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Inflamações (Continuação) Anatomia Patológica Paulo Henrique da Silva Barbosa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Medicina Veterinária A inflamação deve ser classificada de acordo com: - Tempo - Exsudato (Intensidade) - Órgão (Distribuição): deve ser seguido do sufixo -ite Exemplo: Enterite hemorrágica aguda. Rinite catarral crônica (causada pela larva oestrus ovis) Exsudato Hemorrágico: Comum em órgãos com irrigação sanguínea abundante como intestinos e pulmões. Não achar que é um exsudato hemorrágico em condições não inflamatórias. - Samambaia do campo (Pteridium aquilinum ou arachnoideum): causa inflamação na bexiga e neoplasias, portanto, na inflamação pode chamar de hemorrágica. A planta tem um princípio ativo que causa neoplasias e também pode causar cistite na bexiga. Causa Hematúria enzoótica bovina. Uma das plantas mais tóxicas do Brasil. - Parvovírus: Exsudato hemorrágico. No intestino, flui sangue pelas fezes, tem odor fétido de células mortas. Exsudato Purulento: O Pus pode variar de coloração, desde branco amarelado (clássico) até esverdeado, amarronzado ou em tons de vermelho. Gatos e equinos frequentemente fazem lesões purulentas no tórax que são chamadas de empiema (empiema de tórax, peritônio, pericárdio) que são acúmulo de pus em cavidades. Nos gatos e equinos os empiemas torácicos (ou piotórax) são muito frequentes, e muitas vezes está relacionada com a aspiração de conteúdos contaminados. Várias bactérias podem estar associadas a esses quadros como nocardia spp, micoplasma, arcanobactéria piógenes e fuso bactéria necrófago. As hemorragias são condições que frequentemente estão presentes no piotórax e deixam a coloração mais avermelhada, lembrando uma sopa de tomate. Grânulos de enxofre também são comuns nos piotórax. - Febre do embarque ou febre dos transportes: muito comum em bovinos, causada por manhemmia haemolitica (pasteurella). Exsudato Granulomatoso: Geralmente é pouco abundante, o componente principal são os macrófagos. Actinomicose. Inflamação Crônica Inflamação prolongada (semanas a meses). Macrófagos, linfócitos e tecidos de granulação (fibrose, proliferação endotelial vascular e infiltrado inflamatório). 1. Inflamação ativa 2. Destruição tissular 3. Tentativa de reparar os danos Começa de maneira assintomática. Frequentemente alguns mediadores da inflamação fazem quimiotaxia para macrófagos e ao mesmo tempo a inflamação está ativa, ou seja, neutrófilos também estarão presentes. A inflamação pode então ser crônico ativa ou só crônica. Crônico ativas: Presença de células polimorfo nucleares. Crônicas A dificuldade da inflamação aguda de eliminar ou destruir o agente é o que dita se vai se desenvolver uma inflamação crônica ou não. Causas Infecções persistentes: Tuberculose Exposição prolongada a agentes tóxicos, exógenos ou endógenos Auto imunidade O macrófago circulante chega ao tecido e é ativado pelos agentes inflamatórios como a citocina, e então causará lesão tecidual (por conta de metabólitos tóxicos do oxigênio, óxido nítrico, fatores de coagulação, etc) e fibrose (cicatrização). Outras Células Presentes na Inflamação Crônica Linfócitos Eosinófilos Mastócitos Doenças Com Inflamação Crônica: Tuberculose, Peritonite Infecciosa Felina (Nódulos da serosa, que é o peritônio visceral, do intestino ou no rim), Circovirose (linfonodos muito aumentados), Aspergilose, Trypanosomiase. O granuloma é um nódulo focal observado. Pode-se ter inflamação granulomatosa sem granulomas, pode não formar nódulos macroscópicos. Células gigantes: Macrófagos vão se fundindo, o que caracteriza um maior tempo de inflamação crônica porque demoram um certo tempo para se fundir. Mecanismos de Resposta Inflamatória Crônica Th1: Resposta imunológica mediada por células Th2: Resposta inflamatória humoral Em tratamento de doenças como esporotricose usa-se sal como iodeto de potássio para mudar o padrão de resposta de Th2 para Th1. Para que diminua-se a lesão. Tipo Distinto de Inflamação Crônica: Tuberculose Bovina Causa lesões multifocais em diversos linfonodos, baços, fígado, pulmões, com necrose caseosa e mineralização. Tuberculose miliar porque lembra grãos de milho e está disseminada por todo o organismo. Histopatologia: Centro com necrose com calcificação circundada por necrose caseosa e massa avermelhada e reação tecidual. Conidiobolomicose: Doença comum em ovinos. Massa granulomatosa que faz uma protusão no globo ocular (exoftalmia unilateral). Na histopatologia visualiza-se células gigantes com o fungo dentro, neutrófilos, macrófagos. Granulomas Medulares: Comum em bovinos. Sintoma de paresia posterior que desenvolve-se para paralisia. Aplicou-se vacina nocanal medular, as células inflamatórias reagiram contra o óleo vacinal e criou-se uma massa granulomatosa no canal medular. Reparação Ocorre após a inflamação aguda e após a inflamação crônica. Na prática ocorre concomitantemente à inflamação crônica e à inflamação aguda. Mediadores inflamatórios tem que deixar o organismo suficientemente capaz de recuperar o tecido lesado durante o processo inflamatório. Objetivo: Preservar o tecido ao máximo para que o que não morreu de célula continue funcionando normalmente. Devolver ao tecido sua integridade anatômica e funcional normais. O fígado tem alta capacidade regenerativa. Reparação x Regeneração Reparação é a substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo. Regeneração é a proliferação de células do parênquima, células funcionais. Úlcera x Erosão Na úlcera a camada basal destruída e na Erosão a camada basal é preservada. Célulcas Lábeis: Proliferam rápido e fácil (fibroblastos, neutrófilos) Células Estáveis: Células parenquimatosas (hepatócitos, células renais, enterócitos) Células Permanentes: Células que são produzidas uma vez durante a vida embrionária, nasce com a célula e morre com ela, não será trocada ao longo da vida. (neurônios) Os mediadores da inflamação fazem com que a célula saiba o momento exato para iniciar a regeneração e também para parar a replicação quando o defeito foi reparado. Os equinos apresentam um defeito de reparação que causa tumores. Regeneração: Regulação de genes dentro do núcleo Desregulação nesse processo: Causa Processo neoplásico Etapas da Cicatrização 1. Limpeza de células mortas pelos macrófagos 2. Retração: miofibroblastos fazem contração e contraem a lesão para aproximar os tecidos. 3. Tecido de Granulação: Novos vasos sanguíneos preparando para produzir um novo tecido na área. 4. Reepitelização Crosta/casca na ferida: É o exsudato fibrinoso + ar que se solidifica e forma a crosta. Cicatrização de Primeira Intenção: Procedimento cirúrgico onde há aproximação forçada das bordas da ferida. Há uma sutura. Produção mais evidente de tecido de granulação. Cicatrização de Segunda Intenção: Ocorre de dentro pra fora por intenção do próprio organismo. Sempre que tiver uma área suja/inflamada, não pode-se realizar procedimentos de cicatrização de primeira intenção para não isolar o microrganismo numa área de anaerobiose, facilitando seu desenvolvimento, o tecido não terá capacidade para aguentar a sutura, e não tem como anestesiar uma área inflamada, não tem efeito. Deve-se fazer outro mecanismo para que ocorra a cicatrização de segunda intenção.
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