bens finais ou bens intermediá-
rios. Os bens intermediários são matérias-primas (insumos) que serão 
transformadas em um produto, por meio de um processo produtivo. Por 
exemplo: o ferro e carvão transformados em aço; madeira se torna um 
móvel; couro vira um calçado. 
Os bens finais são os que não sofrem transformações e são utilizados na 
forma como se apresentam. Por exemplo, você pode sair da sapataria já com 
seu sapato novo no pé. O móvel, logo que chegar à sua casa, você irá utilizar. 
Já o ferro, tem apenas um uso, que é ser transformado em outro produto.
Os bens de produção ou bens de capital são aqueles utilizados na 
produção de outros bens, como máquinas, equipamentos ou constru-
ções. Máquinas podem, com maior ou menor intervenção humana,pro-
duzir sapatos, refrigerantes, automóveis etc. Também se incluem nos 
bens de capital todas as construções e infraestrutura de um país, pois 
contribuem para a produção de bens. 
Nem sempre é fácil classificar um bem ou serviço nessas diferentes 
categorias, pois isso depende do uso que se dá. Por exemplo, para a 
maioria das pessoas o automóvel é um bem de consumo durável. Mas 
para um taxista é um bem de capital, pois produz um serviço, o trans-
porte de passageiros. Da mesma forma, uma laranja é um bem de con-
sumo não durável quando comprada na feira com o objetivo de fazer 
suco de laranja para tomar no café da manhã. Mas é um insumo, se é 
uma empresa que compra a laranja com o objetivo produzir suco de 
laranja para exportação.
COMENTÁRIO
Bens finais
Os bens finais podem ser de dois tipos: 
bens de consumo e bens de capital. Os 
bens de consumo, como o próprio nome 
diz, são os utilizados no consumo das fa-
mílias. Por exemplo, o móvel e o sapato. 
São subdivididos em bens duráveis, bens 
não duráveis e bens semiduráveis. Su-
pondo que sejam utilizados com frequên-
cia, os bens duráveis duram muitos anos 
(exemplos: geladeiras e televisores), os 
semiduráveis, poucos anos (exemplos: 
roupas) e os não duráveis, menos de um 
ano (exemplos: alimentos e bebidas). 
 
COMENTÁRIO
Bens de capital
Por exemplo, para produzir automóveis 
não bastam máquinas, é necessário ter 
uma fábrica, que é uma construção. Da 
mesma forma, para produzir transporte 
marítimo, não basta ter navios, é necessá-
rio ter portos e também estradas, sem as 
quais a produção não chega até o porto.
 
22 • capítulo 1
Os setores são interdependentes, pois compram e vendem entre si. 
Por isso é muito comum quando estudamos a Economia por meio de ca-
deias produtivas e se incorporamos a dimensão ambiental, chegamos 
ao ciclo de vida do produto. 
O conceito de cadeia produtiva, incorporando a preocupação am-
biental, evoluiu para o de ciclo de vida do produto. Nesse caso, se inclui 
uma penúltima etapa, que é a do descarte (morte do produto), e a etapa 
final é a reciclagem, quando o produto retorna a uma etapa anterior. 
EXEMPLO
Por exemplo, sucata de automóvel pode ser utilizada na fabricação de aço. Latas 
de cervejas usadas podem ser utilizadas na fabricação de novas latas de cerveja. 
Outra diferença com relação ao ciclo de produto é que agora há uma preocu-
pação com a mensuração dos impactos ambientais e sociais em cada uma das 
etapas. Por exemplo, um automóvel não gera poluição apenas quando é utilizado. 
Gera também quando é produzido e quando é descartado de forma inadequada. 
De forma indireta, é responsável pela poluição produzida na produção de aço 
e ferro e no transporte entre essas etapas. No caso da extração do minério de 
ferro, ainda há a questão de se estar diminuindo o estoque de um recurso natural 
não renovável. 
Recursos naturais
Recursos naturais podem ser definidos como o conjunto de riquezas na-
turais em estado bruto de um país. É portanto, tudo que a natureza for-
nece e dá de suporte à vida humana na terra. Inclui, portanto, recursos 
tais como terra, água, ar, minerais, florestas, peixes e demais recursos 
marinhos, flora, fauna e clima. Os recursos naturais são tradicional-
mente divididos em renováveis e não renováveis.
COMENTÁRIO
Recursos naturais renováveis são aqueles repostos pela natureza em um curto espa-
ço de tempo, tais como ar e água. Recursos naturais não renováveis são aqueles que 
não são repostos pela natureza em um curto espaço de tempo, tais como petróleo e 
minério de ferro. O petróleo é produzido pela natureza, mas são necessários milhões 
de anos para isso.
A partir das definições anteriores, poderíamos pensar que deverí-
amos nos preocupar apenas com os recursos naturais não renováveis. 
Ledo engano. Devemos nos preocupar com ambos. Há recursos naturais 
COMENTÁRIO
Cadeias produtivas
Cadeia produtiva é um conjunto de eta-
pas consecutivas pelas quais passam e 
vão sendo transformados e transferi-
dos os diversos insumos (PROCHNIK, 
2002). Por exemplo, o minério de ferro é 
extraído da natureza (primeira etapa), em 
seguida se transforma em aço (segunda 
etapa), o qual é utilizado na fabricação do 
automóvel (terceira etapa). Nesse caso, 
foram três etapas consecutivas. Entre 
elas houve transporte e, em cada uma 
delas, pagamento de impostos.
 
capítulo 1 • 23
não renováveis que dificilmente irão se esgotar, pois são pouco utilizados, como o urânio. 
Mas o mesmo não se pode dizer do petróleo.
A água é um recurso renovável, mas, na história recente do Brasil, em vários momentos, 
o abastecimento de água e o fornecimento de energia elétrica foram motivo de sérias pre-
ocupações, devido à falta de chuvas. Situação que tende a se agravar com as mudanças cli-
máticas. Temos ainda o problema da qualidade da água. No Brasil, a maior parte do esgoto 
residencial não é tratada, antes de ser despejada nos rios, lagos, lagoas ou mar. Por sinal, 
poucos sabem que o que pagamos de conta de água é basicamente para cobrir os custos 
com transporte e limpeza da água. O custo da água em si, é próximo a zero.
Ford versus General Motors e o início da sociedade de consumo
(ou não se fazem bens de consumo duráveis como antigamente) 
Muitos pesquisadores consideram a disputa entre a Ford e a General Motors (GM), nos anos 20 
do século passado, como o marco inicial da chamada sociedade de consumo, por ter populariza-
do a prática de obsolescência planejada.
Até o início dos anos 1920, a Ford dominava amplamente o mercado de automóveis nos Estados 
Unidos, devido ao sucesso do Ford Modelo T. Esse carro era barato e durável. A ideia da Ford era 
que fosse um carro para a vida inteira. Mas tinha um inconveniente, era considerado feio pelos 
consumidores, devido ao design e, principalmente, por ser preto. A GM, para concorrer, lançou 
um carro que tinha muitas das características do Ford Modelo T, mas com duas importantes 
diferenças: havia modelos em diferentes cores e, a cada ano, seria lançado um modelo novo — o 
carro do ano —, com mudanças em relação ao modelo do ano anterior. Com essa política, no final 
dos anos 1920, a GM já vendia mais carros que a Ford. Não houve jeito, a Ford teve que ceder 
e passou a lançar novos modelos de carros.
Com essa prática, em apenas um ano, um carro fica velho, pois já é fabricado um modelo novo. 
Isso induz o consumidor a trocar de carro todo ano e, portanto, a comprar vários carros ao longo 
de sua vida, e não um só, como queria Ford. Isso impulsionou o mercado de carros usados e 
gerou um enorme desperdício de recursos naturais e muito lixo, pois são produzidos muito mais 
carros do que o necessário. Um produto com obsolescência planejada é elaborado para ter uma 
vida curta, levando o consumidor a comprá-lo várias vezes. 
Um produto pode ter uma vida curta por vários motivos: saiu um novo modelo com pequenas mudan-
ças; saiu um novo modelo com grandes mudanças, pois houve um salto tecnológico (por exemplo, 
TVs com telas LED e LCD); saiu de moda; ou simplesmente não funciona direito e os consertos são 
frequentes. Em outras palavras, os bens de consumo duráveis são cada vez menos duráveis. 
ATENÇÃO
Algumas perguntas para reflexão. Qual a geladeira mais durável, a sua ou a da sua avó? Qual o critério 
que você usa para definir que um conserto vai sair caro e é hora de comprar um produto novo? Há quanto 
tempo você tem seu atual telefone celular e o que te levou a fazer a última compra?
24 • capítulo 1
Fatores de produção, agentes econômi-
cos e o fluxo circular 
A contrapartida da utilização dos fatores de produção no processo pro-
dutivo é a sua remuneração.No caso do trabalho, a contrapartida são 
os salários e, no caso do capital, são os lucros (considerando apenas o 
trabalho assalariado e o capital produtivo). 
REFLEXÃO
Supondo-se uma economia onde existam apenas famílias e empresas (retiramos 
propositadamente o governo e relações com o exterior), os proprietários dos fatores 
de produção são as famílias, que emprestam esses fatores produtivos às empresas, 
para que essas viabilizem a produção de bens. Os agentes econômicos são, portanto, 
as famílias e as empresas, que são as entidades que viabilizam o processo produtivo.
As famílias e empresas interagem em dois mercados, o de fatores e 
o de produtos. No mercado de fatores, as famílias emprestam capital e 
trabalho para as empresas utilizarem a produção em troca de uma re-
muneração, no caso, salários e juros. 
O valor da remuneração é negociado entre as partes. Atenção! Trata-
-se apenas de empréstimo, com regras definidas, dos fatores produtivos, 
e não venda desses fatores. Se fosse venda, no caso do trabalho, estaría-
mos no regime de escravidão e não de trabalho assalariado. O trabalha-
dor pode pedir demissão na hora que quiser, e o acionista pode vender 
suas ações quando desejar. 
No mercado de produtos, as empresas vendem seus produtos às famí-
lias que, para comprá-los, utilizam a renda obtida no mercado de fatores. 
Portanto, os dois mercados estão interligados, em um fluxo circular. 
Essa vinculação dos mercados mostra que pagar baixos salários, se 
por um lado diminui o custo de produção das empresas, por outro lado 
diminui seu mercado consumidor, pois as famílias ficam com menos 
dinheiro para gastar. Essas relações estão sintetizadas no fluxo circular, 
que mostra como, para cada fluxo real, há uma contrapartida monetá-
ria. Afinal, a Economia trata de acompanhar transações que ocorrem em 
valores, em moeda.
COMENTÁRIO
Lucros/dividendos
Quando se compram ações de uma em-
presa que está na Bolsa de Valores (em-
presa de capital aberto), se tem direito a 
receber dividendos caso essa empresa 
tenha lucro. Dividendos é parcela do lu-
cro que é distribuída aos acionistas.
 
capítulo 1 • 25
Fluxo circular
Empresas
Mercado de
produtos
Mercado de 
fatores de produção
Famílias
Renda
FLUXO MONETÁRIO
(DINHEIRO)
FLUXO REAL
(BENS, SERVIÇOS E FATORES)
Gastos
Salários e lucros
Empréstimo de capital e trabalho
Receitas
Capital e trabalho
Bens e serviços comprados Bens e serviços vendidos
Ford e o salário de 5 dólares
No início de 1914, a Ford, empresa produtora de automóveis, estava enfrentando um sério pro-
blema. Tinha acabado de introduzir uma técnica produtiva revolucionária, a linha de montagem, 
mas a produção não crescia como o desejado. O ritmo mais acelerado do processo produtivo 
tinha aumentado a insatisfação entre os trabalhadores. Com isso, a dedicação ao trabalho e a 
produtividade eram baixas e, portanto, frequentes as demissões e contratações de substitutos 
com consequentes gastos em seleção e treinamento.
Para enfrentar esse problema, a empresa tomou uma decisão inteiramente inusitada para a épo-
ca. Resolveu dobrar o salário dos operários para US$5 ao dia e diminuir a jornada de trabalho 
para 8 horas por dia, cinco dias por semana. Parecia uma decisão suicida de um empresário ex-
cessivamente paternalista, e foi um choque na opinião pública e no meio empresarial. Mas fazia 
todo sentido, do ponto de vista econômico. 
Pagando salários acima da média do mercado, a Ford podia cobrar dedicação dos operários, e 
conseguiu isso. Todos queriam trabalhar na Ford e quem estava dentro não queria sair. A rotati-
vidade diminuiu drasticamente. Com maior dedicação, aumentou a produtividade (produção por 
operário). Com a jornada de 8 horas, a fábrica podia trabalhar 24 horas com três turnos de 8 
horas e sempre com operários descansados. Se fossem dois turnos de 12 horas, isso não seria 
possível. A produção por fábrica aumentou. Gastou mais com os operários, mas em compen-
sação, o rendimento por operário e por fábrica aumentou muito e mais do que compensou. Em 
outras palavras, o custo por operário aumentou, mas o custo de produção caiu, com isso pode-se 
reduzir o preço dos carros e vender mais.
Havia também outro motivo para o aumento dos salários. Ford queria que os operários ganhas-
sem o suficiente para comprar seus automóveis, e conseguiu isso. Ford não via os salários só 
como custo de produção, via também como demanda para seus produtos. Portanto, percebia que 
o mercado de fatores e o de produtos estavam interligados.
26 • capítulo 1
Economia, sociedade e meio ambiente
Como vimos, a Economia é uma ciência social, portanto, um pré-requisito para sua exis-
tência é uma sociedade minimamente organizada, ou pelos menos com algumas regras 
sociais estabelecidas. Talvez a relação econômica mais antiga seja a troca, e ela pressupõe 
que os dois lados confiem na qualidade do produto. Mesmo nos primórdios da raça huma-
na, quando se praticava o escambo, valia o princípio da troca de produtos defeituosos, ou 
seja, se a carne que recebi estiver estragada, tenho direito de receber a minha lança de volta. 
ATENÇÃO
Os economistas não podem fazer o que querem — embora esse seja o desejo de muitos —, pois tem que 
se submeter à sociedade. A economia é limitada pela sociedade, pois está contida nela. Não existiria socie-
dade se não existisse vida na terra, e, para isso, certas condições ambientais foram necessárias. Também 
não se pode produzir sem recursos naturais. A sociedade é limitada pelo meio ambiente, do qual faz parte. 
Como vimos anteriormente, o fluxo circular deve ser entendido como uma representa-
ção simplificada e limitada da economia, mas não da realidade. A figura a seguir é também 
utilizada para representar o desenvolvimento sustentável e a economia ecológica.
A relação entre economia, sociedade e meio ambiente
ECONOMIA
SOCIEDADE
MEIO AMBIENTE
Próximos capítulos
Este livro está estruturado para cobrir os principais conceitos introdutórios da Economia. 
Neste capítulo, abordamos o objeto de estudo da Economia e as noções básicas de custo de 
oportunidade e fluxo circular. Os próximos capítulos tratarão, em larga medida, de apro-
fundar essas noções. 
O capítulo 2 é dedicado aos principais teóricos em Economia, ou seja, procurou-se situ-
ar aqueles cujas contribuições permitiram mudanças qualitativas importantes na maneira 
capítulo 1 • 27
como a análise econômica passou a ser realizada. Nesse sentido, áreas de conhecimento 
dentro da Economia, como a Microeconomia e a Macroeconomia, guardam relação com a 
evolução do pensamento econômico. No capítulo 2 também tratamos de apresentar breve-
mente os princípios de organização de dois sistemas econômicos — a Economia de Merca-
do e a Economia Planificada. 
O capítulo 3 introduz os conceitos de análise em Microeconomia, cujo objetivo é mos-
trar, através do equilíbrio parcial dos mercados, a tendência da Economia de atingir o es-
tado de bem-estar. Nesse capítulo é feita uma introdução sobre o método de análise em 
Economia que supõe agentes racionais maximizadores (famílias e firmas) de suas funções 
e objetivo. A partir da caracterização dos agentes econômicos são apresentadas as análises 
sobre o equilíbrio nos diferentes tipos de mercado. Noções de organização industrial são 
apresentadas ao final do capítulo. 
O capítulo 4 apresenta outra perspectiva de análise em Economia, que é a macroeconô-
mica. Inicia-se o capítulo com a descrição das medidas utilizadas em análises agregadas 
— os agregados macroeconômicos — para, em seguida, mostrar como a análise do com-
portamento destes agregados ajuda a explicar o desenvolvimento da Economia em curtoprazo. Temas como desemprego e inflação concluem o capítulo. 
O capítulo 5 apresenta os instrumentos de política econômica à disposição dos gover-
nos para intervir na Economia. Como economias de mercado são propensas a flutuações, 
os governos dispõem de mecanismos de intervenção para contrabalançar os movimentos 
de subidas e descidas do produto, do emprego e dos preços, que são percebidos reduzindo 
o nível de bem-estar social. 
O capítulo 6 é dedicado à análise de longo prazo, contrapondo as noção de desenvol-
vimento econômico e de crescimento econômico. Políticas públicas para a promoção do 
desenvolvimento econômico são apresentadas, bem como medidas de desenvolvimento 
social. Um tópico sobre globalização conclui o capítulo.
Por fim, o livro apresenta um apêndice sobre como elaborar gráficos e tabelas econômi-
cas. Entende-se que o uso de gráficos e tabelas é recurso bastante difundido, sendo útil o 
treinamento do aluno na leitura destas ferramentas estatísticas. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRESSER-PEREIRA, L. Os dois métodos e o núcleo duro da teoria econômica. Revista de Economia Política, 2009, 
vol. 29, nº 2 (114). Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.06.DoisMetodos-REP.pdf>. 
Acesso em: 5 abr. 2014.
CANO, W. Introdução à Economia — uma abordagem crítica. 2. ed. São Paulo: UNESP, 2007.
PROCHNIK. V. Cadeias produtivas e Complexos Industriais - seção do capítulo Firma, Indústria e Mercados, In: 
Hasenclever, L. e Kupfer, D. Organização Industrial, São Paulo: Campus, 2002. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/
cadeiasprodutivas/pdfs/cadeias_produtivas_e_complexos_industriais.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2014.
Leituras Sugeridas:
MAY, PETER (Org.) Economia do Meio Ambiente – Teoria e Prática. São Paulo: Campus, 2010.
 
28 • capítulo 1
2 Contextualização da Ciência Econômica
paulo gonzaga mibielli de 
carvalho 
30 • capítulo 2
Uma introdução à História do Pensamen-
to Econômico
A Economia, como toda ciência, tem uma história e escolas de pensamen-
to. Destacaremos aqui apenas os principais economistas e escolas, com 
ênfase no que é mais pertinente para o entendimento do debate atual.
Os Economistas Clássicos
A Economia como uma ciência específica nasce com os economistas de-
nominados clássicos. O primeiro e o mais importante dos economistas 
clássicos, e por isso considerado o pai da Economia, foi Adam Smith.
Smith era adepto do pensamento iluminista, que se tornaria a base 
intelectual da Revolução Francesa (1789). Portanto, acreditava que para 
o conhecimento da realidade e transformação da sociedade, era funda-
mental o uso da razão, e não da tradição ou da religião. Duas ideias de 
Riqueza das Nações estão presentes até hoje no debate econômico, a sa-
ber: a mão invisível e divisão de trabalho.
Mão invisível
Segundo Smith, somos todos egoístas e procuramos, no mundo econô-
mico, sempre o que é melhor para nós. Mas fazendo isso, mesmo que de 
forma intencional, como que guiados por uma “mão invisível”, estamos 
realizando o que é o melhor para a sociedade. 
EXEMPLO
Se o padeiro procura produzir o melhor pão pelo melhor preço, o açougueiro, a me-
lhor carne pelo melhor preço, e assim por diante, a sociedade ganha, pois o que 
todos nós queremos são produtos bons e baratos. O padeiro e o açougueiro agem 
dessa forma devido à pressão da concorrência e porque querem ser bem sucedidos 
ter lucro. Esses agentes econômicos estão se relacionando e cooperando entre si 
no mercado de produtos e fatores, sem nenhum plano prévio ou orientação externa. 
O que vimos no exemplo é o que Smith chamou, metaforicamente, 
de mão invisível. Portanto, cada um procurando o melhor para si, che-
AUTOR
Adam Smith 
Adam Smith (Escócia, 1723-1790) é 
considerado o fundador da Ciência Eco-
nômica, pois, até então, a Economia era 
parte da Filosofia ou da Política, e não 
uma disciplina autônoma. Começou sua 
carreira acadêmica como filósofo moral 
e seu primeiro livro, de 1759, se intitula-
va Teoria dos sentimentos morais. Seu 
segundo livro é o clássico Riqueza das 
Nações, de 1776. 
 
2 Contextualização da Ciência Econômica
capítulo 2 • 31
ga-se a uma situação que é a melhor para a sociedade. Segundo Smith, 
se todos agissem por motivos altruístas, visando o bem comum, o resul-
tado seria muito pior. Isso só é possível, segundo Smith, quando há livre 
concorrência, sem interferência do governo. 
COMENTÁRIO
Interferência do governo
Ainda hoje, todos os economistas que defendem pouca intervenção do governo na 
Economia usam como justificativa a mão invisível de Smith. Costumam dizer: deixe 
o mercado em paz, não intervenha governo, pois a mão invisível vai solucionar os 
problemas econômicos.
Smith, no entanto, não era a favor de que a atuação do governo na 
Economia fosse a menor possível. O governo tinha um papel importan-
te, por exemplo, nas áreas de infraestrutura e educação. Portanto, impli-
citamente, aceitava que a mão invisível não solucionava todos os proble-
mas da sociedade e, para o bem comum, era necessária a intervenção do 
Estado em algumas áreas.
Divisão do trabalho
A segunda ideia é a divisão do trabalho, tanto dentro da sociedade — 
hoje chamada de divisão social do trabalho —, como dentro da fábrica 
— que hoje seria a divisão técnica do trabalho. A divisão do trabalho traz 
a especialização, com ela maior produtividade (maior produção por tra-
balhador) e, portanto, barateamento do produto, pois se produz mais 
com o mesmo número de trabalhadores. O crescimento do mercado é o 
que impulsiona a especialização.
Outro economista clássico evocado aqui é David Ricardo. A maior 
contribuição de Ricardo à Teoria Econômica foi, provavelmente, a teoria 
das vantagens comparativas, apresentada no livro Princípios de Econo-
mia Política e Tributação, que, até hoje, está na ordem do dia. 
No que se refere ao comércio internacional, opõe-se à teoria de van-
tagens absolutas, de Adam Smith. Segundo essa última teoria, o im-
portante no comércio internacional é ter menores custos e, portanto, 
vender mais barato. Ou seja, países com custos elevados ou muito inefi-
cientes estão fadados ao fracasso nas trocas internacionais.
Para Ricardo, isso não seria verdade, pois no comércio internacio-
nal o importante são as vantagens comparativas, e não as absolutas. Um 
país tem vantagem comparativa em um produto, quando o outro, com 
quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, 
mesmo sendo mais eficiente na produção. O país deveria se especializar 
no produto que tem maiores vantagens comparativas.
COMENTÁRIO
Produtividade
Como vimos no capítulo anterior, Ford 
sabia disso, pois para poder aumentar 
sua produção, deu um aumento de salá-
rio aos trabalhadores. O objetivo, que foi 
plenamente conseguido, era aumentar a 
dedicação dos trabalhadores e, conse-
quentemente, sua produtividade.
 
AUTOR
David Ricardo 
David Ricardo (Londres, 1772-1823), 
juntamente com Adam Smith e Thomas 
Malthus, é considerado um dos funda-
dores da escola clássica inglesa de Eco-
nomia Política. Sua obra mais consagra-
da é Princípios da economia política e 
tributação (1817). 
 
32 • capítulo 2
EXEMPLO
Com um exemplo fica mais fácil de entender a ideia de Ricardo. Vamos supor que em 
uma cidade do interior de Minas Gerais existam apenas duas confeiteiras, a Eloisa e a 
Mariana, que fazem apenas dois bolos, de laranja e de chocolate. Eloisa faz os dois bolos 
mais baratos, pois seu pai tem uma fazenda de onde vêm a laranja, os ovos e o leite. Além 
disso, foi muito bem treinada no ofício por Ethel, sua mãe. Mariana deve então desistir e 
mudar de ramo? Claro que não,pois a diferença de preços é grande no bolo de laranja, 
mas pequena no bolo de chocolate. O motivo é que o chocolate não é produzido em 
fazenda, mas importado do Rio de Janeiro. Eloy, o pai de Eloisa, experiente empresário, 
percebeu isso. Ele orientou a filha a deixar de lado o bolo de chocolate e ficar só com o 
de laranja. Pois como esse bolo era bom e barato, podia atender à demanda da cidade e 
também das localidades próximas. Não valia a pena perder tempo produzindo o bolo de 
chocolate, que não era tão barato e, portanto, não conseguiria vender muito. 
REFLEXÃO
Ou seja, o custo de oportunidade para se produzir o bolo de chocolate era grande, 
pois quanto mais bolo de chocolate Eloisa fazia, menos tempo e matérias-primas 
tinha disponível para produzir o de laranja. Mariana, portanto, pode continuar a pro-
duzir seus bolos de chocolate, que eram comprados inclusive por Eloisa. Segundo 
a teoria de Ricardo, Eloisa tinha vantagens comparativas na produção do bolo de 
laranja e, portanto, Mariana no bolo de chocolate. 
A discussão sobre vantagens comparativas está na ordem do dia no 
Brasil desde o pós-guerra, quando a industrialização do país passou a 
ser um projeto de vários governos, como de Getúlio Vargas e Juscelino 
Kubitschek. Muitos questionaram (e ainda questionam) a opção do Bra-
sil. Os economistas liberais à época de Vargas, Dutra e Juscelino diziam 
mais ou menos o seguinte: para que o Brasil deve perder tempo produ-
zindo automóveis, se nunca vamos conseguir competir com os EUA nes-
sa área? É melhor nos concentrarmos na produção de café, onde somos 
muito melhores que os americanos. 
Nesse debate, de um lado ficaram os economistas liberais e de outro 
os desenvolvimentistas, ligados ao pensamento da Comissão Econômi-
ca para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas — Cepal, que 
defendiam a industrialização.
ATENÇÃO
Se dependesse da teoria de Ricardo, o Brasil nunca iria se industrializar. Hoje não ven-
demos carros para os EUA, mas vendemos para a Argentina. Para os EUA, vendemos 
aviões da Embraer — inclusive para as Forças Armadas —, dentre outros produtos. 
COMENTÁRIO
Economistas liberais à época
Para eles, o Brasil tinha uma vocação 
agrícola, e, portanto, vantagens compa-
rativas nessa área, e não na indústria. 
Mesmo porque a agricultura precisa de 
terra e mão-de-obra não qualificada, e 
tínhamos ambas em abundância, e a in-
dústria precisa de capital e mão-de-obra 
qualificada, que tínhamos pouco (lembre-
se, falamos da realidade daquela época). 
 
capítulo 2 • 33
O problema é que a teoria de Ricardo é estática, é uma fotografia de um 
determinado momento. Mas a realidade é dinâmica, pode mudar. Pen-
sando-se a realidade do Brasil dos anos de 1940 como algo imutável, não 
faria sentido uma industrialização. Mas considerando a indústria como o 
motor de um processo de desenvolvimento, e que, por conta disso, o Bra-
sil seria diferente, décadas à frente, fazia sentido a industrialização. Ou 
seja, o pensamento tem de se descolar no presente e se lançar no futuro. 
O custo Brasil
O custo Brasil é uma expressão muito utilizada nas discussões econô-
micas do Brasil e que tem como base a teoria das vantagens absolutas. 
Segundo essa tese, nosso país seria pouco competitivo no comércio in-
ternacional porque teríamos um custo de produção elevado. O custo de 
produção é entendido aqui no sentido amplo, abarcando, além do custo do 
salário, matérias-primas e juros, também custos legais (exemplo: encargos 
trabalhistas), institucionais (exemplos: burocracia em excesso, deficiências 
na educação), tributários (impostos elevados), de infraestrutura (estradas 
precárias) e corporativos —sindicatos de trabalhadores resistindo à mo-
dernização (SANDRONI, 2005). 
Um exemplo do custo Brasil foi um estudo feito pelo Banco Mundial. Essa 
pesquisa ordenou os países segundo a facilidade de se fazer negócios. 
Nesse ranking o Brasil ficou na posição 116ª, bem abaixo do Chile (34ª), 
o melhor da América Latina nesse quesito.
Para os defensores dessa tese no Brasil, como a Confederação Nacional 
da Indústria (CNI), o país para se tornar competitivo e entrar numa trajetó-
ria sustentável de crescimento, deveria promover profundas reformas nas 
áreas que afetam o custo Brasil.
Continuando nosso passeio histórico, evocamos Thomas Robert 
Malthus. A tese que ele apresentou, no Ensaio sobre o Princípio da 
População, é que a produção de alimentos cresceria em progressão 
aritmética (PA), e a população, em progressão geométrica (PG). Em 
decorrência disso, se não fossem tomadas medidas cabíveis, a fome 
e, no limite, o colapso da sociedade seriam inevitáveis. Malthus era o 
que hoje se chama de catastrofista.
A catástrofe não aconteceu, pois tanto a produção agrícola aumen-
tou — devido à incorporação de mais terras e de novas tecnologias — 
como a população passou a crescer menos, em razão de mais educação, 
urbanização e novos métodos contraceptivos. 
A preocupação de Malthus então não faz mais sentido no mundo de 
hoje? Faz muito sentido para a China, o país mais populoso do planeta, e 
AUTOR
Thomas Robert Malthus
Malthus (1766-1834), um pastor pro-
testante, foi o primeiro economista a dar 
destaque ao tema crescimento popula-
cional. Sua fama vem até os dias de hoje, 
onde vez por outra, no debate econômico, 
é usada a expressão ideias malthusianas. 
É considerado o pai da demografia.
 
34 • capítulo 2
também a segunda maior economia do mundo, que adota políticas (agora 
um pouco menos rígidas) de controle populacional. Faz sentido para vários 
países africanos — exatamente os mais pobres — onde a população cresce 
exponencialmente. Talvez faça sentido para o restante do mundo também. 
REFLEXÃO
A população do planeta está crescendo menos, mas, segundo alguns analistas, a produ-
ção de alimentos não está aumentando no ritmo desejado (as mudanças climáticas con-
tribuem para isso), e há o risco de termos um descompasso no futuro. A FAO, por exem-
plo, tem essa preocupação (agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura). 
Falaremos agora sobre Karl Marx. O nome de Marx é sempre lembra-
do quando as coisas vão mal, ou melhor, quando vão muito mal, como foi 
o caso da crise de 1929 e, em menor medida, da crise financeira de 2008. 
Marx, de todos os economistas clássicos, foi quem estudou com mais pro-
fundidade o funcionamento de uma economia capitalista, como atesta 
sua principal obra, O Capital. Isso se deve, sobretudo, a dois motivos. 
Primeiramente, Marx escreveu no século XIX, quando o capitalismo 
industrial, já consolidado, caminhava para uma nova fase, com maior 
concentração do capital e maior interligação entre capital produtivo e 
financeiro. Smith, que viveu um século antes, ainda no início da revolu-
ção industrial, não tinha como analisar esse capitalismo — que é mais 
próximo da nossa realidade atual. Marx pôde se beneficiar do muito que 
foi escrito sobre o funcionamento do capitalismo, inclusive o que os de-
mais economistas clássicos escreveram.
O segundo motivo é a necessidade de se conhecer o adversário se 
você quer vencê-lo, e esse era o objetivo de Marx. Com relação ao capita-
lismo, Marx tinha, ao mesmo tempo, admiração e ódio. 
Para Marx, a burguesia — e, portanto, o capitalismo — era profunda-
mente injusta, pois explorava a população, em especial os operários, e 
por isso deveria ser derrubada. Nesse sistema os ricos ficariam cada vez 
mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 
Derrotado o capitalismo, seria implantada uma economia cujos 
meios de produção seriam propriedade do governo (socialismo). Sendo 
bem sucedida a implantação do socialismo, se alcançaria o comunismo,que seria uma sociedade igualitária, sem classes e sem governo. 
Para Marx, o colapso do capitalismo era inevitável por dois motivos: 
pressão dos operários explorados (luta de classes) e as contradições in-
ternas do funcionamento próprio do capitalismo. Essa é a razão pela 
qual Marx é sempre lembrado em épocas de grandes crises do capitalis-
mo, como em 1929 e 2008. 
AUTOR
Karl Marx 
Karl Heinrich 
Marx (1818 - 
1883) foi fun-
dador da doutri-
na comunista 
moderna, e de-
nomina-se mar-
xismo o conjun-
to de ideias e teorias dele, as quais você 
verá de forma mais extensa durante 
este capítulo.
 
COMENTÁRIO
Admiração
No Manifesto do Partido Comunista, che-
ga a afirmar que a burguesia, durante seu 
domínio de classe, apenas secular, criou 
forças produtivas mais numerosas e mais 
colossais que todas as gerações passa-
das em conjunto (Marx e Engels, 1848). 
COMENTÁRIO
Socialismo 
Na época de Marx, o socialismo era ne-
cessariamente revolucionário e incom-
patível com o capitalismo. Posterior-
mente o movimento socialista se dividiu 
entre socialistas revolucionários e não 
revolucionários (reformistas), que luta-
vam por um regime capitalista com mais 
justiça social, incorporando algumas 
ideias socialistas. Essa última corrente, 
também chamada de Social Democrata, 
acabou predominando na Europa.
 
capítulo 2 • 35
REFLEXÃO
Esses eventos de crise sempre nos recordam de que as economias de mercado (ca-
pitalismo) não funcionam bem e isso pode acarretar consequências sociais sérias, tal 
como índices elevados de desemprego. 
Se as economias de mercado não funcionam adequadamente, os 
marxistas diriam: não seria o caso de mudar de sistema e implantar o so-
cialismo? As economias de mercado têm sobrevivido às suas crises com 
base em reformas e intervenção do governo. Por outro lado, as econo-
mias ditas comunistas e seguidoras das ideias de Marx, fracassaram em 
maior ou menor grau. A China é um sucesso econômico, mas pode-se di-
zer que a China é um país comunista? Com certeza não. Apesar de vários 
países terem se intitulado comunistas — como a antiga União Soviética 
—, nunca se alcançou o comunismo conforme concebido por Marx.
O maior legado de Marx é pouco associado ao seu nome. Suas pre-
visões fracassaram, mas seus ideais contribuíram para mudar o capita-
lismo ao fortalecer os sindicatos e ao levar à criação de partidos de es-
querda. Como consequência, estas instituições levaram os governos de 
diferentes matizes políticas a adotarem políticas sociais. 
O chamado Estado de Bem-Estar, no qual as políticas sociais tor-
nam-se mais abrangentes e articuladas, surge na Inglaterra depois da 
Segunda Guerra Mundial, por iniciativa do Partido Trabalhista, um 
partido de esquerda moderado. Esse modelo é atualmente adotado, 
em maior ou menor grau, por muitas economias, no Brasil inclusive. 
Uma prova de que o capitalismo mudou é o apoio à existência de po-
líticas sociais, que é hoje um consenso no espectro político. Pode-se dis-
cutir que tipo de política e qual sua extensão, mas não sua necessidade e 
importância em distintas áreas. 
REFLEXÃO
Por exemplo, hoje é consenso que a Educação Básica deve ser gratuita, e que o 
trabalho de crianças em fábricas deve ser proibido. Essas são duas das propostas de 
Marx e Engels no Manifesto Comunista. O tempo mostrou que políticas educacionais 
e de proteção às crianças eram necessárias, e que não é preciso um governo revolu-
cionário que queira implantar o comunismo para colocá-las em prática.
A reação alemã
Friedrich List, jornalista e político, foi um dos críticos das ideias de 
Adam Smith na Alemanha. Muitas vezes quando se aborda a história 
do pensamento econômico, seu nome não é lembrado. No entanto, List 
COMENTÁRIO
Políticas sociais
As políticas sociais são as voltadas 
para a melhoria das condições de vida 
da população. Otto Bismarck, primeiro-
ministro do império alemão no final do 
século XIX, um político conservador e 
visionário, adotou uma gama de pro-
gramas sociais — pensões, aposenta-
dorias, auxílio-desemprego, seguro de 
acidentes de trabalho, dentre outros 
— por conta do crescimento dos parti-
dos de esquerda, notadamente o Social 
Democrata. 
 
COMENTÁRIO
Friedrich List 
Friedrich List (1789-1846) defendia a 
tese de que as empresas nacionais não 
conseguiriam se desenvolver se o mer-
cado já estivesse ocupado por empresas 
de países estrangeiros economicamente 
mais avançados. Nessas circunstâncias, 
para ele, justificava-se um protecionismo 
educador, com a finalidade de proteger, 
por um período de tempo, o mercado 
nacional para assegurar a consolida-
ção das indústrias nacionais, ou seja, 
para que tivessem condições análogas 
para disputar mercados num ambiente 
de livre concorrência. List morou mui-
to tempo nos EUA, e até se naturalizou 
americano, onde políticas protecionistas 
eram defendidas desde o século XVII por 
Alexander Hamilton (Secretário do Te-
souro de George Washington, o primeiro 
presidente dos EUA), e começaram a ser 
adotadas em 1789.
 
36 • capítulo 2
tem especial importância para nós, que vivemos na América Latina, pois 
sua principal obra — O Sistema Nacional de Economia Política, de 1841 
— teve grande influência no pensamento da Cepal — Comissão Econô-
mica para a América Latina e o Caribe. As ideias de List serviram de base 
para concepção das Zollvereins — uniões aduaneiras que criaram zonas 
de livre comércio entre os vários reinos independentes da Alemanha.
ATENÇÃO
Adam Smith seria inteiramente contra medidas protecionistas, pois representavam 
uma intervenção indevida do governo no livre mercado, onde não devia haver favo-
recimento. Que na disputa entre empresas, valha a livre concorrência, e que vença 
o melhor, sem privilégios para ninguém, diria Smith (e muitos pensam assim hoje). 
A questão é que se não houver algum tipo de proteção, a disputa será 
sempre David e Golias, ou seja, muito desequilibrada. Isso significa que 
a Inglaterra, que foi o primeiro país a passar por uma revolução indus-
trial, tinha uma enorme vantagem sobre seus concorrentes. Os países 
deveriam abrir mão de se industrializar e aceitar que produtos manufa-
turados deveriam ser comprados da Inglaterra? 
Os EUA responderam negativamente a essa pergunta e adotaram po-
líticas protecionistas, sendo esse um dos motivos pelos quais esse país 
se tornou uma grande potência. Por sinal, se David Ricardo fosse anali-
sar a economia dos EUA no início do século XIX, diria que o país deveria 
se especializar na produção de algodão e outros produtos agrícolas, e 
importar manufaturados da Inglaterra.
RESUMO
Políticas protecionistas visam proteger um setor econômico, normalmente a indús-
tria, no caso da América Latina, e, para esse fim, fazem uso de medidas que deses-
timulam ou impedem a importação de produtos concorrentes. Isso pode ser feito, 
por exemplo, por meio da criação de cotas de importação, impostos elevados sobre 
importados, câmbio desfavorável para a importação. 
Caso a política do governo vise não só proteger, mas também desen-
volver um setor, serão adotadas medidas de política industrial. Essas 
medidas objetivam estimular a produção local, por meio, por exemplo, 
de: crédito em condições favoráveis; isenção de impostos; câmbio favo-
rável para importação de insumos e máquinas necessárias para o de-
senvolvimento do setor. 
No início do século XIX, o que hoje chamamos de Alemanha não 
existia e, em seu lugar, havia um conjunto de pequenos países (reinos). 
Foi criada, em 1833, uma união aduaneira (Zollverein) entre esses paí-
ses, que

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