Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Obstetrícia - Volume 2 15Medgrupo - CiClo 2: M.E.D 15 Distúrbios Hipertensivos Da Gestação este capítulo vamos tratar do assunto mais frequente em Obstetrícia nos concursos de residência médica: Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG). Ao final deste capítulo, você deve ser capaz de: (1) conhecer a fisiopatologia da doença; (2) identificar as formas clínicas, complicações e diagnóstico de DHEG; (3) determinar o melhor momento para a interrupção da gestação; (4) conhecer as medicações utilizadas no controle da hipertensão, e (5) conhecer as posologias e o manejo da medicação utilizada no controle e prevenção das crises convulsivas. Guardem a dica: questões de DHEG estão presentes em, literalmente, TODOS os concursos públicos, o que nos leva à seguinte conclusão: não saber o assunto é partir de trás na corrida pela vaga de residência. N DEFINIÇÕES Pré-eclâmpsia Hipertensão e proteinúria que surgem após 20 semanas de gestação em gestante pre- viamente normotensa. Eclâmpsia Ocorrência de crises convulsivas tonicoclô- nicas generalizadas, seguidas ou não de coma, em uma paciente com pré-eclâmpsia, descartando-se outras causas. Podem apa- recer antes, durante ou após o parto. Hipertensão Gestacional Hipertensão (em geral leve) que se desen- volve na parte final da gestação, sem a presença de proteinúria (ou de outros sinais de pré-eclâmpsia) e que retorna aos níveis normais dentro das primeiras 12 semanas de puerpério. É um diagnóstico basicamen- te retrospectivo. Hipertensão Agravada pela Gravidez (pré-eclâmpsia sobreposta) Hipertensão essencial crônica preexistente que se agrava na gestação, caracteristica- mente após 20 semanas, acompanhada do surgimento de proteinúria. História familiar de DHEG Extremos de vida reprodutivo (> 35 anos ou adolescente) Trombofilias Raça negra Doenças do colágeno Hidropsia fetal Longo intervalo interpartal Gestação com novo parceiro Doenças da tireoide PRÉ-ECLÂMPSIA / ECLÂMPSIA FATORES DE RISCO (*): Nuliparidade Gestação múltipla Doença Vascular hipertensiva crônica Diabetes mellitus Doenças renais crônicas Obesidade Gestação molar Pré-eclâmpsia em gestação anterior CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Hipertensão: PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 em duas aferições espaçadas, pelo menos, por 4 horas. Proteinúria: presença de 300 mg ou mais de proteína em urina de 24h / proteína (+1) ou mais em teste de fita ou relação proteinúria/creatinúria > 0,3. CRITÉRIOS DE GRAvIDADE PA ≥ 160 x 110 mmHg Proteinúria ≥ 2 g/24h ou 2+ (ou 3+) em amostra isolada de urina* Oligúria < 25 ml/h ou < 400 ml/24h Elevação da creatinina ≥ 1,3 mg/dl Complicações respiratórias Edema agudo de pulmão e cianose Síndrome HELLP Hemólise Enzimas hepáticas elevadas Trombocitopenia Iminência de Eclâmpsia Distúrbios cerebrais Distúrbios visuais/Dor epigástrica Reflexos tendinosos profun- dos exaltados Complicações fetais Restrição de crescimento/ oligoidramnia/alterações do Doppler* *Leia no texto as divergências sobre o tema. ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Ondulado Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 16Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Casos leves = Expectante. Bioquímica; USG; Doppler; CTG; Perfil Biofísico Fetal; Não utilizar anti-hipertensivos. Casos graves = Ativa. Avaliação materna e fetal; Anti-hipertensivo (hidralazina); Prevenção de convulsões (Sulfato de magnésio); Antecipação do parto. Complicações: CIUR; DPP; Sd. HELLP; Rotura hepática; Prematuridade; Amaurose; Óbito fetal e/ou materno; AVC. Via de Parto: definida na dependência das condições maternas e fetais. SEGUIMENTO Definição Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) é um termo genérico que se refere à hipertensão que se desenvolve durante a se- gunda metade da gravidez decorrente das alterações ocorridas na invasão trofoblástica. Assim, DHEG deve ser entendido como um termo amplo, que engloba condições distintas como pré-eclâmpsia, eclâmpsia etc. Epidemiologia Os distúrbios hipertensivos da gestação são a maior causa de morte materna no Brasil (cerca de 35% dos casos), principalmente em mulheres negras, estando associada a um índice de cesariana de 39%. Complicam cerca de 12 a 22% das gestações, enquanto a pré-eclâmpsia ocorre em cerca de 3 a 14% de todas as gestações. As formas leves re- presentam 75% dos casos e cerca de 10% ocorrem antes da 34a semana de gestação. Por representar a principal causa de morte materna no Brasil e ter tão alta prevalência, o tema é bastante cobrado nos concursos de residência, em qualquer região do país! Veja: RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 HOSPITAL SÃO JOSÉ DE JOINVILLE – HSJJ – SC Qual a causa mais frequente de morte materna no Brasil? a) Infecção. b) Hemorragia. c) Hipertensão. d) Complicações pós-aborto. e) Embolia por líquido amniótico. Questão direta... Resposta: letra C. Fisiopatologia Inicialmente, vamos estabelecer um pacto. Como obstetras, não vamos nos debruçar sobre a doença vascular hipertensiva crônica. Vamos nos concentrar no que cai mesmo nas provas de Obstetrícia: pré-eclâmpsia e eclâmpsia. Pessoal, por que algumas gestantes desen- volvem essa condição? Observe a explicação a partir de dois conceitos. CONCEITO 1: na gravidez normal, a invasão trofoblástica nas arteríolas miometriais resul- ta em alargamento do diâmetro destes vasos, com consequente redução da resistência vascular periférica (fenômeno de invasão trofoblástica). Este processo leva a uma que- da da pressão arterial no segundo trimestre. CONCEITO 2: se este fenômeno de invasão trofoblástica não ocorrer, não observaremos a queda fisiológica da pressão arterial. CONCEITO 1 + 2: na ausência do fenômeno de invasão trofoblástica (ausência da 2a onda de invasão em torno de 16 a 20 semanas), o fluxo placentário ficará diminuído e observa- remos isquemia placentária e lesão endo- telial. É isto: lesão endotelial e isquemia placentária levarão a todas as alterações observadas na gestante com DHEG e suas diversas formas clínicas. A lesão endotelial leva a um descontrole no equilíbrio da produção de agentes vasodilata- dores, vasoconstritores e coa gulantes, o que provoca a maior sensibilidade endotelial a agentes vasopressores (hipertensão arterial) pelo aumento da produção de Tromboxane A2 (vasoconstritor), diminuição da produção de Prostaciclina (vasodilatador) e aumento da produção de endotelinas e agregação pla- quetária. A produção de óxido nítrico (potente vasodilatador) normalmente está diminuída na pré-eclâmpsia, mas pode aumentar nas formas graves da doença em resposta à lesão endo- telial já presente e pela presença dos fatores vasoconstrictores mencionados anteriormente. (1) Ausência da 2ª onda de invasão tro- foblástica → (2) Isquemia placentária → (3) Lesão endotelial → (4) Espasmo arteriolar placentário e sistêmico → (5) Aumento da permeabilidade vascular. ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 17Medgrupo - CiClo 2: M.E.D REsulTAdO: temos agora uma gestante com hipertensão arterial, espasmo arteriolar pla- centário e sistêmico, com consequente lesão de órgãos alvo, aumento da permeabilidade vascular pela lesão endotelial(favorecendo o aparecimento de edema) e ocorrência de eventos de coagulação intravascular. Veja este quadro autoexplicativo: Fatores de Risco As teorias que tentam explicar a pré-eclâmp- sia concluem que sua ocorrência está muito associada a: • Exposição pela primeira vez às vilosidades coriônicas. • Exposição a um excesso de vilosidades coriônicas, como na gestação gemelar ou mola hidatiforme. • Doença vascular preexistente. • Predisposição genética a desenvolver hi- pertensão durante a gravidez. Portanto, analisando estes dados, podemos já imaginar quais seriam os fatores de risco. Confira a seguir se o seu raciocínio foi correto!! Resumindo... O distúrbio endotelial no controle do tônus vascular leva à hipertensão, a permeabilidade aumentada resulta em edema e proteinúria, e a expressão endotelial anormal de pró- -coagulantes leva à coagulopatia. As mesmas alterações causam isquemia em órgãos alvo como cérebro, fígado, rins e placenta. ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 18Medgrupo - CiClo 2: M.E.D • Primiparidade • Gestação múltipla • Doença vascular hipertensiva crônica • Diabetes mellitus • Doenças renais crônicas • Obesidade • Gestação molar • Pré-eclâmpsia em gestação anterior • História familiar de DHEG • Extremos de vida reprodutivo (idade < 18 anos e > 35-40 anos) • Trombofilias e síndrome antifosfolipídeo • Raça negra • Doenças do colágeno • Hidropsia fetal • Longo intervalo interpartal • Troca de parceiro e nova gravidez • Doenças da tireoide FATORES DE RISCO PARA PRÉ-ECLÂMPSIA Mas também existem fatores ditos de proteção: • Tabagismo • História de abortamento prévio • Placenta prévia FATORES DE PROTEÇãO PARA PRÉ-ECLÂMPSIA Veja apenas como cai! RESIDÊNCIA MÉDICA – 2013 ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ –AMP – PR Com relação à doença hipertensiva específica da gestação, são considerados fatores de risco, ExCETO: a) Multiparidade. b) Obesidade. c) Gestação gemelar. d) Trombofilias. e) Isoimunização ao fator Rh. A primeira gestação é um fator de risco, a multiparidade não! A isoimunização ao fator Rh pode ter gerado dúvida, mas lembre-se de que essa doença causa hidro psia fetal e, por esta razão, aumenta o risco de pré- -eclâmpsia. Resposta: letra A. Manifestações Clínicas Vamos analisar isoladamente alguns dos achados da pré-eclâmpsia: RIM. Ocorre diminuição da perfusão re- nal e consequente diminuição da filtração glomerular. Com isto, podemos observar o aparecimento de oligúria, elevação dos ní- veis séricos de ureia, creatinina e ácido úrico, assim como diminuição da calciúria. Além disso, a lesão renal produzida pelo espasmo arteriolar sistêmico pode levar a quadros de insuficiência renal por necrose tubular aguda, geralmente reversível com o término da ges- tação. A necrose cortical renal é um distúrbio irreversível, mas felizmente raro. O que é importante saber neste momento: A lesão renal característica é a glomeruloen- doteliose capilar, que antigamente se acre- ditava ser patognomônica da pré-eclâmpsia. Ela leva à proteinúria não seletiva (proteinúria ≥ 300 mg/24 horas), evento geralmente tardio no curso da doença. Por isso, entenda o seguinte: A ausência de proteinúria deve levar ao questionamento do diagnóstico de pré- -eclâmpsia, mas o seu aparecimento pode ser tardio, inclusive após o parto. Por isso, se estiver acompanhando uma paciente com suspeita de pré-eclâmpsia e não encontrar proteinúria, não desista!! Continue rastreando seu aparecimento. Sua ausência não descarta por completo seu diagnóstico. Resumindo... Diminuição da calciúria Proteinúria Elevação da ureia e creatinina Elevação do ácido úrico Diminuição da filtração glomerular Endoteliose glomerular capilar FÍGAdO. Em casos mais graves, observa- -se comumente disfunção hepática com ele- vação das transaminases e necrose periportal hemorrágica. Este quadro, quando associado à trombocitopenia e hemólise, recebe o nome de síndrome HELLP. Estas lesões podem causar rotura hepática ou hematoma subcapsular. Então resumindo: se estiver diante de pa- ciente com pré-eclâmpsia com quadro de dor em barra no quadrante superior direito do abdome (dor em barra de Chaussier), você pode ter certeza que o quadro é grave e que pode evoluir a qualquer momento para crises convulsivas. sIsTEMA sANGuÍNEO E COAGulA- ÇÃO. Como ocorre vasoconstrição (aumento da pressão hidrostática) e lesão endotelial (aumento da permeabilidade vascular), ob- servamos saída de líquido do leito vascular (edema) e consequente hemoconcentração, que é um achado muito frequente na pré- -eclâmpsia. Não há, entretanto, hipovolemia, pois o vasoespasmo diminui o leito vascular a ser preenchido. As plaquetas se encontram em geral dimi- nuídas por aumento da agregação e ativa- ção plaquetária. É marcador de gravidade, devendo ser dosada de forma seriada. A anormalidade hematológica mais comum é a trombocitopenia decorrente da formação de microtrombos. ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 19Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Os fatores de coagulação só se alteram signifi- cativamente nos quadros graves, como síndro- me HELLP. A hemólise microangiopática por lesão do endotélio também pode ser encontra- da nos quadros graves e pode ser confirmada pela presença de elevação de LDH, elevação de bilirrubinas, esquizócitos no esfregaço de sangue periférico e reticulocitose. Resumindo... Hemoconcentração Trombocitopenia CIVD Hemólise microangiopática Diagnóstico e classificação Vamos classificar a hipertensão presente na gestação de cinco formas distintas: Pré-eclâmpsia Eclâmpsia Pré-eclâmpsia sobreposta em hiperten- são crônica (ou superajuntada) Hipertensão crônica Hipertensão gestacional A pré-eclâmpsia, eclâmpsia e PE sobreposta são as clássicas formas de hipertensão na gestação que aparecem depois de 20 sema- nas. Lembre-se do que falamos na fisiopato- logia: a doença se inicia por causa da ausên- cia de invasão trofoblástica que deveria ocor- rer em torno de 16 a 20 semanas de gesta- ção... Por isso, a clínica de hipertensão só começa a partir de 20 semanas! Você certamente conhece a tríade diagnóstica da pré-eclâmpsia: P R O T E I N Ú R I A E D E M A H I P E R T E N S ã O Observe que os pilares da doença são a PRO- TEINÚRIA e HIPERTENsÃO. Edema hoje em dia não é mais um dos pilares fundamentais da doença... Algumas considerações sobre as definições: • Hipertensão é a pressão arterial sistólica ≥ 140 ou pressão diastólica ≥ 90 mmHg pelo 5º ruído de Korotkoff com a paciente em repouso, sentada, aferida no braço direito, com o mesmo na altura do coração, e com duas medidas espaçadas por pelo menos 4 horas, não devendo ser espaçadas por mais de 7 dias*. • Proteinúria ≥ 300 mg/24 horas; ≥ 1+ em amostra isolada de urina (geralmente tardia em relação à hipertensão), o que equivale a 30 mg/dl em amostra urinária única ou relação proteinúria/creatinúria em amostra urinária > 0,3. • Edema foi abandonado como critério diag- nóstico por ocorrer em grande número de gestantes normais. • A pré-eclâmpsia pode ser classificada em leve e grave, de acordo com o surgimento de complicações, como alterações renais, hepá- ticas, síndrome HELLP, crises convulsivas... • Eclâmpsia é a presença de crises convul- sivas tonicoclônicas não explicadas durante a gestação em mulher com pré-eclâmpsia. Podem aparecer antes (50% dos casos), durante o trabalho de parto (25%) ouno puerpério (25%). • Iminência de eclâmpsia é a presença de alguns sinais e sintomas que precedem o apa- recimento das crises convulsivas (ver adiante). • Hipertensão gestacional (ou transitória) é a elevação da pressão arterial após 20 se- manas de gestação que NÃO se acompanha de proteinúria patológica ou outros sinais de pré-eclâmpsia. Assim, como os demais tipos de hipertensão que se desenvolvem na gravidez, normaliza em até 12 semanas do puerpério. É, portanto, um diagnóstico de exclusão!!! * Um aumento de 30 mmHg na pressão sistólica (PAS) ou de 15 mmHg na diastólica (PAD) em rela- ção aos níveis pré-gravídicos já foi considerado patológico, mesmo na ausência de hipertensão. Hoje já não é mais utilizado, pois é esperada uma eleva- ção da pressão arterial fisiológica no final do segun- do trimestre. Entretanto, é recomendável prestar maior atenção a estas pacientes, especialmente se houver proteinúria aumentada e elevação do ácido úrico (> 6 mg/dl). NÃO EsquEÇA: A proteinúria é não seletiva e costu- ma ser um achado tardio no curso da doença, pois depende do desenvolvimento de lesão histológica glomerular para se ma- nifestar. Como exemplo, podemos citar que cerca de 20% das pacientes que apresentam eclâmpsia não desenvolvem proteinúria. Desta forma, raramente a proteinúria precede a hi- pertensão. Ela tem como substrato anatomo- patológico o acometimento dos glomérulos. ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 20Medgrupo - CiClo 2: M.E.D O American College of Obstetricians and Gynecologists, em 2013, publicou uma nova diretriz para diagnóstico de pré-eclâmpsia que inclui pacientes com novo quadro hipertensivo, mas sem proteinúria, desde que seja encon- trado um dos seguintes achados: • Trombocitopenia (< 100.000/mmm3). • Alteração da função hepática (elevação de transaminases duas vezes o valor normal). • Piora da função renal (creatinina > 1,1 mg/dl ou duplicação do valor normal, na ausência de outras doenças renais). • Edema agudo de pulmão. • Sintomas visuais ou cerebrais. Para classificar o tipo de distúrbio hiperten- sivo você deve se perguntar: • A Hipertensão foi aferida antes ou depois de 20 semanas? • A Hipertensão perdura por mais de 12 se- manas pós-parto ou normaliza antes? • A Proteinúria é maior que 300 mg em 24 horas ou ≥ 1+ em amostra isolada? Com estas três perguntas você já deve ser capaz de classificá-la. Preste bem atenção: *Aqui nos referimos obviamente a pacientes que não apresentavam pro- teinúria antes de 20 semanas. Caso já apresente proteinúria previamente (lesão renal hipertensiva prévia), o diagnóstico de pré-eclâmpsia sobre- posta depende de outros achados, como deterioração da função renal e hepática, elevação da proteinúria, presença de trombocitopenia... O AluNO PERGuNTA... Como devo classificar uma gestante que desenvolve hipertensão após 20 semanas, assintomática e sem proteinúria? Uma vez que a paciente não é portadora de hipertensão arterial crônica e não há, neste momento, proteinúria patológica (maior ou igual a 300 mg/24 horas), ela deverá ser mo- mentaneamente classificada como portadora de hipertensão gestacional. Entenda: este diagnóstico só poderá ser con- firmado após o término da gravidez, consta- tando-se que não ocorreram complicações ou surgimento de outras manifes- tações compatíveis com os de- mais critérios de pré-eclâmpsia. A proteinú- ria é sinal tardio no curso da pré-eclâmpsia e, desta forma, uma gestante classificada como portadora de hipertensão gestacional pode ser, a qualquer momento, reclassifica- da como portadora de pré-eclâmpsia. Assim, estas gestantes deverão ser rigorosa- mente monitoradas com exames laboratoriais e de imagem, visando detectar alterações relacionadas à pré-eclâmpsia ou HELLP. Como diferenciar a pré-eclâmpsia da hiper- tensão crônica? Nas situações em que a dúvida persiste, pode- mos recorrer a alguns parâmetros laboratoriais que se alteram caracteristicamente na pré-e- clâmpsia e normalmente encontram-se normais na hipertensão crônica. O mais característico é a elevação do ácido úrico sérico em pacientes É importante lembrar que a hipertensão diag- nosticada durante a gestação pode repre- sentar, na verdade, uma hipertensão arterial crônica previamente não diagnosticada ou o início da doença hipertensiva, o que exige, portanto, seguimento após o parto de todas as mulheres com elevação dos níveis tensionais na gestação. ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado Meu computador Sublinhado Meu computador Sublinhado Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 21Medgrupo - CiClo 2: M.E.D com pré-eclâmpsia devido a uma diminuição de sua excreção (por reabsorção tubular aumen- tada e clearance diminuído). Este parâmetro laboratorial se correlaciona com o prognóstico perinatal, sendo considerado nível aumentado aquele acima de 5.5 - 6 mg/dl. Além disso, a atividade de antitrombina III diminuída (< 70%) correlaciona-se com a en- doteliose glomerular capilar, a hipocalciúria (< 100 mg em 24 horas) sugere pré-eclâmpsia, enquanto a calciúria > 100 mg fala a favor de hipertensão crônica. Pré-eclâmpsia Hipertensão crônica Idade Extremos > 35 anos Paridade Primigesta Multigesta Início da HA > 20 semanas Pode ser observada < 20 Semanas HA no pós-parto Tende a desaparecer nas 1as 6 semanas Persiste Fundoscopia Edema na retina / Espasmo arteriolar Podem existir alterações crônicas arterioscleróticas Proteinúria Aumentada Pode ser mínima ou aumentada Ácido Úrico 1º a se elevar Normal Calciúria < 100 mg/24 horas > 100 mg/24 horas QUADRO DE CONCEITOS: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA PRÉ-ECLÂMPSIA COM A HIPERTENSãO ARTERIAL CRÔNICA. Quais são os sinais de gravidade da DHEG? A presença de qualquer um dos sinais da tabe- la indica gravidade do processo toxêmico e, consequentemente, risco de morte fetal e ma- terna, o que nos obriga a uma conduta ativa. * A PA deve ter duas medidas espaçadas por pelo menos 4h e aferida com a paciente em repouso. ** Os valores de proteinúria grave podem variar, de acor- do com a referência (≥ 2 ou 5 g/24h e de 2+/3+ na fita reagente). Os livros Williams Obstetrics 24ª edição e Re- zende Obstetrícia 13ª edição não consideram a proteinú- ria como critério de gravidade. *** Os livros Williams Obstetrics 24ª edição, Rezende Obstetrícia 13ª edição e Zugaib Obstetrícia 3ª edição não consideram o crescimento intrauterino restrito como crité- rio de gravidade. Obs.: Alguns autores também consideram a elevação do ácido úrico (> 6 mg/dl) como sinal de gravidade. PA* Proteinúria** Oligúria Elevação da creatinina Complicações respiratórias síndrome HEllP Iminência de Eclâmpsia Repercussões fetais*** (Hemolisys, Elevated Liver, Low Platelets) ≥ 160 x 110 mmHg ≥ 2 g/24h ou 3+ em amostra isolada de urina < 25 ml/h ou < 400-500 ml/24h ≥ 1,3 mg/dl Edema agudo de pulmão e cianose Hemólise (anemia hemolí- tica microangiopática) Fragmentação eritrocitá- ria (esquizócitos) Bilirrubina total ≥ 1,2 mg/dl (às custas de bilirrubina indireta) LDH > 600 UI/l Enzimas hepáticas elevadas (TGO (AST) ≥ 70 UI/l) Trombocitopenia < 100.000/mm3 distúrbios cerebrais: ce- faleia frontoccipital, torpor e obnubilação. distúrbios visuais: turvação da visão, escotomas,diplopia e amaurose. dor epigástrica (dor em barra de Chaussier). Reflexos tendinosos pro- fundos exaltados. Crescimento intrauterino restrito Dentre os sinais de gravidade, você deve ter percebido uma entidade clínica bem específica: a síndrome HELLP (do inglês Hemolysis, Eleva- ted Liver enzymes and Low Platelet count). Ela ocorre em cerca de 10% dos casos de pré- -eclâmpsia ou eclâmpsia e se associa a aumen- to da morbimortalidade materna e perinatal. Em cerca de 10% dos casos não ocorre proteinúria ou hipertensão. Sua etiologia é desconhecida e pode se manifestar antes ou após o parto. Ca- racteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas associados à hemólise microangiopática, eleva- ção das enzimas hepáticas e plaquetopenia. Como se manifesta clinicamente a síndro- me HELLP? As manifestações clínicas são variadas e im- precisas. Geralmente ocorrem cefaleia, mal- -estar, náuseas e vômitos, dor epigástrica e/ou no hipocôndrio direito, perda do apetite, esco- tomas e elevação da pressão arterial. Pode complicar com rotura hepática nos casos que evoluem com consumo excessivo de plaquetas e disfunção hepática grave, culminando com coagulação intravascular disseminada. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTAVIANO – RJ Uma primigesta com 180 x 120 mmHg de pressão arterial, cefaleia, escotomas e altera- ção de comportamento. Seu cartão de pré- -natal mostra 10 consultas absolutamente normais até 7 dias atrás. Amenorreia de 32 semanas comprovadas por ultrassonografia de 10 semanas. A história familiar consta com vários hipertensos. Qual é o diagnóstico da síndrome hipertensiva? a) Pré-eclampsia leve. b) Hipertensão gestacional. c) Doença vascular crônica acompanhada de pré-eclampsia. d) Pré-eclampsia grave. e) Síndrome HELLP. É descrito quadro de primigesta com 32 semanas apresentando aumento dos níveis tensionais acima de 160 x 110 mmHg e sinais ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 22Medgrupo - CiClo 2: M.E.D e sintomas de iminência de eclâmpsia (cefaleia e escotomas). Assim não há dúvidas: trata-se de pré-eclâmpsia grave. Resposta: letra D. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS São critérios diagnósticos na Síndrome de HELLP, ExCETO: a) Plaquetas abaixo de 100.000/ml. b) TGO > ou = 70 UI e DHL > ou = 600 UI. c) Bilirrubinas > ou = 1,2 mg/dl e TGO > ou = 70. d) DHL > ou = 600 e proteinúria > ou = 300 mg/24h. e) Esquizócitos em sangue periférico e TGO > ou = 70. A Síndrome HELLP caracteriza-se por: hemólise (esquizócitos no sangue periférico, LDH maior ou igual a 600, BT maior ou igual a 1,2), TGO maior ou igual a 70, plaquetas abaixo de 100.000. A proteinúria acima de 300 mg/d é critério diagnóstico para pré- -eclâmpsia, não faz parte dos critérios diag- nósticos de HELLP. Resposta: letra D. Tratamento Revisões sistemáticas mostram que a terapia anti-hipertensiva não é eficaz em prolongar a gestação ou evitar o agravamento da doença e não melhora o peso fetal ao nascimento. Portanto, o uso de medicação anti-hipertensiva deve ser restrito aos casos em que os níveis tensionais são muito elevados (PA sistólica ≥ 160 ou PA diastólica ≥ 110 mmHg), criando um risco de acidente vascular encefálico pelo pico hipertensivo. Medicar uma paciente com diagnóstico de pré-eclâmpsia leve é um erro grave e pode mascarar a elevação da pressão arterial, que é uma medida sensível da piora da doença. Então, conclua o seguinte: casos leves não devem ser tratados com medicação anti-hiper- tensiva (pois seu uso pode levar à diminuição acentuada da perfusão placentária) e os qua- dros graves devem ser tratados apenas para estabilização materna pelo risco de vida ou para instituição da corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar fetal. Não deve ser utilizada para prolongar a gestação até o ter- mo, pois os quadros de pré-eclâmpsia podem evoluir negativamente de forma muito rápida. Mas qual é o nível de pressão ideal para a gestante com DHEG? Se você decidir pelo uso de medicação, o ob- jetivo final deve ser a manutenção dos níveis tensionais sistólicos entre 140 e 155 mmHg e diastólicos em torno de 90 a 100 mmHg, uma vez que níveis mais baixos podem piorar ain- da mais a perfusão placentária já prejudicada pelo espasmo arteriolar. CONCEITO: Se na pré-eclâmpsia leve não fazemos anti- -hipertensivos, na pré-eclâmpsia grave o uso de anti-hipertensivos tem por objetivo levar a pressão para níveis onde os mesmos já não são necessários, ou seja, níveis de pré- -eclâmpsia leve (entre 140-155 e 90-100 mmHg). Não devemos tentar normalizar a pressão arterial da paciente! Qual é a medicação de escolha para con- trole da hipertensão crônica na gestação? • Metildopa Medicação de escolha para tratamen- to da hipertensão crônica durante a gestação e como medicamento de ma- nutenção nos casos de pré-eclâmpsia onde se pretende prolongar a gestação temporariamente, como na prematurida- de extrema. Não deve ser utilizada para controle da emergência hipertensiva. Considerada segura na gestação (cate- goria B). Dose de 250 mg oral duas vezes por dia até dose máxima de 4 g por dia. Seu uso a longo prazo se mostrou seguro para o feto. Entretanto, é considerado um anti-hipertensivo leve e, por isso, muitas mulheres necessitarão de outras medi- cações para estabilização do quadro. Outras se sentem incomodadas por seu efeito sedativo. • Betabloqueadores São, em geral, considerados seguros du- rante a gestação, apesar de haver certa preocupação com o risco de restrição de crescimento quando utilizados no se- gundo e terceiro trimestres da gestação, especialmente com atenolol (categoria D) e propranolol (categoria C no 1º trimestre e D no 2º e 3º trimestre), os quais devem ser evitados. Particularmente, o pindolol pode ser utilizado (inclusive como medi- cação de escolha para alguns autores), na dose 10 a 30 mg/dia, em duas ou três tomadas, com incrementos de 5 a 10 mg. • Antagonistas de cálcio A amlodipina seria uma terceira opção, na dose de 5 a 20 mg por dia por via oral. Verapamil também pode ser considerado. Iniciar com 80 mg/dia (dose máxima de 240 mg/dia). Categoria C. E para o controle da emergência hiperten- siva? Embora haja bastante discordância entre os manuais nacionais e internacionais em relação à medicação de primeira escolha, a hidralazina parece ser a mais aceita. ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 23Medgrupo - CiClo 2: M.E.D HIDRALAZINA Hidralazina: 05 mg IV de 20/20 minutos até atingir 90-100 mmHg de PAD e 140-155 mmHg de PAS. Dose máxima de 20 mg. Outras medicações utilizadas seriam: • Betabloqueadores (labetalol) Medicamento de escolha pela literatura americana para tratamento agudo, na dose de 20 mg IV a cada 10 minutos, com aumentos graduais da dose, até a dose máxima cumulativa de 300 mg (por exem- plo, 20, 40, 80, 80 e 80 mg). Apresenta efeito após cinco a dez minutos da infu- são e duração de três a seis horas. Não está disponível no Brasil. • Bloqueadores de canal de cálcio (nifedipina)Na dose de 10 mg a cada 30 minutos, com a desvantagem de levar a quedas bruscas dos níveis tensionais quando utilizado pela via sublingual, a qual deve ser evitada. Início após 10 a 20 minutos e duração de quatro a cinco horas. O uso concomitante com sulfato de magnésio deve ser evitado. Em contrapartida às demais referências, curiosamente o livro Rotinas em Obstetrícia (2011) recomen- da a nifedipina como primeira escolha na pré-eclâmpsia grave. Fique atento às referências no edital. Categoria C. • Nitroprussiato de sódio Deve ser evitado na gestação, pelo risco de intoxicação fetal por cianeto, produto do seu metabolismo (este risco pode ser diminuído não o usando por mais de 4h). O uso é res- trito aos casos não responsivos às outras opções. A dose inicial deve ser de 0,25 a 0,5 mcg/kg/minutos por via endovenosa. Início de ação imediato e duração extremamente curta (minutos). Categoria C. • diuréticos (não devem ser utilizados para controle pressórico) Devem ser evitados, pois a gestante com pré-eclâmpsia apresenta uma contração do volume intravascular. Desta forma, o uso da medicação pode precipitar uma verdadeira hipovolemia e piorar a perfusão placentá- ria. Os diuréticos só devem ser utilizados em casos de edema agudo de pulmão ou insuficiência cardíaca congestiva. • Diazóxido Quando a estabilização da pressão não puder ser alcançada com labetalol ou hi- dralazina, diazóxido pode ser uma opção, o que, no entanto, é raramente necessá- rio. Pode ser utilizado na dose de 30 mg IV. Categoria C. Medicações de contraindicação absoluta: • IECA Totalmente contraindicados devido ao seu comprovado efeito nocivo ao feto, dentre eles oligodramnia, anomalias renais, insu- ficiência renal neonatal, hipoplasia pulmo- nar, retardo mental e morte (categoria C no primeiro trimestre / 2º e 3º trimestre: D). Resumindo... Você é clínico e foi chamado para controlar a hipertensão de uma gestante... Algumas dicas: - Se crônica, a grande medicação é a metildo- pa. Opções seriam o pindolol e os antago- nistas do canal de cálcio. - Se aguda, em crise, usar a hidralazina. Op- ções seriam a nifedipina e o labetalol e, em última ocasião, o nitroprussiato. - Não usar o IECA! Evite, ao máximo, os diuréticos, deixando-os para as urgências caracteristicamente hipervolêmicas... PREvENÇãO E TRATAMENTO DAS CRISES CONvULSIvAS DA ECLÂMPSIA Todo quadro grave ou que apresente crises convulsivas (eclâmpsia) deve ser abordado ime- diatamente com medicações que previnam ou tratem as crises convulsivas, antes mesmo de se interromper a gestação, por pelo menos qua- tro a seis horas. Além disso, sempre que houver sinais e sinto- mas de iminência de crises convulsivas (imi- nência de eclâmpsia), também está indicada a administração de medicação preventiva. Mas o que seriam sinais e sintomas de imi- nência de eclâmpsia? (1) distúrbios cerebrais, como cefaleia (fron- toccipital e pouco responsiva a anal- gésicos), torpor e obnubilação; (2) distúrbios visuais como turvação da visão, escotomas, diplopia e amaurose; (3) dor epigástrica ou no quadrante superior direi- to (dor em barra de Chaussier), causada por isquemia hepática ou distensão da cápsula do órgão devido a edema ou hemorragia; (4) reflexos tendinosos profundos exaltados. Vamos “amarrar” alguns conceitos até aqui com algumas questões: RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 (ACESSO DIRETO 1) CENTRO DE REABILITAÇÃO E READAPTAÇÃO – GO ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado Meu computador Sublinhado Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 24Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Gestante de 36 semanas, chega para atendi- mento de urgência em maternidade. Após ava- liação, o obstetra lhe diagnosticou com Eclamp- sia iminente. Qual, dentre os sintomas abaixo, não contribuiu para a caracterização da Eclamp- sia como iminente? a) Borramento visual. b) Cefaleia persistente. c) Crise hipertensiva. d) Dor em hipocôndrio direito. e) Epigastralgia. Sinais de iminência são alterações visuais, cerebrais, dor epigástrica ou em hipocôndrio direito e reflexos exaltados. A crise hiperten- siva é um critério de gravidade, mas não de iminência de eclâmpsia. Resposta: letra C. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – FJG – RJ A pré-eclâmpsia é doença de suma importância em obstetrícia e se constitui em uma das prin- cipais causas de morte materna e perinatal. Com relação ao tratamento do pico hipertensi- vo na pré-eclâmpsia grave, o anti-hipertensivo de escolha é: a) Nitroprussiato de sódio. c) Metildopa. b) Hidralazina. d) Amlodipina. No tratamento agudo da crise hipertensiva na gravidez pode ser utilizado o labetalol, a nifedipina, e até mesmo o diazóxido e nitro- prussiato de sódio (em casos refratários às demais medicações). Mas qual é a medicação de escolha pela maioria dos autores? HIDRA- LAZINA! Na terapia de manutenção ou trata- mento crônico da hipertensão na gravidez, a primeira escolha recai sobre a metildopa. Os inibidores da ECA (captopril®) são contraindi- cados devido ao seu efeito nocivo ao feto. A resposta correta está na letra B. A MEDICAÇÃO MAIS EFETIVA É O SULFATO DE MAGNÉSIO É usado para prevenir ou controlar as convul- sões. Pode-se optar por esquema intravenoso contínuo ou intramuscular intermitente. Veja: Os esquemas mais utilizados são: Pritchard (1955): dose de ataque com 4 g IV (lento) associada a 10 g IM, seguida por dose de manutenção com 5 g IM a cada 4h (deve ser utilizado quando não se dispõe de bomba de infusão). Zuspan (1966): Dose de ataque de 4 g IV (lento) que deve ser infundida lentamente, seguida de 1 a 2 g/h também IV (solução a 50%) até 24 horas após o parto, em bomba de infusão. sibai (1984): Dose de ataque de 6 g IV (lento), seguida de dose de manutenção de 2-3 g por hora em bomba de infusão. Pierce: Dose de ataque de 4 a 6 g IV (lento), seguido de manutenção de 4 a 6 g a cada 6 horas IV. Aqui preste muita atenção! É frequente em concursos perguntas sobre os cuidados que devem ser tomados com as pacientes que utilizam sulfato de magnésio, pelo risco de intoxicação pelo magnésio (depressão mus- cular, respiratória e parada cardíaca). Os parâmetros avaliados durante o uso do sulfato de magnésio são os seguintes: • Magnesemia: Níveis séricos terapêuticos situam-se entre 4 a 7 mEq/L. • Reflexos tendinosos profundos (especial- mente o patelar): O seu desaparecimento (com níveis de 10 mEq/L) é sinal de intoxicação pelo magnésio. Antes, entre 5-10 mEq/L, já podem existir alterações eletrocardiográficas. • Respiração: A frequência respiratória deve ser maior que 12 irpm. O Ministério da Saú- de (2012) e o Rezende Obstetrícia (2013) consideram que a frequência respiratória deve ser maior ou igual a 16 irpm. Níveis séricos de magnésio acima de 12 mEq/l es- tão associados à parada respiratória. • diurese: Uma diurese ≤ 25 ml/h indica um reajuste na dose do sulfato de magnésio para evitar a intoxicação pela medicação, uma vez que o rim é a sua principal via de eliminação. Se houver disfunção renal já estabelecida e a creatinina for maior que 1,2 mg/dl, deve-se reduzir a dose de manu- tenção pela metade, não havendo necessi- dade deajuste na dose de ataque. → Qualquer sinal de intoxicação indica ime- diata suspensão da medicação e administra- ção de gluconato de cálcio 1 g IV, infundido lentamente em cerca de 3-5 minutos. Perceba: oligúria não é sinal de intoxicação, mas sim um sinal de alerta para o risco de retenção do magnésio e intoxicação. Outros efeitos colaterais incluem rubor, sudorese intensa, sensação de calor (pro- vavelmente por seu efeito vasodilatador), náuseas, vômitos, cefaleia, distúrbios vi- suais e palpitações. Como pode atravessar livremente a placenta, pode levar à dimi- nuição da frequência cardíaca basal e da variabilidade da frequência cardíaca fetal, porém sem significados clínicos relevantes. O AluNO PERGuNTA... A prevenção de crises (uso de sul- fato de magnésio) deve ser feita só em gestantes com iminência de eclâmpsia ou quando a paciente tenha qualquer um dos critérios de gravidade? Por exemplo: pacien- te com PA > ou = 160 x 110, assintomática, faço sulfato de magnésio até estabilizar ou só a hidralazina? A indicação do sulfato de magnésio deve ser bastante alargada, visto as devastadoras consequências das crises convulsivas no período gravídico-puerperal e baixa frequên- cia de complicações relacionadas ao sulfato ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 25Medgrupo - CiClo 2: M.E.D de magnésio (embora graves). Desta forma, deve ser administrado no momento do diag- nóstico de eclâmpsia, iminência de eclâmp- sia ou pré-eclâmpsia grave e sempre no momento do parto destas pacientes mesmo que estejam assintomáticas, visto ser o pe- ríodo periparto o de maior ocorrência das crises convulsivas. Atenção às referências bibliográficas! Alguns autores só recomendam o sulfato de magnésio em pacientes com eclâmpsia ou sinais de iminência de eclâmpsia. E agora, você é capaz de lembrar os crité- rios mínimos para utilização de sulfato de magnésio? RESIDÊNCIA MÉDICA – 2014 HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – RJ Nas gestantes com pré-eclâmpsia é conside- rado tratamento e profilaxia das convulsões o uso de sulfato de magnésio. São considerados parâmetros clínicos de intoxicação: a) Reflexo tendinoso, diurese, frequência car- díaca. b) Midríase e frequência respiratória. c) Frequência cardíaca e tremor. d) Reflexo tendinoso, diurese, frequência res- piratória. e) Tremor, rubor, diurese. Olhe como até as bancas se enganam! Em pacientes em uso de sulfato de mag- nésio, devemos acompanhar a frequência respiratória, o reflexo patelar e a diurese. O desaparecimento dos reflexos tendinosos e a depressão respiratória são sinais de intoxicação pelo magnésio, mas a redução da diurese não! A oligúria predispõe à into- xicação porque a sua excreção é renal. A banca manteve sua resposta letra D, mesmo estando conceitualmente errada. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS – RJ Indica-se monitoramento dos níveis séricos do sulfato de magnésio quando se encontra: a) Reflexo tendinoso hipoativo. b) Diurese > 25 a 30 ml/h. c) Disfunção renal. d) Rubor facial. A toxicidade causada pelo sulfato de mag- nésio é rara, porém é importante serem ob- servados alguns parâmetros clínicos que, quando alterados, indicam a suspensão da mesma: reflexo tendinoso presente (embora hipoativo), diurese > 25 a 30 ml/h e frequên- cia respiratória > 12 a 16 incursões/min. O monitoramento dos níveis séricos de magné- sio é totalmente dispensável, estando indica- do somente se houver disfunção renal e/ou ausência de reflexos tendinosos. Resposta: letra C. E que outros cuidados devo ter na aborda- gem de uma paciente com crises convulsi- vas eclâmpticas? A questão a seguir resu- me tudo... RESIDÊNCIA MÉDICA – 2014 CASA DE CARIDADE DE ALFENAS NSP SOCORRO – MG Primigesta de 16 anos chega à emergência da maternidade da Santa Casa de Alfenas apre- sentando idade gestacional de 36 semanas, PA 170 x 110 mmHg, cefaleia e escotomas cin- tilantes. FCF 144 bpm. Durante o exame físico, apresenta episódio convulsivo tônico-clônico generalizado. Indique a conduta imediata mais adequada a ser tomada. a) Cânula de Guedel, O2 por cateter, diazepam EV e cesárea imediata. b) Acesso venoso, O2 por cateter, hidralazina EV e metildopa VO. c) O2 por cateter, cânula de Guedel, sulfato de magnésio e rotina laboratorial. d) Acesso venoso, sulfato de magnésio, hidra- lazina e cesárea imediata. A paciente deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo, com o dorso elevado e as barras laterais da maca elevadas para evitar quedas. Devemos assegurar a permeabilida- de das vias aéreas, protegendo a língua com cânula de Guedel, administrar oxigênio (5-8 L/ min). É importante puncionar um acesso ve- noso, instalar monitorização cardíaca, evitar a administração excessiva de líquidos, instalar sonda vesical de demora e colher amostras de sangue e urina para avaliação laborato- rial. Após os cuidados iniciais no momento da convulsão, não se esqueça do sulfato de mag- nésio, da hidralazina (omitida no gabarito) e a interrupção da gravidez deverá ocorrer após a estabilização do quadro materno por quatro a seis horas. Resposta: letra C. Quando interromper a gestação? A única forma de curar os distúrbios hiperten- sivos na gestação é com a interrupção da gravidez. Esta é uma decisão que depende muito das condições maternas e fetais, da idade gestacional e da estrutura hospitalar. Para facilitar nas provas, tenha sempre em mente dois critérios: Gravidade x Idade Gestacional Casos Leves: A conduta pode ser expectante até que o con- cepto atinja o termo (37ª-40ª semana), desde que a vitalidade fetal e condições maternas per- mitam. E para isso, as avaliações laboratoriais (função renal, hepática, avaliação de plaquetas...) e da vitalidade fetal (USG com avaliação do crescimento fetal, volume de líquido amniótico e doppler, cardiotocografia e perfil biofísico fetal) são mandatórias. Recomendam-se consultas de ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado Meu computador Sublinhado Obstetrícia - Volume 2 26Medgrupo - CiClo 2: M.E.D pré-natal com menores intervalos, com aferição da PA ambulatorialmente, restrição de cafeína, fumo, massas, doces, gorduras, frituras, refri- gerantes, e quanto ao ganho ponderal que deve ser de, no máximo 500 g, por semana. Não há necessidade de restrição sódica. Recomenda- ção de períodos de repouso no leito durante o dia e à noite, de preferência em decúbito lateral esquerdo. Não há vantagem em instituir o re- pouso absoluto. Casos Graves: Diante de um quadro grave, devemos consi- derar a vida materna em risco imediato e não haverá dúvidas: a interrupção da gestação é o melhor tratamento. Isto é válido, portanto, para os casos de pré-eclâmpsia grave com disfunção de órgãos alvo (em que existam evidências de CIVD, sofrimento fetal, hema- toma hepático, hipertensão de difícil controle), eclâmpsia, síndrome HELLP. Quando se tratam de casos graves com fetos prematuros, a conduta varia muito na literatura. Embora também dependa basicamente da idade gestacional e das condições maternas e fetais, pode-se tentar uma conduta conserva- doracom estabilização materna, utilização de corticoides e posterior interrupção da gestação, em casos selecionados. A eclâmpsia parece ser sempre tratada melhor com a antecipação do parto em qualquer idade gestacional, para benefício materno. Em casos muito excepcio- nais, de evolução extremamente favorável e com o feto muito prematuro, uma conduta con- servadora, por período curto, poderia ser ad- mitida. Gestações menores que 23 semanas com pré-eclâmpsia grave devem ser interrom- pidas pelo péssimo prognóstico maternofetal. Qual é a melhor via de parto? O parto deve ser preferencialmente vaginal, desde que não haja outras contraindicações, como sofrimento fetal, cesariana anterior e colo desfavorável. Essa conduta vale mes- mo para um quadro de eclâmpsia. Se houver condições maternas (colo favorável) e fetais (ausência de sofrimento fetal), vamos repetir: o ideal é o parto por via vaginal, após a esta- bilização materna. Em gestações anteriores a 30 semanas com colo desfavorável, deve-se preferir o parto cesáreo, pelo pequeno tamanho fetal. Se o feto tiver parâmetros desfavoráveis na CTG e no Doppler, também se opta pelo parto ce- sáreo, já que este feto terá condições dimi- nuídas de resistir a um parto vaginal. O pre- paro do colo com prostaglandinas (misopros- tol) em pacientes com cesariana anterior traz um risco maior de rotura uterina. Portanto, nestas situações com colos desfavoráveis, opta-se pela cesariana. Em fetos com menos de 1.500 g, a cesárea também é preferível. Se a gestação tem menos de 34 semanas, o uso de corticoides é indicado para acelerar a maturação pulmonar fetal. Observe a importância do sulfato de mag- nésio nesta questão de 2015: RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 (ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – PR Multípara, 38 anos, 30 semanas gestacionais, com hipertensão há 15 anos, fazendo uso re- gular de cloridrato de anlodipino 15 mg ao dia, dá entrada ao Pronto Atendimento com quei- xas de cefaleia, mal-estar geral, escotomas vi- suais, tontura e edema generalizado. PA = 200 x 120 mmHg, edema +++/4, AU = 26 cm, BCF = 174 bpm, adinâmica, colo longo, posterior e impermeável. A conduta inicial será: a) Indução do parto com misoprostol. b) Administrar hidralazina injetável. c) Administrar difenil-hidantoína EV. d) Cesárea de imediato. e) Administrar sulfato de magnésio. Veja que, apesar de a paciente apresentar níveis pressóricos elevados, a conduta imedia- ta deve ser a profilaxia das crises convulsivas, por se tratar de quadro grave (iminência de eclâmpsia). Antes de pensar na diminuição dos níveis pressóricos ou interrupção da gravidez, você deve SEMPRE prevenir o aparecimento das crises convulsivas!!! Lembre-se: estabilizar a pressão arterial não previne a piora do qua- dro ou o aparecimento das crises convulsivas!! Primeiro: SULFATO! Resposta: letra E. NOTE BEM... O tratamento padrão da pré-eclâmpsia grave e da eclâmpsia é a antecipação do parto. A grande pergunta é: Quando? Em casos graves, não se deve tentar a es- tabilização e condução da gestação até o termo, visto que qualquer quadro de pré- -eclâmpsia pode se deteriorar repentina- mente. A IG > 34 semanas, em geral, é utilizada pela maioria dos serviços como ponto de corte para a interrupção da gravi- dez com pré-eclâmpsia grave, ou seja, não se discute a conduta em gestantes com diagnóstico realizado a partir de 34 sema- nas. Com menos de 34 semanas, a condu- ta é mais discutível, sendo a interrupção conduta de primeira linha e a conduta con- servadora reservada para casos com esta- bilização do quadro clínico após tratamento inicial. Se a conduta conservadora for indi- cada, recomenda-se o uso de corticoterapia para maturação pulmonar fetal. ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 27Medgrupo - CiClo 2: M.E.D abordaGem da síndrome HeLLp Como se trata de um quadro grave, não há nenhuma diferença: o tratamento definitivo con- siste na interrupção da gravidez. As mesmas recomendações apresentadas no tratamento das formas graves devem ser instituídas (terapia anti-hipertensiva e sulfato de magnésio). Aqui vale ressaltar que o sulfato de magnésio deve ser evitado por via intramuscular, pelo risco au- mentado de hematoma nos casos de síndrome HELLP complicadas com distúrbios da coagu- lação e trombocitopenia. O tratamento conser- vador é conduta de exceção e que só deve ser aventado em casos de idade gestacional menor que 34 semanas, em que as condições mater- nofetais estejam satisfatoriamente controladas e haja recursos intensivos para suporte materno e fetal. Mais uma vez, está recomendado a cor- ticoterapia para maturação pulmonar fetal nos casos de conduta conservadora. O uso de glicocorticoides para a mãe, em altas doses (dexametasona 10 a 12 mg IV, de 12/12h, até 4 doses), na tentativa de aumentar os níveis plaquetários não é consensual. As- sim, embora não haja comprovação inques- O AluNO PERGuNTA... Professores, e aquela história de aspirina e cálcio para prevenção da pré-eclâmpsia? Tem mesmo indicação? Quando devo fazer?? Embora não seja um consenso, as evidências da literatura parecem apontar que o uso de aspirina em doses baixas (60-150 mg ao dia) por pacientes de alto risco para pré-eclâmpsia seja benéfico. Nesse caso, ela seria iniciada até 16 semanas e mantida até o parto. Como alto risco, consideraríamos um passado obs- tétrico revelando resultados adversos mater- nos e perinatais (pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou síndrome HELLP em gestação anterior, perda fetal recorrente, vasculopatias ou síndrome antifosfolipídeo). Aos que se posicionam a favor, o uso de cál- cio também só parece ser adequado em pa- cientes de alto risco e com baixa ingesta deste elemento. Neste caso, é sugerido que seja iniciado a partir da 12ª semana de gravi- dez, na dose de 1 a 2 g por dia. tionável de benefícios, alguns serviços preco- nizam para todas as pacientes que apresen- tam contagem de plaquetas < 100.000/mm3, que devem ser mantidos até os níveis de plaquetas atingirem 100.000/mm3 e LDH < 600 UI/L. A administração de corticoide, inclusive, é recomendada pelo Ministério da Saúde, em seu Manual Técnico “Gestação de Alto Risco” (2012). Visando o tratamento dos distúrbios hematoló- gicos, na presença de CID (20% dos casos de síndrome HELLP) administra-se plasma fresco congelado, crioprecipitado e plaquetas (esta somente com níveis inferiores a 50.000/mm3). Não se deve fazer bloqueio do nervo pudendo no parto normal e deve-se evitar a anestesia regional, principalmente com valores de plaque- tas abaixo de 70.000/mm3, pelo risco de sangra- mento, com hemorragias e hematoma espinhal. Em geral, nas primeiras 24 a 48 horas de puerpério na síndrome HELLP há uma piora transitória do quadro clínico, devido ao con- sumo de plaquetas e fatores de coagulação. E a via de parto na síndrome HELLP? Ce- sariana ou parto vaginal? A cesariana não é a via de parto exclusiva. O parto vaginal é preferível em gestantes em tra- balho de parto ou com amniorrexe prematura e com feto em apresentação cefálica, indepen- dente da idade gestacional. O parto pode ser induzido em mulheres com idade gestacional maior que 30-32 semanas com colo favorável. A cesariana está indicada em fetos menores do que 30 semanas com colo desfavorável, na presença de CIUR e oligoidramnia em fe- tos menores que 32 semanas, assim como nas pacientes com diagnóstico ou suspeita de hematoma hepático, pelo maior risco de rotura durante o trabalho de parto. Acima de 34 se- manas pode-se iniciar a indução, com ou sem maturação do colo, com prostaglandinas. O índice de hematoma na cesariana é alto (maior que 20%) devido aos distúrbios da coagulação, devendo-se deixar drenos sub- cutâneos e subaponeuróticos,principalmente se os níveis de plaquetas estiverem menores que 50.000/mm3. Os drenos devem ser retira- dos em 24 a 48h. ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Ondulado ROSE Highlight ROSE Highlight Obstetrícia - Volume 2 28Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Agora você, certamente, já deve ser capaz de resolver todas as questões de DHEG!!! Vamos fechar nosso capítulo com mais algumas questões: RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP Gestante hipertensa crônica, no terceiro trimestre de gestação, apresentou crise convulsiva há trinta minutos. Durante exame físico, apresentou PA = 150 x 100 mmHg, sem outras alterações. O diagnóstico COR- RETO e a medicação indicada são, respec- tivamente: a) Eclâmpsia e sulfato de magnésio. b) Epilepsia e benzodiazepínico. c) Crise hipertensiva e hidralazina intravenosa. d) Eclâmpsia e benzodiazepínico. Em toda paciente gestante, após 20 sema- nas, com aumento da pressão arterial (maior ou igual a 140 x 90 mmHg) e que apresente crise convulsiva, devemos sempre suspeitar de eclâmpsia, cujo tratamento e prevenção de novas crises é realizado com sulfato de magnésio. Os benzodiazepínicos não são utilizados na gestação para tratamento de convulsões em pacientes hipertensas sem história de epilepsia. Resposta: letra A. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 (ACESSO DIRETO 1) INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL – RS Bruna, primigesta, 19 anos, 37 semanas de gestação, com dor abdominal e escotomas. Ao exame apresenta edema generalizado importante. Ta 170/110 mmHg. Dinâmica ute- rina ausente. BCF de 152/min. Colo com 5 cm de dilatação. Qual a conduta neste caso? a) Anti-hipertensivo e cesária imediata. b) Sulfato de magnésio, hidralazina intrave- nosa e observar por 72 horas. c) Internação clínica, início de terapia medi- camentosa com alfametildopa e nifedipina. d) Sulfato de magnésio, hidralazina intravenosa e indução do parto após estabilizar o quadro. e) Sulfato de magnésio e cesária imediata. A paciente tem o quê? Pré-eclâmpsia grave com sinais de iminência de eclâmp- sia, certo? É muito prematuro ou posso tirar logo o bebê? Pode! Já está com 37 sema- nas. Então nossa primeira conduta vai ser a estabilização materna e profilaxia das cri- ses convulsivas, seguida da interrupção da gravidez, a qual poderá ser realizada atra- vés de parto vaginal, desde que as condi- ções fetais permitam. Lembre-se: o parto na pré-eclâmpsia não tem que ser cesariana!!! Resposta: letra D. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – RJ Chega à maternidade uma paciente de 21 anos, no curso da 34ª semana de sua primeira gestação às 3:00 da manhã. Durante a noite, ela foi acordada por dor de cabeça de forte intensidade, náusea e dor epigástrica leve, que vem aumentando de intensidade. No momento do atendimento porta seu cartão de pré-natal e exames, que mostram uma gestação até o momento sem quaisquer sinais de problemas. Exame obstétrico evidencia batimentos car- diofetais presentes, fundo uterino mede 31 cm e o tônus uterino encontra-se discretamente aumentado. Não há edema e a pressão arterial verificada é de 124x78 mmHg. Os primeiros exames laboratoriais da paciente mostram ausência de traços de proteínas na urina tipo 1, plaquetas de 97.000/mm³, LDH 898 UI/L, TGO 121 UI/l e TGP 130UI/L. Em relação ao caso, é CORRETO afirmar que: a) A nuliparidade da paciente é fator protetor para pré-eclâmpsia. b) Síndrome HELLP é um diagnóstico alta- mente improvável, visto que normalmente não se desenvolve de maneira súbita em paciente sem histórico de elevação pressórica durante a gestação. c) Não há indicação de iniciar Sulfato de Mag- nésio, mesmo na suspeita de pré-eclâmpsia, já que não há hipertensão no momento e esta medicação frequentemente leva a intoxicação. d) Está indicado estabilizar a paciente, iniciar corticoterapia por 48h. e) Estabilização da paciente, avaliação do bem estar fetal e interrupção da gestação. Questão clássica sobre pré-eclâmpsia gra- ve complicada por síndrome HELLP. Trata- -se de uma gestante de 34 semanas, jovem, com relato de ter sido acordada por sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia, apre- sentando pressão arterial no momento do exame normal, mas com exames laboratoriais já demonstrando evidências de síndrome HELLP. Diante de tal quadro, deve-se sempre priorizar a estabilização clínica da paciente entre quatro a seis horas, bem como realizar avaliação do bem-estar fetal com ultrassono- grafia e dopplerfluxometria e, como estamos diante de uma gestação acima de 34 sema- nas, a interrupção da gestação é indiscutível. Resposta: letra E. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – RIO DE JANEIRO – RJ Paciente de 16 anos, G1 P0, assintomática, sem comorbidades prévias, é atendida na 40ª semana de gestação com PA = 150 x 90mmHg. Ela possui rotina laboratorial da véspera, mostrando: hema- tócrito = 36%, hemoglobina = 10,2g/dL, plaquetas = 150.000/mm³, creatinina = 0,8 m/dL, TGO = 12, TGP = 14, bilirrubina total = 0,6, LDH = 234 e proteinúria = 450 mg/24 horas. A dopplerflu- xometria realizada no mesmo dia mostra feto único, cefálico, com peso estimado em 3.000 g (percentil 40), normodramnia, dopplerfluxometria normal. A melhor conduta para o caso descrito é: a) Iniciar anti-hipertensivo oral. b) Programar indução do parto. c) Realizar cesariana de urgência. d) Prescrever hidralazina e sulfato de mag- nésio. Obstetrícia - Volume 2 29Medgrupo - CiClo 2: M.E.D A questão descreve uma paciente com 40 semanas de idade gestacional, apresentando aumento da pressão arterial com proteinúria de 24 horas de 450 mg/24horas. Nesse caso, o diagnóstico é pré-eclâmpsia (hipertensão + proteinúria maior ou igual 300 mg/24horas). Não há sinais de gravidade, a paciente está assintomática, a rotina laboratorial encon- tra-se normal e a ultrassonografia assegura a vitabilidade fetal (Doppler normal, normo- dramnia e crescimento fetal normal). Logo, a melhor conduta é a indução do parto vagi- nal. Geralmente, indica-se a interrupção da gestação nas pacientes com pré-eclâmpsia, sem sinais de gravidade, com 39 semanas de gestação. Consequentemente, como a paciente está na 40ª semana, a interrupção está indicada. Por não apresentar contrain- dicação ao parto vaginal e a ultrassonografia demonstrar boa vitalidade fetal, podemos seguir com a indução do parto vaginal. Não há sinais de gravidade que indiquem o uso de hidralazina e sulfato de magnésio, no mo- mento. Resposta: letra B. Obstetrícia - Volume 2 30Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Divergências na Literatura Fique de olho! Lembre-se de que quaLquer tema de GinecoLoGia e obstetrícia é cheio de diverGências na Literatura. Para ajudá-Lo a LocaLizar as diverGências, há um símboLo Para que você fique de vivo! se não quiser se confundir, não se estresse. trazemos nesta seção as controvérsias da Literatura, mas no corPo da aPostiLa estão mencionadas as oPiniões mais aceitas. sinais de Gravidade Além das diferenças de nível de proteinú- ria já mencionados acima, os critérios de gravidade de pré-eclâmpsia também va- riam entre os autores: • O livro rotinas em obstetríCia (2006) con- sidera a PAD ≥ 105 como sinal de gravida- de, e não ≥ 110 mmHg. A versão 2011 do mesmo livro utiliza o valor de 110 mmHg. • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) não cita a elevação da creatinina e considera oligúria < 400 ml/24 horas como critério de gravidade. • O livro reZende obstetríCia 12ª edição (2013) cita a oligúria < 500 ml/24 horas como sinal de gravidade, e não < 400 ml/24 horas. Da mesma forma, este valor é citado pela edição do livro rotinas em obstetríCia2011 e pelo manuaL do ministério da saúde “Gestação de aLto risCo” (2012). Já a 13ª edição do re- Zende obstetríCia (2016) considera apenas creatinina no soro > 1,1mg/dl como critério da gravidade, sem mencionar oligúria. • O livro HermóGenes obstetríCia básiCa 2ª edição (2007) cita a elevação do ácido úrico > 6,0 mg% como sinal de gravidade quando acompanhada de icterícia. A 3ª edição do mesmo livro (2015) menciona que o ácido úrico não é considerado cri- tério de gravidade, mas que está associa- do a complicações perinatais sem asso- ciação com prognóstico adverso materno. • O livro ZuGaib obstetríCia (2012) tam- bém cita como valor clínico para diag- nóstico de doença hipertensiva especí- fica da gravidez grave o nível de 6 mg/ dl em gestante com valor anteriormente normal e sem uso de diurético. Já na 3ª edição do livro (2016) o autor afirma que o ácido úrico não é oficialmente consi- derado um critério diagnóstico de pré- -eclâmpsia, mas que o nível superior a 6 mg/dl é altamente sugestivo da pre- sença de pré-eclâmpsia. • O manuaL da soGimiG (2012) inclui o clearance de creatinina < 60 ml/min como critério de gravidade e usa a oligúria me- nor ou igual a 500 ml em 24 horas. De forma geral, os autores não incluem o ácido úrico como critério de gravidade, mas a elevação da creatinina plasmática deve ser valorizada. Critérios diaGnóstiCos: proteinúria Segue um quadro de resumo sobre as diferenças no diagnóstico da proteinúria na pré- -eclâmpsia, dentre os diversos autores: lIVRO Proteinúria 24 horas Amostra isolada Proteinúria em fita Rotinas em Obstetrícia (2006) Leve: ≥ 300 mg Grave: ≥ 2 g Leve: ≥ 0,3 mg/dl ou relação proteinúria/ creatinúria ≥ 0,5 Leve: ≥ +2 Rotinas em Obstetrícia (2011) Leve: ≥ 300 mg Grave: ≥ 5 g Leve: relação protei- núria/creatinúria ≥ 0,3 Leve: ≥ +1 Hermógenes Obstetrícia Básica 3ª edição (2015) Leve: ≥ 300 mg Grave: > 5 g Relação proteinúria/ creatinúria > 0,7 ≥ +2 Rezende Obstetrícia 12ª edição (2013) Leve: ≥ 300 mg Grave: ≥ 5 g Não cita Leve: ≥ +1 Grave: ≥ +3 em duas amostras com inter- valo de 4 horas Williams Obstetrics (2014) e Rezende Obstetrícia 16ª edição (2016) Diagnóstico: > 300 mg A proteinúria não é mais considerada um critério de gravidade Relação proteinúria/ creatinúria > 0,3 ≥ 1+ persistente Ginecologia e Obstetrícia (SOGIMIG, 2012) Leve: ≥ 300 mg Grave: ≥ 2 g Não cita Leve: ≥ 1+ Grave: Não cita Zugaib Obstetrícia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) Leve: ≥ 300 mg Grave: ≥ 5 g 2012: Não cita 2016: 0,3 2012: ≥ 3+. 2016: > 1+. Manual “Gestação de Alto Risco” (MS, 2012) Grave: Proteinúria igual/maior que 2,0 g em 24 horas Leve: ≥ 30 mg/dl Grave: não citado Grave: Proteinúria igual/maior 2+ em fita urinária Portanto, não há consenso em relação aos níveis de proteinúria compatíveis com gravidade e em relação ao uso de pesquisa de proteinúria com fita. Obstetrícia - Volume 2 31Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Divergências na Literatura Fique de olho! droGa para tratamento da Crise Hipertensiva • O livro reZende obstetríCia 12ª edição (2013) menciona que o fármaco de esco- lha é a hidralazina, mas que o labetalol e a nifedipina também podem ser utilizados. A 13ª edição (2016) menciona que podem ser utilizados a hidralazina intravenosa ou o nifedipino oral, enquanto nos casos não responsivos pode ser administrado o ni- troprussiato de sódio. • O livro HermóGenes obstetríCia básiCa 3ª edição (2015) recomenda o tratamento inicial com hidralazina, associando a nife- dipina caso necessário. O diazóxido seria uma opção caso o controle pressórico não fosse obtido com hidralazina e nifedipina. O labetalol seria uma opção, mas que não está disponível no Brasil. • O livro GineCoLoGia e obstetríCia (soGi- miG, 2007) recomenda a hidralazina, a nifedipina e o nitroprussiato de sódio como drogas de primeira, segunda e ter- ceira escolha respectivamente. O soGi- miG 2012 cita também o labetalol, mas reforça sua indisponibilidade no Brasil. • O livro rotinas em obstetríCia (2006 e 2011) recomenda a nifedipina como pri- meira escolha, e cita o uso da hidralazina, labetalol e nitroprussiato de sódio. Con- traindica o uso de diazóxido, IECA e propranolol. • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) recomenda a hidralazina como primeira escolha e o nitroprussiato de sódio como segunda linha. Contraindica o uso de nifedipina sublingual devido às repercussões ma- ternas e fetais. • O livro Williams Obstetrics (2014) reco- menda a hidralazina, o labetalol e a nife- dipina. O uso de nitroprussiato de sódio só deve ser aventado em caso de ausên- cia de resposta aos outros anti-hiperten- sivos mencionados. • O manuaL do ministério da saúde “Gesta- ção de aLto risCo” (2012) recomenda a hidralazina venosa e a nifedipina oral, reservando o nitroprussiato para os casos de difícil controle ou para os casos em que há sinais de encefalopatia hipertensiva. Portanto, as literaturas nacional e inter- nacional divergem em relação à droga de primeira escolha, mas a hidralazina pa- rece ser a mais aceita. droGa anti-Hipertensiva para tratamento da Hipertensão CrôniCa na GravideZ • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) recomenda o pindolol como droga de escolha, na dose 10 a 30 mg/dia, em duas ou três tomadas, com incrementos de 5 a 10 mg. Cita a metil- dopa como segunda e a amlodipina como terceira opção, na dose de 5 a 20 mg por dia, por via oral. • Todos os demais autores consultados recomendam a metildopa como droga de primeira escolha. Vamos pela maioria! FrequênCia respiratória no aCompa- nHamento de paCientes utiLiZando o suLFato de maGnésio • O manuaL do ministério da saúde “Gesta- ção de aLto risCo” (2012), o manuaL da FebrasGo (2011) e o livro reZende obste- tríCia (12ª edição, 2013 e 13ª edição, 2016) recomendam a interrupção do uso do magnésio quando a frequência respirató- ria estiver menor que 16 irpm. • O livro HermóGenes obstetríCia básiCa 3ª edição (2015) descreve que a dose do sulfato de magnésio só pode ser repetida se a frequência respiratória for superior a 12 incursões por minuto. • O livro GineCoLoGia e obstetríCia soGi- miG (2007 e 2012) não recomenda um valor específico para avaliação da fre- quência respiratória. • O livro rotinas em obstetríCia (Freitas 2011) cita apenas a diurese e os reflexos tendinosos como critérios para o uso do sulfato de magnésio, sem mencionar a frequência respiratória. • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) menciona que a nova dose só deve ser aplicada se a frequência respiratória estiver acima de 14 irpm. • O Williams Obstetrics (2014) recomenda a administração do sulfato de magnésio se não houver depressão respiratória, mas não menciona o valor da frequência respiratória. Veja que muitos autores ficam “em cima do muro” e não colocam um valor da fre- quência respiratória para utilizar o sulfa- to de magnésio e os que colocam não se entendem! Esta é mais uma controvérsia importante na Obstetrícia! vaLores sériCos do maGnésio em paCientes utiLiZando suLFato de maGnésio • Devido às divergências na literatura, se- guimos a recomendação do livro Williams Obstetrics (2014). Este livro cita que os níveis terapêuticos devem se situar entre 4 a 7 mEq/l, níveis de 10 mEq/l estão associados a perda do reflexo patelar e que em cerca de 12 mEq/L ocorre parada respiratória. Obstetrícia - Volume 2 32Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Divergências na Literatura Fique de olho! • O livro GineCoLoGia e obstetríCia (so- GimiG, 2007) cita que o nível terapêuti- co do magnésio é de 4 a 8 mEq/L, que alterações do ECG ocorremcom níveis entre 5 a 10 mEq/L e a perda dos refle- xos patelares em 10 a 12, paralisia res- piratória em 15 e parada cardíaca em níveis > 25 mEq/L. Já a versão 2012 cita o nível terapêutico entre 4 e 8, perda de reflexos entre 9 e 12, dificuldade respi- ratória entre 15 e 17 e parada cardíaca entre 30 e 35 mg/dl. • O livro rotinas em obstetríCia (Freitas, 2006 e 2011) cita os níveis de 4 a 7, 8 a 10 e > 10 mEq/L para níveis terapêuticos, abolição do reflexo patelar e risco de pa- rada respiratória, respectivamente. • O livro reZende obstetríCia (2013) não menciona os níveis de magnésio sérico considerados tóxicos. O autor menciona que a toxicidade causada pelo sulfato de magnésio é rara e que o monitora- mento dos níveis séricos de magnésio é totalmente dispensável, estando indi- cado somente se houver disfunção renal e/ou ausência de reflexos tendinosos. A 13ª edição (2016) não menciona os ní- veis tóxicos e não faz esta ressalva so- bre o monitoramento dos níveis séricos de magnésio. • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) cita que os níveis tera- pêuticos se situam entre 4 e 7 mEq/L e que níveis entre 7 e 10 se associam a perda do reflexo patelar, níveis acima de 15 à depressão respiratória e acima de 30 mEq/L podem causar parada cardíaca. • Algumas referências internacionais utili- zam outra unidade de medida: mg/dl. Perda do reflexo ocorre em nível de mag- nésio entre 9.6 a 12.0 mg/dl, parada res- piratória em 12.0 a 18.0 mg/dl, e parada cardíaca em 24 a 30 mg/dl. Que confusão! “Chupa essa manga”!! tratamento da pré-eCLâmpsia Leve • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) recomenda que em casos de pré-eclâmpsia leve, estando a vitalidade fetal preservada, aguarde-se até no máximo 40 semanas de idade gestacional, quando, então, preconiza a interrupção da gravidez, preferencialmen- te por indução do parto. • O livro rotinas em obstetríCia (2006 e 2011) recomenda a interrupção da gra- videz com pré-eclâmpsia leve na 36ª semana de gravidez. • O manuaL da soGimiG (2012) indica o parto em idade gestacional maior ou igual a 40 semanas ou maior ou igual a 37 quando houver índice de Bishop ≥ 6 ou peso fetal < percentil 10 ou alteração nos testes de vitalidade fetal. • O livro HermóGenes obstetríCia básiCa 3ª edição (2015) recomenda o parto no termo, sem ultrapassar 40 semanas de gestação. • O reZende obstetríCia 12ª edição (2013) recomenda que na pré-eclâmpsia leve a conduta deve ser conservadora 37 se- manas, com posterior indução do parto. A 13ª edição mantém o momento de in- terrupção da gestação, mas menciona que no parto de uma paciente com pré- -eclâmpsia “opta-se pela operação cesa- riana, embora convenha lembrar que a indução pode ter bom êxito mesmo com o colo desfavorável”. • O livro Williams Obstetrics (2014) suge- re que, em gestações pré-termo, a con- duta conservadora pode ser uma opção, visando minimizar os riscos associados à prematuridade. • O manuaL do ministério da saúde “Gesta- ção de aLto risCo” (2012) recomenda a interrupção da gravidez na pré-eclâmpsia leve com 40 semanas, desde que não haja comprometimento maternofetal. Portanto, apesar da falta de consenso, parece que a tendência nos casos de pré-eclâmpsia leve seria a conduta ex- pectante até o termo, quando estaria in- dicada a interrupção da gravidez. restrição sódiCa no tratamento da pré-eCLâmpsia Recomendam a dieta hipossódica: • ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016). Não recomendam a restrição sódica: • rotinas em obstetríCia (2006 e 2011). • reZende obstetríCia (12ª edição, 2013 e 13ª edição, 2016). • HermóGenes obstetríCia básiCa 3ª edição (2015). • manuaL para ConCursos/teGo da soGimiG (2012). • Williams Obstetrics (2014). Portanto, a opinião da maioria parece ser não haver necessidade da restrição sódica. tratamento da eCLâmpsia e pré- -eCLâmpsia Grave • O livro rotinas em obstetríCia (2006) re- comenda a interrupção da gravidez sem- pre que a idade gestacional for maior que 32 semanas (eclâmpsia ou pré-eclâmpsia Obstetrícia - Volume 2 33Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Divergências na Literatura Fique de olho! grave), ou houver risco de vida materno e/ou fetal imediato. Já a edição 2011 cita a idade gestacional de 34 semanas. Os livros manuaL de GineCoLoGia e obstetrí- Cia da soGimiG (2012) e manuaL para ConCursos/teGo da soGimiG (2007) usam esta mesma idade gestacional como ponto de corte, mas, em casos de eclâmpsia, recomendam a interrupção da gravidez em qualquer idade gestacional. • O livro reZende obstetríCia 12ª edição (2013) recomenda a conduta expectante nos casos de pré-eclâmpsia grave entre 24 e 34 semanas, caso seja possível a estabilização clínica da paciente. O parto está recomendado para todos os casos de pré-eclâmpsia grave com 34 semanas ou mais de gestação após os cuidados iniciais. Já nos casos de eclâmpsia, a conduta conservadora não é possível, estando recomendada a interrupção da gestação após a estabilização do quadro clínico por no mínimo 4 horas. Já na 13ª edição (2016), o autor afirma que nos casos de pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia está indicada a interrupção qualquer que seja a idade da gravidez e que o ACOG tem considerado a possibilidade do tra- tamento conservador da pré-eclâmpsia entre 24 e 34 semanas. Também seria aceitável a interrupção da gestação 24 a 48h da administração de corticoide em hospitais terciários. Sobre o parto, o autor afirma que “opta-se pela operação cesa- riana, embora convenha lembrar que a indução pode ter bom êxito mesmo com o colo desfavorável”. • O livro ZuGaib obstetríCia (2ª edição, 2012 e 3ª edição, 2016) recomenda o tratamen- to conservador até 37 semanas nos ca- sos de pré-eclâmpsia grave, desde que haja adequado controle clínico materno e fetal. Nos casos de eclâmpsia, reco- menda a conduta conservadora até 34 semanas quando as condições maternas e fetais permanecem estáveis após o episódio inicial. • O livro Williams Obstetrics (2014) reco- menda a interrupção da gravidez em todo caso de pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia e cita a conduta conservadora apenas se houver melhora do quadro materno e fetal após a internação hospitalar. • O manuaL do ministério da saúde “Ges- tação de aLto risCo” (2012) recomenda a interrupção nos casos graves a partir de 34 semanas e em qualquer idade ges- tacional em pacientes com eclâmpsia. Parece que a interrupção da gestação é o procedimento mais seguro; em ca- sos selecionados, a conduta conserva- dora poderá ser uma opção, visando, basicamente, o amadurecimento pul- monar fetal. tratamento da síndrome HeLLp • O livro rotinas em obstetríCia (2006 e 2011) recomendam a interrupção da gravidez em todo caso de síndrome HELLP, independentemente da idade gestacional. • O livro reZende obstetríCia 12ª edição (2013) a interrupção a partir de 34 se- manas e a corticoterapia por 24-48 horas caso a idade gestacional esteja entre 24 e 34 semanas. Na 13ª edição (2016), o autor menciona que a condu- ta é igual a da pré-eclâmpsia grave. • O livro HermóGenes obstetríCia básiCa 3ª edição (2015) recomenda a interrup- ção da gravidez em gestações com fetos viáveis, e que a conduta expectante de gestações muito prematuras pode ser feita em centros terciários. • O manuaL para ConCursos/teGo da soGimiG (2007) recomenda a conduta conservadora em idade gestacional me- nor que 34 semanas, desde que as condições maternas e fetais permitam, visando à administração de curso de corticoterapia para amadurecimento pulmonar fetal, seguida da interrupção após 48 horas. A versão de 2012 do manuaL de GineCoLoGia e obstetríCia da soGimiG acrescenta a necessidade de interrupção
Compartilhar