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Gestão Estratégica de Pessoas na Prática W B A 0 2 5 4 _ v1 _ 0 2/286 Gestão Estratégica de Pessoas na Prática Autoria: Rodrigo Bombonati de Souza Moraes Como citar este documento: MORAES, Rodrigo Bombonati de Souza. Gestão Estratégica de Pessoas na Prática. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas 05 Assista a suas aulas 30 Unidade 2: O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas 39 Assista a suas aulas 62 Unidade 3: Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial 72 Assista a suas aulas 101 Unidade 4: Gestão estratégica de pessoas: um estudo de caso sobre o alinhamento estratégico 109 Assista a suas aulas 139 2/286 3/2863 Unidade 5: O papel da gestão de pessoas na estratégia: um estudo de caso em uma empresa do setor automotivo do Paraná 149 Assista a suas aulas 173 Unidade 6: Planejamento estratégico e gestão de pessoas em hospitais públicos e privados 183 Assista a suas aulas 210 Unidade 7: Estudo da adaptação estratégica e das capacidades estratégicas 217 Assista a suas aulas 241 Unidade 8: Gestão do conhecimento em centro de telecomunicações 249 Assista a suas aulas 277 Sumário Gestão Estratégica de Pessoas na Prática Autoria: Rodrigo Bombonati de Souza Moraes Como citar este documento: MORAES, Rodrigo Bombonati de Souza. Gestão Estratégica de Pessoas na Prática. Valinhos: 2017. 4/286 Apresentação da Disciplina Por vezes, percebemos uma grande distân- cia entre o que é planejado nas empresas e o que realmente acontece no dia a dia do trabalho. Isso pode ocorrer, por um lado, porque há um descolamento entre as for- mulações estratégicas e a prática organiza- cional. Ou seja, o planejamento não leva em consideração as reais informações existen- tes em uma empresa. Por outro lado, as or- ganizações deixam de utilizar instrumentos que transformam a estratégia em indicado- res e metas coletivas e individuais, passíveis de mensuração e de avaliação periódicas. Diante disso, por meio de pesquisas reali- zadas, a nossa disciplina procura analisar a aplicação das estratégias em diferentes ti- pos de empresas, de modo que possamos refletir sobre facilitadores e barreiras de sua aplicação cotidiana. Frequentemente, ouvi- mos dizer que “na prática, a teoria é outra”. No nosso caso, o mais adequado seria, en- tão, entender a teoria para saber quais são as condições em que pode ser aplicada ade- quadamente e em quais situações deverá ser modificada para atender às diversas re- alidades organizacionais. 5/286 Unidade 1 A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas Objetivos 1. Entender os conceitos e característi- cas da Gestão Estratégica de Pessoas. 2. Aplicar os conceitos em casos cotidia- nos do ambiente organizacional. 3. Perceber a importância das pessoas para a realização da estratégia em- presarial. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas6/286 Introdução O tema de Gestão Estratégica de Pessoas assume grande relevância na atualidade por conta da necessidade, por um lado, de ali- nhamento da função de recursos humanos à estratégia organizacional como um todo e, por outro, devido ao papel fundamental que as pessoas assumem para a consecu- ção dos objetivos organizacionais. Assim, torna-se relevante o estudo acerca da elaboração e implementação da estraté- gia de gestão de pessoas como instrumento complementar aos demais aspectos estra- tégicos da organização, como marketing, finanças, operações, entre outros. Nesta aula, você poderá refletir sobre o pa- pel de gestão de pessoas na composição da estratégia organizacional. 1. GESTÃO DE PESSOAS Quando falamos de Gestão de Pessoas, o que queremos dizer? • Gestão do comportamento? • Gestão das competências? • Gestão da performance e resultados? • Gestão da motivação, satisfação e qualidade de vida? • Gestão das relações, comunicações e conflitos? • Gestão da sociabilidade e da cultura? • Gestão da contratação, carreira e re- muneração? • Gestão do desenvolvimento e da edu- cação? Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas7/286 Podemos aqui responder com um sonoro sim! Isso tudo e muito mais. Basta pegar- mos qualquer manual de Gestão de Pesso- as, Recursos Humanos ou Administração de Pessoas que nos depararemos com os Link O vídeo a seguir, intitulado “Dan Pink e a surpre- endente ciência da motivação”, traz uma insti- gante reflexão sobre o que a teoria de gestão diz e o que ocorre na realidade. Leva-nos a pensar so- bre a aplicação pura e simples da teoria motiva- cional sem considerar o cotidiano organizacional. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=rrkrvAUbU9Y>. Acesso em: 13 maio 2017. temas acima e tantos outros, com maior ou menor grau de detalhamento em grandes ou pequenas empresas. Link A Gestão de Pessoas tornou-se uma ferramenta importante para micro e pequenas empresas tan- to quanto para as grandes. O link da revista Exa- me a seguir mostra diversas formas de utilização dessa ferramenta em pequenas empresas brasi- leiras. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/ noticias-sobre/gestao-de-pessoas/>. Acesso em 13 maio 2017. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas8/286 O que percebemos, então, é que o campo da Gestão de Pessoas preocupa-se com as diversas dimensões humanas no trabalho (em certos casos, fora dele também) que se mostram importantes conhecer, pesqui- sar e estudar de modo que as organizações possam gerir tais dimensões para que seus objetivos sejam atingidos (MORAES, 2004). A administração de pessoas pode ser com- preendida como uma área do saber, inter- na às ciências humanas, em que teorias e técnicas são criadas, destruídas e recriadas tendo em vista a consecução dos objetivos organizacionais (MORAES, 2004) e, recen- temente, o desenvolvimento pessoal e so- cial do indivíduo na perspectiva da gestão de competências (FLEURY, 2002). A Figura 1, abaixo, ilustra as contribuições da área de Comportamento Organizacional, por exemplo, vista como grande influencia- dora da área de Gestão de Pessoas. Para saber mais O termo competência assume importância na li- teratura de RH no Brasil por volta dos anos 2000, mesmo já tendo sido utilizado na década de 1970 nos EUA. Podemos defini-lo como “um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, ha- bilidades, que agregue valor econômico à organi- zação e social ao indivíduo” (FLEURY, 2002, p. 55) Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas9/286 Figura 1 - Contribuições para o Estudo do Com- portamento Organizacional Fonte: Robbins (2005, p. 9). Conforme podemos observar, quando pen- samos em comportamento humano no tra- balho, do ponto de vista da Gestão de Pes- soas, diversas são as contribuições de áreas do conhecimento para a tentativa de com- preender e gerir a ação humana nas organi- zações. Diversos também são os modelos utilizados para fazer a gestão das pessoas nas orga- nizações. Um modelo de gestão de pessoas seria “a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar o com- portamento humano no trabalho” (FISCHER, 2003, p. 12). Para tanto, a “empresa se estrutura definin- do princípios, estratégias, políticas e prá- ticas ou processos de gestão. Através des- ses mecanismos, implementa diretrizes e Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas10/286 orienta os estilos de atuação dos gestores em sua relação” (FISCHER, 2002, p. 12) com seus funcionários.Podemos complementar essa definição ao mostrar que a administração de RH deve “conquistar e manter talentos na organiza- ção, produzindo e dando o máximo de si, de modo positivo e favorável aos objetivos da organização, em consonância com os ob- jetivos individuais” (LEITE; ALBUQUERQUE, 2009, p. 15) A depender de suas características internas (tecnologia adotada, organização do tra- balho, estrutura e cultura organizacional) e fatores externos (mercado de trabalho, concorrência, consumidores, legislação, infraestrutura etc.) (FISCHER, 2002), cada empresa deve elaborar e implementar um modelo que lhe seja mais adequado para atingir seus objetivos por meio das pessoas. Contudo, existem elementos comuns que interferem nas relações humanas organi- zacionais e que servem para a composição de um modelo de gestão de pessoas. Quais seriam, então, esses componentes? Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas11/286 Quadro 1 - Componentes formais do modelo de Gestão de Pessoas Componentes formais Características Exemplos Princípios Orientação de valor e crenças básicas, mui- tas vezes, declarados pelas empresas em suas missões, valores ou filosofias. “Somos responsáveis para com nossos em- pregados, homens e mulheres que conos- co trabalham em todo o mundo. Cada um deve ser considerado em sua individualida- de” (Credo da Johnson & Johnson). Políticas Estabelecimento de diretrizes de atuação, visando aos objetivos de médio e longo prazos. “A Xerox deve ser capaz de atrair e reter pro- fissionais qualificados para diversas fun- ções do negócio.” (FISCHER, 2002, p. 17) Processos Percursos a ser seguidos para atingir os ob- jetivos pretendidos. Deve estar de acordo com os princípios e políticas organizacio- nais. “Planos de cargos e salários, administração de carreiras, avaliação de desempenho.” (FISCHER, 2002, p. 17) Fonte: Adaptado de Fischer (2002, p. 17). Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas12/286 A partir do Quadro 1, entendemos que o modelo de Gestão de Pessoas, embora deva ser adequado às diferentes realidades orga- nizacionais, possui elementos comuns que, juntos, constituirão as orientações neces- sárias à formulação estratégica da organi- zação, bem como os parâmetros para di- recionamento do comportamento humano no trabalho. Link O credo da Johnson & Johnson é reconhecido pelos valores que defende e pela difusão interna a seus funcionários. Vale a pena conferir o link a seguir: Disponível em: <http://www.jjmii.com.br/so- bre-o-instituto/credo>. Acesso em: 13 maio 2017. 2. ESTRATÉGIA ORGANIZACIO- NAL O tema da estratégia organizacional ocupa um espaço bastante privilegiado na literatu- ra da administração. Por vezes, é negligen- ciado nos cursos de graduação e até nos de pós-graduação, pois seu conteúdo é muito distante das práticas profissionais dos alu- nos. Mas, em empresas de médio ou grande porte, acostumadas a pensar estrategica- mente, ou nós participamos da elaboração da estratégia ou nós sofremos os impactos do que foi decidido estrategicamente. Em linhas gerais, podemos dizer que a es- tratégia é o caminho para se atingir o obje- tivo organizacional. Enquanto o objetivo é Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas13/286 AONDE a empresa quer chegar (alvo financeiro, geralmente) a estratégia é o COMO a empresa vai chegar (caminhos que serão percorridos). A Figura 2, abaixo, ilustra essa ideia inicial: Figura 2 - Objetivo e estratégia Fonte: Elaborado pelo autor (2017). Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas14/286 Deixando a metáfora do alvo um pouco de lado, podemos exemplificar o objetivo e a estratégia com o seguinte caso: vamos ima- ginar que uma empresa queira aumentar seus lucros em 20% num período, compa- rativamente a outro. Como ela pode crescer 20%? Ela pode, de acordo com Fischmann (1991): • Diminuir seus custos; • Ampliar os benefícios oferecidos aos clientes; • Descontinuar uma parte de suas ope- rações; • Adquirir outra empresa; • Capacitar sua força de vendas; • Comprar equipamentos mais eficientes; • Reposicionar seu produto ou serviço no mercado; • Desenvolver novos produtos; • Etc. Querer crescer 20% (OBJETIVO) pode ser ob- tido (ESTRATÉGIA) por meio da diminuição dos custos, ampliação dos benefícios, des- continuação de uma parte da operação etc. Uma vez que, conforme ilustra a Figura 2 e as possibilidades listadas acima, existem várias formas de atingir o objetivo, também existem várias escolas de estratégia, isto é, há muitos autores de destaque acadêmico e empresa- rial que definem, caracterizam e estruturam a estratégia de modos diferentes. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas15/286 Albuquerque (2002, p. 37), assim, afirma que há “certos pontos em comum entre essas defini- ções” que nos levam a ter uma ideia geral do que vem a ser estratégia: • A estratégia dá direção, fornece o direcionamento da empresa e provê consistência; • A estratégia resulta de um processo de decisão; • As decisões são principalmente de natureza qualitativa, interferem no todo da organização e buscam eficácia a longo prazo; • A estratégia abrange a organização e sua relação com o ambiente; • A estratégia envolve questões de conteúdo e de processo, em diferentes níveis. (ALBUQUERQUE, 2002, p. 73) Resumidamente, podemos então dizer que a estratégia direciona a empresa, afeta a empresa como um todo, estabelece relação com o ambiente, tem impacto em diferentes níveis da empre- sa e é fruto de decisões tomadas. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas16/286 A estratégia é então a “formulação da mis- são e dos objetivos organizacionais, bem como de políticas e planos de ação para alcançá-los, considerando os impactos das forças do ambiente e a competição” (AL- BUQUERQUE, 2002, p. 38, grifo nosso). Para saber mais Quando falamos ambiente, de acordo com Al- buquerque (2002), nos referimos geralmente ao ambiente externo composto pela concorrência, consumidores, mercado de trabalho, sindicatos (ambiente de tarefa) e tecnologia, demografia, economia, cultura e política (ambiente social). 3. GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS Para atingir seus objetivos, as empresas procuram traçar estratégias que mobilizem recursos e comportamentos daqueles que estão envolvidos, direta ou indiretamente, com a organização. No que se refere aos Recursos Humanos, de acordo com Albuquerque (2002) a adminis- tração estratégica deve reconhecer a influ- ência do ambiente externo e a dinâmica do mercado de trabalho, enfatizar a tomada de decisão e a perspectiva do longo prazo, levar em consideração todas as pessoas da orga- nização e integrar-se à estratégia organi- zacional e às demais estratégias funcionais (marketing, finanças, operações etc.). Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas17/286 O modo com que cada empresa orientará suas estratégias dependerá da forma como relacio- na-se com seus funcionários. Albuquerque (2002) apresenta-nos, de modo bastante claro, dois modelos de estratégia para lidar com as pessoas: controle e comprometimento. Observemos o Quadro 2 abaixo: Quadro 2 - Concepções organizacionais comparadas Modelo Características Distintivas Estratégia de controle Estratégia de comprometimento ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Altamente hierarquizada, separa- ção “quem pensa” e quem faz. Redução de níveis hierárquicos e de chefias intermediárias, junção do fazer e do pensar – empower- ment. Organização do trabalho Trabalho muito especializado,ge- rando monotonia e frustrações. Trabalho enriquecido, gerando desafios. Realização do trabalho Individual. Em grupo. Sistema de controle Ênfase em controles explícitos do trabalho. Ênfase no controle implícito pelo grupo. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas18/286 Modelo Características Distintivas Estratégia de controle Estratégia de comprometimento RELAÇÕES DE TRABALHO Política de emprego Foco no cargo, emprego a curto prazo. Foco no encarreiramento flexível, emprego a longo prazo. Nível de educação e formação re- querido Baixo, trabalho automatizado e especializado. Alto, trabalho enriquecido e inten- sivo em tecnologia. Relações empregador-empregado Independência. Interdependência, confiança mú- tua. Relações com sindicatos Confronto baseado na divergência de interesses. Diálogo, busca da convergência de interesses. Participação dos empregados nas decisões Baixa, decisões tomadas de cima para baixo. Alta, decisões tomadas em grupo. POLÍTICA DE RECURSOS HUMA- NOS Contratação Contrata para um cargo ou para um conjunto especializado de car- gos. Contrata para um carreira longa na empresa. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas19/286 Modelo Características Distintivas Estratégia de controle Estratégia de comprometimento Treinamento Visa ao aumento do desempenho na função atual. Visa preparar o empregado para futuras funções. Carreira Carreiras rígidas e especializadas, de pequeno horizonte e amarra- das na estrutura de cargos. Carreias flexíveis, de longo alcan- ce, com permeabilidade entre di- ferentes carreiras. Salarial Focada na estrutura de cargos, com alto grau de diferenciação sa- larial entre eles. Focada na posição da carreira e no desempenho, com baixa diferen- ciação entre níveis. Incentivos Uso de incentivos individuais. Foco nos incentivos grupais vincu- lados a resultados empresariais. Fonte: Albuquerque (2002, p. 39). Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas20/286 Embora o quadro seja bastante claro, pode- mos sintetizá-lo da seguir maneira: Estratégia de controle: “empregados vistos como números, custos e fator de produção que, para desempenhar bem as funções, Para saber mais O termo empowerment ou empoderamento é mui- to utilizado por movimentos sociais para descre- ver o grau de participação, atuação e conquistas de direitos por pessoas que lutam por determina- das causas (étnico-raciais, gênero, movimentos por moradia etc.). Nas organizações, significa for- necer autonomia aos funcionários para que to- mem decisões no local de trabalho. devem ser mandados e controlados” (BOS- QUETTI et al., 2009, p. 51). Estratégia de comprometimento: “as pes- soas são consideradas parceiras no traba- lho, nas quais a empresa deve investir para conseguir melhores resultados empresa- riais” (BOSQUETTI et al., 2009, p. 51). Para a concretização desta última, defen- de-se que as políticas de recursos humanos devem partir das seguintes premissas, de acordo com Bosquetti et al. (2009): • Valorizar os talentos humanos; • Atrair e manter profissionais de alto potencial e qualificação; • Criar as condições para a motivação individual; Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas21/286 • Fazer com que os grupos direcionem- se às metas organizacionais; • Possibilitar o aprimoramento profis- sional na empresa; • Vincular incentivos a resultados da equipe; • Adaptar as políticas de RH à empresa e ao ambiente de atuação. Citando Becker, Huselid e Ulrich (2001, p. 51), Bosquetti et al. (2009, p. 51), a compre- ensão do funcionamento do negócio a pon- to de adaptar as políticas de RH às necessi- dades de mudança empresarial, mostra que os profissionais de RH possuem a compe- tência para tornarem-se parceiros estraté- gicos da organização, agregando-lhe valor. Essa colocação é bastante interessante, pois mostra que o RH precisa, efetivamen- te, assumir a linguagem dos negócios (per- formance, desempenho, resultados, cum- primento de metas etc.) para habilitar-se a “sentar” ao lado das áreas estratégicas da empresa (marcadamente, finanças e marke- ting) e não ser apenas uma área acessória na organização. Além disso, Bosquetti et al. (2009) mostram que os autores entendem que a estratégia implementada com sucesso deve: • Ter foco estratégico nos funcionários; • Ter um alinhamento estratégico de RH com a estratégia da empresa; • Ter um sistema para avaliar e medir o desempenho, equilibradamente. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas22/286 Caso contrário, ou seja, se não houver ali- nhamento entre a estratégia de RH com a empresarial, pode haver perda de valor or- ganizacional. Da mesma maneira, Albuquerque (2002) entende que tal alinhamento é fundamen- tal. Para tanto, apresenta as etapas para a formulação da estratégia de Recursos Hu- manos que deve andar em concomitância e alinhamento com as estratégias empresa- riais. As etapas da Figura 3, abaixo, relaciona-se com cada etapa do planejamento estratégi- co organizacional. Figura 3 - Estratégia de RH Fonte: Albuquerque (2002, p. 41). Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas23/286 A respeito do que vemos na figura, temos que: 1- Relaciona-se à Visão do Negócio; 2- Relaciona-se à Missão da empresa; 3- Relaciona-se à Análise do ambiente empresarial; 4- Relaciona-se à Análise das capacida- des organizacionais; 5- Relaciona-se aos Objetivos organiza- cionais; 6- Relaciona-se às Macropolíticas em- presariais; 7- Relaciona-se aos Elementos estraté- gicos críticos da empresa; 8- Relaciona-se à Seleção e desenvolvi- mento da estratégia. Assim, a Estratégia de Gestão de Pessoas (ou de Administração de Recursos Huma- nos) deve alinhar-se à formulação estra- tégica da empresa, de modo que possa par- ticipar, ativamente, na busca dos resultados organizacionais. Resumidamente, deve se- guir as etapas de: • Envolver-se com a Visão da empresa: o que a empresa quer ser em determi- nado tempo? • Desenvolver a Missão de RH: qual o propósito de Gestão de Pessoas? • Analisar o ambiente de RH: como está o mercado de trabalho, sindicatos, le- gislação, concorrência etc.? Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas24/286 • Analisar o RH: quais são as capacida- des, competências e carências inter- nas? • Definir o objetivo do RH: aonde o RH quer chegar? • Definir as Políticas de RH: o que deve ser seguido para contratação, remu- neração, treinamento etc.? • Elementos estratégicos críticos: o que diferencia o RH na organização? • Inclusão da estratégia: o que o RH tem de traçar no que diz respeito às metas e formas de avaliação para a estraté- gia organizacional ser bem-sucedida? Desse modo, percebemos que a Gestão Es- tratégica de RH, muito além de ser mera aplicação teórica, é sim a utilização de téc- nicas que levam a uma profunda análise das relações sociais interna e externa à empre- sa para que, alinhada à estratégia organi- zacional, os objetivos empresariais sejam alcançados. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas25/286 Glossário Ambiente: trata-se das variáveis externas à organização que afetam suas operações. Pode ser dividido em ambiente de tarefa (mais próximo à empresa), como fornecedores, consumidores e concorrentes, e ambiente social ou geral (mais distante), composto pela tecnologia, política, demografia, entre outros (ALBUQUERQUE, 2002). A análise doambiente é fundamental para a formulação da estratégia. Empowerment: também conhecido como empoderamento, é o fornecimento de autonomia aos funcionários para tomarem decisões no local de trabalho sem terem de solicitar autorização de cargos superiores. Missão: representa o propósito de uma empresa. Ou seja, o motivo mercadológico, social, am- biental, cultural ou ético de sua constituição para além do fornecimento de bens ou serviços. Questão reflexão ? para 26/286 Muitas vezes, a área de Recursos Humanos aparece dis- tante das áreas que tomam decisões de grande impacto para as organizações. Diante disso, reflita sobre sua ex- periência profissional e responda: de que modo a área de Administração de Pessoas de uma empresa que você tenha trabalhado era vista pelos funcionários em geral: de modo estratégico ou operacional? 27/286 Considerações Finais • Para elaborar sua estratégia, a Administração de Recursos Humanos deve lançar mão de uma série ferramentas de gestão, de modo que se aproxime das estratégias organizacionais e sirva de parceira na busca dos objetivos empresariais. É importante que tais ferramentas levem em consideração o que efetivamente ocorre na empresa, evitando que sejam aplicadas indiscri- minadamente. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas28/286 Referências ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. A gestão estratégica de pessoas. In: FLEURY, Maria Tereza Leme (Coord.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. BOSQUETTI, Marcos Abílio et al. O alinhamento da estratégia de gestão de pessoas com a es- tratégia organizacional. In: ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; LEITE, Nildes Pitombo (Org.). Gestão de pessoas: perspectivas estratégicas. São Paulo: Atlas, 2009. FISCHER, André Luiz. Um resgate conceitual e histórico do modelo de gestão de pessoas. In: FL- EURY, Maria Tereza Leme (Coord.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. FISCHMANN, Adalberto A. Planejamento estratégico na prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. FLEURY, Maria Tereza Leme. A gestão de competência e a estratégia organizacional. In: _____ (Coord.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. LEITE, Nildes Pitombo; ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. Gestão estratégica de pessoas: con- ceito, evolução e visão. In: ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; LEITE, Nildes Pitombo (Org.). Gestão de pessoas: perspectivas estratégicas. São Paulo: Atlas, 2009. Unidade 1 • A aplicação da teoria na gestão estratégica de pessoas29/286 MORAES, Rodrigo Bombonati de Souza. “...como se fosse máquina”: contribuições sociológicas para uma leitura crítica do sentido da administração de pessoas. 2004. 237 f. Dissertação (Me- strado em Administração) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universi- dade de São Paulo, São Paulo, 2004. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 30/286 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: A Aplicação da Teoria na Gestão Estratégica de Pessoas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 6d9926cb492cb4afe69bf2261091c655>. Aula 1 - Tema: A Aplicação da Teoria na Gestão Estratégica de Pessoas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ad2989af379725550695e3b51b1043a9>. 31/286 1. Enquanto campo de saber e prática, Robbins (2005) mostra que a Ges- tão de Pessoas recebe influência de diferentes áreas do conhecimento para formular suas técnicas e implantar suas ações. Relacione a área do conhe- cimento com sua contribuição à Gestão de Pessoas e assinale a alternativa com a associação adequada: Ciências Humanas (a) Antropologia (b) Psicologia (c) Ciência Política (d) Sociologia Contribuições para Gestão de Pessoas i – estudo das relações de poder e conflito nas organizações. ii – estudo da cultura organizacional. Questão 1 32/286 Questão 1 iii – estudo das percepções e emoções. iv – estudo das políticas organizacionais. Associação adequada: a) a-i; b-ii; c-iii; d-iv. b) a-ii; b-iii; c-iv; d-i. c) a-iii; b-i; c-ii; d-iv. d) a-ii; b-i; c-iv; d-iii. e) a-iii; b-ii; c-iv; d-i. 33/286 2. Uma das etapas para a constituição do modelo de Gestão de Pessoas é a elaboração dos princípios, políticas e processos. A seguir, observam-se exemplos desses elementos: I – A empresa orienta-se pela honestidade de seus negócios e respeito aos clientes e fornecedores. II – Os salários da empresa devem ser compatíveis com a média do mercado, acrescentando-se bonificação pelo desempenho. III – A pesquisa de clima organizacional ocorrerá anualmente e será aplicada a todos/as os/as funcionários/as. São exemplos de princípio, política e processo, respectivamente: a) I, II e III. b) III, I e II. c) II, I e III. d) I, III e II. e) II, III e I. Questão 2 34/286 3. A análise ambiental é fundamental para a elaboração da estratégia. Em Gestão Estratégica de Pessoas, deve-se atentar aos elementos externos que trarão impactos, positivos ou negativos, à área de RH e, consequen- temente, à empresa. Qual das alternativas corresponde ao ambiente de tarefa de RH? a) Consumidores e clientes. b) Concorrentes indiretos. c) Mercado de trabalho. d) Tecnologia de inovação. e) Agências reguladoras. Questão 3 35/286 4. De modo recorrente, a Administração de Recursos Humanos recebe crí- ticas por não ser considerada uma área estratégica dentro das empresas. Para reverter tal cenário, a área de Recursos Humanos tem tomado a se- guinte iniciativa: a) Contratado profissionais mais qualificados em gestão de negócios. b) Investido em programas de qualidade de vida para os funcionários. c) Intensificado as reuniões com a diretoria das empresas. d) Promovido eventos empresariais com as diversas áreas da empresa. e) Elaborado suas estratégias em diálogo com a estratégia empresarial. Questão 4 36/286 5. Albuquerque (2002) caracteriza as estratégias de RH em duas dimen- sões: estratégia de controle e estratégia de comprometimento. Os itens abaixo trazem afirmações referentes a elas: I – Treinamento preparando o funcionário para exercer futuras funções. II – Trabalho organizado de modo individual e especializado. III – Remuneração baseada na diferenciação dos cargos. IV – Desenvolvimento do empowerment para realização das funções. V – Carreira desenvolvida em diversas dimensões. Assinale a alternativa que contenha as características da estratégia de comprometimento: a) I, II e V. b) II, III e IV. c) III e IV. d) I, IV e V. e) I, II e IV. Questão 5 37/286 Gabarito 1. Resposta: B. As ciências humanas contribuem para o de- senvolvimento das técnicas de Gestão de Pessoas; a Antropologia é reconhecida pe- las contribuições para análise da Cultura das empresas; a Psicologia é utilizada para entender as emoções e percepções dos fun- cionários; a Sociologia tem grande contri- buição nos estudos de conflitos e poder e a Ciência Política auxilia no entendimento da elaboração e implementação das políticas da empresa. 2. Resposta: A. Os princípios descrevem questões relati- vas aos valores da empesa (honestidade, respeito, integridade etc.). As políticas são formulações que devem ser seguidas como normatizações internas (política de contra- tação, remuneração, carreira etc.). Os pro- cessos seriam formas mais operacionais das empresas, orientando e estimulando as ações e comportamentos dos funcionários (processo de pesquisa salarial, de avaliação do clima organizacional etc.). 3. Resposta: C. O mercado de trabalho interfere de modo direto nas decisões de RH, pois dependendodas suas características, a área de RH terá maior ou menor dificuldade para tomar de- cisões quanto à contratação ou demissão, à qualificação da força de trabalho etc. 38/286 Gabarito 4. Resposta: E. A crítica de distanciamento de Gestão de Pessoas em relação ao campo estratégico tem diminuído com a utilização da elabo- ração estratégica de RH em diálogo com a estratégia empresarial. 5. Resposta: D. A maior autonomia dos funcionários, de- senvolvimento de carreira não apenas pelo cargo, mas de diferentes maneiras (dia- gonal, por função, para outras localidades etc.) e o treinamento dos funcionários, pre- parando-os para o exercício de funções fu- turas são exemplos de estratégia de com- prometimento. 39/286 Unidade 2 O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas Objetivos 1. Considerar as produções científicas de Gestão de Pessoas e Gestão Estra- tégica de Pessoas no Brasil. 2. Refletir sobre as possibilidades de pesquisa em Gestão Estratégica de Pessoas. 3. Perceber a relevância das pesquisas para a compreensão do campo de Gestão de Pessoas nas organizações. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas40/286 Introdução A Gestão Estratégica de Pessoas (GEP) tem assumido cada vez mais relevância tanto nos debates acadêmicos quanto nos plane- jamentos estratégicos das empresas. Isso ocorre devido à percepção de que apenas com o envolvimento efetivo das pessoas nas atividades organizacionais é que os ob- jetivos empresariais pretendidos serão re- almente atingidos. Assim, não basta apenas a declaração de objetivos, missões e metas se a empresa não se atentar à construção de instrumentos de gestão de pessoas que operacionalizem o que foi planejado. Nesta aula, apresentaremos algumas pes- quisas realizadas no âmbito estratégico que procuram servir de modelos para a efetiva implantação da Gestão Estratégica de Pes- soas nas organizações. 1. PESQUISAS EM ADMINISTRA- ÇÃO E GESTÃO DE PESSOAS Em 2005, professores e pesquisadores da FGV, preocupados com as pesquisas em Administração no Brasil, publicaram um li- vro intitulado “Produção científica em ad- ministração no Brasil” (BERTERO; CALDAS; WOOD Jr., 2005), composto por análises de artigos nas diversas áreas que compõem o universo da administração (estratégia, marketing, recursos humanos, operações, finanças, entre outras) e que foram publica- dos em eventos acadêmicos e revistas na- cionais. Vejamos alguns dos achados desse livro. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas41/286 1.1. Produção em Administra- ção As descobertas quanto às produções brasi- leiras são pouco animadoras, uma vez que são, de acordo com Bertero, Caldas e Wood Jr. (2005): • Periféricas: sem impacto internacio- nal; • Sem originalidade: não apresentam novas abordagens ou respostas; • Imitativas: copiam o que ocorre nos centros desenvolvidos. Os autores constatam que as pesquisas brasileiras são predominantemente acadê- micas, sem a preocupação com os proble- mas concretos enfrentados pelo universo gerencialista em suas práticas profissionais. Apontam ainda que a produção brasileira é repetitiva, de inclinação funcionalista (es- tudo das funções e disfunções organizacio- nais), sem produção de teoria e com pouca qualidade do material produzido (BERTERO; CALDAS; WOOD Jr., 2005). Para saber mais O funcionalismo é uma abordagem epistemológi- ca que, nos estudos organizacionais, procura ex- plicar o funcionamento das organizações a partir das partes que as compõem, bem como a função das organizações para a sociedade (escolas, hos- pitais, empresas etc.). Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas42/286 1.2. Produção em Recursos Hu- manos Tonelli et al. (2005) afirmam que a produção em Recursos Humanos (RH) no Brasil, até a década de 1980, foi escassa. Atribuem a isso o baixo desenvolvimento das indústrias brasileiras, além da falta de um fórum espe- cífico para a divulgação das pesquisas, so- mente criado em 1982, a partir do primeiro Encontro Nacional de Pós-Graduação em Administração no Brasil (EnAnpad). Analisando as publicações no EnAnpad e em periódicos de destaque no campo da administração (Revista de Administração de Empresas – RAE; Revista de Administra- ção Pública – RAP; Revista de Administra- ção de Empresas da USP – RAUSP; e Revista de Administração Contemporânea – RAC), no período de 1991-2000, os autores che- gam a resultados importantes (TONELLI et al., 2005). Link O EnAnpad é o Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração que ocorre anualmente. O link sugerido leva ao site que contém os diversos trabalhos apresenta- dos desde 1997. Vale a pena visitá-lo para conhe- cer a Associação, a quantidade de trabalhos e as temáticas publicadas. Disponível em: <http://www.anpad.org. br/~anpad/eventos.php?cod_evento=1&- cod_evento_edicao=89#>. Acesso em: 21 maio 2017. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas43/286 Embora tenha crescido o número de pu- blicações no campo de Recursos Humanos (106%, no período analisado), o crescimen- to não foi acompanhado pelo aumento do rigor científico e pela qualidade da produ- ção, com destaque para a temática de com- portamento organizacional em número de pesquisas. Além disso, a base metodológi- ca foi considerada frágil pelos autores, que afirmam predominar estudos de caso, mos- trando um cenário “apenas ilustrativo de teoria consolidada” (TONELLI et al., 2005, p. 52) e sem apresentar novidades, com pou- quíssima diversidade de origem das produ- toras dos artigos, restringindo-se a poucas regiões e instituições. Com relação à temática dominante, quase hegemônica de comportamento organiza- cional, os autores indicam que pode ter sido pela maior entrada de psicólogos e cientis- tas sociais no campo de RH. Adicionalmen- te, argumentam que a maior insegurança quanto ao emprego, advinda da maior ado- ção de modelos estratégicos, trouxe “mais pressão e carga de trabalho às pessoas, o que significa que mais estudos comporta- mentais seriam necessários para se conse- guir que as pessoas trabalhem da maneira desejada” (TONELLI et al., 2005, p. 57). O Quadro 1 apresenta os subtemas dos ar- tigos categorizados pelos pesquisadores, bem como os conteúdos que aparecem com maior frequência nas publicações em RH no Brasil no período analisado: Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas44/286 Quadro 1 - Subtemas e conteúdos mais frequentes por grupos temáticos Comportamento Funções Políticas Outros • Comportamento • Estresse • Aprendizagem • Gênero • Saúde • Papel dos dirigentes/ liderança • Perfil gestor/gestor RH • Motivação • Impactos das mudan- ças na forma de orga- nização do trabalho • Satisfação no trabalho • Criatividade • Relações de poder • Avaliação de desem- penho • Mudança nas funções • Treinamento • Carreira • Remuneração • Cargos e salários • Gestores • Participação nos lu- cros • Qualificação • Recrutamento e sele- ção • Qualidade de vida no trabalho • Modelos de RH • Gestão por competên- cias • Gestão participativa • Cultura • Diversidade cultural • Estilos de gestão • Programas de qualidade • Relações de trabalho • Qualificação • Mudança em RH • Mudanças na organiza- ção do trabalho • Universidades cor- porativas • Empresa familiar • Formação do admi- nistrador • Pesquisa em RH • Política educacional Fonte: Tonelli et al. (2005, p. 57). Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas45/286 Embora diversos subtemas e conteúdosacima pertençam à Gestão Estratégica de Pessoas (GEP), não podemos, a priori, di- zer que essa temática esteja contemplada, Link Um dos temas de destaque hoje em dia é o que trata da Qualidade de Vida no trabalho. Por conta das diversas, e muitas vezes conflitantes, variáveis que envolvem o trabalho, muitas pesquisas têm sido feitas para entender a relação indivíduo-tra- balho nas organizações. O link leva a uma seleção de livros sobre o tema, escolhidos pela prof.ª Ana Cristina Limongi-França. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ rae/v45n1/v45n1a11.pdf>. Acesso em: 22 maio 2017. efetivamente, nos artigos analisados pelos autores. Ou seja, GEP não aprece de manei- ra autônoma nas descrições acima, o que nos faz supor que essa temática pode não ter recebido a atenção suficiente, seja de pesquisadores seja dos próprios autores da pesquisa acima. 2. PESQUISAS EM GESTÃO ES- TRATÉGICA DE PESSOAS (GEP) Ainda, um estudo procurou dar conta da análise bibliográfica das produções em Ges- tão Estratégica de Pessoas (GEP) no Brasil. Em trabalho intitulado “Gestão estratégica de pessoas: revisão da produção nacional de 2006 a 2015 e agenda de pesquisa para o contexto brasileiro”, Armond et al. (2016) Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas46/286 analisaram 23 artigos publicados entre 2006 e 2015 em 27 periódicos brasileiros, classificados como B2 ou superior. Antes de trazer os resultados da pesquisa, seria adequado trazer a definição de Gestão Estraté- gica de Pessoas. Para eles, GEP seria o repensar das políticas, práticas e atividades de GP, de forma a assumir uma integração estratégica com os objetivos organizacionais e uma coe- são interna à função de GP, considerando-se as variáveis ambientais e os múltiplos atores envolvidos, com o objetivo de facilitar a implantação dos planos da organização, a alavancar os seus resultados e a sua capacidade de resiliência. (ARMOND et al., 2016, p. 2, grifo nosso) Ou seja, podemos dizer que Gestão Estratégica de Pessoas envolve: • Políticas, práticas e atividades de Gestão de Pessoas; • Integração com os objetivos organizacionais; • Consideração das variáveis ambientais; Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas47/286 • Facilitação do alcance dos resultados e objetivos organizacionais; • Reforço à resiliência (mais do que à flexibilidade). Podemos aqui nos voltar para dois resulta- dos muito interessantes quanto aos acha- dos dos autores: metodologia e temática. Como sabemos, a metodologia do estu- do refere-se aos procedimentos de coleta e análise de dados na pesquisa. A Figura 1, abaixo, mostra os instrumentos de coleta de dados utilizados nos artigos de GEP ana- lisados: Para saber mais O termo resiliência é muito utilizado na química e na física de materiais, referindo-se às caracterís- ticas dos corpos que, após sofrerem uma pressão, retornariam ao seu estado inicial sem deforma- ções. No campo das ciências humanas, o termo possui o mesmo sentido, sendo considerado re- siliente o indivíduo que sofre pressões (sociais, emocionais, psicológicas etc.) e, após a retira- da do agente estressor, ele retornaria ao estado emocional anterior. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas48/286 Figura 1 - Instrumentos utilizados Fonte: Armond et al. (2016, p. 10). A entrevista foi a maneira mais utilizada para a coleta de informações sobre GEP, seguida de pesquisa documental e aplicação de questionários. A observação é uma maneira muito interes- sante de coleta de dados, mas muito pouco utilizada no campo da Administração. Finalmente, o grupo focal (reunião de sujeitos de pesquisa em um ambiente para opinar sobre uma temática proposta pelo pesquisador) também teve uma relativa utilização pelos artigos analisados. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas49/286 A maneira de análise mais utilizada, segun- do os autores (ARMOND et al., 2016), foi a análise de conteúdo (45%), que serve justa- mente para categorizar as informações ad- vindas de entrevistas e aplicação de ques- tionários, seguida da análise estatística (descritiva, mista e inferencial, totalizando Para saber mais A entrevista é uma técnica de coleta de dados muito utilizada nas pesquisas sociais. Por meio dela, podemos identificar as percepções e re- presentações dos indivíduos quanto ao objeto de análise. As entrevistas de profundidade, por exemplo, permitem ao sujeito de pesquisa (entre- vistado) falar sobre uma temática de modo livre e mais aprofundado. 45% dos casos) e análise do discurso (5%). É interessante notar que 10% das pesqui- sas analisadas pelos autores não informou o método de análise dos dados. Como algu- mas pesquisas utilizaram mais de um ins- trumento de análise dos dados, o total de instrumentos superou os 100%. Quanto às temáticas, Armond et al. (2016), antes de analisarem as pesquisas no Brasil, mostram que, internacionalmente, há sete principais temáticas adotadas pelos pes- quisadores de GEP, conforme ilustra a Figu- ra 2: Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas50/286 Figura 2 - Sete principais temas da GEP Fonte: Armond et al. (2016, p. 3). Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas51/286 Podemos sintetizar as temáticas apresenta- das pelos autores da seguinte maneira: Temática 1: práticas de GP tendem a ter melhor desempenho se possuírem objeti- vos específicos; Temática 2: visão de RH transposta para o desempenho e a performance num cenário competitivo com vistas à mudança do papel do GP; Temática 3: as políticas e práticas de GP devem ser vistas de modo interdependente; Temática 4: olhar a organização como um todo e as relações entre as partes; Temática 5: o modo como as empresas po- dem efetivamente praticar GEP, bem como atingir os resultados desejados; Temática 6: desenvolvimento de ferramen- tas para medir o desempenho; Temática 7: preocupação com aspectos conceituais e técnicos do campo de GEP. Diante disso, a análise de Armond et al. (2016) apontou que foram objetos temáti- cos das pesquisas brasileiras por eles ana- lisadas: • Explicação das perspectivas de con- tingência e ajuste (Temática 1 - 35% das pesquisas); • Mudança de foco da administração de recursos humanos para a criação de contribuições estratégicas (Temática 2 - 35% das pesquisas); • Avaliação de questões metodológicas (Temática 7 - 9% das pesquisas); Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas52/286 • Implementação e execução da GEP (Temática 5 - 9% das pesquisas); • Mensuração dos resultados da GEP (Temática 6 - 9% das pesquisas); • Elaboração de componentes e estru- turas do sistema de GP (Temática 3 - 4% das pesquisas). Percebemos que as práticas de GP tendem a ter melhor desempenho se possuírem ob- jetivos específicos (temática 1) e a visão de RH transposta para o desempenho e a per- formance num cenário competitivo com vistas à mudança do papel do GP (temática 2) são, de longe, as temáticas que mais se destacam nos estudos analisados. 2.1. Institucionalização da GEP no Brasil Outro aspecto de destaque na pesquisa de Armond et al. (2016) é a preocupação em transformar o tema GEP em um campo au- tônomo de pesquisa e prática organizacio- nal. Para tanto, os autores mostram que hou- ve uma evolução no número de produções de artigos desde o ano 2000 até o ano de 2010, conforme podemos observar na Figu- ra 3 abaixo: Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas53/286 Figura 3 - Indicadores de produção sobre GEP Fonte: Armond et al. (2016, p. 13).Tais indicadores foram extraídos e adap- tados pelos próprios autores do diretório “Grupos de Pesquisa” da Plataforma Lattes. É interessante notar que, na pesquisa da To- nelli et al. (2005), havíamos questionado a inexistência da temática de GEP nas análi- ses dos autores. Agora, podemos ter maior clareza do papel que essa temática exercia sobre a produção acadêmica brasileira e qual papel passou a assumir. Tal crescimento do número de artigos (de 0, em 2000, para 187, em 2010) deveu-se muito ao fato de terem-se constituído gru- pos de pesquisa sobre o tema Gestão Estra- tégica de Pessoas (GEP) nos últimos anos. A Figura 4, abaixo, apresenta essa constitui- ção: Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas54/286 Figura 4 - Indicadores de produção sobre GEP Fonte: Armond et al. (2016, p. 12). Podemos relacionar, da mesma maneira que os autores fizeram, o aumento de grupos constitu- ídos de pesquisa em GEP com o aumento do número de publicações sobre esse tema. Apenas com o maior esforço de constituição de grupos de pesquisa pode-se esperar o incremento do número de trabalhos acadêmicos publicados. 2.2. Temáticas de interesse em GEP Ainda com o esforço de pesquisa e implementação da teoria na prática, Albuquerque e Leite (2009) organizaram um livro com diversas abordagens e temáticas de Gestão de Pessoas, de Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas55/286 modo que o campo de GEP possa estrutu- rar-se e levar à produção de outras pesqui- sas. As temáticas são as seguintes: 1. Gestão estratégica de pessoas: con- ceito, evolução e visão; 2. Análise do ambiente organizacional; 3. Análise do ambiente interno: compe- tências e capacidades; 4. O alinhamento da estratégia de ges- tão de pessoas com a estratégia orga- nizacional; 5. Mercado de trabalho e gestão de pes- soas: mudanças e desafios; 6. Treinamento, desenvolvimento e edu- cação de pessoas: um desafio na es- tratégia organizacional; 7. Gestão estratégica de carreiras; 8. Estratégias e sistema de remuneração da alta administração com enfoque na governança corporativa. O que percebemos pela análise dessas te- máticas é a tentativa da Gestão Estratégi- ca de Pessoas alinhar-se ao todo organiza- cional, de modo que as questões relativas à Gestão de Pessoas sejam inseridas nas prá- ticas estratégicas organizacionais. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas56/286 Link O debate sobre GEP tem assumido maior impor- tância no campo da Administração. O link a seguir, intitulado “Estimulando o debate sobre a gestão estratégica de pessoas”, traz uma boa resenha do livro “Gestão estratégica de pessoas – evolução, teoria e crítica”. ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; LEITE, Nildes Pitombo; SILVA, Leilianne Michelle Trindade da. Estimulando o debate sobre a gestão estratégica de pessoas. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 49, n. 4, p. 482-483, dez. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75902009000400011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 maio 2017. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas57/286 Glossário Comportamento organizacional: campo de estudo ou área que “investiga o impacto que indi- víduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações com o pro- pósito de utilizar este conhecimento para melhorar a eficácia organizacional” (ROBBINS, 2005, p. 6). Funcionalismo: o funcionalismo é uma abordagem epistemológica utilizada para compreensão das funções internas e sociais de determinado grupo social ou organização. Resiliência: um conjunto de traços de personalidade, capacidades ou habilidades que tornam as pessoas resistentes a doenças psíquicas quando passam por experiências traumáticas (SOU- ZA; CERVENY, 2006 apud RIBEIRO et al., 2011). Questão reflexão ? para 58/286 Diversas são as possibilidades de pesquisa das práticas de Gestão de Pessoas nas organizações, tendo em vista a investigação do modo como a teoria tem sido aplicada ou mesmo negligenciada. Se você tivesse de fazer uma pesquisa em uma organização, qual temática da Gestão Estratégica de Pessoas você escolheria? Por quê? 59/286 Considerações Finais • Percebemos que, embora as pesquisas em GEP ainda sejam incipien- tes, há uma preocupação em levantar dados nas organizações para saber, efetivamente, de que modo as empresas têm dispensado suas atenções à essa temática. • Duas modificações na prática aparecem: (1) as práticas de GP tendem a ter melhor desempenho se possuírem objetivos específicos; e (2) a visão de RH alinhada ao desempenho e a performance num cenário competitivo com vistas à mudança do papel do GP. • Observamos que, ao adotar a linguagem dos negócios (objetivos, es- tratégias, performance, resultados, entre outros), a GEP avança em termos de autonomia no campo de pesquisa, ao mesmo tempo em que passa a ter maior legitimidade no âmbito organizacional. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas60/286 Referências ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; LEITE, Nildes Pitombo (Org.). Gestão de pessoas: perspecti- vas estratégicas. São Paulo: Atlas, 2009. ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de; LEITE, Nildes Pitombo; SILVA, Leilianne Michelle Trindade da. Estimulando o debate sobre a gestão estratégica de pessoas. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 49, n. 4, p. 482-483, dez. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S0034-75902009000400011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 maio 2017. ARMOND, Ladilucy Pereira et al.. Gestão estratégica de pessoas: revisão da produção nacional de 2006 a 2015 e agenda de pesquisa para o contexto brasileiro. In: ENCONTRO DA ANPAD, XL., 2016, Sauipe. Anais... Sauipe: ANPAD, 25-28 set. 2016. p. 02-12. BERTERO, Carlos Osmar; CALDAS, Miguel P.; WOOD Jr.; Thomaz. Introdução: produção científica em administração no Brasil. In: _____ (Coord.). Produção científica em administração no Brasil: o estado-da-arte. São Paulo: Atlas, 2005. RIBEIRO, Ana Cláudia de Araújo et al. Resiliência no trabalho contemporâneo: promoção e/ou desgaste da saúde mental. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 4, p. 623-633, out./dez. 2011. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Unidade 2 • O papel da pesquisa para a gestão estratégica de pessoas61/286 TONELLI, Maria José et al. Recursos humanos: a produção científica no Brasil entre 1991 e 2000. In: BERTERO, Carlos Osmar; CALDAS, Miguel P.; WOOD Jr.; Thomaz (Coord.). Produção científica em administração no Brasil: o estado-da-arte. São Paulo: Atlas, 2005. 62/286 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: O Papel da Pesquisa para a Ges- tão Estratégica de Pessoas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a4605315eb7dd45a91b60fdad296de98>. Aula 2 - Tema: O Papel da Pesquisa para a Ges- tão Estratégica de Pessoas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 28f8cd29b7bbccee43223e13931f1aa6>. 63/286 1. Os estudos em Gestão de Pessoas no Brasil são relativamente recentes. Em- bora atualmente existam muitos artigos sendo publicados, até o final dos anos 1980 e boa parte dos anos 1990, as publicações eram bastante escassas. Essa baixa produção de artigos pode ser explicada por: a) Baixa escolaridade da população brasileira, habitantes dos centros urbanos. b) Elevada taxa de rotatividade das empresas privadas brasileiras. c) Pouco investimento governamental tanto estadual quanto federal. d) Baixo desenvolvimento de Gestão de Pessoas nas empresas brasileiras. e)Baixo intercâmbio internacional dos pesquisadores brasileiros. Questão 1 64/286 2. Um dos tópicos que merecem destaque nas pesquisas em Gestão de Pes- soas no Brasil relaciona-se à área de comportamento organizacional. Isso porque as diversas dimensões do trabalho acabam por interferir na relação indivíduo-organização, para o adequado funcionamento organizacional. Diante disso, avalie as afirmações abaixo: Questão 2 I – Relações de poder nas organizações. II – Formação de equipes e grupos. III – Mercado de trabalho. IV – Governança corporativa. Qual das seguintes alternativas apresenta temáticas de Comportamento Organizacional? a) I, apenas. b) I e II. c) II e III. 65/286 Questão 2 d) I, II e IV. e) II e IV. 66/286 3. De acordo com Armond et al. (2016), diversas são as temáticas de Gestão Estratégica de Pessoas utilizadas para pesquisas em empresas. Ao analisarem artigos de GEP publicados no Brasil, os autores constataram que as temáti- cas de maior interesse referem-se a “Explicação das perspectivas de contin- gência e ajuste” e “Mudança de foco da administração de recursos humanos para a criação de contribuições estratégicas”. Tais temáticas relacionam-se a quais práticas de Gestão de Pessoas, respectivamente: Questão 3 a) Construção de objetivos específicos para a estratégia de Gestão de Pessoas e Envolvimento de Gestão de Pessoas com as estratégias organizacionais. b) Atribuição de funções de Gestão de Pessoas para outras áreas e Busca de resultados de cur- to prazo. c) Utilização de técnicas de comportamento organizacional e Envolvimento de Gestão de Pes- soas com as estratégias organizacionais. 67/286 Questão 3 d) Construção de objetivos específicos para a estratégia de Gestão de Pessoas e Atração de consultores para o desenvolvimento das práticas de Gestão de Pessoas. e) Delegação das funções de Gestão de Pessoas aos níveis operacionais e Envolvimento de Gestão de Pessoas com as estratégias organizacionais. 68/286 4. Armond et al. (2016) afirmam que, embora no início dos anos 2000 as pu- blicações em Gestão Estratégica de Pessoas fossem baixas, os estudos e pu- blicações ganharam força com a institucionalização do campo por meio da: Questão 4 a) Maior internacionalização da economia brasileira. b) Diminuição da produção científica em outras áreas da administração. c) Valorização financeira da pesquisa pelas universidades. d) Elevação do intercâmbio internacional dos pesquisadores brasileiros. e) Formação de grupos de pesquisa nas instituições de ensino superior. 69/286 5. As pesquisas em Gestão Estratégica de Pessoas procuram identificar a prática dos gestores organizacionais em relação aos possíveis temas de GEP nas organizações. Quanto a isso, podemos afirmar que os estudos em GEP, atualmente: Questão 5 a) Assemelham-se aos estudos em Administração de décadas anteriores pela preocupação com as práticas organizacionais. b) Diferenciam-se dos estudos em Administração de décadas anteriores, pois as pesquisas atuais preocupam-se com aspectos teóricos. c) Diferenciam-se dos estudos em Administração de décadas anteriores, pois, atualmente, há maior preocupação com as práticas de gestão. d) Assemelham-se aos estudos em Administração de décadas anteriores pela preocupação fundamentalmente teórica das publicações. e) Possui pouca semelhança com os estudos em Administração de décadas anteriores, devido à diminuição do campo de Gestão Estratégica de Pessoas. 70/286 Gabarito 1. Resposta: D. Umas das constatações ao baixo número de publicações em Gestão de Pessoas nas dé- cadas de 1980 e parte dos anos 1990 de- veu-se ao baixo desenvolvimento da área de gestão de pessoas nas empresas brasileiras. 2. Resposta: B. Uma vez que o comportamento organiza- cional se preocupa com a relação indivíduo- -organização, as relações de poder e a for- mação de equipes e grupos são fundamen- tais para o funcionamento organizacional adequado. 3. Resposta: A. A Gestão Estratégica de Pessoas preocupa- -se tanto com o desenvolvimento de obje- tivos específicos que devem ser alcançados quanto com a aproximação do campo de Gestão de Pessoas com as estratégias orga- nizacionais. 4. Resposta: E. As pesquisas de Armond et al. (2016) afir- mam que a formação de grupos de pesquisa possui relação direta com o incremento do número de publicações em GEP. 71/286 Gabarito 5. Resposta: C. A preocupação atual nos estudos em Gestão Estratégica de Pessoas refere-se às práticas gerenciais que ocorrem nas organizações. 72/286 Unidade 3 Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial Objetivos 1. Relacionar a Gestão Estratégica de Pessoas com a Capacidade de Inova- ção das empresas. 2. Refletir sobre o papel das pessoas nos processos organizacionais de inova- ção. 3. Perceber a importância da pesquisa na compreensão das práticas organi- zacionais. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial73/286 Introdução A inovação organizacional é um proces- so bastante complexo e que pode trazer grandes vantagens competitivas às orga- nizações. As empresas que inovam podem manter ou ganhar mercados ao lançar no- vos produtos ou tecnologias antes de seus concorrentes ou a tornarem mais eficientes ou eficazes seus processos. Contudo, algumas atenções devem ser da- das ao processo de inovação no que diz res- peito às pessoas e aos custos envolvidos. Quanto a estes, a ideia é que os resultados econômico-financeiros da inovação sejam maiores dos que os custos implicados no processo. Adicionalmente, as pessoas devem estar preparadas para pertencer a uma estrutura para inovação, tanto do ponto de vista téc- nico quanto comportamental. Nesta aula, você irá refletir sobre a impor- tância da Gestão Estratégica de Pessoas (GEP) para capacitar as empresas no pro- cesso de inovação. 1. GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E INOVAÇÃO De modo geral, sabemos que a inovação pode trazer inúmeros benefícios para as or- ganizações. Lançar-se primeiro no merca- do pode trazer uma vantagem competitiva considerável para a empresa, uma vez que ela poderá ter todos os ganhos financeiros, advindos das vendas ou economias. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial74/286 Para saber mais Diz-se que uma empresa tem vantagem competi- tiva se apresenta uma lucratividade maior do que a dos concorrentes. Especificamente, seria a “ca- pacidade de uma empresa de superar padrões se- toriais, ou seja, auferir taxas de lucros superiores às normais no setor industrial” (BESANKO et al., 2006, p. 594). Tal vantagem pode ser obtida por meio de inovação, logística, diferenciação, cus- tos, entre outras formas. A inovação no produto, por exemplo, pode permitir o atendimento às necessidades no- vas, “pode melhorar a posição da indústria em relação aos substitutos e pode eliminar ou reduzir a necessidade de produtos com- plementares escassos ou dispendiosos” (PORTER, 1986, p. 167), podendo, inclusive, aumentar o crescimento da indústria. Em termos de lucratividade econômica, a inovação, inicialmente, aumenta o lucro até o ponto de sustentação da vantagem, que se refere ao tempo de manutenção da lucrati- vidade num patamar estável, alcançando a erosão da vantagem, por conta da entrada de novos concorrentes, perda do interesse dos consumidores no novo produto, decisão estratégica da empresa para descontinuar a produção etc. (BESANKO et al., 2006). Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial75/286 Em contrapartida, a inovação também traz custos que devem ser incorridos para sustentá-la. Porter(1988, p. 218, grifos nossos) nos aponta os seguintes custos: • Reciclagem dos funcionários; • Aquisição de novos equipamentos; • Capital para realizar a mudança; • Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e engenharia; • Modificação das etapas produtivas ou do negócio. Isso porque o processo de inovação é bastante complexo, além de dispendioso. A Figura 1, abai- xo, ilustra o processo de inovação: Para saber mais “Representa a diferença entre os lucros auferidos do investimento de recursos em uma atividade parti- cular” (BESANKO et al., 2006, p. 592) e os que poderiam vir de investimento dos mesmos recursos numa outra alternativa que fosse mais lucrativa. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial76/286 Figura 1 - Modelo de Kline-Rosenberg Fonte: Kline-Rosenberg (1986 apud REIS, 2008, p. 61). Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial77/286 Na parte inferior da Figura 1, encontramos a cadeia de desenvolvimento de inovação, desde a escolha do mercado potencial, pas- sando pela concepção, design e fabricação até chegar ao mercado consumidor. No centro da figura, observamos a necessi- dade de existência de conhecimentos para servir de base ao desenvolvimento tecnoló- gico, e no topo percebemos o processo de investigação que subsidia a produção de conhecimento técnico-científico. No Brasil, não é tão comum, mas em outros países, principalmente nos desenvolvidos, há uma intensa parceria entre as Universi- dades e as empresas em Pesquisa, Desen- volvimento e Inovação (P&D&I). Link O link, intitulado “Inovar é fazer pesquisa, não in- teragir com a universidade”, mostra uma entre- vista com o ex-reitor da Unicamp, Carlos Henri- que de Brito Cruz, que analisa o papel das univer- sidades e das empresas na inovação brasileira. FERRAZ, Eduardo. Inovar é fazer pesquisa, não in- teragir com a universidade. Exame.com. São Pau- lo, p. 1-1. 9 out. 2008. Disponível em: <http:// exame.abril.com.br/tecnologia/quot-ino- var-e-fazer-pesquisa-nao-interagir-com- -a-universidade-quot-m0043528/>. Acesso em: 5 jul. 2017. Apenas para esclarecer a Figura 1, devemos descrever as letras e números inscritos: Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial78/286 A: utilização de equipamentos, processos, tecnologias na inovação. D: mostra a contribuição da pesquisa no processo de inovação. C: conhecimento necessário à inovação. F: feedback longo entre mercado e fases do processo de inovação. f: feedback curto entre fases subsequentes. I: investigação – na cadeia de ciência. 1: utilização dos conhecimentos acumula- dos no processo de inovação. 2: utilização dos conhecimentos acumula- dos no processo de inovação. 3: recurso passado da investigação para o conhecimento. 4: apresenta a volta para a aplicação da pes- quisa. Isso quer dizer que o processo de inovar é complexo, envolve riscos e incertezas para a organização. 2. GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS E INOVAÇÃO NA PRÁ- TICA Em sua tese de doutorado, Quishida (2015) procurou estabelecer uma relação entre a Gestão Estratégica de Pessoas (GEP) e a Ca- pacidade de Inovação. Para tanto, buscou identificar indicadores de inovação, “an- tecedentes da capacidade de inovação na perspectiva da GEP e analisar as contri- buições da gestão estratégica de pessoas Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial79/286 para a capacidade de inovação” (QUISHIDA, 2015, p. 15, grifo nosso). Tal capacidade pode ser definida como “um conjunto abrangente de características de uma or- ganização que apoia e facilita suas estratégias de inovação” (BURGELMAN; MAIDIQUE, 2004, p. 36 apud QUISHIDA, 2015, p. 12) A inovação organizacional foi caracterizada da seguinte maneira pela autora: Está associada à incerteza sobre os resultados das atividades inovadoras. Envolve investimento. É o substrato dos “transbordamentos” [do conhecimento ou do uso da inova- ção original]. Requer a utilização de conhecimento novo ou combinação para o conheci- mento existente. Visa melhorar o desempenho de uma empresa com o ganho ou manutenção de vantagem competitiva. (OECD, 1997, p. 43 apud QUISHIDA, 2015, p. 39) Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial80/286 Diante da citação acima, podemos dizer que a inovação envolve: • Incerteza; • Investimento; • Conhecimento acumulado; • Melhoria do desempenho ou obten- ção de vantagem competitiva. No que se refere ao estímulo da gestão de pessoas à inovação para a realização das atividades necessárias, Quishida (2015) nos mostra um quadro, adaptado de Prajogo e Ahmed (2006), que apresenta tais impul- sos. A Figura 2, abaixo, ilustra os estímulos. Figura 2 - Fatores de estímulo à inovação e itens Fonte: Quishida (2015, p. 48). A liderança apresenta-se como um proces- so, pois depende de uma série de fatores Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial81/286 para ocorrer: contexto da relação líder-liderados; maneira como o líder se comporta; caracterís- ticas dos liderados e objetivos organizacionais ou departamentais pretendidos. Conceitualmente, podemos dizer que liderança é um processo no qual o líder busca, sob a influência e a aceitação do próprio grupo, o alcance de metas e objetivos específicos, através da mobilização, motivação, informação e comunicação, manejo e solução de conflitos, es- tabelecimento de estratégias e definição de políticas (...). O líder só se man- tém líder enquanto estiver atento às expectativas e necessidades de seus liderados (...). (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 267-268) Adicionalmente, a forma como a organização capacita seus funcionários, a maneira como os funcionários realizam seus trabalhos, o modo de captar, armazenar e difundir conhecimento, bem como a maior ou menor autonomia fornecida ao funcionário para realizar suas atividades determinam o desenvolvimento da inovação pelas empresas. Quishida (2015) propõe, assim, refletir sobre o papel da Gestão de Pessoas na capacitação da organização para a Inovação, definindo, operacionalmente, tal capacidade como Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial82/286 habilidades envolvidas: na identificação de oportunidades de melhorias visando à inovação, na assimilação de conhecimentos adquiridos em ati- vidades de inovação, no compartilhamento de lições aprendidas em ativi- dades de inovação, na alocação de profissionais de diferentes grupos fun- cionais em atividades de inovação, e na integração de diferentes grupos funcionais envolvidos no processo de inovação. (QUISHIDA, 2015, p. 55) Aqui, podemos perceber a importância da articulação de diferentes variáveis e dimensões na concretização da inovação. 2.1. Gestão de pessoas e inovação na prática Para operacionalizar sua tese de doutorado, Quishida (2015) utilizou questionários (com sete escalas, indo de 1 – discordo fortemente – a 7 – concordo fortemente) que foram respondidos por cerca de 48 profissionais envolvidos na área de projetos (diretores, gerentes e líderes de pro- jetos) que atuam/aram na gestão de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I) de indústrias situadas no Brasil (micro, pequenas, médias e grandes empresas). Das respostas, 39 foram consideradas válidas. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial83/286 Link A inovação também pode ser pensada em micro e pequenas empresas. O link, intitulado “Pesquisa mapeia inovação nas pequenas empresas”, traz uma curta porém interessante reportagem sobreinovação em pequenas empresas. CRONEMBERGER, Debora. Pesquisa mapeia ino- vação nas pequenas empresas. 2013. Exame. com. Disponível em: <http://exame.abril.com. br/pme/pesquisa-mapeia-inovacao-nas- -pequenas-empresas/>. Acesso em: 08 jun. 2017. As variáveis/características testadas foram: Filosofia, valores e normas (FVN), Foco Es- tratégico em Inovação (FEI), Liderança e Gestão (LG) e Políticas e Práticas de Ges- tão de Pessoas (PPGP). A seguir, descreve- mos as variáveis e apresentamos os indica- dores avaliados pelos sujeitos de pesquisa: Filosofia, valores e normas (FVN): essa ca- racterística foi composta por crenças, con- vicções e premissas das organizações que se arraigam na ação, orientam comporta- mentos e são inquestionáveis, sendo ava- liados os seguintes indicadores: Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial84/286 Inovar faz parte da razão de existir da empresa. A declaração da visão reforça o propósito de inovar desta empresa. Inovação é um valor central desta empresa. Flexibilidade é indispensável à inovação. Colaboração é indispensável à inovação. Comunicação ampla é indispensável para inovação. Criatividade é indispensável para inovação. Aprendizagem é indispensável para a inovação. Diversidade é indispensável para a inovação. (QUISHIDA, 2015, p. 66) Foco Estratégico em Inovação (FEI): essa característica foi composta por fatores como a “orien- tação da empresa para inovação, disseminação de informações sobre inovação, divulgação dos resultados obtidos em inovação e extensão em que a gerência de P&D&I é envolvida na tomada de decisões estratégicas” (QUISHIDA, 2015, p. 51), sendo questionados os seguintes indicadores: Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial85/286 A inovação está arraigada em nosso modelo de negócio. Esta empresa é mais orientada para diferenciação do que para liderança em custo. Existe coerência entre a estratégia organizacional e a estratégia de inovação. Esta empresa busca ser a primeira a lançar novos produtos e serviços no mercado. A empresa em que trabalho se caracteriza pela orientação para o cliente. A empresa em que trabalho sistematicamente divulga informações sobre inova- ção. A empresa em que trabalho sistematicamente divulga resultados obtidos com inovação. A gerência de P&D&I é consultada quando da tomada de decisões estratégicas. (QUISHIDA, 2015, p. 66) Liderança e Gestão (LG): essa característica foi composta por “liderança, confiança, estilo de gestão e comportamentos dos gerentes de P&D&I”, sendo questionados os seguintes indica- dores: Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial86/286 Os líderes de minha empresa apresentam predisposição para inovar. Os líderes disseminam o intento inovador por toda a organização de maneira efe- tiva. Os líderes inspiram as pessoas a se engajarem em atividades de inovação. Os líderes fornecem estímulo intelectual para a solução de problemas. Os líderes apresentam tolerância à incerteza. Os líderes estimulam a interação criativa. O estímulo de gestão desta empresa é participativo. Existe confiança no executivo que patrocina a inovação nesta empresa. O executivo que patrocina a inovação na empresa assegura que os projetos rece- bam assistência de todos os profissionais envolvidos. Os gerentes de projetos estimulam o desenvolvimento de competências atrela- das à inovação. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial87/286 Os gerentes de projetos encorajam a proposição de novas maneiras de fazer as coisas. Riscos calculados são encarados de maneira positiva em minha empresa. Aqui os erros também representam oportunidade e aprendizagem. Nesta empresa entende-se que os conflitos também podem instigar a inovação. (QUISHIDA, 2015, p. 67) Políticas e Práticas de Gestão de Pessoas (PPGP): essa característica foi composta por “recru- tamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, avaliação, remuneração, gestão de carreira, bem como gestão de talentos” (QUISHIDA, 2015, p. 54), sendo questionado o maior número de indicadores: As políticas de gestão de pessoas desta empresa estão alinhadas com a estraté- gia corporativa. As políticas de gestão de pessoas fomentam inovação na empresa. Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial88/286 As práticas de recrutamento e seleção desta empresa contribuem para a contra- tação de bons profissionais de P&D&I. Há compromisso de longo prazo com treinamento e desenvolvimento voltados para inovação. O plano de carreira da empresa considera as necessidades dos profissionais de P&D&I. A inovação é considerada no(s) método(s) de avaliação de desempenho humano. O sistema de recompensas desta empresa estimula o engajamento em atividades de inovação. O trabalho em equipes multinacionais é um prática amplamente utilizada em projetos de P&D&I. A gestão de talentos contribui para a retenção de profissionais de P&D&I. (QUISHIDA, 2015, p. 67) Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial89/286 Diante dessas variáveis e indicadores, a Figura 3, abaixo, apresenta o modelo conceitual utilizado na pesquisa: Figura 3 - Foco da pesquisa Fonte: Quishida (2015, p. 62). Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial90/286 Dentre as hipóteses testadas, podemos destacar a primeira, qual seja: Hipótese 1: gestão estratégica de pessoas está associada à capacidade de inovação. Os resultados obtidos na pesquisa foram: FVN: a pontuação 7 foi a que mais apare- ceu (sendo a moda estatística) para flexi- bilidade, colaboração, comunicação, cria- tividade, aprendizagem, conhecimento e Para saber mais A hipótese de uma pesquisa é uma possível res- posta para o problema de pesquisa colocado. Ge- ralmente, a hipótese surge de uma extensa pes- quisa acerca do tema para que aquilo que ainda não tem resposta seja testado. diversidade. A média mais alta foi obtida no indicador Colaboração é indispensável para a inovação (média de 6,5), seguido, empatados, pelos indicadores Flexibilida- de é indispensável para a inovação e Co- nhecimento é indispensável para inova- ção (ambos com média 6,1). É interessante notar que, para os respondentes, na média, o indicador Criatividade é indispensável para inovação apareceu com a média 5,9 e moda de 6,0, bem abaixo dos outros indica- dores. Uma vez que tais perguntas são quase que conceituais, não representando a resposta dos entrevistados quanto à análise de suas empresas, as pontuações foram altas com- parativamente às outras características abaixo, cujos indicadores orientaram-se Unidade 3 • Gestão estratégica de pessoas e capacidade de inovação no setor industrial91/286 para a análise das experiências dos entre- vistados. Diante disso, é importante destacar a visão dos profissionais quanto à necessidade de colaboração, flexibilidade e conhecimento para a inovação, algo muito próximo à Figu- ra 3. FEI: no geral, as médias dessa característi- ca foram razoavelmente baixas, sendo que a média ficou em torno de 4,5 e 5,0 pontos (de 7,0 possíveis). O indicador A empresa em que trabalho se caracteriza pela orien- tação para o cliente obteve a maior média (5,08), seguido pelo indicador A gerência de P&D&I é consultada quando da tomada de decisões estratégicas (com média 4,69). O indicador com a avaliação mais baixa foi Esta empresa busca ser a primeira a lan- çar novos produtos e serviços no mercado com média igual a 3,74. Percebemos que, na maior parte das res- postas, a área de P&D&I possui papel
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