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ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 89Medgrupo - CiClo 2: M.E.D epilepsia 89 Prevalência de epilepsia = 2% da população. algumas definições importantes: Epilepsia: patologia que se apresenta com crises epilépticas, desde que estas ocorram sem condições tóxicas, metabólicas ou febris. Convulsão: tipo de crise epiléptica caracteriza- da por ser tonicoclônica generalizada. Nem todo paciente que apresenta uma convulsão é portador de epilepsia: pode ter sido apenas uma convulsão febril isolada, por exemplo. Crises generalizadas: Originam-se simul- taneamente dos dois hemisférios cerebrais. Exemplos: crise tonicoclônica generalizada (Grande Mal), ausência (Pequeno Mal), clô- nicas, tônicas, mioclônicas, atônicas e espas- mos. Quase todas cursam com comprometi- mento da consciência, exceto as mioclonias. Crises focais ou parciais: A atividade epiléptica se restringe a determinada área do córtex ce- rebral. A consciência pode estar preservada ou comprometida. Quando há preservação plena da consciência a crise é denominada crise focal simples, porém, se a consciência for comprome- tida a crise é considerada focal complexa. O que significa Paralisia de Todd? Paresia localizada durante alguns minutos a muitas horas na região acometida durante a crise epiléptica. Principais síndromes epilépticas: Ausência: perda total da consciência, com duração de 5 a 25 segundos, até 200 vezes ao dia. Pode ser acompanhada de compo- nente motor, autonômico e automatismos. As crises podem ser desencadeadas por hiperventilação, estresse, hipoglicemia. EEG: complexos ponta-onda na frequência 3 ciclos/segundo. Epilepsia parcial benigna da infância (Rolândica): crise parcial simples (motora ou sensitiva). Normalmente envolvendo língua, lábios, musculatura da faringe, bo- chechas. As crises geralmente são curtas (1 a 2 minutos). Quando noturna, é comum se tornar generalizada. Epilepsia Mioclônica Juvenil: crises mio- clônicas principalmente ao despertar. Fre- quentemente os pacientes evoluem com crises tônico-clônicas após as mioclonias. Em 1/3 dos casos há fotossensibilidade. Epilepsia do Lobo Temporal: é a epilepsia parcial mais frequente no adulto e a causa mais comum é a esclerose mesial temporal. Caracteriza-se na maioria das vezes por crises parciais complexas recorrentes (olhar fixo, automatismos orais e manuais) de du- ração de 1 a 2 minutos. A ressonância mag- nética de crânio é capaz de mostrar sinais indicativos de esclerose mesial temporal. Síndrome de West (espasmos infantis): es- pasmos infantis + atraso no desenvolvimen- to neuropsicomotor + EEG com hipsarritmia. Síndrome de Lennox-Gastaut: podem apresentar diversos tipos de crises e estão associadas a retardo mental e distúrbio comportamental. Diagnóstico: EEG Tratamento: depende do tipo de crise – As- sociações mais cobradas: Ausências etos- suximida ou valproato; Ausências + tonicoclô- nica generalizada valproato; Tonicoclônica ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight Meu computador Sublinhado ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ROSE Highlight ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 90Medgrupo - CiClo 2: M.E.D generalizada carbamazepina, fenitoína, valproato; Parcial simples ou complexa carbamazepina, fenitoína, valproato; Síndro- me de West: Vigabatrina (caso indisponível tratar com ACTH, corticosteroides). anticonvulsivante que serve para todas as crises = valproato. Como tratamos o status epilepticus? Inicial- mente com glicose a 50% + tiamina IV. Em se- guida deve-se administrar lorazepam ou diaze- pam IV. Caso as convulsões continuem, pode-se repetir a dose. A partir daí, caso as convulsões persistam é necessário adicionar drogas. A pri- meira a ser adicionada é a fenitoína. Se o status não for controlado deve-se tentar fenobarbital. O último passo é anestesiar o paciente com midazolam, propofol ou pentobarbital. Convulsão febril: Ocorre, principalmente, nas crianças entre 6 meses e 5 anos. Caracterís- ticas clássicas: febre alta e/ou que aumenta rapidamente, duração < 10 minutos, convulsão generalizada, principalmente tonicoclônica ou apenas clônica, período pós-ictal com altera- ção da consciência. Em 30-50% das crianças as convulsões febris se repetem e o risco de epilepsia futura é mais alto apenas nas crianças que apresentam algum sinal de alarme. A punção lombar só é recomendada de rotina em menores de 1 ano, devendo ser considera- da entre 12 e 18 meses e sempre que houver suspeita de meningite. O EEG não prediz o risco de recorrência das convulsões febris, es- tando reservado apenas para os casos em que se suspeite de epilepsia (ex.: crises atípicas). Tratamento: acalmar os pais + tratar causa da febre. O Nelson recomenda diazepam re- tal em crises > 5 minutos. Pode ser prescrita profilaxia, opcional, para prevenir convulsões recorrentes, com diazepam oral durante os episódios febris. Introdução Vamos falar de uma doença que ainda provo- ca rejeição e estigma de pacientes e até de alguns médicos, pois muitas vezes é errada- mente associada a distúrbios psiquiátricos e retardo mental. A epilepsia não escolhe classe social, sexo, idade, área geográfica... Qualquer indivíduo pode ser acometido por ela. É o transtorno neurológico grave mais comum!!! O paciente e a família devem ser muito bem esclarecidos sobre a doença, pois aderência ao tratamento é fundamental para o seu controle... Definições Não pule essa parte! No decorrer do capítulo, você verá que as definições recordadas aqui são importantíssimas para a compreensão do texto!!! O que é epilepsia? Não há ainda uma definição que agrade a todos. Não tem características de doença es- pecífica e nem de síndrome. Então vamos falar que epilepsia é uma pato- logia que se apresenta com crises epilépticas, desde que estas ocorram sem condições tó- xicas, metabólicas ou febris. O que é crise epiléptica? É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Durante um curto período de tempo (segundos ou minutos), uma parte do cérebro manda descargas elétricas anormais e excessivas. Essas descargas podem ficar restritas a uma parte de cérebro (crise focal ou parcial) ou podem se espalhar para os dois hemisférios cerebrais (crise generalizada). O que é estado de mal epiléptico (status epilepticus)? É definido como uma crise prolongada. Existem vários critérios de status. Vamos citar alguns: Status convulsivo: • 20 a 30 minutos de crises convulsivas contínuas (subentrantes). • Pelo menos 3 crises em uma hora. • Crises com mais de 5 minutos de duração. Status não convulsivo: • Crises não convulsivas (parcial com- plexa, ausência...) sem recuperação da consciência entre elas. Convulsão x epilepsia Um erro bastante comum é a con- fusão entre os termos “convulsão” e “epilepsia”. É importante que você, como bom médico, saiba diferenciá-los! A convulsão é um tipo de crise epiléptica caracterizada por ser tonicoclônica generalizada. Nem todo paciente que apresenta uma convulsão é portador de epilepsia: pode ter sido apenas uma convul- são febril isolada, por exemplo... A epilepsia, como vimos há pouco, é uma patologia que se apresenta com crises epilépticas, desde que estas ocorram sem condições tóxicas, metabólicas ou febris. Nem toda crise epiléptica é uma convulsão: a crise por ser de ausência, mioclônica... Assim, mais uma vez: “con- vulsão” e “epilepsia” não são sinônimos!!! ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 91Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Você tem a dimensão desta patologia? Estima-se que 2% (isso mesmo, duas em cada 100 pessoas) da população apresen- tem epilepsia. Empaíses desenvolvidos, espera-se que até os 20 anos 1% da popu- lação desenvolva epilepsia. Quando aborda- mos a população até 80 anos, mais de 3% possui epilepsia. Com certeza, esta doença é uma das mais comuns da humanidade. Independente da especialidade que você escolher, com certeza encontrará pacientes com epilepsia. Fisiopatologia De uma maneira resumida vamos entender o seguinte: a doença se caracteriza por des- cargas elétricas neuronais excessivas. Se essa descarga estiver apenas em uma parte do cérebro, teremos as crises parciais ou fo- cais; se envolver os dois hemisférios, teremos as crises generalizadas; e se começar em uma parte do cérebro e depois se propagar para os dois hemisférios, teremos as crises parciais com generalização secundária. O que leva a essa descarga excessiva? Ela pode ocorrer por aumento da excitação neuronal (principal responsável é o glutama- to) ou por falta de inibição neuronal (principal inibidor é o ácido gama-aminobutírico). etiologia Primeiramente temos que ter o seguinte con- ceito: as causas de crises epilépticas variam com a idade!! Observe: • Período neonatal: doenças congênitas, trauma, anóxia e desordens metabólicas. • Crianças entre 3 meses e 5 anos de ida- de: predominam as convulsões febris, mas temos também as causas anteriores, idiopática e infecções. • Entre 5-12 anos: a causa mais comum de epilepsia é genética, em especial, as síndromes epilépticas primárias. • Adultos jovens: o TCE, a neurocisticer- cose, o abuso de drogas ilícitas e a abs- tinência alcoólica compõem os principais fatores etiológicos, mas as neoplasias também devem ser consideradas. • Idosos: a causa mais comum é a doença cerebrovascular, responsável por 30-70% dos casos (fase aguda ou principalmente meses ou anos após o evento). Os tumo- res cerebrais respondem por 10-15% dos casos de epilepsia em idosos, enquanto causas tóxicas, metabólicas e isquêmico- -hipóxicas correspondem a cerca de 10% dos casos. Outras causas menos comuns de epilepsia no idoso são: TCE, hematoma RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA DO AMAZONAS – AM Homem, 70 anos, é trazido ao pronto socorro devido quadro de crise convulsiva. A causa mais frequente nesta faixa etária é: a) Neuroinfecção. b) Doença de Alzheimer. c) Acidente vascular encefálico. d) Tumores intracranianos. Em pacientes idosos, a causa mais comum de crises convulsivas é o Acidente Vascular Encefálico (AVE), que responde por cerca de 50% dos casos. As crises convulsivas podem ocorrer em 4 a 9% dos casos de AVE. Outras causas comuns são: encefalopatia metabólica (hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia, hipocalcemia), uso de medicamentos, tumores e infecções. Devido à elevada relação com AVE, pacientes idosos que se apresentam com uma primeira crise convulsiva devem sempre ser avaliados com exame de neu- roimagem. Resposta: C. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS – RJ Paciente feminina com 20 anos de idade e história de crises convulsivas frequentes nos Epilepsia Primária ou Idiopática Por mais que se investigue esse paciente, não se encontra causa orgânica para sua epilepsia. Geralmente abrem o quadro na infância e adolescência, e tendem a desa- parecer na idade adulta. Epilepsia Secundária ou Sintomática Para ser considerada sintomática ou se- cundária, o paciente tem que apresentar duas ou mais crises associadas a distúr- bios metabólicos, eletrolíticos, intoxicação exógena, abstinência ao álcool, meningi- tes, encefalites, AVE, tumores, vasculite... OBS.: Considerando a definição mais aceita para epilepsia, esta não deveria en- globar alterações devidas a intoxicações e distúrbios metabólicos dentre suas causas secundárias. Contudo, a prática médica, ao longo dos anos, acabou consagrando essa definição errada para as epilepsias secundárias, ou seja, que as mesmas po- deriam se dever a distúrbios metabólicos crônicos, por exemplo. ATENçãO!! Todo adulto que apresente uma crise epilép- tica, não importa se parcial ou generalizada, deve ter como hipótese diagnóstica a crise secundária, portanto há necessidade de investigação etiológica em todos os casos (TC ou RM de crânio, exames laboratoriais, pesquisa de intoxicação exógena, liquor...). subdural, infecção do SNC e doença cere- bral degenerativa (Ex.: Alzheimer). ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 92Medgrupo - CiClo 2: M.E.D últimos dois meses. É submetida à tomografia computadorizada do crânio que demonstra múltiplas microcalcificações difusas pelo pa- rênquima cerebral, sem outras alterações. O diagnóstico mais provável é: a) Glioma cerebral. b) Tuberculose. c) Toxoplasmose. d) Neurocisticercose. As causas de convulsões variam com a idade. Até os 5 anos, a principal causa são as convulsões febris. Dos 5 aos 12 anos, as prin- cipais causas são as síndromes epilépticas primárias. Em idosos predomina a doença cerebrovascular. Nestas, as convulsões po- dem ocorrer durante o evento primário ou até mesmo meses após a instalação de um AVE hemorrágico ou isquêmico. Em adultos, as principais causas são: o TCE, neurocisticer- cose, o abuso de drogas ilícitas ou abstinência alcoólica. As neoplasias também devem ser consideradas como diagnóstico diferencial em qualquer idade. No enunciado, não foi infor- mado acerca de TCE ou uso de drogas e abstinência pelo álcool. Assim, nossas princi- pais hipóteses figuram entre as causas de processo expansivo do SNC - neurocisticer- cose e neoplasias. Frente ao achado de múl- tiplas calcificações difusas pelo parênquima cerebral, ficamos com a hipótese de Neuro- cisticercose. Resposta: D. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – HNMD Paciente de 75 anos, hipertenso e diabético é atendido na emergência, apresentando quadro de confusão mental seguido de convulsões tonicoclônicas generalizadas. Diante deste quadro, assinale a opção correta. a) A anamnese deve questionar ocorrência de traumatismos cranianos recentes ou remotos. b) É irrelevante excluir alterações metabólicas agudas, tais como hiperglicemia. c) A presença de febre contraindica a rea- lização de punção liquórica, pelo risco de contaminação. d) Os antecedentes clínicos excluem acidente vascular agudo como causa das convulsões. e) O tratamento inicial indicado é carbama- zepina sublingual. Convulsões no idoso: as principais causas são AVE, tumores, toxicidade, metabólicas (distúrbio da natremia, glicemia, coma mi- xedematoso, crise addisoniana...) e trauma, mais ou menos nessa ordem... Analisando as opções de trás para diante: E é absurda (nem sabemos o que o paciente teve!); D é erra- da, pois não há dados de história e exames complementares que nos permitam afastar AVE; C chega a ser engraçada (Coitados dos pacientes com meningite!); B também é erra- da, pois menospreza as causas metabólicas como origem de convulsões (embora seja mais comum com a hipoglicemia, a hiperglicemia também pode estar associada). Resposta, por eliminação simples, letra A. Classificação Para caracterizar o quadro clínico, primeira- mente temos que separar as crises generali- zadas das focais. CRiSES GENERaLizaDaS x FOCaiS (PaRCiaiS) As crises generalizadas originam-se simultaneamente dos dois hemisférios cerebrais. O sistema reticular ativador ascendente é aco- metido, portanto o paciente perderá a cons- ciência. O paciente pode perder a consciência por poucos segundos várias vezes ao dia (crise de ausência) ou até perder a consciência por minutos com movimentos (crise tonicoclônica generalizada). Normalmente nestas crises há envolvimento muscular, seja com aumento da contração (crise tônica, clônica, mioclônica, espasmos), ou com diminuição da contração (crise atônica).Todas as crises generalizadas cursam com comprometimento da consciência? Quase todas! As crises mioclônicas são a exceção: cursam com preservação da consciência apesar de serem generalizadas. Nas crises focais ou parciais, a atividade epiléptica se restringe a determinada área do córtex cerebral Como a crise é restrita a um local do cérebro, os sintomas dependerão da área afetada. Crises frontais vão apresentar manifestações motoras, enquanto crises parietais apresenta- rão manifestações sensitivas, crises occipitais manifestações visuais; crises temporais, alte- rações comportamentais... E como fica a consciência durante as crises parciais? Depende. Pode ser preservada ou comprometida. Quando há preservação plena da consciência a crise é denominada crise parcial simples. Porém, se a consciência for comprometida a crise é considerada parcial complexa. SUbCLaSSiFiCaçÃO DaS CRiSES GENERaLizaDaS Crise Tonicoclônica Generalizada (Grande Mal) ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 93Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Caracterizada pela perda súbita da cons- ciência seguida de uma contração tônica e terminada pela fase clônica. Ocorre o grito epiléptico, os quatro membros são afetados e pode ocorrer sialorreia com liberação es- fincteriana. Após a crise, o paciente entra no período pós-ictal, de aproximadamente 15-30 minutos, apresentando letargia, con- fusão mental e sonolência. Crises de ausência (Pequeno Mal) Perda súbita e breve (até 30 segundos) da consciência várias vezes ao dia (pode che- gar a 200 vezes). Pode vir acompanhada de alterações motoras muito discretas, como piscamento, sinais autonômicos, automatis- mos orais e manuais. Na escola, a criança não consegue acompanhar as aulas. Crises Clônicas Presença de abalos musculares clônicos. Crises Tônicas Aumento do tônus muscular. Duram de 10 a 20 segundos. Crises Mioclônicas Contrações musculares súbitas semelhantes a choques, com preservação da consciência. Frequentemente ocorrem após privação do sono, ao acordar ou ao início do sono. Aconte- ce, por exemplo, quando sonhamos que esta- mos em queda livre e, de repente, acordamos. Crises atônicas Caracterizada por perda do tônus muscular. Leva o indivíduo a quedas que realmente machucam e podem ser desencadeadas por sustos. Não esqueça que as crise s parciais podem diss eminar-se p or todo o có rtex em um segu ndo moment o. Neste cas o, teremos as c rises parciais com generalizaçã o secundária , as quais també m cursam co m perda da con sciência. Ah! Então qual é a diferen ça entre e crise parcial comple xa e a crise parcial com generalização secundária? Na crise parcial complexa a área envolvida é restrita e há acometimento do sistema reticular. Por outro lado, na crise secundariamente generalizada, a crise começa em uma área restrita e evolui para os dois hemisférios cerebrais com acometimento do sistema reticular. Espasmos São contrações tônicas rápidas, de 1 a 15 segundos. Normalmente ocorrendo várias vezes ao dia, com preferência ao acordar ou durante o sono. São semelhantes às crises tônicas. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2014 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Assinale dentre as alternativas abaixo aquela que melhor identifica as características clínicas das crises convulsivas do tipo grande mal. a) Breve comprometimento da consciência; geralmente, o paciente não percebe os ataques. b) Espasmos mioclônicos únicos ou múltiplos sem comprometimento da consciência. c) Convulsões repetidas, sem recuperação entre elas, com duração acima de 30 minutos. d) Perda da consciência, com atonia muscular súbita e queda ao solo, sem espasmos mus- culares associados. e) Perda súbita da consciência, rigidez, espas- mos musculares e liberação esfincteriana, seguidos de confusão pós-ictal. A crise Tonicoclônica Generalizada (Gran- de Mal) é caracterizada pela perda súbita da consciência seguida de uma contração tôni- ca e terminada pela fase clônica. Ocorre o grito epiléptico, os quatro membros são afe- tados e pode ocorrer sialorreia com liberação esfincteriana. Após a crise, o paciente entra no período pós-ictal, de aproximadamente 15-30 minutos, apresentando letargia, con- fusão mental e sonolência. Melhor resposta, portanto, opção E. ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 94Medgrupo - CiClo 2: M.E.D SUbCLaSSiFiCaçÃO DaS CRiSES PaRCiaiS (FOCaiS) Simples Sintomas de uma determinada área cere- bral, mas sem alteração da consciência. Os sintomas podem ser motores (clônicos, tô- nicos), ou sensoriais (parestesias, sintomas visuais, auditivos, olfatórios, autonômicos). Vamos ver algumas nomenclaturas relevantes para as nossas provas: 1) Paralisia de Todd: paresia localizada durante alguns minutos a muitas horas na região acometida durante a crise epiléptica 2) Marcha jacksoniana: representa a ex- tensão da atividade epiléptica para uma região progressivamente maior do córtex motor. Ocorre, por exemplo, quando a crise inicia-se nos dedos e evolui para acometer todo o membro. Complexas Normalmente surge no lobo frontal ou tem- poral. Caracterizada pela alteração da cons- ciência (não responsividade) e automatismos faciais com movimentos repetitivos. Normal- mente dura de 45 a 90 segundos. Período pós-ictal marcado por desorientação. Gelásticas São crises de risos inapropriados. Associadas aos hamartomas hipo talâmicos. Fatores que podem desencadear uma crise Privação do sono Álcool Estresse Uso inadequado do anticonvulsivante Estímulos específicos como luzes, video- game ou músicas RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO Uma adolescente procura assistência relatan- do desmaio presenciado pelo namorado, que descreve uma crise tonicoclônica clássica. Na anamnese, você verifica que a paciente refere, antecedendo o quadro, visão de luzes brilhantes intermitentes, após o que de mais nada lembra. Você classificaria o episódio luminoso descrito como crise: a) Atônica. b) De automatismo. c) Parcial simples. d) Parcial complexa. e) De ausência. Nessa questão é possível trabalhar os con- ceitos mais básicos de classificação de uma crise convulsiva. O enunciado pede para que seja feita a classificação do referido “episódio luminoso”. Perceba que a atividade epiléptica se restringiu à topografia occipital (alucina- ção visual), sendo uma CRISE FOCAL OU PARCIAL. Como não houve perda inicial da consciência (tanto que a paciente está relatan- do o ocorrido), podemos falar que o episódio luminoso foi uma CRISE PARCIAL SIMPLES. Logo depois, essa crise evoluiu com genera- lização secundária, conforme relatado (crise tonicoclônica generalizada). Resposta letra C. PRiNCiPaiS SÍNDROMES EPiLÉPTiCaS ausência infantil ou Pequeno mal Idade: início entre 5 e 8 anos. Crise: perda total da consciência, com du- ração de 5 a 25 segundos, até 200 vezes ao dia. Pode ser acompanhada de componente motor (alteração do tônus, movimentos clôni- cos), autonômico (palidez, dilatação pupilar, taquicardia) e automatismos (continuar a fazer o que estava realizando, movimentos faciais). As crises podem ser desencadeadas por hi- perventilação, estresse, hipoglicemia. Cerca de 40% dos pacientes desenvolvem também crises tônico-clônicas generalizadas. Eletroencefalograma: complexos ponta-onda na frequência de três ciclos por segundo. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS A.A.M., de oito anos, do sexo feminino, foi ao ambulatório com queixa de dificuldade escolar. Durante a consulta, a paciente apresentou perda de consciência súbita, acompanhada de piscamento, com duração de cercade 30 segundos. Houve recuperação total e rápida do quadro. A mãe afirmou que já observou vários episódios semelhantes anteriormente. Qual o diagnóstico etiológico e como proceder a investigação diagnóstica? a) Epilepsia tipo ausência e eletroencefalografia. b) Transtorno do déficit de atenção e avaliação neuropsicológica. c) Tique e tomografia computadorizada de crânio. d) Mioquimia ocular e eletroneuromiografia. Questão que descreve a clínica clássica de uma crise de ausência: típica da criança co- mum, que apresenta perda de consciência súbita, acompanhada de movimentos repeti- dos e involuntários – automatismos (no caso, piscamento), de rápida duração e elevada frequência. O diagnóstico é feito pelo EEG que é típico com complexos ponta-onda na fre- quência de 3 ciclos/segundo (3 Hertz). RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP Uma adolescente, com 12 anos de idade, apresenta 3 episódios diários de comprome- timento de consciência com duração de cerca de 20 segundos, sem confusão pós-crítica. ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 95Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Qual dos itens abaixo seria mais útil durante a consulta neurológica? a) Reflexos patelares. b) Hiperventilação. c) Fundo de olho. d) Manobra de Valsalva. e) Reflexo cutaneoplantar. Tanto as crises clínicas quanto as alterações eletroencefalográficas podem ser desencadea- das por alcalose respiratória. Por causa dessa peculiaridade, é clássica a recomendação de solicitar ao paciente que hiperventile (“respire rápido”) durante o exame eletroencefalográfico (ou mesmo exame físico), de modo que isso nos permita flagrar as manifestações patogno- mônicas da doença!!! Resposta certa: letra B. epilepsia parcial benigna da infância (Rolândica) É a forma mais comum de epilepsia na in- fância (corresponde de 15 a 25% dos casos) Idade: 3 a 13 anos. Crise: parcial simples (motora ou sensitiva). Normalmente envolvendo língua, lábios, mus- culatura da faringe, bochechas. As crises ge- ralmente são curtas (1 a 2 minutos). Quando noturna, é comum se tornar generalizada. Eletroencefalograma: complexos ponta-onda centrotemporais. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS A epilepsia parcial benigna é um tipo comum de epilepsia parcial na infância, com excelen- te prognóstico, com pico de incidência entre os 9 e 10 anos de idade, ocorrendo durante o sono em 75% dos pacientes que apresentam crises parciais com sinas motores e somatos- sensoriais confinados à face. O padrão do EEG apresenta focos de ponta repetidas na área centrotemporal ou rolândica com a ativi- dade da base normal. A droga preferida para o controle dessas crises é: a) Carbamazepina. b) Fenobarbital. c) Lamotrigina. d) Ácido valproico. As epilepsias parciais benignas da infância são síndromes idiopáticas que ocorrem em crianças sem alteração neurológica ou de de- senvolvimento e têm um curso benigno, com remissão antes da adultidade. O tipo principal é a “Epilepsia Parcial Benigna da Infância com Ondas Agudas Centrotemporais”, também co- nhecida como “Epilepsia Rolândica”, responsá- vel por 15-25% dos casos de epilepsia na infân- cia. As manifestações são mais comuns entre 3 a 13 anos de idade, com um pico de incidência entre os 7 e 10 anos, acometem mais frequen- temente meninos e possuem uma forte predis- posição familiar. Os achados clínicos consistem em crises motoras que se iniciam na hemiface. Sintomas orofaríngeos também estão presentes e incluem contrações tônicas e parestesias da língua, formigamento da bochecha, disfagia e salivação excessiva. O comprometimento toni- coclônico das extremidades ipsilaterais pode ser encontrado. A consciência pode ou não se en- contrar preservada e, eventualmente, ocorre generalização secundária, que costuma acon- tecer com maior frequência no período noturno (75% dos casos), razão pela qual alguns casos acabam não sendo diagnosticados... O EEG demonstra complexos ponta-onda em região centrotemporal ou área rolândica. Esta variedade de epilepsia possui caráter inteira- mente benigno. Na grande maioria dos pacien- tes os achados anormais do EEG desapare- cem com a idade. O tratamento consiste no uso de carbamazepina, que geralmente é descontinuada em torno dos 14 a 16 anos de idade, quando a remissão espontânea da de- sordem geralmente ocorre. Resposta certa: letra A. epilepsia mioclônica Juvenil (síndrome de Janz) Idade: 13 a 20 anos. Crise: crises mioclônicas principalmente ao des- pertar e geralmente desencadeadas por privação do sono. Frequentemente os pacientes evoluem com crises tônico-clônicas após as mioclonias. Também pode haver crises de ausência. Em cerca de 1/3 dos casos há fotossensibilidade. Eletroencefalograma: heterogêneos, mas geralmente mostram atividade de pontas e polipontas-onda, bilateral e sincrônica, ou complexos de ponta-onda ritmados com fre- quência superior a 3/s (geralmente entre 3,5 e 4,5 ciclos por segundo). RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO Paciente do sexo masculino, de 17 anos, há uma semana começou a apresentar crises de “repuxamento”. A mãe relata que pela manhã, quando vai acordar o filho para a escola, presen- ciou quatro episódios em que ele fica com corpo todo duro e, em seguida, apresenta movimen- tos repetidos de flexão dos braços, por cerca de três minutos. Ela conta que ele dorme por mais alguns minutos após a crise e acorda sem ter percebido nada. Seu eletroencefalograma apresenta complexos espícula-onda lenta irre- gulares, generalizados, com atividade de base normal. No momento da consulta, o paciente estava assintomático e seus exames geral e neurológico eram normais. Nesse caso, a droga de primeira escolha para tratamento em mono- terapia e a principal hipótese diagnóstica são: a) Valproato e epilepsia generalizada idiopática. b) Clonazepam e epilepsia focal sintomática. c) Etossuximida e epilepsia focal idiopática. d) Gabapentina e epilepsia generalizada se- cundária. ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 96Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Estamos diante de um quadro muito suges- tivo de epilepsia mioclônica juvenil, uma das formas mais frequentes de epilepsia generali- zada idiopática. A manifestação clínica básica dessa doença é a ocorrência de MIOCLONIAS bilaterais nos membros, tipicamente ao des- pertar (mioclonia = contrações repetitivas, sú- bitas e involuntárias de apenas um músculo ou grupo de músculos, tipicamente acometendo as extremidades). A privação de sono pode ser desencadeante, e o paciente pode ou não ter crises tônico-clônico generalizadas e/ou crises de ausência associadas. O EEG mostra um padrão de complexos ponta-onda difusos, com atividade de base normal. A faixa etária de maior incidência vai dos 13 aos 20 anos, e a droga de primeira linha no tratamento é o valproato. Resposta certa: A. epilepsia do Lobo Temporal É a epilepsia parcial mais comum no adulto (40% dos casos). A causa mais comum é a esclerose mesial temporal (esclerose hipocampal). Crise: caracteriza-se na maioria das vezes por crises parciais complexas recorrentes (olhar fixo, automatismos orais e manuais) de dura- ção de 1 a 2 minutos. Frequentemente são seguidas de crises tôni- co-clônicas generalizadas. Alguns pacientes podem apresentar distúrbios da memória e pode haver história de crises febris na infância. Epilepsia do lobo temporal mesial = Eletroencefalograma: atividade epileptiforme nas regiões temporais médio-basais. OBS.: a ressonância magnética de crânio é capaz de mostrar sinais indicativos de esclerose mesial temporal. Podem não responder aos anticonvulsivantes, mas a intervenção cirúrgica costuma ser uma boa opção. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS– GO Nas crises epilépticas de difícil controle, o achado de imagem mais comum é: a) Displasia cortical. b) Esclerose mesial temporal. c) Tumor embrionário. d) Gliose por anoxia perinatal. Todas as condições citadas são causas possíveis de epilepsia de difícil controle clíni- co, porém a maioria delas é rara... A mais comum de todas - estatisticamente falando - é a chamada epilepsia do lobo temporal mesial (ELTM), condição diretamente causada por uma lesão conhecida como esclerose mesial temporal (atrofia do hipocampo e do lobo tem- poral, que fica com o corno temporal aumen- tado). Esses pacientes respondem bem ao tratamento cirúrgico, após ressecção dessa lesão. Resposta certa: B. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG Leia o caso a seguir para responder às próxi- mas duas questões: Desde a idade de 10 anos, uma mulher, agora com 21 anos, tem ataques de medo incapacitan- te. Aos três anos, apresentou duas convulsões generalizadas tonicoclônicas, que foram asso- ciadas à febre. Aos 10 anos, ela começou a ter episódios de medo incapacitante, que duravam de 2 minutos a 12 horas. Permanece alerta nesses episódios, não quer ficar sozinha, fica pálida, com sudorese e apresenta movimentos estereotipados, como movimentos mastigatórios ou de esfregar as mãos. Tem também episódios noturnos, quando engatinha ao redor da cama, boceja, mastiga, saliva e parece amedrontada. Que tipo de convulsão a paciente apresenta e qual a Epilepsia associada? a) Crise generalizada tonicoclônica com sinto- mas autonômicos e Epilepsia Mioclônica Juvenil. b) Crise parcial motora com generalização se- cundária e Epilepsia Sintomática do lobo frontal. c) Convulsão febril generalizada e Epilepsia Sintomática do lobo temporal. d) Crise parcial simples, crise parcial complexa e generalização secundária e Epilepsia Sinto- mática do lobo temporal. e) Crises parciais com generalização secun- dária e Epilepsia Sintomática do lobo parietal. Neste caso, teremos a crise parcial simples representada pela sensação de medo e a crise parcial complexa representada pelos automa- tismos, como engatinhar ao redor da cama, bocejar, mastigar e salivar. Não há episódios de generalização secundária, mas a opção D permanece a melhor escolha... Parada do comportamento + automatismos = Epilepsia do lobo temporal mesial. Qual o melhor exame para confirmar o diag- nóstico e qual a etiologia mais provável? a) TCC e tumor de lobo frontal. b) Estudo genético e Epilepsia Mioclônica Juvenil. Parada do comportamento/olhar fixo + automatismos Observe a esclerose mesial tempo- ral na RM (corte coronal). ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 97Medgrupo - CiClo 2: M.E.D c) RM e Esclerose Mesial Temporal. d) EEG e malformação arteriovenosa lobar. e) RM e Paquigiria do lobo parietal. O diagnóstico da esclerose mesial temporal pode ser confirmado através da RM. Opção C correta. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – HCG Paciente do sexo feminino de 23 anos apre- sentou quatro episódios que se iniciaram com mal-estar epigástrico e gosto ruim na boca, depois dos quais não se lembra do que ocor- reu. A acompanhante relata que a paciente fica parada com olhar fixo e mastigando por poucos minutos, em seguida fica confusa, falando palavras desconexas, por cerca de 10 minutos. Nos intervalos dos episódios, a paciente não tem outras queixas. Possui an- tecedente de convulsão febril na infância. Seu exame médico é totalmente normal, bem como a investigação laboratorial e de imagem. Com base nos dados da história, o tipo de crise epi- lética, sua localização e o tratamento indicado são, respectivamente: a) Crise parcial simples, lobo parietal e car- bamazepina. b) Crise parcial complexa, lobo temporal e carbamazepina. c) Crise parcial complexa com generalização secundária, lobo parietal e ácido valproico. d) Crise primariamente generalizada, bicortical e ácido valproico. O enunciado descreve um quadro clássico de Epilepsia do Lobo Temporal, que é a epilep- sia parcial mais comum do adulto. Em primeiro lugar, temos o relato de uma forma clássica de aura nessa topografia temporal (que, nes- te caso, nada mais é do que uma convulsão parcial simples, sem perda da consciência): sensação epigástrica ascendente, que mui- tos doentes referem como uma “sensação da montanha russa”, aquele “friozinho na barriga” quando nos aventuramos neste tipo de brin- quedo. Pra quem achou “a maior onda”, uma má notícia: a convulsão parcial simples pode evoluir para parcial complexa (com perda da consciência) que nos pacientes com epilepsia focal sintomática do lobo temporal se mani- festa na forma de um olhar fixo associado a automatismos ou maneirismos gestuais em cerca de 60% dos casos. Exatamente como o relatado... Os automatismos são definidos como movi- mentos sem propósito, estereotipados e repe- titivos, que em geral envolvem as mãos (por exemplo: ato de “pegar”) e a boca (ex.: atos de “mastigar”, “beijar”...). Um aspecto carac- terístico da epilepsia do lobo temporal é que o automatismo aparece do mesmo lado do lobo temporal comprometido. A confirmação da Epi- lepsia do lobo temporal pode ser feita, de fato, tanto pelo EEG interictal (pontas agudas que tendem a ser máximas nos eletrodos antero e médio-temporais) quanto pela RM mostrando esclerose mesial ou hipocampal, que parece ser a causa mais comum deste tipo de epilep- sia. O tratamento é feito com uso contínuo das drogas de primeira linha para tratamento das convulsões parciais (simples, complexas ou com generalização secundária): principalmen- te carbamazepina e fenitoína, como veremos a seguir. Resposta certa letra B. síndrome de West (espasmos infantis) Compreende a seguinte tríade: 1. Espasmos infantis 2. Retardo do desenvolvimento neurop- sicomotor 3. EEG com padrão de hipsarritmia Idade: inicia-se quase exclusivamente no pri- meiro ano. Crise: espasmos breves intermitentes da mus- culatura do pescoço, tronco e membros, poden- do levar a movimentos de extensão ou flexão. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – MG Lactente de 6 meses de idade inicia com qua- dro de episódios de flexão cervical e membros superiores abruptos em salvas (cluster) segui- do de choro, principalmente ao adormecer e ao despertar. Mãe relata que o filho parou de sorrir e não senta mais, além de estar mais apático. Foi à consulta com o neurologista, que pediu tomografia de crânio, que foi normal, e eletroencefalograma, que mostrou hipsarrit- mia. Considerando o caso descrito, assinale a alternativa que apresenta o diagnóstico MAIS provável desse paciente. a) Síndrome de West. b) Doença do refluxo gastroesofágico. c) Epilepsia benigna da infância. d) Síndrome de Lennox Gastaut. A questão aborda uma urgência na Neuro- logia Pediátrica: a síndrome de West ou es- pasmos infantis. Esta síndrome normalmente inicia-se na fase de lactância, entre os quatro e oito meses de idade. O paciente da questão tem seis meses, que apresenta episódios abruptos de flexão cervi- cal e de membros superiores em salvas (es- pasmos), com impacto direto no neurodesen- volvimento do menor, visto que o mesmo não consegue mais sorrir e sentar, sendo marcos do desenvolvimento já esperados para a faixa etária. Para confirmar, temos um padrão ele- troencefalográfico patognomônico da patolo- gia, a hipsarritmia, que caracteriza-se por um padrão caótico de atividade de ondas lentas bilaterais assincrônicas e de alta voltagem. Resposta: alternativa A. ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 98Medgrupo - CiClo 2: M.E.D RESIDÊNCIA MÉDICA – 2014 ALIANÇA SAÚDE – PR Uma criança de 8 meses é conduzida para avaliação no pronto-socorro, por estar apre- sentando, há 10 dias, episódios frequentesde contração dos membros superiores e abalos de flexão da cabeça de curta duração, às ve- zes seguidos de choro. A genitora diz que a criança sustentou a cabeça com 5 meses, ainda não senta nem com apoio. Foi realizado um EEG que revelou a presença de intensas descargas tipo polipontas-ondas, ondas lentas com aspecto caótico, assincrônico, hipervol- tagem e desorganizado com falta de um ritmo padrão de base. Frente a este quadro clínico, você pensaria inicialmente em: a) Síndrome de Landau-Kleffner. b) Síndrome de Lennox-Gastaut. c) Síndrome de Ohtahara. d) Epilepsia com ausência e mioclonia juvenil. e) Síndrome de West. O enunciado nos traz um lactente de 8 meses com ATRASO DO DESENVOLVIMENTO mo- tor (sustento cervical aos 5 meses ao invés de 2 meses, e ausência da capacidade de sentar com apoio, que deveria ter sido alcançada até 6 meses), e “crises” caracterizadas por contra- ções breves de membros e cabeça, altamente sugestivas de ESPASMOS. O eletroencefalo- grama revelando polipontas e ondas lentas de aspecto caótico traduz-se no traçado de HIP- SARRITMIA. Portanto, reunindo a tríade de espasmos + hipsarritmia + atraso do desenvol- vimento chegamos ao diagnóstico de SÍNDRO- ME DE WEST, uma encefalopatia epilética da lactância. A Síndrome de Ohtahara (SO) e a Encefalopatia Mioclônica Precoce (EMP) são encefalopatias epiléticas do lactente mais jo- vens, também cursam com grave atraso do desenvolvimento, refratariedade ao tratamento, crises do tipo tônicas (SO) e mioclônicas (EMP) e o EEG revela um padrão de surto-supressão. A síndrome de Lennox-Gastaut, é outro exem- plo de encefalopatia epilética, mais comum nos pré-escolares e o traçado típico do EEG é a ponta-onda lenta. Gabarito letra E. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR Paciente com 6 meses de idade apresenta, ao despertar e ao adormecer, 5 a 10 contrações rápidas em flexão dos membros superiores, repetidas, acompanhadas de queda da cabe- ça. O eletroencefalograma é compatível com hipsarritmia. No exame clínico, observa-se leve atraso no desenvolvimento motor e cog- nitivo, manchas hipocrômicas em forma de chama de vela e no estudo de imagem nódu- los hiperdensos subependimários. Apresenta antecedente de rabdomioma do coração que está em remissão. Assinale os diagnósticos e o tratamento indicado. a) Reflexo de Moro e epilepsia mioclônica - fenobarbital. b) Síndrome de West e neurofibromatose - vigabatrina. c) Síndrome de West e neurofibromatose - ACTH. d) Síndrome de West e toxoplasmose congê- nita - ácido valproico. e) Síndrome de West e esclerose tuberosa - corticosteroide. A síndrome de West pode ser criptogênica (sem causa aparente – 10 a 20%) ou secun- dária a eventos pré-natais e perinatais, como encefalopatia anóxico-isquêmica com leuco- malácia periventricular, infecções congêni- tas, erros inatos do metabolismo, síndromes neurocutâneas como esclerose tuberosa, anormalidades estruturais e prematuridade, ou pós-natais, como infecções do SNC, TCE e encefalopatia hipóxico-isquêmica. A principal característica da síndrome de West é que ela cursa com crises de espasmos mus- culares (daí a sinonímia “espasmos infantis”), apresentando o clássico padrão eletroencefalo- gráfico de “hipsarritmia”. Hipsarritmia é o termo que descreve um padrão cerebral marcado por complexos ponta-onda lentos e de alta volta- gem, geralmente multifocais. Existe associação com a esclerose tuberosa (para mais informa- ções, vide a primeira questão do texto para R3) e, antigamente, utilizava-se tanto o ACTH quanto os corticosteroides para o tratamento dessa síndrome. Contudo, atualmente temos uma droga chamada vigabatrina que melhorou consideravelmente o controle das crises desses pacientes. Resposta certa: letra E. síndrome de Lennox- -Gastaut Idade: início geralmente entre dois e dez anos. Crise: podem apresentar diversos tipos de crises (tônicas, atônicas, mioclônicas, tônico- -clônicas, parciais complexas), associadas a retardo mental e distúrbio comportamental. Etiologia: pode ser devida à encefalopatia anóxica prévia, ou precedida pela síndrome de West, ou criptogênica. Eletroencefalograma: complexo de ponta- -onda de frequência lenta (até 2,5 ciclos/se- gundo) e atividade de base caótica na vigília. OBS.: Geralmente são refratárias ao tratamento antiepiléptico. Carbamazepina piora as crises. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 ALIANÇA SAÚDE – PUC – PR – CLÍNICA MÉDICA Que afirmação está CORRETA com relação à síndrome de Lennox-Gastaut? a) Crises de variados tipos, usualmente genera- lizadas tonicoclônica, atônica, ausência atípica. b) O eletroencefalograma mostra < 3Hz pon- ta-onda. c) Comprometimento das funções cognitivas na maioria dos casos. d) Essa síndrome está associada com doen- ças ou disfunção do sistema nervoso central devido a uma variedade de causas, incluindo ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 99Medgrupo - CiClo 2: M.E.D anormalidades do desenvolvimento, hipóxia perinatal, isquemia perinatal, trauma, infecção. e) Todas as afirmações estão corretas. Opção “E”. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2014 FACULDADE DE MEDICINA DE CAMPOS – RJ Pré-escolar, cinco anos, sexo masculino, desen- volvimento neurológico adequado, vem cursan- do com crises epilépticas generalizadas tonico- clônicas e crises motoras focais há 5 meses. Há um mês passou a apresentar afasia. Ao exame neurológico apresenta cognitivo normal, sem sinais focais, ressonância magnética de crânio e a avaliação auditiva estão normais, EEG mos- tra atividades epileptiformes temporais indepen- dentes e descarga contínua durante o sono. A principal hipótese diagnóstica é: a) Síndrome de Landau-Kleffner. b) Síndrome opercular epileptiforme adquirida. c) Síndrome de Lennox-Gastaut. d) Epilepsia rolândica. e) Síndrome de Panayiotopoulos. Aprenda com a questão. A descrição de cri- ses epilépticas associadas a afasia, além de um EEG que revela atividades epileptiformes temporais independentes e descarga durante o sono, caracterizam a chamada Síndrome de Landau-Kleffner. Trata-se de uma doença rara, de causa desconhecida, caracterizada por per- da das capacidades da linguagem numa crian- ça previamente normal. Um grande percentual dos casos (mais de 70%!) tem crises convulsi- vas associadas. Resposta: letra A. Diagnóstico O primeiro passo para o diagnóstico é a rea- lização de uma anamnese detalhada sobre a crise. Como começou? Como se apresentou? Como o paciente estava após a crise (Sono- lento? Confuso?). Normalmente isso é conse- guido com parentes do paciente. Não esqueça que existe muito simulador de crise por aí!! Trabalhos mostram que 30% das crises nos próprios epilépticos são falsas (pseudocrise)!! RESIDÊNCIA MÉDICA – 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ TAÍS, 31 anos, apresentou perda da consciên- cia há algumas semanas. Caso Clínico: Diabetes mellitus desde os 8 anos. Há três meses apresentou glicemia de jejum de 150 mg/dl, hemoglobina glicada (método HPLC) de 8,3; proteinúria (++). Seu médico sugeriu intensificação das atividades aeróbicas e ajustou as doses de insulina para 40U de insulina NPH humana + 5U de insuli- na regular, antes do desjejum e 10U de NPH humana + 10U de insulina regular 30 minu- tos antes do jantar. Após algumas semanas, os níveis de glicemia de jejum passaram a variar entre 70 e 90 mg/dl e a média nunca ultrapassou 150 mg/dl. Há três semanas, pela primeira vez na vida, apresentou palpitações, seguidas de perda da consciência. Recupe- rou-se rapidamente e foi levada à Emergência, aonde chegou acordada, lúcida, sem lesões traumáticas e com leves abalos clônicos fa- ciais. Foi medicada com glicose intravenosa. Posteriormente teve 3 episódios de náuseas, sudorese, palpitação e borramento da visão, porém semperda da consciência. Ganhou 3 kg nos últimos meses. Refere trabalhar muito, por vezes não consegue almoçar, fazendo “lan- che” e não tem condições de se automonitorar. Tinha crises de hipoglicemia na infância. Nega tabagismo, etilismo ou uso de drogas ilícitas. Peso: 72 kg. Sinais Vitais: Tax = 36ºC, PA= 126 x 76 mmHg, FC = 62 bpm, FR = 15 irpm. Fun- doscopia normal. Exame físico sem alterações. Exames laboratoriais: Hemoglobina: 15.3 g/dl; leucometria: 5.500 mm3 (diferencial normal), ureia 20 mg/dl, creatinina 1,0 mg/dl; glicemia de jejum 66 mg/dl; colesterol total 160 mg/dl, HDL 45 mg/dl, LDL 100 mg/dl, triglicerídeos 120 mg/dl, hemoglobina glicada 8,0%; EAS normal; microalbuminúria = 42 mg/24 horas; cortisol sérico (60 min após teste da cortrosina) 25µg/dl. Eletrocardiograma (ECG) de repouso: O achado do ECG: Em relação ao diagnóstico diferencial entre síncope e crise epiléptica neste caso: a) A ocorrência de abalos clônicos localizados confirma o diagnóstico de epilepsia. b) É fundamental a realização do tilt-teste. c) O nível de consciência, imediatamente após o episódio, caracteriza o quadro de epilepsia. d) A recuperação rápida da consciência sugere o diagnóstico de síncope. Atenção a questões como esta. A Taís apre- sentou um episódio de síncope e não uma cri- se convulsiva. Esses dois diagnósticos muitas vezes se confundem. As convulsões possuem algumas características especiais como a desorientação pós-ictal. Lembre que a Taís apresentou um período de inconsciência pre- cedido por palpitação. O retorno à consciência foi rápido. Pacientes com síncope apresentam uma transição estereotipada da consciência para a inconsciência com recuperação rápida da consciência. Além disso, a hipoglicemia é principal causa de perda súbita da cons- ciência em diabéticos insulinodependentes (nada impede que essa paciente tivesse DM e epilepsia, porém temos de concordar que é muito mais provável que ela seja apenas uma portadora de DM que tenha apresentado uma simples síncope). Resposta D. ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 100Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Quais são os principais exames comple- mentares? Eletroencefalograma (EEG) É um exame essencial. Mais de 90% dos epi- lépticos têm traçado anormal quando realizado várias vezes, em sono e em vigília, principal- mente com técnicas estimulativas (fototerapia, hiperventilação, privação do sono...). Tonicoclônica generalizada carbama- zepina, fenitoína, valproato, lamotrigina, topiramato Parcial simples ou complexa carbama- zepina, fenitoína, valproato, lamotrigina, levetiracetam Parcial com generalização secundária (incluindo epilepsia do lobo temporal) carbamazepina, fenitoína, valproato Mioclônica valproato, lamotrigina Espasmos infantis vigabatrina (na falta desta, ACTH e corticosteroides) Anticonvulsivante que serve para quase todas as crises = RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE – RS Criança de 7 anos, com desenvolvimento neu- ropsicomotor normal, foi trazida à consulta por vir apresentando vários episódios de perda abrupta da consciência durante o dia. A mãe relatou que a criança ficava parada, com olhos abertos por um breve momento, e melhorava logo a seguir. O eletroencefalograma mostrou descargas generalizadas do tipo ponta-onda na frequência de 3 Hz. Esses episódios aca- baram por interferir no aprendizado. Não havia outros sintomas. O diagnóstico de epilepsia foi confirmado. Que fármaco, dentre os abaixo, é o mais indicado para o tratamento desse tipo de crise? a) Carbamazepina. b) Ácido valproico. c) Oxcarbazepina. d) Fenitoína. e) Fenobarbital. A primeira pergunta que você deve respon- der é a seguinte: Como caracterizar as crises apresentadas por essa escolar? O que esse escolar apresenta são crises de ausência. O quadro costuma ter início entre 5 e 8 anos e pode permanecer muito tempo sem ser diag- nosticado. As crises duram alguns segundos e caracterizam-se por desvio do olhar, mas sem os automatismos que são encontrados nas crises parciais complexas. Não há ocor- rência de período pós ictal e o paciente retoma suas atividades logo após o término da crise, exatamente como no caso descrito. Esses episódios podem ser deflagrados por hiper- ventilação (durante 3-5 minutos) e a avaliação eletroencefalográfica pode revelar complexos ponta-onda lentas de 3 ciclos/segundo. O tra- tamento pode ser feito com ácido valproico ou etossuximida. Resposta: letra B. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2013 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MATO GROSSO DO SUL Paciente de 15 anos, sexo masculino veio ao PS por ter apresentado o 4° episódio de crise Valproato EEG mostrando ondas epileptiformes em todos os canais. Videoeletroencefalograma A realização do EEG é feita com registro de imagem 24 horas por dia (pode chegar a vários dias consecutivos). Permite a visua- lização da crise junto com a alteração do traçado elétrico. Tomografia Computadorizada Consegue diagnosticar lesão associada à crise epiléptica em 30% dos casos. Permite a visualização de malformações arterioveno- sas, calcificações cerebrais, tumores. Ressonância Magnética Consegue diagnosticar lesões mais sutis que a tomografia. Tratamento Objetivos: Controlar as manifestações. Evitar efeitos colaterais das medicações. Restaurar qualidade de vida do paciente. Princípios básicos Preferência monoterapia. Iniciar com dose baixa e aumentar gra- dativamente. Nunca retirar a droga de modo súbito. Para que serve o tratamento medicamen- toso? Ele é sintomático, impede novas crises. Qual droga escolher (primeira linha)? Ausências etossuximida ou valproato Ausências + tonicoclônica generalizada valproato ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 101Medgrupo - CiClo 2: M.E.D caracterizada pelos pais como tonicoclônica generalizada. Paciente refere não ter pressen- tido, porém já há 3 meses vem apresentando episódios de choque nos MMSS que o faz derrubar objetos das mãos, mais pela manhã, principalmente quando vai dormir tarde. O diagnóstico e o melhor tratamento são: a) Epilepsia focal idiopática e carbamazepina. b) Epilepsia focal idiopática e fenitoína. c) Epilepsia focal sintomática e fenitoína. d) Epilepsia mioclônica juvenil e acido valproico. e) Epilepsia generalizada idiopática e fenitoína. O quadro descrito é característico da epilep- sia mioclônica juvenil, uma das epilepsias ge- neralizadas idiopáticas mais frequentes. Tipi- camente o paciente é um adolescente com abalos mioclônicos que predominam nos mem- bros superiores (principalmente ao despertar), crises de ausência e/ou crises tônico-clônicas generalizada. A consciência costuma estar preservada durante os abalos mioclônicos. A privação do sono piora o quadro convulsivo e, por vezes, ajuda no diagnóstico, desencadean- do as ondas características no EEG, que é o teste de confirmação mais sensível e mostra descargas em ponta, poliponta ou ponta/poli- ponta, no EEG de rotina em vigília, durante o sono e/ou durante o acordar. Outros fatores precipitantes são a luz (fotossensibilidade) e a ingestão alcoólica. O tratamento é com anticon- vulsivantes de amplo espectro como o ácido valproico e a lamotrigina, sendo opções o topi- ramato, o levetiracetam ou o clonazepam. A resposta aos fármacos é muito boa. O prog- nóstico é considerado benigno. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2013 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO VANDERLEI – PB É droga anticonvulsivante indicada para o tratamento dos espasmos infantis: a) Vigabatrina. b) Fenitoína. c) Primidona. d) Carbamazepina. e) Fenobarbital. De acordo com a mais recente classificação de epilepsias e síndromes epilépticas da liga internacional contra a epilepsia, espasmos in- fantis (EI) são convulsõestípicas da infância, caracterizadas por contrações bruscas e simul- tâneas de vários grupos musculares, mais frequentemente em flexão, rápidas e repetidas, que geralmente se associam a diferentes graus de retardo do desenvolvimento neuropsicomo- tor (DNPM) e, quando também associadas a um padrão típico de eletrencefalograma (EEG) chamado hipsarritmia, configuram a entidade clínica denominada síndrome de West. A vigabatrina tem sido citada na literatura como droga de excelência para os EI. Seu mecanismo de ação é o aumento do GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotrans- missor inibitório e vem sendo usado por alguns serviços já em detrimento ao ACTH, classica- mente utilizado. Portanto, resposta, letra A. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR Menino com 6 anos de idade apresenta há 3 semanas crises de “desligamento” com duração de segundos. Essas crises ocorrem durante hiperventilação. O eletroencefalogra- ma mostrou atividade generalizada do tipo 3 ciclos/segundo de ponta/onda. Assinale o tratamento medicamentoso indicado para o tratamento desse quadro clínico: a) Carbamazepina ou ácido valproico. b) Carbamazepina ou oxcarbazepina. c) Fenobarbital ou ácido valproico. d) Ácido valproico ou etosuccimida. e) Topiramato ou ácido valproico. Caso típico de pequeno mal epiléptico, incluindo associação com hiperventilação e EEG característico. Drogas de escolha? Etos- suximida e ácido valproico. Resposta letra D. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Homem, 30 anos, apresentou episódio úni- co de crise tonicoclônica generalizada com duração de 5 minutos, enquanto assistia à televisão. Exame neurológico normal. Rea- lizou Ressonância Magnética de Encéfalo e Eletroencefalograma os quais foram normais. Nega antecedente de convulsão febril, TCE ou neuroinfecção. A conduta recomendada para esse paciente é: a) Iniciar fenobarbital e realizar acompanha- mento clínico. b) Iniciar ácido valproico e realizar EEG a cada seis meses por dois anos. c) Não iniciar tratamento para epilepsia e rea- lizar EEG a cada dois meses. d) Não iniciar tratamento para epilepsia e man- ter observação ambulatorial. Neste caso, temos um relato de convulsão isolada com EEG e RM normais. Esses exa- mes são 100% sensíveis para o diagnóstico de epilepsia? Na verdade não. Mais de 90% dos epilépticos têm traçado anormal quando realizado várias vezes, em sono e em vigília, principalmente com técnicas estimulativas (fo- toterapia, hiperventilação, privação do sono...). Observe que este paciente fez apenas um EEG, sem relato de técnica estimulativa. Isso não nos dá o direito de simplesmente excluir o diagnóstico de epilepsia, mas muito menos de iniciar um tratamento. Baseado em que faríamos isso? Qual é a conduta de “senso comum”, então? Não iniciar tratamento por enquanto, mantendo o paciente sob observa- ção. Resposta letra D. Aprenda com as questões! RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS – UNIFESO Um menino de 7 anos de idade é acompa- nhado ao ambulatório de neuropediatra por apresentar epilepsia e faz uso rotineiro de ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 102Medgrupo - CiClo 2: M.E.D ácido valproico (Depakene). Assinale a ma- nifestação clínico laboratorial que pode ser encontrada neste paciente, causada pelo an- ticonvulsivante em questão: a) Plaquetopenia. b) Leucocitose. c) Hiperglicemia. d) Hiperpotassemia. e) Hipocalcemia. Dentre os possíveis efeitos adversos asso- ciados ao uso do ácido valproico destacamos: ganho ponderal, tremor, acne, alopécia, náu- seas e vômitos, pancreatite, trombocitopenia, disfunção plaquetária, hepatotoxicidade, rash (risco de síndrome de Stevens-Johnson, espe- cialmente em associação com a lamotrigina) e, em mulheres, hipermenorreia e irregularidade menstrual. Opção “A” correta. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC Você prescreveu fenitoína para uma criança com epilepsia. Dentre os efeitos colaterais, qual o mais frequente? a) Síndrome hemoagocítica. b) Fenômeno de Raynaud. c) Insuficiência Hepática aguda. d) Hiperplasia gengival. e) Atrofia óptica. Os principais efeitos adversos associados ao uso da fenitoína são: hiperplasia gengival, hirsutismo, dermatite, discrasia sanguínea, ataxia, síndrome lúpus-like, síndrome de Ste- vens-Johnsons, linfadenopatia, hepatotoxida- de e nistagmo. A hiperplasia gengival é bas- tante frequente em indivíduos menores de 23 anos que fazem uso crônico de difenil-hidan- toína, principalmente se a dose diária for maior que 500 mg. Parece ter relação com distúrbio na síntese do colágeno e normalmente ocorre nos primeiros 6 meses de tratamento. Tal efei- to colateral suplanta a insuficiência hepática aguda como o mais comumente relacionado ao uso de fenitoína, ficando essa última mais restrita a portadores de doença hepática de base. Atenção ao diagnóstico diferencial com a hiperplasia gengival da LMA! Resposta D. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2012 FACULDADE DE MEDICINA DO ABC Qual das afirmações é falsa em relação à epi- lepsia e à gravidez? a) Drogas antiepiléticas aumentam o risco de malformações fetais. b) O maior risco de malformações fetais ocor- re pela exposição a drogas antiepilépticas no primeiro trimestre da gravidez. c) Suplementação com folato previamente e durante a gestação diminui a incidência de malformações fetais. d) É recomendada a troca da medicação an- tiepiléptica no início da gestação, se a droga em uso for vigabatrina ou ácido valproico. Em pacientes epilépticas que pretendem engravidar, a conduta mais aceita é a seguin- te: (1) deve-se reavaliar a necessidade de manter as drogas anticonvulsivantes; (2) caso essas drogas sejam necessárias, deve-se tentar utilizar a menor dose possível (e se possível, deve-se evitar a combinação de dro- gas), monitorando-se o nível sérico; (3) NÃO TROCAR A DROGA ESPECÍFICA, EXCETO SE FOR O ÁCIDO VALPROICO... Ainda não conhecemos por completo a segu- rança gestacional de todas as drogas antiepilép- ticas. Registros de epilepsia na gravidez têm coletado dados importantes, mas, principalmen- te em relação às drogas mais novas (como a vigabatrina), ainda não temos dados consisten- tes. No entanto, como dissemos, no caso do ácido valproico o risco de teratogenicidade já foi muito bem estabelecido, e parece que esta dro- ga é mais prejudicial do que os demais anticon- vulsivantes! Assim, especificamente no caso do ácido valproico (mas não com a vigabatrina) devemos trocar a medicação - se possível - an- tes de uma gravidez planejada!!! Outras medidas devem ser lembradas, como a suplementação pré-concepcional de ácido fólico, que compro- vadamente reduz a incidência de malformações congênitas. Resposta letra D. Observe o esquema abaixo: OBS.: No Brasil, a medicação mais usada no controle inicial do status é o diazepam venoso devido à indisponibilidade de lorazepam IV. Glicose 50% + tiamina Lorazepam 0,1 mg/kg IV a 2 mg/min Repetir uma vez se necessário em 8-10min Opção diazepam 10 mg IV em 2min Repetir uma vez se necessário em 3-5min Fenobarbital 20 mg/kg IV a 50-70 mg/min Fenitoína (20 mg/kg IV a 50 mg/min) Opção: fosfenitoína 20 mg/kg IV a 150 mg/min Fenitoína (5-10 mg/kg) Opção: fosfenitoína 5-10 mg/kg (ou dias doses de 5 mg/kg) Fenobarbital 5-10 mg/kg Anestesia com midazolam, propofol ou pentobarbital ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 103Medgrupo - CiClo 2: M.E.D E o tratamento do status epilepticus? Existem várias abordagens na literatura. Antes de qualquer coisa, devemos excluir a possibilidade de causas potencialmente tratáveis gerando a convulsão, como hipo- glicemia. Para isso, é recomendada a admi- nistração de glicose a 50% após tiamina IV (exceto emcasos onde os níveis glicêmicos são conhecidos e estejam normais). Em seguida, deve-se administrar lorazepam IV (no Brasil usamos o diazepam IV, pois não existe o lorazepam venoso). Caso não seja possível obter acesso venoso, uma opção é a administração retal. Se convulsões conti- nuarem, pode-se repetir a dose. A partir daí, caso as convulsões persistam é necessário adicionar drogas. A primeira a ser adicionada é a fenitoína. Se o status não for controlado deve-se tentar fenobarbital. O último passo é proceder à intubação orotra- queal e anestesiar o paciente com midazolam, propofol ou pentobarbital. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – DISTRITO FEDERAL – DF Julgue o seguinte item, relativo à epilepsia. Classifica-se o mal epiléptico em estágios de acordo com o tempo referente à atuação dos mecanismos de homeostasia cerebral. No estágio I, a convulsão apresenta duração menor que trinta minutos. Todavia, caso não haja controle nesse intervalo de tempo, o es- tágio II se instala e, após este, ocorre o mal epiléptico refratário. a) CERTO. b) ERRADO. O estado de mal epiléptico é caracterizado pela presença de crise epiléptica com mais de 30 minutos de duração ou de crises epilépticas repetidas sem que haja recuperação da cons- ciência entre elas. É uma situação que exige tratamento imediato e de ocorrência mais frequente na infância do que na idade adulta. A duração de 30 minutos que define o estado de mal epiléptico está relacionada ao tempo no qual os mecanismos de homeostasia ce- rebral são capazes de atender ao aumento da demanda metabólica produzida pela crise prolongada, o que corresponde ao estágio I, também chamado de fase compensada. À medida que a crise continua, inicia-se a fase de descompensação ou estágio II. Nesse período, ocorre falha da auto-regulação ce- rebral e surgem complicações tanto cerebrais quanto sistêmicas. Quando, a despeito do tratamento instituído, persiste a atividade convulsiva, instala-se o estado de mal epi- léptico refratário, cuja mortalidade é cerca de 40% nos pacientes adultos. A afirmativa está CORRETA! RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN – RN Quando uma criança chega ao Pronto Socor- ro em estado de mal epiléptico convulsivo, a conduta inicial a ser adotada é: a) Internar imediatamente a criança na Unidade de Terapia Intensiva sem qualquer intervenção e sem infusão de fármaco anticonvulsivante, como diazepan. b) Realizar breve história clínica, com concomi- tante punção venosa para coleta de sangue e infusão de fármaco anticonvulsivante como o diazepan, e desobstruir as vias áreas superiores. c) Verificar a febre antes de qualquer outra conduta e, em seguida, realizar a história clí- nica do paciente. d) Realizar uma infusão imediata de fenobar- bital e encaminhar a criança para a Unidade de Terapia Intensiva. O estado de mal epiléptico é uma emergên- cia médica com possibilidade de complicações significativas e risco de morte. É importante que essa situação seja rapidamente reconhecida e que se tenham condutas bem estabelecidas. O tratamento deve ser iniciado de imediato, pois as crises epilépticas de duração prolongada estão associadas a um maior número de com- plicações e risco de dano neurológico perma- nente. Desta forma, o tratamento inicial inclui: - Assegurar ventilação e oxigenação adequada; - Assegurar acesso venoso (para infusão de medicação e coleta de sangue); - Iniciar tratamento medicamentoso; - Iniciar investigação diagnóstica após o con- trole das crises epilépticas; Logo, a resposta que contempla todas as condutas a serem tomadas é a alternativa B! RESIDÊNCIA MÉDICA – 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR Um menino de 5 anos de idade é atendido com perda de consciência acompanhada de movimentos tonicoclônicos generalizados que persistem há 35 minutos. Assinale a alternativa que apresenta a conduta medicamentosa mais adequada para o caso. a) Diazepam intrarretal na dosagem de 0,5 mg/kg/dose. b) Hidantoínato intramuscular na dose de 5 mg/kg. c) Fenobarbital 100 mg via sonda nasogástrica ou intrarretal. d) Midazolam intramuscular na dose de 2,0 mg/kg. e) Diazepam endovenoso na dosagem de 2 mg/kg. Pegadinha. Veja bem. Você vai atender uma criança de 5 anos com movimentos toni- coclônicos generalizados. Será fácil obter um ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 104Medgrupo - CiClo 2: M.E.D acesso venoso e iniciar diazepam na dose de 0,1 a 0,3 mg/kg? Com certeza não. Apesar de a via IV ser a recomendada para o tratamento agudo do status, podemos nas crianças iniciar o tratamento com diazepam retal. Caso o local de atendimento não disponha de diazepam gel pode-se dissolver a ampola em soro fi- siológico e administrar com uma seringa pelo reto. Níveis terapêuticos são obtidos em 5 a 10 minutos. Opção “A” correta. CRIse FebRIL Introdução e epidemiologia Imagine você como um pai de “primeira via- gem”. Seu filho de apenas 1 ano de idade apresenta prostração e febre. Provavelmente ele tem uma virose simples e ficará bom em alguns dias. Mas, de repente, ele começa a apresentar um episódio convulsivo. Pânico é pouco para descrever o que a maior parte dos pais sente neste momento. No imaginário popular, as convulsões estão associadas a doenças graves e estigmatizantes. Calma! As convulsões febris são tão benignas quanto assustadoras. E é esta aparente con- tradição que torna o tema tão interessante e o faz ser um dos mais frequentes nas questões de provas. Veja a dimensão deste achado: É o tipo de convulsão mais frequente na in- fância. Considerando as crianças menores de 5 anos, entre 2 a 5% apresentarão esta alteração. Mas atenção: A alta frequência e benignida- de não são motivos para você desprezar as convulsões associadas à febre: Febre + Convulsão são manifestações comuns em meningites e sepse. Por isso é imprescindível descartar essas duas condições! Quem são as crianças que sofrem convul- sões febris? Segundo o Nelson (referência na maior parte das provas do país): Crianças dos 6 meses aos 5 anos Entenda um ponto importante! Fora desta fai- xa etária, este evento se torna raro, mas não impossível. Além disso, existem referências que trazem outras faixas etárias como mais comuns, como de 3 meses a 5 anos e de 9 meses a 5 anos. Portanto, fique atento! Fisiopatologia / Quadro Clínico Não se sabe ao certo, mas parece que fato- res genéticos estão envolvidos. As convul- sões febris são mais frequentes em crianças com histórico familiar em parentes de pri- meiro grau. A deficiência de ferro parece ser outro fator de risco. Vamos descrever um episódio clássico de convulsão febril: Uma criança de um ano e meio apresenta um episódio de febre cuja temperatura aumenta rapidamente e passa os 39ºC. Subitamente um episódio de convulsão tonicoclônica se inicia e dura apenas poucos minutos. A criança entra então num período pós-ictal marcado por sonolência ou torpor. Após este período a criança melhora e persiste apenas a prostração associada à febre. Mas atenção, crises atípicas podem ocorrer. Quem são elas? Veja as características clássicas: Criança entre 6 meses e 5 anos. Febre alta e/ou que aumenta rapidamente. Duração menor que 10 minutos. Convulsão generalizada, principalmente to- nicoclônica ou apenas clônica. Período pós-ictal marcado por alteração do nível de consciência. Crises atípicas: Duram mais de 15 minutos Crises do tipo focal Ocorrem repetidamente Permanecem deficits neurológicos focais no período pós-ictal Você tem que estar preparado para respon- der duas perguntas que todos os pais vão querer saber e principalmente as bancas de provas: 1- Isso vai acontecer denovo quando a criança apresentar novo episódio febril? • Em 30-50% das crianças as convulsões febris se repetem. As crianças com maior risco de recidiva são aquelas com menos ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 105Medgrupo - CiClo 2: M.E.D de 1 ano e as que apresentam convulsões com febre relativamente baixa (38-39ºC) e de curta duração (< 24 horas). 2- Esta criança possui maior risco de desen- volver epilepsia primária no futuro? • Não, exceto se houver algum sinal de alarme. Crianças que não apresentam os fatores de risco listados a seguir têm incidência de epilepsia primária no futuro de apenas 1%. Já as que apresentam al- terações no desenvolvimento neurológico chegam a 33%, por exemplo. Sinais de alarme para o desenvolvimento futuro de epilepsia: Anormalidades do desenvolvimento neu- rológico. Crise focal complexa. História familiar de epilepsia. Febre com duração < 1 hora antes da convulsão febril. Manifestação atípica do episódio convul- sivo (vide quadro anterior). Convulsões febris recorrentes. Além disso, já foi comprovado que as crian- ças que apresentam convulsões febris não têm risco aumentado de alterações de com- portamento, deficit de atenção ou distúrbio cognitivo, a não ser que desenvolvam epi- lepsia posteriormente. Diagnóstico O diagnóstico é clínico. Só solicitaremos algum exame complementar em casos selecionados, em que suspeitarmos de algo mais grave que uma simples convulsão febril. Veja: Punção Lombar: O Nelson é claro: “Se houver alguma dúvida sobre a possibilidade de meningite, uma punção lombar deve ser feita”. a punção é fortemente recomen- dada nos menores de 1 ano que se apre- sentam com convulsão febril e deve ser considerada (não é obrigatória) entre os 12 e 18 meses. Isso mesmo se a criança tiver outro foco infeccioso conhecido (ex.: otite média), pois isso não exclui a presença concomitante de meningite! Devemos res- saltar que quanto menor a criança, menos provável é o encontro dos sinais clássicos de irritação meníngea. Acima de 18 meses, a punção lombar está recomendada ape- nas se o quadro clínico sugerir meningite. Nos casos de convulsão febril, a análise do liquor será normal. Eletroencefalograma: Não prediz o risco de recorrência das convulsões febris, estando reservado apenas para os casos em que se suspeite de epilepsia (ex.: crises atípicas). Mesmo as convulsões febris benignas podem alterar o EEG pelo período de até 2 sema- nas (padrão de lentificação posterior), razão pela qual o exame, quando indicado, deve ser postergado por este período. Outra indi- cação seria nas crianças que demoram a se recuperar, para diferenciar entre status não convulsivante e período pós-ictal prolongado. Exames de neuroimagem (TC, RM): A princípio não estão recomendados. Devem ser considerados em caso de crises atí- picas, particularmente se a crianças tiver outras alterações neurológicas. Exames laboratoriais (como dosagem de eletrólitos): Só devem ser feitos se houver suspeita pela anamnese e exame físico de um outro diagnóstico. Vômitos, diarreia e desidratação são boas indicações para avaliação da bioquímica sérica. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2011 HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR – HPM – MG As convulsões febris constituem uma das ma- nifestações neuropediátricas mais frequentes. Marque a alternativa CORRETA. a) O diagnóstico é clínico e nem sempre fácil de ser definido inicialmente. b) Apresenta alta morbidade e baixa mortali- dade. c) Ocorre com mais frequência no período neonatal. d) O EEG na crise febril tem grande valor prognóstico. A opção correta é a letra A, visto que a convul- são febril é a desordem convulsiva mais comum da infância. Contudo, apesar de frequente, pode ser de difícil diagnóstico em alguns casos, já que podemos, por exemplo, observar convulsões em infecções do SNC. Em suspeita de meningites ou meningoencefalites, a obtenção de liquor para análise é fundamental para elucidar o qua- dro. Assim, a alta frequência e a benignidade não podem ser motivos para se desprezar as convulsões associadas à febre; as demais são incorretas pelo que acabamos de estudar. Tratamento A primeira medida a ser tomada é acalmar os pais e explicar sobre a benignidade do ocorrido. Em seguida, aplicar tratamento (se houver) para a causa da febre (ex.: antibioticoterapia). Os antitérmicos podem ser administrados, mas há dúvidas de que reduzam o risco de recorrência das convulsões febris. Se a crise durar mais de 5 minutos, o Nelson recomenda tratamento com benzodiazepínico (ex.: diazepam retal). No caso de status epilepticus febril, estão indicados benzodiazepínicos ou outros an- ticonvulsivantes, como a fenitoína, via intra- venosa. No tratamento do status epilepticus febril na infância não está preconizado nem tiamina e nem glicose 50% (a não ser que exista hipoglicemia). ClíniCa MédiCa - VoluMe 15 106Medgrupo - CiClo 2: M.E.D Nos casos de ansiedade extrema dos pais, o Nelson recomenda profilaxia, para prevenir convulsões recorrentes: diazepam oral na dose de 0,33 mg/kg 8/8h durante os episódios febris. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2016 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO – RJ Menino de dez meses, previamente hígido, foi levado ao pronto-atendimento pelos pais com quadro de febre de até 39°C, otalgia e vômitos (três episódios) há 36 horas. No dia anterior, em vigência de febre, teve crise convulsiva, tônico-clônica generalizada, que durou três mi- nutos. Tem alternado períodos de irritabilidade e sonolência, com dificuldade em se alimentar. A história vacinal é completa para idade e o pai relata que há história de convulsão febril na família. Ao exame físico, a criança está sonolenta, com estado geral comprometido, Tax = 37ºC, FR = 48 ipm, FC = 140 bpm, sem demais anormalidades ao exame físico. Dian- te desse quadro: Aponte dois dados contra e dois que sugerem convulsão febril. Contra: sonolência, comprometimento do estado geral, irritabilidade; A favor: idade, história familiar de convulsão febril, curta duração da convulsão (menos de 15 minutos). As crises febris são crises que ocorrem em crianças entre 6 e 60 meses com temperatura maior ou igual a 38ºC, que não são o resul- tado de infecções no sistema nervoso central ou distúrbios metabólicos e que ocorrem na ausência do relato de crises afebris anterior- mente. As crises febris simples, que são as mais comuns, costumam ser tônico-clônicas, duram menos do que 15 minutos e não recor- rem em um período de 24 horas. Esta con- dição parece ter um importante componente genético, posto que é comum a existência de história familiar positiva em um grande número de casos. A maioria das crianças com crises febris apresentam um período pós-ictal bem curto e retornam ao seu nível basal de com- portamento e consciência em alguns minutos. Assim, vendo o relato trazido, a descrição da sonolência e da irritabilidade nos preocupa: a irritabilidade pode ser uma das manifestações de uma infecção do sistema nervoso central (lembre-se de que os sinais clássicos de irrita- ção meníngea não são habitualmente notados no exame do lactente pequeno com meningi- te). Porém, temos dados que corroboram esta suspeita, como a história familiar e a idade da criança e, também, a curta duração da crise. RESIDÊNCIA MÉDICA – 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SE As crises convulsivas febris correspondem a um dos problemas neurológicos mais frequen- temente observados na população pediátrica, sendo que de 2 a 5% das crianças neurologi- camente saudáveis apresentarão pelo menos um episódio durante a infância. Qual das al- ternativas abaixo constitui uma afirmativa verdadeira sobre tal entidade nosológica? a) A faixa mais suscetível encontra-se entre o segundo mês de vida
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