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SCHEYLA ALTHOFF DECAT

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DIREITO PROCESSUAL DESPORTIVO
Por: Scheyla Althoff Decat
Orientador
Prof. Dr. Jean Alves Pereira Almeida
Rio de Janeiro
2006
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DIREITO PROCESSUAL DESPORTIVO
Apresentação de monografia à Universidade 
Candido Mendes como requisito parcial para 
obtenção do grau de especialista em Direito 
Processual Civil.
Por: Scheyla Althoff Decat
3
AGRADECIMENTOS
Ao professor Jean A. Almeida pelo incentivo e por 
ter acreditado neste trabalho
A minha amiga Mônica que com seu carinho e 
dedicação deu forma e vida a este trabalho
A minha amiga Carmen que de forma carinhosa 
contribuiu para a complementação deste trabalho
Ao meu filho Rogério Henrique porque juntos 
iniciamos e aprimoramos o estudo do Direito 
Desportivo e por todo um apoio técnico
Ao Marcos Firmino dos Santos Presidente da 
Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro 
pela confiança depositada no meu trabalho frente ao 
Tribunal de Justiça Desportiva da FARJ
Agradecimento Especial ao meu irmão Alberto 
Henrique que mesmo longe se faz presente em 
todos momentos da minha vida
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe, pois sem seu 
carinho, dedicação e ajuda eu não teria vencido esta 
etapa tão importante na minha vida
In memorian ao meu pai que me incentivou a 
participar do mundo jurídico
5
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo o estudo do direito processual 
desportivo em todas as suas nuances, abordando a sua conceituação e 
objetivo, as suas fontes englobando a lei processual desportiva, as formas de 
interpretação dos dispositivos da legislação desportiva, a sua eficácia no tempo 
e no espaço, a sua relação com o Direito Constitucional, discorrendo sobre os 
seus princípios básicos. Serão analisados os limites da jurisdição e 
competência na Justiça Desportiva, o conceito da Justiça Desportiva e sua 
instituição pela Constituição Federal de 1988, a sua natureza jurídica, a 
organização, estrutura e composição de seus órgãos regulados pela Lei Geral 
Sobre Desporto (Lei 9615/98), além de uma discriminação detalhada das 
atribuições de seus membros, da Procuradoria Desportiva e de suas 
Secretarias, descrevendo sobre a jurisdição e competência do Superior 
Tribunal de Justiça Desportiva, do Tribunal de Justiça Desportivo e das 
Comissões Disciplinares, apresentando um quadro elucidativo no anexo 02. 
Será abordados, o conceito, a natureza jurídica, a finalidade, características, 
elementos identificadores e os pressupostos processuais no processo 
desportivo, as condições da ação, os atos processuais, sua forma, 
classificação, nulidade dos atos, os prazos, os meios de provas, o registro e 
distribuição dos feitos, a intervenção de terceiro. Serão ressaltados também no 
presente trabalho, os tipos de procedimentos adotados na Justiça Desportiva, 
como também elucidará a respeito da súmula e do relatório de uma competição 
(anexo 3), da queixa e da denúncia, analisará todos os casos pertinentes aos 
processos especiais, as fases de uma sessão de instrução e julgamento com 
apresentação de um organograma no anexo 4, as decisões na Justiça 
Desportiva, os tipos de recurso e finalizando com o julgamentos dos recursos 
perante as instâncias superiores.
6
METODOLOGIA
Serão aplicados uma combinação dos métodos zetético e dialético para 
trazer para o presente estudo, os conceitos, princípios, normas e regras de 
procedimento estabelecido na legislação desportiva e na Constituição Federal 
de 1988, discorrendo sobre cada um e demonstrando a evolução para a 
solução de uma demanda desportiva. Em alguns pontos, através de uma lógica 
processual, será utilizado o método dedutivo pela experiência adquirida na área 
processual desportiva. Será aplicada, concomitantemente, a epistemologia 
sociologista, já que o estudo visa a atingir um grupo que está sob a égide de 
um regime jurídico desportivo. 
Para tanto, serão utilizados livros doutrinários referentes à área do 
Direito Processual e do Direito Desportivo, toda uma legislação comentada 
pertinente ao tema além de uma matéria disponibilizada na Internet com 
relação à Justiça Desportiva.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I – Direito Processual Desportivo 11
CAPÍTULO II – Fontes do Direito Processual Desportivo 14
CAPÍTULO III - Princípios que regem o Direito Processual Desportivo 21
CAPÍTULO IV – Justiça Desportiva 31
CAPÍTULO V – Organização, Estrutura e Composição dos Órgãos
da Justiça Desportiva 36
CAPÍTULO VI – Jurisdição e Competência das Instâncias Desportivas 39
CAPÍTULO VII – Atribuições dos Membros dos Tribunais Desportivos 41
CAPÍTULO VIII - Jurisdição, Ação e Processo 51
CAPÍTULO IX - Intervenção de Terceiro 63
CAPÍTULO X – Atos Processuais 64
CAPÍTULO XI – Prazos 73
CAPÍTULO XII – As Provas no Processo Desportivo 78
8
CAPÍTULO XIII – Registro e Distribuição 85
CAPÍTULO XIV– Procedimento Sumário 87
CAPÍTULO XV – Procedimento Especial 93
CAPÍTULO XVI – Sessão de Instrução e Julgamento 107
CAPÍTULO XVII - Decisões no Processo Desportivo 111
CAPÍTULO XVIII – Recursos 118
CAPÍTULO XIX – Sessão de Julgamento nos Tribunais Desportivo 128
CONCLUSÃO 130
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 133
BIBLIOGRAFIA CITADA 135
ANEXOS 140
ÍNDICE 145
FOLHA DE AVALIAÇÃO 151
9
INTRODUÇÃO
A intenção do presente estudo é levar através de uma linguagem 
eminentemente didática, a todos aqueles que de alguma maneira estão ligados 
ao esporte e principalmente aos estudantes e aos profissionais do direito, toda 
uma matéria pertinente ao direito processual desportivo, dentro de um sistema 
harmônico, mas sem fugir a nomenclatura jurídica.
Posso dizer, como estudiosa da matéria, que existe uma carência de 
informação e conhecimento, não só das pessoas física e jurídica ligadas ao 
desporto, mas, e principalmente por parte dos profissionais de direito que 
começam a militar nesta área, de todo um ordenamento jurídico-desportivo 
previsto no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que classifico como 
peculiar.
Busca o presente trabalho, como o próprio tema sugere, demonstrar 
todos os aspectos processuais no Direito Desportivo, sempre ancorados no 
sistema jurídico e amparados nos preceitos constitucionais.
Analisará no primeiro momento, o direito processual desportivo como o 
ramo da ciência jurídica que trata do complexo das normas reguladoras do 
exercício da jurisdição desportiva, que tem por objetivo a própria ordem 
jurídica, seguindo com a apresentação de suas fontes e dos princípios que o 
regem. Apontará o funcionamento da Justiça Desportiva, justiça esta instituída 
pela Constituição Federal de 1988, precisamente no seu artigo 217 parágrafos 
1º e 2º, ocasionando um grande avanço para o desporto nacional, a 
organização, estrutura e composição de seus órgãos, com a apresentação de 
um organograma no anexo 1, a jurisdição e competência das instâncias 
desportivas minuciosamente descriminadas em um quadro constante do anexo 
10
2, como também as atribuições de seus membros. Em seguida será analisada 
toda uma estrutura processual desportiva que repousa na trilogia, jurisdição, 
ação e processo, além de discorrer sobre os atos processuais em todos os 
seus momentos, indicará os prazos, as provas admitidas e o registro e 
distribuição dos feitos. Serão estudadas as duas formas de procedimento 
adotadas pelo ordenamento jurídico desportivo, com a inclusão de um modelo 
de relatório que se faz acompanhar da súmula no anexo 3, demonstrando 
também a celeridade e eficácia de suas decisões. Abordaráa cerca da sessão 
de instrução e julgamento como momento único, apresentando um 
organograma de seu desenvolvimento no anexo 4. Finalizará o presente 
estudo discorrendo sobre o os tipos de recurso, o procedimento recursal e a 
sessão de julgamento nos Tribunais Desportivos. 
Após a exposição sobre todos os pontos a cerca dos aspectos 
processuais do direito desportivo, lançando mão de entendimentos de grandes 
processualistas e esboçando outros, terá alcançado o objetivo do presente 
trabalho, esperando que seja um instrumento inovador e esclarecedor deste 
Direito magnífico que se chama Desportivo.
11
CAPÍTULO I
DIREITO PROCESSUAL DESPORTIVO
“As formas são necessárias, mas o 
formalismo é uma deformação.”
Liebman
1.1- Conceito 
Toda atividade do ser humano sempre se exterioriza através de suas 
relações com seus semelhantes, ou através de suas ações, já que o Direito 
pressupõe, necessariamente, a existência daquele ser e daquela atividade. E 
no intuito de proteger a personalidade deste ser e disciplinar-lhe em sua 
atividade, dentro de um contexto social de que faz parte, é que o Direito 
procura estabelecer, entre os homens, uma relação mais harmoniosa dentro da 
sociedade.
Porém, razão assiste ao ilustre processualista Humberto Theodoro 
Junior quando fala que: 
“Impossível à vida em sociedade sem uma 
normatização do comportamento humano. Daí surgir 
o Direito como conjunto das normas gerais e 
positivas, disciplinadoras da vida social. Mas não 
basta traçar a norma de conduta. O equilíbrio e o 
12
desenvolvimento sociais só ocorrem se a 
observância das regras jurídicas fizer-se obrigatória.”
1
É justamente para manter a harmonia na sociedade desportiva, que se 
utiliza um método indispensável à função jurisdicional, chamado processo, 
podendo ser denominado processo desportivo, que é um instrumento a serviço 
do direito material. Vale lembrar que o Direito Processual é essencialmente 
uno, uma vez que os princípios da jurisdição e do processo é comum a todos 
os ramos do direito.
Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrine Grinover e Cândido Rangel 
Dinamarco proclamam que:
“chama-se direito processual o complexo de normas 
e princípios que regem tal método de trabalho 
(procedimento), ou seja, o exercício conjugado da 
jurisdição pelo Estado-juiz, da ação do demandante 
e da defesa do demandado”.2
Trazendo esta definição ao tema, objeto do presente estudo, tem-se 
por Direito Processual Desportivo o conjunto de princípios e normas 
reguladoras que disciplinam a composição das demandas desportivas. Em 
síntese, é o ramo da ciência jurídica que trata do complexo das normas 
reguladoras do exercício da jurisdição desportiva, podendo ser considerado 
uma das variações do direito processual. Nesse sentido, afirma Humberto 
Theodoro Junior que: 
“modernamente se registra uma tendência entre os 
doutrinadores em estudar a teoria geral do processo, 
nela englobando os princípios que são comuns a 
todos os seus diversos ramos”. 3
13
1.2- Objetivo
O Direito Processual Desportivo tem por objetivo principal resguardar a 
própria ordem jurídica, pois ao solucionar as questões, a justiça desportiva 
cumpre uma função pública, assegurando o império da legislação brasileira do 
desporto nacional e da paz social. Ao aplicar as regras e normas do Direito 
Processual Desportivo define-se a vontade concreta da lei diante de uma 
infração disciplinar cometida.
Assim, todos aqueles que no território nacional estiverem submetidos 
às entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do Desporto e todas as 
pessoas física ou jurídica que lhes forem direta ou indiretamente filiadas ou 
vinculadas são passíveis de um procedimento desportivo. 
14
CAPÍTULO II
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DESPORTIVO
2.1- Noções Gerais
Basicamente as fontes do direito processual desportivo são as mesmas 
do direito em geral, ou seja, a principal que é a lei, pelo fato de ser de caráter 
público, a Constituição, a doutrina e a jurisprudência.
Em alguns casos, por falta de coerência do legislador, a obscuridade e 
a imprecisão dos textos legais são supridas pelo entendimento doutrinário e 
jurisprudencial, surgindo, assim, novas concepções sobre a matéria. 
2.2- Lei Processual Desportiva
É a lei processual desportiva que rege o processo desportivo e tem 
como objeto o conjunto de regras e normas pertinentes a sua jurisdição, quais 
sejam:
a) as regras de organização da Justiça Desportiva, competência de 
seus órgãos, distribuição e atribuições de seus membros, procuradores e 
secretário;
b) regras sobre os procedimentos adotados na Justiça Desportiva;
15
c) normas e princípios gerais e específicos de interpretação da sua 
função jurisdicional e do direito de ação, os pressupostos processuais, os 
meios de prova admitidos, os meios de solucionar os casos de omissão e 
lacunas na lei e os conflitos intertemporais de normas.
A Lei Processual Desportiva foi compilada sob a forma de código, 
precisamente, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que além do 
Procedimento Desportivo dispõe sobre as Medidas Disciplinares cabíveis pela 
ocorrência de infração disciplinar. Trata-se do primeiro código de conduta, 
disciplina e justiça desportiva à altura das necessidades do desporto nacional, 
após a Justiça Desportiva ser alçada e reconhecida na Constituição Federal de 
1988, e adequado a Lei Geral Sobre Desporto(Lei nº 9615/98 com alteração 
pelas Leis 9.981/2000, nº 10.672/2001 e a Lei nº 10.671/2003.
Álvaro Melo Filho assevera que: “...o desporto é, 
sobretudo, é antes de tudo, uma criatura da lei, pois, 
sem o direito, o desporto carece de sentido, 
porquanto nenhuma atividade humana é mais 
regulamentada que o desporto. Com efeito “regras 
do jogo”, “Códigos de Justiça Desportivas”, 
“regulamentos técnicos de competições”, “leis de 
transferências de atletas”, “estatutos” “estatutos e 
regulamentos de entes desportivos”, 
“regulamentação de dopping”, atestam que, sem 
regras e normatização, o desporto torna-se caótico e 
desordenado, à falta de regras jurídicas para dizer 
quem ganha e quem perde”.4
16
2.3- Interpretação e Integração da Lei Processual Desportiva
São aplicáveis a lei processual desportiva, as regras gerais de 
hermenêutica, ex vi, o art.283 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva “ A 
interpretação das normas deste Código far-se-á com observância das regras 
gerais de hermenêutica, visando à defesa da disciplina e da moralidade do 
desporto”.
Tal atividade consiste em extrair da norma o seu correto significado, ou 
seja, à vontade da lei. O que significa, que o auditor julgador deverá dominar os 
conceitos de hermenêutica e as espécies de interpretação, sejam elas quanto à 
origem ou quanto aos efeitos.
Quanto à origem:
a) autêntica ou legal –efetuada pelo órgão encarregado da elaboração do texto 
que através de orientação jurisprudencial dos tribunais desportivos modifica a 
legislação para adequá-la ao novo entendimento.
b) judicial – é a interpretação tida como definitiva nas decisões no âmbito da 
justiça desportiva.
c) doutrinária –a interpretação é feita de acordo com o sistema em que está 
enquadrada a norma processual desportiva.
Quanto aos efeitos:
a) declarativa – é a interpretação do próprio texto da lei, melhor dizendo, as 
palavras expressam o espírito da lei na sua medida exata.
b)extensiva – aplicação do texto a casos que, não estando incluídos no 
significado de suas palavras, estão incluídos em seu espírito.
c) restritiva – o intérprete elimina a amplitude das palavras que constam no 
texto. 
17
Carlos Maximiliano citando Max Gmür diz que: “O 
jurista,esclarecido pela Hermenêutica, descobre, em 
Código, ou, em um ato escrito, a frase implícita, mais 
diretamente aplicável a um fato do que o texto 
expresso. Multiplica as utilidades de uma obra; 
afirma o que o legislador decretaria, se previsse o 
incidente e o quisesse prevenir ou resolver; intervém 
como auxiliar prestimoso da realização do Direito. 
Granjeia especiais determinações, não por meio de 
novos dispositivos materializados, e, sim, pela 
concretização e desdobramento prático dos 
preceitos formais. Não perturba a harmonia do 
conjunto, nem altera as linhas arquitetônicas da 
obra; desce aos alicerces, e dali arranca tesouros de 
idéias, latentes até aquele dia, porém vivazes e 
lúcidos”. 5
No caso de omissão ou lacunas na lei processual desportiva, estas 
serão supridas pelos princípios gerais de direito e pelos princípios que regem o 
processo desportivo ou por analogia. A essa atividade se dá o nome de 
integração, o que significa que o julgador efetua a complementação da norma 
concreta, que não foi prevista pelo legislador. 
A lei processual desportiva, no entanto, veda as decisões por analogia 
no que se refere à definição e qualificação de infrações, constituindo, pois, uma 
exceção a sua aplicação. 
Podemos dizer que interpretação e a integração se comunicam e se 
completam na justa aplicação do direito, devendo o intérprete atentar para o 
fato de que na interpretação busca-se o sentido da norma e na integração a 
sua complementação.
18
2.4- Eficácia da Lei Processual Desportiva no Tempo e no 
Espaço
O Direito Processual Desportivo não foge a regra de que toda a norma 
jurídica limita-se no tempo e no espaço, aplicando durante um lapso de tempo 
em um determinado território.
2.4.1- No Tempo
A sua eficácia temporal esta sujeita as regras gerais de direito 
intertemporal previstas nos art. 1º, 2º e 3º da Lei de Introdução do Código Civil 
e terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada conforme preceitua o art. 6ª da LICC, direito este que a Constituição 
Federal assegura no seu art. 5º inciso XXXVI.
Para tanto, os processos desportivos que iniciarem na vigência da lei 
nova por estas serão regulados, em contrapartida a lei nova não incidirá sobre 
os processos findos. Tratando-se de processos em curso, a lei processual 
desportiva determina que devem ser mantidas as regras da lei anterior, ex vi, o 
que dispõe o art. 286 do CBJD: “Este Código entrará em vigor na data de sua 
publicação, mantidas as regras anteriores aos processos em curso”.
19
2.4.2- No Espaço
A lei processual desportiva tem aplicação em todo território nacional, 
impondo, portanto, o princípio da territorialidade, “lex fori”, da qual ficam 
submetidas às entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do Desporto e 
todas as pessoas físicas e jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente 
filiadas ou vinculadas.
2.5- Relação do Direito Processual Desportivo com o Direito 
Constitucional
Não há como negar a relação do direito processual desportivo com o 
direito constitucional, estabelecendo o equilíbrio e o real conhecimento que 
deve ter o auditor julgador no que concerne ao processo e a seus princípios. 
Nos moldes da Constituição Federal o direito processual desportivo estabelece 
o equilíbrio e o real conhecimento de seus princípios, fixa a estrutura e a 
competência dos órgãos da Justiça Desportiva, o direito de ação, as formas de 
procedimentos e demais atos que falaremos mais adiante.
Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido 
Dinamarco afirmam que 
“Todo o direito processual, como ramo do direito 
público, tem suas linhas fundamentais traçadas pelo 
direito constitucional, que fixa a estrutura dos órgãos 
jurisdicionais, que garante a distribuição da justiça e 
a declaração do direito objetivo, que estabelece 
alguns princípios processuais. E seguem dizendo 
que “Alguns dos princípios gerais que informam são, 
ao menos inicialmente, princípios constitucionais ou 
20
seus corolários: em virtude deles o processo 
apresenta certos aspectos, como o do juiz natural, o 
da publicidade das audiências, o da posição do juiz 
no processo, o da subordinação da jurisdição à lei, o 
da declaração e atuação do direito objetivo; e, ainda, 
os poderes do juiz no processo, o direito de ação e 
de defesa, a função do Ministério Público, 
assistência judiciária”. 6
Visando proteger o ordenamento jurídico, a Justiça Desportiva foi 
constitucionalizada e prevista nos parágrafos 1º e 2º do art. 217 da Lei Maior, 
com atribuições de dirimir conflitos de natureza desportiva e competência 
limitada ao processo e julgamento de infrações disciplinares definidas no 
código desportivo.
21
CAPÍTULO III
PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO PROCESSUAL 
DESPORTIVO
3.1- Noções Gerais
Cada sistema processual se alicerça em princípios gerais que se 
estendem a todos os ordenamentos, como também em outros que lhes são 
próprios e específicos.
Como bem os define José Afonso da Silva
“Os princípios são ordenações que se irradiam e 
imantam os sistemas de normas”. 7
Os princípios norteadores do regime jurídico desportivo e previstos no 
Código Brasileiro de Justiça Desportiva em seu art. 2º, têm como objetivo 
assegurar a proteção e a garantia do direito de todas as pessoas física e 
jurídica que direta ou indiretamente tenham relação com as atividades 
desportivas e a sua inobservância pode acarretar a nulidade do processo 
desportivo.
Marcílio César Ramos Krieger em seu comentário coloca que:
“os princípios fundamentais dão viabilidade prática 
tanto a garantia constitucional do desporto como 
direito fundamental, quanto ao da autonomia das 
entidades práticas e dirigentes – autonomia 
22
pressupõe o respeito às normas constitucionais 
quanto às normas e regras internacionais das 
respectivas modalidades”. 8
Tem como função precípua, auxiliar no processo interpretativo das 
regras e normas, permitindo o preenchimento de suas lacunas e na solução 
dos casos omissos.(art.282 CBJD).
Podemos afirmar que por um feito inédito, o novo Código Brasileiro de 
Justiça Desportiva em seu Livro I – Capítulo I - art. 2º traz o rol de princípios 
orientadores, fato este nunca adotado em códigos anteriores. Vejamos cada 
um separadamente. 
3.2- Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório
Princípios Constitucionais, que asseguram as partes (acusação e 
defesa) a produzir suas alegações, provas e fatos capazes de elucidar, 
desmentir as acusações que lhe forem feitas, como também proteger os seus 
direitos. E nesse sentido, respeitando o princípio da ampla defesa e do 
contraditório é que o art. 56 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva dispõe 
que “Todos os meios legais, bem assim os moralmente legítimos, ainda que 
não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos 
alegados no processo desportivo”
Obrigado a proferir decisões rápidas e com celeridade processual 
inerente às competições desportivas, os auditores das instâncias desportivas 
devem permitir que o acusado tenha todas as condições de exercer a sua 
defesa. As decisões devem estar fundamentadas na certeza dos fatos, não 
podendo, entretanto, subsistir qualquer decisão condenatória fundamentada na 
dúvida.
23
Nesse diapasão, a lei processual desportiva inovou no que diz respeito 
à súmula e o relatório de árbitros, auxiliares e representantes da entidade 
promotora do evento desportivo, atribuindo presunção de veracidade a súmula, 
ou seja, ela servirá de base para a formulação da denúncia pela Procuradoria 
ou como meio de prova, no entanto, não constituindo verdade absoluta(art. 58 
CBJD). Diante disso é possível contraditar a narrativa do árbitro constante da 
súmula do evento desportivo, ou até provar fatos antidesportivos não 
informados pela mesma, garantindo, assim, a ampla defesa e o contraditório.
3.3- Princípio da Celeridade
Uma das peculiaridades do regime jurídico desportivo é o dinamismo 
com que são cumpridos os atos processuais, evitando com isso que decisões 
tardias ou infrações não apreciadas em tempo hábil acarretem prejuízos 
irreparáveis ao sistema desportivo, principalmente com relação aos atletas 
como também às competições, o que viria de encontro ao ordenamento 
jurídico. É de bom alvitre lembrar que a Constituição Federal determinou o 
prazo de 60(sessenta) dias para a solução definitiva do litígio desportivo.
Inácio Nunes diz que 
“o principio da celeridade na prestação de Justiça é 
desejo agasalhado na alma de toda a sociedade e 
na mente de todos quantos têm por mister a 
aplicação da lei”. 9
No mesmo sentido já dizia Carnelutti que “justiça tardia, 
freqüentemente é uma justiça pela metade”.
24
3.4- Principio da Economia Processual
Sua finalidade é evitar que atos desnecessários sejam praticados, 
comprometendo a agilidade no alcance da finalidade a que se propõe a Justiça 
Desportiva. Ela está estruturada e aparelhada para agir rápido e cumprir com 
suas obrigações sem morosidade. O rigor no formalismo não é aplicado ao 
processo desportivo.
3.5-Princípio da Impessoalidade
A Justiça Desportiva dispensa um tratamento isonômico a todos os 
participantes dos eventos desportivos sobre sua jurisdição. Se houve a prática 
de uma infração disciplinar, para as instâncias desportivas não importa se o 
denunciado é o árbitro, atleta, técnicos, dirigente de entidade de prática 
desportiva, entidade administrativa do desporto e seus funcionários ou até 
membro do Tribunal de Justiça Desportiva, o caso dever ser processado e 
julgado sem distinção. Para tanto, exige-se que o auditor julgador disponha de 
conhecimentos técnico-jurídicos desportivos capazes de permitir-lhe uma 
avaliação correta da caracterização da infração.
3.6-Princípio de Independência
A Justiça Desportiva deve atuar com autonomia e total independência 
das entidades administrativas do desporto, sendo vinculada apenas com 
relação à parte econômica, haja vista que a mantença da estrutura de suas 
instâncias é de competência das entidades.
25
3.7- Principio da Legalidade
Tido como o mais importante dos princípios, assegura plenamente o 
cumprimento do disposto no art. 5º da Constituição Federal, precisamente nos 
incisos II, XXXVI, XXXIX, LV, LVI, LVII. LX e LXXVII pertinentes ao regime 
jurídico desportivo.
Sob o aspecto formal, que também é chamada de princípio da reserva 
legal, esta estabelecido nos parágrafos 1º e 2º art. 217 da Lei Maior, que ao 
instituir a Justiça Desportiva remeteu a sua regulamentação à lei ordinária 
competente, que no caso é a Lei Geral Sobre Desportos(Lei 9615/98), onde no 
caput do art. 50 determina a competência do Código Brasileiro de Justiça 
Desportiva, no que se refere a organização, funcionamento e atribuições da 
Justiça Desportiva, nos termos constitucionais, ao processo e julgamento das 
infrações disciplinares e às competições desportivas. Por sua vez o Livro II do 
CBJD vêm enumerando as medidas disciplinares, especificando as disposições 
legais. Portanto constituem o princípio da reserva legal do Direito Desportivo 
Brasileiro, a Constituição Federal(art. II e art. 217 parágrafo 1º), a Lei Geral 
Sobre Desportos(art. 1º, parágrafo 1º e art. 50) e o Código Brasileiro de Justiça 
Brasileiro.
No que tange ao seu aspecto material, ou princípio da tipicidade, está 
estabelecido nos moldes do que preceitua o art. 5º inciso XXXIX da CF, 
quando dispõe que “não há crime, sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal”; no CBJD quando em seu art. 153 dispõe que “é 
punível toda infração disciplinar, tipificada no presente Código”, definindo ainda 
no art. 156 que “Infrações Disciplinares para os efeitos deste código é toda 
ação ou omissão antidesportiva, típica e culpável”. Nos dispositivos 
subseqüentes do CBJD estão explicitadas as condições em que tais ações ou 
omissões constituem violação a serem punidas pela Justiça Desportiva.
26
3.8-Princípio da Moralidade
A moralidade desportiva é voltada para os valores basilares da prática 
desportiva, como o respeito aos atletas e entre os atletas, aos desportistas em 
geral e ao “fair play” como também ao próprio expectador. A prática da 
imoralidade gera a contaminação de todo um sistema desportivo, viciando 
qualquer ato, sujeitando o mesmo ao controle da Justiça Desportiva.
3.9- Princípio da Motivação
Diz-se da exposição das razões de fato e de direito que servem de 
base para uma decisão. Os votos dos auditores devem ser fundamentados, 
pois o acusado necessita conhecer e compreender as razões da procedência 
ou não de uma denúncia contra si formulada, possibilitando ao mesmo o 
exercício do amplo direito de recurso. Compete ainda aos auditores a 
expedição de acórdãos na própria seção de julgamento, se requerido pela 
parte. Para tanto, a instrução processual e os fundamentos do colegiado “a 
quo”, que são as Comissões Disciplinares, devem ficar de alguma maneira 
consignados.
3.10-Princípio da Oficialidade
Atualmente, não é uma prática comum nas instâncias desportivas, 
através de seus Presidentes, a atuação de ofício em casos isolados. 
Necessário se faz que a parte interessada formule queixa encaminhando ao 
Tribunal de Justiça Desportiva da modalidade, que o analisará. Sendo 
admissível o pedido, este será remetido à apreciação do Procurador. Somente 
27
nos casos mais complexos, que coloquem em risco a paz, a moralidade e a 
disciplina desportiva, principalmente hoje com a evolução e profissionalização 
das competições e os interesse envolvidos, a atuação da Justiça Desportiva se 
faz obrigatória. 
3.11- Princípio da Oralidade
Como as decisões na Justiça Desportiva devem ser proferidas com 
rapidez, certos atos processuais são produzidos oralmente e está ligado 
diretamente com o princípio da celeridade, podendo os mesmos ser produzido 
por escrito. No entanto, alguns atos dependem de forma escrita como a 
denúncia, a citação e a intimação.
3.12- Princípio da Proporcionalidade
O poder discricionário na apreciação das provas e no convencimento 
do auditor julgador não o autoriza a agir com excessos. Uma vez exercida tal 
postura, fica caracterizado o desvio de finalidade e abuso de poder. O poder de 
decisão requer do auditor julgador, que está investido na função jurídico-
desportiva, a exteriorização de atos coerentes e sensatos.
3.13- Princípio da Publicidade
É dever das instâncias desportivas divulgar os seus atos, a fim de que 
a sociedade desportiva, sujeita ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva, 
tome conhecimento ou mesmo para esclarecimento de interesse individual. 
28
Trata-se de um dos componentes de controle da legitimidade. Com exceção do 
sigilo e circunstâncias de ordem interna, as decisões e os procedimentos 
devem ser disponibilizados através de publicação por edital, boletim ou por 
meios eletrônicos, a fim de não obstacular os procedimentos e providências por 
parte do litigante interessado. Quando houver casos envolvendo atletas 
menores, devem ser observadas as exigências elencadas pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente(ECA), tanto no que se refere aos atos processuais 
de comunicação como também no que tange as sessões de julgamento.
O sistema de publicidade dos atos processuais na Justiça Desportiva 
garante a independência, imparcialidade, autoridade eresponsabilidade dos 
auditores.
3.14- Princípio da Razoabilidade
É um atributo exigível dos membros das instâncias desportivas. Os 
auditores julgadores devem atuar com bom senso, ponderação e prudência 
ante o infortúnio de situações deferidas a seu encargo, atendo-se a 
razoabilidade da sanção e ao objetivo maior que é o da moralização do 
desporto nacional.
3.15- Princípios Intrínsecos do Direito Processual Desportivo
Além dos princípios geradores do Direito Processual Desportivo, 
existem princípios, que apesar de não constarem explicitados na legislação 
processual desportiva, foram prestigiados e que na prática a sua aplicação é 
ostensiva, constituindo verdadeiras normas jurídicas.
29
Paulo Marcos Schmitt discorrendo sobre os princípios que norteiam o 
direito processual desportivo coloca que 
“Entretanto, embora não expresso formalmente pelo 
notório conhecimento doutrinário e jurisprudencial 
que possui, o uso dos princípios precede qualquer 
omissão contida na lei. Vai além. Os princípios 
informam a correta interpretação de todo o aparelho 
legal. Não basta conhecer a codificação desportiva, 
faz-se necessário o seu estudo conceitual e 
principiológico. Uma codificação é editada com uma 
finalidade específica. Distanciar-se desse fim – o 
espírito da lei – significa incorrer em erro invencível 
de interpretação, qual seja, desprezar os seus 
princípios explícitos e implícitos”.10
3.15.1- Princípio da Verdade Real
Os auditores têm o dever de investigar como os fatos se passaram na 
realidade. Na instrução ou até mesmo antes de proferir a decisão, os auditores, 
para exercerem o juízo de certeza dos fatos apresentados, podem propor ao 
órgão judicante que se faça uma diligência a fim de dirimir dúvida sobre algum 
ponto relevante, adiando, assim, o julgamento.
3.15.2- Princípio Devido Processo Legal
Tem por objetivo assegurar aos desportistas em geral a garantia de um 
processo desenvolvido na forma que estabelece a lei, ou seja, o due process of 
law acolhido pelo art. 5º inciso LIV da Constituição Federal. Garante ao 
30
acusado a plenitude de defesa, como o direito de ser ouvido, de ser informado 
pessoalmente de todos os atos processuais, de se manifestar após ter sido 
denunciado, à publicidade e motivação das decisões, ao duplo grau de 
jurisdição, a revisão da decisões e a imutabilidade das decisões favoráveis 
transitadas em julgado.
3.15.3- Princípio da Transparência
Todos os atos decisórios na Justiça Desportiva são de natureza 
pública, não correndo em segredo, salvo exceções previstas por lei. 
3.15.4- Princípio da Informalidade
O processo desportivo dispensa o rigor das formas, pois seria 
incompatível e lesivo para com a sua própria finalidade.
3.15.5- Princípio do Impulso Oficial
Consiste em atribuir ao órgão jurisdicional desportivo a incumbência de 
mover o processo de fase a fase até a decisão final, não dependendo do 
impulso das partes, haja vista a relevância do interesse da Justiça Desportiva 
na rápida e eficaz solução das demandas.
31
CAPÍTULO IV
JUSTIÇA DESPORTIVA
4.1- Conceito
Podemos conceituá-la como o conjunto de instâncias autônomas e 
independentes das entidades de administração do desporto, dotadas de 
personalidade de direito público ou privada, tendo como atribuição, dirimir as 
questões de natureza desportivas definidas no Código Brasileiro de Justiça 
Desportiva.
Sebastião José Roque define lides tipicamente desportivas como 
“controvérsias que, por sua natureza e pelas 
circunstâncias em que soem acontecer, não 
extrapolam os limites e o terreno da competição 
desportiva tout court, sendo, por isso, desejável que 
venham a ser dirimidas “interna corporis”, pelos 
próprios órgãos da Justiça Desportiva”. 11
A Justiça Desportiva Brasileira foi instituída pela Constituição Federal 
de 1988, com caráter administrativo, precisamente nos parágrafos 1º e 2º do 
art. 217, garantindo a sua primazia para o julgamento dos fatos relativos ao 
desporto e regulada pela Lei Geral Sobre Desportos (Lei 9615/98).
Art. 217. É dever do estado fomentar práticas desportivas formais e 
não-informais, como direito de cada um, observados:
32
Parágrafo Primeiro: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à 
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da 
justiça desportiva, regulada em lei.
Parágrafo Segundo: A justiça desportiva terá o prazo máximo de 
60(sessenta) dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão 
final.
No que diz respeito aos preceitos acima citados, a Constituição Federal 
vislumbrou toda uma problemática com relação ao congestionamento da 
Justiça Comum o que dificultaria a tramitação rápida e célere, já que na prática 
desportiva a demora no andamento das demandas desportivas prejudicaria 
sobremaneira os atletas como também o andamento das competições, partidas 
ou equivalentes, que possuem um calendário inadiável e que não poderiam 
ficar a mercê de sua morosidade, aliado ao fato do despreparo da Justiça 
Estatal no que diz respeito às questões jurídicas desportivas, uma vez que é 
exigido dos julgadores o conhecimento da técnica jurídica desportiva, sendo 
certo que há peculiaridades da legislação desportiva afeitas somente por quem 
milita nos desportos.
Álvaro Melo Filho comenta que 
“os parágrafos 1º e 2º do art. 217, evidentemente, 
não acabam, mas limitam e restringe a interferência 
do Poder Judiciário nos desportos, sem aniquilar a 
garantia constitucional que assegura o acesso das 
pessoas físicas e jurídicas a Justiça Comum para 
defesa de seus direitos. A fórmula obriga, apenas, o 
exaurimento das instâncias da Justiça Desportiva, 
ou, se ela não proferir decisão final, no prazo de 60 
(sessenta) dias, no máximo, contados da 
instauração do processo. Era essa, assim, a medida 
33
necessária, profilática e inibidora de despachos e 
decisões da Justiça Estadual com efeitos 
irreversíveis e danosos às competições e à disciplina 
desportiva, muitas vezes gerando frustrações 
coletivas e desnaturando a função social e educativa 
do próprio desporto”. 12
Marcílio Cesar Ramos Krieger assinala que 
“Os bens jurídico-desportivos, como o “fair play”, o 
respeito aos atletas e aos desportistas em geral 
devem ser preservados. É para isto que existe a 
Justiça Desportiva, exercendo função delegada pela 
Constituição Federal para processar e julgar as 
infrações contra a disciplina e a organização 
desportivas”.13
Adquire, portanto, a Justiça Desportiva a condição de contencioso 
administrativo, constitucionalmente reconhecido para processar e julgar as 
ações relativas ao desporto, usando procedimentos próprios e aplicando às 
sanções previstas no Livro II do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
Acentua Inácio Nunes que 
“Em boa hora e em face do preceito constitucional, o 
CBJD procura eliminar a possibilidade de que, por 
interposta pessoa (“laranja”), alguém ou alguma 
entidade possa beneficiar-se de ações judiciais 
perante a Justiça comum sem análise prévia da 
Justiça Desportiva.. e a entidade desportiva ou o 
atleta individualmente que se utilizar de tal 
subterfúgio será excluído do campeonato e ainda 
sofrerá a multa de valor entre R$ 50.000,00 
34
(cinqüenta mil reais) e R$ 500.000,00 (quinhentos 
mil reais) (art. 231)”. 14
Há que se ressaltar, que ao institucionalizar a Justiça Desportiva, 
tirando-a dos textos das leis e dos regulamentos ordinários, a Constituição 
Federal de 1988 lhe outorgou um valor jamais concedido a qualquer outro 
órgão administrativo judicante.
O regime jurídico desportivo e seus princípios guardam conceitos cujo 
únicoobjetivo está centralizado no alcance de uma finalidade, seja ela privada, 
calcada na autonomia constitucional conferidas aos órgãos judicantes, no que 
se refere a sua organização e funcionamento ou pública, haja vista que tanto a 
administração do desporto quanto os administrados possuem prerrogativas e 
direitos.
4.2- Natureza Jurídica
Deve ser entendida como um sistema de justiça reguladora, 
fiscalizadora e disciplinadora de atos praticados pelos desportistas em geral, 
que vão de encontro a moral do desporto nacional. Para Sebastião José Roque 
“a Justiça Desportiva é um sistema de julgamento 
que caminha de forma paralela à jurisdição normal: 
objetiva dirimir as lides surgidas no campo 
desportivo. Mais precisamente, envolve pessoas 
físicas e jurídicas registradas nas federações 
esportivas e atos praticados nas competições 
esportivas promovidas pelas federações. Não atinge 
atos que não sejam praticados em decorrência de 
atividades desportivas promovidas pelas entidades 
reguladoras do esporte nacional, ou internacional, a 
35
que estiver filiada a respectiva federação 
esportiva”.15
36
CAPÍTULO V
ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DOS 
ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DESPORTIVA
5.1- Organização e Estrutura
Aos órgãos da Justiça Desportiva a Lei Geral Sobre Desportos, Lei 
9.615/98, em seu artigo 52, prevê uma estrutura orgânica e hierárquica, 
reconhecendo-os como entes autônomos e independentes das entidades de 
administração desportiva de cada modalidade, atuando com absoluta 
independência decisória, sendo vedadas quaisquer intervenções por parte das 
mencionadas entidades.
“Art. 52. Os órgãos integrantes da Justiça desportiva são autônomos e 
independentes das entidades de administração do desporto de cada sistema, 
compondo-se do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, funcionando junto às 
entidades nacionais de administração do desporto; dos Tribunais de Justiça 
Desportiva, funcionando junto as entidade regionais da administração do 
desporto, e as Comissões Disciplinares, com competência para processar e 
julgar as questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva, sempre 
assegurados a ampla defesa e o contraditório”.
Na Justiça Desportiva haverá tantos Superiores Tribunal de Justiça 
Desportiva quantas forem às entidades nacionais de administração do desporto 
e tantos Tribunais de Justiça Desportiva quantas forem às entidades estaduais 
de administração do desporto. 
37
Exemplificando através de duas modalidades distintas: Junto a 
Confederação Brasileira do Futebol – CBF funciona um Superior Tribunal de 
Justiça Desportiva que julga a nível nacional somente as questões ligadas ao 
futebol. Junto a Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro – FARJ 
funciona um Tribunal de Justiça Desportiva que julga a nível estadual as 
questões que diz respeito aos esportes aquáticos(natação, pólo-aquático, nado 
sincronizado e saltos ornamentais). 
Para um melhor entendimento veja o organograma no Anexo 01.
Inácio Nunes coloca que 
“Ao lado da Federação Estadual de cada 
modalidade desportiva, haverá um TJD para julgar 
os fatos do respectivo esporte (competência) 
exclusivamente dentro do território daquele estado 
(jurisdição), nas competições organizadas pela 
respectiva Federação”. 16
5.2- Composição
A composição dos Tribunais Desportivos vem preceituada no artigo 55 
da Lei Geral Sobre Desportos, Lei 9.615/98 e nos artigos 4º e 5º do Código 
Brasileiro de Justiça Desportiva.
Os membros que compõem as três instâncias da Justiça Desportiva 
são chamados de auditores, os quais exerce função delegada pela 
Constituição Federal, aumentando, com isso, a responsabilidade judicanti 
desportiva. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva e o Tribunal de Justiça 
Desportiva de cada modalidade é formado de nove membros, dos quais dois 
indicados pela entidade nacional de administração do desporto, dois indicados 
38
pelas entidades de prática desportiva, dois indicados pelo Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil, um indicado pelo órgão de classe 
representante dos árbitros e dois indicados pelo órgão de classe representante 
dos atletas.
As Comissões Disciplinares órgãos que funcionam como primeira 
instância junto ao STJD e o TJD, devem ser compostas de 5(cinco) membros 
indicados pelos tribunais da respectiva modalidade, sendo certo que não 
podem ser componentes dos mencionados tribunais, conforme determina o 
artigo 6ª do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Cada Tribunal poderá criar 
tantas Comissões Disciplinares que julgar necessário para agilizar as 
demandas desportivas.
Os três órgãos judicantes terão sempre um Presidente e um Vice-
Presidente que cumulará a função de Corregedor, eleitos na forma da lei e de 
seu Regimento Interno. Todas as deliberações e julgamentos só se darão com 
a presença da maioria de seus auditores. O quorum mínimo para o julgamento 
tanto no STJD como no TJD é de cinco auditores e na Comissão Disciplinar o 
quorum mínimo é de três auditores.
Assim, todos os órgãos da Justiça Desportiva são denominados colegiados.
39
CAPÍTULO VI
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS 
DESPORTIVAS
6.1- Noções Gerais
Em sede de Justiça Desportiva, a jurisdição pode ser definida como o 
poder conferido aos órgãos judicantes desportivos dentro do limite territorial de 
cada um, para o conhecimento e solução de determinadas demandas 
desportivas.
Os órgãos judicantes estão diretamente relacionados com os limites de 
atuação das entidades da administração do desporto, seja ele nacional 
(confederações) ou regional ou estadual (federações) e por modalidade 
esportiva.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva e o Tribunal de Justiça 
Desportiva além de terem a competência para julgar os processos especiais, 
são órgãos judicantes que atuam em grau de recurso em 2ª instância como 
também em 3ª instância no caso de haver o esgotamento da matéria no 
Tribunal de Justiça Desportiva. As Comissões Disciplinares, salvo as hipóteses 
de competência originária do STJD e do TJD, são órgãos de 1ª instância, 
cabendo aos mesmos processar e julgar as infrações disciplinares cometidas 
por pessoas física ou jurídica que estejam submetidas ao Código Brasileiro de 
Justiça Desportiva.
Para melhor entendimento a respeito da distribuição de competência, 
veja o quadro elucidativo referente à competência do Superior Tribunal de 
40
Justiça Desportiva e sua Comissão Disciplinar e do Tribunal de Justiça 
Desportiva e sua Comissão Disciplinar no Anexo 3.
41
CAPÍTULO VII
ATRIBUIÇÕES DOS MEMBROS DA JUSTIÇA
DESPORTIVA
7.1- Do Presidente e Vice-Presidente
Cabe ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e do 
Tribunal de Justiça Desportiva a responsabilidade pela boa atuação da Justiça 
Desportiva, além do bom desempenho dos processos disciplinares que são 
exercidos por profissionais capacitados para a função, além de notório saber 
jurídico.
O Presidente do STJD e do TJD tem por dever orientar a preparação 
da pauta das sessões de julgamento, ter a capacidade de conduzir as 
atividades, a fim de apurar todos os fatos durante as sessões. Cabe a ele 
nomear o auditor relator de cada processo e a ele será atribuído o voto de 
qualidade em caso de empate.
7.1.1- Atribuições
As atribuições dos Presidentes dos órgãos judicantes estão elencadas 
no art. 9º do CBJD, além das que lhes forem conferidas por lei e pelo 
Regimento Interno. Estão assim distribuídas:
42
� zelar pelo perfeito funcionamento da Justiça Desportiva e fazer cumprir 
suas decisões;
� ordenar a restauração de autos;
� dar imediata ciência, por escrito, das vagas verificadasno Tribunal ao 
presidente da entidade indicante;
� determinar sindicâncias e aplicar a pena de advertência e suspensão aos 
seus funcionários;
� sortear ou designar os relatores dos processos;
� dar publicidade às decisões prolatadas;
� representar o respectivo órgão judicante nas solenidades e atos oficiais, 
podendo delegar essa função a qualquer dos auditores;
� designar dia e hora para as sessões ordinárias e extraordinárias e dirigir os 
trabalhos;
� dar posse aos auditores do respectivo órgão judicante e de suas Comissões 
Disciplinares, aos Procuradores e aos Secretários;
� exigir da entidade de administração o ressarcimento das despesas 
correntes e dos custos de funcionamento do tribunal e prestar-lhe contas;
� acolher e processar os recursos voluntários e os necessários;
� conceder efeito suspensivo a qualquer recurso, em decisão fundamentada, 
quando a simples devolução da matéria possa causar prejuízo irreparável 
ao recorrente;
� conceder licença do exercício de suas funções aos auditores, inclusive aos 
das Comissões Disciplinares, procuradores, secretários e demais auxiliares;
Em casos excepcionais e visando o interesse do desporto nacional, 
além das atribuições acima descriminadas, o Presidente do STJD e TJD 
poderá, através de ato fundamentado, permitir o ajuizamento de qualquer 
medida não prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, desde que 
requerida no prazo de 5 (cinco) contados da decisão do ato, do despacho ou 
da inequívoca ciência do fato, podendo conceder efeito suspensivo ou liminar 
quando houver fundado receio de dano irreparável.
43
Deve o Vice-Presidente dos órgãos judicantes conforme determina o 
art. 10 da CBJD, substituir o Presidente nos eventuais impedimentos e 
definitivamente quando da vacância; representar o órgão judicante nas 
solenidades e atos oficiais, quando essa função lhe for delegada e exercer as 
funções de Corregedor da Justiça Desportiva na forma que dispuser o 
regimento interno.
7.2- Do Presidente da Comissão Disciplinar
As atribuições do Presidente da Comissão Disciplinar devem estar 
estabelecidas no regimento interno do respectivo Superior Tribunal de Justiça 
Desportiva e do Tribunal de Justiça Desportiva, estando, no entanto, previsto 
no parágrafo segundo do art. 9º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva 
que examinará os requisitos de admissibilidade do recurso, encaminhando-o à 
instância superior.
7.3- Dos Auditores
Os auditores são membros dos tribunais desportivos, responsáveis 
pelo julgamento das questões disciplinares, de notório saber jurídico e conduta 
ilibada além de serem profundos conhecedores das normas aplicadas no 
desenvolvimento de sua atuação junto as instâncias desportivas.
Serão incompatíveis para exercer o cargo de Auditor todos aqueles que 
por ventura sejam membros do Conselho Nacional do Desporto, os dirigentes 
das entidades de prática desportiva e os dirigentes e funcionários das 
entidades de administração do desporto.
44
7.3.1- Posse e Mandato
A posse dos auditores dos tribunais desportivos deve ocorrer de 
conformidade com o Regimento Interno de cada órgão, seja no STJD ou no 
TJD, conforme determina o art. 11 do CBJD.
“Art. 11. Os membros dos órgãos judicantes serão empossados na 
conformidade do que dispuser o respectivo regimento interno de cada órgão”.
O mandato atualmente é de 4 (quatro) anos permitida, no entanto, a 
recondução, de acordo com o parágrafo segundo do art. 55 da Lei Geral Sobre 
Desporto(Lei 9.615/98). Inácio Nunes comenta que 
“Os mandatos dos Auditores têm sua duração 
prevista em lei, que atualmente é de quatro anos, 
permitidas reconduções. Como o CBJD não limitou o 
número permitido, seus membros podem eternizar-
se como Auditores dos tribunais, sem qualquer 
renovação de seus quadros”. 17
7.3.2- Requisitos de Atuação dos Auditores
A função jurisdicional exercida pelos auditores, seja no STJD, no TJD 
ou nas Comissões Disciplinares, para ser válida e eficaz necessita de alguns 
requisitos:
1) Estar investido do poder de jurisdição; 
2) Atuar dentro dos limites de atribuições asseguradas pela lei desportiva;
3) Atuar com imparcialidade, isento de qualquer influência das partes 
envolvidas e das pressões exercidas pelos interessados;
45
4) Não estar subordinado a nenhum outro tribunal, se colocando acima de 
qualquer poder político ou das massas que por ventura exerçam pressão sobre 
suas decisões;
5) Deve se ater somente à ordem processual desportiva;
Neste sentido Álvaro Melo Filho faz a seguinte colocação: 
“Adite-se, por oportuno, que o desporto empolga e 
leva as massas a delírios, porém, o integrante da 
Justiça Desportiva, aquele que trata da disciplina e 
das infrações ocorridas nos certames, não pode 
envolver-se nas mesmas paixões dos torcedores 
comuns. E, como se trata de Justiça Desportiva, só 
em ter presente a expressão justiça, exige de seus 
membros, por ocasião do veredicto, despir-se de 
todas as impurezas de seu ego, tirando a camisa 
dos clubes que torcem e esquecendo de suas cores 
desportivas, devem prolatar uma decisão justa, 
humana e compatível com o fim do desporto. No 
momento da decisão, nada de represálias ou de 
vindictas, e devem sempre pensar em promover o 
desporto e não a si mesmos. Por isso, não há lugar 
na Justiça Desportiva para torcedores apaixonados, 
conquanto paixão e justiça nunca se misturam,e, 
quando isto ocorre, o resultado já é consabido: 
injustiça”. 18
7.3.3- Suspeição e Impedimentos
Conforme acontece na Justiça Comum, o procedimento desportivo é pautado 
nos princípios gerais de direito e nas garantias constitucionais, que possibilitam 
a segurança das partes envolvidas de obter um resultado correto e justo. 
46
Para tanto, os membros auditores dos tribunais desportivos devem 
apresentar um considerável conhecimento técnico-jurídico desportivo e 
principalmente, devem estar totalmente desvinculados do litígio que vão julgar.
O próprio auditor, diante de um caso concreto deve declarar seu 
impedimento para atuar em um determinado processo, seja porque é parente 
(consangüinio ou afim), seja porque é sócio, fiador, patrão, avalista ou tenha 
alguma ligação mais íntima com qualquer das partes. Caso não declare o seu 
impedimento, qualquer das partes ou mesmo a Procuradoria Desportiva que 
atue perante o Tribunal ou Comissão Disciplinar poderá argüir, fato este que 
será julgado pelo Tribunal ou pela Comissão Disciplinar, não sendo admitido, 
entretanto, a interposição de recurso da decisão prolatada. 
7.3.4- Vacância
Ocorrendo a Vacância, por morte, renúncia, ou por motivo de 
condenação pela própria Justiça Desportiva ou pela Justiça Comum, o 
Presidente do órgão judicante comunicará imediatamente ao órgão indicante 
competente para preencher a vaga. Caso o órgão indicante não preencha a 
vaga em 30 (trinta) dias, o respectivo órgão judicante designará um substituto 
para ocupar interinamente o cargo, já que os trabalhos das instâncias 
desportivas não podem ser interrompidos.
7.3.5- Competência
Além das atribuições definidas no regimento interno de cada órgão 
judicante, compete aos auditores:
47
� a obrigatoriedade de seu comparecimento nas sessões, quando for 
convocado, com antecedência mínima de 20 minutos;
� empenhar-se para o cumprimento das leis, das normas contidas no CBJD, 
além de zelar pelo prestígio das instituições desportivas;
� se manifestar rigorosamente dentro dos prazos processuais;
� representar contra qualquer irregularidade, infrações disciplinares ou sobre 
fatos ocorridos nas competições dos quais tomou conhecimento;
� apreciar livremente as provas apresentadas nos autos, visando sempre o 
interessedo desporto, proferindo decisão fundamentada;
� deverá devolver à Secretaria do Tribunal, em até 48 horas, qualquer 
processo que tenha em seu poder e que esteja incluído em pauta;
7.3.6- Livre Acesso
Para desempenhar plenamente as suas funções, os membros dos 
tribunais desportivos deverão ter livre acesso a locais públicos ou privados,
destinados ao evento desportivo da modalidade de competência do órgão 
judicante, devendo ser reservados aos mesmos assentos em setor designado 
para as autoridades desportivas, como determinado no parágrafo único do art. 
20 do CBJD.
A atuação da Justiça Desportiva, nestes casos, é tida como preventiva. 
Como é o caso da presença da Comissão Disciplinar em um evento desportivo, 
que tem como função preventiva no caso de ocorrência de uma infração 
disciplinar durante a competição, partida ou similar. O direito ao livre acesso 
visa também o cumprimento de determinados atos processuais, em dado 
momento, necessitam de serem realizados durante uma competição, como no 
caso da citação e da intimação de determinada pessoa para o julgamento de 
um processo disciplinar.
48
Caso seja obstaculado ou dificultado o acesso de qualquer membro a 
praça desportiva e aí incluindo a pessoa do Secretário do órgão judicante que 
comparece no local para cumprir alguma diligência, deverá ser comunicado o 
fato ao Presidente do STJD ou TJD de sua jurisdição, que poderá interditar, 
liminarmente, o local para a prática de qualquer atividade relativa à respectiva 
modalidade, intimando a entidade da administração do desporto para que 
tomem as medidas cabíveis para o cumprimento da decisão sob pena de 
suspensão até que o faça.
7.4- Da Procuradoria Desportiva
Junto a Justiça Desportiva atua a Procuradoria Desportiva, cuja 
competência e organização são regulamentadas pelo Código Brasileiro de 
Justiça Desportiva, pelo Regimento Interno de cada órgão judicante e no 
Estatuto da Entidade de Administração do Desporto de cada modalidade.
Guardadas as devidas proporções, a Procuradoria Desportiva 
desempenha um papel semelhante ao do Ministério Público.
Perante cada Tribunal funcionam sempre dois Procuradores, que são 
nomeados pelo respectivo órgão judicante. Cabe aos Procuradores oferecer 
denúncia nos processos distribuídos aos Tribunais e Comissões Disciplinares 
como também emitir pareceres e interpor recursos, de acordo com previsão 
legal, exercendo as atribuições determinadas pelo art. 21 incisos I e II do 
Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
Os Procuradores terão livre acesso às praças desportivas, onde 
estejam sendo realizadas competições, partida ou equivalentes da modalidade 
do órgão judicante e também estarão sujeitos a declaração de impedimento ou 
incompatibilidade imposta aos auditores. Determina o artigo 22 do Código 
49
Brasileiro de Justiça Desportiva que: “Aplicam-se aos procuradores o disposto 
no art. 20, e no que couber, as incompatibilidades e impedimentos impostos 
aos auditores, assim declarados pelo respectivo órgão judicante, na forma do 
inciso IV do artigo 14”.
7.5- Da Secretaria
Cada Tribunal Desportivo dispõe de uma Secretaria com as atribuições 
previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva e no Regimento Interno de 
cada órgão judicante.
Fazem parte de suas atribuições à execução cartorial dos atos e 
termos processuais; recebimento de documentos e diligenciar a distribuição de 
correspondências; classificar os processos e efetuar o competente registro; 
confeccionar as pautas das sessões de julgamento; redigir a ata das sessões; 
elaborar ofícios, intimações e citações e demais questões administrativas das 
instâncias desportivas. O Secretário tem a competência de secretariar as 
sessões dos órgãos judicantes.
7.6- Dos Defensores
O art. 29 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva preceitua que 
“Qualquer pessoa maior e capaz poderá funcionar como defensor, observados 
os impedimentos legais”.
Considero frágil o mencionado dispositivo, uma vez que o legislador 
não atentou para o fato de que o defensor, necessariamente, para atuar junto 
aos Tribunais Desportivos, deve possuir um considerável conhecimento 
50
técnico-jurídico da matéria. Ter apenas o conhecimento jurídico não basta, se 
faz necessário conhecer das normas e regras da modalidade em que vai atuar. 
Que me desculpe o legislador, “qualquer pessoa maior e capaz não estará apta 
a funcionar como defensor”, haja vista que até para os operadores do direito 
que militam na área desportiva demanda um estudo aprofundado da matéria, a 
fim de suprir certas dificuldades. Pelo desconhecimento da matéria, um 
defensor muitas vezes poderá prejudicar irremediavelmente à parte.
Apesar do código não exigir a presença de um advogado, esta praxe 
não constitui uma regra absoluta, já que nas sessões de julgamento os 
advogados se fazem presentes, atuando como defensores.
A Habilitação de defensor para intervenção no processo depende de 
declaração formalizada pela parte, podendo, no entanto, as entidades de 
administração do desporto e da prática desportiva credenciar defensores para 
atuar em seu favor, de seus dirigentes, dos atletas e de outras pessoas que 
lhes forem subordinadas, salvo quando colidentes os interesses
51
CAPÍTULO VIII
JURISDIÇÃO, AÇÃO E PROCESSO
8.1- Jurisdição
Jurisdição é o poder de deliberação regularmente conferida aos órgãos 
judicantes desportivo através de seus auditores, para o conhecimento de 
questões que vão de encontro a disciplina desportiva, agindo em substituição
às partes. 
Para Liebman “o órgão jurisdicional é, na verdade, 
convocado para remover a incerteza ou reparar a 
transgressão, mediante um juízo que preste a 
reafirmar e restabelecer o império do direito, quer 
declarando qual seja a regra do caso concreto, quer 
aplicando as ulteriores medidas de reparação ou 
sanção revistas pelo direito.” 19
É uma função reconhecida constitucionalmente, tanto que o parágrafo 
primeiro do art. 217 dispõe que “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas 
à disciplina e às competições desportivas após esgotarem as instâncias da 
Justiça Desportiva, regulada em lei”.
52
8.1.1- Princípios da Jurisdição
A jurisdição desportiva é informada por princípios universalmente 
conhecidos, a saber:
a) princípio da investidura – a jurisdição é exercida pelos auditores investidos 
na autoridade de julgador.
b) princípio da aderência ao território – os órgãos judicantes têm o seu limite 
territorial de acordo com as entidades da administração do desporto de cada 
modalidade.
c) princípio da indelegabilidade – o auditor deve exercer os poderes que lhe 
foram conferidos de uma forma exclusiva e indelegável.
d) princípio da inevitabilidade – a autoridade dos órgãos judicantes impõe-se 
por si mesma, independente da vontade das partes. 
e) princípio da inafastabilidade ou do controle jurisdicional – a lei processual 
desportiva não pode excluir da apreciação pela Justiça Desportiva qualquer 
infração disciplinar ou ameaça a direito e nem o auditor a pretexto de omissão 
ou lacuna da lei, escusar de proferir decisão.
f) princípio do juiz natural – nenhum desportista será privado de um julgamento 
por auditores independentes e imparciais, ou seja, é o que chamamos de 
garantia do juiz competente.
g)princípio do duplo grau de jurisdição – é a possibilidade de revisão das 
decisões por via de recurso, de ações por infração disciplinares já julgadas pela 
Comissão Disciplinar, órgão da primeira instância do TJD e STJD.
53
8.1.2 – Poderes Inerentes a Jurisdição
São os que por sua natureza se tornam inseparáveis quais sejam:
1- Poder Jurisdicional – é o poder concedido ao auditor para a aplicaçãodo 
caso concreto as regras legais e regulamentares previstas.
2- Poder de Polícia – O Auditor Presidente da Comissão Disciplinar (órgão de 
1ª instância), o Auditor Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva e do 
Superior Tribunal de Justiça Desportiva de cada modalidade exercem o poder 
de polícia, que os autorizam a manter a ordem nas seções de julgamento.
8.1.3– Competência 
Humberto Theodoro Junior comenta que
“Houve época que se confundiam os conceitos de 
jurisdição e competência. Em nossos dias, porém, 
isto não mais ocorre entre processualistas, que 
ensinam de maneira muito clara que a competência 
é apenas a medida da jurisdição, isto é, a 
determinação da esfera de atribuições dos órgãos 
encarregados da função jurisdicional”. 20
A competência é a medida e o limite da jurisdição dentro da qual os 
auditores dos órgãos judicantes desportivos poderão dizer o direito e a 
extensão do seu poder de julgar. Para Hely Lopes Meirelles
“Entende-se por competência administrativa o poder 
atribuído ao agente da Administração para o 
desempenho específico de suas funções. A 
54
competência resulta da lei e por ela é limitada. Todo 
ato emanado de agente incompetente, ou realizado
além do limite de que dispõe a autoridade incumbida 
de sua prática, é inválido, por lhe faltar um elemento 
básico de perfeição, qual seja, o poder jurídico para 
manifestar a vontade da Administração”. 21
No direito processual desportivo existe três espécies de competência:
a) Competência em razão da matéria (ratione materiae) - Limita-se unicamente 
a processar e julgar as infrações disciplinares e às competições desportivas, 
competência essa delegada pela Constituição Federal.
b) Competência em razão da pessoa (ratione persona) – Os órgãos judicantes 
desportivos tem competência para julgar todas as entidades compreendidas 
pelo Sistema Nacional do Desporto como também todas as pessoas físicas e 
jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente filiadas ou vinculadas.
c) Competência em razão do lugar (ratione loci) – é extensiva a todo território 
nacional, sendo necessário observar os limites territoriais de cada entidade de 
administração do desporto e respectiva modalidade. Para cada modalidade 
desportiva existe uma federação e uma confederação. As competições, 
campeonatos ou partidas organizadas pelas federações são de âmbito 
estadual e as organizadas pelas confederações de âmbito nacional ou 
interestadual, se foram por elas organizadas.
8.2- Ação
É um direito, uma garantia constitucional que possui o atleta, a 
entidade da prática desportiva ou da administração do desporto que se sinta 
55
lesado ou prejudicado de exercer o seu direito público subjetivo, de provocar o 
órgão de justiça desportiva e até mesmo para prevenir danos irreparáveis.
Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrine Grinover e Cândido 
Rangel Dinamarco dizem que
“..é o direito ao exercício da atividade de 
jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). 
Mediante o exercício da ação provoca-se a 
jurisdição, que por sua vez se exerce através 
daquele complexo de atos que é o processo”. 22
Para que se possa exigir, no caso concreto, a prestação jurisdicional, 
faz-se necessário o preenchimento das condições da ação que são: 
possibilidade jurídica do pedido; interesse de agir e a legitimidade para a 
causa.
8.2.1- Possibilidade Jurídica do Pedido
O seu conceito no processo desportivo é aferido positivamente, se o 
ordenamento jurídico desportivo, em abstrato, o admitir expressamente. A 
denúncia será rejeitada quando o fato narrado na queixa ou reclamação ou no 
protesto, evidentemente não constituir infração disciplinar. 
No âmbito do processo desportivo, a apreciação da possibilidade 
jurídica do pedido deve ser analisada sobre a causa de pedir (causa petendi), 
mas, ao mesmo tempo, desvinculada de qualquer prova que porventura possa 
existir. É feita uma análise do fato da maneira que foi narrado na queixa, 
reclamação ou protesto, sem, no entanto, perquirir se essa constitui ou não a 
verdade real, para que se possa concluir se o ordenamento jurídico desportivo, 
in casu, comina-lhe, em abstrato, uma pena. Se for verificado que realmente 
56
houve a ocorrência de uma infração disciplinar, passa, então, a ser apreciada a 
causa petendi, após os fatos colhidos na instrução, ou seja, a aferição dos 
fatos em concreto, conforme ocorreram e não como foram narrados. Diante 
disso, o auditor relator do processo proferirá o seu voto seguido dos votos dos 
demais membros auditores, sendo a decisão final proferida pelo auditor 
Presidente da Comissão Disciplinar. A mesma análise será feita no 
procedimento especial, nos casos de Mandado de Segurança, Impugnação de 
Partida, Prova ou Equivalente em cada Modalidade ou de seu Resultado, 
Reabilitação, Dopagem, Infrações Punidas com Eliminação Inquérito, 
Suspensão, Desfiliação ou Desvinculação impostas pelas entidades de 
administração do desporto, na Revisão e nas demais medidas admitidas no 
parágrafo terceiro do art. 9º do CBJD, os quais serão apreciados e julgados 
pelos órgãos de segunda instância.
8.2.2- Interesse de Agir
Devem ser verificadas a necessidade e utilidade do uso das vias 
jurisdicionais para a defesa do interesse material pretendido como também 
sua adequação ao procedimento que possibilite a atuação da vontade concreta 
da legislação processual desportiva, tudo de acordo como o devido processo 
legal. Diz-se da necessidade, já que é impossível se impor uma pena 
disciplinar ao desportista tido como infrator, sem o devido processo legal.
Caso fique demonstrada a inutilidade do provimento jurisdicional, dar-
se-á pela inexistência do interesse de agir.
57
8.2.3- Legitimação para a causa (Legitimatio ad causam)
Diz-se da legitimação para ocupar tanto o pólo ativo da relação 
processual, o que é feito pelo Procurador da Comissão Disciplinar (no 
procedimento sumário), na denúncia do infrator ou do pólo passivo, que seria o 
próprio autor da infração disciplinar, o qual possui a capacidade para estar no 
pólo passivo, em nome próprio, e na defesa de seu próprio interesse. Em 
suma, determina que o Autor (Procurador no procedimento sumário) seja 
aquele a quem a lei desportiva assegura o direito de invocar a tutela 
jurisdicional e o Acusado aquele contra o qual o Autor pretenda uma punição 
por uma infração disciplinar cometida.
8.3- Processo Desportivo
O processo desportivo é o instrumento de atuação da jurisdição, sem o 
qual não há como solucionar os litígios. É composto de um elemento objetivo, 
que seria a cadeia de atos e fatos coordenados, juridicamente perfeitos e com 
o objetivo de preparar o provimento final que é a decisão e de um elemento 
subjetivo que é a relação jurídica processual propriamente dita. Em suma, é o 
ordenamento sistemático de atos específicos e peculiares a cada caso, visando 
decisões que ponham termo a conflitos desportivos, aplicando o direito ao seu 
caso concreto.
58
8.3.1- Natureza Jurídica
Sua natureza jurídica é de uma relação processual, caracterizado como 
um nexo que une e disciplina a conduta dos sujeitos processuais, no 
desenrolar do procedimento desportivo.
8.3.2- Finalidade do Processo Desportivo
O processo desportivo tem por finalidade precípua, a proteção dos 
direitos dos atletas, das entidades de prática desportiva(os clubes) e das 
entidades da administração(federação e confederação), aí relacionados os 
seus funcionários, atender aos objetivos da prática desportiva e a observância 
das regras das competições, partidas ou equivalentes, reprimindo
veementemente às atitudes antidesportivas. Para tanto se faz mister definirem
cada caso submetido a julgamento, o tipo de infração disciplinar cometida, 
identificar os culpados, aplicar as sanções impostas pela legislação desportiva 
e exigir reparação com relação a eventuais efeitos danosos causados ao 
desporto.
Pela sua finalidade, o processo desportivo adota um sistema 
concentrado de instrução e julgamento, que se desenvolve com brevidade, sem 
comprometer a segurança na apuração dos fatos e na correta aplicação da 
instrução procedimental, mediante a reunião de elementos probatórios, 
admitindo todas as provas legais (art. 56 do CBJD), para que no final seja 
proferida uma decisão fundamentada, clara e precisa.
59
8.3.3 Características Peculiares do Processo Desportivo
A sua característica principal é a informalidade, respeitando, no 
entanto, os princípios que envolvem a proteção dos direitos fundamentais do 
contraditório, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição, assegurando a 
correta aplicação do direito desportivo. Diga-se, que o formalismo é 
incompatível e lesivo à própria finalidade do processo desportivo, além de ser 
desnecessário. O art. 36 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva dispõe 
que “Os atos do processo desportivo não dependem de forma determinada 
senão quando este código expressamente o exigir, reputando-se válidos os 
que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial”.
Outra característica peculiar do processo desportivo é o do impulso 
oficial, haja vista que uma vez instaurado o processo, seja qual for a forma de 
procedimento, o seu andamento não depende de iniciativa ou provocação de 
qualquer das partes, aplicando-se, portanto, o princípio da oficialidade previsto 
no art. 2º do CBJD. Em nenhum momento o processo poderá ficar paralisado, 
já que na maioria das vezes dependem de soluções rápidas, evitando-se, 
assim, gerar prejuízos tanto aos atletas bem como a todos os envolvidos nas 
competições, partidas ou equivalentes.
8.3.4 – Elementos Identificadores da Relação Processual 
Desportiva
Na relação processual desportiva, são três os elementos que o 
identificam, diferenciando, no entanto, do direito material. 
60
8.3.4.1- Sujeitos Processuais
�No Procedimento Sumário:
�Órgão Judicante
� Procurador (autor)
� Acusado
�No Procedimento Especial:
�Órgão Judicante
� Autor 
� Procurador 
8.3.4.2- Objeto da Relação Processual
É a própria prestação jurisdicional requerida ao órgão judicante. No 
procedimento sumário é a apuração da ocorrência de uma infração disciplinar 
cometida e no procedimento especial são as medidas especiais requeridas aos 
órgãos judicantes, em caráter de urgência. Cito o Mandado de Garantia, a 
Impugnação da Partida ou o Resultado dentre outras.
8.3.5- Pressupostos Processuais
São requisitos para a constituição de uma relação processual válida, 
que ao lado das condições da ação, formam os requisitos de admissibilidade 
do julgamento do mérito:
61
Subjetivos – relacionados aos principais sujeitos da relação processual 
desportiva. 
Quanto aos auditores:
a) Investidura (art. 11/12 e 13 do CBJD e nos regimentos 
internos dos órgãos judicantes)
b) Competência (art. 19 do CBJD e nos regimentos internos dos 
órgãos judicantes)
c) Imparcialidade (art. 18 do CBJD e nos regimentos internos dos 
órgãos judicantes)
Quanto às partes:
a) capacidade de ser parte – é a capacidade de ser parte e de 
estar em juízo(art. 1ª do CC)
b) capacidade processual – consiste na aptidão de participar da 
relação processual
Objetivo - Será observado, intrinsecamente, a regularidade processual 
(regularidade na citação) e extrinsecamente a inexistência de ato impeditivo.
8.3.6-Procedimentos
Podemos conceituá-lo como a forma pela qual o processo se realiza 
em cada caso concreto, ou seja, o rito processual. 
Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini e Cândido Dinamarco 
comentam que 
“A soma dos atos do próprio processo, visto pelo 
aspecto de sua interligação e de sua unidade 
teleológica, é o procedimento”. 23
62
Para Cândido Rangel Dinamarco 
“....o procedimento tem valor de penhor da 
legalidade. A lei traça o modelo dos atos do 
processo, sua seqüência, seu encadeamento, 
disciplinando com isso o exercício do poder e 
oferecendo a todos a garantia de que cada 
procedimento a ser realizado em concreto terá 
conformidade com o modelo preestabelecido: 
desvios ou omissões quanto a esse plano de 
trabalho e participação constituem violações à 
garantia constitucional do devido processo legal”. 24
O processo desportivo desenvolve-se por impulso oficial e obedece a 
dois procedimentos: sumário e especial.
a) o procedimento sumário – adotado para o julgamento de processos 
que tratam das infrações disciplinares previstas no Código Brasileiro de Justiça 
Desportiva (artigos 185 a 280).
b) o procedimento especial – visa o processamento e julgamento de 
casos mais complexos previstos nos artigos 80 e seguintes do Código 
Brasileiro de Justiça Desportiva.
63
CAPÍTULO IX
INTERVENÇÃO DE TERCEIRO
Pode ocorrer no direito processual desportivo, no caso de haver 
legítimo interesse (art.55 do CBJD), a figura da intervenção de terceiro, em 
qualquer grau de jurisdição. Ocorre quando alguém como parte interessada 
ingressa em processo pendente entre outras partes, podendo ser requerida 
somente até a véspera da sessão de julgamento. É sempre voluntária e 
espontânea e ao mesmo tempo facultativa para o terceiro. Considera-se, 
também, como uma forma de intervenção do terceiro prejudicado. Não sendo 
admitido, entretanto, como assistente da Procuradoria.
Coloca Inácio Nunes, que 
“Quando instaurado um processo desportivo, além 
das partes diretamente envolvidas, ocorrendo que 
uma terceira pessoa, física ou jurídica, tenha 
legítimo interesse no seu desenvolvimento e na 
decisão final, porque tal lhe aproveita ou a prejudica, 
poderá requerer, até a véspera da sessão de 
julgamento, seja-lhe admitido intervir no processo 
como terceiro interessado, mas nuca como 
assistente da Procuradoria”.25
64
CAPÍTULO X
ATOS PROCESSUAIS DESPORTIVOS
10.1- Conceito
Como ato processual temos a conduta dos sujeitos do processo que 
tenha por efeito a criação, modificação ou extinção de situações jurídicas 
processuais desportivas.
Para Chiovenda são
“atos jurídicos processuais os que têm importância 
jurídica em respeito à relação processual, isto é, os 
atos que têm por conseqüência imediata a 
constituição, conservação, o desenvolvimento, a 
modificação ou a definição de uma relação 
processual”.26
10.2- Formas dos Atos Processuais
Inácio Nunes menciona que 
“Somente quando o CBJD exigir determinada forma 
para o desenvolvimento do processo terá ela que ser 
respeitada, sendo certo que, ainda que 
determinadas formalidades não sejam entendidas, 
65
os atos praticados de outro modo serão 
considerados válidos desde que preencham a 
finalidade que desejem alcançar. É o princípio da 
informalidade, não contemplado pelo art. 2º”. 27
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva preceitua que o processo 
desportivo não corre em segredo de justiça, já que é de caráter público, salvo 
as exceções previstas em lei; que todas as decisões proferidas deverão ser 
fundamentadas, mesmo que sucintamente; o acórdão só será redigido quando 
requerido pela parte e deverá conter, resumidamente, relatório, 
fundamentação, parte dispositiva e, quando houver, a divergência; as decisões 
proferidas pelos órgãos da Justiça desportiva devem ser publicadas na forma 
da lei, podendo, em face do princípio da celeridade, ser feita via edital ou 
Internet e a Secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos

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