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Nutrição de Monogástricos – Equinos Nutrição Animal Paulo Henrique da Silva Barbosa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Medicina Veterinária Saúde bucal dos equinos é importante para fazer a moagem normal dos alimentos, garantindo uma boa digestão. Caso não moa corretamente, pode perder os nutrientes que passarão direto. Os equinos apresentam baixa atividade de amilase salivar. Esôfago – Deglutição Estômago simples Após o esôfago, temos a cárdia que, no equino, é um músculo muito forte. O equino abaixa a cabeça para pegar o alimento e caso o cárdia não fosse assim, poderia ter refluxo e também quando corria por ser caça. Região pilórica, abertura para o intestino. Fases de contração gástrica Relaxamento receptivo do estômago Região aglandular: primeira recepção no estômago Região glandular: ação do suco gástrico HCl, pepsinogênio quebra a proteína para posterior digestão no intestino delgado e emulsificação da gordura. Secreção de gastrina e muco. A saída do estômago para o intestino é feita através de uma válvula de regulação osmótica, geralmente a parte líquida passa primeiro. Tempo da digestão no estômago: de 1 a 5h. É um tempo relativamente curto. Intestino Delgado Dividido em duedeno, jejuno e íleo. O equino não tem vesícula biliar, então ocorre secreção contínua de sais biliares no intestino, o que o torna muito eficiente na digestão de gordura. Também ocorre secreção digestiva do pâncreas e tampões que mantêm o ph em torno de 7. O tempo de digestão no intestino delgado é por volta de 1h30min Pâncreas Secreta substâncias tampão. Sódio e bicarbonato. Viemos de digestão ácida, então esse tampão vai fazer uma correção do pH para que não haja prejuízo da mucosa intestinal. Secreção de enzimas fundamentais para a digestão dos nutrientes. Secreta enzimas Protease, amilase, lipase. Secreta alguns íons que auxiliam na absorção de nutrientes. Produção e secreção da bile Ausência de vesícula biliar. Evolução que garante ótimo aproveitamento energético através da boa digestão de lipídeos. Carboidratos: Absorvidos na forma de glicose, açúcares Proteínas: absorvidas na forma de aminoácidos Lipídeos: absorvidos na forma de ácidos graxos Válvula íleo-cecal Bom para auscultar em caso de cólica para ver se há o bom funcionamento. Barulho de descarga. Intestino Grosso Mecanismo de retenção da digesta: barreiras físicas. Flexuras/alças pélvicas. No intestino grosso ocorre digestão microbiana, câmara fermentativa. A fermentação está associada com os carboidratos estruturais pelos microrganismos. Bactérias celulolíticas (celulose, heme celulose, parede celular), Bactérias aminolíticas e proteolíticas (amido, proteínas), as bactérias necessitam de nutrientes para o seu desenvolvimento, então é necessária uma certa quantidade de proteínas e açúcares para o desenvolvimento dessas bactérias. As bactérias utilizam ácido lático. Produtos da fermentação: ácidos graxos voláteis e lactato (ácido lático). Produção de gases: co2 e metano. A digestão no ceco é em torno de 4-8h. Cólon Movimentos contráteis para manter o fluxo da digesta que são controlados pelas flexuras pélvicas e pelo tamanho das partículas. Pode acelerar ou reduzir a velocidade de passagem do bolo alimentar. Intestino Grosso As bactérias, principalmente as celulolíticas, sobrevivem bem em ph neutro, então é muito importante a presença dos tampões. Baixou o ph, essas bactérias podem morrer, causando um desbalanceamento na população de bactérias, prevalecendo as bactérias que produzem ácido lático (proteolíticas e aminolíticas), o que acaba acidificando o meio, podendo haver cólica, produção de gases indesejados, etc. A nutrição é extremamente importante para o equino. Digestão Carboidratos: Hidrolisáveis (carboidratos solúveis, cadeias menores de açúcares mais facilmente digeridas no intestino delgado) e Fermentáveis. Lipídeos Proteína Por que é importante falar do amido para o equino? Aveia > Sorgo > Milho > Cevada Quanto mais solúvel em água for o amido, melhor será a ação das enzimas de digestão e, portanto, melhor será a absorção pelo equino, isso dependerá do tipo de ligação entre suas moléculas. Vantagens dos herbívoros não ruminantes: Tem característica do intestino delgado de utilizar carboidratos solúveis para gerar energia de forma mais rápida e eficiente. Nos equinos atletas existe aumento da demanda energética: uma das formas de suprir é a utilização de carboidratos. Também suplementar com maior aporte de concentrado. Recomendação de fornecimento máximo de 3-4g de amido / kg peso vivo do animal. Efeito da quantidade e do tipo de amido no pH cecal O milho baixa mais o pH do que a aveia, por exemplo. O que pode gerar prejuízos para as populações de bactérias. Caracterização da Fibra Lignina: Não é fibra, está diretamente relacionada com a digestão da parede celular. Indigestível Efeito de redução da digestibilidade dos alimentos, por efeito de integração. Conceito de fibra: Alimento que não poderá ser digerida pelas enzimas que o animal apresenta em seu metabolismo, serão degradadas pelas bactérias, precisam da fermentação. Na mastigação rompe-se a parede celular, disponibilizando proteínas, carboidratos solúveis e lipídeos do conteúdo celular. Além de separar a parte de fibra para a fermentação. Se a fibra não estiver rompida, passa tudo direto. Propriedades físico químicas da fibra Densidade: Concentração de energia digestiva e nutrientes por unidade de volume. Essa densidade energética reduz com o passar da idade da planta. As fibras têm ou não capacidade de hidratação. Dependendo da sua qualidade, terá capacidade de hidratação melhor ou pior. Pectina, embora seja de excelente qualidade, em excesso pode causar prejuízos, envolvendo o alimento e dificultar o acesso da bactéria fermentativa. Super Fibras Excelente qualidade, rapidamente fermentáveis, aproveitamento muito grande pelas bactérias, fornecimento de energia alto. Polpa de beterraba, casca de soja, casca de amêndoa, casca de aveia. Proporção de Ácidos Graxos Voláteis Uma das formas de ver se a fermentação está ocorrendo de forma adequada é medir os ácidos graxos para ver se estão na proporção correta. Alimentos Volumosos Feno, capineiras, silagem. Dar proteína para emagrecer: gasta-se mais energia para aproveitar a enegia da proteína do que a energia que a proteína fornece. Além disso, aumenta-se o fluxo urinário. Digestão de Lipídeos Extremamente eficiente na digestão de lipídeos pela secreção contínua de sais biliares. Óleos: concentados energéticos Milho, soja, linhaça. O óleo é muito eficiente, aumenta a densidade energética da ração (diminui a quantidade de concentrado, aumenta o valor energético pois o óleo é extremamente energético). Pode-se então diminuir distúrbios intestinais. Terá uma lenta digestão desse óleo, evitando picos glicêmicos. Começa a mobilizar o glicogênio armazenado no músculo quando aumenta-se a demanda energética. Não pode-se fornecer o óleo de uma hora para a outra, deve-se fazer uma adaptação para evitar problemas. O óleo em excesso envolve a parede celular da planta, impedindo a fermentação pelas bactérias. Inicia-se com um volume x e vai aumentando-se gradualmente durante dias para que haja essa adaptação. Proteína Os equinos são sensíveis a qualidade da proteína. Uso direto de proteína de alto valor biológico. Aminoácidos limitantes (essenciais – lisina). Dietas formuladas com proteína ideal. Participam na síntese de tecidos, enzimas, hormônios, reparação de tecidos. Fonte de energia custosa.Uréia: não aproveitada e, em excesso, é tóxica. Porém, apesar de existir a síntese microbiana de aminoácidos no intestino grosso, não são absorvidos em quantidades suficientes para contribuir com o pool de aminoácidos para o cavalo. Qualidade da proteína da fonte alimentar Perfil de aminoácidos Digestibilidade proteica (ID) Relação proteína:energia Quantidade de proteína muito baixa e excesso de energia: deposição de gordura Excesso de proteína e queda de energia: utiliza proteína como fonte de energia, produzindo amônia que será convertida em uréia e excreção: por isso aumenta o fluxo urinário. Deficiência de proteína: consumo proteico abaixo da exigência, baixa digestibilidade. Perda de peso, diminuição do crescimento, fertilidade e lactação também diminuem. Excesso de proteína sobrecarrega fígado e rins. Transpiração excessiva, má recuperação pós- esforço, cólica e timpanismo. Vitaminas Formação de vitaminas do complexo B pelos microrganismos do intestino grosso. Em animais de maior desempenho as vezes é necessária a suplementação dessas vitaminas. Minerais Calcio, fosforo, cobre, zinco, etc. Cálcio e fósforo: fatores que interferem na absorção A relação de cálcio e fósforo tem que ser de 2:1 e é importante pois a falta de cálcio e o excesso de fósforo atrapalha na deposição óssea, necessidade de cálcio em funções de contração. O que pode causar esse desbalanceamento? A quantidade de vitamina D disponível, excesso de proteína na dieta e dependendo da dieta do animal, pode-se ter a presença de oxalato ou fitatos, provocando má absorção de cálcio (doença da cara inchada) mobiliza o cálcio dos ossos normalmente das patas e ocorre deposição fibrosa na cara. Cólica Uma das causas mais comuns de cólica é nutricional. É uma das maiores causas de óbito na espécie equina. Pelo excesso de carboidratos/amido: o excesso disso causa um desequilíbrio da flora intestinal e, com isso, há um aumento de Lactobacillus e Streptococus no ceco e cólon que são aminolíticas e proteolíticas que degradam o amido. Há o aumento do ácido lático e diminuição do pH, ocorrendo liberação de endotoxinas, causando inflamação )cólica) e que podem atingir vasos sanguíneos dos cascos (laminite). Prevenção Alimentação: quantidade, qualidade, frequência, mudanças bruscas Normalmente se dá cerca de 70% de concentrado para 30% de volumoso no máximo. Nunca 100% de concentrado porque o animal precisa do volumoso para o seu bom funcionamento metabólico, inclusive dos microrganismos de sua flora intestinal. O manejo nutricional do animal evita muitos prejuízos. Creep Feeding: Separação da ração especial para os potros da ração para a mãe, de forma que um não tenha acesso à ração do outro.
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