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DA PROPRIEDADE - roteiro estudo

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ROTEIRO DE AULA ATUALIZADO E ENVIADO ATÉ 09/04
PROPRIEDADE (1228 A 1368) 
Imagem: http://www.modernaeducacional.com/cursos/direito/
Fundamentação: art. 1.228 ao art. 1.368CC
Conceito: 
“é um direito complexo, que consiste em um feixe de atributos (poderes) consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de que lhe serve de objeto.”
Conceito e elementos da propriedade: nosso Código Civil não trouxe uma definição de propriedade, preferindo enunciar no artigo 1.228 os poderes do proprietário, fornecendo elementos para sua definição. Em termos analíticos, todavia, podemos dizer que a propriedade é o direito que a pessoa (física ou jurídica) tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem (corpóreo ou incorpóreo), bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha, tirando da coisa toda a sua utilidade jurídica; é o mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo do direito das coisas.
- O sentido etimológico da palavra propriedade, que descende de proprietas, do latim, que tem a ver com o que é proprius (próprio, particular, peculiar).
- A propriedade é, assim, o estado da coisa, que pertence, em caráter próprio e exclusivo, a determinada pessoa, encontrando-se em seu patrimônio e a sua disposição.
OBS: A propriedade no CC refere-se basicamente às coisas corpóreas, vez que as incorpóreas estão abrangidas pelas leis 9.279/96 (lei de patentes e marcas), 9.609/98 (programas de computador) e 9.610/98 (Direitos Autorais).
-Utilizar (ius utendi) – é a faculdade do proprietário servir-se da coisa conforme sua destinação econômica
-Fruir (ius fruendi – tirar proveito que essa coisa lhe conceda: frutos(o art. 1.232 de nosso Código Civil: "Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.")
-Reaver (ius vindicandi ou ius persequendi, ius reivindicandi)- associado ao direito de sequela, é o que fundamenta a ação reivindicatória. É o elemento externo da propriedade por representar a faculdade de excluir terceiros da indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário mantenha a sua dominação sobre o bem.
-Alienar/Dispor (ius disponendi) – é o direito de repassar livremente o bem.
OBS: Lembrete:
- Quem tem os 04 poderes e + o título tem = propriedade.
- Quem tem os 04 poderes – título = Domínio.
- Quem tem apenas 01 poder tem = Posse.
Formas de aquisição da propriedade imóvel
Originária: contato direito entre pessoa e coisa. A propriedade é zerada, ou seja, os seus acessórios (tributos, dívidas de condomínio, hipoteca, propter rem) são extintos. STF – Re 94596-6/RS. usucapião.
Derivada: intermediação pessoal. A propriedade continua com os mesmos atributos, em razão da solução de continuidade. Compra e venda. 
a) Originárias
- Acessões – são incorporações naturais ou artificiais
ACESSÃO: é o direito em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir a propriedade de tudo aquilo que a ele se adere. Isto é, pela acessão contínua, uma coisa se une ou se incorpora a outra, em estado permanente, por ação humana ou causa natural, e o proprietário da coisa principal adquire a propriedade da coisa que se lhe uniu ou incorporou. 
“O ius satisfiendi é o direito à percepção de indenização pelo dano sofrido sobre a coisa por causa da conduta de terceiro. Ex: o art. 1.255, parágrafo único do CC que considera a plantação principal, fazendo com que o terreno acompanhe a acessão (o que é acessão? É o modo originário de aquisição da propriedade em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir a titularidade de tudo que a ele se adere).
OBS: Assim como a usucapião e o registro do título, a acessão também é modo de aquisição da propriedade.
Figura 01
Figura 02
Acessão: “é o modo de aquisição da propriedade, criado pela lei, em virtude do qual tudo o que se incorpora a um bem fica pertencendo ao seu proprietário.” GONÇALVES (2012, p.314)
“é o aumento de volume ou do valor do objeto da propriedade” 
ORLANDO GOMES (2004, p.173)
“é o modo de aquisição da propriedade que decorre do acréscimo sofrido pela coisa devido a um novo elemento externo que nela se incorpora torna-se parte integrante, quer seja por ação do homem ou por força da natureza.”
Quais os tipos de acessões?
A Regra é a acessão: aquele que, com materiais próprios age em terreno alheio e estando de boa fé, receberá o equivalente do material despendido. Contudo, se agiu de má-fé, perderá tudo o que despendeu.
A exceção é a acessão inversa (é a acessão inversa ou invertida) que transfere a titularidade do bem imóvel em favor do que plantou ou edificou, desde que tenha procedido de boa fé, e se a plantação ou construção exceder consideravelmente o valor do terreno.
OBS: A análise do art. 1.253 CC reflete que o princípio da acessão vincula toda plantação e construção a uma presunção relativa de propriedade em favor do titular do terreno.
	O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida pela construção, quando não puder havê-la do contratante. 
Ex: a empresa "A" contratou uma construtora para fazer um centro comercial no terreno pertencente à empresa "B". A empresa "B", mesmo não tendo participado do contrato, poderá ser responsabilizada subsidiariamente caso a construção seja realizada e a construtora não seja paga. 
Aplica-se, ao caso, o parágrafo único do art. 1.257: "O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor." 
STJ. 4ª Turma. REsp 963.199-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/10/2016 (Info 593). 
	
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa "A" decidiu fazer, em conjunto com a empresa "B", um centro comercial de três andares. 
O local escolhido para a construção foi um terreno vazio, que é de propriedade da empresa "B". 
A empresa "B" ficou cuidando de outros assuntos relacionados com o projeto e a empresa "A" ficou responsável por selecionar a construtora que iria edificar o centro comercial. 
A empresa "A" celebrou, então, contrato com a construtora "Bom Cimento" para que esta construísse o prédio onde funcionará o comércio. 
A obra foi toda realizada, mas a empresa "A" ficou devendo o pagamento das últimas parcelas que haviam sido combinadas. 
A construtora ficou tentando receber amigavelmente a quantia devida, mas não obteve êxito e, quando foi tentar propor ação judicial, descobriu que a empresa "A" fechou suas portas sem deixar novo endereço nem bens disponíveis. 
Diante desta situação, a construtora ajuizou ação de cobrança contra a empresa "B", proprietária do terreno onde foi construído o centro comercial. 
A empresa "B" contestou a demanda afirmando que é pessoa jurídica distinta da empresa "A", possuindo CNPJ diferente e sócios diversos. Além disso, sustentou que o contrato foi celebrado apenas entre a empresa "A" e a construtora e que ela (empresa "B") não pode ser obrigada a cumprir um ajuste do qual não participou. 
A pergunta a ser respondida é, portanto, a seguinte: a construtora terá direito de ser ressarcida pela empresa "B" (proprietária do terreno)? 
SIM. 
O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida pela construção, quando não puder havê-la do contratante. 
STJ. 4ª Turma. REsp 963.199-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/10/2016 (Info 593). 
A empresa "B", proprietária do terreno, mesmo que não tenha sido a contratante da construção e embora não tenha qualquer vínculo obrigacional com a construtora, pode vir a ser responsabilizada pelo pagamento do débito por força do parágrafo único do art. 1.257 do CC: 
Art. 1.257 (...) 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando nãopuder havê-la do plantador ou construtor. 
A construtora, na condição de proprietária dos materiais utilizados (tijolos, areia, cimento, ferros, azulejos etc), poderá cobrar da empresa "B", proprietária do solo, a indenização devida pela construção, em virtude de não ter podido recebê-la do construtor da obra (empresa "A"). 
Vale ressaltar que a empresa "B" adquiriu a propriedade da construção que foi realizada em seu terreno por meio do instituto chamado de "acessão". 
"Acessão é o modo originário aquisitivo de propriedade em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir a titularidade de tudo que a ele se adere. Isto é, pela acessão contínua, uma coisa se une ou se incorpora materialmente a outra, em estado permanente, por ação humana ou causa natural, e o proprietário da coisa principal adquire a propriedade da coisa acessória que se lhe uniu ou incorporou. 
[...] 
A acessão como modo de aquisição de propriedade imóvel pode-se dar de imóvel a imóvel (aluvião, avulsão, formação de ilhas, álveo abandonado) e de móvel a imóvel (plantações e construções). Subdivide-se ainda em acessão natural (aluvião, avulsão, álveo abandonado, formação de ilhas) ou artificial (construções e plantações). 
Este modo de aquisição da propriedade é centrado em dois problemas jurídicos: 
a) a quem atribuir a propriedade da coisa acedente à principal; 
b) as consequências patrimoniais decorrentes da acessão. 
a) a quem atribuir a propriedade da coisa acedente à principal; 
A primeira questão é solucionada invocando-se a antiga parêmia de que o acessório segue o principal. O fundamento jurídico da acessão repousa na inconveniência de destacar-se o que acede ao principal, pois é preferível atribuir a propriedade toda do dono da coisa principal do que estabelecer um condomínio indesejável entre os proprietários das coisas que se uniram. Percebe-se que as regras da acessão objetivam indicar qual será a propriedade preponderante, quando o acréscimo é de titularidade diversa da coisa que foi acrescida.
b) as consequências patrimoniais decorrentes da acessão. 
O segundo problema é examinado de forma a, sempre que possível, indenizar o titular desfalcado da propriedade, em respeito ao princípio que veda o enriquecimento sem causa."
(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Direito Reais. Vol. V. 5ª ed. Juspodivm: Salvador, 2013, p. 482-483)
O ordenamento jurídico pátrio repudia o enriquecimento sem causa. Assim, a construção representou um acréscimo no patrimônio da empresa "B" e, em razão disso, esta, na qualidade de proprietária do lote, pode ser subsidiariamente responsabilizada, restando-lhe ajuizar ação de regresso contra a empresa contratante ("A") caso entenda que esta lhe deve algum valor.
Quanto aos outros tipos de acessões, como funcionam?
Em alguns casos, o titular desfalcado do domínio será indenizado, em respeito ao princípio que veda o enriquecimento sem causa. Pode se dar: 
DE IMÓVEL A IMÓVEL (NATURAL):
Aluvião. LENTO.
- aluvião própria - acréscimo PAULATINO de terras que o rio deixa naturalmente nos terrenos ribeirinhos; Art. 1250CC sem indenização.
É o aumento insensível que o rio anexa às terras, tão vagarosamente que seria impossível, em dado momento, apreciar a quantidade acrescida. (Rodrigues)
- aluvião imprópria – acréscimo que se forma quando parte do álveo descobre-se em razão do afastamento das águas correntes.
Ilhas – só beneficiará o particular quando, por força natural, surgir um pedaço de terra em um rio não navegável; se navegável, pertencerá à pessoa jurídica de Direito Público
Avulsão - é o desprendimento, por força natural, VIOLENTA e ABRUPTA, de uma porção de terra que se vai juntar ao terreno de outro proprietário, ocorrendo a consolidação de duas coisas em uma. O proprietário perdente reclamará a devolução no prazo decadencial de um ano. Nesse caso, o titular do prédio acrescido terá o direito potestativo de OPTAR entre aquiescer que se remova a parte acrescida ou indenizar o dono da propriedade do qual se destacara a porção de terra; art.1.251CC e art. 19 do Código das Águas – Decreto 24.643/34.
A regra é a indenização.
Fonte: http://profpatriciadonzele.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html
Álveo abandonado – não se confunde com a aluvião imprópria , em que parte do álveo descobre-se em razão de um desvio no curso das águas. No álveo abandonado, há um total e permanente abandono do antigo leito, ficando este inteiramente descoberto e passando a pertencer aos proprietários ribeirinhos das duas margens, seja o rio público ou particular.
DE MÓVEL A IMÓVEL (ARTIFICIAL):
Plantações e construções
-plantações e construções – semeadura, plantação e edificação, quando a titularidade das sementes não coincidir com a do terreno:
Terreno próprio + materiais alheios: se o dono do terreno estava de boa-fé, pagará ao proprietário o valor dos materiais; se de má-fé, além desse pagamento, indenizará por perdas e danos.
Terreno alheio + materiais próprios: o titular perde o material próprio. Se de boa-fé, com base em justo título, tem direito à indenização; se de má-fé, perde as acessões e não recebe indenização. 
	Proprietário que semeia ou constrói em terreno próprio com sementes ou materiais alheios (art. 1.254 CC)
	Donos de sementes ou materiais que planta ou edifica em terreno alheio (art. 1.255 CC)
	Se de boa-fé o proprietário, adquirirá a propriedade das sementes e materiais, mas deverá pagar ao terceiro pelo valor deste.
	Se de boa-fé, perde, em proveito do proprietário, as sementes e construções, mas terá direito à indenização.
Caso a construção ou plantação exceda consideravelmente o valor do terreno, aquele que plantou ou edificou adquirirá o imóvel mediante pagamento de indenização ao proprietário.
	Se de má-fé também adquirirá a propriedade das sementes e matérias, mas além de pagar o terceiro o valor destes também está obrigado a indenizá-lo pelas perdas e danos.
	Se de má-fé, perde em favor do proprietário, as sementes e construções, não lhe sendo garantido o direito de indenização.
COMO CONFIGURAR MÁ FÉ?
OBS: Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
OBS: Ainda posso ter uma terceira situação – o terceiro que planta ou edifica com semente ou material alheio em terreno igualmente alheio.
	Terceiro que semeia ou constrói em terreno alheio com sementes ou materiais alheios (art. 1.257 CC)
	Se de boa-fé, deverá ser ressarcido pelo proprietário pelas sementes e materiais que usou, pois agregaram (acessão) ao seu terreno o valor.
O proprietário estará subsidiariamente obrigado a indenizar o dono das sementes ou materiais caso o plantador ou construtor assim não o fizer. (leitura do parágrafo único do artigo 1.257CC)
	Se de má-fé, o construtor ou plantador que edificou ou plantou com materiais ou sementes alheias em terreno alheio, não terá o direito de receber indenização do proprietário pelas sementes e materiais que empregou.
Fonte: https://www.imovelweb.com.br/noticias/reforma-e-construcao/construir-ou-comprar-uma-casa/
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmenteo dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
RESUMINDO O 1.258CC: 
O construtor de boa fé só adquirirá a área alheia sobre a qual equivocadamente estendeu sua construção quando presentes os seguintes requisitos:
Área invadida = ou < a 1/20 da área total do imóvel alheio;
 Indenização abrangendo a área invadida e a desvalorização sofrida pelo imóvel;
 Valor da construção exceder ao valor da porção invadida.
O construtor de má fé que estender a sua obra por até 1/20 do imóvel alheio e cujo valor da construção exceder consideravelmente ao valor da porção invadida só adquirirá a propriedade dessa respectiva área se indenizar o proprietário do terreno alheio pelo décuplo das perdas e danos sofridos (abrangendo além da aera efetivamente ocupada, o valor da desvalorização do imóvel) e desde que a parte invasora não possa ser demolida sem grave prejuízo para o restante da construção.
E se a construção superar 1/20?
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste:
		adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; 
se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
VAMOS DE QUIZ?
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-nova-pensativa-com-um-ponto-de-interrogacao_973771.htm
QUESTÃO 01. (Procurador Jurídico/VUNESP/2017) João é proprietário de um terreno desocupado na cidade de Altinópolis. José é proprietário do terreno situado ao lado do terreno de João. Diante desses fatos, assinale a alternativa correta.
A)Se José, agindo de boa-fé, construir no terreno de João, José tem direito a ficar com a construção.
B)Se José, agindo de má-fé, construir no terreno de João, José tem direito apenas a indenização.
C)Se José, agindo de boa-fé, construir no seu próprio terreno e invadir metade da propriedade de João, José adquire a propriedade de João, pagando apenas indenização pela desvalorização da área remanescente.
D)Se José, agindo de má-fé, construir no seu próprio terreno e invadir metade da propriedade de João, José deverá pagar apenas as perdas e danos em dobro.
E)Se João, agindo de má-fé, decide construir em seu terreno, utilizando os materiais que José está utilizando para sua reforma, João irá adquirir a propriedade dos materiais, mas será obrigado a pagar o valor correspondente, além de perdas e danos.
Resposta: E
Comentários:
E) Correta. Se João, agindo de má-fé, decide construir em seu terreno, utilizando os materiais que José está utilizando para sua reforma, João irá adquirir a propriedade dos materiais, mas será obrigado a pagar o valor correspondente, além de perdas e danos.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
A) Incorreta. Se José, agindo de boa-fé, construir no terreno de João, José tem direito a ficar com a construção.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
B) Incorreta. Se José, agindo de má-fé, construir no terreno de João, José tem direito apenas a indenização.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde (presunção de má-fé, já que a segunda parte do art. traz expressamente a hipótese de boa-fé), em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
C e D Incorretas:
C) Se José, agindo de boa-fé, construir no seu próprio terreno e invadir metade da propriedade de João, José adquire a propriedade de João, pagando apenas indenização pela desvalorização da área remanescente.
D) Se José, agindo de má-fé, construir no seu próprio terreno e invadir metade da propriedade de João, José deverá pagar apenas as perdas e danos em dobro.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
QUESTÃO 02. (Advogado/FCC/2019) Quanto às formas de aquisição da propriedade imóvel,
A) ter-se-á o aluvião quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, acrescendo-o.
B) a usucapião é modo derivado de aquisição da propriedade e a sentença que a reconhece é de natureza constitutiva do domínio.
C) quando isto se der pelo registro do título, enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade desse título, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
D) o álveo abandonado de corrente pertence por igual aos proprietários ribeirinhos das duas margens, indenizando-se os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso.
E) aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes, sem a obrigação de pagar-lhes o valor correspondente se agiu de boa-fé.
Resposta: C
Letra A: Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
aVulsão = Violenta
aLuvião = de Leve, imperceptível.
Letra B: A Usucapião é uma forma originária de aquisição da propriedade. Também chamada de prescrição aquisitiva, ela destina-se tanto a móveis quanto a imóveis.
Letra C: 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1 Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2 Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Letra D: 
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens,sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
Letra E:
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
QUESTÃO 03. (Magistratura Federal/2018) Dez anos atrás o Município de São Paulo realizou obra que acabou por definir novo traçado ao rio Tietê, cujas águas abandonaram parte do antigo leito e passaram a correr em outra região. Com o desvio do rio e consequentemente esvaziamento das águas, a “Sociedade Especial Veículos e Peças Ltda” que era proprietária de terreno localizado às margens do antigo traçado do rio Tietê, tomou posse da área do álveo descoberto que ficava no limite de sua testada, totalizando 791,5 m2. Dois sujeitos se insurgiram contra tal ocupação: a) o dono do imóvel ribeirinho localizado na mesma direção da Sociedade, mas na outra margem; b) o Município de São Paulo. Assinale a alternativa correta:
A) a propriedade do álveo abandonado é do Município.**
B) ambos os proprietários ribeirinhos têm direito à metade do terreno descoberto pelo álveo abandonado.
C) o Município de São Paulo terá que desfazer a obra para que seja retomado o cursodo rio Tietê.
D) nenhum dos insurgentes tem razão.
E) a área passou a ser considerada res nullius.
CC, Art. 1252: O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
               
Ocorre abandono de álveo quando uma corrente de águas, DE FORMA NATURAL, altera seu curso e abandona aquele leito, passando a correr sobre outra superfície de terras, tornando o leito seco.
Os proprietários do álveo abandonado adquirem, assim, a propriedade da terra seca, procedendo-se à sua divisão de acordo com a metade do álveo, destinada para cada um dos proprietários ribeirinhos.
Ainda que se verifique inundação sobre outras porções de terra, os proprietários do álveo abandonado não são obrigados a indenizar aqueles donos do novo leito, em razão de aquisição por força da natureza, e não da atividade.
Se a corrente retomar seu curso anterior, a situação jurídica se estabelece como antes corria, segundo o art. 26, parágrafo único, do Código de Águas.
NÃO OCORRERÁ ACESSÃO se o leito do rio for DESVIADO POR ATIVIDADE HUMANA, e não por força da natureza. 
 
Ementa: Processo Civil. Agravo no Recurso Especial. Ação de divisão. Desvio do curso do rio. Utilidade pública. Álveo abandonado. Propriedade do Estado. Código de Águas, art. 27. Litigância de má-fé. Atentado à verdade dos fatos. Reexame de prova. Prova do prejuízo e julgamento extra petita. Prequestionamento. Ausência. (...) Se o rio teve seu curso alterado por ingerência do Poder Público, e não por fato exclusivo da natureza, pertence ao expropriante a fração de terra correspondente ao álveo abandonado (...) [STJ, 3ª T, AgRg no REsp 431698/SP. Rel. Min. Nancy Andrighi., j. em 27.8.02, DJ 30.9.02]
	RIO TIETÊ ANTES
	
	
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/poluicao/fotos-do-rio-tiete
RIO TIETÊ HOJE
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/poluicao/fotos-do-rio-tiete
Fonte: https://exame.abril.com.br/mundo/hidrovias-podem-reduzir-30-trafego-cargas-sp-597950/
Fonte: Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/poluicao/fotos-do-rio-tiete
“É o Rio Tietê já perto de desaguar no Rio Paraná, longe dos trechos mais poluídos da região metropolitana da Capital.”
Fonte: https://revistaatencao.com.br/rio-tiete-tambem-e-lugar-de-lazer-e-de-admirar-a-natureza/
QUESTÃO 04. (TJMG/Cartorios/2016) O rompimento da barragem de Fundão destruiu o distrito de Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais, e deixou mais de 900 pessoas desabrigadas, causando grande impacto social na vida daquelas pessoas. Além dos impactos ambientais e sociais, diversos outros danos foram causados, inclusive aos proprietários de áreas ribeirinhas.
Supondo que os fatos tenham ocorrido por força natural, como abalo sísmico, e que tenha deslocado uma porção de terras de um imóvel a outro, aderindo-se de maneira definitiva às margens do outro, nos termos do código civil, quanto à forma de acessão de imóvel a imóvel, é correto afirmar que o proprietário ribeirinho
A)torna-se dono do acréscimo por avulsão, desde que indenize o proprietário das terras perdidas. Não havendo indenização, concede a lei ao dono do prédio desfalcado o direito de, em um ano, reivindicar as terras perdidas, se for possível retorná-las.
B)torna-se dono do acréscimo por aluvião, desde que indenize o proprietário das terras perdidas. Não havendo indenização, concede a lei ao dono do prédio desfalcado o direito de, em três anos, reivindicar as terras perdidas, se for possível retorná-las.
C)torna-se dono do acréscimo por abandono álveo, sem indenização.
D)torna-se dono do acréscimo pela aluvião. Os acréscimos formados, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Resposta: A.
ALUVIÃO - Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
AVULSÃO - Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
 
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Fonte: https://professoremsala.com.br/5-cuidados-indispensaveis-para-o-professor-iniciante-nos-primeiros-dias-de-aula/
Questão 05. (FCC/Magistratura TJ/AL/2015)A propriedade do solo:
A)abrange a do subsolo apenas para explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial.
B)abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
C)não abrange a do subsolo, por isso o proprietário não pode opor-se a atividades que sejam realizadas por terceiros no subsolo, ainda que tenha interesse em impedi-las.
D)não abrange a do espaço aéreo, mas abrange a do subsolo.
E)não abrange a do espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em qualquer altura ou profundidade, mesmo que úteis ao seu exercício, podendo, entretanto, obter autorização administrativa para sua utilização, desde que não prejudique terceiros ou o interesse público.
Resposta: B
Art. 1.229 do CC - A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-la.
Art. 1230. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
Atentar que a propriedade desse subsolo e do espaço aéreo não significa possibilidade de exploração econômica deles. Assim, riquezas do subsolo são da UNIÃO, somente podendo o proprietário utiliza-las como recurso útil ao próprio imóvel (extração de cascalho para construir uma casa, p. ex.) - cf. p.ú do art. 1230, CC. Assim, o proprietário pode usar o subsolo para construir um porão ou para fazer a fundação da sua casa (art. 1229, CC), já que úteis ao exercício da propriedade; agora, isso não significa que poderá explorar economicamente o que está no "seu" subsolo, pois há limitações da lei.
Esse dispositivo legal adota o critério de utilidade da coisa, de forma que o proprietário só terá direito de impedir o uso do subsolo por terceiros se ficar demonstrado que a conduta invasora lhe traga dano, incômodo ou que o proíba de utilizar normalmente o bem.
Devemos lembrar o alerta do art.1230 do CÓDIGO CIVIL: legislador adotou o critério da utilidade como parâmetro definidor da propriedade do subsolo, limitando-a ao proveito normal e atual que pode proporcionar, conforme as possibilidades técnicas então existentes” ((STJ-RT 919/770: 3ª T., REsp 1.233.852). 
Do voto da relatora: “Não tendo havido nenhum prejuízo ou restrição ao direito de uso, gozo e fruição, conclui-se que a parcela do subsolo utilizada pelos recorridos para a realização de obras em seu imóvel não deve ser considerada parte integrante da propriedadedos recorrentes”.
Art. 1.230: 1. CF 176: “As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados 
Atentar que a propriedade desse subsolo e do espaço aéreo não significa possibilidade de exploração econômica deles. Assim, riquezas do subsolo são da UNIÃO, somente podendo o proprietário utiliza-las como recurso útil ao próprio imóvel (extração de cascalho para construir uma casa, p. ex.) 
- cf. p.ú do art. 1230, CC. Assim, o proprietário pode usar o subsolo para construir um porão ou para fazer a fundação da sua casa (art. 1229, CC), já que úteis ao exercício da propriedade; agora, isso não significa que poderá explorar economicamente o que está no "seu" subsolo, pois há limitações da lei.
Perfuração (ver julgado)
Uma grande rede começou a construir um supermercado. Para isso, foi necessário instalar uns “tirantes”, que invadiram o subsolo do imóvel vizinho. “Tirantes” são pinos de ferro ou concreto utilizados para sustentar prédios que tenham um grande porte. No caso do supermercado, esses tirantes (de concreto) ficavam embaixo da terra e, por serem muito grandes para sustentar a estrutura do empreendimento, invadiam o subsolo do imóvel vizinho, que era um imóvel residencial.
Desse modo, esses pinos inclinados utilizados para ajudar na sustentação do supermercado invadiram cerca de 10 metros o subsolo do imóvel vizinho. Vale ressaltar que ficou provado, por perícia, que não houve qualquer dano à estrutura do prédio ao lado que teve seu subsolo invadido. O imóvel vizinho, contudo, não ficou satisfeito e ajuizou ação pedindo a retirada dos tirantes e a condenação do supermercado em perdas e danos. Na ação argumentou que o subsolo pertence ao proprietário do imóvel e que, portanto, o supermercado não poderia ter invadido seu subsolo sem autorização.
PROPRIEDADE DE SUBSOLO - Proprietário somente pode se opor que terceiros façam atividades no seu subsolo se demonstrar interesse legítimo No caso em que o subsolo de imóvel tenha sido invadido por tirantes (pinos de concreto) provenientes de obra de sustentação do imóvel vizinho, o proprietário do imóvel invadido não terá legítimo interesse para requerer, com base no art. 1.229 do CC, a remoção dos tirantes nem indenização por perdas e danos, desde que fique constatado que a invasão não acarretou prejuízos comprovados a ele, tampouco impossibilitou o perfeito uso, gozo e fruição do seu imóvel. STJ. 3ª Turma. REsp 1.256.825-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/3/2015 (Info 557)
E QUANDO A AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL, COMO FAÇO?
Fundamentação nos artigos 1.260 ao 1.274CC
OCUPAÇÃO: é o modo ORIGINÁRIO por excelência de aquisição da propriedade móvel, pelo qual alguém imediatamente apropria-se de coisas SEM DONO, seja porque nunca foram apropriadas (RES NULLIUS), seja porque foram abandonadas (RES DERELICTAE). As coisas abandonadas não se confundem com as perdidas, pois aqui há apenas um temporário afastamento do corpus, mas é mantido o animus. Para estas, há a descoberta. A ocupação tem como objeto seres vivos (caça e pesca) e seres inanimados.
	
CAÇA
	- lei específica trata a matéria.
- é forma de aquisição da propriedade.
- pode ser exercida em terras públicas ou particulares com a anuência do proprietário.
- SEM A ANUÊNCIA: pode perder a caça para o proprietário do imóvel e ainda terá que indenizar pelas perdas e danos.
- se caçando em terras públicas o animal já ferido adentrar em terras particulares, ao caçador deverá ser deferido o seu domínio.
	
PESCA
	- deverá ser exercida em rios públicos ou particulares, desde que o proprietário tenha assim concordado.
- perderá os peixes em proveito do proprietário do terreno se nele adentrou sem autorização.
- se o rio for público, ao pescador pertencerá o peixe por ele fisgado ainda que outrem venha a capturá-lo enquanto o pescador estiver em seu encalço.
ACHADO DO TESOURO: tesouro é o depósito antigo de coisas preciosas ocultas cujo DONO É DESCONHECIDO. Todavia, se o descobridor penetrar no prédio alheio com o propósito de encontrar o tesouro, não terá direito a nada, pois não se permite a obtenção de vantagem quando do esbulho.
	
ACHADO DE TESOURO
 (Alexandre Camanho/Mundo Estranho)
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/13-tesouros-perdidos-que-podem-te-deixar-milionario/
O que é Entre 1586 e 1588, o navegador britânico Thomas Cavendish (1560-1592) rodou o mundo, passando por Peru e China. No caminho, saqueou o que pôde, inclusive as riquezas do galeão Santa Ana, que levava especiarias e peças de ouro das Filipinas a Acapulco, no México.
Como sumiu As riquezas, que incluíam peças de ouro incas e astecas, teriam sido escondidas pelo próprio navegador.
Onde pode estar Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, abriga dezenas de embarcações que naufragaram ao longo dos últimos quatro séculos. Também esconde tesouros deixados por piratas. A praia do Saco do Sombrio, na borda oeste da baía dos Castelhanos, era uma das preferidas: tem acesso difícil por terra, é cercada por montanhas e tem saída para o oceano Atlântico.
	- depósito antigo e oculto de coisas preciosas de cujo proprietário não se haja memória. (1.264CC)
- se a propriedade for presumível, não é tesouro.
- Se o tesouro for achado pelo proprietário do terreno, a ele pertence; caso seja encontrado por outra pessoa que não seja proprietária, terá este direito à metade do tesouro.
Ex.1: se alguém estiver construindo o porão de uma casa encontrar eventualmente um tesouro, será ele dividido entre o proprietário do imóvel e aquele que o descobriu.
CUIDADO! 
Ex. 2: se o tesouro for encontrado por pessoa contratada pelo proprietário do imóvel justamente para empenhar buscas e pesquisas de tesouros supostamente existentes no local. (1.265) Neste caso, o tesouro pertencerá total e exclusivamente ao proprietário do imóvel que ordenou a pesquisa.
	
Ouro de Lima
O que é Em 1820, os espanhóis fugiram de Lima, Peru, durante uma revolta civil. O vice-rei escapou com ouro, prata e joias, além de 113 estátuas religiosas de ouro (incluindo uma Virgem Maria em tamanho real), 273 espadas com joias encravadas e pelo menos mil diamantes.
Como sumiu O capitão William Thompson, encarregado de levar a carga para a Espanha, matou os guardas reais e fugiu para a Costa Rica. Foi capturado pelos espanhóis, mas escapou de novo e desapareceu sem dar pistas sobre onde deixou as riquezas.
Onde pode estar Na ilha do Coco, na Costa Rica, que até hoje recebe caçadores de relíquias do mundo todo. O presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt (1882-1945) e o ator Errol Flynn (1909-1959) organizaram, em vão, expedições para achar o tesouro.
	- só são considerados tesouros os objetos móveis valiosos e ocultos que, por serem antigos, não mais resta memória de quem seja o proprietário. (ou cujos donos possam ser identificados)
Assim, se o próprio dono do imóvel ocultou objetos valiosos e, portanto, sabe da existência e localização dos mesmos, não serão considerados tesouros.
USUCAPIÃO:
 
Ordinária: Art. 1.260, CC – posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, durante TRÊS ANOS, exercida com animus domini, JUSTO TÍTULO e BOA FÉ.
Extraordinária: Art. 1.261, CC – posse ininterrupta e pacífica com animus domini pelo PRAZO DE CINCO ANOS.
Obs.: Súmula 193, STJ – o direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião. Os bens objeto de furto podem ser adquiridos por usucapião extraordinária pelo próprio autor do furto.
- O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um terceiro no DETRAN, possui interesse de agirpara propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261 do CC) já que, com a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).
TRADIÇÃO: é modo DERIVADO de aquisição da propriedade móvel, consistindo na entrega de bem móvel pelo transmitente ao adquirente, com a intenção de transferir-lhe a propriedade. Pode ser real (entrega material da coisa ao adquirente), simbólica (entrega das chaves de um veículo, p.e.) e consensual (resulta do acordo de vontade dos interessados, por aposição contratual, sem qualquer alteração do mundo dos fatos – constituto possesório e tradição brevi manu). No CONSTITUTO POSSESSÓRIO o proprietário de um bem o aliena a outrem, mas continua como possuidor direto, isto é, há inversão no título da posse, já que alguém que possuía a coisa em nome próprio passa a possuir em nome alheio. Já na TRADIÇÃO BREVI MANU ocorre o contrário. Aquele que detinha o bem em nome alheio, passa a possuí-lo como proprietário.
Obs.: O novo código Civil não incluiu a descoberta (antiga invenção) como modo de aquisição da propriedade, visto que quem acha o bem perdido não adquire a sua propriedade. Colocou a descoberta na parte geral da propriedade. Para fins didáticos, vou incluir tal ponto aqui, após os modos de aquisição da propriedade.
DESCOBERTA: é o fato jurídico que consiste em alguém encontrar coisa alheia perdida (art. 1.233, CC). A descoberta gera para o descobridor uma obrigação de fazer consistente em entregar a coisa que saiu da esfera de proteção do titular. Cuida-se de obrigação que se origina de um ato jurídico stricto sensu.
No CC/16, era denominada invenção e estava entre os modos de aquisição da propriedade. Hoje, não é mais assim considerada porque se tutela a propriedade de quem se desligou da coisa sem intencionalidade (bens do evento), não se confundindo com a ocupação, na qual há a aquisição das coisas abandonadas. A descoberta gera apenas um direito de recompensa, em favor do descobridor, não inferior a 5% sobre o valor do bem (ACHÁDEGO), além das despesas com a conservação da coisa, como depositário.
O descobridor é obrigado a restituir o objeto ao legítimo possuidor. Caso não o encontre, deverá entregá-lo à autoridade competente. Se, decorridos 60 dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, o proprietário não comparecer, o bem será vendido em hasta pública. A apreciação do valor a ser pago a título de recompensa será feita pelo magistrado. Após a venda em leilão, e retirado o valor do achádego, o restante do valor é concedido ao município em que o bem houver sido descoberto. Tanto o proprietário quanto o Município podem deliberar por abandonar a coisa para exonerar-se da obrigação de custear o achádego.
Aos objetos deixados em hotéis, lavanderias, etc, também se aplica esse processo de arrecadação, sendo considerada abusiva a cláusula que permite, após certo prazo, que o estabelecimento comercial apodere-se do objeto, ou o aliene para se ressarcir por despesas não pagas.
	Ocupação
	Descoberta
	- é a aquisição da propriedade da coisa sem dono (por abandono(res derelicta)/de ninguém). Crítica em desuso pela modalidade coisa de ninguém(res nullis).
- apenas sobre bens móveis.
	- não é modo de aquisição da propriedade.
-em hipótese alguma se permite ao descobridor apropriar-se do bem.
- 	ocorre quando alguém acha coisa móvel que fora perdida pelo seu proprietário e que deve a ele ser devolvida.
- há o dever de devolver de forma imediata ao proprietário ou possuidor que a perdeu ou a de entregar à autoridade policial. (art. 1233 CC + art. 1236CC, parágrafo único+ art. 1237)
- o artigo 1.237CC : traz a vacância pro rem que é a forma de transferência que cria uma vacância, transmitindo à municipalidade o bem ou mesmo sendo apropriado pelo descobridor. Com isto, passa-se de uma descoberta de coisa perdida a uma descoberta de coisa sem dono.
- sanção detenção de 1 mês a 1 ano ou multa (artigo 169,IICP).
- há o dever, enquanto não devolvido, de adotar as medidas de conservação, respondendo pelos prejuízos causados ao proprietário, se comprovar dolo.
	
Roteiro de Estudo Atualizado em 09/04/2019
AULA SOBRE DESAPROPRIAÇÃO:
Característica da Perpetuidade: 
“a propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não-uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropriação, usucapião, renúncia, abandono etc”
“Perpetuidade: os direitos de crédito prescrevem, mas a propriedade dura para sempre, passa inclusive para nossos filhos através do direito das sucessões. Quanto mais o dono usa a coisa, mais o direito de propriedade se fortalece. A propriedade não se extingue pelo não-uso do dono, mas sim pelo uso de terceiros. Então eu posso guardar meu relógio na gaveta que ele continuará meu para sempre. Eu posso passar décadas sem ir ao meu terreno na praia. Mas se alguém começar a usá-lo, poderá adquiri-lo pela usucapião.” http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direitos-Reais/7/aula/7
Exemplo: 
Pode, ainda, revogar-se a propriedade, no caso da doação por ingratidão do donatário ou descumprimento do encargo (art. 555 do Código Civil); ou resolver-se, no caso de fideicomisso, quando, por ocasião da morte do testador, a herança ou O legado se transmite ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo termo ou sob certa condição, em favor do fideicomissário (art. 1.951 do Código Civil); entre outros casos.
Crédito da imagem: http://autossustentavel.com/tag/propriedade
OBS: DESAPROPRIAÇÃO: “é a forma de perda da propriedade para o poder público (excepcionalmente para o particular), por interesse social ou utilidade pública, mediante indenização.”
“a desapropriação é instituto de direito público, fundado no direito constitucional e regulado pelo direito administrativo, mas com reflexo no direito civil, por determinar a perda da propriedade do imóvel, de modo unilateral, com a ressalva da prévia e justa indenização.” Carlos Gonçalves.
Com a desapropriação opera-se, no interesse da coletividade, a transferência do domínio para a entidade que a promove.
Atenção – não representa confisco, vez que esse não é modo de perda da propriedade.
Não confundir com compra e venda – essa decorre de um ato voluntário e a desapropriação é uma alienação compulsória.
Não é servidão administrativa – nesta, o poder público não adquire o bem, pois esse permanece no domínio do particular, suportando o uso público.
A desapropriação constitui um modo de transferência compulsória, forçada, da propriedade, do domínio particular ou do domínio de outra entidade pública de grau inferior, para a Administração Pública ou seus concessionários.
É uma limitação ao direito de propriedade, baseada na ideia da prevalência do interesse social sobre o individual.
A desapropriação é modo originário de aquisição da propriedade.
O registro é meramente declarativo, ocorrendo a aquisição do domínio independentemente dele.
Por ser modo originário de aquisição da propriedade é registrável por força própria, e a carta de adjudicação deve conter a individualização da coisa desapropriada.
De acordo com o disposto no art. 5º, XXIV, da Constituição Federal, a desapropriação só se justifica para atender a uma necessidade ou utilidade pública, ou a um interesse social.
Objetivos de uma desapropriação:
Interesse social: ocorre nos casos disciplinados pela Constituição Federal para imposição do cumprimento da função social da propriedade dos bens imóveis.
Interesse social ocorre quando a transferência de bens particulares para o domínio público ou de delegados do poder público se impõe, como medida destinada a resolver problemas da coletividade.
Destinada apenas aos bens imóveis, rurais e urbanos.
Ex: art. 184CF
Se for imóvel rural, o pagamento se dará por títulos da dívida agrária; para imóveis urbanos, o pagamento será por títulos da dívida pública.
(Questão de prova doTribunal de Contas) Caso um indivíduo possua uma fazenda de 500 hectares na qual, em 2008, tenha sido descoberta plantação de maconha em 7 hectares de sua propriedade, a administração poderá expropriar toda a fazenda para destiná-la ao assentamento de colonos, sem indenizar seu proprietário.
Utilidade pública: ocorre em favor do poder público, independentemente do cumprimento ou descumprimento da função social da propriedade pelo dono do imóvel. Conforme art. 2º do Decreto-lei 3.365/41 (diz que todos os bens poderão ser desapropriados. – ou seja, apesar de raro, bens móveis são suscetíveis).
A utilidade pública acontece quando a utilização de bens particulares é conveniente aos interesses administrativos, embora não sejam imprescindíveis.
 O poder público exerce interesse no imóvel para alcançar seus objetivos precípuos da Administração, art. 5º (decreto - lei) ex: construção de pontes, estradas, instalação de serviços públicos, salubridade pública, construção e ampliação de distritos industriais, construção de edifícios públicos, cemitérios...
C) Necessidade pública ocorre quando a Administração defronta problemas que só se podem resolver com a transferência de bens particulares para o domínio da pessoa administrativa incumbida de solucioná-los.
Formaliza-se pela expedição de decreto pelo poder público expropriante (federal, estadual ou municipal) (art. 6º do decreto-lei).
De quem é a competência para realizar a desapropriação?
A competência para realizar a desapropriação pode ser dividida em duas espécies:
	Competência DECLARATÓRIA
	Competência EXECUTÓRIA
	
Consiste na competência para declarar que determinado bem é de utilidade pública, de necessidade pública ou de interesse social para fins de desapropriação.
Essa declaração é feita por meio de Decreto (do Presidente, do Governador ou do Prefeito) ou por intermédio de lei de efeitos concretos.
Em regra, essa competência declaratória é comum aos três entes federativos.
Em regra, apenas os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios) possuem competência declaratória.
Assim, as entidades da administração indireta não têm essa competência. Obs: existem algumas exceções, como no caso do art. 82, IX, da Lei nº 10.233/2001, mas elas não interessam no momento.
Compete ao DNIT:
IX – declarar a utilidade pública de bens e propriedades a serem desapropriados para implantação do Sistema Federal de Viação;
	
É a competência para promover os demais atos necessários à desapropriação.
Quem possui competência para executar a desapropriação:
• os entes políticos (União, Estados, DF e Municípios);
• as entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista);
• os concessionários, permissionários, autorizatários e arrendatários;
• as entidades públicas;
• as entidades que exerçam funções delegadas do Poder Público; e
• o contratado pelo Poder Público para fins de execução de obras e serviços de engenharia sob os regimes de empreitada por preço global, empreitada integral e contratação integrada.
Obs: com exceção dos entes políticos, os demais legitimados só poderão exercer a competência executória para a desapropriação se receberem expressa autorização em lei ou contrato.
(FCC/2018)Editado decreto de declaração de utilidade pública e ajuizada a ação de desapropriação para aquisição de uma faixa de terras destinada a ampliação de uma rodovia, a Administração pública identificou a necessidade de utilizar um perímetro com largura maior de uma mesma matrícula em determinado trecho, para execução de uma alça de acesso. Considerando que o decreto de declaração de utilidade pública já abrange a área cuja desapropriação passou a ser necessária, bem como que já havia sido ajuizada ação de desapropriação para aquisição da parte inicialmente identificada da mesma matrícula, pendente citação dos réus,
Resposta: caberá aditamento da petição inicial para ampliação do objeto da desapropriação, acompanhado de depósito da oferta complementar para a nova área, observada a fase processual.
Lembrando que na hipótese de indenização, será feito pelo valor da área efetivamente desapropriada e não pela constante na matrícula.
No procedimento judicial, o poder expropriante deve depositar o valor pelo qual avaliou a área, podendo a defesa do expropriado atingir apenas o vício do processo judicial ou impugnação do preço, conforme art. 9º e 20. (art. 9º - Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se verificam ou não os casos de utilidade pública – juízo de mérito sobre o ato administrativo.)
O STF tem considerado que o pagamento da diferença entre o valor oferecido pelo poder público e aquele apurado na ação de desapropriação é através de precatório. (RE 427761/2008 , 1ª Turma do STF e RE 598678/2009, 2ª Turma STF).
Sugestão de leitura: A DESAPROPRIAÇÃO ENTRE ENTES PÚBLICOS E O PRINCÍPIO FEDERATIVO: UMA INTERPRETAÇÃO COM BASE NA TEORIA DOS PRINCÍPIOS
https://www.conpedi.org.br/publicacoes/66fsl345/1ppyi8tz/5x44QhPAqULHT7A6.
- Quando o administrador obedece aos passos previstos pela legislação para a realização da desapropriação, ela se chama direta. (ou seja, primeiro emite-se o decreto declarando a utilidade, depois se avalia a área e oferece a justa e prévia indenização em dinheiro)
Entretanto, quando não se obedece ao rito, em face da urgência, e primeiro realiza a obra para depois formalizar, chama-se de desapropriação indireta. Nesses casos, abre-se ao dono do imóvel apenas o direito de indenização pela perda de fato da propriedade.
Requisitos para a imissão provisória
Para a imissão provisória na posse são necessários dois requisitos:
• urgência da medida;
• depósito do valor do bem, segundo critérios definidos na lei.
Cumpridos os requisitos acima, é direito subjetivo do expropriante a imissão provisória.
OBS: O exercício do direito à indenização nasce a partir do momento em que a área é esbulhada pelo poder público, ou seja, desde quando começa a utilizar a parte do imóvel. 
Quanto à prescrição é de 10 anos de acordo com o artigo 205 CC e art. 2028CC.
Quanto à origem: a desapropriação pode ser pública ou privada. Será pública quando se perde a propriedade, em prol do interesse público, mediante indenização; será privada quando se perde esse direito em favor de outro particular (art. 1258 e 1259CC).
OBS: Quando for a desapropriação privada do art. 1258 do CC, devem ser verificados dois requisitos: 
Invasão parcial do terreno alheio (até a vigésima parte).
Relevância do que foi construído, móvel da invasão.
Concluindo:
- Se de boa fé, poderá adquirir a propriedade do terreno invadido, desde que compense seu proprietário, pelo valor perdido de área e o reflexo de prejuízo na parte remanescente (podendo mesmo ser total, se causa a impossibilidade de aproveitamento da área residual). 
- Se de má fé, a primeira ação possível é a demolição. Contudo, não se possibilitando esta, será viabilizado ao construtor a porção pelo décuplo do valor (dela e do prejuízo reflexo sobre o remanescente). Não podendo adquirir, deve-se compreender que o caminho será a demolição efetiva, mesmo que com prejuízo do construtor de má fé.
A desapropriação pública pode ser: administrativa, quando ocorre por ato do Executivo ou judicial, que é a prevista no artigo 1228, parágrafos 4ºe5º CC.
Na Administrativa:
A transferência do bem poderá ocorrer por duas formas:
1) por via administrativa: quando o expropriado aceita o valor oferecido pelo Poder Público como indenização pelo bem. Chamada de “desapropriação amigável”;
2) por via judicial: quando o expropriado não aceita o valor oferecido pelo Poder Público. Neste caso, encerra-se a etapa administrativa e o Poder Público terá que ajuizar uma “ação de desapropriação”.
O momento que se consuma a desapropriação é o do pagamento ou do depósito judicial da indenização.
A aquisição decorrente de desapropriação não se subordina a transcrição do título, porémesse é necessário para fins de registro e para dar os efeitos extintivos da propriedade anterior.
Pressupostos para a desapropriação
As normas básicas da desapropriação se acham consubstanciadas no Decreto-Lei n. 3.365, de 21 de junho de 1941, com as modificações posteriores.
São sujeitos ativos da desapropriação a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios (Dec.-Lei n. 3.365/41, art. 2º), bem como os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público, ou que exerçam funções delegadas, de interesse geral. Nesse caso, porém, dependem de autorização expressa, constante de lei ou contrato (art. 3º).
A competência pertence ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo. No último caso, cumpre ao Poder Executivo praticar os atos necessários à efetivação da desapropriação (arts. 6º e 8º).
O Poder Judiciário apenas intervém na fase contenciosa da desapropriação.
Objeto da desapropriação
Todos os bens e direitos patrimoniais estão sujeitos a desapropriação, desde que, de um modo ou de outro, sirvam a uma utilidade ou a um interesse social, inclusive o espaço aéreo e o subsolo (Dec.-Lei n. 3.365/41, art. 2º, caput e § 1º).
Excluem-se da desapropriação os direitos personalíssimos, (artigo 11 do CC) e a moeda corrente do país.
A desapropriação de bem imóvel pode abranger a sua totalidade, ou somente parte.
Todavia, a desapropriação de edificações recairá sempre sobre a sua totalidade, indenizando-se os proprietários proporcionalmente ao valor das suas unidades autônomas (artigos 1.357, § 2º, e 1.358 do CC).
Além dos bens particulares, os bens dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios são suscetíveis de desapropriação pela União, assim como os dos Municípios podem ser desapropriados pelos Estados, devendo o ato, em qualquer caso, ser precedido de autorização legal (Dec.-Lei n. 3.365/41, art. 2º, § 2º).
Respeita-se a ordem hierárquica, seguindo-se sempre a descendente, nunca a ascendente.
Podem ser desapropriados terrenos, prédios, fazendas, usinas, águas e estradas de ferro, bem como “a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda” (Dec.-Lei n. 3.365/41, art. 4º).
É comum a desapropriação parcial, para a instituição de servidão.
Não necessitando de todo o imóvel, o Poder Público o desapropria para certa finalidade, impondo-lhe certas restrições, ou o utiliza sem afastar o proprietário, que continua a usá-lo com alguma limitação.
Trata-se da denominada desapropriação administrativa para a instituição da servidão, pela qual o apossamento do imóvel não envolve todos os direitos sobre ele, mas apenas alguns.
Porém quando a instituição da servidão administrativa acarreta a inutilização da exploração econômica do imóvel objeto do ato, a indenização devida deve corresponder à totalidade da propriedade.
Competência, Forma e Processo de Desapropriação
A desapropriação pode ocorrer de forma amigável, através de acordo entre expropriante e expropriado sobre o montante da indenização, consubstanciado em escritura pública se o imóvel tiver valor superior ao legal.
Não havendo entendimento entre os interessados, será observado o processo expropriatório judicial regulado nos artigos 11 a 30 do Decreto-Lei n. 3.365/41.
A ação será proposta no foro da situação do imóvel, salvo se a União for autora. Neste caso, a competência será do foro da Justiça Federal com sede na Capital do Estado onde for domiciliado o réu. Intentada pelo Estado, tramitará na vara privativa; pelos Municípios, perante os juízes das respectivas comarcas, que tiverem as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos vencimentos (arts. 11 e 12).
Faculta-se ao autor, mesmo antes da citação do réu, alegando urgência e depositando a importância arbitrada pelo juiz, requerer a imissão provi­só­ria na posse dos bens (art. 15).
O Supremo Tribunal Federal tem admitido, no entanto, que seja depositada quantia inferior ao do valor de mercado do bem, ponderando que o pagamento integral deve ser efetuado no momento da transferência definitiva do domínio ao desapropriante.
A desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária segue o procedimento da Lei Complementar n. 76, de 6 de julho de 1993. A Constituição Federal determina no art. 184, § 3º, o procedimento sumário.
Quando o Poder Público desapossa alguém sem o processo expro­priatório regular, pratica esbulho.
 Valor da indenização
A indenização deve ser justa e prévia. Deve também ser paga sempre em dinheiro (CF, art. 5º, XXIV), salvo no caso dos arts. 184 e 182, § 4º, III, da Constituição Federal. (títulos de dívida pública e títulos da dívida agrária)
Para que seja justa, a indenização há de ser a mais completa, devendo abranger não só o valor real e atual dos bens à data da avaliação, como também os lucros cessantes do proprietário, as despesas com a sub-rogação se for imóvel vinculado, juros da mora e juros compensatórios, custas, salários de peritos e honorários de advogado se o quantum for fixado judicialmente, em importância superior à oferecida pela Administração.
Dispõe a Súmula 131 do Superior Tribunal de Justiça que “nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidos”.
Duas espécies de juros admitem-se na indenização: os moratórios e os compensatórios.
 Os juros moratórios correspondem à reparação devida pelo retardamento no cumprimento da obrigação de indenizar.
Os juros compensatórios equivalem aos frutos civis do capital empregado. São devidos a partir do ato que retira o imóvel da posse do dono. Seu pagamento é justificado em razão da perda antecipada da posse.
Súmula 12 do STJ: “Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios”.
Súmula 164 do STF: “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência”.
No quantum da indenização serão computadas as benfeitorias necessárias posteriores, e as úteis, quando autorizadas pelo expropriante.
O expropriante responde, também, pelos gastos que o expropriado tiver de fazer para levantar o preço da indenização bem como pela desvalorização da área remanescente, conseqüente a desapropriação.
Súmula 561 do STF: “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez”.
Retrocessão
Se a Administração Pública deixa de utilizar o imóvel desapropriado, não lhe dando a destinação mencionada no decreto de expropriação, surge a obrigação de oferecê-lo ao ex-proprietário, pelo preço atual da coisa.
Artigo 519 do Código Civil:
“Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa”.
A jurisprudência tem entendido que converte-se em perdas e danos e não em reaver o bem. Bem como que a destinação do imóvel possa ser outra utilidade de interesse público.
O que se entende por retrocessão?
Depois de realizada a desapropriação e paga a indenização, ainda existe a possibilidade do Poder Público não concretizar a destinação dada ao bem conforme declarado na primeira fase do procedimento expropriatório.
Sobre o tema Hely Lopes Meirelles[ 1 ] ensina que "Retrocessão é a obrigação que se impõe ao expropriante de oferecer o bem ao expropriado, mediante a devolução do valor da indenização, quando não lhe der o destino declarado no atoexpropriatório (...) A retrocessão é, pois, uma obrigação pessoal de devolver o bem ao expropriado, e não um instituto invalidatório da desapropriação, nem um direito real inerente ao bem. Daí o conseqüente entendimento de que a retrocessão só é devida ao antigo proprietário, mas não aos seus herdeiros, sucessores e cessionários".
O direito de retrocessão é uma faculdade do direito real de propriedade, que se traduz na prerrogativa de reaver o bem que foi possuído injustamente por terceiros. Acerca do tema, Celso Antônio Bandeira de Mello: "não se pode nega ao ex-proprietário o direito de reaver o bem nos casos aludidos, e é isto que se constitui a retrocessão propriamente dita, direito de natureza real". ( Alternativa encontra-se equivocada ao afirmar que o expropriado tem direito de reaver o bem mediante devolução do valor pago, sendo que o instituto  dispõe  ex-proprietário pode reaver o bem expropriado, mas não preposto a finalidade pública ).
Atenta-se para o fato que: a natureza jurídica do direito de retrocessão é bastante controversa, não havendo consenso entre os estudiosos do tema. Isso ocorre porque parte da doutrina entende que o proprietário tem direito a reaver o bem, mesmo que alienado a terceiros, dando ao instituto, caráter de direito real, enquanto o remanescente entende que a situação se resolveria em perdas e danos, a serem exigidas pelo particular expropriado, do ente público expropriante, não sendo possível opor a garantia a terceiros adquirentes do bem, haja vista a natureza de direito pessoal da retrocessão. (Direito Administrativo. Matheus Carvalho)
Resumindo:
As limitações ao direito de propriedade:
Regra: a propriedade se presume plena e exclusiva, até prova em contrário.
Limitações voluntárias: são restrições determinadas pela vontade do proprietário ou de terceiro.
Limitações legais: direitos de vizinhança art. 1277 – uso anormal da propriedade (poderá o interessado se valer das hipóteses de tutela de urgência do art. 294 NCPC) leitura do enunciado 319; 
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art. 1280CC e art 1286Cc – interferência na propriedade por interesse público(passagem e cabos, tubulações, fiações – cabe indenização do beneficiário ao particular/vizinho favorecido; caberá proteção do art. 1.279CC);
Questão do MPE/FCC/2014 apontava como correta: “O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha, entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal”.
Questão do PGM/2008 apontava como correta: “O direito de passagem forçada é uma limitação legal imposta aos proprietário vizinho, fundada no princípio da solidariedade social, que reside nas relações de vizinhança”.
“consiste na prerrogativa que tem o dono de um imóvel de transitar pelo outro, mas, para tanto, deve decorrer do encravamento do prédio, ou seja, é indispensável que o prédio não tenha acesso à via pública, nascente ou porto.”
Questão do PGM/2008 apontava como correta: “Havendo alienação parcial do prédio, por necessidade econômica, que torne essa parte alienada encravada pela perda do acesso à via pública, deverá o alienante, que ficou com a passagem já existente, tolerar o seu uso pelo adquirente.”
Questão do MPF/2015 apontava como correta: “O direito de passagem forçada não comporta oposição do vizinho, cabendo ao juiz fixar o rumo da passagem de forma mais cômoda e menos onerosa para as partes”.
Obs: Enunciado 88: Art. 1285CC – o direito de passagem forçada, previsto no artigo, também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas, inclusive, as necessidades de exploração econômica.
 Limitações legais (continuação): espaciais (art. 1229CC); naturais (art. 1230CC); familiares (art. 496, 548, 549 e 550 do CC); administrativas; desapropriação; função social da propriedade.
OBS: Os elementos para a função social da propriedade rural:
Aproveitamento racional do solo.
Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.
Observância das disposições que regulam as relações de trabalho.
Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
OBS: Enunciado 506: na aplicação do princípio da função social da propriedade imobiliária rural, deve ser observada a cláusula aberta do parágrafo primeiro do art. 1228CC, que, em consonância com o disposto no art. 5º, inciso XXIII, da CRFB/88, permite melhor objetivar a funcionalização mediante critérios de valoração centrados na primazia do trabalho.
Questão da magistratura de SP apontava como correta: “A imposição dos deveres ao proprietário, como os de proteção das chamadas áreas de preservação permanente e de mantença ou recuperação de matas ou vegetação nativa, a titulo de reserva legal, de determinado percentual dos imóveis rurais, pode ser considerada como medida voltada para a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado”. 
Limitações judiciais: são aquela impostas como medida necessária à preservação da efetividade do próprio processo no qual é determinada. Ex: penhora, arresto, sequestro, pois são ordens judiciais que visam a garantia da satisfação do direito pelo qual se funda o processo.
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DA PROPRIEDADE:
esta figura jurídica deita raízes no direito romano, onde primava pelo individualismo, atribuindo somente ao cidadão romano o privilégio de adquirir a propriedade. Atualmente, a configuração da propriedade depende do regime político adotado, por exemplo, a antiga URSS, que socializava os bens de produção; já nos países do ocidente, incluindo o Brasil, temos a propriedade individual, com restrições voluntárias e legais, para que seja possível o desempenho da sua função social.
Fundamento do direito de propriedade: Existem várias teorias que informam o seu fundamento, destacando-se a da (1) ocupação, (2) da lei, (3) da especificação e (4) da natureza humana. Pela primeira, fundamenta o direito de propriedade na ocupação, na apropriação de coisas que não pertencem a ninguém (res nullius). Pela segunda, a teoria da lei, afirma-se que o domínio fundamenta-se na lei. Por ela, a propriedade é instituição de direito civil, positivamente amparado. Existirá a propriedade porque a lei a criou e a garantirá. Pela teoria da especificação, o trabalho é o único criador de bens, consistindo, portanto, no título legítimo da propriedade. Por último, a teoria da natureza humana, é a que melhor fornece o fundamento da propriedade. Para ela a propriedade está na natureza humana, pois é o instinto de conservação que leva o homem a se apropriar de bens para saciar sua fome e para satisfazer suas necessidades de ordem física e moral, justificando, assim, plenamente a existência jurídica da propriedade.
Conceito e elementos da propriedade: nosso Código Civil não trouxe uma definição de propriedade, preferindo enunciar no artigo 1.228 os poderes do proprietário, fornecendo elementos para sua definição. Em termos analíticos, todavia, podemos dizer que a propriedade é o direito que a pessoa (física ou jurídica) tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem (corpóreo ou incorpóreo), bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha, tirando da coisa toda a sua utilidade jurídica; é o mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo do direito das coisas.
Em relação aos seus elementos constitutivos da propriedade, temos o “jus utendi” (direito de usar), que é a faculdade de o dono servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que entender mais conveniente, podendo excluir terceiros de igual uso. O “jus fruendi” (direito de gozar ou usufruir), que é o poder de perceber os frutos naturais e civis da coisae aproveitar economicamente os seus produtos. O “jus abutendi” ou “jus disponendi” (direito de dispor), que é o direito de dispor da coisa, de transferi-la ou aliená-la a outrem a qualquer título, envolvendo o poder de consumir o bem, de dividi-lo ou gravá-lo, como vender, distribuir, doar a coisa. E, por último, a “reivindicatio” (direito de reivindicar), sendo o direito de reaver a coisa, de reivindicá-la das mãos de quem injustamente a detenha; ele envolve a proteção específica da propriedade, que se perfaz pela “ação reivindicatória” (direito de sequela).
Caracteres da propriedade: este direito sofre restrições impostas pelo direito de vizinhança, pelo interesse público, pelo fim social, pela própria vontade do proprietário e outras normas administrativas e constitucionais. É um direito absoluto desde que não contrarie interesse público e outras normas de convivência social. A propriedade caracteriza-se pela exclusividade, ilimitabilidade, perpetuidade e elasticidade. É exclusiva, no sentido de poder o seu titular afastar da coisa quem quer que dela queira utilizar-se. A mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneidade a duas ou mais pessoas. O direito de um exclui o de outro. Mesmo no condomínio não desaparece o exclusivismo, pois o direito dos condôminos são exclusivos. É ilimitada ou absoluta, no sentido de encontrar-se liberta dos encargos que a constrangiam desde os tempos feudais, quando o que lavrava o solo tinha o dever de pagar foro ao fidalgo; hoje, o proprietário tem amplo poder sobre o que lhe pertence. Não só por ser oponível erga omnes, mas pelo fato de que seu titular pode desfrutar e dispor do bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações impostas em razão do interesse público ou da coexistência do direito de propriedade de outros titulares. Até prova em contrário, considera-se a propriedade plena e exclusiva, limitando-a quando pesar sobre ela ônus reais, como no caso do usufruto e de outros direito reais sobre coisas alheias, em virtude do desmembramento dos direitos elementares do proprietário, de usar, gozar e dispor, ou quando for resolúvel, estando sujeita a resolução. Possui também, caráter perpétuo, no sentido de que subsiste a propriedade independentemente de exercício, enquanto não sobrevier causa legal extintiva, ou seja, enquanto o proprietário desejar ou em virtude de lei ela subsistirá. É irrevogável ou perpétua, porque não se extingue pelo não-uso. Por fim, temos o caráter elástico, que é a característica que consiste na possibilidade do domínio ser estendido ou contraído no seu exercício conforme lhe somem ou retirem poderes destacáveis.
Do caráter social da propriedade: a CR/88 traz essa ideia (art. 5º, XXIII), determinando ainda, que a ordem econômica observará a função da propriedade, impondo freios à atividade empresarial (art. 170, III). É possível dizer que a função social pode se confundir com o próprio conceito de propriedade, diante de um caráter inafastável de acompanhamento (Tartuce). Nessa ordem, o Código Civil, no artigo 1.228, § 1º, afirma que o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas; o § 2º, que são proibidos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade ou utilidade e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem (direito de vizinhança); o §3º traz a privação de propriedade nos casos de desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. Pelos §§ 4º e 5º, cria-se uma nova forma de usucapião, determinada pelo Poder Judiciário na hipótese de o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e esta nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante, fixando por este a justa indenização ao proprietário. Neste caso, trata-se de inovação de alto alcance, inspirada no sentido social do direito de propriedade e também no novo conceito de posse, dita por Miguel Reale como posse-trabalho, conforme leciona Carlos Roberto Gonçalves.
Além do disposto no artigo 1.228 do CC e do Estatuto da Cidade, temos ainda outras legislações que trazem restrições ao direito de propriedade, como o Código de Mineração, Florestal, Lei de Proteção do Meio Ambiente, além, é claro, das limitações advindas do direito de vizinhança e de cláusulas impostas nas liberalidades, matérias tratadas pelo diploma substantivo civil. Esse conjunto de normas nos dá, portanto, a noção de que o direito de propriedade deixou de apresentar características de direito absoluto e ilimitado para transformar-se em direito de finalidade social.
Propriedade plena e limitada: são espécies de propriedade, quanto à extensão do direito do titular: a plena ou limitada; quanto à perpetuidade do domínio: perpétua ou resolúvel. Será plena, também chamada de alodial, quando todos os direitos elementares da propriedade estão reunidos nas mãos da mesma pessoa. Ter-se-á propriedade limitada ou restrita, quando tem um ônus real, o qual consiste em estar um ou mais elementos constitutivos da propriedade em poder de outrem. Será perpétua quando tiver duração ilimitada. Será resolúvel, quando se encontrar no seu próprio título constitutivo uma razão de sua extinção, ou seja, as próprias partes estabelecem uma condição resolutiva, como na alienação fiduciária, ao fideicomisso ( fiduciário e fideicomissário), ou no pacto de retrovenda.
Espaço aéreo e subsolo: a noção geométrica de superfície, como expressão de solo, não satisfaz às exigências jurídicas, pois é óbvio que o proprietário não teria a possibilidade de exercer os poderes dominiais de uso e gozo se lhe fosse negado o direito ao que está abaixo e acima. Não poderia construir ou plantar, não teria meios de utilizar se a concepção de domínio ficasse adstrita à camada externa de revestimento da terra. Por estas razões, podemos dizer que a propriedade do solo estende-se ao subsolo e ao espaço aéreo, questionando, contudo, se encontra ou não um limite. Conjugando concepções germânica (interesse do proprietário) e suíça (utilidade), nosso Código Civil autoriza no artigo 1.229, tanto no espaço aéreo como no subsolo, a titularidade do domínio, desde que seja útil e possua o proprietário legítimo interesse.
Descoberta: é uma das formas de aquisição e perda da propriedade móvel. É o achado de coisa perdida. Descobridor, achador ou inventor é o que a encontra. Nos termos do artigo 1.233, quem achar coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Não o conhecendo, fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa à autoridade competente. Aquele que restituir a coisa achada terá direito a uma recompensa não inferior a 5 % do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e o transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Neste caso, a coisa não mais será perdida, mas sim abandonada, o que gerará para o inventor (descobridor), direito aquisitivo pela “res derelicta” (coisa abandonada). Todavia, há uma exceção que a coisa perdida passa a pertencer ao achador ou inventor, afora o abandono pelo dono como visto acima, é o caso de descoberta de tesouro, onde a lei afirma que metade de seu valor passará a pertencer a quem achou. Neste caso, excepcionalmente, a coisa perdida passa a ser forma aquisitiva de propriedade móvel.
Aquisição da propriedade imóvel: consiste na personalização do direito num titular, gerando-lhe um direito subjetivo. São pressupostos para aquisição da propriedade: 1) que a pessoa seja capaz de adquirir; 2) que a coisa seja suscetível de aquisição; e, 3) que exista um modo de adquirir. Pode-se

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