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GADO DE LEITE - PROVA 3 [ZOO 436 - UFV]

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GADO DE LEITE – ZOO 436
PROVA 3
BALANÇO ENERGÉTICO NEGATIVO (BEN) 
16/10
Resumindo é o seguinte: a aula de hoje é para falar do BEN. 
Por que ele acontece? Porque a vaca come menos do que ela precisa. 
Quando acontece? Na fase de transição. 
Quando é a fase de transição? 21 dias antes do parto e 21 dias após o parto.
Porque ela come pouco? Por questões hormonais (aumento de estrógeno) e porque o útero gravídico está grande, gerando uma compressão no rúmen, fazendo com que ele tenha sua capacidade de enchimento reduzida.
280 dias de gestação: época aproximada quando cai o consumo
O BEN ocorre quando a exigência de energia é maior que o consumo de energia da vaca. Assim ela busca fontes de energia da sua própria reserva corporal, sendo a principal forma a gordura.
“Durante o período de transição, o metabolismo energético é influenciado pelas alterações endócrinas e pela diminuição no consumo de alimento, associado ao aumento das exigências nutricionais. Em função desse desequilíbrio entre a demanda e disponibilidade de energia, o animal entra em balanço energético negativo (BEN), ou seja, a vaca entra em um status de déficit energético.” (http://www.ketovet.com.br/cetose.php)
Se a gente fornece apenas silagem de milho pra vaca nesse período, que é um volumoso bom, certo? Mesmo assim a gente tem um déficit em nutrientes digestíveis totais (NDT) em 2,44 kg (ou 40% da exigência). Ou seja, o que ela está consumindo é menor do que ela está precisando. Em quanto? 40% da energia não está sendo obtida.
 A reserva da vaca está na forma de triglicerídeos no tecido adiposo, que serão quebrados para que ela tenha energia. Então se você só der silagem então ela já entra em balanço energético negativo. 
Agora vamos simular que é uma vaca de alta produção, já com 15 dias pós-parto já está produzindo 35 L/dia. Se eu pegar o consumo de matéria seca (CMS) estimado pelo NRC a vaca poderia consumir cerca de 20 kg de matéria seca (MS) por dia. Eu vou exemplificar agora só para facilitar o entendimento, vou dar 30 kg de silagem e 12 kg de ração. Se eu fornecesse isso não teria nenhum déficit em NDT. (Onde eu cheguei nesses 12 kg de ração?Aquela velha fórmula de proporção 3:1 que eu já falei pra vocês. 35 L / 3 = aproximadamente 12 kg de ração). Mas é isso que acontece? Não, porque essa vaca ainda não consegue consumir esses 20 kg de MS. Ela consegue consumir apenas 15 kg. Aí eu preciso rever as minhas quantidades fornecidas de silagem de milho e ração. 
Outra situação, no caso de fornecer 25 kg de silagem de milho e 9 kg de ração (a soma de SM e ração é “maior” que o valor total porque existe água na silagem de milho, por exemplo) pra dar 15 kg/dia no total. Nesse caso vou der um déficit de NDT em 3 kg ou 12% de exigência total de energia. Dessa forma, a vaca também começa a quebrar gordura. 
DESORDENS METABÓLICAS: FASE DE TRANSIÇÃO
Cetose
Esteatose hepática (fígado gorduroso)
Acidose
Laminite
Deslocamento abomasal
Hipocalcemia
Os primeiros problemas a acontecer devido ao BEN são cetose e fígado gorduroso. Então a gente tem que cuidar basicamente do escore corporal da vaca, elas não podem parir muito gordas. Tem que ter reserva corporal de gordura, mas na medida certa. 
Vocês já sabem que entre -20 e +20 dias ocorre um grande desequilíbrio hormonal da vaca. Além desses problemas de baixo consumo em relação ao útero gravídico comprimindo o rúmen, existem essas questões hormonais que afetam também o consumo de alimentos da vaca, mas não vamos entrar nisso com detalhes porque é algo mais complexo.
CETOSE
Por ocorrência do BEN, a vaca irá mobilizar suas reservas de triglicerídeos (TG). Essa quebra de TG irá liberar os NEFA (non esterified fatty acids / ácido graxos não esterificados) que irão para o fígado. (Essa parte está mais detalhada no site http://www.ketovet.com.br/cetose.php, usei algumas informações para complementar a explicação).
Vamos pensar que a gente tem o tecido adiposo da vaca que será quebrado e irá para o fígado na forma. Vão acontecer 4 coisas possíveis: 
Formação de ATP resultante da oxidação completa dos NEFA a partir do TG
Geração de corpos cetônicos a partir dos NEFA
Reesterificação dos NEFA, formando TG novamente
Exportação dos TG na forma de VLDL (very low density lipoprotein) utilizada para síntese de gordura do leite
Os corpos cetônicos (CC) em excesso podem ser danosos ao organismo do animal. E quando se converte os CC em TG novamente no fígado, em excesso, vamos ter o problema do fígado gorduroso. Portanto, quando a gente tem isso é porque a vaca já está com cetose. Ela nunca vai ter o fígado gorduroso sem estar com cetose. No caso da VLDL, a capacidade do fígado para enviar o VLDL para a glândula mamária é reduzida.
Agora vamos pensar que a vaca tem ECC = 3, moderada quantidade de gordura. Podemos pensar que até o escore 3 não vai acontecer esse problema. Mas no caso da vaca com ECC = 4,5 existe uma quantidade muito maior de tecido adiposo. E juntando com aquelas questões hormonais, a desordem na quebra de tecido gorduroso é ainda maior, tendo maior chance de problemas metabólicos no pós-parto. Nós temos alta desordem nessa quebra e alta quantidade de gordura. Então muita gordura chega no fígado, portanto mais problemas metabólicos. Se for uma vaca com ECC = 2 é uma vaca com pouquíssima gordura, então ela acaba fazendo quebra de tecido muscular, sendo que o músculo é extremamente importante e caro de produzir. Mas ela não vai ter esses problemas metabólicos citados, porque eles ocorrem pelo excesso de gordura quebrado. No caso de quebra de tecido muscular haverá outros problemas. 
Esteatose hepática
Os NEFA em excesso irão gerar a conversão para TG no fígado. 
“A doença é provocada pelo desequilíbrio entre a captação hepática dos ácidos graxos e sua utilização. Os sinais clínicos da esteatose hepática, geralmente, ocorrem imediatamente ao pós-parto.”
Nos casos de cetose há como mensurar os índices de acetoacetato, β-hidroxibutirato séricos (principais corpos cetônicos) por meio do KetoVet. Mas no caso da esteatose hepática você confirma por meio de uma biópsia do fígado, e isso é inviável do ponto de vista do produtor. Então com índices altos dessas substâncias (acima de 5 mg/mL – não tenho certeza desse valor) você pode suspeitar de uma esteatose hepática. 	
Portanto: fornecer alimento em excesso funcionaria para resolver esses problemas? No primeiro gráfico mostra que é indiferente entre as diferentes classes o pré parto.
No caso do outro gráfico mostra o efeito de diferentes fornecimentos de alimento no pré parto influenciando no pós-parto, mostrando o CMS em torno de 7 kg de MS para um caso e 15 no outro (o dobro). Então será que eu consigo reduzir o BEN fornecendo o dobro de comida antes dela parir (fase do período seco). Aqui (outros segmentos) vamos ver: você secou a vaca e no outro grupo deixou comendo à vontade. Você quis manipular o consumo no pós-parto antes do parto. Não adiantou. As vacas que comeram à vontade foram as que comeram menos no segundo segmento.
Produção de leite: o consumo restrito no período seco produziu mais leite. Por que? Porque foram animais que se mantiveram com um bom escore corporal no pré parto, diferente das vacas que comeram à vontade. Elas têm mais gordura e, portanto, mais leptina também (que é o hormônio da saciedade), então reduz o consumo. Estando portanto, mais propícia a esses problemas metabólicos. Ou seja: tudo está relacionado ao ECC.
Ao longo dos anos o conceito de ECC foi se modificando devido a seleção genética.
As vacas de ECC alto, resumidamente (sequência de gráficos no slide): comem menos, produzem menos leite e possuem maior concentração de NEFA sérica. 
Alterações no ECC na fase de transição: a gente viu que o ECC é extremamente importante. E se você errou no manejo em algum momento? Deixou as vacas mais magras, ou muito gordas. Será que no momento do pré-parto você consegue consertar isso? Como? No caso de ECC alto você reduz a oferta de alimentos, mas será que issotambém não prejudica a vaca? 
Você secou a vaca antes do parto. Elas não devem corrigir o ECC no pré parto. A vaca não pode parir gorda, mas você pode fazê-la emagrecer no pré parto? Ou uma vaca com ECC baixo (2,5), você pode dar mais comida pra ela engordar no pré-parto? Eu aprendi quando estudava que você não pode alterar o ECC. 
Muitas fazendas já consideram que hoje em dia trabalhar com um escore baixo, de 2,75. O que vocês acham que aconteceu? Quem produziu mais? A vaca que perdeu, a vaca que manteve, ou a vaca que tem muita gordura? E qual das situações a vaca foi melhor em produção, sanidade e reprodução? Porque não adianta nada falar apenas de dar mais leite se ela não emprenhar. Ou se o índice de mastite ainda foi alto. Então essas três coisas têm que andar juntas. 
Produção de leite: quem está maior? Antes do pico da lactação (que para a holandesa é aproximadamente 70 dias), foi igual. Aí no pico em si foi a que ganhou escore (chegou perto de 3). 
NEFA: qual foi maior? O triângulo, que é quem perdeu peso. Você fez com que a vaca não comesse, dessa forma ela teve que tirar de algum lugar, no caso das suas reservas, tendo a maior mobilização para gerar mais NEFA. 
BHBA: o corpo cetônico em si, mais alto para vacas que perderam. Então tiveram mais BHB. 
Para a questão produtiva, está claro que as vacas que ganharam foi melhor. E para a questão de sanidade?
Os gráficos eram muito complexos, mas mostram que as vacas que perderam tiveram maior incidência de mastite, e vacas que ganharam tiveram maior taxa de prenhez. Então perder escore também prejudica a sanidade e reprodução. 
Nesse gráfico as vacas que chegaram aos 40 dias e ganharam escore: 100% há estava ovulando nesses 40 dias.
Então, quando você for fazer o manejo: se o problema for vaca gorda, não faça nada. É pior emagrecer nesse momento. Se as vacas tiverem com escore baixo (2,5) você pode dar um pouco mais de alimento para melhorar a condição dela. Atualmente é o que se tem como orientação para manejo. 
Estratégias nutricionais (básico para evitar problemas metabólicos): 
Não deixar faltar alimentos por mais de 2h
Manter sempre alimento fresco no cocho (avaliar odor e aparência)
Manter cochos sempre limpos (evitar presença de fungos e material estragado)
Evitar competição no cocho, oferendo pelo menos 80 cm de cocho por animal
Locar o bebedouro a no máximo 15 m do cocho.
Procurar locar os pontos de sombra perto do cocho e bebedouro
Oferecer sobra sobre o cocho e, se possível, sobre o bebedouro
Evitar ou minimizar camada de barro em volta do cocho
Evitar sol sobre o alimento (locar estrutura no sentido leste-oeste)
Avaliar criticamente o conforto dos animais (vaca muito ofegante não tem conforto, comida sobrando não tem conforto)
Oferecer alimento nas horas mais frescas do dia nas épocas de estresse térmico
Trabalhar com baias de parição preferivelmente para reduzir o estresse (por exemplo: a vaca 21 dias antes de parir deve ir para um lote específico, aí você passa lá mais vezes ou deixa um funcionário de olho para ver consumo de alimento e água, etc.)
Implementar programa de casqueamento das vacas pelo menos duas vezes por ano
Evitar alimentos poucos palatáveis (com muita ureia, não é palatável)
Utilizar forrageiras da melhor qualidade possível
Evitar mudanças bruscas de ingredientes nesta fase
Evitar mudanças bruscas de ambiente nessa fase (piso, por exemplo)
Se possível, separar as vacas de primeira cria de animais adultos
É desejável trabalhar com ração completa
Utilizar dos mesmos ingredientes utilizados no pré parto (mas não a mesma dieta, apenas os ingredientes. As proporções mudam.)
Esses 20 pontos é como se fosse um checklist, eu duvido vocês chegarem numa fazenda e eles estarem fazendo metade dos itens dessa lista. Então, o escore corporal e esses 20 pontos são coisas básicas que você tem que fazer para começar o avançado. O que seria o avançado? Utilizar estratégias nutricionais que terão uma ação mais eficiente. Então se você fizer o arroz com feijão, esse avançado não resolve nada.
O avançado no caso é o uso de monensina (fase de transição). É um ionóforo, aditivo. A gente quando faz ração de vaca utiliza aditivos, que não tem valor nutricional (não tem proteína, minerais, NDT), é um melhorador de desempenho que age no organismo de modo a melhorar o desempenho da vaca, no caso aqui focando na fase de transição. Então por que na fase de transição é benéfico usar a monensina? Antes de tudo vamos entender a ação dela. 
No rúmen você tem bactérias gram-positivas e negativas, que primariamente uma produz propionato e a outra acetato e butirato, que são os AGV (principal fonte de energia). Então como estamos falando de BEN os AGV tem papel fundamental nisso. As bactérias gram-positivas utilizam principalmente as forrageiras (fibras) para formar acetato e butirato, mas vão produzir também CO2 e CH4, pela eructação. O que a gente quer? Reduz a quantidade de gram-positiva, dessa forma tem menos carbono sendo perdido, porque dele a gente tem acetato e butirato, então é uma perda de energia. Ionóforo significa que a forma de ação é via íons, porque agram positiva tem uma membrana celular desprotegida, a monensina vai agir seletivamente nas gram-positivas devido a essa diferença na constituição de membranas. E dentro da bactéria temos mais íons potássio que sódio, e extracelular a gente tem mais sódio. Então lembre-se: monensina é ionóforo, age por meio de íons. A monensina começa a capturar íons sódio e joga para dentro da bactéria. A ideia é a mesma de jogar sal na lesma, a bactéria vai morrer por exaustão porque tenta jogar o sódio pra fora, gastando muito ATP e morrendo por falta de energia. Dessa forma você provocou uma seleção de crescimento das gram-negativas, aumentando a quantidade de ácido propiônico (rico em energia, vai pro fígado para virar glicose). Lembrar que muitos laticínios pagam por volume de leite, não em qualidade. Mas o foco é reduzir os problemas metabólicos. Isso aqui é uma meta-análise. O que é isso? Foi feita a análise de 30 estudos em cima do uso da monensina, reunindo as informações.
A ideia é usar esses aditivos de maneira alternada, não usar por mais 100 dias. Se a gente lembrar da curva de lactação aprendida na última prova, por volta dos 120 eu dou a monensina, não durante a lactação toda. Mas o produtor pega e usa isso indiscriminadamente, durante toda a lactação. E Europa baniu o uso da monensina, a Europa e sempre a primeira a banir as coisas. 
O CRINA é um produto desenvolvido pela tortuga/BSM, óleos essenciais de baunilha, orégano, etc. E a impressão que dá é que algo natural, não que eles replicaram isso em laboratório de maneira sintética tendo a composição genética idêntica a das plantas. 
CONTINUAÇÃO
17/10
A gente tá falando de estratégias nutricionais para que a vaca não passe por problemas na fase de transição e produção de leite. Recapitulando, o período de transição ocorre na fase de 21 dias antes do parto e 21 dias após o parto, sendo um período complicado para o animal sob o ponto de vista metabólico. Problemas comuns: cetose, esteatose, laminite, deslocamento abomasal, hipocalcemia. Lembrando que nessa fase de transição a gente deseja uma vaca com escore em torno de 3. Formas de energia: ATP, corpos cetônicos (β-hidroxibutirato e acetoacetato), VLDL (menos comum). Você pode emagrecer a vaca nesse período pré parto? Não, é melhor deixar ela gorda. Mas se estiver magra pode ofertar mais alimento visando ganho de peso. Foi visto aula passada que já melhora na reprodução, produção de leite e sanidade quando essas medidas são tomadas. Tudo isso é a nível base e recapitulando. E aula passada também falamos da monensina, que é um ionóforo que podemos classificar da seguinte maneira: um aditivo (colocado na ração e não possui valor nutricional, mas modula e fermentação ruminal para melhorar a performance produtiva). Recapitulando a ação da monensina: no rúmen temos as bactérias gram-positivas e gram-negativas. A gente quer evitar as perdasde carbono em CO2 e CH4 que ocorrem na conversão do acetato e butirato pelas gram-positivas. Então as gram-positivas serão “atacadas” pela monensina porque não possuem uma camada celular adicional como as gram-negativas. É o mesmo princípio de jogar sal na lesma, a monensina se liga ao sódio e transporta ele para dentro da bactéria, gerando um desequilíbrio eletrolítico porque passa a ter mais sódio intracelular, o que foge das condições de homeostase, fazendo com que ela gaste energia para transportar esse sódio para fora, gerando morte celular. 
Lembrando que mais propionato (C3) significa mais glicose, porque irá ser transformada em glicose no fígado, que será convertido em lactose (galactose + glicose). Lembrar que isso faz com que a gente reduza o precursor de gordura do leite, que é o propionato. Se o produtor recebe por qualidade do leite, que significa gordura do leite, pode vir a ser um problema. Mas geralmente ele recebe por volume e não por qualidade, então usa com frequência. 
GORDURA PROTEGIDA
Outra estratégia nutricional aplicada nesse período é a gordura protegida.
C 18 : 3 – N 3 (isso é ômega 3). Pensar que o carbono faz 4 ligações e nesse caso o : 3 é porque existe uma ligação dupla do C. 
CLA (ácido linoleico conjugado) 
São duas coisas ótimas para a saúde humana, mas para as vacas é ruim porque possui uma toxicidade para as bactérias, essa dupla ligação faz com que o animal não consiga aproveitar essas substâncias dessa forma que está disponível. 
Biohidrogenação ruminal: é um processo que ocorre no rúmen, em que as enzimas bacterianas tiram as ligações duplas e colocam hidrogênio no lugar. Quando você oferece AG poli-insaturados é ruim para o rúmen, esse 18 : 3 agora vira 18 : 0, sendo não tóxico para as bactérias e aí elas conseguem aproveitar isso, em parte para a constituição de sua membrana fosfolipídica que possui AG. Quando a gente quer evitar o BAN, outra estratégia é dar gordura para a vaca na ração. Só que se a gente der uma quantidade muito grande será toxica, daí vem a expressão “protegida”, essa proteção é feita via sais de cálcio. É um processo industrial onde se pega essa gordura, faz uma camada de sais de cálcio. De forma sucinta, previne que a gordura seja quebrada. 
Você tem a gordura, com óleo de canola. Se a gente der óleo “puro” pra vaca vai fazer mal pra ela, e industrialmente os sais de cálcio são misturados com essa gordura e ocorre a liofilização, é isso que protege a gordura. 
Houve melhora no BEN, quando chegou na segunda semana. 
NIACINA
Ela é precursora da coenzima NAD-NADP, que está envolvida nas reações de catabolismo e anabolismo. Nessa fase a gente precisa do animal com boas condições metabólicas, então a niacina é positiva, atuando reduzindo os NEFA. Menos NEFA significa que menos gordura foi quebrada, reduzindo a incidência dos problemas metabólicos (cetose, esteatose hepática). 
Outro gráfico mostrando a concentração de NEFA no pós-parto, mostrando que vacas que não receberam a niacina sofreram um boom de NEFA. 
Agora o gráfico mostrando BHB, há menor [ BHB ] que é o principal indicador de cetose. 
LEVEDURA
A levedura é um fungo unicelular, a mais utilizada é Sacharomyces alguma coisa. Lembrar que isso aqui é uma meta-análise. Juntou-se todos os estudos sobre esse assunto. A levedura previne a acidose ruminal, atua no controle do pH ruminal. Desse modo ocorre aumento dos AGV’s e a digestibilidade MO aumenta. No CMS: a gente quer que a vaca coma o máximo possível, sendo que nessa fase a vaca come pouco. Então é interessante que aumente o consumo. A levedura melhora a digestibilidade e é muito palatável, portanto a vaca aumenta o CMS. Os produtores com mais tecnologia, que produzem mais leite, usam o máximo possível de aditivos. A levedura é produzida a partir da cana de açúcar, então o que vale a pena em SP e sudeste em geral, pode não valer a pena no nordeste ou norte.
DRENCH
Assim que a vaca tem o parto, ela precisa de muitos minerais e glicose para evitar hipocalcemia (a gente vai falar disso). Então usa-se os drenchs porque o propilenoglicol significa glicose prontamente disponível para a vaca. Então previne hipocalcemia, deslocamento de abomaso, acidose e laminite.
Lembrar do útero gravídico, o rúmen está lá espremido. Aí a vaca pariu e esses 80 kg do útero gravídico sumiram, e o rúmen retículo e omaso ganham espaço repentinamente, o que aumenta probabilidade de deslocamento abomasal. Então fornecendo o drench você evita esse deslocamento. O valor desse produto é R$ 40,00 por vaca, os entraves são o fornecimento e o custo para o produtor. Mas se ele fizer a conta vai ver que compensa o gasto. 
[repete slide com desordens metabólicas]
ACIDOSE E LAMINITE
O que a gente quer é um pH em torno de 6 porque é o ponto ótimo de atividade das bactérias celulolíticas. Quando p pH fica < 6,2; ocorre inibição da taxa de digestão. (Aumento no tempo de colonização = ?) 
Dieta com teor de amido elevado: acima de 25% e FDN abaixo de 25% são fatores de risco para acidose ruminal. Muito amido e pouca fibra então representam risco metabólico. Você deve então retirar parcialmente o milho (porque é rico em amido) e substituir por casca de soja, polpa cítrica, caroço de algodão. 
Quanto mais forragem na dieta, mais saliva, e, portanto, mais tampão salivar produzido. Se a vaca que produz 40 L de leite estiver com acidose significa que você está fornecendo pouca forragem pra ela. Então naturalmente o ruminante tem uma forma de prevenir a acidose, que é pela ruminação, com a saliva rica em bicarbonato. 
Trabalho mostrando gordura do leite x fibra em detergente ácido. Quanto mais bicarbonato, maior a gordura do leite. Ou seja, lembra que gordura do leite é nosso indicativo de acidose? Se a gordura é alta a vaca não tem acidose. Só que a gente não precisa adicionar bicarbonato se a dieta for rica em fibra. Então vacas que produzem muito leite (acima de 25L) a gente usa o bicarbonato. Só que ele tem uma ação rápida, então e depois? Aí o salvador da pátria é o óxido de magnésio (leite de magnésia) lembrem disso na hora da prova. É colocado para a vaca na metade da [ CHCOO3 ]. Se você usa 200 de bicarbonato, coloca 100 de óxido. A ação dele é mais lenta. 
Exemplo: vaca produz 12 L. Pela proporção, 4 kg de concentrado ela vai receber. 550 kg (vaca holandesa) x 0,025 [2,5% PM] porque é o consumo, dá = 13,75 kg. 13,75 kg é o que ela come no total (100%), então por regra de 3 se ela come 4 kg de ração representa quanto? Dá cerca de 30 %. Então a gente tem 30% de concentrado. Qual a reação volumoso/concentrado dessa vaca? 70:30. Então essa vaca tem a saliva suficiente para controlar o pH ruminal, não precisa gastar por tamponante (tabela slide de porcentagem de forragem, que varia). 
VIRGINAMICINA
Aí lembra que eu coloquei pra vocês aditivos com duas classes, ionóforo ou não ionóforos. A virginamicina é não ionóforo, mata gram-positivas mas na forma de inibir a SP das bactérias. Além de agir assim, ela possui efeito tamponante porque reduz a quantidade de bactérias que produzem o ácido lático, que é principalmente o que reduz o pH ruminal. Então por que ela é muito usada? Tem uma função parecida com a da monensina e também a função tamponante. Constatou-se que além de controlar o pH ruminal aumenta a produção de leite, porque deixa a vaca mais “eficiente” em formar o propionato, da mesma forma que ocorre com a monensina. 
DESLOCAMENTO ABOMASAL
Já expliquei mais ou menos como funciona isso pra vocês. E quando a vaca está no período seco, o produtor não dá ração pra ela (geralmente o pequeno produtor). Vocês lembram que na fase de cria as papilas ruminais são estimuladas quando damos ração pra ela. Então se a vaca fica durante esse tempo todo (período seco) sem ração, gera uma leve atrofia das papilas, elas não ficam iguais a quando a vaca estava comendo ração. Então existem duas estratégias para prevenir o DA, a primeira é dar ração no pré-parto (2 kg por dia são suficientes) para fazer com que as papilas voltem ao normal e forneceno pós-parto os drenchs de propilenoglicol. 
No estábulo a gente não dava drench, apenas a ração no pré parto (21 dias) e nunca tivemos problema. Então só a conduta da ração pode reduzir o problema. Se você não der essa ração nesse período, as papilas levemente atrofiadas fazem com que ela não seja aproveitada no rúmen, vai direto pro abomaso e será fermentada, gerando gás. 
Laminite se relaciona com acidose grave, muitas bactérias morrem e produzem substâncias tóxicas que caem na corrente sanguínea.
HIPOCALCEMIA
É um problemão. A vaca no pós-parto, cheia de leite, não possuindo forças nem para levantar. Isso acontece porque ela retira esse cálcio dos ossos e musculatura para suprir a demanda. Chamada também de febre do leite. Alguma coisa aconteceu que ela não consegue aproveitar o cálcio que você deu pra ela. Como a gente evita esse problema? Dando uma dieta aniônica. Normalmente a dieta da vaca é catiônica. Nessa fase de transição a gente formula uma dieta especial, aqueles 2-3 kg de ração que você deve fornecer pra vaca vão conter minerais que deixam a dieta com carga negativa: sulfatos e cloretos, cerca de 200 g que reduzem o pH sanguíneo (não do rúmen), provocando uma LEVE acidose metabólica. Primeiro a gente fornece a dieta aniônica 21 dias antes do parto para prevenir a hipocalcemia, reduzindo o pH sanguíneo. Isso tudo para ativar um hormônio, que é o PTH. Se ela não está dando leite ela precisa de pouco cálcio, os receptores de pTH passam a ser produzidos em menor quantidade. A acidose metabólica provoca reativação desses receptores e aí a vaca melhora esse ato de captar o cálcio da dieta, não tendo necessidade de pegar dos ossos e musculatura. 
Então a dieta aniônica causa redução do pH do sangue, leve acidose metabólica, ativando os receptores de PTH, para aproveitar melhor o cálcio da dieta. 
Se a hipocalcemia acontece, tem solução. A gente fornece o cálcio IV para a vaca, mas tem que ser feito da forma adequada, para evitar uma parada cardíaca já que o coração precisa de pouco cálcio para realizar suas funções. 
DCAD (diferença cátion-anion da dieta) = -12. Esses minerais não são palatáveis, então a gente não pode fornecer muito porque senão a vaca não come, temos que trabalhar com esse valor de -12. 
É uma dieta recomendada apenas para vacas com alta produção de leite (30-35 L). E para novilhas não é recomendada, o organismo não para de produzir os receptores de pTH porque ela precisa de cálcio para continuar crescendo. 
CONTINUAÇÃO
23/10
BALANÇO PROTEICO NEGATIVO
Balanço proteico negativo x balanço energético negativo
A primeira coisa que a gente tem que entender é que são coisas diferentes. Eles podem acontecer ao mesmo tempo, mas pode acontecer só energético por exemplo. O proteico nem sempre acontece. Mas o energético sempre acontece, mais ou menos intensidade. E o proteico pode vir a acontecer ou não.
A gente viu que quando a gente formula uma dieta pra vaca leiteira a gente tem que preconizar a proteína bruta. Normalmente a gente faz uma dieta de vaca em lactação com 18-19% de PB. Essa dieta poderia continuar acontecendo se os alimentos como o farelo de soja fossem de custo menor, e se a gente não tivesse preocupação ambiental. Há três anos atrás essa discussão de impactos ambientais ficava só no papel, mas hoje já podemos falar disso. Existem multas e bonificações para os produtores em relação a impactos ambientais. Aquele produtor que não joga os dejetos nas lagoas ou rios pode receber as vezes um tanto mais pelo seu leite, a Nestlé é uma empresa que bonifica o produtor para qualidade ambiental. O valor é cerca de 0,03 R$/L. 
Se eu colocar muita PB pode aumentar a excreção de proteínas nas excretas, aumentando o impacto ambiental. Além do aumento de custos.
O que podemos fazer então? Reduzir a PB em até 1,5%, a NRC recomenda 19% e a gente dá 17,5%. Existem vários técnicos a campo formulando dietas com 16, 16,5% de PB. Existe essa tendência de reduzir a PB da dieta. Mas então será que a gente tem que se preocupar com a falta de proteína pra vaca?
Porque da mesma forma que a vaca tira gordura para produzir energia, ela em falta pode tirar proteína para produzir energia. E a gente tem que ficar atento a isso.
O balanço proteico negativo pode acontecer em três situações:
Balanço energético negativo intenso: exemplo, uma vaca magra com muito potencial de produção, vai usar proteína ou aminoácidos para gerar energia. E a gente precisa de muito gasto (financeiro) para quebrar aminoácidos para energia. Não é viável isso em termos de produção
Falta de aminoácidos para o feto e para a síntese do leite. 
Sistema imunológico prejudicado, que geralmente ocorre na fase de transição. Ela não pode estar com hipocalcemia, esteatose, cetose, deslocamento de abomaso e etc? Então pode gerar esse balanço proteico apenas para liberar a glutamina, que é um aminoácido importante para a célula de defesa. 
Então vocês já estão carecas de saber que no pré-parto e pós-parto a gente tem baixo CMS devido a redução do espaço ruminal, fatores hormonais e menor funcionamento das papilas ruminais. A vaca está recebendo menos concentrado, então ocorre uma moderada atrofia daquelas papilas ruminais. 
O colostro e o leite sendo produzido, pode ocorrer falta de proteína metabolizada (PM). Houve um estudo que viu que pode variar a mobilização de proteína da vaca entre 8-21 kg (se ela chegar em 21 kg, chegou a perder 84 kg de tecido muscular mobilizado). E que 1 kg de tecido muscular contém 25% de PB. 21 kg de PB = 84 kg de PB. Vocês acham que isso é um problema? Sim, é um grande problema.
Esse segundo estudo diz que o ponto crítico da vaca é 7 dias do pós-parto. A vaca pode perder 600 g de PB. 
Quando voltaria? Na terceira semana do pós-parto. Vacas de alta produção com 1kg de Tecido muscular mobilizado ao dia, isso estaria indo para a glândula mamária e por meio dos aminoácidos e glicose você tem a produção de leite. Mas você ter que quebrar proteína para melhorar status imune é o pior cenário possível.
Aminoácidos glicogênicos: aminoácidos que podem ir para o fígado e são convertidos em glicose. Como o caso da alanina. Eles contribuem para o suprimento insuficiente de energia. A mobilização em excesso aumenta os riscos de desordens metabólicas, disfunção imune, desempenho prejudicado. Não são todos aminoácidos que podem ser convertidos a glicose. São apenas alguns, e eles são denominados glicogênicos
No rúmen, o que pode estar acontecendo? PNDR é a proteína não degradada no rúmen, que passa direto. Ou PDR (proteína degradada no rúmen). Se houver PDR + energia você tem proteína microbiana. Com PNDR vai para o intestino, que ocorrem quebra de aminoácidos e vão para o tecido muscular. No entanto, temos uma disfunção que usa esses aminoácidos do tecido muscular para o fígado fazer gliconeogênese e obter glicose para glândula mamária.
Função imune e status proteico. 
Vacas de alta produção no periparto passam por imunossupressão. A falta de proteína prejudica a função imune, o risco da vaca ficar doente aumenta ainda mais. Então gente poderia dizer que a exigência de proteína para o sistema imune deveria ser considerarda, mas é uma exigência mínima uqando a gente comapra com exigência de lactação, por exemplo. 
Então no início da lactação a gente observa grande queda nos níveis de glutamina, a glutamina tem precursosres para síntese celular de...
Esse trabalho observou que após 15 semanas (quase 4 meses) a glutamina ainda não foi estabelecida, ou seja, a vaca ainda estava fazendo quebra de tecido muscular para obter a glutamina. Ou seja, a quebra de tecido muscular também pode estar relacionada a falta de glutamina no sistema. Ou seja, nessa fase deveríamos aumentar em 10% das exigências de PM para prevenir infecções, mas essa é só uma sugestão. No NRC a gente está esperando vir essa atualização. 
O NRC não contabiliza uma exigência de PM extra para a imunidade do animal.
PNDR é uma proteína protegida, que passa pelo rúmen sem alterações. A gente quer diminuir issoaqui (?) e aumentar o que chega, ou seja, melhorar a qualidade proteica. Então no final minha eficiência de uso é maior. 
A gente fez na UFV um trabalho mostrando que as vacas têm menos carrapatos com uma dieta mais rica em glutamina, foi feita com carrapatos em novilhas. Esse trabalho aqui é de vacas recebendo metionina protegida, quando foi utilizada melhorou a qualidade da proteína e a gente teve maior atividade de leucócitos fagocitários. Então a questão é reduzir as quantidades de PB, mas aumentar as quantidade de PM. Como? Usando aminoácidos protegidos. Vale a pena? Sim, para vacas de alta produção vale. 
Então vocês têm que ter em mente que sempre vai acontecer o BEN, mas a gente pode atuar minimizando. Lembrando daquele checklist de 20 pontos + escore que são o básico para depois fazer esses manejos avançados.
A niacina, monensina, levedura e drench funcionam apenas se o básico tiver sendo feito.
Acidose e laminite depende muito da FDN e amido. Tamponantes devem ser usados e quantidade depende de cada caso.
Hipocalcemia> prevenir com dieta aniônica é mais barato que tratar. 
Balanço proteico negativo: status imunológica do animal. 
Pessoal, a gente terminou essa parte do BEN e vamos entrar agora no assunto de qualidade do leite.
QUALIDADE DO LEITE
O Brasil é o 5º maior produtor de leite do mundo. 30,8 mil toneladas de leite em 2011. Geração de empregos é um ponto importante, muitos dependem do leite.
Para você, o que é um leite de qualidade?
Cheiro e sabor agradável
Valor nutritivo
Ausência de patógenos
Ausência de contaminantes (antibióticos, pesticidas, adição de água)
Reduzida CCS
Reduzida carga microbiana
Leite com qualidade: por que produzir? 
Muitas famílias vivem dessa atividade, então benefícios aos produtores.
A gente quer uma ótima matéria prima para os produtos derivados lácteos.
Além disso, ter produtos confiáveis para consumo. 
Saúde pública
Como é situação brasileira em relação a CBT e CCS? Em relação a CBT é até tranquilo, a gente vai ver depois que a margem de CBT é muito grande. Já a CCS é um problema maior, a gente vê aqui que 45% não atende o que consta no leite. Pensar que a lei exige uma quantidade diferente da bonificação. Bonificação é quando a CCS é baixíssima! O problema que a gente tem é que os laticínios aceitam esse leite com CCS alta, esses 45% são aceitados.
Existe uma briga entre o produtor e o laticínio. Vamos supor que o Jorge produz 5000 L de leite (muito volume) e altíssima qualidade. Então todos os laticínios querem comprar o leite da propriedade do Jorge. E aí ele tem o poder na mão de negociar com diferentes laticínios, a tendência é que ele fique cada vez mais rico, podendo comprar recursos direto de empresas como a Bayer, Elanco. E aquele produtor de 100 L de leite? No caso dele, ele compra na casa agropecuária, que compra do fornecedor, que compra da empresa. Ou seja, o recurso que chegou pro Jorge chega pra ele pelo dobro do preço, então esse pequeno produtor consegue apenas ganhar o suficiente sobreviver, não para lucrar.
Instruções normativas nº 51 e nº 62: o que mudou? 
In 62: 29/12/2011
Atendimento progressivo das exigências
Aprimoramento do controle sanitário do rebanho para Brucelose (Brucella abortus) e Tuberculose (Mycobacterium bovis). A gente possui vacina para brucelose (fêmeas, fazer 3 a 8 meses), mas tuberculose não. Então em caso de tuberculose positivo, tem que erradicar o rebanho.
Os laticínios foram obrigados a fazer testes de análise de resíduos de inibidores e antibióticos do leite. 
Supressão inicial e posterior regulamentação do leite tipo B. Antigamente a gente tinha os leites A, B e C. Sendo o A o leite da ordenhadeira mecânica que foi direto para o tanque, coma mínima manipulação. O leite tipo B fica no tanque e espera para ser levado. O C já era uma bagunça, vai do balde para outro balde, sem controle microbiológico e etc. Então o leite com menos CBT vai ser melhor microbiologicamente falando, a gente só tem os tipos A e B. Quando o leite é tipo A vai ser bem mais caro, geralmente são marcas exclusivas de uma fazenda. 
Comissão Técnica Consultiva Permanente, com o programa Nacional de Melhoria da Qualidade do leite. 
[TABELA ~1 SLIDE COM LIMITES MÁXIMOS INDICE MEDIDO]
Em dois anos o governo queria que o produtor reduzisse a contagem de CCS de 750.000 para 400.000 CS/mL
Mas aí eles viram que não tinha como reduzir sem dar assistência ao produtor, ou propor uma transição gradativa dessa redução. Então a 62 é maior realista, por estabelecer metas para ir reduzindo aos poucos essa contagem. Atualmente a gente está “preso” nos limites de 500.000 e 300.000 de CCS/CPP. 
IN 62: avaliação e controle da qualidade do leite
 [Faltou continuação, não foram feitas anotações de continuação dessa aula.]
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MASTITE
O que é?
Formas de apresentação clínica e subclínica
Tipos: contagiosa e ambiental
Caráter multifatorial
O problema é que esse leite tem que ser jogado fora e também tem o custo de tratamento. O leite de todos os quartos mamários, mesmo os não afetados, devem ser descartados. 30 L * 6 dias (3 dias de tratamento, 3 dias de espera) = 180 L * 1,5 (preço do leite) = R$ 270,00 de prejuízo por mês. 
Duas bisnagas de R$ 10,00* 2 (2x ao dia tratamento) = R$ 20,00 -> R$ 60,00
A vaca de 30 L quando dá mastite branda que seja, a produção cai. Se a mastite for muito severa como o caso de mastite ambiental, a produção de 30 L cai para 5 L. 
Quando a CCS é acima de 250.000 /mL a gente suspeita da mastite. Não só bactérias podem dar mastite, há também fungos, leveduras, algas. Se for causado por alga já é outra conversa, porque o tratamento é diferente e pode não haver produto específico que aja sobre ela. Mas em 90% dos casos é bactéria mesmo. A causa é multifatorial. O esfíncter leva até 45 min pra fechar, às vezes a vaca deita em uma cama com fezes e o esfíncter ainda está aberto, causando infecção. 
Os tipos de mastite: ambiental e contagiosa.
Mastite clínica: você vê o problema na vaca. Subclínica: você vê pela CCS. 
No caso de ambiental e contagiosa, são divididos os principais patógenos [slide] De todas essas, a pior e a S. aureus. Por que? A gente não consegue matar ela durante a lactação (secreção do medicamento no leite). Então você tem casos crônicos, onde a mastite é recorrente e você pode ter esse problema por várias vezes ao longo da vida da vaca. Hoje existem alguns protocolos do mercado se prometem em acabar com a S. aureus durante o período seco. O único antibiótico que está conseguindo é o Micotil, que não pode ser usado durante a lactação porque será secretado no leite.
DIAGNÓSTICO
O principal é o aparecimento de grumos, pus. O teste que a gente faz é o teste da caneca. O piso na ordenha em muitos lugares é emborrachado, e com esse piso fica mais fácil de identificar os grumos. Imagina que a teteira caiu no teste com aureus e contaminou a teteira, aí a vaca sadia pode ter pagado o aureus. Então não é recomendado fazer no chão o teste, você pode gerar contaminação no ambiente se for um leite fonte de microrganismos.
Na mastite subclínica há aparência de normalidade, mas ao fazer análise da composição do leite e CCS a gente vê que tem algo errado. Esse leite é um leite de menor qualidade para a indústria e menor qualidade para os bezerros. Como a gente faz a avaliação? Mensalmente, todas as vacas terão uma amostra de leite coletada e há um reagente. Qual a diferença? CMT é valor por teto, CCS é o valor da vaca. No CCS a gente vê a saúde da vaca e no CMT do teto. Lá na glândula mamária o leite não é homogêneo e a CCS só é precisa se você tiver boa parte do leite já coletado. Como que muda então o leite de acordo com a CCS? O que seria um leite bom? De acordo com as normas o que está vigente? De acordo com o MAPA, a CCS deve ser abaixo de 500. O produtor não consegue ver o prejuízo da mastite subclínica, só da clínica, porque vê os gastos e os sinais clínicos. Mas a CCS reduz a quantidade de gordura do leite, por exemplo, além de uma variação do pH.
O laticíniopode pagar menos o produtor por esse leite com piora na qualidade. Para produzir um bom queijo frescal mineiro, é preciso de 7 kg de leite para 1 kg de queijo. Se for um leite ruim de qualidade, seria necessário 10 kg do leite em vez de 7 kg, então é mais prejuízo. 
O teste do CMT (teste da raquete). 
[Slide com leitura do teste]
O teste do WMT não é mais subjetivo e te dá agora valores em várias faixas, mostrando quanto % ela deixa de produzir de leite. [consultar slide]
O melhor é ter a análise da CCS individual das vacas, fazer convênio com laboratório. 
EXEMPLO: se a gente tiver 10 vacas. Mandamos para a clínica do leite, temos o relatório individual delas.
CCS 40.000
CCS 100.000
CCS 1 * 106 
CCS 500.00
CCS 600.000
CCS 40
CCS 30
CCS 200
CCS 250
CCS 5 * 106
Questão de prova: Pegar as 5 vacas com CCS acima de 250.000 e fazer uma linha de ordenha. Então quais são os maiores problemas? A vaca número 3 e a 10. Você deve ordenhar as vacas com CCS alta por último, separar em um lote e fazer uma linha de ordenha em separado, dar o leite obtido para bezerras, em vez de jogar no tanque porque é um leite de má qualidade.
Se eu dava 4 L de leite pro bezerro eu sei que a qualidade não é tão boa e posso aumentar o volume de leite fornecido. Aí não reduz o desempenho deles. Aí no próximo mês eu vou fazer essa avalição novamente, se essas vacas continuarem com a CC isso aqui nos indica possivelmente um problema crônico, tá com 2 meses seguidos de valor alto para a CCS. Aí a gente tem que começar a investigar, tentar descobrir quais bactérias estão causando esse problema. Temos que fazer pelo menos 3 vezes. Se você chegar na conclusão que é aureus você simplesmente descarta o leite, porque o antbiótico não vai curar. Quanto vai perder de leite? Depende, a gente tá falando de uma primípara ou multípara? Se a CCS estiver em torno de um milhão que é bem comum, vai produzir 15 L a menos. No caso de primíparas o problema é menor, a queda na produção é mais discreta. O problema maior é vacas mais velhas. 
O gráfico mostra a relação da CCS com a produção do leite em perdas. Se ela estiver com X, deixa de produzir Y%.
A resistência é superior a uma vaca velha. Análise individual de CCS, a gente tem o valor por teto. Não é porque a CCS deu alta que todos os tetos estão afetados. A vaca 28 tem uma CCS muito baixa, então tem poucas células de defesa. Em ambiente problemático pode ser indicativo de mastite subclínica. 90% células de defesa e 10% de células de descamação, é importante que a vaca tenha CCS. Se cair na prova pra vocês uma tabelinha com vacas de CCS E PERGUNTAR O QUE VOCE VAI FAZER COM ELAS, QUAL A OPÇÃO? Fazer uma cultura mbi do leite para saber qual é a bactéria. Identificou que é aureus? Não tem o que fazer. Ela está prenha, vai secar prenha? Vamos tentar curar aureus na secagem. Se em uma delas der positivo já é alta. Você pode antecipar secagem, sabe aqueles 60 dias que vocês apenderam? Coloca pra 100 e antecipa, dando mais tempo para a vaca se recuperar. Descarte de vacas crônicas (fez 3 analises de CCS e deu muito elevado, pode ser potencial para descarte se for ruim de leite e de reprodução). Eu posso fazer uma linha de aureus, as vacas sujas serão as últimas a serem ordenhadas. No conjunto separado, se for uma ordenha mais moderna em que é tudo automático, terá o conjunto balde ao pé e vai ordenha as vacas de aureus nesse conjunto extra para não correr o risco de contaminar as vacas boas. Tratamento durante a lactação não é recomendado, porque normalmente não vai resolver principalmente se for aureus e as vacas de CCS alta são vacas geralmente aureus +. Tratar durante a lactação não é uma opção na subclínica, apenas na clínica. Quando a vaca está no cio ela tem problema para descer o leite, a gente tinha uma vaca de 70 L que ficou no cio domingo, e aí de tarde teve mastite. Não desceu o leite corretamente, e aí se deve aplicar ocitocina, senão você está deixando substrato para microbiota no úbere. No caso ela ficou com resíduo do leite, então acabou tendo mastite. 
Glândula mamária
Quanto maior for a CCS, maior também será o prejuízo que terá em dinheiro.
ESTUDO DE CASO
Tínhamos 74 animais em lactação e 20 estavam com mastite. Até 5% a gente aceita como bom. 27% nesse caso com mastite. Se a gente for na bula teremos as bases utilizadas. Se eu for usando atb sem saber qual bactérias está causando o problema, qual a chance de cura? No fim das contas esse uso aleatório no caso, fez com que apenas 3 vacas melhorassem. 
Se eu colocar essas informações [exemplos d e descarte], você descarta vaca ou não descarta? Vale a pena tratar ou abater? Se eu tivesse dado pra vocês a variação de produção de leite corrigida para 305d (produção passada), se fosse uma vaca com 12000 L por exemplo. Aí você trataria a vaca, secaria a vaca e induzir a lactação. Hoje existem protocolos hormonais de indução de lactação.
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MEDIDAS PREVENTIVAS
Procedimentos de ordenha:
Contaminação por mastite
Contaminação microbiológica do leite > > Importância 
Objetivos: reduzir riscos de novas infecções intramamárias. Promover estímulo adequado... [Perdi essa parte. Consultar slide.]
2. Lavagem dos tetos
Proibida a lavagem do úbere, a água serve como veículo para agentes causadores de mastite. Não se deve lavar a vaca na ordenha, escorre o “caldinho” para dentro da teteira e contamina o seu leite. O recomendado é corrigir o problema na base: a cama da vaca provavelmente está suja e você deve melhorar a qualidade dela. 
No caso da foto é uma vaca toda suja, mas os tetos estão limpos. Então nesse caso tá ok, não tem problema para a ordenha em si. 
3. Descarte dos primeiros jatos
São 3 a 4 primeiros jatos que devem ser descartados
Diagnóstico de mastite clínica
Estimular descida do leite
Importância
4. Pré-dipping
Soluções de iodo (0,5 a 1,0%), clorexidina (0,5%) ou hipoclorito de sódio (2 a 4%) para fazer a desinfecção dos tetos. 
Prevenir mastite ambiental.
Tem que apertar um tanto suficiente para higienizar mas sem compartilhar a solução já usada com outra vaca, mas se você fez de uma vaca e de repente ela está contaminada e você usa a mesma solução para a vaca sadia, pode dar contaminação.
Se você chegou na fazenda com muitos casos de mastite a recomendação é usar o cloro em uma concentração de até 12%
O pré-dipping tem que durar 30s. Em caso de muito problema, fazer até dois pré-dipping
5. Secagem dos tetos
Secagem com papel toalha. Cuidado com a concentração, nesse caso aqui do slide ele estava usando iodo, houve um erro de diluição e colocou a mais do que deveria.
A toalhinha pode ser usada, mas dá muito trabalho higienizá-las corretamente.
6. Encaixe da teteira
Na hora de colocar a teteira, tem que colocar de modo que fique “estrangulado”, ou seja, evita uma queda e evita que ela puxe impurezas. Deve ser feito rapidamente.
7. Pós-dipping
A glicerina tem o papel de ajudar a hidratar o teto. Colocar a solução no teto inteiro, não apenas no bico.
8. Alimentação pós-ordenha
A vaca nesse momento volta para o seu lugar e tem que ter comida pra ela, até o fechamento completo do esfíncter para que ela não se deite na sujeira. 
9. Ambiente limpo e seco
Garantir sempre um ambiente bem limpo. O problema é na época das chuvas, as sombras ficam cheias de lama e a vaca deita em cima, se sair da ordenha e não comeu vai deitar nessa lama da sombra e com certeza tem um risco de mastite bem maior. 
10. Terapia da vaca seca
A gente já falou sobre isso um pouco, não é novidade para vocês. A gente vai parar de ordenhar essa vaca e aplicar antibiótico intramamário, tem ação bem maior que o outro (de 30 a 60 dias), então fica agindo na vaca por mais tempo e reduz taxa de infecções no pós-parto. Se a gente não aplica atb a chance da vaca parir e ter problemas é muito grande. A imunidade da vaca vai estar baixa no pré-parto e a gente não quer uma mastite.
DETALHES:
A gente costuma fazer a flambagem dos pelos do úbere, visando eliminar agentes causadores de mastite. Se ela tiver no Compostprincipalmente. A vaca vai deitar na cama, e se a cama tiver de mais ou menos pra ruim, vai grudar os pelos no úbere, onde há uma grande quantidade de sujeira grudada. Então você pode cortar os pelos ou fazer uma flambagem.
A flambagem é recomendada em até 3 meses antes do parto. Das fazendas que eu já vi cerca de 30% fazem isso aí, não é comum.
FILTRO DO LEITE
A gente coloca um filtro antes do leite ir para o tanque, para evitar contaminação por partículas/sujidades em geral. 
Montar um quadrinho com dias da semana e ordenhas, tira o filtro e pendura nesse quadro, para mostrar a diferença de sujidades de cada filtro, visando criar uma competição entre os funcionários. 
ESCORE DE TETOS
Avaliado imediatamente após o conjunto ser removido. Tem que ser feito após o conjunto da ordenha ser retirado. A extremidade do teto é a parte mais importante. Dependendo de como estiver isso a vaca pode ser até descartada.
Coloração
NORMAL: posicionado corretamente, com a pressão adequada.
AZULADO: aqui significa que estava apertando muito, vácuo e força maior que o necessário. 
VERMELHO: nível do vácuo muito forte
Hidratação
HIDRATADO
DESIDRATADO
MIUTO DESIDRATADO
Tem como consertar isso? Sim, possivelmente está desidratado por utilizar uma solução sem glicerina, ou a solução do pré-dipping está muito forte.
RACHADURAS
NORMAL
RACHADO
MUITO RACHADO
Prolapsos e queratinização
Nesses casos aqui a entrada de mbi ocorre com mais frequência, as vacas tem maior chance de ter mastite. Normalmente acontece porque o vácuo está desregulado.
Se der mastite muitas vezes a gente chega a inutilizar o teto. Com três tetos ainda tem a produção de 90% da capacidade. Se você não quer descartar a vaca pode fazer isso, como? Injetando iodo lá dentro, a 10%, de uma a duas vezes. 
11. Ordenha com bezerro ao pé
Teste da caneca de fundo preto
Pré-dipping
Secar
Mamada do bezerro
Pré dipping
Secar
Ordenha
Presença do bezerro após a ordenha
(A incidência de mastite com vacas Girolando e Gir é baixa, porque elas têm uma imunidade melhor).
LIMPEZA DA SALA E EQUIPAMENTOS
Produtor utilizados específicos: água morna, solução de produtor alcalinos ou alcalino clorado
Depois a gente passa um produto ácido que tiram os minerais, que podem ficar grudados no sistema e acabam virando local de proliferação de bactéria, porque matéria orgânica se acumula ali também e vira um meio fértil pra isso. 
O uso do detergente ácido varia conforme a fazenda. Se você quiser economizar faz uma análise da água e assim vai saber se precisa usar esses DA em todas as ordenhas, ou só a cada semana, etc. 
LIMPEZA DO TANQUE DE REFRIGERAÇÃO
Recolhimento do leite
Enxágue com água morna
Lavagem com detergente clorado
Desmontagem da torneira de saída
Desinfecção com... (Perdi. Consultar slide.)
ARMAZENAMENTO DO LEITE
Importante. Exemplo: chegou na fazenda, está com problema de CBT, avalia quantas horas vão ser necessárias para que o leite abaixe (?)
De 5-10ºC as 
Seu leite estava ótimo em ptn e gordura, mas por causa das bactérias psicotróficas que secretam enzimas lipolíticas e proteolíticas termorresistentes, você acaba tendo problemas. E aí reduz a vida de prateleira desse leite.
(Faltando muita coisa, consultar slides.)
Além de vírus, fungos e leveduras, a gente tem as bactérias mesófilas que se desenvolvem e uma temperatura maior (15-20ºC) 
Responsáveis pela acidificação do leite. No caso de uma queda de energia, ou um tanque não está armazenando o leite na temperatura correta, pode ocorre esse problema com essas bactérias.
PAGAMENTO POR QUALIDADE
Investimento: treinamento de pessoas, tanques de refrigeração, higienização de equipamentos e utensílios, melhoria da eletrificação rural e estradas, apoio técnico. 
(Faltando muita coisa, consultar slides.)2
O volume e a distância é outro ponto. A gente que mora a 4 km do laticínio, paga o mesmo tanto do produtor que mora a por exemplo 30 km. 
1300 x 0,20 {CCS, CBT, etc} x 365 = R$ 94 900,00

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