Buscar

Matrizes do Pensamento em Psicanálise 3.3

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Definição do inconsciente do ponto de vista econômico
Se, desta vez, definirmos o inconsciente do ponto de vista econômico, aquele que adotamos para desenvolver nosso esquema, a fonte de excitação se chamará representante das pulsões, e as produções finais do inconsciente serão fantasias, ou, mais exatamente, comportamentos afetivos e escolhas amorosas inexplicados, escorados em fantasias.
As fantasias podem não apenas aparecer na consciência — como acabamos de dizer —, a título de produções finais do inconsciente, tais como laços afetivos despropositados, ou, mais particularmente, como devaneios diurnos e formações delirantes; como também podem permanecer enfurnadas e recalcadas no inconsciente, tendo então o estatuto de representações inconscientes de coisa.
Mas as fantasias podem ainda desempenhar o papel de defesas do eu contra a pressão inconsciente.
Ou seja, uma fantasia tanto pode assumir o papel de um produto pré-consciente do recalcado quanto de um conteúdo inconsciente recalcado, ou ainda de uma defesa recalcante.
Em nosso esquema, localizamos a fantasia tanto aquém da barra do recalcamento (tempo 1) quanto no nível dela (tempo 2), ou ainda além da barra (tempo 4).
Definição do inconsciente do ponto de vista ético
Se, por fim, definirmos o inconsciente do ponto de vista ético, iremos chamá-lo de desejo. 
O desejo é o movimento de uma intenção inconsciente que aspira a um objetivo, o da satisfação absoluta. 
As produções finais do inconsciente devem ser consideradas, aqui, como realizações parciais do desejo, ou, se preferirmos, satisfações parciais e substitutivas do desejo diante da satisfação ideal, jamais atingida.
Qualificamos como ética essa definição do inconsciente, na medida em que assemelhamos o movimento energia descarga à tendência do inconsciente para se fazer ouvir e se fazer reconhecer como um Outro.
Ela é ética, também, na medida em que conferimos um valor ao objetivo ideal do desejo: o valor inultrapassável de um bem superior, de um Bem Supremo, a que a psicanálise chama incesto. 
Intrinsecamente, o desejo é sempre desejo do incesto. 
Dois fatores emolduram a vida psíquica: o tempo e os outros (Figura 4). 
O tempo, primeiramente, pois o funcionamento psíquico não pára de se renovar ao longo de toda a história de um sujeito, a ponto de escapar à mensuração do tempo. 
O inconsciente é extratemporal, ou seja, é perpétuo no tempo histórico.
Mas devemos ainda compreender que a vida psíquica está imersa no mundo dos outros, no mundo daqueles a quem estamos ligados pela linguagem, por nossas fantasias e nossos afetos. 
Nosso psiquismo prolonga, necessariamente, o psiquismo do outro com quem nos relacionamos.
As fontes de nossas excitações são os vestígios deixados em nós pelo impacto do desejo do outro, daquele ou daqueles que nos têm por objeto de seu desejo.
 É como se a seta do tempo 4 do esquema do aparelho psíquico do outro se unisse, para estimulá-la, à fonte de excitação de nosso próprio aparelho. 
E, inversamente, é como se nossas próprias produções reavivassem, por sua vez, o desejo do outro.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais