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FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS E OBRAS DE ENGENHARIA

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Módulo III - Planilha orçamentária.pdf
Escola de Administração Fazendária
ESAF
FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS
E OBRAS DE ENGENHARIA 
Ficha técnica
Coordenador Técnico e Conteudista - Secretaria da Receita Federal do Brasil
Athos André do Amaral Rocha
Coordenação de Produção
Equipe de produção DIEAD/ESAF
Planilha Orçamentária – Módulo 3 ...........................................................................4
3.1 A Planilha Orçamentária: principais conceitos e como ela deve ser exigida ......... 4
3.1.1 Os diferentes tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado) ..........4
3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto? .....................................10
3.1.3 Preço: conceito e forma de composição ......................................................15
3.1.4 O lançamento do percentual do ISS na planilha de composição do BDI ....19
Encerramento ........................................................................................................24
Sumário
4
3.1 A Planilha Orçamentária: principais conceitos e como ela 
deve ser exigida
3.1.1 Os diferentes tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado)
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Analisar os diferentes tipos de orçamento e identificar a sua correta aplicação.
Um dos itens que integram o pacote de projeto, o orçamento para a execução da obra, 
após a quantificação dos seus materiais e serviços, é o elemento que possibilitará a 
formação do preço de venda do objeto. A quantificação, ou seja, a mensuração dos 
insumos e serviços do projeto, é uma das responsabilidades do projetista. A ABNT 
NBR 13531:1995 – Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas, 
cancelada em 2017, determinava, no seu item 3.4 (Contratação de prestação de 
serviços técnicos especializados de projetos), alínea “c” , que o cronograma físico-
financeiro da obra era uma das etapas que deviam estar previstas na contratação 
de um projeto. A ABNT NBR 13532:1995 – Elaboração de projeto de edificações – 
Arquitetura determinava que o Projeto Executivo de arquitetura deveria trazer entre 
os seus elementos o “memorial quantitativo dos componentes construtivos e dos 
materiais de construção” (ABNT, 1995, item 4.4.9.2, alínea “b”).1
Ambas as normas foram substituídas pelo conjunto de normas ABNT NBR 16636. A 
norma técnica ABNT NBR 16636-1:2017 – Elaboração e desenvolvimento de serviços 
técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 1: Diretrizes 
e terminologia, traz, no seu item 3 (Termos e definições), o subitem 3.40, conceituando 
orçamento:
1 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13532:1995 – Elaboração de projeto de edifica-
ções – Arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
MÓDULO 3
PLANILHA ORÇAMENTÁRIA
5
3.40 - Elaboração de orçamento
Atividade que envolve o levantamento de custos, de forma sistematizada, de 
todos os elementos inerentes ao projeto e à execução de determinado objeto 
de construção (ABNT, 2017).
A norma técnica ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e desenvolvimento de ser-
viços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – Parte 2: 
Projeto arquitetônico, traz como uma das responsabilidades do projetista, na etapa 
de Projeto Executivo, a elaboração de memoriais quantificativos e de planilhas orça-
mentárias como documentos de texto a serem apresentados no projeto (item 6.4.7.2, 
alínea “b”). Pode ser que essa seja uma novidade para você, mas saiba que poucos 
profissionais de projeto, principalmente aqueles que atuam na iniciativa privada, têm 
o domínio dessa informação. Esse fato ocorre pela tendência que temos de que, fina-
lizado o projeto, a responsabilidade pelo seu orçamento seja do orçamentista, elabo-
rado de forma distante e dissociado do seu projetista, muitas vezes contratado pela 
construtora somente no momento prévio à execução da obra.
Os tipos de orçamento podem variar em precisão e complexidade de acordo com 
o objetivo pretendido. O orçamento que servirá como uma referência inicial para a 
avaliação da viabilidade de um empreendimento terá menos complexidade e trará 
maior margem de erro do que um orçamento final, para obra, advindo de um Projeto 
Executivo. Esse último, embora de grande complexidade, terá ainda margem de erro 
aceitável, menor, porém, do que a margem de erro admitida para o primeiro.
Conforme o TCU, por meio da Portaria Segecex nº 33, de 7 de dezembro de 2012,2 os 
orçamentos de obra podem ser classificados em expedito, preliminar e detalhado.
2 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Portaria Segecex nº 33, de 7 de dezembro de 2012. Aprova revisão do Roteiro de 
Auditoria de Obras Públicas, declarando-o documento público, revoga suas versões anteriores, e dá outras providências. 
Brasília: TCU, 2012. 
6
As avaliações expeditas podem ser feitas com base em custos históricos, índices, 
gráficos, estudos de ordens de grandeza, correlações ou comparação com projetos 
similares. Podem, por exemplo, ser utilizados índices específicos conhecidos no 
mercado, a exemplo do CUB, para avaliação expedida do custo de construção de 
edificações. O CUB é o custo por unidade de área construída para alguns tipos de 
projetos padronizados estabelecidos pela ABNT NBR 12721:2006 – Versão Corrigida 
2:2007 – Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e 
outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento. Outros exemplos de 
estimativas de custo são o custo por MW (megawatt) de potência instalada, no caso 
de usinas termoelétricas, ou a estimativa de custo de rodovias mediante o uso de um 
custo médio por quilômetro de rodovia construída.
Dessa forma, as avaliações expeditas têm como vantagem:
a) Possibilitar a análise da viabilidade dos empreendimentos e a escolha da 
alternativa a ser desenvolvida na etapa de detalhamento dos projetos, sem 
impor o elevado ônus da elaboração de um orçamento detalhado.
b) Não requerer muitas informações detalhadas sobre o projeto, e, por isso, o 
seu custo é muito menor do que o custo de elaborar um orçamento completo, 
muito embora a elaboração de uma estimativa requeira muita experiência do 
estimador, além de conhecimento, sensibilidade e informações atualizadas.
c) Avaliar preliminarmente os orçamentos de obras públicas para indicar se o va-
lor global do empreendimento está adequado ou não, apesar de ser um método 
simples e de pouca precisão (BRASIL, 2012, p. 29).
O orçamento preliminar é mais detalhado do que a ava-
liação expedita de custos, pois pressupõe o levanta-
mento de quantidades e requer pesquisa de preços dos 
principais insumos e serviços. Enquanto a avaliação ex-
pedita é utilizada no estudo de viabilidade, o orçamento 
preliminar costuma ser utilizado na fase de anteprojeto. 
Os orçamentos preliminares normalmente são elabo-
rados quando a execução do projeto de engenharia de 
7
detalhamento já foi contratada, o que propiciará a geração de muitos dados, embora 
não definitivos, para servirem de base para o orçamento. Dessa forma, estarão dis-
poníveis para o orçamentista dados como os custos dos serviços de engenharia que 
já foram contratados, especificações preliminares de equipamentos de processo e 
de utilidades e listas preliminares de materiais. Também poderá dispor de dados so-
bre o tipo de fundações e plantas arquitetônicas das edificações. Apesar do menor 
grau de incerteza do orçamento preliminar, o orçamentista ainda pode fazer uso de 
levantamentos expeditos de algumas quantidades e atribuição de custos para alguns 
serviços.
Exemplos de levantamentos expeditos que podem ser utilizados em um orçamento 
preliminar de obra de edificação:
Área d
e form
as (m
²) = 
 volum
e de
concr
eto (m
³) x 1
2
Peso de aço
 (kg) = 
 volume de
concreto (m
³) x 100
Volume total de 
concreto (m³) = 
área construída x 0,16
Volume de remoção 
de entulho = volume 
 de demolição x 2
Área dereboco = área 
de alvenaria x 2
8
O orçamento detalhado é elaborado com base 
nas composições de custos unitários e extensa 
pesquisa de preço dos insumos. Esse tipo de or-
çamento procura chegar a um valor bem próximo 
do custo real da obra, com uma reduzida mar-
gem de incerteza e a sua elaboração ocorre nas 
fases de Projeto Básico ou Executivo, ou seja, o 
orçamento detalhado só é justificável se o proje-
to apresentar elevado grau de desenvolvimento, o 
que possibilitará a obtenção de listas completas 
de materiais. A sua função é servir de base para 
a licitação da obra, podendo também ser uma 
ferramenta para o controle de custos de implan-
tação do empreendimento. Eventuais aditivos de 
contrato, quando da execução da obra, deverão 
sempre se pautar nesse tipo de orçamento (BRASIL, 2012, p. 30).
Você sabia que, atualmente, a tecnologia BIM é poderoso instru-
mento para a extração de listas completas de materiais e insumos 
de um projeto, trazendo grande ajuda na sua quantificação para a 
elaboração do orçamento detalhado?
9
Em relação à precisão esperada para os diferentes tipos de orça-
mento, a Orientação Técnica IBR nº 004/2012 do Ibraop3 assim os 
define:
Saiba Mais
Tipo de 
orçamento
Estimativa de 
custo
Preliminar
Detalhado ou 
analítico 
(orçamento base 
da licitação)
Detalhado ou 
analítico definitivo
Estudos 
preliminares
Anteprojeto
Projeto básico
Projeto 
executivo
Área de construção 
multiplicada por um indicador.
Quantitativos de serviços apurados no 
projeto ou estimados por meio de índices 
médios, e custos de serviços tomados em 
tabelas referenciais.
Quantitativos de serviços apurados no 
projeto, e custos obtidos em composições 
de custos unitários com preços de insumos 
oriundos de tabelas referenciais ou de 
pesquisa de mercado relacionados ao 
mercado local, levando-se em conta o local, 
o porte e as peculiaridades de cada obra. 
Quantitativos apurados no projeto e custos 
de serviços obtidos em composições de 
custos unitários com preços de insumos 
negociados, ou seja, advindos de cotações 
de preços reais feitas para a própria obra ou 
para outra obra similar, ou ainda, estimados 
por meio de método de custos real 
específico.
+ 30%*
+ 20%
+ 10%
+ 5%
Fase de projeto Cálculo do preço Faixa de Precisão
3
3 IBRAOP – INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS. Orientação Técnica IBR nº 004/2012. Florianó-
polis: Ibraop, 2012. p. 4.
10
3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Observar a necessidade de adequação do orçamento gerado na fase de projeto 
(orçamento de referência da Administração) ao Decreto nº 7.983/2013.
As regras para os orçamentos das obras públicas eram dadas pela Lei de Diretrizes 
Orçamentárias anualmente, até o ano de 2013. Na ocasião da edição de cada uma da-
quelas leis, eram definidos os critérios que deveriam ser obedecidos pela Administra-
ção Pública na sua elaboração. Ponto comum entre tais leis era a adoção das tabelas 
do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), 
mantidas pela Caixa Econômica Federal, por meio de pesquisa de preços no mercado, 
feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a observação de ex-
tração de medianas para os custos apontados naquelas tabelas.
No ano de 2013 foi editado o Decreto n° 7.983, de 8 de abril de 2013, 
que, consolidando o entendimento recorrente daquelas leis de diretri-
zes orçamentárias, estabeleceu regras e critérios para a elaboração 
do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia contra-
tados e executados com recursos dos orçamentos da União.
Observe que no mesmo ano, complementando a jurisprudência sobre 
o tema, o TCU editou o Acórdão nº 2.622/2013 – TCU – Plenário, que 
retomava o posicionamento da corte dado no Acórdão nº 2.369/2011 
– TCU – Plenário, com análise da incidência do Benefício e Despesa 
Indireta (BDI) sobre os orçamentos de obras públicas e que teve abor-
dagem complementar por meio do Acórdão nº 2.440/2014 – TCU – 
Plenário.
Saiba Mais
11
Para que possamos entender a aplicação do Decreto nº 7.983/2013 aos orçamentos 
das obras públicas, é necessário retomar alguns conceitos previstos no seu texto:
Custo unitário de referência
Valor unitário para execução de uma unidade de medida do serviço previsto no 
orçamento de referência e obtido com base nos sistemas de referência de custos ou 
pesquisa de mercado.
Composição de custo unitário
Detalhamento do custo unitário do serviço que expresse descrição, quantidades, 
produtividades e custos unitários dos materiais, mão de obra e equipamentos 
necessários à execução de uma unidade de medida.
Custo total de referência do serviço
Valor resultante da multiplicação do quantitativo do serviço previsto no orçamento de 
referência por seu custo unitário de referência.
Custo global de referência
Valor resultante do somatório dos custos totais de referência de todos os serviços 
necessários à plena execução da obra ou do serviço de engenharia.
Uma das questões definidas no Decreto nº 7.983/2013 é a ênfase na utilização das 
medianas dos custos unitários previstos nas tabelas do Sinapi para a obtenção do 
custo global de referência:
12
Art. 3º O custo global de referência de obras e serviços de engenharia, exceto 
os serviços e obras de infraestrutura de transporte, será obtido a partir das 
composições dos custos unitários previstas no projeto que integra o edital de 
licitação, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes nos custos 
unitários de referência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices 
da Construção Civil – Sinapi, excetuados os itens caracterizados como mon-
tagem industrial ou que não possam ser considerados como de construção 
civil (BRASIL, 2013)4.
4
A demonstração do custo global de referência é feita por meio do orçamento sintético 
da obra. Conforme Baeta (2012)5, o orçamento sintético, ou planilha orçamentária, é 
a relação de todos os serviços de uma obra com as respectivas unidades de medida, 
quantidades e preços unitários. Ou seja, o orçamento sintético é a planilha que 
demonstra a soma dos custos totais de referência dos serviços, estes conforme o 
conceito apresentado no Decreto nº 7.983/2013.
O orçamento analítico é a apresentação de cada um dos custos unitários dos serviços 
que integram o orçamento (BAETA, 2012, p. 77).
4 BRASIL. Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013. Estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento de referência 
de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União, e dá outras provi-
dências. Diário Oficial da União, Brasília, 2013.
5 BAETA, André A. Pachioni P. – Orçamento e controle de preços de obras públicas –. São Paulo: Pini, 2012. p. 62.
13
Saiba que é bastante comum, até mesmo entre fiscais de projetos e obras 
da Administração Pública, o erro na interpretação desses dois conceitos. 
Muitas vezes entende-se o orçamento sintético como sendo apenas um 
resumo dos itens globais de uma obra (mobilização, infraestrutura, supra-
estrutura, instalações, etc.) que, por conta da palavra “sintético” do seu 
nome, transmite a ideia de síntese e, por consequência, confere ao orça-
mento analítico a ideia de uma relação completa de itens que permitiria a 
“análise” dos custos da obra. Efetivamente, o orçamento sintético é a
peça 
que contém a relação completa dos custos unitários de referência (ou de 
serviço), e que pela sua soma é definido o valor da obra (ou projeto). O 
orçamento analítico é peça que contém a relação completa das composi-
ções de custos unitários, ou seja, o detalhamento de cada um dos custos 
unitários de serviço apresentados no orçamento sintético.
Fique Ligado
O Projeto Básico finalizado deve disponibilizar o orçamento de referência da Adminis-
tração, que é uma das peças que integrarão o futuro edital de licitação da obra, de-
vendo trazer obrigatoriamente o orçamento sintético, o orçamento analítico, a com-
posição do BDI, o cronograma físico-financeiro da obra, o critério de aceitabilidade 
dos preços6 e as cotações de mercado. Esse último item não deve constar do edital 
nem ser disponibilizado às licitantes, servindo apenas de instrumento de consulta da 
Administração para o momento da fase externa da licitação, quando da análise dos 
orçamentos apresentados pelas proponentes. As cotações de mercado deverão ser 
feitas para aqueles itens que não constam das tabelas de referência oficiais (Sinapi, 
Sistema de Custos Referenciais de Obras – Sicro, Sistema de Orçamento de Obras de 
Sergipe – Orse/SE, Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap/
DF, Secretaria de Infraestrutura do Ceará – Seinfra/CE etc.), legalmente aceitas para 
6 Na contratação de serviços de engenharia o instrumento convocatório deve estabelecer critérios de aceitabilidade dos 
preços unitários e global (Decreto nº 7.963/2013, art. 11 e Orientação Normativa AGU nº 5, de 1º de abril de 2009).
14
as composições de custos dos orçamentos da Administração, e têm de ser apresen-
tadas com, no mínimo, três cotações para cada item (BRASIL, 2011)7.
Na apresentação do orçamento pela licitante deve constar o orçamen-
to sintético, o orçamento analítico, a composição do BDI da proponen-
te, o cronograma físico-financeiro da obra e a indicação do responsável 
técnico pelo orçamento, com sua formalização.
A responsabilidade técnica pelo orçamento será configurada por meio da Anotação 
de Responsabilidade Técnica (ART) – sistema Confea/Crea – de um engenheiro ou de 
Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) – CAU/BR – de um arquiteto e urbanista.
7 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.266/2011 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2011.
15
3.1.3 Preço: conceito e forma de composição
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Analisar os itens formadores do preço de uma obra e entender o conceito de 
preço de venda.
Aprofundando o tópico anterior, veremos, a seguir, o critério de formação do preço de 
venda para uma obra.
O orçamento referencial para a licitação de uma 
obra da Administração Pública é elaborado na fase 
do Projeto Básico pelo projetista e seu orçamen-
tista, que iniciará o seu trabalho pela análise dos 
projetos. Tanto melhor e mais preciso será o orça-
mento quanto mais completo for o projeto. Essa é 
a principal razão pela qual há intensa campanha 
dos conselhos profissionais, para que as licitações 
sejam feitas adotando-se o Projeto Executivo de 
uma obra, e não o Projeto Básico, conforme permi-
tido pela Lei nº 8.666/1993.
Pela análise do projeto é possível a listagem dos serviços previstos e a sua quanti-
ficação. A etapa seguinte é o cálculo do custo unitário de cada serviço, o orçamento 
analítico, com a apresentação das composições de custos unitários. O orçamento 
analítico permitirá a consolidação do orçamento sintético e a aplicação do BDI. Con-
forme o Decreto nº 7.983/2013, sobre o custo global de referência (advindo do orça-
mento sintético), deve ser aplicada a taxa de BDI contendo, minimamente, os seguin-
tes itens:
I. Taxa de rateio da Administração central.
II. Percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos aqueles 
de natureza direta e personalística que oneram o contratado.
III. Taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento.
IV. Taxa de lucro.
 
Análise do projeto
16
Há ainda outros itens que poderão integrar o BDI, representando as despesas 
aplicadas à realidade de cada tipo de empresa, como as despesas administrativas e 
as despesas financeiras. A primeira refere-se ao desembolso quando da contratação 
de serviços com alocação de postos de trabalho. A segunda, “aos gastos relacionados 
à perda decorrente da defasagem entre a data do efetivo desembolso e a data da 
receita correspondente” (BRASIL, 2001)8.
O Acórdão n° 325/2007 – TCU, no entanto, fundamenta que tais despesas não 
devem incidir sobre equipamentos, e que a despesa financeira não deve incidir sobre 
serviços9.
Importante
Há, no entanto, itens não recomendados para inclusão no BDI 
(MENDES, 2013, p. 42), quando da elaboração do orçamento de 
referência pela Administração, embora possam constar do BDI 
ofertado pela licitante no momento da licitação. São eles: o 
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Ao incluí-los, a licitante deve 
apresentá-los de forma destacada na composição do BDI.
A fórmula de cálculo do BDI para as obras da Administração Pública consta do 
Acórdão nº 2.369/2011 – TCU – Plenário, consolidada no Acórdão nº 2.622/2013 – 
TCU – Plenário. Esse último traz ainda valores médios orientativos para o BDI e seus 
componentes, conforme o tipo de obra, e que servem de referência para a montagem 
do orçamento da Administração.
8 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Revista do TCU, Brasília, v. 32, n. 88, abr./jun. 2001.
9 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Nota Técnica n° 3/2009 – SCI. Brasília: STF, 2009. p. 4.
17
Com o cálculo do BDI, finalmente é possível obter o preço de venda 
(PV), que é o resultado da aplicação do percentual do BDI ao custo 
direto da obra (BRASIL, 2013, art. 2º, inciso VI), dado pela fórmula 
abaixo:
PV = CD (1 + %BDI)
onde:
CD é o custo direto da obra.
Observe
No caso de obras e serviços de engenharia, na oferta do BDI deve ser considerado 
também o BDI reduzido para materiais e equipamentos de natureza específica e 
que representem valor significativo da obra. Vejamos o que destaca o Decreto n° 
7.983/2013, no seu art. 9º, parágrafo 1º:
§ 1º Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do 
objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor, os itens de forneci-
mento de materiais e equipamentos de natureza específica que possam ser 
fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que repre-
sentem percentual significativo do preço global da obra devem apresentar 
incidência de taxa de BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais 
itens (BRASIL, 2013).
18
Esses equipamentos e materiais podem ser, por exemplo, máquinas de ar-condicio-
nado, elevadores, grupos geradores, divisórias, mobiliário, estabilizadores e nobreaks, 
ou seja, todos aqueles cuja fabricação ou montagem tenham processo que não seja 
de domínio da licitante (ou contratada), e que, dada a sua especificidade, tenham for-
necedores que detenham tal domínio.
O Acórdão nº 2.452/2017 – TCU – Plenário informa que uma taxa de BDI acima do 
limite referencial da Administração Pública não representa, por si só, superfaturamento, 
desde que o preço contratado (preço de venda) esteja compatível com o preço de 
mercado.
19
3.1.4 O lançamento do percentual do ISS na planilha de composição do BDI
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar a forma correta de lançamento do tributo Imposto sobre Serviços 
de Qualquer Natureza (ISS) na composição do BDI em relação às diferentes 
legislações municipais.
Um dos tributos incidentes no cálculo do BDI é o ISS. A incidência desse imposto 
segue legislação municipal, ou seja, varia
conforme o município onde será executada 
a obra.
Por essa razão deve-se ter muito cuidado quando do seu lançamento na composição 
do BDI. Além de ter variação de alíquota conforme o município, ainda pode haver va-
riação da incidência da alíquota. Alguns municípios têm na sua legislação a previsão 
de incidência da alíquota sobre todo o orçamento (material e mão de obra previstos 
na planilha orçamentária). Outros, no entanto, fazem incidir tal alíquota somente so-
bre a mão de obra, isentando sua incidência sobre materiais.
Nesses casos, para efeitos de facilitação do cálculo do BDI e para que não se incorra 
em erro ou descuido no percentual do ISS a ser considerado, o que poderia configurar 
o enriquecimento da contratada, exigindo eventualmente a revisão de contrato, é feito 
cálculo de uma alíquota proporcional do ISS, que, considerada somente sobre a mão 
de obra, pode ser lançada diretamente na planilha do BDI que será aplicado a todos 
os itens da planilha orçamentária.
20
A fórmula de cálculo do ISS proporcional é assim descrita:
ISSdif = [VMO (sem BDI) / VT (sem BDI)] x % ISSmun
onde:
ISSdif = ISS diferenciado;
VMO (sem BDI) = soma dos valores da mão de obra sem a incidên-
cia do BDI;
VT (sem BDI) = valor total da obra (material e mão de obra) sem a 
incidência do BDI;
% ISSmun = alíquota do ISS conforme legislação municipal.
Observe
Assim, calculado esse ISS diferenciado, pode-se lançá-lo diretamente na planilha de 
cálculo do BDI.
Vejamos, a seguir, as duas formas de cálculo do BDI, considerando ISS incidente 
somente sobre a mão de obra para um dado município. A primeira é a forma incorreta, 
ao fazer incidir a alíquota do ISS em todos os itens da planilha orçamentária, 
indistintamente. A segunda é fazendo incidi-la somente sobre a mão de obra, pelo 
cálculo do ISS proporcional, conforme a fórmula acima demonstrada.
21
Tabela 1 – Exemplo de ISS lançado de forma incorreta na planilha de cálculo do BDI
Lucro
Tributos
Cálculo do BDI =
PIS
COFINS
ISS
Seguros
Garantias
Riscos
PLANILHA DE COMPOSIÇÃO DO BDI
Despesas Indiretas
Despesas Financeiras
0,25423
6,38%
1,21%
7,58%
7,65%
Administração Central 4,67%
0,74%
0,00%
0,97%
0,65%
custo global do contrato R$ 4.000.000,00
custo dos materiais R$ 3.000.000,00
custo da mão de obra R$ 1.000.000,00
Alíquota do ISS para o município de Zelig 4%
Alíquota do ISS proporcional 1,00%
TOTAL DO BDI (custo global do contrato x 25,42%) R$ 1.016.800,00
PREÇO DE VENDA (custo global do contrato + BDI) R$ 5.016.800,00
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
3,00%
0,00%
BDI - 25,42%
Lançamento incorreto 
da alíquota do ISS
Taxa do BDI que 
incidirá sobre todo 
o orçamento
4,00%
(1+(AC +S+G+R)) x (1+DF) x (1+L)
(1- I)
-1 =
22
Tabela 2 – Exemplo de ISS lançado de forma correta na planilha de cálculo do BDI
Lucro
Tributos
Cálculo do BDI =
PIS
COFINS
ISS
Seguros
Garantias
Riscos
PLANILHA DE COMPOSIÇÃO DO BDI
Despesas Indiretas
Despesas Financeiras
0,21477
6,38%
1,21%
7,58%
4,65%
Administração Central 4,67%
0,74%
0,00%
0,97%
0,65%
custo global do contrato R$ 4.000.000,00
custo dos materiais R$ 3.000.000,00
custo da mão de obra R$ 1.000.000,00
Alíquota do ISS para o município de Zelig 4%
Alíquota do ISS proporcional 1,00%
TOTAL DO BDI (custo global do contrato x 21,47%) R$ 858.800.00
PREÇO DE VENDA (custo global do contrato + BDI) R$ 4.858.800,00
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
3,00%
0,00%
BDI = 21,47%
Lançamento correto 
da alíquota do ISS
Taxa do BDI que 
incidirá sobre todo 
o orçamento
1,00%
(1+(AC +S+G+R)) x (1+DF) x (1+L)
(1- I)
-1 =
Na tabela 1, a alíquota de 4% do ISS foi incluída integralmente no cálculo do BDI. Essa 
iniciativa está incorreta, pois para o município em questão a legislação municipal 
considera tal tributo incidindo apenas sobre a mão de obra. Como o BDI é um valor 
percentual corretamente aplicado sobre todo o custo do contrato (R$ 4.000.00,00), 
essa alíquota é transportada indiretamente também para os valores do material.
Na tabela 2, ao calcular-se a alíquota proporcional do ISS, ainda que o BDI resultante 
seja aplicado sobre o custo global do contrato, a incidência do ISS proporcionalmen-
te será apenas sobre a mão de obra.
23
Observe que, no exemplo em questão, para o valor aproximado da obra de 
R$ 5.000.000,00, equivalente a um prédio de 3.300 m², de padrão médio, o 
erro na estimativa do seu preço seria aproximadamente de R$ 150.000,00. 
Caso a obra a ser construída tivesse área total de 33.000 m², ou seja, dez 
vezes maior que a do nosso exemplo, o erro no valor do orçamento pelo 
simples equívoco na forma de lançamento do ISS seria da ordem de R$ 
1.580.000,00.
Fique Ligado
24
Encerramento
Neste Módulo 3 destacou-se exclusivamente a ela-
boração de planilhas orçamentárias, devido à sua 
importância dentro do processo licitatório. Tratou-
-se inicialmente do orçamento de referência da Ad-
ministração para a contratação das suas obras, cuja 
forma de elaboração é definida em decreto da Presi-
dência da República.
Para os estudos preliminares de uma obra, foi feita 
a distinção entre os possíveis tipos de orçamento 
(expedito, preliminar e detalhado), a forma de composição do preço (preço de venda) 
de uma obra e a formação do BDI, com a particularidade de correta definição do 
percentual do ISS nele incidente. Esses conceitos também serviram de base para a 
discussão da forma e das possibilidades de eventual concessão de aditivos de obra, 
um dos temas a serem discutidos no próximo módulo.
		_GoBack
		3.1 A Planilha Orçamentária: principais conceitos e como ela deve ser exigida
		3.1.1 Os diferentes tipos de orçamento (expedito, preliminar e detalhado)
		3.1.3 Preço: conceito e forma de composição
		3.1.2 Como deve ser o orçamento vinculado ao projeto?
		3.1.4 O lançamento do percentual do ISS na planilha de composição do BDI
		Encerramento
Módulo II - Projeto de edificações.pdf
Escola de Administração Fazendária
ESAF
FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS
E OBRAS DE ENGENHARIA 
Ficha técnica
Coordenador Técnico e Conteudista - Secretaria da Receita Federal do Brasil
Athos André do Amaral Rocha
Coordenação de Produção
Equipe de produção DIEAD/ESAF
Projeto de edificações – Módulo 2 ...........................................................................4
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo? ............................................ 4
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção 
predial da edificação .............................................................................................4
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo de toda a 
sua vida útil? ..........................................................................................................7
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? 
Como deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve 
atender? Premissas de projeto ...........................................................................13
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as 
diferenças entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações 
Técnicas e Caderno de Encargos? ......................................................................19
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais 
indicada? ..............................................................................................................22
2.1.6 A diferença entre direito autoral e direito patrimonial: autores 
e coautores ..........................................................................................................34
2.2 Como receber um projeto de edificações? .............................................................42
2.2.1 O recebimento do projeto: o que deve ser observado? ................................42
2.2.2 A responsabilidade do gestor de contrato ....................................................44
2.2.3 A importância da observação da representação gráfica na 
apresentação de projetos ...................................................................................48
2.3 Coordenando um projeto de edificações ................................................................54
2.3.1 A coordenação do projeto de edificações .....................................................54
2.3.2 A compatibilização dos projetos ...................................................................57
2.3.3 O “projeto-mãe” em projetos de edificações ................................................60
2.3.4 A plataforma BIM e o seu papel na coordenação e na 
compatibilização dos projetos ...........................................................................64
Encerramento ........................................................................................................70
Sumário
4
2.1 O que é o projeto de edificações e como contratá-lo?
2.1.1 A importância de um bom projeto para a futura atividade de manutenção 
predial da edificação
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar os principais conceitos para o desenvolvimento de um projeto 
eficiente.
Os projetos da construção civil, nesses incluídos 
os projetos de edificações, além de serem, por sua 
natureza, roteiros para as atividades que concorrerão 
para a execução do objeto, são igualmente ferramentas 
de análise para as possíveis soluções técnicas a serem 
aplicadas no processo construtivo.
A palavra projeto significa, genericamente, intento, 
desígnio, empreendimento e, também, um conjunto de 
ações, caracterizadas e quantificadas, necessárias à 
concretização de um objetivo. Embora este sentido aplique-se a diversos campos de 
atividades, em cada um deles o projeto materializa-se de forma específica.
O objetivo principal de um projeto é a execução da obra idealizada 
pelo arquiteto ou engenheiro. Essa obra deve adequar-se aos con-
textos naturais e culturais em que se insere e responde às necessi-
dades do cliente e dos futuros usuários do objeto construído. As 
exigências do cliente e dos usuários exprimem-se por meio do pro-
grama de necessidades que define metodologicamente o produto 
final.
Tome Nota
Projeto de
construção
MÓDULO 2
PROJETO DE EDIFICAÇÕES
5
Diante disso, as soluções técnicas que deverão ser empregadas para a consecução 
da obra devem atender aos princípios da racionalidade, da economicidade, da 
funcionalidade e do desempenho.
Considerando os conceitos de Vitrúvio (2007, p. 82),1 os projetos de arquitetura de-
vem atender cumulativamente aos princípios básicos “utilitas” (utilidade, uso, funcio-
nalidade, proveito, vantagem), “firmitas” (solidez, firmeza, consistência, robustez) e 
“venustas” (beleza, elegância, estética). Tais conceitos resumem as qualidades que 
se pretende para o projeto arquitetônico, demonstrando que o objeto construído deve 
conciliar desempenho, economia e estética. Pode-se, assim, concluir que o edifício 
ou a obra deve ter características que atendam à sua durabilidade e conservação.
Com esse objetivo, o projeto deverá também 
servir à correta escolha de soluções que de-
terminem o melhor funcionamento do objeto 
construído, muito além da sua concepção ou 
construção. No projeto é que são definidos os 
conceitos e as técnicas que garantirão a per-
manência da construção, principalmente no 
quesito manutenção.
Recentemente, a ABNT editou um conjunto de normas aplicado ao desempenho das 
edificações. Muito embora tal norma traga na sua origem a destinação às edificações 
habitacionais, pode-se tomá-la como referência para qualquer tipo de edifício em 
que se pretenda condições de bom desempenho. Uma das premissas básicas 
dessa normativa é a durabilidade dos elementos da construção, denotando grande 
preocupação com a manutenção do edifício.
A Administração Pública, por suas características (necessidade de racionalização 
dos custos, orçamentos limitados e inconstantes, falta de equipes permanentes para 
conservação), tem como um dos grandes desafios a manutenção do seu patrimônio 
construído.
1 VITRÚVIO, P. Tratado de arquitetura/Vitrúvio. Tradução, introdução e notas de M. Justino Maciel. São Paulo: Martins 
Fontes, 2007.
6
Importante
Por essa razão, boas escolhas na fase de projeto definirão o 
custo para a Administração na conservação e na manutenção 
das suas construções por longo período.
Percebe-se, dessa condição, que o projeto, 
muito além de ser um roteiro para a constru-
ção do objeto, é, antes de tudo, uma ferramen-
ta para experimentação das soluções para o 
bom desempenho da obra ou do edifício, pos-
sibilitando a escolha das melhores soluções 
técnicas, aquelas que trarão o equilíbrio entre 
custo de construção, custo de manutenção e 
funcionalidade, aí considerados a eficiência e o conforto.
Você, como gestor do contrato de projeto, ao elaborar o seu Termo de Referência 
ou Projeto Básico, deve observar com cautela tais premissas, de forma a conduzir a 
sua elaboração pelo caminho da racionalidade, da economia e do desempenho. As 
definições e as exigências dadas no Termo de Referência ou Projeto Básico devem 
ser tais que condicionem a elaboração do projeto, para que esse atenda aos objetivos 
aqui já mencionados.
Essas escolhas recairão sobre os tipos de materiais, a forma de ordenação dos espa-
ços, a morfologia dos elementos etc. Assim, é importante que se observe a vantagem 
que se terá sobre a escolha de um material em detrimento de outro, do tamanho da 
edificação frente às necessidades do órgão, ou até mesmo da observância ao índice 
de compacidade2 ou da forma do edifício.
2 Índice de compacidade – É a relação percentual existente entre o perímetro de um círculo de igual área do projeto e o pe-
rímetro das paredes exteriores do projeto, conforme a definição de Mascaró. (Mascaró, Juan Luís – O custo das decisões 
arquitetônicas – 5. ed. Porto Alegre: Masquatro Editora, 2010)
7
Por Exemplo
Como exemplo, citamos a escolha de esquadrias de ferro para a vedação 
das fachadas externas de um edifício em zona litorânea. Certamente 
toma-se aqui a condição extrema e até mesmo inadmissível, visto que, 
nas condições atmosféricas daqueles ambientes, jamais se optaria pela 
escolha de elementos ferrosos para tal uso. A escolha correta nesse 
caso seria, por exemplo, esquadrias de alumínio, com pintura por anodi-
zação ou eletrostática, com durabilidade adequada àquelas condições 
ambientais. Muito embora seja senso comum no meio da arquitetura e 
da engenharia, a obviedade por tal escolha (esquadrias de alumínio para 
a vedação de fachadas em edificações de ambientes litorâneos), ainda 
assim é possível encontrar projetos (mal) especificados trazendo aquela 
condição (especificação de esquadrias de ferro naqueles ambientes).
Nos órgãos públicos, os setores que são responsáveis pelos projetos normalmente 
são diversos daqueles responsáveis pela manutenção das edificações (ou outras 
obras da construção civil ou de infraestrutura viária). A boa especificação, quando da 
elaboração desses projetos, poderá contribuir para a desoneração do trabalho e do 
custo despendidos futuramente pelos seus setores de manutenção.
2.1.2 Como um bom projeto determina o custo de uma obra ao longo
de toda a sua 
vida útil?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Reconhecer a importância do projeto no ciclo de vida de uma edificação.
No tópico anterior, foram apresentadas as relações existentes entre a boa especifica-
ção de um projeto e o custo de manutenção do objeto construído. Veja que as esco-
lhas corretas no momento das especificações têm, entre outros quesitos, a função de 
desonerar o custo de manutenção futura das edificações ou outras obras.
8
O custo de um projeto é sensivelmente me-
nor do que os custos envolvidos na execução 
da obra. Por essa razão, perceba que é mais 
lógico e sensato concentrar esforços nes-
sa importante etapa, evitando, por exemplo, 
economias irresponsáveis e permitindo que 
nessa ocasião possam ser avaliadas todas 
as possibilidades técnicas para a consecu-
ção do objeto pretendido. Afinal, é infinitamente mais fácil alterar um desenho, ou 
até mesmo descartar-se um conjunto de elementos impressos, do que demolir uma 
estrutura de concreto. O projeto, portanto, é o momento para a experimentação e o 
teste de possibilidades.
Para ilustrar a importância que tem um projeto na construção civil, veja a imagem a 
seguir.
Como vai querer 
seu projeto?
RÁPIDO BARATO
QUALIDADE
GRÁTIS
Mal
feito
Não
existe
Bem
pago
Utopia
Não pode
ser feito
Faça
você
Lixo
9
Perceba, portanto, algumas verdades sobre o projeto:
Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim 
com qualidade. Eles não existem, muito embora essa 
(projetos não remunerados) não seja uma realidade 
possível na Administração Pública; 
Projetos com prazos curtos de elaboração e com 
custo baixo geralmente são mal feitos;
Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa 
qualidade têm alto custo.
Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a 
contratar;
Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração 
de projetos;
Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa 
remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá 
de referência à licitação. 
01
02
03
03
02
01
Diante disso, você, na condição de gestor público, deve observar criteriosamente 
alguns aspectos na sua contratação:
Esqueça projetos rápidos, sem custos e ainda assim 
com qualidade. Eles não existem, muito embora essa 
(projetos não remunerados) não seja uma realidade 
possível na Administração Pública; 
Projetos com prazos curtos de elaboração e com 
custo baixo geralmente são mal feitos;
Projetos com prazo de elaboração exíguo e com boa 
qualidade têm alto custo.
Escolha a forma de licitação mais adequada ao objeto a 
contratar;
Estabeleça corretamente o cronograma para a elaboração 
de projetos;
Por meio de pesquisa de preços, estabeleça a justa 
remuneração devida ao serviço de projeto e que servirá 
de referência à licitação. 
01
02
03
03
02
01
10
Em relação à manutenção do futuro objeto construído, a questão ganha ainda mais 
importância. De acordo com a Lei de Sitter,3 ou “Lei dos 5”, tomando-se novamente 
como exemplo uma estrutura de concreto, o custo para uma intervenção de correção, 
desde o projeto até a manutenção corretiva, aumenta em progressão geométrica, de 
razão 5 (SITTER, 1984 apud HELENE, 1992)4. Assim, pode-se dizer que, arbitrando 
que o custo para uma eventual correção de erro no objeto seja 1, durante a fase de 
elaboração do projeto, a mesma correção na fase de execução da obra terá custo 5, 
na fase de manutenção preventiva terá custo 25 e, finalmente, na fase de manutenção 
corretiva alcançará o custo de 125.
125
25
51
25
50
75
100
125
C
u
st
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a 
In
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en
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te
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n
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o
 C
o
rr
et
iv
a
Lei de Sitter
Custo unitário arbitrado
0
2 431 Tempo decorrido
Esse mesmo princípio pode ser aplicado, por extensão, às outras disciplinas (instala-
ções) das obras ou edificações.
Neste tópico, identificaremos quais são as principais escolhas que podem concorrer 
para a racionalização do ambiente construído ao longo da sua vida útil, em conso-
nância com as boas práticas construtivas, à normativa técnica ou legislação vigente.
3 SITTER, W. R. Costs for service life optimization: the law of fives. In: CEB-RILEM. Durability of concrete structures. Procee-
dings of the International Workshop held in Copenhagen, on 18-20 May 1983. Copenhagen, 1984. (Workshop Report by 
Steen Rostam).
4 HELENE, P. R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. 2. ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p. 
ISBN 85-7266-010-0.
11
Conforme o art. 2º, item III, do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997 (dispõe sobre a 
contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e 
fundacional e dá outras providências), as contratações da Administração devem 
demonstrar os resultados que serão alcançados em termos de economicidade e de 
melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. 
No caso das especificações de projetos, as soluções adotadas terão íntima relação 
com o comando dado nesse artigo do referido decreto.
Ainda que o conceito de um bom proje-
to seja de difícil definição, visto tratar-se 
de percepção subjetiva, para a qual con-
tribuem diversas variáveis e referências, 
pode-se delimitar os requisitos mínimos 
que devem ser atendidos para que o re-
sultado seja adequado aos objetivos da 
Administração Pública. É nesse sentido 
que recentemente os Poderes Legislativo e Executivo têm editado leis e normas que 
buscam o aumento da eficiência da máquina pública, refletida inclusive na constru-
ção das suas instalações.
Importante
Instruções Normativas que definem eficiência energética, otimi-
zação de recursos e critérios de sustentabilidade ambiental são 
normas que atualmente devem ter observância obrigatória pela 
Administração.
Dentro dessa condição, seguem algumas iniciativas específicas aplicadas à elabora-
ção de projetos da construção civil pelo poder público:
1. Escolha de materiais locais, de fácil obtenção no entorno da construção: 
essa iniciativa atende aos critérios de sustentabilidade ambiental, visto que 
12
possibilita menor impacto na natureza, pela diminuição das distâncias de 
transporte – atividade poluidora – para os insumos da obra, com reflexo no 
seu custo;
2. Escolha de materiais produzidos no país, por empresas nacionais ou naciona-
lizadas: essa iniciativa traz reflexos diretos na economia do objeto construído, 
visto que diminui o custo para a sua contratação e manutenção;
3. Escolha de materiais com melhor eficiência energética, como, por exemplo, 
luminárias em LED (light emitting diode – ou diodo emissor de luz), sistema de 
iluminação com baixo consumo de energia e que, consequentemente, diminui 
os gastos com energia elétrica ao longo da vida útil do edifício ou obra;
4. Escolha de sistemas de ar condicionado com alta eficiência energética, que, a 
exemplo das instalações de iluminação em LED, proporcionam economia de 
energia, e, com isso, menor gasto com energia elétrica;
5. Reúso de água, iniciativa que atende principalmente a dois requisitos básicos: 
a sustentabilidade ambiental e o menor consumo de água tratada, refletindo 
diretamente no custo do seu fornecimento;
6. Escolha de espécies vegetais nativas nos projetos de urbanização ou paisa-
gismo: essa iniciativa possibilita
a melhor adaptação e a baixa manutenção 
dos espaços ajardinados das edificações ou obras, refletindo na economia dos 
recursos despendidos pela Administração Pública;
7. Escolha de materiais duráveis e com baixa manutenção quando da especifi-
cação dos projetos (exemplo: escolha de esquadrias de alumínio ou PVC para 
a vedação de fachadas): essa condição evita a necessidade de retificação e 
repintura dos elementos (quando especificados em madeira ou ferro), econo-
mizando recursos financeiros para os órgãos públicos.
Somam-se a essas considerações inúmeras outras possíveis e que ampliariam 
bastante a lista acima. Essas escolhas e definições podem encontrar iniciativa por 
ação de bons projetistas.
13
Importante
É vital, no entanto, que tais exigências emanem da contratante, a 
Administração Pública, quando da elaboração dos seus editais 
de contratação.
Essa é uma das razões pelas quais é importante – e recomendável – que os órgãos 
públicos contem nos seus quadros com profissionais habilitados, engenheiros e 
arquitetos, com qualificação permanente, para a contratação de projetos e obras da 
construção civil e de infraestrutura viária, tema já abordado no Módulo 1.
2.1.3 O projeto começa pela contratante. Quais objetivos desejo alcançar? Como 
deverá ser o edifício que pretendo construir? Quais preceitos deve atender? 
Premissas de projeto
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Identificar os itens obrigatórios a serem observados quando da elaboração do 
programa de necessidades para a contratação de um projeto de edificações.
Complementando as ideias trazidas nos 
tópicos anteriores, neste tópico serão 
abordadas as iniciativas por parte do 
gestor do contrato quando da contrata-
ção de um projeto da construção civil.
É de grande responsabilidade a atuação do gestor, não somente por sua condição de 
agente público, e que, portanto, deve obedecer às regras e condutas predeterminadas, 
mas também pela condição de responsável pela contratação de objeto que terá longa 
vida útil e que poderá gerar grande impacto socioambiental. Objetos da construção 
civil são concebidos para durarem dezenas de anos, e, por essa razão, devem ser 
muito bem pensados, antes do início da primeira escavação.
14
Note que a definição do resultado esperado é tarefa que requer complexo estudo 
e envolvimento. Certamente projetistas podem dar essa resposta. A medida dessa 
resposta, no entanto, está intrinsecamente condicionada às orientações e premissas 
definidas pela contratante, nesse caso o poder público. Mais uma vez, a figura do 
arquiteto ou engenheiro como gestor desses contratos é fundamental.
Inicialmente, pode-se dizer que as edificações ou obras contratadas pela 
Administração Pública devem considerar o seu custo e o seu resultado final. Não 
devem ser onerosas, dada a limitação de recursos e a responsabilidade social do 
poder público, mas também não devem ter custo de construção excessivamente 
baixo, que venha a onerar o custo do seu uso, conservação e manutenção, conforme 
já explicitado anteriormente.
Importante
O valor de uma obra deve ser medido por todo o período da sua 
vida útil, o que inclui a sua concepção, execução, usufruto e even-
tual demolição.
Conforme a ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – Desempenho 
– Parte 1: Requisitos gerais, a durabilidade do edifício e de seus sistemas é um 
requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do 
bem imóvel.5 Esse conceito, embora seja dado por norma especificamente aplicada 
a edificações, e do tipo habitacional, pode, como já foi aqui ilustrado, ser aplicado a 
qualquer objeto da construção civil.
5 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:2013 – Edificações habitacionais – 
Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. p. 31.
15
Essa, infelizmente, não é a orientação obtida a partir da legislação 
que rege as contratações da Administração Pública, em que comu-
mente se observa para essas apenas o critério do custo do seu pro-
jeto e construção. O gestor do contrato não deve, porém, limitar-se 
a tal regra, mas buscar o equilíbrio entre o custo do projeto e da exe-
cução e o custo da sua manutenção, desembolso que será perma-
nente e que onerará os gastos da Administração Pública durante 
muitos exercícios financeiros. Profissionais habilitados – arquitetos 
e engenheiros – são os únicos capazes de dar tal resposta.
Observe
Devem ser considerados requisitos de desempenho e funcionalidade, que concedam 
ao ambiente construído boas condições de uso e habitabilidade, proporcionando aos 
seus usuários (agentes públicos e população em geral) bem-estar e conforto.
Como agente incentivador da transformação social e econômica, a Administração 
tem papel na inovação tecnológica quando da elaboração dos seus projetos da 
construção civil. Iniciativas que não são tomadas pelo setor privado, senão pelo lucro, 
têm no setor público o seu fomento.
O poder público, como contratante de obras, 
tem potencialmente grande capacidade de 
transformação das nossas cidades. Veja 
que, por essa razão, as obras contratadas 
pela Administração devem trazer entre 
as suas características a adequação ao 
entorno e o baixo impacto ambiental. Os 
requisitos que devem ser buscados são o 
baixo consumo energético, a baixa geração 
de resíduos o bom desempenho térmico e acústico e a durabilidade. Condicionando a 
16
atuação da Administração Pública nas contratações de projeto, há vasta legislação. 
Uma das normativas mais recentes é a Lei n° 13.647, de 9 de abril de 2018, que obriga 
a instalação de equipamentos economizadores de água nos sanitários públicos de 
todas as novas edificações públicas a partir da data da sua vigência.
Outro requisito igualmente importante é a preocupação com o aspecto visual da 
obra, em relação à sua inserção no ambiente e ao seu impacto estético. Como agente 
transformador do ambiente construído, o poder público, na condição de contratante, 
deve também considerar a harmonia e a beleza das suas obras, elementos que 
serão permanentes na paisagem. Devem ser evitados, por exemplo, os chamados 
“projetos-monumento”, assim entendidos como aqueles que têm apelo temático ou 
simbólico, cuja forma possa gerar polêmica ou dificuldade de aceitação (ver figura 3), 
ou que não tenha relação com a função do objeto,6 um dos princípios norteadores da 
arquitetura. Objetos de arquitetura que optem por trazer apelo simbólico podem fazê-
lo de forma sutil e indireta, remetendo à diretriz da sua concepção. Exemplos bem-
sucedidos dessas iniciativas são o edifício-sede do Banco Central do Brasil (Bacen), 
em Brasília, do arquiteto Hélio Ferreira Pinto7 (ver figura 4), e a ponte da mulher (el 
puente de la mujer), de autoria do arquiteto espanhol Santiago Calatrava (ver figura 5), 
no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires. O primeiro é inspirado em imagem gravada 
no dobrão, moeda do período imperial, de 1725. O segundo representa um casal 
dançando tango, manifestação artístico-cultural típica da Argentina, considerada 
patrimônio oral e imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a 
Ciência e a Cultura (Unesco).
6 “A forma segue a função” é um dos princípios da escola modernista de design Bauhaus, da década de 1910, que teve 
grande influência na arquitetura desde então, ao defender a adoção de desenhos funcionais nos objetos, em oposição à 
ornamentação. GROPIUS, W. The new archictecture and Bauhaus. New York: MIT Press, 1965.
7 Disponível em: <https://www.bcb. gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp>. Acesso em: 10 abr. 2018.
17
Figura 3 - Centro de Ecologia em Kunshan – China 
(http://engenhariae.com.br/curiosidades/foi-inaugurado-na-china-esse-edificio-que-mais-parece-um-
caranguejo-gigante/ último acesso em 10 de abril de 2018)
Figura 4 - https://www.bcb.gov.br/Pre/Surel/RelAdmBC/2012/orientacoes- estrategicas-do-banco-central- 
do-brasil/index.html último acesso em 10 de abril de 2018
18
Figura 5 - Arquivo pessoal
Considere que as edificações e as demais obras da Administração Pública devem 
ser sóbrias, para que transmitam as ideias de racionalidade e imparcialidade, ou 
inovadoras, por meio do emprego de novas técnicas, conceitos ou materiais, para 
que transmitam a preocupação com a evolução social ou tecnológica do homem. 
Essas duas características devem estar sempre acompanhadas do princípio da 
economicidade.
Assim, diante dos conceitos apresentados, pode-se resumir os objetivos e as premis-
sas para as obras contratadas pela Administração Pública e que deverão fazer parte 
do programa de necessidades dos projetos:
19
Desempenho térmico e acústico, 
visando à diminuição do custo do 
objeto ao longo da sua vida útil;
Durabilidade e facilidade de 
manutenção;
Funcionalidade, com ambientes 
integrados e adaptáveis às 
diversas configurações de leiaute, 
de forma a diminuir o impacto 
financeiro quando da 
reorganização dos espaços;
Formas harmônicas e beleza;
Inserção e adaptação ao entorno, 
obedecendo a critérios ambien- 
tais, sociais e culturais do local;
Inovação tecnológica.
2.1.4 Familiarizando-se com a terminologia aplicada ao projeto. Quais as diferenças 
entre Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno de 
Encargos?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Destacar quais documentos exigir conforme os tipos específicos de projeto;
 § Relembrar os conceitos aplicados ao tema “projeto de edificações”.
Na contratação dos projetos da construção civil, é importante que o gestor do con-
trato tenha clareza quanto ao significado da terminologia aplicada, permitindo, assim, 
que os editais tragam correta apresentação dos conceitos e das definições.
É comum entre os profissionais de engenharia e arquitetura a confusão entre os 
conceitos de Memorial Descritivo, (Caderno de) Especificações Técnicas e Caderno 
de Encargos, razão pela qual compete à contratante o seu esclarecimento, por meio 
do documento editalício. Essa condição não somente evita a eventual impugnação do 
edital como traz segurança jurídica ao órgão público.
20
Esses conceitos são definidos abaixo, de acordo com o TCU:8
(Caderno de) 
Especificações 
Técnicas
Texto no qual se fixam todas as regras 
e condições a serem seguidas pelo 
contratado para a execução de cada um 
dos serviços da obra, caracterizando 
individualmente os materiais, os 
equipamentos, os elementos 
componentes, os sistemas construtivos 
a serem aplicados e o modo como 
serão executados cada um dos serviços, 
apontando, também, as unidades de 
medida que embasarão os critérios 
para a sua medição e pagamento;
Descrição detalhada do objeto 
projetado, na forma de texto, na 
qual são apresentadas as soluções 
técnicas adotadas pelo projeto, 
acompanhadas das respectivas 
justificativas, necessárias ao pleno 
conhecimento do projeto, 
complementando as informações 
contidas nos desenhos;
Memorial Descritivo
Texto no qual se fixam todas as regras e 
condições a serem seguidas pelo contratado para 
a execução de cada um dos serviços da obra, 
caracterizando individualmente os materiais, os 
equipamentos, os elementos componentes, os 
sistemas construtivos a serem aplicados e o modo 
como serão executados cada um dos serviços, 
apontando, também, as unidades de medida que 
embasarão os critérios para a sua medição e 
pagamento;
Caderno de 
Encargos
É um conjunto de informações 
complementares ao projeto, 
definindo como deve ser procedida 
a execução. Normalmente é 
fornecido pelo contratante, no qual 
estão consolidados as 
especificações técnicas, o Memorial 
Descritivo e os critérios de medição 
e pagamento de cada um dos 
serviços previstos para a obra.
Descrição detalhada do objeto 
projetado, na forma de texto,
na qual são apresentadas as soluções 
técnicas adotadas pelo projeto,
acompanhadas das respectivas 
justificativas, necessárias ao pleno 
conhecimento do projeto, 
complementando as informações 
contidas nos desenhos;
Memorial 
Descritivo
(Caderno de) 
Especificações 
Técnicas
Observe, portanto, dados os conceitos do TCU, que o Caderno de Encargos é a 
consolidação do Memorial Descritivo e das especificações técnicas, documento 
este também chamado de Caderno de Encargos e Especificações Técnicas. Esse 
documento é complementar às pranchas de desenho do projeto e tem por função 
a descrição completa do objeto, textualmente, e as orientações de como serão 
executados os serviços. O Caderno de Encargos ainda pode apresentar outras 
orientações, como a forma de medição dos serviços, a forma de descarte de resíduos, 
a forma de apresentação dos documentos finais, etc.
O Caderno de Encargos, para os projetos de edificações, não é documento facultati-
vo, dele devendo fazer parte obrigatoriamente, visto ser elemento que elucida dúvidas 
advindas da leitura das suas pranchas de desenho, sendo instrumento de arbitragem 
nas eventuais dúvidas técnicas advindas da execução do objeto.
8 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras públicas. Bra-
sília: TCU, 2014.
21
Outro conceito amplamente aplicado à área e que também gera dúvidas quanto ao 
seu significado é o Memorial Justificativo. Alerte-se para o fato que esse documento 
é tão somente, como o próprio nome diz, um texto que justifica o projeto. Nele estará 
contida a exposição das razões pelas quais foram adotadas determinadas soluções 
e decisões de projeto, o porquê de se ter utilizado determinados materiais, traçados, 
dimensionamentos, etc., em detrimento de outras escolhas. O Memorial Justificativo 
é, portanto, a peça textual que explica o projeto.
É importante que desse documento conste com clareza a explicação para os seguin-
tes itens:
1. Localização
Descrição sucinta do entorno (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção 
urbanística), e a forma como o objeto relaciona-se com ele, indicando as soluções 
adotadas para o tratamento dos ruídos, insolação, regime de ventos, etc.;
2. Programa de necessidades
Identificação das razões que levaram o projetista a adotar determinada solução 
para os elementos do objeto. Exemplo: em um projeto que contenha um auditório, a 
explicação das razões pelas quais determinada forma foi adotada para tal auditório, 
a configuração da plateia, etc.;
3. Planta baixa (quando se tratar de projeto de edificação ou intervenção urbanística)
Explicação para a distribuição funcional dos elementos, sua relação, ordenamento, 
integração, hierarquia, etc.;
4. Volumetria
Descrição da forma como se obteve a solução plástica (quando se tratar principal-
mente de projeto de edificação), processo criativo, enfatizando procedimentos que 
foram adotados, tais como subtrações, adições, composição de cheios e vazios, luz e 
sombras, texturas e materiais, linhas predominantes, etc.;
22
5. Tecnologia
Apresentação da escolha construtiva e suas vantagens. Descrição do benefício 
que será atingido com a opção pela forma de construção adotada, em relação à 
economia, ao desempenho, à rapidez de execução, etc. Exemplo: por que foi adotada 
a forma construtiva “estaiado para o projeto de um viaduto, em detrimento da forma 
“simplesmente apoiado”.
Importante
O Memorial Justificativo não é item obrigatório na elaboração 
dos projetos (conforme ABNT NBR 16636-2:2017 – Elaboração e 
desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos 
arquitetônicos
e urbanísticos – Parte 2: Projeto arquitetônico), e 
não é comumente adotado ou exigido nas contratações da 
Administração Pública. É imprescindível, no entanto, quando for 
adotada a modalidade de licitação “concurso”, que será aborda-
da no próximo tópico.
2.1.5 A contratação do projeto: qual é a modalidade de licitação mais indicada?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
 § Avaliar qual a melhor modalidade de licitação a ser adotada nos diferentes 
tipos de objeto.
23
Conforme a Lei n° 8.666/1993, há quatro 
modalidades de licitação possíveis para a 
contratação de um projeto na Administração 
Pública:
Concorrência
Concurso
Convite
Tomada de preços
As três primeiras podem ser 
combinadas com os seguintes 
tipos de licitação:
Menor preço
Técnica e preço
Melhor Técnica
A Lei n° 10.520/2002 (institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de 
licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras 
providências) traz ainda a modalidade de pregão.
Antes de abordarmos as formas de licitação, é importante comentarmos a formação 
do preço referencial no processo licitatório para a contratação de um projeto, item 
que fará parte do edital.
Como já mencionado neste curso, a Administração Pública deve sempre ter o seu 
preço referencial para contratações. Isso é válido para projetos, obras e também 
para serviços continuados. Aplicam-se aos projetos e aos serviços continuados 
as determinações constantes da IN nº 5, de 27 de junho de 2014 (dispõe sobre os 
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para 
a aquisição de bens e contratação de serviços em geral) da SLTI/MP.
Naquela IN está determinada a seguinte sequência, em ordem preferencial, para a 
pesquisa de preços para contratação de serviços em geral:
I. Portal de Compras Governamentais;
24
II. Pesquisa publicada em mídia especializada, sítios eletrônicos especializados 
ou de domínio amplo, desde que contenha a data e a hora de acesso;
III. Contratações similares de outros entes públicos, em execução ou concluídos 
nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;
IV. Pesquisa com os fornecedores.
Outras formas de pesquisa também são possíveis, desde que devidamente justifica-
das pela autoridade competente, conforme disposto no parágrafo 3º do art. 2º:
“§ 3° A utilização de outro método para obtenção do resultado da pesquisa 
de preços, que não o disposto no parágrafo 2°, deverá ser devidamente justi-
ficada pela autoridade competente”.9
9
Essa possibilidade deve-se ao fato de que, pelo serviço de projeto ter a sua mensu-
ração de forma subjetiva, por vezes é difícil encontrar referenciais criteriosos para a 
formação do seu preço. Deve-se considerar que, para um mesmo objeto, pode haver 
sensíveis diferenças de preços em função da escala, da área de edificação conside-
rada etc.
O item IV apontado pela IN SLTI/MP n° 5/2014 poderia, nesses casos, trazer maior 
segurança na formação do preço. Sua confiabilidade seria dada pela tomada de 
ao menos três orçamentos, de onde se deve tirar o preço médio. Ainda assim, nem 
sempre tal expediente traz resposta indiscutível à questão. Nesses casos, pode-se 
tomar como referência os preços das bases de dados dos órgãos de classe (CAU/BR, 
Confea/Crea, Sindicato dos Engenheiros, Sindicato dos Arquitetos etc.).
9 BRASIL. Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014. Dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para 
a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral. Brasília: SLTI/MP, 2014.
25
Atualmente, está em fase de elaboração dentro da ABNT a NBR 16633 (Elaboração de 
orçamentos e formação de preços de empreendimentos de infraestrutura), dividida 
em quatro partes, por meio de projeto sob o mesmo nome. Com previsão de edição 
para o ano de 2018, esse conjunto de normas trará grande auxílio na análise e na 
formação dos preços referenciais para os serviços de projeto.10
Analisada a questão da formação do preço referencial, é possível então avaliar as 
modalidades de licitação aplicadas aos tipos de objetos, já que, normalmente, o preço 
é um dos critérios para a sua escolha.
Os limites definidos na Lei nº 8.666/1993 determinam a modalidade que deve ser 
adotada conforme o valor do objeto. Não se impede, no entanto, que se adote a 
modalidade cujo limite do valor que a define é elevado para licitações de limite de 
valor menor.11 Essa escolha, porém, deve levar em conta a racionalidade do próprio 
certame e o objetivo buscado, além da supremacia do interesse público, em que se 
deve considerar também o próprio custo do processo de licitação.
Como resultado dessa busca pela racionalidade e otimização dos custos, muitas 
licitações para contratação de projeto vêm sendo contratadas na modalidade pregão.
Sobre tal modalidade, devemos inicialmente analisar a sua aplicação, conforme 
definido na lei que a instituiu. O art. 1º da Lei nº 10.520/2002 assim determina:
10 Disponível em: <http://sinaenco.com.br/noticias/norma-sobre-formacao-de- precos-de-projetos-e-gerenciamento-
-esta-em-consulta-na-abnt/?utm_campaign =Newsletter&utm_content= Norma+sobre+forma%C3%A7%C3%A3o+ 
de+pre%C3 %A7os+de+projetos+e+gerenciamento+est%C3 %A1+em+consulta+na+ABNT+-+Sinaenco+%281%29& 
utm_medium=email&utm _source= EmailMarketing&utm_term=newsletter +edi%C3%A7%C3%A3o+35+-+11+de+ou-
tubro>. Acesso em: 14 abr. 2018. Disponível em: <http://www.abntcatalogo.com.br/projetgrid.aspx>. Acesso em: 14 abr. 
2018.
11 Brasil (1993, art. 23, § 4º).
26
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a 
licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta lei. 
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efei-
tos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam 
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no 
mercado (BRASIL, 2002, grifo nosso).12
12
A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Orientação Normativa n° 54/2014, 
pondera:
Compete ao agente ou setor técnico da Administração declarar que o objeto 
licitatório é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade 
pregão e definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, 
sendo atribuição do órgão jurídico analisar o devido enquadramento da mo-
dalidade licitatória aplicável (BRASIL, 2014).13
13
A dúvida recai sobre o fato de um projeto poder ser considerado ou não como serviço 
comum de engenharia.
12 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos ter-
mos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e 
serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2002.
13 BRASIL. Advocacia-Geral da União. Orientação Normativa n° 54/2014. Brasília: AGU, 2014.
27
O auditor do TCU, André Mendes (2013, p. 149-152)14, argumenta, exemplificando 
a aplicação do conceito de serviços comuns de engenharia. Na opinião do autor, 
considerando como orientação a Lei nº 8.666/1993, para que as contratações de 
serviços de engenharia sejam exclusivamente com licitação dos tipos “melhor 
técnica” ou “técnica e preço”, seria inapropriado o uso da licitação do tipo “menor 
preço” para tais serviços, o que impediria também o uso da modalidade pregão, visto 
essa ter como critério de julgamento exclusivamente o menor preço.
O autor continua, fazendo uma comparação entre um serviço notadamente
comum 
de engenharia, a impermeabilização de uma laje de uma edificação e um serviço de 
projeto. Somente pelo fato de o projeto necessitar de um responsável técnico, ou seja, 
configurar-se como um serviço intelectual, não poderia ser classificado como serviço 
comum. Além disso, em um projeto, tomando-se como exemplo um projeto de arqui-
tetura, não é possível definir objetivamente sua forma, aparência e características 
arquitetônicas finais, confirmando a impossibilidade de seu enquadramento como 
serviço comum.
No entanto, conforme jurisprudência do TCU, por meio do Acórdão n° 601/2011 – TCU 
– Plenário, se houver entendimento de que o objeto final de uma licitação de projeto 
não terá diferença, independentemente de quem o fará, este pode ser classificado 
como comum:
(...) se o projeto ou estudo a ser obtido pela realização do serviço por uma 
empresa ou profissional for similar ao projeto desenvolvido por outra empre-
sa, dotada com as mesmas informações da primeira, esse objeto, no caso 
“estudos e projetos”, pode ser caracterizado como “comuns”. Caso contrário, 
se a similaridade dos produtos a serem entregues não puder ser assegurada, 
o objeto é incomum (BRASIL, 2011).15
15
14 MENDES, André. Aspectos polêmicos de licitações e contratos de obra públicas. São Paulo: Pini, 2013.
15 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão n° 601/2011 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2011.
28
Perceba a controvérsia que envolve a questão e que, diante da incerteza do caminho 
a seguir, muitos gestores acabam optando pela adoção dessa modalidade (pregão) 
para a contratação dos serviços de projeto, quando de pequeno vulto. Opta-se, dessa 
forma, pelo caminho mais seguro, se considerarmos a segurança jurídica. Perde-
se, no entanto, pela qualidade do objeto ofertado, visto que o custo e a qualidade 
do projeto tendem a ser grandezas opostas, conforme demonstrado no tópico 2.1.2 
deste módulo, por meio da figura 1, abaixo relembrada.
Como vai querer 
seu projeto?
RÁPIDO BARATO
QUALIDADE
GRÁTIS
Mal
feito
Não
existe
Bem
pago
Utopia
Não pode
ser feito
Faça
você
Lixo
É importante comentar que a modalidade “pregão” pode tornar-se antieconômica 
para a Administração Pública, as chamadas licitações deficitárias, visto que há 
casos em que o desconto obtido em um certame com esse tipo de modalidade – 
comparando-se o preço contratado com o preço inicial dos lances (orçamento 
referencial da Administração) – não alcançou o gasto despendido com o contingente 
de mão de obra envolvido no seu procedimento. Estudos nesse sentido vêm sendo 
feitos pela Controladoria-Geral da União (CGU), que concluiu que 85% dos órgãos da 
Administração direta realizam pregões deficitários.16
16 CAMAROTTO, M. Decreto vai atualizar valores de licitação, congelados há 20 anos. Valor Econômico, Brasília, 9 abr. 2018. 
Disponível em: https://www.valor.com.br/brasil/5438381/decreto-vai-atualizar-valores-de-licitacao-congelados-ha-
-20-anos. Acesso em: 10 abr. 2018.
29
Para que se jogue mais luz sobre o debate, tome-se o posicionamento do Conselho de 
Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e suas recentes ações quanto à adoção 
do pregão para a contratação de projetos pela Administração Pública.
A unidade do CAU do estado do Rio Grande do Sul posicionou-se sobre o tema e tem 
alcançado repetidos êxitos nas ações judiciais ou ações de impugnação impetradas 
contra a modalidade pregão nesse tipo de contratação.17
Deve ser considerado que, ainda que o serviço de projeto a ser contratado seja de 
pequeno vulto, o tipo de licitação a ser escolhido deve ser o de “técnica e preço” nas 
modalidades “concorrência” ou “tomada de preços”, no caso da RFB, por definição da 
Portaria RFB/Sucor/Copol n° 566/2011, no seu art. 11:
Art. 11. Nos procedimentos licitatórios para contratação de elaboração de 
projetos, deverá ser adotada licitação do tipo técnica e preço, podendo ser 
adotada licitação do tipo menor preço para as contratações com custo esti-
mado até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sem prejuízo da faculdade legal de 
contratação direta por dispensa de licitação (BRASIL, 2011, grifo nosso).
Sabe-se que contratações de projeto têm pouca representatividade numérica no 
universo de contratações da Administração Pública. Não traria ônus à supremacia 
do interesse público o maior dispêndio de tempo e de recursos humanos da 
Administração para essa forma de contratação (licitações nas modalidades que não 
sejam o pregão), frente ao benefício que se teria com o resultado final do objeto fruto 
de um bom projeto, conforme já mencionado nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2 deste módulo.
17 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-nao-admite-pregao-na-contratacao-de-servicos-de-arquitetura-e-urba-
nismo/>. Acesso em: 4 abr. 2018. 
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/caurs-tem-sucesso-em-impugnacao-de-pregao-em-campo-bom/>. Acesso 
em: 4 abr. 2018.
 Disponível em: <http://www.caurs.gov.br/pregao-encruzilhada/>. Acesso em: 4 abr. 2018.
30
Para projetos de maior vulto, no entanto, a modalidade ideal é o concurso. Esse é 
o entendimento da academia e dos órgãos de classe da engenharia e arquitetura. 
Notadamente, os grandes projetos em nível mundial, aqui definidos grandiosos pela 
sua qualidade, destaque e importância, aliados à quintessência da manifestação 
artística e tecnológica, foram desenvolvidos por meio de concurso.
Exemplos desses projetos são a Ópera de Sidney, Austrália (figura 6); o Plano Piloto 
da cidade de Brasília, Brasil (figuras 7 e 8); o Museu Guggenheim, Bilbao/Espanha 
(figura 9); o Estádio “Ninho de Pássaro”, Pequim/China (figura 10); e a remodelação 
da Estação Central de Trens, Berlim/Alemanha (figura 11).
Figura 6 - https://www.archdaily.com.br/br/784303/classicos-da-arquitetura-pera-de-sydney-jorn-utzon 
(último acesso em 04/04/2018)
31
Figura 7 - https://www.archdaily.com.br/br/762897/em-foco-lucio-costa/54ecb228e58ece263300000a-the-original-pilot-p 
(último acesso em 04/04/2018)
Figura 8 - http://solucaoemtransporte.com.br/sites/tours/brasilia/ (último acesso em 04/04/2018)
32
Figura 9 - http://verybilbao.com/en/comercios/museo-guggenheim-bilbao/ (último acesso em 04/04/2018)
Figura 10 - http://www.psam.uk.com/beijing-to-reuse-olympic-stadia-for-2022-winter-games 
(último acesso em 04/04/2018)
33
Figura 11 - http://www.tremeuropa.com.br/trens-em-berlim/ (último acesso em 04/04/2018)
André Baeta, auditor federal de Controle Externo do TCU, em artigo publicado em 
novembro/2014 na revista “Infraestrutura Urbana”,18 defende a contratação de projetos 
pela modalidade concurso. Segundo o auditor, há vantagens para a Administração 
Pública quando desse tipo de contratação, abaixo transcritas:
Com o concurso, contrata-se o melhor projeto, e não a melhor empresa.
A Administração Pública sabe qual é o projeto que está comprando, 
visto que, ao receber as propostas, a contratante avaliará desenhos 
conceituais, memoriais etc., ainda em fase preliminar.
18 Disponível em: http://www.caubr.gov.br/auditor-do-tcu-defende-concurso-para-contratacao-de-projetos/. Acesso em: 
4 abr. 2018.
34
O projeto é entregue no prazo, sem aditivos ou aumento de custos.
Há aumento da competitividade entre as empresas projetistas.
O melhor projeto é selecionado por especialistas da área.
Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto.
Assim, considerando-se as questões apresentadas no debate em tor-
no do tema, é possível concluir que há grande vantagem para a Admi-
nistração Pública na escolha da modalidade concurso ou licitações do 
tipo “técnica e preço” para a contratação de projetos.
2.1.6 A diferença entre direito autoral

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