Buscar

AULA 02 DIR EMP APLICADO I

Prévia do material em texto

DIREITO EMPRESARIAL APLICADO I 
Aula 2- Teoria Geral do Direito Societário. Teoria da 
Empresa 
 
• O conceito de sociedade; 
• Os efeitos e limites da responsabilidade da 
personificação da sociedade; 
• A responsabilidade dos sócios e da sociedade; 
• A desconsideração da personalidade jurídica; 
• Correção dos exercícios práticos. 
 
Professora Maria Lucia de Azevedo 
Email: advmalus@yahoo.com.br 
SOCIEDADES. 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
SOCIEDADE É UMA 
PESSOA JURÍDICA 
1. CONCEITO DE SOCIEDADE 
Pessoa Jurídica consiste num conjunto de pessoas 
ou bens, dotado de personalidade jurídica própria 
e constituída na forma da lei (art. 981 do C.C/02). 
É a entidade em que a lei empresta personalidade 
capacitando-a a ser sujeito de direitos e 
obrigações. Requisitos: 
•Vontade humana criadora; 
•Observância das condições legais; 
•Liceidade dos seus objetivos. 
PESSOA 
NATURAL 
PESSOA 
JURÍDICA 
PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE 
 
COMO NASCE A PESSOA JURÍDICA ? 
A pessoa jurídica nasce após seu registro: “a 
personalização da pessoa jurídica realiza-se em 
duas fases, sendo a primeira através da 
exteriorização da vontade humana em instrumento 
escrito, também conhecido por contrato social; e 
a segunda por meio do registro no órgão 
competente (Cartório de Título e Documentos e 
Junta Comercial ou Registro de Comércio).” 
 
 
Nas palavras de Arnaldo Rizzardo “As sociedades 
correspondem à reunião de pessoas com um objetivo comum, 
de natureza econômica ou não. As pessoas associam-se umas 
às outras, formando a sociedade. 
 
Na verdade, não são sócias da sociedade, mas o são umas das 
outras. O art. 981 do código civil dá a caracterização da 
sociedade: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, 
para o exercício da atividade econômica e a partilha, entre si, 
dos resultados”. 
Ou seja, o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam 
a contribuir, com bens ou prestação de serviços, a uma mesma 
finalidade”. 
CARACTERIZAÇÃO DA SOCIEDADE 
 
Art. 985 Cód. Civil “ A sociedade adquire 
personalidade jurídica com a inscrição, no 
registro próprio e na forma da lei, dos seus atos 
constitutivos (arts. 45 e 1.150).” 
OBS: A JUNTA COMERCIAL É O LOCAL LOGO O CORRETO É DIZER QUE VC 
RECEBEU O REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS. 
Art. 1.150 Cód. Civil “O empresário e a sociedade 
empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas 
Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade 
simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá 
obedecer às normas fixadas para aquele registro (...)” 
ÓRGÃO REGISTRAL 
O INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
A personalidade jurídica de uma sociedade se inicia com a 
constituição da sociedade, a qual pressupõe alguns elementos. A 
doutrina não é unânime ao indicar os elementos necessários à 
constituição de uma pessoa jurídica, sem, contudo, chegar a 
divergências de maior importância. Em função disso, unindo as ideias 
de vários autores podemos chegar aos seguintes elementos: 
(a) vontade humana criadora; 
(b) a finalidade específica; 
(c) o substrato representado por um conjunto de bens ou de pessoas; 
(d) a presença do estatuto e respectivo registro. 
 
Existindo um grupo de pessoas ou um conjunto de bens, com uma 
finalidade específica, pode a vontade humana, expressamente 
manifestada, dar origem a uma pessoa jurídica, a qual só nasce 
efetivamente com o registro dos atos constitutivos no órgão 
competente (art. 985 do Código Civil de 2002). 
CURIOSIDADE DIREITO COMPARADO 
 
 
No direito comparado, nem sempre se reconhece a 
personalidade a todos os tipos de sociedade. Em 
Portugal, bem como na Espanha e na França, 
todas as sociedades comerciais regulares possuem 
personalidade jurídica. Na Alemanha, as sociedades 
em nome coletivo e em comandita simples não 
possuem personalidade jurídica. Na Itália, as 
sociedades de pessoas não possuem personalidade 
jurídica, a qual toca apenas as sociedades de 
capitais. 
PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA 
SOCIEDADE 
“X” 
SÓCIO 
 “B” 
SÓCIO 
 “A” 
Efeitos 
Nacionalidade 
Domicílio 
Titularidade 
Negocial 
Autonomia 
Patrimonial 
Legitimidade 
Processual 
Nome 
Empresarial 
EFEITOS DA PERSONIFICAÇÃO 
 
NOME EMPRESARIAL 
 
O nome empresarial individualiza e assinala a 
espécie de responsabilidade patrimonial do 
empresário ou da sociedade 
empresária;Portanto, seu nome é aquele com 
que se apresenta nas relações empresariais;É, 
enfim, a designação pela qual é 
conhecido;Importância do nome: no campo da 
concorrência econômica sua atividade pode 
criar uma aura de crédito; é o renome, a boa 
fama do empresário 
A NACIONALIDADE - NACIONAL E ESTRANGEIRA 
 
Leva em consideração a subordinação à ordem 
jurídica que lhe conferiu personalidade e não a 
nacionalidade de seus membros ou a origem de seu 
controle financeiro. Pelos artigos abaixo: Art. 1.126, do 
CC – “É nacional a sociedade organizada de conformidade com a 
lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração”. 
Art. 1.134, do CC – “A sociedade estrangeira, qualquer que seja 
o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, 
funcionar no País, ainda que por estabelecimentos 
subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos 
em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira” Parágrafo 
único, Art. 1.137, do CC – “A sociedade estrangeira funcionará 
no território nacional com o nome que tiver em seu país de 
origem, podendo acrescentar as palavras “do Brasil ou “para o 
Brasil”. 
 
AUTONOMIA PATRIMONIAL 
 
Maria Helena Diniz: 
“no momento em que se opera o assento do contrato ou 
estatuto no Registro competente, a pessoa jurídica começa a 
existir, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e 
obrigações, a ter capacidade patrimonial, constituindo seu 
patrimônio, que não tem nenhuma relação com os sócios, 
adquirindo vida própria e autônoma. Todos os atos da pessoa 
jurídica serão tidos como atos próprios, consequentemente os 
atos praticados individualmente por seus sócios nada terão a 
ver com ela. A pessoa jurídica terá nome, patrimônio, 
nacionalidade e domicílio diversos dos de seus sócios”. 
SOCIEO SOCIALDADE X - 
PATRIMONI 
SÓCIO A SÓCIO B 
TITULARIDADE NEGOCIAL 
 
 
Quando a pessoa jurídica realiza negócios (celebração 
de contratos, compra e venda de bens etc.) age como 
sujeito de direito autônomo e personalizado e assume 
um dos pólos da relação negocial. Aquele que 
representou a sociedade não é parte do negócio 
jurídico, mas sim a pessoa jurídica. A personificação da 
sociedade é sua aptidão para ser parte em contratos de 
per si, não necessitando de firmar contratos no nome de 
seus membros, porquanto a sociedade possui 
capacidade de fato e de direito para firmar seus 
negócios jurídicos. Os direitos e obrigações são seus e 
não de seus sócios. 
 
Outra consequência da personificação das sociedades 
é a existência de um domicílio próprio, cuja 
importância é fundamental na órbita tributária e na 
definição do foro competente para ações contra a 
sociedade. O domicílio de uma sociedade é o local do 
funcionamento dos órgãos da administração ou onde o 
estatuto fixar (art. 75, IV, do Código Civil de 2002). 
Possuindo diversos estabelecimentos, cada um será 
considerado domicílio para os atos nele praticados 
(eleição tácita de domicílio pela lei). Em se tratando de 
pessoa jurídica, cujos órgãos da administração sejam 
situados noexterior, considera se como domicílio o local 
de cada estabelecimento em relação aos atos 
praticados por cada um. 
DOMICILIO DA PESSOA JURÍDICA 
 
TITULARIDADE PROCESSUAL 
 
A pessoa jurídica pode demandar e ser demandada em juízo 
ou seja, tem capacidade para ser parte processual. Ação 
referente a negócio da sociedade deve ser endereçada 
contra a pessoa jurídica e não contra seus sócios ou 
representantes legais. Exemplo: quem recebe citação é a 
pessoa jurídica e não sócio. Podendo ser parte em negócios 
jurídicos em seu próprio nome, é decorrência lógica a 
atribuição de capacidade judicial para as sociedades 
comerciais, vale dizer, elas podem ser parte em processos. 
Entretanto, tal atributo não é inerente apenas aos entes 
personalizados, pois o art. 75 do Novo CPC reconhece tal 
capacidade para alguns entes desprovidos de personalidade 
jurídica, como a massa falida e o espólio. 
Sócio “B” 
Leasing 
Conta Corrente 
Empregado 
Credores 
Responsabilidade Subsidiária 
Sócio “A” 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS X SOCIEDADE 
 
RESPONSABILIDADE: SÓCIOS E SOCIEDADE 
 
O efeito prático e talvez mais importante 
da diferenciação entre a pessoa física dos 
sócios e a pessoa jurídica em que se 
constituiu a Sociedade, é – ou ao menos 
deveria ser — a completa separação 
patrimonial que a autonomia e 
individualidade da pessoa jurídica 
estabelece, o que, em tese, minimizaria os 
riscos patrimoniais do sócio, uma vez que 
este delimita o risco patrimonial no 
montante que destacou de seu patrimônio 
para integralizar o capital da sociedade. 
RESPONSABILIDADE: DA SOCIEDADE 
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL: é a obrigação imposta a uma 
pessoa de ressarcir os danos sofridos por alguém. Independe 
da responsabilidade criminal. 
A responsabilidade civil é suportada pelas pessoas fisicas, 
jurídicas e entes depersonalizados. 
O efeito da responsabilidade é o dever de reparação 
restabelecendo o equilíbrio rompido indenizando a vítima 
pelo que ela perdeu - dano emergente - e pelo que deixou 
de ganhar. 
A Teoria da Responsabilidade Civil é aquela que estuda a 
imputação da obrigação de indenizar o mal causado em 
decorrência da imputação do dano a uma conduta 
antijurídica. 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL 
 
 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL: 
quando o agente descumpre o 
contrato ou fica inadimplente 
 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE DA 
JURÍDICA 
 
Desconsideração da personalidade jurídica 
 
• Autonomia patrimonial - Existente a pessoa jurídica (art. 45, 
CC) aplica-se o princípio da autonomia patrimonial das 
pessoas jurídicas (art. 1.024, CC). 
 
• Disregard doctrine - surgiu da jurisprudência inglesa e norte-
americana (caso Salomon versus Salomon & Co. Ltda. É a 
possibilidade de afastamento dos efeitos da personalização da 
sociedade – autonomia e separação patrimonial – nos casos 
em que a personalidade jurídica fosse utilizada de forma 
abusiva, em prejuízo aos interesses dos credores. 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PATRIMONIAL 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade 
jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, 
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
A Previsão legal no código civil - Art. 50, CC - Em caso de abuso da 
personalidade jurídica, caracterizado pelos desvio de finalidade, 
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento 
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no 
processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
Como forma de combate a fraudes e abusos praticados ou 
prejuízos a certos credores vulneráveis, através da autonomia 
patrimonial é preciso aperfeiçoar a técnica de se aplicar a 
desconsideração da personalidade jurídica. 
“Enunciado nº 281 – Art. 50. A aplicação da teoria da 
desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde 
(dispensa) da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.” 
PREVISÃO LEGAL – TEORIA MAIOR 
 
Previsão legal no CDC – art. 28 – “O juiz poderá desconsiderar a 
personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do 
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração 
da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato 
social. A desconsideração também será efetivada quando houver 
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da 
pessoa jurídica provocados por má administração.” 
“§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica 
sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.” 
PREVISÃO LEGAL NO CDC – TEORIA MENOR 
 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
NO NOVO CODIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
• Fica instituído incidente próprio, com amplo contraditório e 
manifestação dos sócios, ocorrendo nos mesmos moldes do 
previsto no artigo 50 do CC/02. Desse modo, em caso de 
abuso da personalidade jurídica, caracterizado na forma da 
lei, o juiz pode, em qualquer processo ou procedimento, 
decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público, 
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou dos sócios da pessoa 
jurídica. 
• O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases 
do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença 
e na execução fundada em título executivo extrajudicial (Novo 
CPC – art. 134). A princípio, trata-se de procedimento 
obrigatório para a obtenção da desconsideração (Novo CPC 
– art. 795, § 4 o ), mesmo nos juizados especiais (Novo CPC – 
art. 1.062) ou originalmente no Tribunal (Novo CPC – art. 932, 
VI). 
 
 
Desconsideração da pessoa jurídica: 
seria a retirada do véu da pessoa jurídica 
devendo ser descerrado para atingir os 
administradores ou controladores nos casos 
de desvio de finalidade, em prejuízo de 
terceiros, conforme disposição do art. 50 do 
CC;– a personalidade jurídica autônoma da 
sociedade empresária antepondo-se como 
obstáculo à justa composição de interesses. 
CONCLUSÃO 
 
CASO CONCRETO: Um dos sócios de certa sociedade 
em comum ajuizou ação de execução contra 
Filarmônica Instrumentos Musicais Ltda., em razão do 
inadimplemento de várias obrigações. No curso do 
processo, o exequente constatou a confusão 
patrimonial entre os bens da pessoa jurídica devedora e 
de seus três sócios, razão pela qual pretende requerer 
ao juízo competente a desconsideração da 
personalidade jurídica de Filarmônica Instrumentos 
Musicais Ltda. Em decorrência deste fato hipotética, 
existe a razão apontada é suficiente para provocar a 
desconsideração da personalidade jurídica de 
Filarmônica Instrumentos Musicais Ltda.? 
RESPOSTA: 
QUESTÃO OBJETIVA: 1) A desconsideração da pessoa 
jurídica 
a)será configurada apenas com a insolvência do ente 
coletivo, sem outras considerações; 
b) não ocorre no direito brasileiro, dada a separação 
patrimonial entre pessoas físicas e jurídicas; 
c) restringe-se às relações consumeristas; 
d) implicará responsabilização pessoal, direta, do sócio 
por obrigação original da empresa, em caso de 
fraude ou abuso, caracterizando desvio de 
finalidade ou confusão patrimonial; 
e) prescinde de fraude para sua caracterização, 
bastando a impossibilidadede a pessoa jurídica 
adimplir as obrigações assumidas; 
2) (FUNCAB/2016/Delegado Polícia Civil/PA) Com relação 
às sociedades e à responsabilidade dos sócios, assinale a 
alternativa correta. 
a) Na sociedade limitada, os condôminos de quota indivisa 
não respondem solidariamente pelas prestações 
necessárias à sua integralização; 
b) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada 
sócio é restrita ao valor de suas quotas, assim com o a 
responsabilidade pela integralização do capital social: 
c) Somente pessoas físicas podem tomar parte na 
sociedade em nome coletivo, respondendo todos os 
sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações 
sociais; 
d) O sócio admitido em sociedade já constituída não 
responde pelas dívidas sociais anteriores à sua admissão; 
e) A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta 
responsabilidade solidária apenas dos administradores 
que a realizarem.

Outros materiais

Perguntas Recentes