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Avaliação psicológica no trânsito PROFA. JANAINA SILVA OLIVEIRA Mestre em Linguística Neuropsicóloga Especialista em Preceptoria no SUS O que é a Psicologia do Trânsito ? “área da psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram” (Conselho Federal de Psicologia, 2000, p. 10). Avaliação psicológica no contexto do trânsito Tem sido foco de discussão: necessidade de estudar os procedimentos e instrumentos para avaliação de candidatos à carteira de habilitação. Desde seu início foi denominado “Exame psicotécnico”; A partir da publicação do novo Código Brasileiro de Trânsito de 1998, a expressão foi substituída por “Avaliação psicológica pericial”. FINALIDADE Auxiliar na identificação de adequações psicológicas mínimas para o correto e seguro exercício da atividade (remunerada ou não) de conduzir um veículo automotor, para tentar garantir a segurança do condutor, do trânsito e dos demais envolvidos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000). O que é investigado? Os fenômenos psicológicos (capacidades gerais) e as específicas do indivíduo; Importante proporcionam indicadores para a tomada de decisões em relação às condições de esse indivíduo estar apto ou inapto para dirigir. Resultado da avaliação – apto e inapto De acordo com Silva (2008), o candidato à CNH pode ser considerado: Apto quando apresentar desempenho condizente na avaliação psicológica para a condução de veículo na categoria pretendida; Apto com restrição quando apresentar distúrbio ou comprometimento psicológico que estivesse temporariamente sob controle, fazendo constar, nesse caso, o prazo de validade para a revalidação da CNH; Inapto temporariamente quando apresentar alguma deficiência psicológica nos aspectos psicológicos avaliados, que seria passível de recuperação ou correção; Inapto quando apresentar inadequação nas áreas avaliadas que estejam fora dos padrões da normalidade e de natureza não recuperável. Os exames médicos e psicológicos têm sido, em sua maioria, utilizados como a única medida de adequação do condutor. Embora se saiba que a participação da avaliação psicológica para o trânsito não deveria se restringir a um apto ou inapto no processo seletivo. Preocupação em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de avaliação psicológica; Com o propósito de interferir para que os motoristas não se exponham a situações de perigo a si e aos outros (LAMOUNIER; RUEDA, 2005a). Assim se tem feito uso dos testes psicométricos como recurso para predizer a habilidade para dirigir, especialmente para prever a probabilidade de um indivíduo se envolver em acidentes (GROEGER, 2003). Pesquisas na área... A predominância de estudos que avaliam determinados construtos (inteligência, personalidade, atenção). E um número ainda muito pequeno de estudos Investigação de como dirige o condutor, Relação entre o desempenho nos instrumentos e sua capacidade de predição do comportamento de dirigir. Rozestraten (2000), em parte pelo fato de que o psicólogo de trânsito é visto muitas vezes como mero aplicador de testes, enquanto deveria, pelo menos, questionar a fidedignidade e validade desses instrumentos em relação ao motorista. Rueda e Gurgel (2008) atentam que pode ser observado em muitos manuais de instrumentos utilizados na avaliação do condutor uma normatização em função da escolaridade e, quando o fazem, do tipo de carteira de habilitação sem que, de fato, seja comprovado no instrumento que essas diferenças existem. E O QUE CONTRIBUI PARA ISSO? Rozestraten (2003) afirma que, nos últimos 40 anos, poucas mudanças foram percebidas em relação à atuação dos psicólogos do trânsito. Inadequação dos materiais para testagem (visto que os processos de validação e padronização para a realidade do trânsito ainda são escassos); Raridade de programas de capacitação profissional para atuação nessa área; A inexpressiva participação de psicólogos brasileiros nos congressos de trânsito. Avaliação psicológica no contexto da habilitação de motoristas É atualmente compulsória nas seguintes situações: obtenção da CNH, adição ou mudança de categoria renovação da CNH. Neste último caso, a exigência não é para todos os motoristas, apenas para aqueles condutores que exercem atividade remunerada com o veículo. Atualmente, por ocasião da discussão do Projeto de Lei nº 8.085/2014, que visa alterar o Código de Trânsito Brasileiro, existe um movimento da Psicologia para que a avaliação psicológica seja estendida também para todos os casos de renovação da CNH (CFP, 2018b). As psicólogas e os psicólogos devem conhecer as leis e normativas da área de trânsito, especialmente aquelas que se relacionam diretamente ao seu trabalho a Resolução Contran nº 425/2012 e a Resolução CFP nº 007/2009. Quais funções são avaliadas? Métodos e técnicas comumente usados para aferir os indicadores (atenção, memória e personalidade) dos processos mais amplos (tomada de informação) ou que os influenciam. Resolução nº 012/2000 do Conselho Federal de Psicologia (2000): Níveis intelectual, de atenção, psicomotor e psicofísico, e a personalidade, embora alguns desses construtos venham recebendo maior atenção em detrimento de outros. 4 passos essenciais para alcançar os resultados esperados da avaliação psicológica (CFP, 2013): 1. Objetivos da avaliação (no caso do processo de habilitação: obtenção e renovação da CNH, adição ou mudança de categoria da CNH e exercício de atividade remunerada com o veículo) e escolha de instrumentos e estratégias adequadas; 2. Coleta de informações; 3. Integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais; 4. Indicação das respostas e comunicação dos resultados (apto, inapto temporário e inapto). “Os dados advindos dos testes psicológicos devem ser reunidos às informações fornecidas por outros recursos avaliativos, com o objetivo de que sua compreensão final inclua as informações contextuais” (CFP, 2011a). Todos esses dados, devidamente analisados, interpretados e integrados, devem ser expressos junto com a conclusão do processo, por meio de um documento psicológico: O LAUDO (CFP, 2009). Observações... O profissional tem autonomia em sua escolha do instrumento. Ao fazer essa escolha é necessário verificar os instrumentos mais adequados ( contextos e propósitos para os quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis). Alguns DETRANs tentam, equivocadamente, obrigar o psicólogo a aplicar testes específicos (indicando os nomes dos testes). §2 – A psicóloga e o psicólogo têm a prerrogativa de decidir quais são os métodos, técnicas e instrumentos empregados na Avaliação Psicológica, desde que devidamente fundamentados na literatura científica psicológica e nas normativas vigentes do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2018, p. 2). A Resolução Contran nº 425/2012, no seu artigo 6º, destaca as técnicas e os instrumentos utilizados na avaliação psicológica: entrevistas diretas e individuais; testes psicológicos, dinâmicas de grupo escuta intervenções verbais. ENTREVISTA A entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação (CFP, 2009). Sua função básica é prover o avaliador de subsídios técnicos acerca da conduta, dos comportamentos, conceitos, valores e das opiniões do candidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentos que serão utilizados. Entrevista individual que aborde: identificação pessoal; motivo da avaliação psicológica; histórico escolar e profissional; histórico familiar; indicadores de saúde-doença; e aspectos da conduta social (CONTRAN, 2012). A entrevista deve ser utilizada em caráter inicial do processo de avaliação psicológica; Pois é durante esse procedimento que têm condições de identificar situações que possam interferir negativamente naavaliação psicológica, podendo o avaliador optar por não proceder à testagem naquele momento, para não prejudicar o candidato (CFP, 2009). A entrevista devolutiva também faz parte do processo avaliativo e é obrigatória. O que se observa na prática é que essa entrevista é realizada para candidatos considerados inaptos (temporários), e que geralmente os candidatos aptos não retornam à clínica para ter um feedback do resultado. Mas cabe ao profissional informar ao cidadão, desde o início do processo, sobre o seu direito legítimo de tirar dúvidas quanto ao resultado da avaliação psicológica. DINÂMICA DE GRUPO Utilizadas para informar, treinar, resolver um problema, tomar uma decisão e integrar um grupo (SILVA, 2016). TESTE PSICOLÓGICO Conceituado como uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do comportamento do sujeito. Função mensurar diferenças ou mesmo semelhanças entre indivíduos, ou entre as reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos. O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) oferece vários testes psicológicos favoráveis para aferir diferentes construtos psicológicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SAMPAIO; NAKANO. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: revisão de pesquisas brasileiras. Psicologia: Teoria e Prática,13(1):15-33, 2011.
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