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Analgésicos Opióides Farmacologia II Paulo Henrique da Silva Barbosa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Medicina Veterinária Observação da aula anterior: A procaína sofre hidrólise que pode ser promovida pelas esterases plasmáticas e hepáticas e nesse processo de hidrólise ocorre a formação de dietil amilo etanol e PABA (ácido para amino benzoico). Os anestésicos locais do tipo ester acabam formando o PABA. O microrganismo necessita de ácido fólico para se multiplicar e captam do ambiente as moléculas necessárias para síntese desse ácido fólico através da permeabilidade de membrana (resíduos de Pteroina, PABA, resíduo de ácido glutâmico) e, através da ação de sua enzimas, “juntam” essas moléculas, formando o ácido fólico. As sulfonamindas têm característica conformacional semelhante ao PABA, então os microrganismos pegam essa sulfonamida de forma “errônea” achando que é PABA, o que garante o potencial bacteriostático da sulfa, reduzindo ou inibindo a síntese de ácido fólico pelas bactérias. Pode-se usar anestésico local do tipo éster num animal que está sendo tratado com sulfa? R: Não. A partir do momento que utiliza-se um anestésico local em que o processo de metabolização gera PABA, garante ao microrganismo sintetizar o ácido fólico. Estaremos reduzindo a efetividade da sulfa, a medida que estaremos oferecendo PABA ao microrganismo. Seria mais criterioso utilizar um anestésico local do tipo amida que não gera PABA no seu processo de metabolização. Analgésicos Opióides Derivados do ópio e se caracterizam por produzir potente atividade analgésica. Essa potente atividade analgésica é bastante explicada uma vez que vão exercer como mecanismo de atividade ações periféricas, medulares e supra medulares. Papaver somniferum – Papola: sua seiva vem sendo utilizada há alguns milhares de anos por sua capacidade analgésica. O componente majoritário foi denominado de morfina, o componente com maior atuação. Depressão do sistema nervoso central. Essa substância causa dependência e tolerância se desenvolve rapidamente. Sua utilização, por esses fatores, tornou-se muito limitada. Além da morfina, através da seiva da papola foram obtidos outros alcaloides como: Codeína: Tem propriedade antitussígena, age a nível bulbar que tem efeito sobre o efeito da tosse. Xaropes com base a codeína tem efeito de inibir a tosse. É utilizada no manejo de dores crônicas pois não produz alguns inconvenientes que a morfina produz. Tebaína: Não tem atividade isolada mas nos garantiu por certo ponto a obtenção de compostos semi sintéticos como etorfina, hidromorfona e oxicodona. Papaverina Noscapina: Atividade estimulante respiratória Depressão respiratória é bastante comum em altas doses de morfina. Foram feitas modificações químicas e estruturais na molécula de morfina para garantir a obtenção de um grande número de compostos cuja potência varia de uma elevada potência analgésica a uma inócua ou inexistente propriedade analgésica. Agonistas totais, tão potentes quanto a morfina. Agonistas parciais, potência analgésica intermediária. E até mesmo antagonistas competitivos. Os antagonistas seriam importantes em casos de intoxicação, para reverter quadros. Com o passar do tempo, foi possível a obtenção de compostos totalmente sintéticos como: Opióides Sintéticos: Fentanil Propoxifeno Meperidina Metadona Divisão dos opióides em: Analgésicos opiáceos Analgésicos opióide Restringia-se o termo opióide somente aos compostos sintéticos. Os opiáceos seriam somente os semi sintéticos ou naturais. Hoje em dia vem-se utilizando o termo opióide para todas as formas, natural, semi sintético e sintético. Classificação de acordo com a potência: Agonistas fortes Agonistas leves a moderados Agonista fraco Agonistas parciais (agonistas/antagonistas) Antagonistas Receptores opióides do tipo: Mi, delta, kapa. POE (Peptídeos Opióides Endógenos): Diferentes encefalinas, dinorfinas e endorfinas. Estão envolvidos em série de funções fisiológicas. Relacionados com o bem-estar. A beta endorfina apresenta alta afinidade com os três tipos de receptores. As prostaglandinas são ativadoras de canais de sódio, o que diminui o limiar de excitabilidade celular e explica seu potencial de hiperalgesia. Os opióides são ativadores de canais de potássio, aumentando a condutância de potássio para fora da célula, fazendo com que a repolarização seja mais longa, o que cessa a dor (pegar resposta completa depois). É difícil obter substâncias com potencial analgésico. Só terão alta eficiência para tratar dor episódica, temporária. Para tratar dor crônica, todos os fármacos disponíveis só serão eficazes durante certo período de tempo. Uma vez que os efeitos colaterais irão se manifestar, inviabilizará a qualidade de vida do paciente. Para o tratamento de dor crônica não há disponibilidade de fármacos que não venham causar efeitos colaterais aos pacientes. Isso se dá porque existem mutios receptores neuronais para muitas substâncias que modulam a dor, não é um ou dois, mais vários, e fica difícil agir em todos esses parar modular a dor. Mecanismo de Ação de Analgésicos Opióides Os analgésicos opióides atuam na pré sinapse em receptores metabotrópicos Gi, inibindo transmissão de neurotransmissor, então todos eles terão seu sistema de liberação comprometido pois sua liberação depende da disponibilidade de AMPc e consequentemente, maior concentração de cálcio dentro da célula, então a partir do momento que a ativação desses receptores causa a inibição da adenilato ciclase, diminui-se AMPc e cálcio intracelular, diminuindo a liberação de neurotransmissores, essa é a função dos opióides. E na pós sináptica causa o aumento da condutância de potássio, tendo uma redução da excitabilidade do axônio pós sináptico. Quando administramos o opióide, intensifica-se a função fisiológica que seria promovida pela via descendente de modulação da dor que é ativada e libera POE, tentando modular a dor dentro de certos limites. O GABA é um neurotransmissor inibitório e modula a via descendente de modulação da dor. “Freia” a liberação de POE. O opióide reduz a influência gabaérgica em freiar a excitabilidade da via descendente. A partir do momento que o opióide inibe essa ação do GABA, tem-se maior liberação de POE a nível de corno posterior ventral. Analgésicos opióides inibem o trânsito intestinal, produzindo contração na musculatura lisa intestinal sem posterior relaxamento. É comum é processos cirúrgicos ter constipação ou diminuição do trânsito intestinal devido ao uso destas substâncias, devendo monitorá-lo após a cirurgia. O animal poderá apresentar dificuldade de evacuar, até gerar processo de solidificação, pode-se tomar agentes laxantes para acelerar esse processo. Antigamente utilizava-se derivados opióides em remédios antidiarreicos mas essa abordagem é contra indicada porque deve-se estimular a eliminação daquele conteúdo que foi formado devido a um desequilíbrio no organismo do animal, e não seguradas dentro do organismo, o que faz o opióide quando diminui o trânsito intestinal. O opióide age nos sintomas, não nas causas. Se um animal com problema no casco, por exemplo, não está pisando no chão e é tratado com um analgésico, ele não mais sentirá dor, voltará a pisar porém isso fará com que machuque ainda mais o casco, piorando o quadro. Deve-se tratar a causa do problema e o utilizar o opióide para reduzir o sintoma, no caso, a dor, não para trata-la. Mecanismo de Ação da Tolerância e Dependência de Morfina Rápida tolerância, fazendo-se necessário o aumento da dose para ter-se o efeito analgésico.A morfina inibe a adenilato ciclase, tendo consequência de redução do AMPc. Ocorre elevação secundária na expressão da adenilato ciclase, de modo a recuperar a a produção de AMPc quando há morfina (isto é, ocorre desenvolvimento de tolerância). Com a suspensão do tratamento da morfina, há produção excessiva de AMPc, produzindo-se sintomas de abstinência, até ocorrer normalização dos níveis elevados de expressão de adenilato ciclase.
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