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DIREITO AGRÁRIO

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9
Capítulo I
DIreIto agrárIo: 
ConCeIto, prInCípIos, InstItutos 
e estatuto Da terra
1. INTRODUÇÃO
A presente obra, por certo, não tem o objetivo de abarcar todos os temas 
relacionados ao Direito Agrário. Estudaremos em verdade seu conceito, 
seus princípios, alguns institutos previstos no Estatuto da Terra (Lei nº 
4504/64) e com maior profundidade os seguintes estatutos legais: I) Lei nº 
8.629/93, que cuida da Desapropriação para fins de reforma agrária; II) Lei 
Complementar nº 76/93 que cuida do procedimento especial da desapro-
priação para fins de reforma agrária, e; III) Lei nº 6.969/82.
Trata-se, assim, de uma obra com caráter mais pragmático, que visa a 
comentar a legislação com foco nos concursos públicos, apresentando co-
mentários e dicas de provas baseados, principalmente, na jurisprudência 
do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
2. CONCEITO DE DIREITO AGRÁRIO
Ao longo do tempo, o Direito Agrário foi ganhando importância devido a 
sua relevância social, de forma a se tornar um ramo autônomo do Direito 
com suas próprias fontes, princípios e institutos, distanciando-se do Direi-
to Civil. Vale observar que o Direito Agrário possui uma forte estrutura 
legislativa, abarcando uma série de institutos jurídicos. Não é demais 
lembrar, contudo, que o Direito Agrário se relaciona com outros ramos do 
Direito, como o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito 
Civil, o Direito Processual Civil, por exemplo, bem como outros ramos do 
conhecimento, a Agronomia, a Economia Agrária, entre outros. 
Nesse sentido, de uma maneira mais abrangente BARROS1 qualifica Direto 
Agrário como “o ramo do direito positivo que regula as relações jurídicas 
1. BARROS, Wellington Pacheco. Curso de Direito Agrário. 6ª Ed., Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2009, p.17
10
Marcio Pereira de andrade 
do homem com a terra”. Já OPTIZ2 prefere defini-lo como “o conjunto de 
normas jurídicas concernentes ao aproveitamento do imóvel rural”, en-
quanto BORGES3 sintetiza que se trata de “um direito novo com vasto con-
teúdo ou campo e objeto próprio de estudos, que se fixam na distribuição, 
posse e uso das terras rurais”. 
De fato, da análise dos três conceitos acima colacionados, depreende-se 
a riqueza dos temas que envolvem o Direito Agrário que, como já mencio-
nado, não serão integralmente estudados nesta obra.
→ Aplicação em concurso
• (MP/AM – Promotor de Justiça – CESPE – 2007) Acerca do direito agrário, 
assinale a opção correta:
a) Trata-se de disciplina jurídica originada de elementos informadores, tais 
como a estrutura agrária, a empresa agrária, a atividade agrária e a política 
agrária, que não se subsumem, em conjunto, nem ao direito administrativo, 
nem ao direito civil ou ao empresarial.
b) Trata-se de disciplina sem autonomia legislativa, mas apenas didática e cien-
tífica, advinda da especialização do direito privado, tal como o direito imobi-
liário ou o direito de redes contratuais.
c) O direito agrário é regido essencialmente por institutos voltados à viabiliza-
ção de aproveitamento econômico dos imóveis rurais, diferenciando-se do 
direito ambiental por se concentrar no uso privado das terras, não fazendo 
parte de seu objeto a conservação dos recursos naturais.
d) O direito agrário é disciplinado por normas de competência concorrente edi-
tadas pelas diversas unidades da Federação, nos termos da CF de 1988.
e) O direito agrário envolve matéria de cunho eminentemente federal, razão 
pela qual a CF determina a criação de varas agrárias federais, com competên-
cia exclusiva para dirimir conflitos fundiários.
COMENTÁRIO: A alternativa “a” foi considerada correta.
• (MP/RR - Promotor de Justiça – CESPE – 2008) Julgue o item a seguir:
“O direito agrário se especializa como disciplina jurídica, tendo como con-
ceito central a noção de função social da propriedade, diferenciando-se do 
2. OPITZ, Silvia C.B.; OPITZ, Oswaldo. Curso Completo de Direito Agrário. 2ª Ed., São Paulo: 
Saraiva, 2007,p.24
3. BORGES, Antônio Moura. Curso Completo de Direito Agrário. 3ªEd., Leme: Edijur, 2009, p. 
35
11
Direito Agrário: ConCeito, PrinCíPios, institutos e estAtuto DA terrA 
direito civil na medida em que não concebe a propriedade da terra apenas 
como objeto de disposição e gozo, mas principalmente como instrumento da 
atividade agrária.”
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA.
3. PRINCÍPIOS DE DIREITO AGRÁRIO
A importância do estudo dos princípios é bem conhecida pelos estudantes 
da ciência jurídica. Trata-se de normas elementares, instituídas como base 
de um determinado ramo do Direito. Servem, dessa forma, para definir a 
própria identidade do ramo do Direito estudado. Não bastasse isso, o es-
tudo dos princípios do Direito Agrário se mostra especialmente relevante 
para o universo do concurso público. Com efeito, as questões de Direi-
to Agrário exigidas em concursos públicos muitas vezes se direcionam ao 
próprio texto da legislação específica, que é de difícil memorização. Dessa 
forma, o conhecimento dos princípios será bastante útil na resolução de 
questões, pois estes servirão como vertentes interpretativas, auxiliando o 
candidato a encontrar a melhor resposta. Vale observar que não há neces-
sidade de o candidato memorizar a denominação de todos os princípios, 
é suficiente que entenda conceito basilar de cada um dos princípios. 
A seguir destacaremos os principais princípios do Direito Agrário:
a) Princípio da Garantia do Direito de Propriedade (art. 5º, XXII, CF/88): 
a propriedade é direito e garantia fundamental do cidadão e revela 
a opção política do estado brasileiro, assegurando-se a propriedade 
como condição de vida e desenvolvimento do proprietário da terra e 
da sociedade;
b) Princípio da Função Social da Propriedade (art.5º, XXIII, c/c Art.186, 
CF/88): o direito de propriedade é assegurado desde que cumprida 
sua função social. Este ponto será abordado com maior profundida nos 
comentários da legislação específica, mas por ora vale fixar a ideia de 
que “a propriedade obriga”, ou seja, o proprietário deve atingir deter-
minadas finalidades econômicas, sociais e ambientais;
c) Princípio da Justiça Social: por ele o homem passa a ser o foco do 
Direito Agrário; tem por finalidade romper com estruturas injustas de 
posse da terra, reformulando-as constantemente, de forma a garantir 
o acesso à terra, renda e dignidade ao trabalhador rural;
12
Marcio Pereira de andrade 
d) Princípio da Melhor Distribuição da Terra (Acesso à propriedade da 
terra): segundo esse princípio a política da reforma agrária deve pri-
vilegiar a ocupação da terra por aqueles que querem produzir. Cabe 
ao Estado promover a expropriação das terras improdutivas e desti-
ná-las aos que não possuem condições financeiras de adquiri-las;
e) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular: prin-
cípio basilar do Direito Administrativo - embora a sua interpretação te-
nha se tornado cada vez mais relativizada -, significa que o interesse pú-
blico, do Estado, da sociedade ou da coletividade deve prevalecer sobre 
interesses particulares quando tais interesses estiverem em conflito;
f) Princípio do Monopólio Legislativo da União: trata-se de regra ins-
culpida no art. 22, inciso I, da Constituição Federal de 1988 pela qual 
compete à União legislar privativamente sobre Direito Agrário. Vale 
observar que a competência privativa se estende também à desapro-
priação, tema com especial relevância para o Direito Agrário. (art. 22, 
II, CF/88);
g) Princípio da Justa e Prévia Indenização nas Desapropriações (art. 5º, 
XXIV, CF/88): como decorrência do direito de propriedade tem-se que 
a perda da propriedade para o Estado deve ser prévia (quanto ao tem-
po) e justa (quanto ao valor);
h) Princípio da Permanência na Terra: aquele que mantéma terra produ-
tiva não pode ser expropriado pera fins de reforma agrária;
i) Princípio da Proteção da Propriedade Familiar e da Pequena e Média 
Propriedade (art.5º, XXVI, c/c art. 185, I, CF/88): a pequena proprie-
dade rural, desde que explorada pela família não será objeto de pe-
nhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produ-
tiva, assim como a pequena e média propriedade não são passíveis de 
expropriação para fins de reforma agrária;
j) Princípio da Proteção da Propriedade Produtiva (art. 185, II, CF/88): 
por ele a propriedade produtiva não é passível de expropriação para 
fins de reforma agrária;
k) Preservação dos Recursos Naturais e Proteção ao Meio Ambiente: 
apesar de ser requisito da função social da propriedade, a preservação 
dos recursos naturais é um princípio de ordem constitucional que per-
meia todo o ordenamento jurídico. Tem especial relevância no Direito 
13
Direito Agrário: ConCeito, PrinCíPios, institutos e estAtuto DA terrA 
Agrário, tendo em vista a potencialidade de danos ambientais que a 
exploração da terra pelo homem pode causar; 
l) Princípio da Melhor Produtividade: a política agrária deve privilegiar a 
produção da terra para atender as necessidades da sociedade, incenti-
vando o uso da terra de maneira racional e adequada, mas sem deixar 
de cumprir com a função social da propriedade;
m) Princípio do Uso da Terra Pública: as terras públicas devem ser desti-
nadas a fins produtivos, submetendo-se à função social da proprieda-
de;
n) Princípio da Indivisibilidade do Módulo Rural: o módulo rural (concei-
to que será estudado adiante) deve ser a porção mínima de fraciona-
mento de área de terra no território brasileiro.
São estes os princípios a serem destacados. Vale observar, contudo, que 
a doutrina não é uníssona com relação a adoção de todos os princípios 
acima elencados, havendo autores que apontam um rol ainda mais exten-
so, enquanto outros adotam um rol mais sintético, ou mesmo há autores 
que nominam diferentemente os princípios acima expostos. Entretanto, 
ressalte-se mais uma vez, que em concurso público, em regra, tem-se exi-
gido do candidato antes o entendimento do conteúdo do princípio do 
que propriamente o seu nomen juris.
→ Aplicação em concurso
• (CÂMARA DOS DEPUTADOS – Analista Legislativo – CESPE – 2003) Julgue a 
questão a seguir:
“Entre os princípios norteadores do direito agrário previstos expressamente 
no texto da Constituição da República, podem-se citar: a regra de monopólio 
legislativo da União; a proteção à propriedade familiar e à pequena e à média 
propriedades; a conservação e a preservação dos recursos naturais e a pro-
teção ao meio ambiente.” 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada CERTA. 
• (Delegado de Polícia/BA - CESPE - 2013) 
“Direito agrário designa o conjunto de princípios e normas que disciplinam 
as relações jurídicas, econômicas e sociais surgidas das atividades agrárias, 
bem como as empresas, a estrutura e a política agrárias, com o objetivo de 
alcançar a justiça social agrária e o cumprimento da função social da terra. 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA.
14
Marcio Pereira de andrade 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2013)
“O direito agrário caracteriza-se pela imperatividade de suas regras, com for-
te intervenção do Estado nas relações agrárias, e pelo caráter social dessas 
regras, com nítida proteção jurídica e social ao trabalhador, o que as dife-
rencia das normas do direito civil, que buscam manter o equilíbrio entre as 
partes e o predomínio da autonomia de vontades.”
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA.
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2013)
“São princípios do direito agrário a utilização da terra sobreposta à titulação 
dominial, a garantia da propriedade da terra condicionada ao cumprimento 
da função social, a primazia do interesse coletivo sobre o interesse indivi-
dual, o combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração 
predatória e aos mercenários da terra.”
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA.
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2013)
“O princípio da função social da propriedade, aplicado ao direito agrário, atri-
bui ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor da coisa como melhor lhe 
aprouver.
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada ERRADA.
4. INSTITUTOS DO DIREITO AGRÁRIO 
O Estatuto da Terra, como assim é conhecida a Lei nº 4.504, de 30 de 
novembro de 1964, regula a propriedade territorial rural, trazendo dis-
posições sobre conceitos, uso e posse da propriedade rural, que são, em 
verdade, institutos básicos do Direito Agrário.
Sobre o Estatuto da Terra sugerimos que o estudante leia seus dispositi-
vos, tendo em vista que muitas questões de concursos são resolvidas pela 
simples leitura da letra fria da lei, ou seja, por meio de uma interpreta-
ção meramente literal. Trata-se de um diploma legal extenso com mais de 
cento e vinte artigos, assim é recomendável a leitura atenta dos disposi-
tivos que já foram objeto de questões de provas. Como forma de facilitar 
o estudo do Estatuto, abordaremos abaixo apenas os quatro primeiros e 
principais artigos deste diploma, tendo em vista a grande incidência de 
questões a seu respeito formuladas por diferentes bancas examinadoras.
4.1. BREVE HISTÓRICO
Antes de analisarmos os dispositivos legais, cabe-nos tecer algumas con-
siderações de cunho histórico e doutrinário, com vistas a introduzir o 
15
Direito Agrário: ConCeito, PrinCíPios, institutos e estAtuto DA terrA 
estudante no tema da Reforma Agrária. Isso se faz necessário pois tal 
conteúdo já foi objeto de questões em concursos públicos.
Em relação ao aspecto histórico convém recordar que desde o início do 
processo de colonização, com as sesmarias (concessão de terras no Bra-
sil pelo governo português com o intuito de desenvolver a agricultura, 
a criação de gado e o extrativismo vegetal e, ao mesmo tempo, povoar 
o território e recompensar nobres, navegadores ou militares por servi-
ços prestados à Coroa) houve grande concentração de terra. De fato, a 
sesmaria foi o primeiro grande instituto utilizado pela Coroa portuguesa 
para povoar e desenvolver o território nacional.
O problema da concentração da propriedade rural na mãos de poucos 
foi se perpetuando ao longo do tempo e pode ser apontado, ainda hoje, 
como um problema crônico na atividade agrária brasileira. Para tentar so-
lucionar a questão da política agrária, ainda no período do regime militar, 
foi editado o Estatuto da Terra que trouxe em seu bojo o instituto da Re-
forma Agrária.
Em termos genéricos, pode-se dizer que há dois métodos para se fazer a 
reforma agrária, são eles o coletivista e o privatista. O método privatista 
admite a propriedade privada, ou seja, a terra é doada ao trabalhador ru-
ral, que passa a exercer sobre ela a propriedade, desde que nela trabalhe 
e, assim, faça cumprir sua função social. Já o método coletivista consiste 
na nacionalização da terra, que passa a pertencer exclusivamente ao Esta-
do, ou seja, não há transferência de propriedade para o trabalhador rural, 
sendo método típico dos estados socialistas. 
Pelo regime constitucional brasileiro, adota-se o método privatista, pois a 
propriedade é direito e garantia fundamental de qualquer cidadão (art.5º, 
“caput” e XXII) sendo a propriedade privada princípio da ordem econômi-
ca brasileira (art.170, II).
→ Aplicação em concurso
• (AGU - Procurador Federal – CESPE – 2007) 
A história do direito agrário no Brasil passa pelo Tratado de Tordesilhas — 
assinado em 7 de junho de 1494, por D. João, rei de Portugal, de um lado, 
e por D. Fernando e D. Isabel, reis de Espanha, do outro —, bem como pelo 
regime sesmarial empregado no processo de colonização do país. Ademais, 
atualmente, o tema reforma agrária se situa entre os mais importantes,ha-
vendo inclusive entidades que lutam pela correção da estrutura agrária no 
Brasil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Tendo 
16
Marcio Pereira de andrade 
o texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir, a respeito da 
legislação da reforma agrária e do processo de desapropriação para fins de 
reforma agrária.
- “O emprego do instituto das sesmarias no Brasil gerou vícios no sistema fun-
diário, havendo a necessidade de intervenção do Estado na propriedade pri-
vada por meio de instrumentos como a desapropriação por interesse social, 
que permite, entre outros, a prévia e justa indenização em títulos da dívida 
agrária.”
COMENTÁRIO (1º ENUNCIADO): A questão foi considerada CERTA.
- “No Brasil, para se fazer a reforma agrária, adota-se o método coletivista, que 
consiste na nacionalização da terra, que passa a pertencer exclusivamente ao 
Estado. Isso se explica pelo fato de não haver, no Brasil, propriedade privada, 
devendo toda terra estar subordinada ao bem comum (função social da pro-
priedade).” 
COMENTÁRIO (2º ENUNCIADO): A questão foi considerada ERRADA.
5. ESTATUTO DA TERRA (Lei nº 4.504/64)
Passemos agora ao estudo dos dispositivos 1º ao 4º do Estatuto da Terra, 
sendo certo que outros dispositivos do referido diploma serão objeto de 
comentário específico ao longo do livro, quando necessário a complemen-
tar o entendimento da legislação agrária.
LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964.
Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacio-
nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I 
PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens 
imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção 
da Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a 
promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime 
de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao 
aumento de produtividade.
17
Direito Agrário: ConCeito, PrinCíPios, institutos e estAtuto DA terrA 
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de am-
paro à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da 
economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-
-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de in-
dustrialização do país.
1. REFORMA AGRÁRIA E POLÍTICA AGRÍCOLA
O artigo em comento nos traz o conceito básico de Reforma Agrária e de 
Política Agrícola. Compete ao estudante fixar, ao menos genericamente, o 
conceito legal dos dois institutos, pois são considerados institutos básicos 
do direito agrário. Observamos que a distinção entre reforma agrária e po-
lítica agrícola já foi objeto de diversas questões concurso público. Não nos 
aprofundaremos no conceito destes dois institutos, pois a sua definição 
legal é o que tem sido efetivamente exigido em concursos. 
→ Aplicação em concurso
• (CÂMARA DOS DEPUTADOS – Analista Legislativo – CESPE – 2003)
“O Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) pode ser considerado um diploma 
básico sistematizador da política agrária, agrícola e fundiária na legislação 
brasileira.” 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada CERTA, pois, como visto, o Estatu-
to da Terra é o diploma básico do Direito Agrário Brasileiro.
• (AGU – Procurador Federal – CESPE – 2006)
“A política fundiária deve ser entendida como um conjunto de providências 
de amparo à propriedade da terra destinadas a orientar, no interesse da eco-
nomia rural, as atividades agropecuárias, tanto no sentido de garantir o ple-
no emprego, quanto de harmonizá-las com o processo de industrialização e 
desenvolvimento do país.”
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA pela banca examinado-
ra, pois traz o conceito de Política Agrícola previsto no §2º do art.1º da Lei 
nº 4504, de 1964 e não de Política Fundiária. Nas palavras de Clovis Antu-
nes Carneiro de Albuquerque Filho4 “A política fundiária, por sua vez, difere 
da política agrícola; sendo um capítulo, uma parte especial desta, tendo em 
vista, o disciplinamento da posse da terra e de uso adequado (função social 
da propriedade)” Dessa forma, a questão tenta confundir o candidato com 
conceitos legais diversos do objeto da questão.
4. In http://jus.com.br/artigos/1672/a-reforma-agraria-no-brasil, acessado em 19.01.2014
18
Marcio Pereira de andrade 
• (AGU – Procurador Federal – CESPE – 2006)
“O direito de propriedade e a posse da terra rural são institutos básicos de 
direito agrário.”
COMENTÁRIO:A questão foi considerada CERTA pela banca examinadora. 
Nesse sentido vale a pena destacar passagem da Obra Curso Completo 
de Direito Agrário, que bem elucida a questão: “Hoje já não se discute a 
existência do direito agrário, em face de disposições legais que regulam a 
propriedade territorial rural e os contratos agrários. Uso e posse do prédio 
rural estão regulados por normas constantes do Estatuto da Terra e leis que 
o integram. O direito agrário gira em redor de direitos e obrigações concer-
nentes aos bens imóveis rurais, sua posse e disposição.”5
• (AGU – Procurador Federal – CESPE – 2006)
“Entende-se política agrícola o conjunto de medidas que objetivam promo-
ver melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua 
posse e de uso.”
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA pela banca examinadora. 
Mais uma vez, o examinador tentou confundir o candidato pois trouxe, em 
verdade, o conceito legal de reforma agrária prevista no §1º do dispositivo 
citado. O conceito de política agrícola está no §2º do mesmo dispositivo.
• (AGU – Procurador Federal – CESPE – 2006)
“Considera-se reforma agrária o conjunto de providências de amparo à pro-
priedade da terra, que, no interesse da economia rural, se destinem a atender 
aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.”
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA. Basta ao candidato co-
nhecer o conceito legal de Reforma Agrária e Política Agrária para resolver 
a questão.
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da 
terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função so-
cial quando, simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela 
labutam, assim como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
5. OPITZ, Oswaldo, OPITZ, Silvia C.B., ob. cit, p.5.

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