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Segundo Poli (1994), o cultivo de mexilhões, conhecido como mitilicultura, tem seus relatos de um naufrago irlandês que foi o único sobrevivente de um navio que afundou na região deserta de Ponta D’escale, próximo à região de La Rochelle na França Depois de algum tempo surgiu na França, o cultivo com balsas flutuantes Custódio (2004) informa que os primeiros relatos do cultivo de ostra são oriundos do Oriente, tendo começado por iniciativa dos chineses durante o período de 420 a 490 d.C e pelo Japão, a partir de 1620, sendo cultivo baseado na utilização de estacas de bambu. Já no Ocidente, os cultivos tiveram origem na época romana. Devido ao sabor e a importância dada à carne das ostras pelos romanos, os mesmos transportavam as ostras para águas que propiciavam condições melhores para o cultivo, utilizando estruturas denominadas de pargolari Cabe elucidar que o critério utilizado pela FAO fazem distinção entre o mexilhão e o marisco, porém, estes animais apresentam característica semelhantes, sendo que a maioria dos autores Classificam todos como mexilhões.(CUSTÓDIO, 2004 Os moluscos, responsáveis por 4,8% da produção aqüícola nacional, o destaque fica para o cultivo de mexilhões (Perna perna), com 79,5% da produção total, seguido pelas ostras, com 20,5%. Curiosidade: dentre todos os principais organismos cultivados no país, o Perna perna é a única espécie nativa que lidera o ranking de produção dentro do seu respectivo grupo. Todos os demais grupos são liderados por espécies exóticas. Mexilhão é a palavra usada em português para dar o nome a diversas espécies de moluscos bivalves da família Mytilidae, sendo os gêneros mais comuns: Mytilus, Perna e Mytella. No Brasil os nomes dos mexilhões mais comuns para consumo humano são: Perna perna e Mytela falcata Santa Catarina representa 95% do total de moluscos cultivados no Brasil HABITAT Vivem principalmente fixo nos costões rochosos na região de variação das marés e início do infralitoral formando densas populações Forma de Alimentação Processo de filtração realizado por movimento ciliar das células das brânquias Fazem seleção de partículas alimentares em função do tamanho (microalgas) Partículas maiores eliminadas como pseudo-fezes ( formam “pellets”: partículas rejeitadas + muco protéico Sistema de circulação aberto: corpo todo banhado pela água Podem filtrar 0,5 a 4,0 litros /h Diferentes das ostras, os mexilhões não são seletivos, podendo ingerir 75% de detritos orgânicos e 25% de microalgas e bactérias. Aspectos contaminantes da alimentação Taxa de acúmulo de bactérias e metais pesados 100 a 1000 vz a quantidade de água circundante Aspectos contaminantes da alimentação Agravante Na maioria das vezes os acúmulos destes materiais não chegam a causas danos para os moluscos Podem crescer mais em ambientes contaminados (impróprios para consumo Alimentos Principal componente da dieta dos mexilhões: FITOPLÂNCTON Segundo Bayne (1976), para larvas a células vegetais devem ter no máximo 5 μm e menores que 10 μm para adultos Segundo Bayne et al. (1983) não devem estar em densidade menor que 2 mg/ml Crescimento Fatores como: ambiente de cultivo, temperatura, circulação de água e densidade de cultivo Afetam fundamentalmente a quantidade de qualidade do alimento disponível e as eficiências de ingestão e digestão Mexilhões de cultivo geralmente crescem mais rápido do que o de estoques naturais Mexilhões de cultivo: permanecem o tempo todo submerso Reprodução e Desenvolvimento Larval Raros casos de hermafroditismo (Magalhães e Ferreira, 1991) Mexilhão Perna perna é dióico Sem dimorfismo sexual externo Conchas abertas é possível a diferenciação de machos e fêmeas sexualmente adultos: coloração gônadas Reprodução e Desenvolvimento Larval Segundo Lunetta (1969), os machos apresentam gônadas com coloração branco-leitosa e, nas fêmeas, vermelho-alaranjado Através de observação macroscópica e estudos microscópicos do tecido gonadal segue os estágios do ciclo sexual I - animais imaturos, folículos das gônadas pouco desenvolvidos e manto incolor Estádio II - animais em maturação, folículos já visíveis permitindo a observação da cor do manto diferenciando o branco dos machos do salmão das fêmeas; Estádio III - animais maturos, passando a repetirem as seguintes fases: a - plenitude da maturação, folículos repletos ; b - eliminação do material gâmico, esvaziamento dos folículos e aspecto inconsistente do manto c - restauração das gônadas, folículos em desenvolvimento e manto apresentando esboços de branco ou alaranjado Existem alguns estímulos para eliminação de gametas: aumento de temperatura da água desova dos primeiros mexilhões, seguida pelos restantes Depois de eliminar os gametas femininos e masculinos na água do mar, a fecundação acontece ao acaso, pela grande quantidade de material eliminado Meia hora depois da fertilização, a larva começa a nascer com as primeiras divisões celulares. 24 horas depois ela já é uma larva véliger ou larva D, quando começa a se formar a concha; Depois que ela cresce mais um pouco, forma um pé e passa a se chamar pedivéliger, aí começa a ficar diferente porque vai se tornando um mexilhão jovem; Com um mês de idade o mexilhão já se parece com um adulto e procura um local para se fixar; Larva: estágio jovem de um animal; Véliger: é a segunda fase da larva, a véliger, quando começa a apresentar uma conchinha em forma de “D”; Pedivéliger: estágio larval no qual o pé fica ativo na busca de local para a fixação; Estímulos: mudança no meio ambiente ou no meio interno capaz de produzir uma reação; Primeira fixação – em substratos macios. Fixação secundária – em substratos duros, sendo esta a fixação mais definitiva, embora o mexilhão tenha condições de se mover a procura de melhores condições. Parasita Trematodas digenéticos do gênero Bucephalus Infestam de 2- 6 % estoques naturais/cultivo Sintomas: aspecto filamentoso e avermelhado do manto Sintomas: reprodução e composição química Organismos Associados a Mexilhões Ambientes Naturais e de Cultivo Diversas relações: Competição e Predação Anelídeos, Cnidários, Plateomintos, etc Organismos Predadores Geralmente não há problemas na fase de engorda Siris, moluscos gastrópodos (caramujo peludo), estrelas do mar e peixes ( Baiacu e miraguáia – cardume Miraguáia atacam as formas mais jovens ( 2 a 4cm) Métodos de Cultivo Diversas técnicas são empregadas, as mais significativas são: Sistema de engorda ou crescimento Obtenção de sementes (jovens) Ensacamento Desdobre Sistema de Engorda ou de Crescimento Os sistemas de cultivo de mexilhões são muito variados Espécie cultivada ou Ambiente de cultivo Existem vários formas de classificar os sistemas de cultivo Cultivo de Fundo, Estacas (“Bouchots”), Cultivo suspenso Cultivo de Fundo Dinamarca – Holanda - Alemanha - Fundo Pedregoso e grande circulação de água Estacas (“Bouchots”) Praticado quase exclusivamente na França Estacas de 20 cm de diâmetro e de 3 a 4 metros de comprimento. Enterradas geralmente 1 metro em fundo lodoso em mar calmo com grande variação de maré . Mas acarreta o acúmulo de areia ou lodo e diminui o crescimento. Esta grande exposição ao ar garante grande diminuição aos organismos incrustantes Sistema Suspenso Geralmente praticado em locais rasos ( 4m de profundidade). Praticado em mar calmo, perto da costa ou praia com fundo areno-lodoso. Bambu (Brasil , Tailândia e Congo), canos d metal galvanizado e tubos de PVC preenchidos com concreto (Brasil) e até trilhos de trem (Itália). Duas estruturas básicas: Barreiras e varais Barreiras Praticada na Tailândia, estacas de bambu são enterradas uma ao lado da outra formando uma Paliçada. Locais onde são captadas as larvas que aí crescem e engordam Varais Construídas com estacas de bambu enterradas no fundo e outras na parte superior, paralelas à superfície da água onde são amarradasas cordas de cultivo Flutuante Espinhéis e balsas são os sistemas mais empregados em cultivos comerciais no mundo. Utilizados em locais com profundidade média de 4 a 40 metros, locais abrigados (baias e enseadas), com correntes de baixa e média, podendo ser usada em mar aberto. Provocam menos impacto no meio ambiente tanto em termos visuais e hidrológicos. Usam materiais mais elaborados e aspecto mais uniforme Balsas Variam de tamanho: Brasil (30 m2), Chile, Canadá, EUA e China (60 a 90 m2) e Espanha (Até 500 m2) Geralmente construídas de madeira mas com metodologias de construção diferentes. Sistemas de flutuação: bombonas plásticas de 200 l (Brasil), placas de poliuretano rígido (Chile e Canadá), flutuadores de compensado naval (Brasil), tambores comuns de metal entre outros Obtenção de Sementes Semente na mitilicultura é a forma jovem do mexilhão. O tamanho varia dependendo do local e método de obtenção, mas de maneira geral, pode-se considerar tamanhos de 20 a 30 mm de comprimento. Existem três formas básicas de obtenção: produção em laboratório; em coletores de sementes e extração monitorada Produção de sementes em laboratório Eficiente, garantia de maior produção e menor impacto sobre populações naturais. Maior custo, necessidade de manutenção de larvas de moluscos e microalgas (método menos utilizado) Obtenção de Sementes Pode promover sérios prejuízos aos estoques naturais e comunidades de costão. Amplo e preciso conhecimento dos estoques da espécie a ser cultivada. Conhecimento da reprodução. Capacidade de recuperação dos estoques após exploração e cap. Suporte. Legislação específica. Com estes quesitos atendidos é possível utilizar os estoques naturais, mas nunca como uma única forma exclusiva. Ex: Espanha, segundo maior produtor mundial de mexilhões e obtém 50 a 70% de suas sementes através de manejo de estoques naturais de maneira controlada Captação de larvas com coletores Realizada na captação de larvas e posteriormente sementes. Coletores manufaturados específicos para função. O tipo de coletor dependerá do ambiente de cultivo, espécie e condição econômica dos produtores Tipos de coletores Os materiais devem ter ou propiciar a formação de rugosidades, arestas, filamentos ou reentrâncias que facilitem a fixação. Redes de pesca, Bambu, Plástico. Recomendado colocar os coletores 1 a 2 meses antes do período de eliminação de gametas da espécie a ser produzida; Permanecer na água durante 6 meses para obtenção de boa quantidade de sementes de tamanho ideal. Entretanto, a presença de larvas em grande quantidade no zooplâncton torna possível a captura de sementes por coletores artificiais. O processo de produção de mexilhões (Perna perna L.) adotado no Brasil é caracterizada pela baixa utilização da mecanização para realizar as tarefas de manejo e o processamento da produção (Scalice, 2003). Ensacamento ou encordoamento Uma vez obtidas as sementes é necessário passar a fase de crescimento e engorda dos mexilhões. Pode-se utilizar os próprios coletores caso permitem esta prática. Ou fazer a raspagem ou “debulhe” das sementes nos coletores. Devem ser limpas, separadas em classes de tamanho e com remoção dos possíveis competidores Desdobre ou Repicagem Processo que consiste em refazer as cordas de engorda, quando apresentam alta densidade e fixação extra de sementes. Realizado com mexilhões com 5 cm ou após seis meses de cultivo. Diminui a competição e maior homogeneidade aos mexilhões (permite a limpeza) Sistema de cultivo contínuo de mexilhões Nesse modelo, os mexilhões não são cultivados em cordas individuais de pequeno porte (1 a 3m), como ocorre em Santa Catarina (Ferreira & Magalhães, 2010). Com auxílio de máquinas montadas sobre embarcações, são cultivadas cordas de mexilhões que podem medir até 3.000m de comprimento. OSTRAS Ostras são moluscos bivalves que pertencem ao Phillum Mollusca e à Classe Bivalvia. ESPÉCIES As duas espécies mais encontradas no Brasil são a Crassostrea rhizophorae e a Crassostrea gigas Crassostrea rhizophorae Ostra nativa, também é chamada por alguns de Crassostrea brasiliana. Normalmente, vive nas águas de manguezais ou em regiões estuarinas (águas de baixa salinidade). Crassostrea gigas A outra espécie é a ostra do Pacífico, também conhecida como ostra japonesa. Estas ostras, apesar de serem originárias de lugares mais frios, adaptaram-se muito bem às águas frias do litoral catarinense. CARACTERÍSTICAS Possuem duas valvas, ou duas conchas, sendo que as ostras de boa aparência devem ter um lado côncavo, enquanto o outro lado é bem plano. Estas características dizem que uma ostra foi criada com o manejo correto, provém de boas sementes e teve espaço suficiente para crescer. Elas possuem também um músculo muito forte, chamado de adutor, que mantém as valvas fechadas e protegidas contra qualquer ameaça externa. São animais filtradores e costumam manter parte das suas valvas ligeiramente abertas, por onde entra a água com a sua alimentação. Nestas horas, o músculo fica relaxado, mas, ao menor sinal de perigo, se contrai, fechando as valvas fortemente CICLO DE VIDA Alternância de sexo durante a vida, Depois da primeira desova podem ser macho ou fêmeas, Geralmente ostras adultas são fêmeas, Ostras jovens maioria machos SELEÇÃO DE LOCAL DE CULTIVO Salinidade, Existem ambientes junto à costa cuja salinidade varia bastante, de zero a 35‰, resultado dos regimes de chuvas e marés. A ostra do Pacífico cresce e se desenvolve muito bem em ambientes com salinidade de 18 a 32‰. SELEÇÃO DE LOCAL DE CULTIVO Produtividade primária- Os ventos e as correntes levantam sedimentos do fundo e movimentam as águas. Para medir a produtividade de um local, verifica- se a quantidade de “clorofila a”, ou a quantidade de biomassa fitoplântica num certo volume de água. Os locais mais ricos são as regiões costeiras, principalmente onde existem rios. SELEÇÃO DE LOCAL DE CULTIVO Temperatura da água - A temperatura ideal, portanto, é de 14,5 °C. Durante o verão, quando a temperatura sobe até 28°C estas ostras diminuem ou interrompem seu crescimento, podendo, às vezes, morrer. SELEÇÃO DE LOCAL DE CULTIVO Condições de fundo, Poluição, Marés vermelhas, Renovação da água, Ação de ventos, ondas e correntes marinhas, Áreas de navegação marítima, Proximidade aos grandes centros urbanos, Áreas de Pesca. OBTENÇÃO DE SEMENTES Laboratório ou Coletores e Quizamba ASSENTAMENTO REMOTO Técnica amplamente utilizada no exterior para reduzir os custos de produção de ostras. Em lugar de comprar sementes de ostras, os produtores adquirem as larvas ainda no estágio de larva olhada e induzem seu assentamento em suas próprias instalações de cultivo. A técnica dos baldes flutuantes (“bouncing buckets”), consiste na utilização de baldes de plástico de 20 litros, adaptados, substituindo-se o fundo por telas de 500 μ ou 1.000 μ. SISTEMAS DE CULTIVO Existem vários sistemas que possibilitam o cultivo produtivo de ostras. À medida que o produtor se familiariza com o cultivo, pode e deve experimentar melhorias e aperfeiçoamentos que sejam vantajosos para seu negócio. Os sistemas podem ser de fundo e suspensos. Os cultivos suspensos podem ser fixos (mesa) e flutuantes (espinhel – long-line e balsa). EQUIPAMENTOS PARA ENGORDA- Lanterna ou Travesseiro e Bandeja MANUTENÇÃO DO CULTIVO Primeira fase – manejo das sementes. Sementes 7 a 10 mm Estruturas com malha de até 1mm. Caixas monoblocos vazadas revestidas c/ tela de mosquiteiro, Lanternas feitas com malha de confecção de boné. Segunda fase – juvenis. ± 4 cm (juvenis). Separam-se as sementes utilizando peneiras com uma malha superior àquela que vai ser usada nos petrechos de cultivo. - CMV revestidas com tela de 9mm - Lanternas com malha de 5mm entrenó (intermediárias) Terceira fase – terminação ou engorda-Quando atingem 6 cm passam para esta fase, ( malha de 8mm). Observação semanal para verificar a presença de microorganismos indesejáveis e lodo na malha. Limpeza com hidro-compressorou através de limpeza manual PREDADORES Planária, Caramujo peludo, Caramujo liso, Caranguejos e siris, Baiacu, Estrela do mar, Miraguaia PARASITAS Broca-de-ostra, Polidora DOENÇAS Mortalidade em massa de verão, Ambientes com alta produtividade primária, Alta temperatura, Fundo lodoso COLHEITAS A colheita da Ostra do Pacífico pode ser feita a partir do sexto mês de cultivo (8 cm de comprimento). Depois de colhidas, as ostras devem ser bem lavadas, de preferência com jato de água forte (hidro-compressor ou moto-bomba) e escovadas para remoção de toda lama e dos organismos incrustantes. Embora as ostras resistam muito bem fora d’água por até sete dias, recomenda-se o transporte em caminhões ou pick-ups isotérmicos (5 a 15° C) evitando a exposição direta ao sol.
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