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Manual de Direito do Consumidor Para OAB Ed. 2015

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2015 
GLAUBER MOREIRA BARBOS A DA SILVA 
 
 
MANUAL DE DIREITOS DO 
CONSUMIDOR PARA OAB 
Sou advogado, atuante na área de Direitos 
do Consumidor, formado pela Universidade 
Estácio de Sá. 
Com a finalidade de manter um material 
sempre atualizado e gratuito, elaborei essa obra, 
que é fruto de uma série de apostilas sobre 
Direitos do Consumidor publicado em um grupo 
no facebook. 
Email: glaubermoreirabs@hotmail.com 
 
SUMÁRIO 
Conteúdo 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................... 5 
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................... 5 
3. A INTERVENÇÃO DO ESTADO ................................................ 5 
4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA NA ESFERA DOS DIREITOS DO 
CONSUMIDOR ............................................................................. 6 
5. JURISPRUDÊNCIA ................................................................... 7 
6. NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR ....................................................................... 9 
7. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR ........... 9 
8. TIPOS DE VULNERABILIDADES DO CONSUMIDOR ................ 9 
9. CONCEITO DE CONSUMIDOR ............................................... 10 
10. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO .............................. 11 
11. FORNECEDOR, PRODUTO E SERVIÇO ................................ 12 
12. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 13 
13. OBJETIVOS ......................................................................... 16 
14. EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE 
CONSUMO ................................................................................. 17 
15. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ESTABELECIDO NA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ........................................................... 19 
16. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA ................................. 20 
17. DIREITOS À EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO .......................... 22 
18. MODIFICAÇÃO E REVISÃO DOS CONTRATOS ................... 23 
19. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS .......................... 23 
20. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ............................. 24 
21. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ....................................... 26 
22. OUTRAS PROTEÇÕES ESTABELECIDAS NO ARTIGO 6º DO 
CDC 26 
23. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 28 
24. NEXO DE CAUSALIDADE E DANOS .................................... 34 
25. DEFEITO E VÍCIO ................................................................ 41 
26. DEFEITO DO PRODUTO E A RESPONSABILIDADE DO 
COMERCIANTE .......................................................................... 41 
27. CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ............... 43 
28. DEFEITO DE SERVIÇO ......................................................... 44 
29. VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO .................................. 45 
30. PRAZO DECADENCIAL E PRESCRICIONAL .......................... 49 
31. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 50 
32. OFERTA .............................................................................. 61 
33. PUBLICIDADE ..................................................................... 70 
33. PRÁTICAS ABUSIVAS ......................................................... 71 
34. REPETIÇÃO DO INDÉBITO .................................................. 74 
35. BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES ...... 75 
36. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 86 
37. INTRODUÇÃO .................................................................... 89 
38. DISPOSIÇÕES GERAIS DA PROTEÇÃO CONTRATUAL......... 90 
39. CLÁUSULAS ABUSIVAS ...................................................... 92 
40. CONTRATO DE ADESÃO .................................................... 96 
41. JURISPRUDÊNCIA .............................................................. 97 
43. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ...... 103 
44. DISPOSIÇÕES GERAIS DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM 
JUÍZO E A LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA .................................... 105 
45. AÇÕES COLETIVAS PARA DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS 
HOMOGÊNIOS ......................................................................... 117 
46. AS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE 
PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................... 120 
47. COISA JULGADA .............................................................. 121 
48. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SNDC
 123 
49. A CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO ....................... 126 
50. DISPOSIÇÕES FINAIS ....................................................... 127 
51. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS.......................................... 129 
52. INFRAÇÕES PENAIS NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR ......................................................................... 134 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Inicialmente o adquirente de produtos e serviços 
contava apenas com a proteção do antigo Código Civil de 1916 e 
com a Lei que disciplinava os crimes contra a economia popular, 
Lei 1.521/51. 
Com a Constituição Federal de 1988 e o Código de 
Defesa do Consumidor o adquirente de produtos e serviços 
passou a contar com uma proteção maior. 
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Os direitos fundamentais do consumidor encontram 
respaldo na norma constitucional estabelecida no artigo 5º da 
Constituição Federal. 
Artigo 5º (...) 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
 
Veja que o poder constituinte originário impôs ao 
Estado o dever de legislar sobre a Defesa do Consumidor, 
entretanto, a referida lei só foi criada em 1990. 
Ademais, consumir é um direito fundamental, 
conforme explica a doutrina. 
3. A INTERVENÇÃO DO ESTADO 
O Direito do consumidor pertence aos direitos de 
terceira geração. Vejamos o que dispõe o artigo 170, V da 
Constituição Federal. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: 
(...) 
V - defesa do consumidor; 
Por isso, o Direito do Consumidor representa uma 
forma de intervenção do Estado no domínio econômico 
necessária para garantir a defesa dos consumidores. 
 
4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA NA ESFERA DOS DIREITOS DO 
CONSUMIDOR 
Quando se fala em competência, devemos lembrar 
que a União Federal institui regras gerais, ou seja, normas de 
interesse geral. Por outro lado, os Estados-membros completam 
as normas gerais ou legislam na ausência de lei federal. Por fim, 
os Municípios legislam sobre normas de interesse local. 
Assim dispõe a Constituição Federal no seu artigo 
24: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
(...) 
V - produção e consumo; 
(...) 
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yuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopas
dfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzVIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico; 
(...) 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
5. JURISPRUDÊNCIA 
Além disso, devemos ficar atentos a súmula 19 do 
Superior Tribunal de Justiça que dispõe: 
A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, é da 
competência da união. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS DO CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR 
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) 
estabelece normas de ordem pública e interesse social. 
Pelo fato do código consumerista possuir normas de 
ordem pública e interesse social, existe a possibilidade de o juiz 
aplicar as normas do CDC de ofício. 
Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
editou a súmula 381 que determina que, nos contratos 
bancários, é proibida a aplicação de ofício pelo julgador para 
conhecer da abusividade de cláusulas. 
Portanto, o advogado deverá ter muito cuidado ao 
estar diante de uma lide que envolva contratos bancários, pois se 
ele não pedir a nulidade das cláusulas abusivas, o juiz não poderá 
fazer de ofício, ou seja, sem provocação. 
7. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR 
Na relação entre o consumidor e fornecedor aquele 
é a parte mais frágil da relação. 
A doutrina costuma classificar a vulnerabilidade do 
consumidor em quatro tipos: a técnica, a jurídica, a econômica e 
a informacional. 
8. TIPOS DE VULNERABILIDADES DO CONSUMIDOR 
Conforme mencionado, a doutrina costuma 
classificar a vulnerabilidade do consumidor em quatro tipos: a 
técnica, a jurídica, a econômica e a informacional. 
A técnica se refere à ausência de informação 
necessária sobre produtos e serviços para a tomada de uma 
decisão. 
A jurídica existe quando o consumidor não dispõe 
de conhecimento sobre as conseqüências jurídicas de uma 
decisão na relação de consumo. 
A vulnerabilidade econômica existe quando o 
fornecedor possui maior poder econômico e, em razão disso, o 
consumidor se encontra em uma posição de desvantagem. 
Por fim, a vulnerabilidade informacional é verificada 
quando o consumidor não possui a informação necessária sobre 
o comércio em geral e, por isso, fica em posição de 
desvantagem. 
Vale lembra que os idosos, as crianças e os 
adolescentes são classificados pela doutrina como hiper 
vulneráveis. 
9. CONCEITO DE CONSUMIDOR 
O conceito de Consumidor está estampado no 
artigo 2º do CDC. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
 
Mas para se obter o sentido exato desse conceito 
não basta apenas uma simples leitura, pois a doutrina trouxe três 
teorias para explicar o que é consumidor. A teoria finalista, 
maximalista e a teoria finalista temperada ou aprofundada. 
A teoria finalista diz que consumidor é o que 
adquire produto ou serviço para uso próprio. 
A teoria maximalista ampliou o conceito 
informando que consumidor é aquele que adquire o produto ou 
serviço como destinatário final sem fazer exceção. 
Por fim, o STJ criou a teoria finalista aprofundada 
ou, como alguns preferem temperada, dizendo que consumidor 
é aquele que adquire produto ou serviço para uso próprio ou 
profissional. Desde que exista vulnerabilidade no caso concreto. 
10. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO 
Os consumidores por equiparação estão dispostos 
no parágrafo 2º do artigo 2º do CDC combinados com os artigos 
17 e 29 do mesmo diploma legal. São todos os que estejam 
inseridos na relação de consumo por alguma maneira. Vejamos 
os artigos. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
SEÇÃO II 
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento. 
CAPÍTULO V 
Das Práticas Comerciais 
 Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se 
aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, 
expostas às práticas nele previstas. 
CAPÍTULO VI 
Da Proteção Contratual 
 
11. FORNECEDOR, PRODUTO E SERVIÇO 
O conceito de fornecedor, produto e serviço pode 
ser extraído do artigo 3º do CDC. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
Vale lembrar que, em regra, fornecedor é aquele 
que coloca no mercado produto ou serviço de forma onerosa e 
com habitualidade, sendo irrelevante se aferiu lucro ou não. 
Ademais, devemos ficar atento ao chamado 
onerosidade indireta, que ocorre, por exemplo, quando um 
mercado cria um estacionamento “grátis” na frente do seu 
estabelecimento. Nesse caso, o mercado ganha de forma 
indireta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12. JURISPRUDÊNCIA 
 
Vejamos as principais jurisprudências sobre o tema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13. OBJETIVOS 
A Política Nacional de Relações de Consumo está 
disciplinada no artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das relações de consumo, 
atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 
9.008, de 21.3.1995) 
 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no 
mercado de consumo; 
 II - ação governamental no sentido de proteger 
efetivamente o consumidor:a) por iniciativa direta; 
 b) por incentivos à criação e desenvolvimento de 
associações representativas; 
 c) pela presença do Estado no mercado de consumo; 
 d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões 
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e 
desempenho. 
 III - harmonização dos interesses dos participantes das 
relações de consumo e compatibilização da proteção do 
consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico 
e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se 
funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), 
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre 
consumidores e fornecedores; 
 IV - educação e informação de fornecedores e 
consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à 
melhoria do mercado de consumo; 
 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios 
eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e 
serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de 
conflitos de consumo; 
 VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos 
praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência 
desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais 
das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam 
causar prejuízos aos consumidores; 
 VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; 
 VIII - estudo constante das modificações do mercado de 
consumo. 
Vale lembrar, que neste mesmo artigo o legislador 
elenca oito princípios, que estão dispostos nos incisos, aplicados 
na relação de consumo. 
Quando esse assunto aparece em prova, o 
examinador exige apenas o domínio do texto literal. Por isso, 
basta uma simples leitura. 
14. EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE 
CONSUMO 
Os instrumentos para a execução da política 
nacional de relações de consumo estão disciplinados no artigo 5º 
do CDC, mas o rol não é taxativo, pois o diploma consumerista 
informa que os instrumentos ali elencados não são os únicos. 
Podemos deduzir isso quando o legislador utiliza a expressão 
“entre outros”. Vejamos: 
 Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de 
Consumo, contará o poder público com os seguintes 
instrumentos, entre outros: 
 I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita 
para o consumidor carente; 
 II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do 
Consumidor, no âmbito do Ministério Público; 
 III - criação de delegacias de polícia especializadas no 
atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de 
consumo; 
 IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e 
Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; 
 V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das 
Associações de Defesa do Consumidor. 
Vale lembrar que hoje não se fala em Juizados 
Especiais de Pequenas Causa, mas em Juizado Especiais. Os 
juizados especiais podem ser os estaduais, federais e os da 
fazenda pública. 
O estudo desses cinco incisos é importante, pois o 
examinador pode resolver elaborar uma questão envolvendo 
esse assunto. 
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Por fim, quero esclarecer que o estudo de como 
funciona os Juizados Especiais faz parte do campo do Direito 
Processual Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ESTABELECIDO 
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Os direitos básicos do consumidor também estão 
elencados a nível constitucional no artigo 6º da nossa 
Constituição. 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o 
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 64, de 2010) 
Portanto além da proteção estabelecida no CDC, o 
consumidor também poderá invocar o Direito Constitucional 
Fundamental estabelecido no artigo acima mencionado. 
16. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA 
A saúde e segurança do consumidor estão inseridas 
na proteção constitucional estabelecida no artigo 6º acima 
mencionado, mas, no entanto, o CDC regulamenta essa proteção 
de forma mais específica nos artigos 8 ao 10º do CDC. Vejamos: 
 Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de 
consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos 
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em 
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os 
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito. 
 Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao 
fabricante cabe prestar as informações a que se refere este 
artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto. 
 Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente 
nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de 
maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou 
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas 
cabíveis em cada caso concreto. 
 Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de 
consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber 
apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou 
segurança. 
 § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, 
posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver 
conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e 
aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
 § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo 
anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às 
expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
 § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade 
de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão 
informá-los a respeito. 
Pode-se verificar nessa simples leitura a previsão da 
proteção a vida, saúde e segurança contra os riscos por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos 
e nocivos. 
Ademais, devemos lembra que a ausência de 
informação sobre o perigo do produto constitui crime conforme 
a previsão dos artigos 61 e 63 do Código de Defesa do 
Consumidor. 
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo 
previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal 
e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 
(...) 
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou 
periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, 
recipientes ou publicidade: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, 
mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a 
periculosidade do serviço a ser prestado. 
§ 2° Se o crime é culposo:Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
(...) 
 
Vale lembrar que o crime existe tanto na 
modalidade dolosa como culposa. 
17. DIREITOS À EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO 
Esses direitos básicos estão elencados nos incisos II 
e III do artigo 6º do CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
 II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos 
produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a 
igualdade nas contratações; 
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos 
e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, tributos incidentes e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação 
dada pela Lei nº 12.741, de 2012) 
 
Gostaria de destacar que além das informações 
mencionadas no inciso II do artigo 6º do CDC, podem constar 
selos ambientais, manuais de instruções, Serviços de 
Atendimento ao Consumidor (SAC), dentre outros. 
 
 
18. MODIFICAÇÃO E REVISÃO DOS CONTRATOS 
 
Para tratar sobre esse tema deveremos ler o artigo 
6º, V do CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
A diferença entre a previsão do Código Civil no 
artigo 478 e o CDC é que, no Direito Civil, para que haja a revisão 
contratual a lei exige além do fato superveniente após a 
assinatura do contrato, que o fato que deu causa a revisão 
contratual seja extraordinário e imprevisível. 
Ademais, vale lembrar que o CDC também não 
exige que haja a vantagem para outra parte em razão da 
onerosidade excessiva do consumidor. 
 
19. PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS 
O CDC traz o princípio da prevenção e reparação 
dos danos decorrentes de danos de natureza patrimonial, moral, 
individual, coletivo ou na forma difusa, conforme se verifica no 
artigo 6º, VI do CDC. 
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos e difusos; 
20. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 
A forma como deve ser prestado os serviços 
públicos está disciplinada no CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
(...) 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
 Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou 
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas 
jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, 
na forma prevista neste código. 
 
Quando se fala em prestação de serviços de 
serviços contínuos, surge a seguinte pergunta: Se o indivíduo 
deixa de pagar a conta de luz ou de água, é possível que haja 
corte no fornecimento? 
O STJ entende que sim, mas será necessário que 
seja avisado com antecedência sob pena de configurar cobrança 
vexatória, que deverá ser ressarcida por danos morais causados. 
A norma que fundamenta essa medida encontra-se 
no artigo 6º da lei 8987/95 que dispõe sobre o regime de 
concessão e permissão da prestação de serviços públicos 
previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras 
providências. 
 
 Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de 
serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme 
estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo 
contrato. 
 § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de 
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, 
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. 
 § 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, 
do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem 
como a melhoria e expansão do serviço. 
 § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a 
sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, 
quando: 
 I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança 
das instalações; e, 
 II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse 
da coletividade.(grifo nosso) 
 
21. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
Trata-se de um direito de ordem processual, que 
encontra guarida no artigo 6º, VIII do CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
(...) 
 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando 
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
Ou seja, o juiz de ofício poderá obrigar que o 
fornecedor prove o que o consumidor alegou. Fato que não 
ocorre quando não há relação de consumo. 
22. OUTRAS PROTEÇÕES ESTABELECIDAS NO ARTIGO 6º 
DO CDC 
O CDC estabelece vários direitos básicos do 
consumidor, entre eles vale destacar os mencionados nos incisos 
I, IV e VII. 
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos 
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos; 
 II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos 
produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a 
igualdade nas contratações; 
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes 
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, tributos incidentes e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação 
dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência 
 IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, 
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de 
produtos e serviços; 
 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos e difusos; 
 VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com 
vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, 
administrativa e técnica aos necessitados; 
 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando 
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
 IX - (Vetado); 
 X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em 
geral. 
O inciso I já foi comentado. O inciso IV dispõe que o 
consumidor deve ser protegido contra a publicidade enganosa e 
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como 
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no 
fornecimento de produtos e serviços; 
O VII se refere ao acesso a justiça, no sentido de 
facilitação dos seus direitos, quando o consumidor recorre aos 
órgãos do poder judiciário. Além disso prevê a possibilidade do 
consumidor recorrer aos órgãos administrativos para a defesa 
dos seus direitos. Por isso vale destacar a função das delegacias 
especializadas, defensorias públicas, promotoriade justiça e 
outros, em todas as esferas do governo. 
23. JURISPRUDÊNCIA 
Para aprofundar o assunto, vejamos o voto do 
relator em uma decisão do STJ julgada em novembro de 2014 e 
publicada em dezembro do mesmo ano. 
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.482.442 - TO 
(2014/0239036-9) RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS 
FERREIRA AGRAVANTE : BRASIL TELECOM S/A ADVOGADOS : 
ANA TEREZA PALHARES BASÍLIO BÁRBARA VAN DER BROOCK DE 
CASTRO BRUNO DI MARINO E OUTRO(S) AGRAVADO : JADIEL 
ARAUJO REIS ADVOGADOS : WILTON BATISTA WILTON BATISTA 
FILHO E OUTRO(S) 
VOTO O EXMO. SR. MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA 
(Relator): 
 
A insurgência não merece ser acolhida. Correta a decisão que 
negou seguimento ao recurso especial. A agravante não trouxe 
nenhum argumento capaz de afastar os termos da decisão 
agravada, motivo pelo qual deve ser mantida por seus próprios 
fundamentos (e-STJ fls. 496/498): "Inicialmente, revela-se ser 
descabida a alegação de ofensa ao art. 535, II, do Código de 
Processo Civil. A jurisprudência desta Casa é pacífica ao 
proclamar que, se os fundamentos adotados bastam para 
justificar o concluído na decisão - situação facilmente constatável 
in casu -, o julgador não está obrigado a rebater, um a um, os 
argumentos suscitados pela parte em Embargos Declaratórios, 
cuja rejeição, nesse contexto, não implica contrariedade ao 
artigo 535 do CPC. Precedentes: AgRg no AREsp 55.751/RS, 3ª 
Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 
14/06/2013; AgRg no REsp 1311126/RJ, 1ª Turma, Rel. Ministro 
Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 22/05/2013; REsp 1244950/RJ, 
3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 19/12/2012; e EDcl no 
AgRg nos EREsp 934.728/AL, Corte Especial, Rel. Ministro Luiz 
Fux, DJe 29/10/2009. No mérito, é pacífico o entendimento 
desta e. Corte Superior de que a discussão quanto à inversão do 
ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do Código de Defesa 
do Consumidor, demanda necessariamente a reavaliação de 
fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. Neste 
sentido, cito os seguintes precedentes: "PROCESSUAL CIVIL. 
ADMINISTRATIVO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. 
NECESSIDADE DE REEXAME PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. O 
art. 6º, VIII, do CDC inclui no rol dos direitos básicos do 
consumidor "a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive 
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando 
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências". Precedente: REsp 773.171/RN, Rel. Ministro 
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 20/8/2009, DJe 
15/12/2009. 2. No caso, em que se busca reparação por danos 
morais decorrente da inserção do nome de consumidor no 
cadastro de inadimplentes, o Tribunal de origem concluiu pela 
inviabilidade de inversão do ônus da prova, tendo em vista não 
haver prova mínima que sustente as alegações autorais. 3. Para 
reformar o aresto prolatado pela Instância regional, seria 
necessária análise profunda dos fatos e das provas carreados aos 
autos. A revisão de acórdão que exige perquirir o acervo fático-
probatório dos autos, como na espécie em análise, não pode ser 
feita pelo STJ, no recurso especial. Inteligência da Súmula 7/STJ. 
Documento: 41821257 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site 
certificado Página 3 de 5Superior Tribunal de Justiça 4. Agravo 
regimental não provido." (AgRg no AREsp 227.012/RJ, 2ª Turma , 
Rel. Min. Castro Meira, DJe 26/10/2012). "AGRAVO REGIMENTAL 
EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIOCOMPEDIDO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INVERSÃO DO ÔNUS DA 
PROVA. JUROS REMUNERATÓRIOS E COMISSÃO DE 
PREMANÊNCIA. ACÓRDÃO FUNDADO NOS ELEMENTOS FÁTICOS 
DOS AUTOS E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. 
SÚMULAS 05/STJ E 07/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO 
PROVIDO. 1. Não há falar em violação ao art. 535 do CPC se o 
acórdão recorrido, julgando integralmente a causa, deu aos 
dispositivos de regência a interpretação que, sob sua ótica, se 
coaduna com a espécie. O fato de não ser a que mais satisfaça a 
recorrente não tem o condão de macular a decisão atacada, a 
ponto de determinar provimento jurisdicional desta Corte, no 
sentido de volver os autos à instância de origem para que lá seja 
suprida falta inexistente.(Precedentes). 2. Para a conclusão do 
acórdão recorrido foi necessário a interpretação de cláusula 
contratual e o reexame dos elementos fáticos carreados aos 
autos. Incidência das Súmulas 05/STJ e 07/STJ. 3. Apesar da 
relação jurídica existente entre o contratante e a instituição 
financeira ser disciplinada pelo Código de Defesa do Consumidor, 
a análise da necessidade, ou não, da inversão do ônus da prova, 
nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, é tarefa afeita às instâncias 
ordinárias, responsáveis pela análise quanto às condições de 
verossimilhança da alegação e de hipossuficiência, segundo as 
regras ordinárias da experiência e dependente do exame fático-
probatório dos autos. Rever a conclusão do Tribunal de origem 
demandaria o reexame de provas, conduta vedada ante o óbice 
da Súmula 7/STJ. 4. A jurisprudência desta Corte é assente no 
sentido de que os juros remuneratórios cobrados pelas 
instituições financeiras não sofrem a limitação imposta pelo 
Decreto nº 22.626/33, de forma que a abusividade do percentual 
pactuado deve ser cabalmente demonstrada em cada caso, com 
a comprovação do desequilíbrio contratual ou de lucros 
excessivos, sendo insuficiente o só fato de a estipulação 
ultrapassar 12% ao ano ou de haver estabilidade inflacionária no 
período. 5. Agravo regimental a que se nega provimento com 
aplicação de multa." (AgRg no AgRg no AREsp 34.358/RS, 4ª 
Turma , Rel. Min. Luis Felipe Salomão , DJe 22/05/2012). 
"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO. ROUBO DE BENS DEPOSITADOS EM COFRE DE 
ALUGUEL. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PRESSUPOSTOS. 
REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. CONTRATO DE ALUGUEL. 
SÚMULA 5 DO STJ. DANO MORAL. CABIMENTO. 1. Inversão do 
ônus probatório, com base no Código do Consumidor, cuja 
revisão, no caso, implicaria necessidade de reexame do conjunto 
fático e probatório dos autos, vedado pelo enunciado 7 da 
Súmula do STJ. 2. Na linha de precedentes do STJ, a subtração de 
jóias de família e outros pertences guardados em cofre de 
aluguel justifica a indenização por dano moral. 3. Agravo 
regimental a que se nega provimento." (AgRg no Ag 1253520/SP, 
4ª Turma , Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti , DJe 10/04/2012). 
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - Documento: 
41821257 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 
4 de 5Superior Tribunal de Justiça RESPONSABILIDADE CIVIL - 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - 
CONTRATO DE EMPREITADA - PARTE CONTRATANTE - 
PAGAMENTO PARCIAL - 1. DISCUSSÃO ACERCA DA 
APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PARA 
FINS DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - ACÓRDÃO RECORRIDO 
QUE DIRIMIU A CONTROVÉRSIA AFIRMANDO A PARIDADE DE 
FORÇAS ENTRE AS PARTES CONTRATANTES - REFORMA DO 
JULGADO - NECESSIDADE DO REENFRENTAMENTO DOS FATOS 
DA CAUSA - APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ - 2. AGRAVO 
REGIMENTAL DESPROVIDO." (AgRg no REsp 1108021/RN, 4ª 
Turma , Rel. Min. Marco Buzzi, DJe 22/02/2012). Ante o exposto, 
com fundamento no art. 557, caput, do CPC c/c art. 1º, I, b, da 
Resolução do STJ n.º 17/2013, nego seguimento ao recurso 
especial. P. e I." (grifo no original.) Não há ofensa ao art. 535, II, 
do CPC, pois o Tribunal a quo pronunciou-se, de forma clara e 
suficiente, sobre a questão suscitada nos autos. Ademais, o 
magistrado não está obrigado a rebater,um a um, os 
argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos 
utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, ainda 
que em sentido diverso do sustentado pela parte, como de fato 
ocorreu na hipótese dos autos. No que se refere à inversão do 
ônus da prova, inafastável a incidência da Súmula n. 7/STJ. O 
TJTO, analisando as circunstâncias fáticas do caso, concluiu 
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terem sido preenchidos os requisitos para a inversão do ônus da 
prova (e-STJ fls. 445/446). Para alterar esse entendimento, seria 
necessária nova análise dos elementos fáticos dos autos, o que é 
incabível em recurso especial. Assim, não prosperam as 
alegações constantes no regimental, incapazes de alterar os 
fundamentos da decisão impugnada. Diante do exposto, NEGO 
PROVIMENTO ao agravo regimental. É como voto. 
 
 
 
 
 
 
24. NEXO DE CAUSALIDADE E DANOS 
A responsabilidade civil nas relações de consumo 
está regulamentada nos artigos 7º, 12º a 14º, 17º a 25º do CDC. 
Antes de passar ao estudo dos próximos tópicos vale a pena a 
fazer a leitura dos artigos citados. 
 Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros 
decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o 
Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de 
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais 
do direito, analogia, costumes e eqüidade. 
 Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos 
responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos 
nas normas de consumo. 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a 
segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em circulação. 
 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de 
outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só 
não será responsabilizado quando provar: 
 I - que não colocou o produto no mercado; 
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o 
defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos 
termos do artigo anterior, quando: 
 I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador 
não puderem ser identificados; 
 II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador; 
 III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
 Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao 
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os 
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do 
evento danoso. 
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança 
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - o modo de seu fornecimento; 
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se 
esperam; 
 III - a época em que foi fornecido. 
 § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de 
novas técnicas. 
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais 
será apurada mediante a verificação de culpa. 
(...) 
 Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento. 
 Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou 
não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de 
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com 
a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes 
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das 
partes viciadas. 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta 
dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, 
em perfeitas condições de uso; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação 
do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser 
inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos 
de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das 
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da 
extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder 
comprometer a qualidade ou características do produto, 
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
 § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I 
do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, 
poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou 
modelo diversos, mediante complementação ou restituição de 
eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos 
incisos II e III do § 1° deste artigo. 
 § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será 
responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, 
exceto quando identificado claramente seu produtor. 
 § 6° São impróprios ao uso e consumo: 
 I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
 II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, 
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida 
ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; 
 III - os produtos que, por qualquer motivo, serevelem 
inadequados ao fim a que se destinam. 
 Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos 
vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for 
inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - o abatimento proporcional do preço; 
 II - complementação do peso ou medida; 
 III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, 
marca ou modelo, sem os aludidos vícios; 
 IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
 § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo 
anterior. 
 § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a 
pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver 
aferido segundo os padrões oficiais. 
 Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de 
qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
 I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando 
cabível; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a 
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do 
fornecedor. 
 § 2° São impróprios os serviços que se mostrem 
inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, 
bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares 
de prestabilidade. 
 Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por 
objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á 
implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes 
de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as 
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes 
últimos, autorização em contrário do consumidor. 
 Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, 
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
 Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou 
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas 
jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, 
na forma prevista neste código. 
 Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de 
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime 
de responsabilidade. 
 Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço 
independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual 
do fornecedor. 
 Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que 
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar 
prevista nesta e nas seções anteriores. 
 § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do 
dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista 
nesta e nas seções anteriores. 
 § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça 
incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários 
seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a 
incorporação. 
 
 
Ou seja, o fornecedor responde independentemente 
de dolo ou culpa. 
Entretanto existem duas exceções. A primeira se 
refere à responsabilidade do profissional liberal que é subjetiva, 
conforme dispõe o artigo 14º parágrafo 4º. 
A outra exceção é a do comerciante por defeito do 
produto, conforme dispõe o artigo 13, pois conforme esse artigo o 
comerciante só será solidariamente responsável se ocorrer 
algumas das hipóteses dos incisos I ao III. 
25. DEFEITO E VÍCIO 
Existe diferença entre defeito e vício do produto ou 
do serviço. Defeito ocorre quando o problema apresentado 
atingir a segurança do consumidor. Por outro lado, o vício é o 
problema apresentado pelo produto ou pelo serviço, que atinge 
a qualidade ou a quantidade do produto ou do serviço. 
Por isso podemos dizer que defeito é acidente de 
consumo. Exemplo: Um celular que explode causando dano ao 
consumidor ou a terceiros. 
26. DEFEITO DO PRODUTO E A RESPONSABILIDADE DO 
COMERCIANTE 
O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem pelo defeito do produto, 
conforme a leitura do artigo 12 do CDC, mas o comerciante só 
responde nas hipóteses do artigo 13 do CDC. 
Vale lembrar que, conforme o parágrafo único do 
artigo 13 do CDC, Aquele que efetivar o pagamento ao 
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os 
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do 
evento danoso. 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a 
segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em circulação. 
 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de 
outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só 
não será responsabilizado quando provar: 
 I - que não colocou o produto no mercado; 
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o 
defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos 
termos do artigo anterior, quando: 
 I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador 
não puderem ser identificados; 
 II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador; 
 III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
 Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao 
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os 
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do 
evento danoso. 
 
27. CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 
As excludentes estão previstas no CDC no artigo 12, 
parágrafo 3º . 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só 
não será responsabilizado quando provar: 
 I - que não colocou o produto no mercado; 
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o 
defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
Vale lembrar que a culpa concorrente não possui 
previsão, conforme a doutrina e alguns julgados do STJ utilizam 
do diálogo das fontes com o Código Civil (CC), ou seja, busca nos 
artigos 944 e 945 do CC a solução para a culpa concorrente. 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a 
gravidade da culpa e o dano, poderá o juizreduzir, 
eqüitativamente, a indenização. 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o 
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta 
a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
 
28. DEFEITO DE SERVIÇO 
O artigo 14 do CDC regulamenta acerca da 
responsabilidade civil por defeito do serviço. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos. 
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança 
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - o modo de seu fornecimento; 
 II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se 
esperam; 
 III - a época em que foi fornecido. 
 § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de 
novas técnicas. 
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais 
será apurada mediante a verificação de culpa. 
Além do que já foi mencionado, vale ressaltar que 
não haverá responsabilidade do serviço quando o defeito não 
existir ou quando a culpa for exclusiva do consumidor ou de 
terceiro. 
O serviço também não será considerado defeituoso 
pela adoção de novas técnicas no mercado. 
E por fim, o profissional liberal não será 
responsabilizado objetivamente, pois a sua responsabilidade será 
apurada mediante verificação de culpa em sentido amplo (dolo 
ou culpa no sentido estrito, ou seja, negligência (ausência de 
conduta), imprudência (falta de dever de cuidado) e imperícia 
(erro no desempenho de um ofício). 
29. VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 
O vício do produto e do serviço está regulado nos 
artigos do CDC que seguem abaixo: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou 
não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de 
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com 
a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes 
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das 
partes viciadas. 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta 
dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, 
em perfeitas condições de uso; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação 
do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser 
inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos 
de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das 
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da 
extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder 
comprometer a qualidade ou características do produto, 
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
 § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I 
do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, 
poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou 
modelo diversos, mediante complementação ou restituição de 
eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos 
incisos II e III do § 1° deste artigo. 
 § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será 
responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, 
exceto quando identificado claramente seu produtor. 
 § 6° São impróprios ao uso e consumo: 
 I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
 II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, 
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida 
ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; 
 III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem 
inadequados ao fim a que se destinam. 
 Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos 
vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for 
inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - o abatimento proporcional do preço; 
 II - complementação do peso ou medida; 
 III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, 
marca ou modelo, sem os aludidos vícios; 
 IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
 § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo 
anterior. 
 § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a 
pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver 
aferido segundo os padrões oficiais. 
 Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de 
qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações constantes da oferta ou 
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
 I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando 
cabível; 
 II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
 § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a 
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do 
fornecedor. 
 § 2° São impróprios os serviços que se mostrem 
inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, 
bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares 
de prestabilidade. 
Vale lembrar que quando estamos diante de um 
vício aparente e o produto for durável, o prazo para reclamação 
será de 90 dias. No caso de produto não durável, será de 30 dias. 
Veremos isso, mais adiante. 
Entretanto, não devemos esquecer que se o 
fornecedor não sanar o vício em 30 dias, o consumidor terá as 
opções estabelecidas nos artigos acima. 
Sobre a garantia contratual vale a leitura do artigo 
50 do CDC. 
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será 
conferida mediante termo escrito. 
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser 
padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste 
a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que 
pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo 
ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no 
ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de 
instalação e uso do produto em linguagem didática, com 
ilustrações. 
 
30. PRAZO DECADENCIAL E PRESCRICIONAL 
O artigo 26 e 27 do CDC irá regulamentar os prazos 
para reclamar sobre os vícios dos produtos e serviços e os prazosde reclamação para os defeitos dos produtos e serviços. Não 
esqueçam que defeitos e vícios são coisas diferentes, conforme 
estudado no item n.º2. 
Passamos a leitura. 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil 
constatação caduca em: 
 I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produtos não duráveis; 
 II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e 
de produtos duráveis. 
 § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da 
entrega efetiva do produto ou do término da execução dos 
serviços. 
 § 2° Obstam a decadência: 
 I - a reclamação comprovadamente formulada pelo 
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a 
resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de 
forma inequívoca; 
 II - (Vetado). 
 III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-
se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação 
pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista 
na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a 
partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
 
31. JURISPRUDÊNCIA 
Vejamos a recente jurisprudência sobre a 
responsabilidade civil nas relações de consumo. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. HIPÓTESE DE DANO 
MORAL IN RE IPSA PROVOCADO POR 
COMPANHIA AÉREA. 
No caso em que companhia aérea, além de atrasar 
desarrazoadamente o voo de passageiro, deixe de 
atender aos apelos deste, furtando-se a fornecer tanto 
informações claras acerca do prosseguimento da viagem 
(em especial, relativamente ao novo horário de 
embarque e ao motivo do atraso) quanto alimentação e 
hospedagem (obrigando-o a pernoitar no próprio 
aeroporto), tem-se por configurado dano moral 
indenizável in re ipsa, independentemente da causa 
originária do atraso do voo. Inicialmente, cumpre destacar 
que qualquer causa originária do atraso do voo – acidente 
aéreo, sobrecarga da malha aérea, condições climáticas 
desfavoráveis ao exercício do serviço de transporte aéreo 
etc. – jamais teria o condão de afastar a responsabilidade da 
companhia aérea por abusos praticados por ela em momento 
posterior, haja vista tratar-se de fatos distintos. Afinal, se 
assim fosse, o caos se instalaria por ocasião de qualquer 
fatalidade, o que é inadmissível. Ora, diante de fatos como 
esses – acidente aéreo, sobrecarga da malha aérea ou 
condições climáticas desfavoráveis ao exercício do serviço 
de transporte aéreo –, deve a fornecedora do serviço 
amenizar o desconforto inerente à ocasião, não podendo, 
portanto, limitar-se a, de forma evasiva, eximir-se de suas 
responsabilidades. Além disso, considerando que o contrato 
de transporte consiste em obrigação de resultado, o atraso 
desarrazoado de voo, independentemente da sua causa 
originária, constitui falha no serviço de transporte aéreo 
contratado, o que gera para o consumidor direito a 
assistência informacional e material. Desse modo, a 
companhia aérea não se libera do dever de informação, que, 
caso cumprido, atenuaria, no mínimo, o caos causado pelo 
infortúnio, que jamais poderia ter sido repassado ou 
imputado ao consumidor. Ademais, os fatos de inexistir 
providência quanto à hospedagem para o passageiro, 
obrigando-o a pernoitar no próprio aeroporto, e de não ter 
havido informações claras quanto ao prosseguimento da 
viagem permitem aferir que a companhia aérea não 
procedeu conforme as disposições do art. 6º do CDC. Sendo 
assim, inexiste na hipótese caso fortuito, que, caso existisse, 
seria apto a afastar a relação de causalidade entre o defeito 
do serviço (ausência de assistência material e informacional) 
e o dano causado ao consumidor. No caso analisado, reputa-
se configurado o dano moral, porquanto manifesta a lesão 
injusta a componentes do complexo de valores protegidos 
pelo Direito, à qual a reparação civil é garantida por 
mandamento constitucional, que objetiva recompor a vítima 
da violação de seus direitos de personalidade (art. 5º, V e X, 
da CF e art. 6º, VI, do CDC). Além do mais, configurado o 
fato do serviço, o fornecedor responde objetivamente pelos 
danos causados aos consumidores, nos termos do art. 14 do 
CDC. Sendo assim, o dano moral em análise opera-se in re 
ipsa, prescindindo de prova de prejuízo. Precedentes 
citados: AgRg no Ag 1.410.645-BA, Terceira Turma, DJe 
7/11/2011; e AgRg no REsp 227.005-SP, Terceira Turma, 
DJ 17/12/2004. REsp 1.280.372-SP, Rel. Min. Ricardo 
Villas Bôas Cueva, julgado em 7/10/2014 (Informativo nº 
550). 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO 
DECORRENTE DA INCOMPATIBILIDADE ENTRE 
O VEÍCULO ADQUIRIDO E A QUALIDADE DO 
COMBUSTÍVEL COMERCIALIZADO NO BRASIL. 
O consumidor pode exigir a restituição do valor pago em 
veículo projetado para uso off-road adquirido no 
mercado nacional na hipótese em que for obrigado a 
retornar à concessionária, recorrentemente por mais de 
30 dias, para sanar panes decorrentes da 
incompatibilidade, não informada no momento da 
compra, entre a qualidade do combustível necessário ao 
adequado funcionamento do veículo e a do combustível 
disponibilizado nos postos nacionais, persistindo a 
obrigação de restituir ainda que o consumidor tenha 
abastecido o veículo com combustível de baixa qualidade 
recomendado para a utilização em meio rural. De início, 
esclareça-se que, nos termos do art. 18 do CDC, “Os 
fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de 
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam (...)”. Assim, se 
o veículo funciona com determinado combustível e é 
vendido no Brasil, deve-se considerar como uso normal o 
seu abastecimento com quaisquer das variedades desse 
combustível comercializadas em território nacional. Se 
apenas uma dessas variedades se mostrasse compatível com 
o funcionamento adequado do motor, ainda seria possível 
cogitar na não configuração de vício do produto, se o 
consumidor houvesse sido adequadamente informado, no 
momento da compra, de que o automóvel apenas poderia ser 
abastecido com a variedade específica em questão. 
Acrescente-se que, se apenas determinado combustível 
vendido fora do País, pela sua qualidade superior, é 
compatível com as especificações do fabricante do 
automóvel, é de se concluir que a utilização de quaisquer 
das variantes de combustível ofertadas no Brasil mostram-se 
igualmente contra-recomendadas. Ademais, há de se 
ressaltar que, na situação em análise, o comportamento do 
consumidor foi absolutamente desinfluente. Isso porque a 
causalidade concorrente não afasta a responsabilidade civil 
do fornecedor diante da inegável existência de vício do 
produto. Posto isso, salienta-se que o art. 18, § 1º, do CDC 
dispõe que, “Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 
trinta dias, pode o consumidor exigir (...) a restituição 
imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos”. O vício do produto 
ocorre quando o produto não se mostra adequado ao fim a 
que se destina, incompatível com o uso a que se propõe. 
Nessa conjuntura, não é possível afirmar que o veículo, após 
visitar a oficina pela primeira vez, tenha retornado sem 
vício, pois reincidiu nas panes e sempre pelo mesmo 
motivo. Dessa forma, ainda que o veículo tenha retornado 
da oficina funcionando e que cada ordem de serviço tenha 
sido cumprida em menos de 30 dias, o vício nãoestava 
expurgado. A propósito, há de se ressaltar que o veículo em 
questão foi projetado para uso off-road. Portanto, é de se 
admitir que houvesse uma razoável expectativa do 
consumidor em utilizar, senão habitualmente, ao menos 
eventualmente, a variedade de combustível disponível em 
meio rural. Isso corresponde, afinal, ao uso normal que se 
pode fazer do produto adquirido, dada a sua natureza e 
finalidade. Assim, é de admitir que o consumidor deveria ter 
sido, pelo menos, informado de forma adequada, no 
momento da compra, que o veículo não poderia ser 
abastecido com combustível recomendado para a utilização 
em meio rural. Essa era uma informação que poderia 
interferir decisivamente na opção de compra do bem e não 
poderia, por isso, ser omitida, sob pena de ofensa ao dever 
de ampla informação. REsp 1.443.268-DF, Rel. Min. 
Sidnei Beneti, julgado em 3/6/2014 (Informativo nº 544). 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL NO 
CASO DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO QUE 
RETORNA À CONCESSINÁRIA POR DIVERSAS 
VEZES PARA REPAROS. 
É cabível dano moral quando o consumidor de veículo 
automotor zero quilômetro necessita retornar à 
concessionária por diversas vezes para reparar defeitos 
apresentados no veículo adquirido. Precedentes citados: 
REsp 1.395.285-SP, Terceira Turma, DJe 12/12/2013; 
AgRg no AREsp 60.866-RS, Quarta Turma, DJe 1/2/2012; e 
AgRg no AREsp 76.980-RS, Quarta Turma, DJe 24/8/2012. 
REsp 1.443.268-DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 
3/6/2014 (Informativo nº 544). 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DO 
ART. 27 DO CDC ANTE A CARACTERIZAÇÃO DE 
FATO DO SERVIÇO. 
rescreve em cinco anos a pretensão de correntista de 
obter reparação dos danos causados por instituição 
financeira decorrentes da entrega, sem autorização, de 
talonário de cheques a terceiro que, em nome do 
correntista, passa a emitir várias cártulas sem provisão 
de fundos, gerando inscrição indevida em órgãos de 
proteção ao crédito. Na hipótese, o serviço mostra-se 
defeituoso, na medida em que a instituição financeira não 
forneceu a segurança legitimamente esperada pelo 
correntista. Isso porque constitui fato notório que os 
talonários de cheques depositados em agência bancária 
somente podem ser retirados pelo próprio correntista, 
mediante assinatura de documento atestando a sua entrega, 
para possibilitar o seu posterior uso. O Banco tem a posse 
desse documento, esperando-se dele um mínimo de 
diligência na sua guarda e entrega ao seu correntista. A 
Segunda Seção do STJ, a propósito, editou recentemente 
enunciado sumular acerca da responsabilidade civil das 
instituições financeiras, segundo o qual as “instituições 
financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados 
por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados 
por terceiros no âmbito de operações bancárias” (Súmula 
479). Sendo assim, em face da defeituosa prestação de 
serviço pela instituição bancária, não atendendo à segurança 
legitimamente esperada pelo consumidor, tem-se a 
caracterização de fato do serviço, disciplinado pelo art. 14 
do CDC. O STJ, aliás, julgando um caso semelhante – em 
que os talões de cheque foram roubados da empresa 
responsável pela entrega de talonários –, entendeu tratar-se 
de hipótese de defeito na prestação do serviço, aplicando o 
art. 14 do CDC (REsp 1.024.791-SP, Quarta Turma, DJe 
9/3/2009). Ademais, a doutrina, analisando a falha no 
serviço de banco de dados, tem interpretado o CDC de 
modo a enquadrá-la, também, como fato do serviço. Ante o 
exposto, incidindo o art. 14 do CDC, deve ser aplicado, por 
consequência, o prazo prescricional previsto no art. 27 do 
mesmo estatuto legal, segundo o qual prescreve em cinco 
anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato 
do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua autoria. REsp 1.254.883-
PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
3/4/2014 (Informativo nº 542). 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL 
DECORRENTE DA PRESENÇA DE CORPO 
ESTRANHO EM ALIMENTO. 
A aquisição de produto de gênero alimentício contendo 
em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor a 
risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda 
que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à 
compensação por dano moral. A lei consumerista protege 
o consumidor contra produtos que coloquem em risco sua 
segurança e, por conseguinte, sua saúde, integridade física, 
psíquica, etc. Segundo o art. 8º do CDC, “os produtos e 
serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores”. Tem-se, 
assim, a existência de um dever legal, imposto ao 
fornecedor, de evitar que a saúde ou segurança do 
consumidor sejam colocadas sob risco. Vale dizer, o CDC 
tutela o dano ainda em sua potencialidade, buscando 
prevenir sua ocorrência efetiva (o art. 8º diz “não 
acarretarão riscos”, não diz necessariamente “danos”). 
Desse dever imposto pela lei, decorre a responsabilidade do 
fornecedor de “reparar o dano causado ao consumidor por 
defeitos decorrentes de [...] fabricação [...] de seus produtos” 
(art. 12 do CDC). Ainda segundo o art. 12, § 1º, II, do CDC, 
“o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que 
dele legitimamente se espera [...], levando-se em 
consideração [...] o uso e os riscos” razoavelmente 
esperados. Em outras palavras, há defeito – e, portanto, fato 
do produto – quando oferecido risco dele não esperado, 
segundo o senso comum e sua própria finalidade. Assim, na 
hipótese em análise, caracterizado está o defeito do produto 
(art. 12 do CDC), o qual expõe o consumidor a risco 
concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara 
infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, previsto 
no art. 8º do CDC. Diante disso, o dano indenizável decorre 
do risco a que fora exposto o consumidor. Ainda que, na 
espécie, a potencialidade lesiva do dano não se equipare à 
hipótese de ingestão do produto contaminado (diferença que 
necessariamente repercutirá no valor da indenização), é 
certo que, mesmo reduzida, também se faz presente na 
hipótese de não ter havido ingestão do produto 
contaminado. Ademais, a priorização do ser humano pelo 
ordenamento jurídico nacional exige que todo o Direito 
deva convergir para sua máxima tutela e proteção. Desse 
modo, exige-se o pronto repúdio a quaisquer violações 
dirigidas à dignidade da pessoa, bem como a 
responsabilidade civil quando já perpetrados os danos 
morais ou extrapatrimoniais. Nessa linha de raciocínio, tem-
se que a proteção da segurança e da saúde do consumidor 
tem, inegavelmente, cunho constitucional e de direito 
fundamental, na medida em que esses valores decorrem da 
especial proteção conferida à dignidade da pessoa humana 
(art. 1º, III, da CF). Cabe ressaltar que o dano moral não 
mais se restringe à dor, à tristeza e ao sofrimento, 
estendendo sua tutela a todos os bens personalíssimos. Em 
outras palavras, não é a dor, ainda que se tome esse termo 
no sentido mais amplo, mas sua origem advinda de um dano 
injusto que comprova a existência de um prejuízo moral ou 
imaterial indenizável. Logo, uma vez verificada a ocorrência 
de defeito no produto, a afastar a incidência exclusiva do art. 
18 do CDC à espécie (o qual permite a reparação do 
prejuízo material experimentado), é dever do fornecedor de 
reparar também o dano extrapatrimonial causado ao 
consumidor, fruto da exposição de sua saúde e segurança a 
risco concreto e da ofensa ao direito fundamental à 
alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade 
da pessoa humana. REsp 1.424.304-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi,

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