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Humanos modernos

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A Origem dos Humanos Modernos e a Colonização de Novos Continentes
Adriana Schmidt Dias - UFRGS
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As especulações Ocidentais sobre a diversidade humana tem se estruturado desde a antiguidade. A origem única (monogenia) é defendida pelo dogma judiaco-cristão, porém a diversidade e hierarquia entre as raças seria explicada pelas diferentes trajetórias dos filhos de Noé e pela ação do clima, justificando a ascendência branca-européia. 
Em 1758, em Systema naturae, Lineu faz a primeira definição biológica das raças humanas, associando anatomia ao caráter e propondo uma hierarquia biológica. No século XIX o evolucionismo passa a dar sustentação científica ao poligenismo (várias origens), com reflexos na história da cultura: do negro-selvagem ao branco-civilizado.
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As críticas aos modelos racistas e suas conseqüências político-sociais inibiram o debate científico sobre o tema no pós-guerra. Porém, este ressurge nos anos 1980 a partir de 2 modelos: 
MODELO MULTI-REGIONAL (Alan Thorne e Milford Wolpuff - acima): partindo do registro fóssil e de uma perspectiva gradualista, sugere que os humanos modernos teriam se originado simultaneamente em diferentes regiões geográficas povoadas por humanos arcaicos, através de evolução paralela e gradual (fósseis transicionais). 
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As raças modernas guardariam traços destas diferenças de origem a 2 milhões de anos, mas por cruzamento teriam se unificado, sendo os neandertais uma espécie intermediária no processo evolutivo dos atuais europeus-caucasianos. Isto estaria atestado pelos achados arqueológicos das cavernas de Skhul e Qafzeh (Israel), com datações de 100.000 anos.
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Principais críticas ao modelo multi-regional: 
Para que este modelo tenha sentido em termos evolutivos haveria a demanda de um fluxo gênico contínuo que garantisse que todas as variantes de arcaicos evoluíssem em direção aos humanos modernos. 
O perfil genéticos das populações atuais é homogêneo indicando uma única origem. Não há traços no genoma humano que apontem para esta evolução longa e geograficamente distinta.
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MODELO DA ORIGEM ÚNICA OU “A PARTIR DA ÁFRICA” OU “ARCA DE NOÉ” (Chris Stringer): Parte de estudos genéticos e defende que os humanos modernos originam-se de uma única população africana que teria substituído as populações arcaicas e neandertais. Estas teriam surgido a partir do isolamento geográfico de Homo erectus, representando um salto evolutivo, por deriva genética.
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As datações mais antigas de sítios arqueológicos de humanos modernos estão na África do Sul e Etiópia, entre 130.000 e 120.000 anos, dando suporte para o modelo “A Partir da África”.
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As evidências genéticas também apoiam o modelo da origem única. Douglas Wallace e Allan Wilson sugerem que a nossa pequena variação genética indica uma origem recente que pode ser estimada estatisticamente entre 140.000 e 280.000 anos a partir das taxas de mutação do DNA Mitocondrial, doado pela linhagem materna. Dentre os humanos modernos, os que apresentam maior variação mutagênica são os africanos, indicando que descendemos de uma pequena população de 10.000 pessoas (a “Eva Mitocondrial”) que teriam passado por um “gargalo evolutivo” na África a 150.000 anos.
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O genoma nuclear humano é composto por 23 pares cromossômicos bases, com 3 bilhões de pares base para análise. O DNA das mitocôndrias é herdado da mãe, possuindo 16.569 pares cromossômicos base, acumulando mutações 10 vezes mais rápido que o genoma nuclear, facilitando a estimativa de tempo associado a taxa de mutações (relógio molecular). Já o DNA do cromossomo Y apresenta 14.000 pares base.
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As Principais Críticas ao Modelo da Eva Mitocondrial relacionam-se ao tamanho e origem da amostra (4.000 norte-americanas de diferentes etnias), sendo também questionados os métodos estatísticos. O modelo foi novamente testado entre as sociedades tradicionais Hazda e Kung San da África do Sul, analisando-se também a ancestralidade paterna através do do cromossomo Y. Os resultados confirmaram uma ancestralidade comum africana, estimada em 150.000 anos. Já o estudo do Genoma Neandertal indica 26 diferenças como o moderno, sugerindo uma encruzilhada evolutiva entre 400.000 e 250.000 anos (Homo heidelbergensis). 
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Os ritmos da colonização global a partir da África deram origem a nossa atual população politípica. Estudos anatômicos e de DNAmit indicam que o padrão africano-negróide (150-120.000 anos) é o mais antigo, seguido dos padrões asiático-mongol (70.000-40.000 anos), australo-melanésio (60.000-40.000 anos), europeu-caucasiano (50.000-35.000 anos) e ameríndio (35.000-15.000 anos). 
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Para Robert Foley e Martha Larh, a partir da África, os humanos modernos se dispersaram em duas rotas independentes e isoladas: uma primeira para o norte da África e Oriente Próximo e uma segunda em direção ao sul, em direção a Ásia, a Austrália e América.
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Os autores sugerem que alguns traços que definem grupos raciais atuais, como a pigmentação da pele, teriam surgido a 40.000 anos em função do isolamento geográfico. Já a os olhos asiáticos (prega epicântica) teriam surgido em torno de 20.000 anos. Das populações atuais a que teria guardado maior semelhança fenotípica com as populações modernas originais seriam os Australianas.
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Walter Neves (USP) ao estudar a morfologia craniana de coleções americanas, sugere um modelo para o povoamento original do Continente formado por 2 componentes biológicos. Uma primeira colonização seria anterior a 20.000 anos. Teria baixa densidade demográfica e seria geneticamente similar aos que saindo da África a 100.000 anos, povoaram a Austrália a 40.000 anos (o “povo de Luzia”). Este primeiro componente biológico teria sido substituído pelo originado na Ásia a partir de 20.000 anos. As atuais populações nativas americanas (Ameríndios) seriam suas descendentes, tendo entrado na América entre 15.000 e 12.000 anos.

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