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CENTRO PAULA SOUZA ETEC RAPOSO TAVARES Técnico em Química CARLOS HENRIQUE ALVES DA SILVA ANASTÁCIO DE LIMA EDIJANE LUNGUINHO DANTAS FREDDY DE ALMEIDA DOURADO JULIA MARA DE SOUSA EMIDIO DOS SANTOS LUANA COSTA DE OLIVEIRA TATIANE CARVALHO CONFESSOR DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM AMPOLAS VITAMÍNICAS PARA CABELO E SUA EFICIÊNCIA São Paulo 2015 CARLOS HENRIQUE ALVES DA SILVA ANASTÁCIO DE LIMA EDIJANE LUNGUINHO DANTAS FREDDY DE ALMEIDA DOURADO JULIA MARA DE SOUSA EMIDIO DOS SANTOS LUANA COSTA DE OLIVEIRA TATIANE CARVALHO CONFESSOR DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM AMPOLAS VITAMÍNICAS PARA CABELO E SUA EFICIÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em Química da Etec Raposo Tavares, orientado pela Prof.ª Ms. Renata Pinho da Silva, como requisito parcial para obtenção do título de técnico em química. São Paulo 2015 Ficha de Catalogação Bibliográfica LIMA, Carlos Henrique Alves da Silva Anastácio de; DANTAS, Edijane Lunguinho; DOURADO, Freddy de Almeida; SANTOS, Julia Mara de Sousa Emidio dos; OLIVEIRA, Luana Costa de; CONFESSOR, Tatiane Carvalho. Determinação do ácido ascórbico em ampolas vitamínicas para cabelo e sua eficiência; Orientação: Prof.ª Ms. Renata Pinho da Silva. São Paulo, 2015. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado a Etec Raposo Tavares, como requisito parcial para habilitação de Técnico em Química. CARLOS HENRIQUE ALVES DA SILVA ANASTÁCIO DE LIMA EDIJANE LUNGUINHO DANTAS FREDDY DE ALMEIDA DOURADO JULIA MARA DE SOUSA EMIDIO DOS SANTOS LUANA COSTA DE OLIVEIRA TATIANE CARVALHO CONFESSOR DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM AMPOLAS VITAMÍNICAS PARA CABELO E SUA EFICIÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em Química da Etec Raposo Tavares, orientado pela Prof.ª Ms. Renata Pinho da Silva, como requisito parcial para obtenção do título de técnico em química. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ 1. Prof.ª Dr. Iolanda Midea Cuccovia ________________________________________ 2. Prof.ª Ms. Renata Pinho da Silva ________________________________________ 3. Prof.ª Dr. Robson Pinho da Silva São Paulo 2015 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, e aos nossos familiares. Á todos os professores que estiveram conosco no decorrer de todo o curso sem exceção de nenhum, pelo passar do aprendizado, conhecimento e paciência conosco. Aos nossos colegas de classe que estiveram presente no decorrer de todo curso, aos integrantes que também fizeram parte deste grupo Laudelino e Maxwel. Á orientadora do nosso trabalho a Profª Ms. Renata Pinho da Silva por estar presente do nosso lado sempre que possível, pois sem seu apoio a realização deste trabalho não seria possível. As professoras Nalva Tomaz e Jaquelini Ruffo de microbiologia. Ao chefe de laboratório do Centro Técnico de Elaboração do Vidro (CETEV) situado na empresa Saint Gobain Vidros S/A, o senhor Marcos Henrique Gibim por permitir a utilização do equipamento espectrofotômetro para realização de nossas análises. Ao analista da equipe do CETEV Vinicius Tadeu Ribeiro pela colaboração com a espectrofotometria e também ao analista do CETEV Luiz Roberto Frozza. Á Iolanda Midea Cuccovia que disponibilizou seus recursos literários e laboratoriais para analises microscópicas no Instituto de Química da Universidade de São Paulo, ao especialista em microscopia eletrônica Alfredo Duarte. Á André Bianchi, representante da empresa Dermabel por contribuir com amostras para as análises. A todas as demais pessoas que direta ou indiretamente tornaram a realização deste trabalho possível. “Nossos planos de vida não são para passarmos à frente de outros, mas para passarmos adiante de nós mesmos.” SRI SATHYA SAI BABA “E quando você pensar em desistir lembre-se dos motivos que ti fizeram aguentar até agora”. SHARPIE THOUGHTS RESUMO As ampolas vitamínicas para cabelo foram criadas a fim de proporcionar tratamentos específicos para cada tipo de cabelo visando obter-se resultados rápidos, pois em seu interior possuem uma grande concentração de determinadas vitaminas e nutrientes capazes de hidratar os cabelos, e ajudar a suprir a falta de algumas substâncias. Neste trabalho especificamente, foram exploradas as ampolas que continham o ácido ascórbico (vitamina C), um poderoso antioxidante presente no extrato glicólico de acerola que aplicado nos cabelos por meio de cosméticos tem função de nutrir os fios profundamente e é indicado para mulheres com cabelos muito secos. Este trabalho visou-se determinar a presença de Ácido Ascórbico em ampolas vitamínicas para cabelo por meio de metodologias de análises quantitativas. Foram empregadas as técnicas de idiometria e espectrofotometria UV/visível para quantificação e determinação de sua concentração. Para verificar a eficiência do produto, foram realizadas análises microscópicas em amostra de cabelo antes e após o uso da ampola. Com análises minuciosas e métodos efetivos, o grupo visou comparar os resultados obtidos nas diferentes metodologias quantitativas, determinando a concentração de ácido ascórbico presente na ampola. Os resultados apresentaram uma pequena quantia de ácido ascórbico nas metodologias quantitativas, e as análises microscópicas apontaram a inércia do produto quando aplicado no cabelo. Este trabalho está destinado para fins acadêmicos, sendo assim o grupo não pretende denegrir a imagem de qualquer empresa e/ou produto por meio deste. Palavras chaves: ampolas vitamínicas, ácido ascórbico (vitamina C), idiometria, espectrofotometria UV/visível, cabelo, microscopia eletrônica de varredura (MEV) ABSTRACT The vitamin ampoules for hair were created to provide specific treatments for each type of hair in order to get results fast, because within it have a large concentration of certain vitamins and nutrients able to moisturize the hair and help fill the gap of some substances. In this work specifically, ampoules containing ascorbic acid will be explored (vitamin C), a powerful antioxidant present in glycolic extract of acerola that applied to us through cosmetic hair has function of nourishing the wires deep and is suitable for women with hair too dried. This study aims to determine the presence of ascorbic acid in vitamin ampoules for hair by quantitative chemical analysis. The iodometry techniques and ultraviolet spectrophotometry (UV) to quantify and determine its concentration were employed. To verify efficiency product, microscopic analyzes were performed on hair sample before and after use of the ampoule. With detailed analysis and effective methods, the group aims to compare the output of different quantitative methodologies, determining the concentration of ascorbic acid present in the vial. The results showed a small amount of ascorbic acid in quantitative methodologies, and microscopic analisys showed the inertia of the product when applied to the hair. This work is intended for academic purposes,therefore the Group does not intend to tarnish the image of any company and / or product through this. Key words: vitamin ampoules, ascorbic acid (vitamin C), iodometry, spectrophotometry UV/vis, scanning electron microscopy (SEM), ning electron microscopy (SEM). LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Estrutura química do ácido ascórbico ............................................. 11 FIGURA 2 - Equilíbrio entre o ácido ascórbico e sua forma oxidada ................ 12 FIGURA 3 - Ampolas vitamínicas para cabelo ..................................................... 15 FIGURA 4 - Amostra de um cabelo saudável, com escamas abertas e degradado ............................................................................................................... 17 FIGURA 5 - Morfologia e estrutura macromolecular do cabelo ......................... 18 FIGURA 6 - Ponte dissulfeto na cisteína e pontes de Hidrogênio entre as cadeias de polipeptídeos ....................................................................................... 20 FIGURA 7 - Esquema comparativo entre (A) microscopia óptica e (B) microscopia eletrônica de varredura .................................................................... 21 FIGURA 8 - Região dos comprimentos de onda .................................................. 24 FIGURA 9 - Esquema de funcionamento de um espectrofotômetro .................. 26 FIGURA 10 - Esquema de funcionamento espectrofotômetro de monofeixe e duplo feixe. .............................................................................................................. 27 FIGURA 11 - Erlenmeyer tampado e envolvido com papel alumínio ................. 37 FIGURA 12 - Bureta envolvida com papel alumínio ............................................ 37 FIGURA 13 - Soluções contendo ácido ascórbico pós-titulação ....................... 37 FIGURA 14 - Soluções contendo a amostra de ampola pós-titulação ............... 38 FIGURA 15 - Coloração inicial da solução contendo amostra da ampola ......... 38 FIGURA 16 - Coloração da solução contendo a amostra da ampola pós- titulação ................................................................................................................... 39 FIGURA 17 - Componentes presentes na ampola além do ácido ascórbico - ... 41 FIGURA 18 - Sobreposição dos espectros de absorção na região do UV/Visível das soluções de ácido ascórbico de contrações de 1,0 ppm à 5,0 ppm em água deionizada ............................................................................................................... 44 FIGURA 19 - Sobreposição dos espectros de absorção na região do UV/Visível com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração dos valores de absorbância encontrados .................................................................... 45 FIGURA 20 - LAMBDA 750 UV/Vis/NIR – instrumento aonde foi realizado as análises ................................................................................................................... 45 FIGURA 21 - Curva analítica de absorbância UV/Visível do ácido ascórbico em função da concentração em ppm ......................................................................... 46 FIGURA 22 - Espectro de absorção no UV/Visível da ampola vitamínica diluída dez vezes em água deionizada com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração do valor de absorbância encontrado ...................... 47 FIGURA 23 - Sobreposição dos espectros da ampola diluída dez vezes e ampola fortificada com ácido ascórbico padrão em 1,0 ppm e 2,0 ppm, na região 30 UV/Visível com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração dos valores de absorbância encontrados ................................... 48 FIGURA 24 - Curva de extrapolação ..................................................................... 49 FIGURA 25 - Cabelo étnico sem tratamento - imagem obtida no MEV .............. 51 FIGURA 26 - Amostra de cabelo analisada – imagem obtida no MEV ............... 51 FIGURA 27 - Cabelo étnico no MEV – imagem obtida no MEV ........................... 52 FIGURA 28 - Amostra com tratamento da ampola 1 – imagem obtida no MEV 53 FIGURA 29 - Amostra com tratamento da ampola 2 – imagem obtida no MEV 53 FIGURA 30 - Amostra com tratamento da ampola 3 – imagem obtida no MEV 54 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 1.1 Um pouco da história da vitamina C e estudos do seu benefício .............. 13 1.2 Ampolas vitamínicas de vitamina C e seu benefício no cabelo ................... 15 1.2.1 Cosmetologia e cosméticos ....................................................................... 16 1.3 Cabelo ............................................................................................................... 17 1.3.1 Morfologia do cabelo ................................................................................. 18 1.3.2 Fisiologia do cabelo .................................................................................... 19 1.3.3 Nutrição do cabelo ..................................................................................... 19 1.3.4 A química do cabelo ................................................................................... 20 1.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................................... 21 1.5 Determinação do ácido ascórbico ................................................................... 22 1.5.1 Volumetria de oxi-redução idiometria ....................................................... 22 1.5.2 Fontes de erro da idiometria ..................................................................... 23 1.5.3 Determinação do ponto final ..................................................................... 23 1.5.4 Espectrofotometria ..................................................................................... 24 1.5.5 Espectrofotômetro ..................................................................................... 25 1.6 Objetivos ............................................................................................................ 28 1.6.1 Objetivos gerais .......................................................................................... 28 1.6.2 Objetivos específicos ................................................................................. 28 2.0 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 29 2.1 Determinação do ácido ascórbico: titulação por idiometria ......................... 29 2.1.2 Materiais, solventes, reagentes ................................................................ 29 2.1.3 Equipamentos ............................................................................................. 29 2.1.4 Preparo das soluções ................................................................................ 29 2.1.5 Metodologia ................................................................................................. 30 2.1.6 Procedimento com ácido ascórbico ......................................................... 30 2.1.7 Procedimento com ampola vitamínica ..................................................... 31 2.1.8 Procedimento com ampola vitamínicafortificada ................................... 31 2.2 Determinação do ácido ascórbico a partir da espectrofotometria UV/vis ... 32 2.2.1 Materiais, solventes, reagentes ................................................................ 32 2.2.2 Equipamentos ............................................................................................. 32 2.2.3 Metodologia ................................................................................................ 32 2.2.4 Parâmetros .................................................................................................. 32 2.2.5 Construção da curva analítica .................................................................. 33 2.2.6 Varredura da amostra e da amostra fortificada com ácido ascórbico ... 34 2.3 Verificação da eficiência da ampola vitamínica no MEV ............................... 35 2.3.1 Materiais e reagentes ................................................................................. 35 2.3.2 Equipamentos ............................................................................................. 35 2.3.3 Metodologia ................................................................................................ 35 3.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 36 3.1 Volumetria de oxi-redução: idiometria ........................................................... 36 3.1.1 Tratamento estatístico .................................................................................. 42 3.2 Espectrofotometria UV/Vis .............................................................................. 44 3.3 Comparativo das metodologias quantitativas ............................................... 50 3.4 Verificação da eficiência da ampola vitamínica no MEV ............................... 51 4.0 CONCLUSÃO .................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 56 11 1.0 INTRODUÇÃO Em meados da década de 1990 começou o surgimento das chamadas “ampolas para cabelo” que também podem ser chamadas de vitaminas capilares ou ampolas vitamínicas. Essas ampolas são pequenos frascos que em seu interior possuem uma grande concentração de determinadas vitaminas e nutrientes capazes de nutrir, dar brilho, maciez e hidratar os cabelos, e ajudar a suprir a falta de algumas vitaminas, por conta da má alimentação decorrente da correria do cotidiano, dentre elas a vitamina C. A vitamina C é um nutriente importante para o metabolismo do ser humano, pois o organismo não fabrica a vitamina C, a qual é obtida pelos alimentos e suplementos vitamínicos e a falta dessa no organismo pode causar uma série de doenças, o escorbuto, e também aumenta a propensão a doenças. A carência severa torna o organismo vulnerável a doenças mais graves, como por exemplo, o escorbuto (ANDRADE et al. 2002). O composto ácido ascórbico é hidrossolúvel, tem sua forma em sólido cristalino de cor branca, sendo pouco solúvel em solventes orgânicos e um poderoso antioxidante. Essa vitamina, conhecida como vitamina antiescorbuto, desempenha diversas funções no metabolismo (BALOGH, 2011). De acordo com Vannuchi e Rocha (2012) o ácido ascórbico é um composto hidrossolúvel [...] que corresponde a uma forma oxidada da glicose, C6 H8 O6 (176,13 g/mol), sendo uma alfacetolactona de seis átomos de carbono, formando um anel lactona com cinco membros e um grupo enadiol bifuncional com um grupo carbonilo adjacente. Não pode ser sintetizada por seres humanos e primatas. Figura 1: Estrutura química do ácido ascórbico. O O HO OH OH OH 12 O ácido ascórbico se caracteriza por sua instabilidade por ser facilmente oxidada, tornando-a um bom agente antioxidante. A primeira etapa de sua oxidação é facilmente reversível e produz o ácido desidroascórbico (Figura 2), esta reação ocorre na presença de oxigênio e catalisador. O ácido desidroascórbico, forma oxidada da vitamina C, apresenta 75-80% da atividade do ácido ascórbico (ARANHA et. al., 2000; FIORUCCI et. al., 2003) Figura 2: Equilíbrio entre o ácido ascórbico e sua forma oxidada. O O HO OH OH OH O O O O OH OH + 2H + 2e Ácido L-ascórbico Ácido desidoascórbico Nas ampolas vitamínicas o ácido ascórbico é proveniente do extrato glicólico de acerola. A acerola de nome científico Malpighia glabra L., é originária da região das Antilhas, norte da América do Sul e América Central e sua planta produz frutos avermelhados que são ricos principalmente em vitamina C, entre outras substâncias. O teor de vitamina C da acerola varia de 1000 a 4000 mg/mL de polpa (BALOGH, 2011). A acerola tende a agir na prevenção de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento como hipertenção e câncer, assim como apresenta propriedades antifúngica e antioxidante sendo a última importante para indústria farmacêutica e cosmética (BALOGH, 2011). Este trabalho visou-se determinar a presença de ácido ascórbico em ampolas vitamínicas para cabelo mediante análises quantitativas por meio de uma metodologia clássica, a idiometria, e outra instrumental, pela espectrofotometria UV/Visível, e verificou-se sua eficácia mediante a análises de amostras de cabelo pela microscopia de varredura eletrônica (MEV) na fibra do cabelo, com objetivo de visualizar a ação da ampola no cabelo. 13 1.1 Um pouco da história da vitamina C e estudos do seu benefício Estudos comprovam que a vitamina C é um grande suprimento para o corpo humano. Essa necessidade surgiu através de uma pesquisa, no qual relatava que durante as aventuras transoceânicas, os homens não se alimentavam bem, comiam charque bovino e carne de porco, pão e rum, não tendo a dieta adequada com frutas e verduras e legumes. E por esse motivo surgiu à doença chamada escorbuto que entre outros sintomas, provoca o comprometimento das articulações, provoca inflamações das gengivas, perdas de dentes, hemorragias e rompimentos dos vasos sanguíneos e a perda de cabelo. Assim ocorreram muitas mortes dos indivíduos durante as navegações (FEJES et al., 2003; FIORUCCI et. al., 2003).. Depois de quase 200 anos, em 1932, o Dr. Irwin Stone (1909-1984), descobre que o ácido ascórbico é antioxidante, agente de preservação dos alimentos, ou seja, sem ainda relacioná-lo à prevenção do escorbuto. Após essa pesquisa o Dr. Albert Szent-Györgyi (1893-1986), bioquímico em Budapeste (Hungria), fez pesquisa a partir da páprica no qual havia isolado o que chamou de ácido “hexurônico”. Ao tomar conhecimento dos estudos de Stone, verificou tratar-se da mesma substância, o ácido ascórbico (MANCHESTER, 1998; ARANHA et al., 2001; HIRST et al., 1933; FEJES et al., 2003; FIORUCCI et al., 2003). 937. O ácido ascórbico tornou-se muito conhecido desde que Linus Pauling iniciou a campanha em favor de megadoses diárias de vitamina C a fim de diminuir o número e a severidade dos resfriados e para tratar doenças como o câncer (Leite et al., 2003; Fejes et. al., 2003; BARRET, 2005; Ferreira, 2004). Verificando o estudo do pesquisador Klenner, Stone conclui que os seres humanos realmente necessitam doses diárias de Vitamina C muito acima do que estabelecido, considerado adequado pelos médicos e nutricionistas. E, assim, passou a se dedicar mais profundamente ao assunto. Pesquisadores observaram que através de uma boa dieta pode-se prevenira doença do escorbuto, utilizando na alimentação batatas, brócolis, cenoura, couve, caju, abacaxi, maça, manga, tomate, morango, laranja, limão e acerola entre outros, alimentos esses que são ricos em vitamina C. De acordo com a COUTER, BURRESON (2006), a dose diária recomendada de vitamina C para um adulto 14 [...] é geralmente estabelecida em 45 miligramas diária, mais ou menos a que está presente numa laranja pequena. Essa dose variou ao longo do tempo e em diferentes países, o que talvez indique que não compreendemos o papel fisiológico completo dessa molécula nem tão simples. Concorda-se em geral que uma dose diária mais elevada é necessária durante a gravidez de 55mg e 70mg para lactantes. A dose diária mais alta não especificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a recomendada para os idosos, porque na velhice frequentemente a ingestão de vitamina C é reduzida em consequência de uma dieta pobre ou por falta de interesse em cozinhar e comer. Registram-se casos de escorbuto entre idosos em nossos dias. A ANVISA (2005) recomenda doses diárias de vitaminas para cada fase etária. 15 1.2 Ampolas vitamínicas de vitamina C e seu benefício no cabelo Buscando uma melhor nutrição, hidratação e crescimento para os cabelos foram feito as ampolas de vitamínicas. As ampolas de vitaminas são diversas, cada tipo para uma necessidade que o cabelo precisa e tipo de cabelo específico. Segundo a organização Saúde e Beleza (2013) as ampolas utilizadas em tratamentos capilares [...] são pequenos frascos que contém uma substância poderosa capaz de revigorar o cabelo durante o banho. Cada fabricante possui uma fórmula específica, mas todos com a mesma finalidade: hidratar, nutrir e embelezar os cabelos que foram danificados por processos químicos, pelo uso exagerado de secadores e chapinhas ou mesmo pelo tempo e a mudança de estações. Figura 3: Ampolas vitamínicas para cabelo. Fonte: Saúde e Beleza (2013) As ampolas agem nos fios com a finalidade de hidrata-los, de dar um bom crescimento e de repor vitaminas que os cabelos necessitam. Existem diversos tipos de ampolas de cabelo: as de limpeza, de hidratação e as de reconstrução do couro cabeludo. O fio de cabelo é composto por uma camada externa, a cutícula, uma porção intermediária o córtex e outra interna, a medula. As ampolas de tratamento penetram entre essas partes, regenerando a forma dos fios e melhorando a resistência deles. O cabelo necessita de cuidados e nutrientes, para ter um bom crescimento e uma boa hidratação, principalmente nos cabelos secos, que é utilizado à vitamina C. A ampola para cabelo de vitamina C tem a finalidade no tratamento dos cabelos secos, por conta da própria ser um poderoso antioxidante sendo ideal para 16 a nutrição dos fios. Outros benefícios da vitamina C no cabelo: diminui o pH das madeixas e faz com que as cutículas se fechem, protege os fios, combate a descamação, elimina resíduos por ser ácida. 1.2.1 Cosmetologia e cosméticos Denomina-se cosmetologia a ciência que estuda os produtos cosméticos, desde o preparo até a comercialização de determinado produto. Tende a ser mais focada no estudo referente a cosméticos, pois seu principal papel é saber a natureza física, química e biológica e microbiana de cada produto. A história da cosmetologia surgiu há muitos séculos atrás, no Egito. Nas tumbas com cerca de 5000 anos A.C, foram encontradas matérias usados para fins cosméticos. De acordo com TREVISAN (2011) os antigos egípcios também usavam [...] extratos vegetais, como a henna. Eles tinham caixas de toalete para guardar seus cosméticos, e enterravam os faraós junto com seus cremes e poções de beleza. No sarcófago de Tutankhamon (1400 a.C.) foram encontrados cremes, incenso e potes de azeite usados na decoração e no tratamento. No Egito a rainha Cleópatra foi a pioneira a representar a cosmetologia pelos cuidados cosméticos. A Grécia por volta de 400 A.C utilizavam regras para banhos, higiene corporal e procedimentos cosméticos. Roma sabendo do conhecimento da civilização grega e egípcia sobre cosmetologia proporcionou um grande avanço no mundo dos cosméticos (BRENNER E FERRARI, 2011). A partir do avanço de pesquisas o benefício provocado pelos cosméticos ganha uma importância fundamental, aliado ao uso de produtos da natureza e de forma ecológica e correta. A indústria cosmética de hoje cria produtos que colorem, tratam, limpam, perfumam, protegem a pele e os cabelos (TREVISAN, 2011). Resumidamente os cosméticos são substâncias, misturas ou formulações usadas para melhorar ou para proteger a aparência ou o odor do corpo humano (GALEMBECK, CSORDAS, 2009). Geralmente são subdivididos nas categorias: produtos para higiene, cosméticos, perfumes e produtos para bebês. 17 1.3 Cabelo O cabelo está presente em 80% da superfície do corpo e tem a função de proteger, adornar e atua também como isolante térmico, protegendo da radiação ultravioleta dos raios solares através da melanina presente na fibra do cabelo mais precisamente no córtex (SILVA, 2012). Cientificamente o cabelo vem sendo amplamente estudado em diversas áreas como: Toxicologia forense nos crimes envolvendo uso de entorpecentes; Na identificação humana; No estudo de contaminação por metais pesados, como chumbo, mercúrio, entre outros; Investigação nutricional e dietas; Toxicologia e ação química de produtos para cabelo; Na medicina, o uso de produtos para cabelo e a relação de surgimento de novas patologias; Na arqueologia, verificando significado do cabelo para a época, na nutrição, e elementos contaminantes da época; A ciência que estuda o cabelo se denomina Tricologia. A palavra Tricologia - do grego thricos (cabelos) + logos (estudo) é um ramo da ciência que principiou a organizar-se na Inglaterra em 1902. Seus conhecimentos permitem solucionar muitos dos problemas dos cabelos e do couro cabeludo, contribuindo para a qualidade da vida humana. Tricologia é a ciência que estuda e trata as patologias que cometem os fios, pelos ou cabelos: Trico= Fio + Logia = Estudo (CORREIA, 2010). Figura 4: Amostra de um cabelo saudável, com escamas abertas e degradado. Fonte: SILVA, 2012 18 1.3.1 Morfologia do cabelo A morfologia do cabelo se divide em três partes: cutícula, córtex e medula. A cutícula é a parte mais externa do fio e é formada de cinco a dez camadas de células planas ou escamas sobrepostas que tem a finalidade de proteger o fio como uma barreira física. Quando a camada mais externa sofre algum tipo de agressão, por tintura alisamento ou qualquer outro tratamento invasivo, a cutícula perde suas características e sai assim o córtex fica exposta. Córtex aberto significa fios quebradiços (SILVA, 2012). O córtex representa a maior parte do fio, responsável pela resistência a brasão e elasticidade da fibra, está localizado ao redor da medula, no córtex contem a melanina pigmento responsável pela coloração do fio. A medula é a parte central geralmente não presente em bebês e idosos, mas presente em crianças e jovens e adulto. O fio sem medula é muito fino e parecido com a penugem que recobre o corpo humana, esse fio tem um tempo de crescimento muito curto. O fio de cabelo sem medula é muito fino parecido com um pelo, com ciclo de crescimento mais curto e o comprimento máximo alcançado é inferior ao fio de cabelo com medula (GERAS, 1990). Em média temos de oitenta mil a centoe cinquenta mil fios de bacelo no couro cabeludo e perdemos de cinquenta a cem fios por dia. Figura 5: Morfologia e estrutura macromolecular do cabelo. Fonte: SILVA, 2012 19 1.3.2 Fisiologia do cabelo A predisposição genética influencia em todos os fatores como cor, curvatura, textura, densidade, crescimento do cabelo e até mesmo espessura do fio que varia de alguns centésimos de milímetros até 0,03 mm nas barbas e sobrancelhas. Existem três tipos marcantes de cabelo, Oriental, Caucasiano e Afro (SILVA, 2012). O cabelo oriental e indígena tem de seis a treze camadas de cutícula sobreposta, o fio é mais espesso e por isso a massa do córtex é maior, consecutivamente se tem mais queratina e mais melanócitos, e por conta desses fatores o fio caucasiano e indígena é naturalmente mais escuro. O cabelo oriental é mais espesso e por isso apresenta maior massa no córtex, consequentemente maior quantidade de queratina, sendo por isso mais resistentes às agressões externas (SILVA, 2012). O cabelo afro tem de duas a cinco camadas de cutículas sobrepostas, e esse fator faz com que o fio se torne mais suscetível às agressões externas naturais como o ultravioleta proveniente do sol e assim mais frágil e propenso a quebra, mais sensível a tratamentos químicos como alisamento e tintura. O córtex com a massa reduzida, consecutivamente pouca massa proteica e pouca queratina tende a apresentar um fio fino. 1.3.3 Nutrição do cabelo Existe uma correlação direta entre o que comemos e a nossa saúde. Os alimentos são a fonte de energia e a matéria prima para manter em atividade nosso organismo e produzir os hormônios, as enzimas e as proteínas necessárias ao nosso desenvolvimento. Os cabelos compõem-se de 90% da proteína queratina que contêm na sua estrutura, 18 aminoácidos, 8% de água, lipídeos, pentoses, glicogênio e ácido glutâmico, e 2% dos minerais de ferro, cobre zinco, alumínio e cobalto (TRICOLOGIA, 2015). A queratina é o componente essencial do cabelo (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2012). O ressecamento é o primeiro sinal de que os cabelos estão desnutridos, sendo que a perda da umidade dos fios provoca uma diminuição da coesão entre as células, facilitando com que eles se quebrem. Qualquer fator do organismo que reduza a síntese de proteínas terá reflexo sobre o crescimento e desenvolvimento dos cabelos. Regimes radicais ou estados de desnutrição com falta de proteínas, vitaminas ou óleos essenciais aumentam o 20 número de folículos em fase de repouso, determinando o afinamento, a perda do brilho e a interrupção do crescimento dos fios (TRICOLOGIA, 2015). O ácido ascórbico em si, diminui pH das madeixas e faz com que as cutículas se fechem e ao fechar as cutículas e combater os radicais livres, deixa os cabelos prontos para receber colorações e alisamentos sem perigo. Além disso, mantém o efeito dos procedimentos químicos por mais tempo, já que evita o desgaste da fibra capilar. 1.3.4 A química do cabelo O cabelo tem sua composição química formada pela proteína chamada queratina, que é formada por: aproximadamente 45% de carbono, 28% de oxigênio, 15% de nitrogênio, 7% de hidrogênio, 7% de enxofre, 1% de fósforo (SANTOS, 2013). A queratina é uma proteína insolúvel, que cresce a partir de uma espécie de “bolsa” chamada folículo piloso. As células deste folículo são capazes de produzir queratina, e várias outras proteínas, que se tornam o fio de cabelo. Estas proteínas possuem átomos de enxofre, e quando dois destes dois átomos de enxofre se juntam, eles formam uma ligação de dissulfeto. Segundo Silva (2012), a queratina é uma proteína formada por aminoácidos unidos [...] entre si por ligações peptídicas difíceis de romper com estrutura em hélice, possui massa molar média da ordem de 10.000 g/ mol. Entre os 20 aminoácidos existentes na natureza, 18 estão presentes formando uma extensa estrutura polimérica condensada, conhecida como polipeptídeos, devido à ligação do grupo ácido de um aminoácido com o grupo amino do outro. As ligações de dissulfetos são as mais importantes do cabelo, pois são responsáveis pela estabilidade da fibra. Figura 6: Ponte dissulfeto na cisteína e pontes de Hidrogênio entre as cadeias de polipeptídeos. Fonte: VERMEULEN; BANHAM; BROOKS, 2000. 21 A Microscopia Eletrônica de Varredura é utilizada em várias áreas do conhecimento e a análise capilar é uma delas. A análise de amostras de cabelo na fração microscópica é uma importante ferramenta para observação da estrutura capilar. 1.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) O princípio de funcionamento do microscópio eletrônico de varredura (MEV) consiste na emissão de feixes de elétron primário, por um filamento capilar de tungstênio (eletrodo negativo), mediante a aplicação de uma diferença de potencial que pode variar de 0,5 a 30 kilovolts (kV). A finalidade do MEV é o detalhamento de superfícies das amostras e seu alcance pode chegar á 900.000 vezes. Uma amostra biológica necessariamente precisa de fixação para preservar sua estrutura, que é usualmente feita com a incubação da amostra em solução fixadora, como formaldeído. Para obter uma resolução melhor da amostra, a mesma pode ser recoberta com material condutor como ouro ou platina. As imagens são obtidas através de um feixe de eletros que passa por toda amostra fazendo uma breve varredura, e a diferença de topografia da amostra altera o padrão. dessa forma as depressões aparecem escuras e as elevações claras (CASTRO, 2002, MATERIAIS UFSC, MALISKA, 2012). Figura 7: Esquema comparativo entre (A) microscopia óptica e (B) microscopia eletrônica de varredura. Fonte: CASTRO, 2001 22 1.5 Determinação do ácido ascórbico 1.5.1 Volumetria de oxi-redução idiometria Os métodos volumétricos de análise que utilizam reações do tipo oxidação- redução dependem dos potenciais das semi-reações envolvidas no processo. Entretanto a existência de potenciais favoráveis não é a única condição para se ter uma titulação redox adequada, pois as reações envolvidas em tais processos são frequentemente, lentas. (BACCAN,1979) A adição em excesso de íons iodeto à solução de iodo forma-se o triideto, I2 + I I3- que é um agente oxidante: I3- + 2e- 3I- Usando- se como titulante uma solução padrão de iodo contendo excesso de iodeto, a perda de iodo por volatilização decresce apreciavelmente, principalmente se a análise for realizada sob-refrigeração, sendo que, o erro devido à alteração do título da solução padrão é tolerável. Uma alternativa é gerar o iodo durante a titulação. Isto é possível empregando-se como titulante uma solução padrão de iodato de potássio (padrão primário) em presença de excesso de iodeto (idiometria). Esta solução é estável e libera iodo em presença de ácido forte: IO3-+ 5I- + 6H+ 3I2 + 3H2O O iodo formado reage com a espécie redutora da amostra formando iodeto. No processo global, o número de oxidação do iodo varia de +5 (IO3-) para -1 (I), ou seja, são envolvidos seis elétrons. Como a titulação ocorre em meio ácido, o equilíbrio da reação de oxidação do ácido ascórbico a dehidroascórbico é deslocado no sentido da formação da vitamina C, o que diminui a oxidação da mesma pelo oxigênio do ar durante a titulação (JERÔNIMO, 2012). Para análises volumétricas evolvendo o iodato de potássio como titulante para a determinação de ácido ascórbico obtém-se a seguinte reação: 5KI- + KIO3 + 3H2SO4 3I2 + 3K2SO4 + 3H2O Nesta reação o ácido ascórbico passa a dehidroascórbico, pela ação oxidantedo iodo: I2 + C6H8O6 C6H6O6 + 2HI 23 1.5.2 Fontes de erro da idiometria Os métodos volumétricos de análise que utilizam reações do tipo oxidação- redução dependem dos potenciais das semi-reações envolvidas no processo. Entretanto a existência de potenciais favoráveis não é a única condição para se ter uma titulação redox adequada, pois as reações envolvidas em tais processos são frequentemente, lentas. Esta reação é muito lenta em meio neutro, mas sua velocidade aumenta com a diminuição do pH e é bastante acelerada pela exposição à luz, pela reação do iodeto com substâncias oxidantes presentes no meio e pela presença de substâncias que apresentem um efeito catalítico. A perda de iodo por volatização é evitada pela adição de um grande excesso de íons iodeto, os quais reagem com o iodo para formar íons triiodeto (BACCAN,1979). 1.5.3 Determinação do ponto final A solução de iodo em iodeto aquoso tem uma cor amarela intensa a castanha. Uma gota da solução de iodo 0,1000 N transmite uma cor amarela-pálida perceptível em 100 mL de água. Assim, em soluções que, de outro modo sejam incolores, o iodo serve como seu próprio indicador. O teste torna-se muito mais sensível com o uso de uma solução de amido como indicador. O amido reage com o iodo na presença de iodeto, formando um complexo de cor azul intensa, que é visível em concentrações mínimas de iodo. A sensibilidade da reação de cor é tal que uma cor azul é visível quando a concentração de iodo é 2 x 10-5 mol/L e a concentração de iodeto é maior do que 4 x 10-4 mol/L a 20°C (BACCAN,1979). 24 1.5.4 Espectrofotometria O conceito de Espectrofotometria baseia-se no processo que se utiliza luz, que tem como princípio a radiação eletromagnética transmitida ou absorvida por determinada amostra. A espectrofotometria baseia-se na medida de transmitância ou absorbância de uma radiação monocromática que atravessa uma solução contendo uma substância absorvente e na relação entre estas medidas e a concentração da espécie absorvente (ALMEIDA, 2012). É uma das mais valiosas técnicas analíticas instrumentais e amplamente utilizada em laboratórios científicos. Por meio da espectrofotometria, componentes desconhecidos de uma solução podem ser identificados por seus espectros característicos ao ultravioleta (UV), visível, ou infravermelho tanto quantitativa quanto qualitativamente. Cada um destes tem uma região do comprimento de onda como mostra a figura abaixo: Figura 8: Região dos comprimentos de onda. Fonte: MESQUITA, 2011 Quando a radiação entra em contato com a matéria, ocorrem transições eletrônicas ou excitação molecular. De acordo com as específicas quantidades de radiação absorvidas e emitidas, pode-se relacionar a absorbância com a concentração de cada substância que interagiu com a radiação e proporcionou a realização deste fenômeno. Essa energia absorvida pela substância em análise provoca a excitação dos elétrons do seu estado fundamental ou normal e estados de maior energia ou estado excitado, fenômeno conhecido como transição eletrônica (BECKETT e STENLAKE, 1988; SILVERSTEN et. al., 1994). Segundo Mendes (2009) quando um feixe de luz monocromática atravessa [...] uma solução com moléculas absorventes, parte da luz é absorvida pela solução e o restante é transmitido. A absorção de luz depende basicamente da concentração das moléculas absorventes e da espessura da solução – caminho óptico. 25 Porém todo este processo está fundamentado na Lei de Lambert Beer, que estabelece: “A absorbância é diretamente proporcional à concentração da amostra” (SANTOS, 2010). De acordo com Rocha e Teixeira (2004) a espectrofotometria é fundamentada [...] na lei de Lambert Beer, que é a base matemática para medidas de absorção de radiação por amostras no estado sólido, líquido ou gasoso, nas regiões ultravioleta, visível e infravermelho do espectro eletromagnético. A mesma pode ser expressa pela seguinte equação: A = ε.I.C A = Absorbância ε = Absortividade Molar I = Comprimento óptico C = Concentração Através da equação, ambos os fatores podem ser determinados. 1.5.5 Espectrofotômetro O primeiro espectrofotômetro foi inventado em 1940, pelo químico americano Arnold O. Beckman (1900 - 2004) e seus colegas dos Laboratórios de Tecnologias Nacionais, na empresa Beckman Coulter Inc., fundada em 1935. O líder do projeto foi o engenheiro americano Howard Cary (1908 - 1991) (P, 2010). O espectrofotômetro foi a maior descoberta da empresa. O instrumento espectrofotômetro basicamente, tem a função de medir a quantidade de luz através da radiação eletromagnética transmitida ou absorvida por determinado analito. Ele é usado para medir (identificar e determinar) a concentração de substâncias, que absorvem energia radiante, em um solvente (MARTINEZ, 2010). O espectrofotômetro é muito utilizado em laboratório para diversos tipos de análises. Os componentes do espectrofotômetro são a: Fonte de radiação: lâmpada de tungstênio (região do visível e infravermelho) e lâmpada de deutério (região do UV); Monocromador: funciona como um prisma, selecionando o comprimento de onda adequado; 26 Cubetas: geralmente são de quartzo ou vidro e se tem se a base de 1,0 cm. Região do visível (cubeta de vidro). Na região UV deve ser usado cubeta de quartzo por conta da de vidro absorver radiação UV; Detector: o detector é um dispositivo que detecta a fração de luz que passou pelo analito e transfere os dados obtidos da análise, para o visor ou computador acoplado ao aparelho. Figura 9: Esquema de funcionamento de um espectrofotômetro. Fonte: MARTINEZ, 2014 Ele trabalha com os parâmetros de absorbância e transmitância que respectivamente são a quantidade de luz absorvida pelo analito e a quantidade de luz que consegue passar através do analito. Quando um feixe de luz monocromática atravessa uma solução com moléculas absorventes, parte da luz é absorvida pela solução e o restante é transmitido (MENDES, 2009). Existem espectrofotômetro de monofeixe e duplo feixe. Alguns parâmetros diferenciam os dois tipos: Espectrofotômetro de feixe simples: para medição só é necessário inserir a amostra na cubeta, para que a radiação passe pela mesma; custo acessível, pois sistema não é muito complexo; Espectrofotômetro de duplo feixe: nesse tipo de instrumento, a luz é dividida em dois feixes antes de atingir a amostra; a fonte de luz emite somente um feixe, que ao passar pelo monocromador é divida em dois; um dos caminhos do feixe é utilizado para a referência e o outro para a amostra. 27 Figura 10: Esquema de funcionamento espectrofotômetro de monofeixe e duplo feixe. Fonte: PEREIRA, 2013 28 1.6 Objetivos 1.6.1 Objetivos gerais Determinar e quantificar a concentração de ácido ascórbico (vitamina C) em ampolas vitamínicas para cabelo e verificar a eficiência das mesmas. 1.6.2 Objetivos específicos - Realizar as análises quantitativas a partir dos métodos instrumental (espectrofotometria UV/Visível) e clássico (volumetria de oxi-redução idIometria), visando obter resultados significativos e comparar ambas as metodologias; - Verificar a eficiência das ampolas vitamínicas para cabelo a partir de análises feitas em amostras de cabelo no microscópico eletrônico de varredura (MEV).29 2.0 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Determinação do ácido ascórbico: titulação por idiometria Metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1995) que consiste em gerar o iodo na presença do ácido ascórbico pela reação do íon iodeto e iodato em solução ácida. 2.1.2 Materiais, solventes, reagentes Vidrarias usuais e volumétricas; Outros materiais: tela de amianto, suporte universal, cuba, dessecador, papel alumínio, saco plástico preto, rolha e peixinho; Ácido Ascórbico p.a 176,13 (Synth®); Iodato de potássio p.a 214 (Synth®); Iodeto de potássio p.a 166 (Synth®); Ácido sulfúrico p.a 98,8% (Synth®); Ampola vitamínica para cabelo de vitamina C; As vidrarias usadas: bureta (CIENTIFICA), balões volumétricos (VIDROLABOR) e pipetas (PYREX) foram calibradas e a água utilizada nas diluições foi deionizada; 2.1.3 Equipamentos Agitador magnético (LUCADEMA CIENTÍFICA, modelo 01/09 E) Balança analítica (GEHAKA, modelo AG 200) Estufa (BUNKER, modelo NT 513-i) 2.1.4 Preparo das soluções Ácido sulfúrico 20%: preparou-se a solução de ácido sulfúrico 20%, colocando umas 200 ml de água em um béquer de 600 mL, e adicionou-se cuidadosamente 102 mL de ácido sulfúrico. Por conta de acontecer uma reação exotérmica esperou-se a mesma esfriar e em seguida, transferiu-se para um balão volumétrico de 500 mL e completou-se o volume com água. Iodato de Potássio 0,0200 mol/L: secou-se o KIO3 a 120ºC por 2h em estufa. Em seguida colocou-se em um dessecador para esfriar. Deixou-se a balança analítica estabilizando por uma hora. Pesou-se precisamente 2,1400 g. Dissolveu-se com água, em um béquer agitando até completa dissolução. 30 Colocou-se em um balão volumétrico de 500 mL e completou-se o volume com água. Iodeto de Potássio a 10%: pesou-se 2,5 g de Iodeto de Potássio e dissolveu- se em água agitando até completa dissolução. Colocou-se em um balão volumétrico de 25 mL e completou-se o volume com água. Indicador de amido a 1%: pesou-se 1g de amido, colocou-se em um béquer. Adicionou-se um pouco de água fazendo uma pasta. Adicionou-se 100 mL de água e ferveu no Bico de Bunsen com auxílio de uma tela de amianto, até a solução ficar com um aspecto homogêneo. 2.1.5 Metodologia 2.1.6 Procedimento com ácido ascórbico Envolveu-se o erlenmeyer e a bureta com o papel alumínio a fim de se ter um maior abrigo de luz, por conta do iodato de potássio e o ácido ascórbico serem muito instáveis, minimizando assim a reação de ambos com a luz; Adicionou-se as 10 mL de ácido sulfúrico 20% e 1 mL de iodeto de potássio 10% no erlenmeyer contendo aproximadamente 0,1056g de ácido ascórbico que foi dissolvido em 25 mL de água deionizada e reservou-se por 5 minutos em cuba com gelo, cobertos pelo saco plástico preto; Adicionou-se a solução de iodato de potássio na bureta com capacidade de 25 mL que foi tampada; Retirou-se o erlenmeyer da cuba e adicionou-se 1 mL da solução de amido 1%, em seguida colocou-se sob agitação magnética e se iniciou a titulação; Observou-se o ponto final da titulação quando a coloração passava para azul, persistente por 30 segundos. Realizaram-se as titulações em triplicata; Para o teste em branco adicionou-se 10 mL de ácido sulfúrico 20%, 1 mL de iodeto de potássio 10% e 25 mL de água deionizada no erlenmeyer, e reservou-se por 5 minutos em cuba com gelo, cobertos pelo saco plástico preto; Retirou-se o erlenmeyer da cuba e adicionou-se 1 mL da solução de amido 1%, em seguida colocou-se sob agitação magnética e se iniciou a titulação. 31 Vale salientar que este teste em branco vale para todos os procedimentos seguintes; 2.1.7 Procedimento com ampola vitamínica Envolveu-se o erlenmeyer e a bureta com o papel alumínio. Adicionou-se 10 mL da solução de ácido sulfúrico 20%, 1 mL iodeto de potássio 10%, 25 ml de água deionizada e 2,8 mL da ampola vitamínica no erlenmeyer e reservou-se por 5 minutos em cuba com gelo, cobertos pelo saco plástico preto; Adicionou-se a solução de iodato de potássio na bureta com capacidade de 25 mL que foi tampada; Retirou-se o erlenmeyer da cuba e adicionou-se 1 mL da solução de amido 1%, em seguida colocou-se sob agitação magnética e se iniciou a titulação; Observou-se o ponto final da titulação quando mudou a coloração inicial, persistente por 30 segundos; Realizaram-se as titulações em triplicata; 2.1.8 Procedimento com ampola vitamínica fortificada Envolveu-se o erlenmeyer e a bureta com o papel alumínio; Adicionou-se 10 mL da solução de ácido sulfúrico 20%, 1 mL iodeto de potássio 10% e 2,8 mL da ampola vitamínica no erlenmeyer contendo aproximadamente 0,1056g de ácido ascórbico que foi dissolvido em 25 ml de água deionizada e reservou-se por 5 minutos em cuba com gelo, cobertos pelo saco plástico preto; Adicionou-se a solução de iodato de potássio na bureta com capacidade de 25 mL que foi tampada; Retirou-se o erlenmeyer da cuba e adicionou-se 1 mL da solução de amido 1%, em seguida colocou-se sob agitação magnética e se iniciou a titulação; Observou-se o ponto final da titulação quando mudou a coloração inicial, persistente por 30 segundos; Realizaram-se as titulações em triplicata; 32 2,2 Determinação do ácido ascórbico a partir da espectrofotometria UV/vis Metodologia tendo como referência de um trabalho realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Ceará referente à Espectrofotometria UV-VIS determinação de ácido ascórbico em efervescente comercial (FERNANDES, 2014). 2.2.1 Materiais, solventes, reagentes Água deionizada; Ácido ascórbico p.a 176,13 (Synth®); Ampola vitamínica para cabelo de vitamina C; Cubetas de quartzo de 1 cm de caminho óptico; Vidrarias usuais e volumétricas; 2.2.2 Equipamentos Espectrofotômetro UV/Visível LAMBDA 750 UV/Vis/NIR Spectrophotometer – PerkinElmer – PC, duplo feixe, acoplado à computador; Balança analítica e de precisão ADVENTURER® - OHAUS, capacidade 310g, precisão ±0,0001; 2.2.3 Metodologia 2.2.4 Parâmetros Anteriormente a realização da análise, definiu-se alguns parâmetros e calibrou-se o espectrofotômetro: Geração de gráficos com valor de absorbância Comprimento de onda: 200 – 780 nm Solvente: água deionizada Cubetas de quartzo Usou-se água deionizada como solvente, por conta da mesma ser o solvente que melhor solubilizou as amostras; Utilizou-se cubetas de quartzo por conta do analito a ser analisado sofrer maior absorbância na região do ultravioleta, sendo assim impossibilitaria a utilização de cubetas de vidro por conta de a mesma absorver raios ultravioleta, podendo assim interferir na análise; 33 Utilizou-se água deionizada como branco e referência; 2.2.5 Construção da curva analítica Pesou-se 0,1000 g exatos de ácido ascórbico e transferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL, adicionou-se quantidade de água deionizada até a dissolução total e completou-se com o volume; A partir dessa “solução mãe” preparada 100,0 ppm de ácido ascórbico, foram transferidas cinco alíquotas com auxílios de pipetas volumétricas, cujos volumes tinham entre 1, 2, 3, 4 e 5 mL para balões volumétricos de 100 mL; Os balões foram completados com água deionizada e homogeneizados, obtendo-se assim, soluções com concentrações de 1,0, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0 ppm de ácido ascórbico respectivamente; Vale salientar que por conta da instabilidade do ácido ascórbico, pelo fato do mesmo sofrer oxidação irreversível por conta de reagir coma luz, oxigênio presente no ar e temperaturas altas, as soluções preparadas foram transferidas imediatamente para um frasco de cor âmbar a fim de minimizar esses fatores, em especial a reação com luz; Por conta da instabilidade do ácido ascórbico foram feitas as varreduras o mais rápido possível no espectrofotômetro após o preparo de cada solução, a fim de minimizar a perda de ácido ascórbico; Ligou-se o espectrofotômetro e o deixou-se estabilizando por uma hora; Após a estabilização do instrumento, realizou-se o auto zero do mesmo; Após a realização do auto zero, foi feito a varredura do branco no espectrofotômetro num intervalo de 200 a 780 nm. A água deionizada será o branco; Após o auto zero do espectro com o branco, realizou-se a varredura das soluções; Por ser um espectrofotômetro de duplo feixe, utilizaram-se duas cubetas de quartzo, onde uma continha água como referência para todas as varreduras realizadas e outra contendo as amostras a serem analisadas em cada varredura; Obtiveram-se os valores de absorbância das soluções analisadas a partir das varreduras e montou-se a curva analítica de ácido ascórbico; 34 2.2.6 Varredura da amostra e da amostra fortificada com ácido ascórbico Na primeira amostra pipetou-se 10 ml da ampola e transferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL; Completou-se o balão com água deionizada e homogenizou-se a solução; Na segunda amostra pipetou-se 10 mL da ampola e transferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL. Pipetou-se 1 mL da solução de 100,0 ppm de ácido ascórbico e transferiu-se para o balão, com isso fortificou-se a ampola com ácido ascórbico, obtendo-se a concentração de 1,0 ppm de ácido ascórbico total presente em solução; Completou-se o balão com água deionizada e homogenizou-se a solução; Na terceira amostra pipetou-se 10 ml da ampola e transferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL. Pipetou-se 2 mL da solução de 100,0 ppm de ácido ascórbico e transferiu-se para o balão, com isso fortificou-se a ampola com ácido ascórbico, obtendo-se a concentração de 2,0 ppm de ácido ascórbico total presente em solução; Com o instrumento já estabilizado, auto zero já realizado e a varredura do branco já conhecida, realizou-se a varredura das soluções preparadas no espectrofotômetro; Obtiveram-se os valores de absorbância das soluções analisadas a partir das varreduras e gráficos referentes à amostra; 35 2.3 Verificação da eficiência da ampola vitamínica no MEV Metodologia tendo como referência uma dissertação para obtenção de mestrado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo sobre Caracterização Físico-Química e Termoanalítica de amostras de Cabelo Humano (SILVA, 2012), 2.3.1 Materiais e reagentes Fios de cabelo Xampu e condicionador comercial Ampolas vitamínicas de vitamina C 2.3.2 Equipamentos Microscópio eletrônico de varredura (MEV) Jeol - modelo Neo scape JCM-500 2.3.3 Metodologia Nesse trabalho se analisou um tipo de etnia, cabelo afro do sexo feminino de uma doadora anônima; Primeiramente obteve-se uma amostra do fio de cabelo seco, aonde lavou-se com xampu e condicionador comercial, e retirou-se do alto da cabeça, sem tratamento da ampola de vitamina c; Após três dias consecutivos de uso da ampola, lavou-se o cabelo e ainda úmido distribui-se uniformemente o conteúdo da ampola sobre os fios e não se retirou o excesso seguindo a recomendação do fabricante. Recolheu-se a amostra da mesma região da cabeça e as enviou para análise no MEV; 36 3.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Volumetria de oxi-redução: idiometria Para análises volumétricas que envolvem a redução do iodo é expressa pela semi-reação: I2 + 2e- 2I- Para análises volumétricas evolvendo o iodato de potássio como titulante para a determinação de ácido ascórbico obtém-se a seguinte reação: 5KI- + KIO3 + 3H2SO4 3I2 + 3K2SO4 + 3H2O Onde o IO3 com o I- formará o I2 que é um agente oxidante muito forte que irá oxidar o ácido ascórbico e/ou, qualquer outro componente contido na solução. Nesta reação o ácido ascórbico passa a dehidroascórbico, pela ação oxidante do iodo: I2 + C6H8O6 C6H6O6 + 2HI A partir dessas reações realizou-se os cálculos de concentração em que é necessário 3 mols de iodato de potássio para reagirem com 1 mol de ácido ascórbico: 1KIO3 3I2 3C6H8O6 1KIO3 3C6H8O6 3KIO3 1C6H8O6 3KIO3 1C6H8O6 Nas análises realizadas em laboratório, teve-se que adaptar alguns procedimentos para a diminuição de interferentes, por conta de o ácido ascórbico ser uma amostra instável e as soluções de iodo serem voláteis. Foi necessário envolver a bureta e o erlenmeyer com papel alumínio, minimizando a passagem de luz e, tamparam-se os mesmos para não reagirem com o oxigênio como pode se observar nas figuras (11) e (12) na página seguinte. reage com com gera 37 Figura 11: Erlenmeyer tampado e Figura 12: Bureta envolvida com envolvido com papel alumínio. papel alumínio. Durante a titulação observou-se o ponto de viragem através da mudança da coloração da solução contendo o ácido ascórbico para uma coloração azulada, e para a solução contendo a amostra da ampola observou-se a coloração marrom, como pode se observar nas figuras (13) e (14): Figura 13: Soluções contendo ácido ascórbico pós-titulação. 38 Figura 14: Soluções contendo a amostra de ampola pós-titulação. Segundo a literatura do Instituto Adolfo Lutz (2008), o ponto final da titulação é identificado pela coloração azulada, mas, a coloração marrom na solução da amostra da ampola que foi titulada, explica-se pelo fato que a mesma contém corantes de colorações avermelhas e alaranjadas (figura 15), impedindo assim formação da coloração azulada pelo princípio básico, vermelho mais azul se obtém a cor marrom, com isso identificou-se o ponto final na mudança da cor inicial da solução. Figura 15: Coloração inicial da solução contendo amostra da ampola. 39 Figura 16: Coloração da solução contendo a amostra da ampola pós-titulação. Esta coloração azulada é formada quando há o excesso de iodo na solução, ou seja, quando todo o ácido ascórbico for oxidado, os iodos livres com a adição de uma gota de iodato de potássio adquire esta coloração. No processo de quantificação foi necessário realizar a titulação somente com o ácido ascórbico para se obter um padrão e, ao fortificar a amostra descontou-se a molaridade da massa de ácido ascórbico que foi adicionada. Todas as análises foram realizadas em triplicatas e o teste do branco foi equivalente a zero, e os valores padrões da massa de ácido ascórbico e o consumo de iodato de potássio foram, respectivamente, 0,1056 g e 10 mL. A tabela a seguir mostra os dados padrão, para se obter os parâmetros de massa de ácido ascórbico,de consumo de iodato de potássio, e assim, realizar a análise da amostra. Tabela 1 – Dados da titulação com ácido ascórbico padrão. Massa de acido ascórbico (g) Consumo de KIO3 (L) 0,1055 0,0101 0,1056 0,0102 0,1060 0,0106 40 Observa-se na tabela a seguir que na análise da amostra fortificada, o consumo de iodato de potássio são aproximados, ou seja, a quantidade de ácido ascórbico presente na ampola é mínima de 0,1056 g. Tabela 2 – Dados da titulação da amostra fortificada com ácido ascórbico. Volume da amostra (L) Massa do ácido ascórbico (g) Consumo de KIO3 (L) 0,0028 0,1056 0,0102 0,0028 0,1054 0,0102 0,0028 0,1055 0,0102 Assim como foi realizado uma titulação padrão, a titulação somente com a amostra foi necessária para se obter uma comparação com a concentração de ácido ascórbico presente na ampola através da diferença da concentração da amostra fortificada no processo da titulação: Tabela 3 – Dados da titulação com amostra. Massa da amostra (L) Consumo de KIO3 (L) 0,0028 0,0002 0,0028 0,0002 0,0028 0,0002 Duas importantes fontes de erros em titulações idiométricas, são a oxidação de uma solução de iodeto pelo ar e a perda de iodo por volatização. Os íons iodeto em meio ácido são oxidados lentamente pelo oxigênio atmosférico (BACCAN. 1979). 4I- + 4H+ + O2 2I2 + 2H2O Conforme o pH da solução diminui, a velocidade da reação aumenta por causa da exposição a luz, isto explica a perda de concentração de ácido ascórbico na titulação da ampola fortificada, pois, o tempo de exposição nesta titulação foi maior por conta da fortificação, consequentemente maior foi o consumo de iodato de 41 potássio até o ponto final titulação. Esta diferença de concentração é expressa conforme a tabela abaixo. Tabela 4 – Concentração real da amostra da ampola. Amostra Concentração (mg/L) Método de análise direto com ampola 704,52 Método por fortificação 528,39 Durante as análises utilizando essa metodologia, observa-se que apesar das interferências por conta da instabilidade do ácido ascórbico e à volatização do iodo, obtiveram-se resultados com uma margem de erro considerável, mas, sabendo-se que na ampola contém substâncias que também podem ser oxidadas, assim como o acido ascórbico, há a probabilidade da concentração dessas substâncias se somarem a quantificação final obtida de ácido ascórbico é certa. Com isso não podemos afirmar que a concentração obtida é de fato de “ácido ascórbico”, por conta de outros componentes existentes na ampola que também pode ser oxidados e assim indeferirem no resultado final. Abaixo uma imagem resumida dos componentes existentes na ampola. Figura 17: Componentes presentes na ampola além do ácido ascórbico. 42 3.1.1 Tratamento estatístico A partir dos dados obtidos na titulação, calculou-se a média das concentrações da ampola e da ampola fortificada, como demonstra as tabelas abaixo, para calcular os desvios padrão e relativo. Tabela 1 - Concentração da ampola Ampola em litros Volume de KIO3 consumido em litros Concentração em mg/L 0,0028 0,002 704,52 0,0028 0,002 704,52 0,0028 0,002 704,52 Tabela 2 - Concentração da ampola fortificada Massa de ácido ascórbico em gramas Volume de KIO3 consumido em litros Concentração em mg/L 0,1056 0,0102 528,39 0,1054 0,0102 528,39 0,1055 0,0102 528,39 As tabelas abaixo mostram os desvios padrão e relativo das concentrações obtidas das tabelas 1 e 2. Tabela 3 - Desvio padrão e relativo da concentração da ampola Concentração em mg/L Desvio padrão Desvio relativo 704,52 0 0 704,52 0 0 704,52 0 0 43 Tabela 4 - Desvio padrão e relativo da concentração da ampola fortificada Concentração em mg/L Desvio padrão Desvio relativo 528,39 0 0 528,39 0 0 528,39 0 0 As tabelas 3 e 4 mostram que não houve desvios, isso se explica que, a média das concentrações são iguais às concentrações das triplicatas. Pode-se observar na tabela 2 que, o consumo de iodato se repete, pode-se ter ocorrido um erro de leitura na bureta, pois as massas respectivas de ácido ascórbico variam, podendo consumir mais ou menos iodato durante o processo experimental. Todas as concentrações finais foram convertidas de mol/L para mg/L. 44 3.2 Espectrofotometria UV/vis As análises referentes à espectrofotometria foram realizadas no laboratório do Centro Técnico de Elaboração do Vidro (CETEV) situado na empresa Saint Gobain Vidros S/A. Primeiramente se fez necessário identificar o comprimento de onda no qual o ácido ascórbico sofre maior absorção, para assim obter uma curva analítica. A partir das varreduras nas figuras abaixo, observa-se que se têm bandas de absorção de ácido ascórbico no comprimento de onda de 244 nm, região UV. Figura 18: Sobreposição dos espectros de absorção na região do UV/Visível das soluções de ácido ascórbico de contrações de 1,0 ppm à 5,0 ppm em água deionizada. Branco 1 ppm 2 ppm 3 ppm 4 ppm 5 ppm Nome Descrição 200 780300 400 500 600 700 3,5 -0,1 -0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 nm A 45 Figura 19: Sobreposição dos espectros de absorção na região do UV/visível com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração dos valores de absorbância encontrados. Figura 20: LAMBDA 750 UV/Vis/NIR – instrumento aonde foi realizado as análises. Branco 1 ppm 2 ppm 3 ppm 4 ppm 5 ppm Nome -0,011133 A 0,51895 A 0,97872 A 1,5601 A 2,0772 A 2,7206 A Cursor Descrição 200 780300 400 500 600 700 3,5 -0,1 -0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 nm A 244,00 46 Sabendo-se do comprimento de onda no qual o ácido ascórbico sofre maior absorção, se construiu a curva analítica da concentração de ácido ascórbico em função das absorbâncias obtidas no comprimento de onda, no qual se obteve as bandas de absorção de ácido ascórbico. Também se obteve a equação da reta e o coeficiente de correlação da reta, R2, que nos dá o quanto à incerteza da curva padrão. Como se pode ver, se obteve uma reta com o coeficiente de correlação de 0,9977. Figura 21: Curva analítica de absorbância UV/visível do ácido ascórbico em função da concentração em ppm. Após a construção da curva analítica de ácido ascórbico, a obtenção da equação da reta e comprimento de onda de maior absorção de ácido ascórbico conhecido de 244 nm, se realizou a análise na ampola de vitamina C. Obteve-se uma absorbância de 1,9645 (figura 22) no comprimento de onda de 244 nm e com auxílio da equação da reta exposta na figura 20, se calculou a concentração da ampola. A = 0,5388.x - 0,0378 1,9645 = 0,5388. x – 0,0378 x = 3,7162 ppm de ácido ascórbico Por conta de se ter diluído a ampola em dez vezes multiplicou-se o valor encontrado por dez, e obteve-se uma concentração de 37,162 ppm que equivale a 37,162 mg/L. y = 0.5388x - 0.0378 R² = 0.9977 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 0 1 2 3 4 5 6 Curva analítica Concentrações de ácido ascórbico (ppm) A 47 Figura 22: Espectro de absorção no UV/visível da ampola vitamínica diluída dez vezes emágua deionizada com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração do valor de absorbância encontrado. Observa-se no gráfico acima que na região na qual está posicionado o cursor em 244 nm, região de maior absorção do ácido ascórbico, não se tem nenhuma banda, por conta de outros componentes presentes na ampola que interferem na formação da banda, com isso foi considerado somente o valor de absorbância encontrado em 244 nm na varredura da ampola vitamínica. Por conta disso para comprovar que nessa região da ampola realmente é ácido ascórbico, foi feito o método de adição de padrão ou fortificação na ampola com o próprio ácido ascórbico padrão. Fortificou-se a ampola com soluções contendo 1,0 e 2,0 ppm de ácido ascórbico respectivamente a fim de se verificar se haveria uma crescente nesta região. Branco Ampola 10x Nome -0,011133 A 1,9645 A Cursor Descrição 200 780300 400 500 600 700 3,5 -0,3 -0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 nm A 244,00 48 Figura 23: Sobreposição dos espectros da ampola diluída dez vezes e ampola fortificada com ácido ascórbico padrão em 1,0 ppm e 2,0 ppm, na região do UV/visível com cursor no comprimento de onda de 244 nm, região na qual ocorrem maiores bandas de absorbância do ácido ascórbico e demonstração dos valores de absorbância encontrados. Na figura acima se observa os espectros da ampola normal e ampola fortificada sobrepostos. Nota-se que os espectros da ampola fortificada sofre variação somente na região que se tem o pico de ácido ascórbico em 244 nm, como era esperado. Mais um fator que vem comprovar que nessa região da ampola realmente é ácido ascórbico, independente dos interferentes e outros componentes existentes na mesma. A partir dos dados de absorbância obtidos na varredura da ampola fortificada foi feita uma curva de extrapolação. A partir da curva de extrapolação esperavamos verificar se a concentração da ampola sem a amostra fortificada sofre alteração, a partir dos dados entrepostos de absorbância, em um gráfico, da ampola normal e ampola fortificada, para assim se obter uma equação da reta desses pontos e comparar a concentração obtida nessa, com a concentração obtida da ampola a partir da equação da reta da curva analítica. Branco Ampola 10x Ampola 10x 1 ppm Ampola 10x 2 ppm Nome -0,011133 A 1,9645 A 2,576 A 2,9908 A Cursor Descrição 200 780300 400 500 600 700 3,5 -0,3 -0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 nm A 244,00 49 Figura 24: Curva de extrapolação. A partir da equação da reta obtida em função da concentração de ácido ascórbico da ampola normal que é 0,0 ppm e das ampolas fortificadas que é 1,0 e 2,0 ppm pela absorbância das mesmas, calculou-se a concentração da ampola a fim de obter uma comparação com a concentração obtida da ampola através da curva padrão. A = 0,5132x - 1,9973 0 = 0,5132x - 1,9973 X = 3,8918 ppm de ácido ascórbico Por conta de se ter diluído a ampola em dez vezes multiplicou-se o valor encontrado por dez, e obteve-se uma concentração de 38,918 ppm que equivale a 38,918 mg/L. A partir do cálculo realizado a partir da curva de extrapolação, nota-se que concentração da ampola sem fortificação não sofre nenhuma alteração apesar da fortificação com ácido ascórbico. Tabela 1 - Concentrações de ácido ascórbico através da espectrofotometria Concentração mg/L ácido ascórbico presente na ampola vitamina C Cálculo através da equação da reta da curva analítica 37,162 mg/L Cálculo através da equação da reta da curva de extrapolação 38,918 mg/L y = 0,5132x - 1,9973 R² = 0,9879 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Curva de extrapolação A Linear (A) Concentração de ácido ascórbico em ppm A 50 3.3 Comparativo das metodologias quantitativas Após o término das análises quantitativas para determinação do ácido ascórbico na ampola de vitamina C, se obteve diferentes concentrações, comparando os resultados obtidos através das diferentes metodologias como pode se observar na tabela abaixo. Tabela 1 - Tabela comparativa com as concentrações de ácido ascórbico obtido nas diferentes metodologias Concentrações de ácido ascórbico presente na ampola vitamínica em mg/L Volumetria de oxi-redução idiometria Espectrofotometria UV/vis 704,52 mg/L 37,162 mg/L As diferenças encontradas na concentração das diferentes metodologias se deram porque na metodologia de volumetria, outros componentes presentes na ampola podem ter interferido no resultado por serem oxidados, assim não sendo possível afirmar que realmente o que foi encontrado é o ácido ascórbico. Já em relação à espectrofotometria se obteve resultados satisfatórios, mesmo sendo uma pequena quantidade de 37,162 mg/L de ácido ascórbico presente na ampola, e que foram comprovados a partir da adição de padrão e também pela curva de extrapolação com isso, se faz mais seletivo a metodologia de espectrofotometria por conta de ser um método mais eficaz e viável. 51 3.4 Verificação da eficiência da ampola vitamínica no MEV Figura 25: Cabelo étnico sem tratamento - imagem obtida no MEV. Na figura abaixo pode se ver uma amostra de fio de cabelo que foi analisada no microscópio eletrônico de varredura, com 15kv e um aumento de 2000X com 10 micrometros (µm). Figura 26: Amostra de cabelo analisada sem tratamento– imagem obtida no MEV. Nessa amostra do fio sem tratamento com a ampola de vitamina C, pode-se observar na figura anterior (26), que o fio está com as escamas levantadas, que por ventura protege o mesmo das agressões externas, e isso pode ter ocorrido, devido a 52 tratamentos de alisamento, tintura e a exposição aos raios solares ultravioletas e etc. A cutícula é a parte externa do fio e tem a função de proteger o córtex onde se encontra os melanócitos e a queratina do fio. Se a cutícula do cabelo não está devidamente fechada, ela deixa todo o córtex desprotegido, causando fragilidade, perda de cor, massa, queratina e consecutivamente a fibra do cabelo quebra com mais facilidade. Na amostra analisada na figura abaixo, usou-se 5 kV, um aumento de 1500X e 20µm. As análises dessas amostras de fio de cabelo foram feitas na Central Analítica do Instituto de Química da USP. Figura 27: Cabelo étnico no MEV – imagem obtida no MEV. Já na figura acima, observa-se depressões e porosidade, que são consequência de perda de massa do fio desprotegido pela cutícula. 53 Figura 28: Amostra com tratamento da ampola 1 – imagem obtida no MEV. Figura 29: Amostra com tratamento da ampola 2 – imagem obtida no MEV. 54 Figura 30: Amostra com tratamento da ampola 3 – imagem obtida no MEV. As imagens acima foram obtidas após três dias consecutivos de tratamento com as ampolas de vitaminas C, como recomenda o fabricante. Pode ser observado que as cutículas continuam abertas em relação às imagens do cabelo sem o tratamento. O resultado esperado era cabelos com cutículas fechadas, pois o cabelo fica protegido das agressões externas, entretanto horizontalmente observam-se essas escamas levantadas. Com o resultado da titulação e da espectrofotometria, obteve-se uma concentração muito baixa de ácido ascórbico nas ampolas de apenas 37,162 mg/L, e o
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