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1 ÓRGÃOS PÚBLICOS Os órgãos públicos integram a estrutura da Administração. Têm por finalidade organizar a atuação da Administração Pública e são desprovidos de personalidade jurídica (ao contrário dos entes federativos e das entidades que integram a Administração Indireta que são detentores de personalidade jurídica). É através dos órgãos públicos e dos agentes públicos que os integram que o Estado expressa a sua vontade. De fato, o Estado, enquanto pessoa jurídica, não tem vontade própria e direta. De fato, ele expressa sua vontade por intermédio das pessoas físicas que integram sua estrutura, a saber, os agentes públicos. Três teorias surgiram para explicar as relações do Estado, pessoa jurídica, com seus agentes: 1. Teoria do Mandato: segundo a qual o agente público (pessoa física) é mandatário do Estado (pessoa jurídica). Criticada porque não explica como o Estado, que não tem vontade própria, pode outorgar o mandato. 2. Teoria da representação: segundo a qual o agente público é representante do Estado por força de lei (equipara o agente ao tutor ou curador, que representam os incapazes). Criticada porque equipara o Estado (pessoa jurídica) ao incapaz e assim admite a possibilidade do Estado incapaz atribuir representante a si mesmo, o que não ocorre na tutela e na curatela (onde tutor e curador são atribuídos aos incapazes por terceiros). No mais, tem o mesmo o inconveniente da teoria do mandato, no sentido de que tanto no mandato como na representação, quando o mandatário ou representante atue com excesso de poderes o mandante ou representado (no caso o Estado) não responderia por esses atos excessivos perante terceiros, exatamente o contrário do que diz a teoria da responsabilidade do Estado (v. art. 37, § 6º CF). 3. Teoria do órgão: segundo a qual o Estado manifesta a sua vontade por meio dos seus órgãos, de tal modo que os agentes que os compõem manifestam a sua vontade, como se o próprio Estado o fizesse. Essa teoria substitui a idéia de representação pela de imputação legal, decorrente do ato de investidura. A teoria do órgão difere da teoria da representação pq esta considera a existência do Estado e do agente representante como dois entes autônomos, enquanto a teoria do órgão funde ambos os elementos, considerando o órgão e seus agentes como parte integrante do próprio Estado. OBS: Deve haver o vínculo jurídico legal ou pelo menos aparência de que o agente se vincula legalmente ao órgão e conseqüentemente ao Estado. Se não houver esse vínculo ou aparência desse vínculo não há que se falar em imputação. É necessário que haja regular investidura legal ou pelo menos aparência de que a mesma se efetivou. Se sua ausência for dolosa fala-se em usurpação de função pública. Se de boa-fé estaremos diante da situação do “agente de fato” (ex. aquele que atua em nome do Estado em situações de emergência, aquele que se aposenta e por descuido seu e da Administração continua exercendo suas funções, aquele que, aprovado em concurso público, começa, por descuido seu e da Administração, a exercer suas funções antes da nomeação, etc.) 2 CONCEITO DOUTRINÁRIO: Com base na teoria do órgão, pode-se definir o órgão público como uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. Os órgãos nada mais são do que círculos de atribuições, os feixes individuais de poderes funcionais repartidos no interior da personalidade estatal e expressados através dos agentes nele providos OBS: o órgão não se confunde com a pessoa jurídica que ele integra; é apenas parte integrante dela. V. tbém. o CONCEITO LEGAL: art. 1º, § 2º, inciso I da L. 9.784/99. CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS 1. Qto à esfera de ação: centrais (exercem atribuições em todo o território nacional) ou locais (atuam somente em determinada região ou localidade); 2. Qto à posição estatal: independentes (tem origem na Constituição – são os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário – e não tem qualquer subordinação hierárquica ou funcional, sujeitos apenas aos controles constitucionais de um sobre os autos), autônomos (estão na cúpula da Administração, subordinados diretamente às chefias dos órgãos independentes e gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica e participam das decisões governamentais), superiores (órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação hierárquica de uma chefia, não têm autonomia administrativa nem financeira), subalternos (subordinados hierarquicamente a órgãos superiores, exercendo apenas funções de execução). 3. Qto à estrutura: simples – unitários (um único centro de atribuições, sem subdivisões internas) ou compostos (composto por vários outros menores órgãos) 4. Qto à composição: singulares (integrados por um único agente) ou coletivos – colegiados (integrados por vários agentes) 5. Qto às funções: ativos (executivos), consultivos ou de controle.
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