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Trabalho Unip - Proteção Penal Patrimonio

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
CURSO: DIREITO
ERICK APARECIDO RODRIGUES – RA: C85CEB-9
PROTEÇÃO PENAL PATRIMONIO
ESTELIONATO
PROVA NP2
7º Semestre/2019
SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP 2019
ART. 171 DO CP – ESTELIONATO
O estelionato é um crime artístico, pois implica representação, convencimento, falas decoradas, cenários montados, figurantes e todos os aparatos necessários para enganar alguém com uma história; a única diferença de uma peça teatral bem produzida, que também conta uma história fictícia ou inspirada em fatos reais, é que o estelionatário, ao final, não recebe aplausos, mas ganha uma vantagem ilícita em detrimento da vítima, que se deixou iludir.
Como bem lembra NORONHA, “não é mais a violência a coisa ou a pessoa o meio de ataque ao patrimônio, porém, é a astúcia, o engodo, que, sem alarde e estrépito, fere também, envolvendo a vítima em suas malhas, lesando-a de maneira sutil, mas segura. Ela é forma criminal do civilizado, daquele a quem repugna o sangue alheio. É um dos índices de que o homem mais e mais se afasta de sua origem animal e selvagem (...)”.
A conduta é sempre composta. Obter vantagem indevida induzindo ou mantendo alguém em erro. Significa conseguir um benefício ou um lucro ilícito em razão do engano provocado na vítima. Esta colabora com o agente sem perceber que está se despojando de seus pertencentes.
Aliás, a principal diferença entre o estelionato e outros crimes patrimoniais é justamente o engano. Diz GALDINO SIQUEIRA que, “se, no furto, há a tirada às mais das vezes, oculta e sempre invito domino; se, no roubo e na extorsão, há o emprego de violência ou de meio intimidativo, no estelionato, o engano é o meio empregado pelo agente para determinar, em seu proveito que, outro, em prejuízo próprio, lhe transfira a coisa. Por isso mesmo que o engano é preordenadamente empregado para conseguir a disposição patrimonial, é um engano artificioso, engendrado e causativo da mesma disposição”
Induzir quer dizer incutir ou persuadir e manter significa fazer permanecer ou conservar. Portanto, a obtenção da vantagem indevida deve-se ao fato de o agente conduzir o ofendido ao engano ou quando deixa que a vítima permaneça na situação de erro na qual se envolveu sozinha. É possível, pois, que o autor do estelionato provoque a situação de engano ou apenas dela se aproveite. De qualquer modo, comete a conduta proibida
O tipo menciona vantagem ilícita, diversamente do objeto material do crime de furto – que menciona coisa alheia –, neste caso basta que o agente obtenha vantagem, isto é, qualquer benefício, ganho ou lucro, de modo indevido, ou seja, ilícito. Logicamente, trata-se de vantagem de natureza econômica, uma vez que se cuida de crime patrimonial. Os mecanismos para a prática do delito são os seguintes: a) erro: é a falsa percepção da realidade. O agente coloca – ou mantém – a vítima numa situação enganosa, fazendo parecer realidade o que efetivamente não é. Ex.: o autor finge manter uma agência de venda de carros, recolhe o dinheiro da vítima, prometendo-lhe entregar o bem almejado, e desaparece; b) artifício: é astúcia, esperteza, manobra que implica engenhosidade. Ex.: o sujeito, dizendo-se representante de uma instituição de caridade conhecida, fazendo referência ao nome de pessoas conhecidas que, de fato, dirigem a mencionada instituição, consegue coletar contribuição da vítima, embolsando-a; c) ardil: é também artifício, esperteza, embora na forma de armadilha, cilada ou estratagema. No exemplo dado anteriormente, o agente prepara um local com a aparência de ser uma agência de venda de veículos, recebe o cliente (vítima), oferece-lhe o carro, recebe o dinheiro e, depois, desaparece. Trata-se de um ardil; d) qualquer outro meio fraudulento: trata-se de interpretação analógica, ou seja, após ter mencionado duas modalidades de meios enganosos, o tipo penal faz referência a qualquer outro semelhante ao artifício e ao ardil, que possa, igualmente, ludibriar a vítima. Na realidade, todos os métodos implicam fraude, que significa engano, logro. Nesse ponto, HUNGRIA cita, como ilustração a outro meio fraudulento, a mentira verbal, que, conforme o modo pronunciado e o número de vezes, tende a caracterizar a fraude.
1.Sujeitos ativo e passivo
Podem ser qualquer pessoa. O sujeito ativo pode destruir seu próprio bem ou machucar a si mesmo e, ainda assim, ele será apenas objeto material do crime; o sujeito passivo será a seguradora que deveria arcar com esse dano (ver o inciso V do § 2.º do art. 171). O sujeito passivo pode ser pessoa diversa da que foi enganada, ou seja, quem perde o patrimônio pode ser o empregador, porque seu empregado foi ludibriado pelo estelionatário. Por outro lado, se a pessoa enganada for incapaz de entender o que se passa (enfermo mental, criança, idoso senil, por exemplo), não se trata de estelionato, mas de furto. 
2. Elemento subjetivo
É o dolo. Inexiste a forma culposa. Além disso, existe o elemento subjetivo específico (ou dolo específico), que é a vontade de obter lucro indevido, destinando-o para si ou para outrem; o ânimo de provocar uma situação fraudulenta. 
3. Objetos material e jurídico
O objeto material é tanto a pessoa enganada, quanto o bem obtido indevidamente, que sofrem a conduta criminosa. O objeto jurídico é o patrimônio. Para ANTÓN ONECA, além do patrimônio, deve-se incluir a boa-fé no sistema jurídico
4. Classificação Trata-se de crime comum (aquele que não demanda sujeito ativo qualificado ou especial); material (delito que exige resultado naturalístico, consistente na diminuição do patrimônio da vítima); de forma livre (podendo ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente); comissivo (“obter”, “induzir” e “manter” implicam ações); instantâneo (cujo resultado se dá de maneira instantânea, não se prolongando no tempo).
PARTICULARIDADES DO ESTELIONATO 
Crime de bagatela
É admissível no contexto do estelionato, tanto quanto nos demais delitos patrimoniais sem violência ou grave ameaça. Se o bem jurídico da vítima for minimamente afetado, não se há que falar em crime configurado. Certamente, respeitam-se todas as demais condições para o acolhimento da tese do delito insignificante, como primariedade, bons antecedentes, objeto tutelado de interesse individual, valor do dano causado etc.
Trabalho espiritual
Denominado, também, cartomancia, passes espirituais, bruxaria, macumba, entre outros, quando se tratar de atividade gratuita, bem como se referir a algum tipo de credo ou religião, não se pode punir, pois a Constituição Federal assegura liberdade de crença e culto.
Nem mesmo quando atividade paga consolida o estelionato. Tratando-se de situações ligadas a qualquer religião, ingressa a liberdade de crença e culto. Cuidando-se de outras atividades, como cartomancia, bruxaria etc., também não, pois a figura típica que as previa foi revogada.
Não se pode mais falar na contravenção penal da exploração da credulidade pública, pois o art. 27 (“explorar a credulidade pública mediante sortilégios, predição do futuro, explicação de sonho, ou práticas congêneres”) da Lei das Contravenções Penais foi revogado pela Lei 9.521/97.
Aliás, muito interessante é o comentário de NÉLSON HUNGRIA sobre essas práticas em geral, independentemente de se acreditar ou ter fé no ato. Diz ele que foi contra a criminalização das mancias em geral (cartomancia, quiromancia, oniromancia etc.) [hoje, descriminalizadas ante a revogação do art. 27 da Lei das Contravenções Penais]. Pode-se acrescentar, na mesma ideia, trabalhos da umbanda, passes dos espíritas, dentre outras formas de conforto dado pelas igrejas e religiões.
Mecanismos grosseiros de engodo
Inexiste crime, pois é exigível que o artifício, ardil ou outro meio fraudulento, seja apto a ludibriar alguém. Afinal, esse é o cerne do estelionato: a potencialidade para enganar. Utiliza-se, como regra geral, o critério do homem médio, ou seja, a pessoa comum. Excepcionalmente, cremos ser cabível analisar, ainda, as condições pessoais da vítima, isto é, se forpessoa muito simples, colhida de surpresa, sem condições de se informar devidamente, portanto vítima que está abaixo da média da sociedade, é possível se configurar o estelionato através de meio fraudulento facilmente detectável pelo homem médio.
Reparação do dano
Não afasta a concretização do estelionato, pois inexiste previsão legal a tanto. É preciso destacar que, havendo desistência voluntária ou arrependimento eficaz (art. 15, CP), pode-se sair do âmbito do estelionato, respondendo o agente somente pelo que já realizou.
Estelionato privilegiado (§ 1.º do art. 171) 
Como no caso do furto e da apropriação indébita, é possível haver substituição ou diminuição da pena (art. 155, § 2.º). Exige-se primariedade para o réu (não ser reincidente – art. 63, CP), embora não se fale em antecedentes. Portanto, somos da opinião de que o juiz, para aplicar este benefício, não deve exigir bons antecedentes. 
Diferentemente do que ocorre com o furto, neste caso não se refere o tipo penal ao pequeno valor da coisa, e sim à perda sofrida pela vítima. Essa perda, segundo entendimento que tem predominado, não pode ser superior a um salário mínimo.
CONCLUSÃO
O estelionato para que se configure não prescinde da existência de alguém — pessoa humana com capacidade intelectiva — induzida em erro.
O sujeito passivo do crime, que é o titular do bem jurídico ofendido (patrimônio), poderá ser a pessoa jurídica, desde que haja uma pessoa humana induzida em erro, que realize o ato de disposição do patrimônio da pessoa jurídica. A pessoa jurídica não pode errar, simplesmente porque é uma falsa representação da realidade e a pessoa jurídica não possui, como é óbvio, capacidade psicológica.
A fraude contra telefones públicos ou contra outras máquinas, como de venda de refrigerantes, não configura o estelionato, já que não há pessoa humana induzida em erro.
As fraudes realizadas por manipulações de sistemas de informática não configuram o crime de estelionato por não contar com pessoa humana induzida em erro, sendo existente um crime especifico para o mesmo.
A fragmentariedade da lei penal, inerente aos regimes democráticos, traz como consequência que certos atos lesivos ao patrimônio não sejam descritos como condutas típicas. Não se pode, na interpretação da lei, partir da consideração subjetiva do fato, para argumentar que o crime está configurado, pois com isso se faz um argumento por derivação, que prejudica a correta análise dos elementos constitutivos do tipo
Não tivermos uma mudança na legislação sobre a culpa nessa modalidade de crime, poderemos presenciar grandes injustiças, uma vez que, não é tão simples demonstrar que não sabia da ilicitude do ato.
Esse problema enfrentado cotidianamente através dos operadores do direito, principalmente aos que militam na esfera criminal, assim como as vítimas e agentes que o praticam culposamente, não encontrassem amparo jurisprudencial ficaria muito difícil comprovar a culpa, uma vez que o tipo penal do estelionato comporta apenas a modalidade dolosa.

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