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Psicologia Social e Comunitária - resumo

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Psicologia Social e Comunitária. 
Resumo. 
Psicologia Social: é um ramo da psicologia que estuda como ás pessoas 
pensam, influenciam e se relacionam umas com ás outras. Psicologia Social é 
o estudo das "manifestações comportamentais suscitadas pela interação de 
uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação". A 
integração social, a interdependência entre os indivíduos, o encontro social são 
os objetos investigados por essa área da Psicologia. Dessa perspectiva, os 
principais conceitos são: a percepção social; a comunicação; as atitudes; a 
mudança de atitudes; o processo de socialização; os grupos sociais e os 
papéis sociais. Ex: Influência Histórica-social, a partir da linguagem: das 
palavras e seus significados em um grupo social e cultura. 
O que é reforçado é determinado socialmente. 
Relação essencial entre indivíduo e sociedade: determinações, valores, 
sobrevivência e preservação. 
Produto e produtor. 
Os grupos e as construção da identidade social. 
Psicologia Comunitária: Referencial analítico apenas a partir dos anos 70; 
Psicologia Comunitária: A psicologia comunitária tem a finalidade 
desenvolver uma consciência critica nos sujeitos, através de um modelo 
indisciplinar. É um trabalho realizado em grupos e nas comunidades, a fim de 
transformar o individuo em sujeito. 
Psicologia Comunitária se define como uma área da psicologia social. 
■ Ciência comprometida com a realidade estudada. Especialmente com os 
excluídos da cidadania. 
■ Avaliação crítica do papel social das ciências – paradigma da 
neutralidade científica 
■ O conceito de comunidade invadiu, literalmente, o discurso das ciências 
humanas e sociais, especialmente as práticas na área da saúde mental. 
■ Representou uma teoria crítica que interpreta o mundo com a intenção 
de transformá-lo 
■ Perspectiva de prática profissional fora de consultórios e instituições. 
Comunidade aparece como utopia que remete ao passado, com significado 
reacionário, cujo protótipo e a família, encontrando sua expressão simbólica na 
religião, nação, raça, profissão e nas cruzadas. Sua delimitação pode ser local 
ou global, pois o que importa é a comunhão de objetivos, a condição de 
continuação no tempo, o engajamento moral, a coesão e a coerção social. 
Contexto Histórico. 
■ Modelos de comunidade como arquétipo de situação ideal. Um lugar em 
que os habitantes inclinam-se ao bem, naturalmente; 
■ Contra a ideia de sociedade fundada na comunidade, defendiam a ideia 
de sociedade fundada no contrato entre homens livres (não homens 
membros de corporações ou camponeses) que se vinculam, 
racionalmente, em modos específicos e limitados de associações; 
■ Todas as forças sociais críticas uniram-se na tarefa gigantesca de 
eliminar os destroços comunais legados pela Idade Média, que penetrou 
no séc XIX; 
■ No entanto, esse mesmo período assistiu a emergência de uma reação 
intelectual, iniciada pelo pensamento conservador, de recuperação da 
comunidade como modelo de boa sociedade, ameaçado pelo 
individualismo e pelo racionalismo, valores propagados pelo Iluminismo; 
■ Mas, foi na sociologia, ciência emergente do início do século XIX, que 
comunidade elevou-se à categoria analítica central do pensamento 
social, e se estabeleceu a antítese de comunidade e sociedade, como 
expressão do contraste entre valores comunitários e não comunitários. 
 
Na religião, apareceu no bojo do movimento contra a pastoral individualista e a 
teologia racionalista do século XVIII (idéias de Lutero e Calvino) acusadas de 
afastarem o homem do caráter comunitário e cooperativo tradicionais. Essa 
corrente de pensamento atingiu os teólogos dos países ocidentais, provocando 
um verdadeiro renascimento dos temas litúrgicos e canônicos o qual subsidiou, 
posteriormente, o reavivamento das comunidades eclesiais de base, como no 
Brasil, nos anos 70. 
Na filosofia, a ideia de comunidade apareceu sob os mais variados aspectos, 
mas sempre como fundamento do ataque ao racionalismo utilitário, ao 
individualismo, ao industrialismo do laissez-faire e ao igualitarismo da 
Revolução Francesa. Na obra de Hegel (Filosofia do direito], um dos 
pensadores mais proeminentes do século XIX, cuja filosofia dialética serviu de 
base ao marxismo, o Estado e uma ‖Communitas communitatum‖ e não a 
agregação de indivíduos pelo contrato como propunha o Iluminismo. Sua visão 
de sociedade é concêntrica, formada por círculos interligados de associações 
como família, comunidade local, classe social e Igreja, cada qual autônoma nos 
limites de sua abrangência funcional, cada uma delas considerada fonte de 
afirmação do indivíduo e, todos eles em conjunto, reconhecidos como elemento 
formativo do verdadeiro Estado (Nisbet, 1973:55). 
Mas, foi na sociologia, ciência emergente no início do século XIX, que 
comunidade elevou-se à categoria analítica central do pensamento social, e se 
estabeleceu a antítese de comunidade e sociedade, como expressão do 
contraste entre valores comunitários e não comunitários, respectivamente. 
Comunidade como Utopia: 
No entanto, Marx também se rendeu ao comunitarismo, enquanto ética da vida 
social digna e justa. Mas sua ideia de comunidade não se refere à volta ao 
passado perdido, ou à recuperação dos valores comunitários em nível local ou 
nacional para superar as agruras do individualismo. Ele se afasta de modelos 
baseados no tradicionalismo e no localismo, pois acredita na vasta associação 
de nações na comunidade transnacional e encontra na classe trabalhadora a 
estrutura para a redenção ética da humanidade, como demonstra o apelo que 
fez no Manifesto do partido comunista (1983:45): ‖Proletariado de todos os 
países, uni-vos‖. 
Comunidade para Psicologia. 
Mesmo nas reflexões sobre o ‖que mantém o homem em sociedade‖ e sobre a 
‖formação da consciência‖, temas centrais do debate entre os pioneiros da 
psicologia, a comunidade só aparece muito raramente para referir-se às 
instâncias intermediárias entre o homem e a sociedade ou como sinônimo de 
sociedade, e com diferentes conotações valorativas. Como exemplo, pode-se 
citar os estudos sobre psicologia dos povos realizados por Wundt em 1904 
onde comunidade aparece como sinônimo de interação coletiva. Segundo ele, 
a psicologia popular consiste nos produtos mentais criados por uma 
comunidade humana, que não se reduzem à consciência individual, pois 
pressupôem ações recíprocas de muitos indivíduos. Esse produto da interação 
coletiva mantém unidos os membros de uma nação (Wundt, 
1926 e Baró, 1983). 
Freud também aponta o caráter homogeneizador da comunidade, ressaltando, 
porém, a sua dimensão negativa e injusta de considerar todos os homens 
iguais em desejos e necessidades. Segundo ele, a natureza humana 
dificilmente se dobra a qualquer espécie de comunidade social e viver em 
comunidade e ‖trocar uma parte de felicidade pessoal por uma parte de 
segurança, através de mecanismos que facilitam essa má troca‖ (Freud, 1976). 
Portanto, comunidade entrou na psicologia no seio de um corpo teórico 
orientado pelo condutivismo e pelo método experimental, com o objetivo de 
integrar indivíduos e grupos a partir da transformação de atitudes, inspirado 
nos estudos psicossociais sobre grupo6. A diferença entre comunidade e grupo 
era dada pelo simbolismo do primeiro como denotativo de legitimidade da 
práxis psicossocial com associações tão variadas como estado, sindicato e 
movimentos revolucionários. 
Definida por Heller de forma admirável: ‖comunidade e sistema de relação que 
remete ao mais alto grau de desenvolvimento de generecidade‖ (Heller, 1987). 
Segundo ela, o predicado comunitário contém valores específicosque 
permitem o amadurecimento e desenvolvimento das potencialidades humanas 
nos espaços particulares do cotidiano, portanto, não antagônico à 
individualidade. 
Nessa concepção, a comunidade rompe com a dicotomia clássica entre 
coletividade e individualidade, ser humano genérico e ser humano particular, 
apresentando-se como espaço privilegiado da passagem da universalidade 
ética humana à singularidade do gozo individual. Um movimento de recriação 
permanente da existência coletiva, fluir de experiências sociais vividas como 
realidade do eu e partilhadas intersubjetivamente, capaz de subsidiar formas 
coletivas de luta pela libertação de cada um e pela igualdade de todos. 
Portanto, se comunidade contem individualidade, não pode ser trabalhada 
como unidade consensual, sujeito único. Só a ação conjunta não a caracteriza, 
ao contrário, a homogeneização pode negá-la, pois ela deve oferecer um 
espaço total de atitudes particulares. Isso não significa abrir mão de idéias 
comuns, mas do consenso fechado e conseguido às custas da ditadura das 
necessidades (Heller:1992), incentivando o exercício da comunicação livre, 
onde todos participam com igual poder e competência argumentativa no 
processo de ressignificação da vida social. 
Todos os membros de relação devem ter legitimidade para se fazer ouvir e a 
capacidade argumentativa para participar da construção do consenso 
democrático7. 
Comunidade abrange todas as formas de relacionamento caracterizado 
por um grau elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional, 
engajamento moral (...) e continuado no tempo. Ela encontra seu 
fundamento no homem visto em sua totalidade. 
Histórico e Fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil 
Contexto: Ditadura militar/ Antipsiquiatria 
Base inicial da Psicologia Social Comunitária: Prevenção em saúde mental, 
unindo psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais; 
Educação popular: pedagogos, psicólogos, sociólogos e assistentes sociais. 
Fazer Psicologia Comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao 
homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa 
comunidade, ao mesmo tempo que, no ato de compreender, trabalhar com 
esse homem a partir dessas condições, na construção de sua personalidade, 
de sua individualidade crítica, da consciência de si (identidade) e de uma nova 
realidade social. 
A importância da metodologia da pesquisa participante como recurso científico, 
distinto da militância, porém sem negar os compromissos social e político, 
necessariamente, envolvidos nesse processo. (SAWAIA, 1987) 
Psicologia Comunitária, cultura e consciência. 
Psicologia social comunitária: da solidariedade à autonomia 
 Consciência: Processos que permeiam a realidade em que o sujeito está 
inserido, com os determinantes sociais atuantes na constituição do sujeito e de 
suas condições de vida. 
 Trabalho de conscientização: desvelamento, para o sujeito, dos 
determinantes de suas condições de vida. 
Cultura: Este conceito tem sido importante na descrição das práticas específicas de 
determinadas populações e dos significados compartilhados pelos membros dos 
grupos em relação a sua prática. 
 Todo fenômeno social tem diversos aspectos que devemos apreender 
para uma análise aprofundada. 
 A dimensão subjetiva do processo deve ser considerada em seus 
diversos aspectos sociais, históricos, culturais e políticos. 
 As relações e vínculos com o outro, com os grupos, com as instituições, 
com os objetos serão estabelecidas a partir de um contexto, que os 
caracterizam. 
 O modo como o indivíduo constrói sua representação do mundo pode 
variar de acordo com suas necessidades ou objetivos internos, isto é, as 
construções mentais que influenciam conduta. 
Teorias Cognitivas: 
 Atitudes: estruturas cognitivas determinadas por conjunto de valores e 
por tendências de ação organizadas a partir da experiência, em função 
das quais se organizam todas as outras manifestações psíquicas 
(percepções, julgamentos e condutas) 
 Segundo Moscovici, diante de um conflito, o sujeito realinha suas 
atitudes em função dos motivos subjetivos e da ação afetiva, e não o 
contrário (função da razão) 
 “Pensamento natural” – utilizado na vida cotidiana para orientar sua 
ação sobre o mundo. É regida por valores, na qual a racionalidade é 
regida pelo metassistema de finalidades e desejos do sujeito. 
 Cognição social: pensamento e processamento de informações por meio 
do senso comum, preconceito, conceito ingênuo, transmitidos de um 
sujeito a outro, influenciados pela linguagem. 
 Esquemas (apreensão das razões dos comportamentos dos outros): 
conexão entre memória e percepção (causais; e de acontecimento – 
sequência de acontecimentos) 
 Conduta em grupos: percepções e atitudes de cada membro em relação 
aos outros. 
 Ex: preconceito – atitude negativa em relação a um membro ou ao 
grupo; Discriminação: atitude negativa em relação a uma minoria. 
 INDIVIDUALISTA (CENTRADA NO INDIVÍDUO) 
Abordagem Sócio-interacionista. 
 Conhecimento se constrói na interação social. 
 Linguagem e artefatos como mediadores na internalização da cultura. 
 Ambiente em constante transformação – grupos humanos em interação. 
 A linguagem contém códigos de representações e recortes do mundo 
contidos na cultura (transmissão intergeracional). 
Representações Sociais. 
 Moscovici (1988) criou o conceito de Representação Social para 
enfatizar a visão do sujeito ativo e criativo na sociedade, em 
contraposição à passividade a que foi reduzido o homem na teoria 
cognitivista, apontando a função simbólica e de poder de construção do 
real do aparelho cognitivo. 
 A história é uma sucessão incessante de diversas formas de relações 
sociais entre homens livres que, em condições que nem sempre foram 
escolhidas, instauram a comunicação e criam significados num processo 
de negociação constante. (SAWAIA, 2004) 
 As Representações Sociais são modalidades de conhecimento particular 
que circulam no dia-a-dia e que têm como função a comunicação entre 
indivíduos, criando informações e nos familiarizando com o estranho 
acordo com categorias de nossa cultura. (SAWAIA, 2004) 
 Não apenas a construção das representações no indivíduo. 
 Como as representações se tornam hegemônicas em um dado contexto. 
 Passa a se tornar uma função simbólica do grupo social em conjunto. 
 Ao mesmo tempo, guardam a história de uma comunidade, também são 
produto da prática cotidiana que vai se reproduzindo e se reforçando. 
 Históricas e transmitidas. 
 Práticas presentes trazem novos elementos para as representações, 
transformando-as 
 Representações sociais orientam condutas e condutas constroem 
representações. 
 Interpretação da cultura como empreendimento intersubjetivo. 
Relações Comunitárias-Relações de Dominação. 
Relações: 
 Ordenação intrínseca de uma coisa em direção à outra”. 
 Uma coisa que não pode existir, sem que haja uma outra coisa para 
completá-la. 
 Essa “outra coisa coisa” se torna parte constituinte dela, parte essencial 
dela. 
 Ex: mãe (relação com o pai e o filho), maternidade é relativo à pessoa 
Relação – Relativo: 
 Não é absoluto. 
 Transformação, mudança. 
 Positivismo (posições, papéis) X As relações dinâmicas e plurais. 
Grupo: 
 Há uma relação. 
 Algo em COMUM. 
 Se a relação é o que define o grupo, é preciso mudar as relações para 
mudar o grupo. 
Multidão (massa): 
 Amontoado de pessoas sem relação. 
 Alienadas do outro. 
 Anonimato. 
 Comunicação de massa: unidirecional (não há como responder, 
dialogar). 
Relações de dominação. 
 Dominação:expropriação do poder do outro. 
 Assimétrica, desigual, injusta. 
 Mecanismo da ideologia: uso de sentidos e significados (simbólico) para 
sustentar e reproduzir certos tipos de relações. 
 No cotidiano vai dando sentido e significado a determinadas realidades. 
 Valor positivo ou negativo determinado pela ideologia. 
 Cria-se estereótipos e estigmas. 
Formas de dominação: 
 Dominação econômica: expropriação da força de trabalho. 
 Resulta e é resultante das dominações política e cultural. 
 Dominação política: desrespeito aos direitos (dentro de Estado, nação). 
 Dominação cultural: pelo conjunto de relações e características 
cristalizadas (racismo, patriarcalismo, institucionalismo). 
Relações comunitárias: 
 Comunidade: relação do SER (o próprio ser, sua essência, a vida, os 
sentimentos). 
 Sociedade: relação do HAVER ou TER (posses, dinheiro, técnica). 
 Marx: uma forma de sociedade, em que todos são chamados pelo nome. 
Não são números. Tem identidade, participam, decidem. 
Dicotomia reducionista Individualismo X Coletivismo: Ser isolado, competitivo/ Ser 
indiferenciado, parte de uma engrenagem . 
Na comunidade (viver comunitário), é possível desenvolver suas capacidades e 
criações próprias, afirmação de si. E, ser social, político na relação com o outro e 
os outros. 
A democracia de um Estado, nação é definido pela democracia em nível 
comunitário, onde o sujeito se afirma como sujeito de direitos e participa de 
espaços decisórios. 
Implica uma dimensão afetiva que sustenta o respeito à diferença e os lações 
estabelecidos e compartilhados 
O QUE EU ENTENDI DE RELAÇÃO COMUNITARIA: Busca pela sua própria 
identidade, luta pelos direitos, relação com pessoas que tem o mesmo 
interesse. 
Identidade: É o conjunto de características próprias e exclusivas com os 
quais se podem diferenciar ás pessoas; a identidade pode ser mutável, 
pode estar em evolução; a identidade pode ser traços próprios de um 
indivíduo ou de uma comunidade. Esses traços o sujeito ou a coletividade 
perante os demais. A identidade também é a consciência que uma pessoa 
tem dela própria e que a torna em alguém diferente das outras. Muitos 
traços da identidade são hereditários ou inatos, o meio envolvente exerce 
influencia sobre a identidade. Por isso pode-se dizer que uma pessoa ‘’anda 
em busca da sua identidade’’. Neste sentido a identidade está associada a 
algo próprio, uma realidade interior que pode ficar oculta atrás de atitudes 
ou comportamentos que não são próprios das pessoas. 
Vamos iniciar pelo primeiro. Um dos imperativos da modernidade 
contemporânea, indiscutivelmente, é a busca da identidade, isto é da 
representação e construção do eu como sujeito único e igual a si 
mesmo e o uso desta como referência de liberdade, felicidade e cidadania, 
tanto nas relações interpessoais como intergrupais e internacionais. 
A ideologia básica da nossa sociedade que é o individualismo, 
pode ser uma dessas motivações, que por sua vez alimenta o 
descompromisso social. Esse processo é muito bem retratado por 
Lasch (1987) que o conceitua como a" cultura do narcisismo", ou 
do "mínimo eu". Outros destacam a contradição entre a necessidade 
de se padronizar para pertencer a um grupo e a necessidade de se 
destacar como único processo nominado por Elias(1993:203) de "uma 
maciça individualização das massas 
Em síntese, a identidade é valor fundamental da modernidade e é tema 
recorrente nas análises dos problemas sociais, mas tem um subtexto 
paradoxal. 
Identidade nas relações de poder, introduz a ética e a cidadania nas suas 
discussões, apresentando-a como categoria política e estratégica nas relações 
de poder. Ele inicia a reflexão afirmando que a identidade é síntese de 
múltiplas ‘’identificações em curso’’ e, portanto, não um conjunto de atributos 
permanentes. 
Elias (1993;219) a de ‘’identidade do nós’’, para marcarem uma concepção de 
identidade, não como substância que se mantém ao longo da existência, 
imutável e idêntica a si mesma, que separa e aprisiona o indivíduo na sua 
interioridade, mas como processo de construção de um modo de ser e estar no 
devir do confronto entre a igualdade e diferença, que nega o individualismo, 
abrindo o sujeito ao coletivo (ciapmpa, 1987). 
Identidade esconde negociações de sentido, choques de interesse, processos 
de diferenciação e hierarquização das diferenças, configurando-se como 
estratégia sutil de regulação das relações de poder, quer como resistência á 
dominação, quer como seu reforço. 
Identidade é conceito político ligado ao processo de inserção social em 
sociedades complexas, hieraquizadas e excludentes, bem como ao 
processo de inserção social nas relações internacionais. O clamor pela 
identidade, quer para negá-la, reforçá-la ou construí-la, é parte do confronto 
de poder na dialética da inclusão/exclusão e sua construção ocorre pela 
negação dos direitos e pela afirmação de privilégios. Ela exclui e inclui 
parcelas da população dos direitos de cidadania, sem prejuízo à ordem e 
harmonia social. 
Quando se reconhece a identidade como igualdade e diferença, fugindo da 
lógica da mesmidade, retratada no provérbio brasileiro "pau que nasce torto 
morre torto". É preciso, manter a tensão entre os dois sentidos contidos na 
identidade - o de permanência e o de transformação, concebendo a como 
processo de identificações em curso"(Souza Santos, 1994:119) 
 
 
 
Consciência Social e Alienação: A ideologia no nivel individual 
 
 Segundo Lane(1984) o sujeito é constituído a partir das relações sociais 
estabelecidas no meio sócio-cultural ao qual pertence. Um aspecto que 
evidencia a complexidade do sujeito é o caráter, ao tempo, ativo e passivo 
desse sujeito. Somos, e precisamos ser, passivos e ativos em nossas relações 
e no nosso processo de constituição enquanto sujeitos. Ao mesmo tempo em 
que somos atingidos(ás vezes, invadidos) pelos aspectos pertencentes ao 
meio, também influenciamos esse meio através de nosso modo de pensar e 
agir. Somos, então, determinados pelo mundo ao qual pertencemos e também 
determinamos esse mundo através de nossas ações. 
 No entanto, apesar desse padrão ser comum a todos os sujeitos, existe uma 
especificidade nesse processo que fará toda a diferença: o "como" se 
manifesta o caráter ativo do sujeito. Esse ponto que demarca o limite 
entre consciência e alienação. Caráter ativo não significa obrigatoriamente 
romper, questionar, transformar(embora também possa ser). O caráter ativo do 
sujeito, muitas vezes, se expressa através da reprodução do que, 
passivamente, ele já havia adquirido através de sua relação com o meio. Ele 
influencia ativamente seu meio, porém, através de sua manutenção e sua 
perpetuação. Esse padrão indica um nível de alienação presente no sujeito, no 
qual não se percebe como apto a transformar seu mundo. Por outro lado, o 
sujeito, após ser determinado pelo meio externo pode reelaborar, questionar, 
modificar os padrões que "introjetou" e devolve-los ao meio de uma forma 
diferente da qual recebeu, o que acarreta em uma transformação do mundo, e 
não apenas reprodução do mesmo. Esse processo indica a manifestação 
da consciência expressa por esse sujeito, através da qual ele realmente se 
apropria do que o meio lhe apresenta, interpreta, reelabora e devolve ao meio 
de outra forma, gerando uma significativa mudança nesse meio. 
 
Pergunta por sofrimento e por felicidade no estudo da exclusão é superar a 
concepção de que a preocupação do pobre é emoção é unicamente a 
sobrevivência e que não tem justificativa trabalha a emoção quando se passa 
fome. 
Falar de exclusão, falta-se de desejo, temporalidadee de afetividade, ao 
mesmo tempo de poder, de economia e direitos sociais. 
A exclusão vista como sofrimento de diferentes qualidades recupera o indivíduo 
perdido nas análises econômicas e políticas, sem perder o coletivo. Dá força ao 
sujeito, sem tirar a responsabilidade do Estado. É no sujeito que se objetivam 
as várias formas de exclusão, a qual é vivida como motivação, carência 
emoção e necessidade do eu. Mas ele não é uma mônada responsável por sua 
situação social e capaz de, por si mesmo, superá-la. É o indivíduo que sofre, 
porém, esse sofrimento não tem a gênese nele, e sim em intersubjetividades 
delineadas socialmente. 
É refletir sobre o ‘’cuidado’’ que o estado tem como seus cidadãos. Indicadoras 
do (des)compromisso com o sofrimento do homem, tento por parte do aparelho 
estatal quanto da sociedade civil e do próprio indivíduo. 
Sem questionamento do sofrimento que mutila o cotidiano, a capacidade de 
autonomia e a subjetividade dos homens, a política, inclusive e revolucionária, 
torna-se mera abstração e instrumentalização. 
Da afetividade, e de qualifica-la de ‘’ético-política’’ para marcar um enfoque 
epistemológico e ontológico, eu será desenvolvido a seguir. 
Emoção positivamente, como constitutiva do pensamento e da ação, coletivos 
ou individuais, bons ou ruins, e como processo imanente que se constitui e se 
atualiza com os integrantes fornecidos pelas diferentes manifestações 
históricas. Portanto, um fenômeno objetivo e subjetivo, que constitui a matéria-
prima básica á condição humana. 
Subjetiva: Corpo é matéria biológica, emocional e social, tanto que sua 
morte não é só biológica, falência dos órgãos, mas social e ética. Morre-
se de vergonha, o que significa morrer por decreto da comunidade. 
Na defesa dessas teses, Heller distingue dor de sofrimento (1979:313-315). 
Dor é próprio da vida humana, um aspecto inevitável. É algo que emana do 
indivíduo, das afecções do seu corpo nos encontros com outros corpos e diz 
respeito á sua capacidade de sentir, que para ela equivalente a estar implicado 
em algo ou, como analisa Espinosa, de ser afeto. 
O sofrimento é a dor mediada pelas injustiça sociais. É o sofrimento de estar 
submetida á fome e á opressão, e pode não ser sentido como dor por todos. É 
experimentado como dor, na opinião de Heller, apenas por que vive a situação 
de exclusão ou por ‘’seres humanos genéricos’’ e pelos santos, quando todos 
deveriam estar sentindo-o, para que todos se implicassem com a causada da 
humanidade. 
Por serem sociais, as emoções são fenômenos históricos, cujo conteúdo e 
qualidade estão sempre em constituição. Cada momento histórico prioriza uma 
ou mais emoções como estratégia de controle e coerção social. No século 
passado, predominou a vergonha do olhar do outro, que exigia a expiação 
publica. Hoje, a culpa tende a substituir a vergonha, mudando o caráter de 
explicação, de pública á individual e privada.

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