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6º ano Estudos Amazônicos

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Estudos Amazônicos 6º ano 
Página | 1 
 
HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA 
 
A primeira fase da longa história do povoamento humano na Amazônia começa praticamente junto 
com a formação da floresta que conhecemos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios 
concretos da presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 
a.p. (antes do presente) foi, provavelmente, neste período que os primeiros grupos humanos 
provenientes da Ásia chegaram de sua longa migração até a América do Sul. Eram grupos nômades de 
caçadores-coletores que perseguiam as grandes manadas de animais. 
 
PRIMEIROS HABITANTES 
 
A Bacia Amazônica ocupa mais da metade do Continente Sul-americano, e está distribuída entre vários 
países dos quais o território maior corresponde ao Brasil. Apesar de já existirem, desde 1970, dados 
esparsos que levaram a se levantar hipóteses sobre a ocupação da Amazônia por bandos de caçadores 
arcaicos, foi somente a partir da década de 1990 que maiores evidências o demonstraram. Os achados, 
no Pará, da grutas do Gavião e de Pequiá, em Carajás, descobertas em 1985 e estudadas por 
arqueólogos do Museu Paraense Emílio Goeldi, e da Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, 
também descoberta por pesquisadores do mesmo Museu e posteriormente escavada pela arqueóloga 
estadunidense Anna Roosevelt, demonstraram, sem dúvida, a existência de ocupações pré-históricas 
muito anteriores ao estabelecimento das culturas tradicionais amazônicas de horticultores de floresta 
tropical, baseadas principalmente no cultivo da mandioca e do milho. 
A Amazônia era então uma ampla extensão de 
savanas, com apenas algumas manchas de floresta 
ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam 
grandes animais como o mastodonte, a preguiça 
gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e 
diversos outros exemplares de megafauna, os quais se 
supõe, serviam de base alimentar para os bandos de 
caçadores gregários e cujos fósseis podem ser 
encontrados nos barrancos de muitos dos rios 
amazônicos, especialmente no Acre. 
 
Gruta do Gavião, Carajás - Pa 
 
Gruta do Pequiá, Carajás - Pa 
 
Caverna da Pedra Pintada em Monte Alegre - Pa 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
Página | 2 
 
A CULTURA DE 
FLORESTA TROPICAL 
 
Mudanças climáticas e 
ambientais, ocorridas 
entre 7.000 e 6.000 
anos, levaram ao 
aumento da 
temperatura e da 
umidade do planeta, 
fazendo com que as 
florestas se 
expandissem. 
Começava então uma 
segunda fase do 
povoamento humano 
da Amazônia, na qual 
as populações 
passaram a contar com 
recursos alimentares 
mais diversificados e 
novas formas de 
organização social 
surgiram. Essas novas práticas socioculturais, por volta de 5.000 anos atrás, deram origem à chamada 
Cultura de Floresta Tropical, caracterizada por grupos que praticavam uma agricultura ainda incipiente, 
complementada pela caça, pesca 
e coleta de frutos e sementes da 
floresta. A partir dessa nova 
organização social, os grupos pré-
históricos amazônicos passaram 
também a fabricar cerâmica e a 
ocupar alguns locais por períodos 
mais prolongados. Com isso, 
deixaram grandes sítios 
arqueológicos que testemunham 
seu florescimento por toda a 
Amazônia. A partir do surgimento 
da Cultura de Floresta Tropical, a 
ocupação humana da Amazônia 
alcançou o estágio de alta 
diversificação que os europeus 
encontraram ao começar a 
exploração da grande floresta. 
Para entender as estratégias de 
sobrevivência dos grupos pré-
históricos amazônicos há que 
distinguir dois ecossistemas diferenciados: a várzea e a terra firme. A várzea corresponde às planícies 
inundáveis pelos rios que nascem nos Andes e que são ricos em nutrientes; já na terra firme 
Preguiça gigante, um dos exemplares da megafauna que habitavam a Amazônia pré-
histórica. 
O estranho Toxodonte, semelhante a um hipopótamo 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
Página | 3 
 
predominam solos pobres e rios com poucos nutrientes, conhecidos na região como “rios da fome”, 
provenientes dos escudos da Guiana e do Brasil dos quais o mais significativo é o Rio Negro. As áreas 
de várzea contam com maiores recursos alimentares embora dependam de níveis inseguros de 
inundação. Entretanto, a terra firme, que apresenta solos menos férteis, é também menos vulnerável a 
mudanças climáticas. Um complexo sistema de adaptação ecológica e de relações intertribais levou os 
homens das várzeas e das terras firmes amazônicas a criar mecanismos de subsistência que permitiram 
o desenvolvimento de culturas inéditas e originais como as de Marajó, de Santarém ou do Amapá, para 
citar algumas das mais significativas. 
 
 
 
VISÃO NEGATIVA 
 
Até pouco tempo, havia uma visão negativa sobre o 
meio ambiente amazônico, principalmente por falta 
de pesquisas científicas. Acreditava-se que, durante a 
Pré-História, a Amazônia não foi capaz de 
desenvolver uma cultura complexa, a exemplo dos 
Andes e da Mesoamérica. Divulgava-se a ideia de que 
a Região era um vazio demográfico devido à enorme 
acidez do solo que, por sua vez, não permitia uma 
grande produtividade agrícola. Acreditava-se, ainda, 
que todos os artefatos de civilizações pré-históricas 
encontrados eram oriundos de outras regiões em 
função das constantes imigrações, comuns nessa 
fase da história da humanidade já que as populações 
eram nômades. 
 
SÉCULO X A.C. 
 
Os registros de pesquisas nas áreas da Antropologia, 
Arqueologia e Etno-História desenvolvidas desde o 
século XIX, na América e na Amazônia, permitem-nos 
afirmar que as civilizações complexas mais antigas, da Pré-História, surgiram entre os séculos XXV a.C. 
e X a.C. nas regiões Andinas e Mesoamericanas. Com relação à Amazônia, as civilizações complexas só 
surgiram por volta do século X a.C. 
Era comum, ainda, afirmar que, devido ao surgimento tardio das civilizações complexas na Amazônia, 
a sua ocupação pré-histórica ocorreu do Oeste para o Leste Amazônico, e o desenvolvimento dos 
cacicados complexos teriam sido originados nos Andes. Mas, graças às pesquisas feitas por Domingos 
Ferreira Pena, João Barbosa Rodrigues, Charles Hart, Eduardo Góes Neves, Betty Megers, Anna 
Roosevelt, André Prous, Pedro Ignácio Schmits, a orientação leva-nos para outra direção: a ocupação 
pré-histórica da Amazônia originou-se do Leste para o Oeste, e os cacicados complexos surgiram nas 
antigas sociedades ceramistas do Oriente Amazônico (ou marajoara). 
 
II – A OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA 
 
Não existe um quadro consensual, entre os pesquisadores antropólogos e arqueólogos, sobre a 
periodização da ocupação pré-histórica da Amazônia. Isso em função das poucas pesquisas realizadas 
Ossada encontrada em sítio arqueológico na 
Amazônia 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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nessas primeiras fases de ocupação humana da Região. Por isso, os cientistas fizeram uma periodização 
provisória, assim organizada: 
 
a) Primeira fase: Paleoindígena. 
 
b) Segunda fase: Arcaica. 
 
c) Terceira fase: Pré-história Tardia. 
 
A pré-história da Amazônia vai desde uma ocupação paleoindígena, ocorrida acerca de 11.200 anos 
A.P. (antes do presente: expressão usada para datação de períodos arqueológicos; o ano de 1950 é a 
data inicial do Presente), até a extinção dos cacicados complexos, a partir da primeira metade do 2º 
milênio da Era Cristã. 
 
FASE PALEOINDÍGENA 
 
A população era pouco 
numerosa, dispersa, 
nômade e organizada 
socialmente em bandos 
frouxos. Os bandos 
paleoindígenas da América 
do Sul davam importância 
à coleta de moluscos, de 
plantas e a caça de animais 
de pequeno porte. 
Acredita-se que a ocupação 
paleoindígena da 
Amazônia, que teria 
acontecido por volta de 
9.200 a.C., era baseada na 
coleta de frutas, na caça e 
na pesca; que se 
desenvolveu para umacultura de pescadores e 
coletores de moluscos. Isso 
pode ser comprovado através dos restos alimentares que foram encontrados na caverna da Pedra 
Pintada, em Monte Alegre, no Estado do Pará. 
Apesar das pontas de lanças, encontradas na caverna da Pedra Pintada, que sugerem os seus usos em 
caça de grandes animais, especialmente de grandes peixes, não indicam uma especialização na caça 
desse tipo, mas sim na caça e coleta generalizada. 
 
 
FASE ARCAICA 
 
O homem do período arcaico buscava novos recursos alimentares nas savanas, nas estepes, no litoral e 
nos lagos. A caça é diversificada; amplia-se a coleta animal e vegetal; a experimentação e o conhecimento 
acumulado levam à domesticação das plantas e de animais. 
Pontas de lanças encontradas nas proximidades de cavernas amazônicas no período 
paleoindígena 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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Por volta de 6000 a. C., as populações estabelecidas em áreas produtivas ao longo do rio Amazonas 
começam a fabricar cerâmica. Entre 2000 e 1000 a.C., desenvolveu-se uma ocupação estável de 
horticultores de raízes (mandioca etc.), produtores de cerâmica com decoração incisa e com apêndices 
zoomorfos modelados, às vezes com pintura geométrica vermelha e branca. 
Foram descobertos e identificados diversos sambaquis (depósitos artificiais de conchas) do delta em 
região do baixo Amazonas, costa da Guiana e foz do Orinoco, através dos quais foi possível inferir-se 
uma transição da subsistência baseada na caça e coleta para uma agricultura incipiente, e do estágio 
pré-cerâmico inicial ao cerâmico. 
 
FASE DA PRÉ-HISTÓRIA TARDIA 
 
A Fase pré-história Tardia (1000 
a.C. a 1000 d.C.) pode ser 
caracterizada pelo surgimento, ao 
longo dos principais braços e 
deltas dos rios, de sociedades 
indígenas com grau de 
complexidade bastante 
significativo na sua economia, na 
demografia e nas organizações 
políticas e sociais. Tinham 
domínios culturais tão grandes ou 
até mesmo maiores que os de 
muitos Estados pré-industriais do 
Velho Mundo, tais como as 
civilizações minoica e micênica e 
os Estados africanos como Ashanti e Benim, ou as do vale do Indo, na Índia. Essas sociedades indígenas 
são denominadas pelos antropólogos de cacicados complexos. 
Fragmentos de cerâmicas encontrados em Parintins, Amazonas, da fase 
arcaica 
 
Tesos – elevações construídas na ilha de Marajó, de grande 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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Dados arqueológicos e etno-históricos revelam indícios da presença dessas sociedades indígenas 
complexas ao longo das várzeas dos rios Amazonas e Orinoco; nos contrafortes orientais dos Andes; e 
na região costeira do Caribe. 
Especificamente na Amazônia, por volta de 1000 a.C., desenvolvem-se as culturas dos construtores de 
tesos (aterros artificiais construídos em áreas inundáveis), as quais foram sucedidas por sociedades 
complexas e hierarquizadas, associadas a uma indústria de cerâmica muito refinada. Tais sociedades 
seriam exemplificadas pela Marajoara, na ilha do Marajó, e pela Tapajônica, na região de Santarém. 
 
 
EXTINÇÃO DOS CACICADOS 
 
Por cerca de dois mil anos, o meio ambiente forneceu a sustentação das sociedades complexas, no 
entanto, com a chegada dos europeus, tudo retrocedeu. Começaram as fases da conquista e da 
colonização; em nome de uma civilização cristã e de uma incessante busca de poder e riqueza material, 
os europeus destruíram os cacicados – diretamente com as guerras e a escravidão; indiretamente, 
através do contágio por doenças até então desconhecidas – fazendo suas populações desaparecerem 
completamente da maior parte das várzeas. 
Os índios sobreviventes internaram-se na floresta, formando sociedades tribais independentes, 
provavelmente retornando aos padrões que antecederam ao surgimento dos cacicados: subsistência 
baseada em plantas amidoadas e proteína animal e os estilos artísticos principalmente zoomórficos. 
Nas atuais sociedades indígenas da Amazônia, em geral, não se pode encontrar nada que lembre as 
sociedades complexas do Período da Pré-história Tardia, a não ser alguns vestígios materiais, e o registro 
na memória das crônicas dos conquistadores dos séculos XVI e XVII. 
 
 
Resumindo, e no estado atual do 
conhecimento, é possível o estabelecimento de 
sequências sobre a ocupação humana na 
Amazônia que abranjam desde as primeiras 
levas de caçadores-coletores nômades 
presentes nas várzeas e na terra firme desde o 
fim do Pleistoceno. 
Posteriormente, já no Holoceno, aparecem 
ocupações sedentárias ou semi-sedentárias de 
horticultores de raízes e conhecedores da 
manufatura de uma cerâmica simples, 
assentados principalmente nas terras baixas 
de várzea. A esse período pertencem os 
abundantes e extensos sambaquis fluviais que 
se encontram desde Manaus à costa do Pará e 
que apresentam estágios diversos de ocupação, 
a partir do quinto milênio a.C. com intensivo 
aproveitamento dos recursos marinhos. Num 
terceiro período que pode ter começado em 
torno do século 5 d.C. e chega até o contato 
europeu, formaram-se sociedades mais 
complexas e hierarquizadas com chefias ou 
cacicados; construíram-se grandes aterros 
Urna funerária encontrada no Marajó 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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onde situam-se as aldeias tanto para proteger-se das enchentes como por medida defensiva e onde 
também enterravam os mortos. As cerâmicas cerimoniais e funerárias dessas sociedades são policromas 
e profusamente decoradas com relevos e apliques antropomorfos e zoomorfos de grande complexidade. 
Seu estágio cultural pode se situar no chamado período “formativo” das altas culturas andinas. 
 
OS GEOGLIFOS – MARCAS DO PASSADO AMAZÔNICO 
 
Povos que construíram figuras misteriosas no Acre, há 2 mil anos, faziam 'manejo agroflorestal', 
promovendo grandes alterações na floresta, sem desmatá-la 
 
OS GEOGLIFOS 
 
Geoglifos são vestígios 
arqueológicos 
representados por 
desenhos geométricos 
(linhas, quadrados, 
círculos, octógonos, 
hexágonos, entre 
outros), zoomorfos 
(animais) ou 
antropomorfos (formas 
humanas), de grandes 
dimensões e elaborados 
sobre o solo, que podem 
ser totalmente e 
melhor observados se 
vistos do alto, em 
especial, através de 
sobrevoo. Geoglifos 
podem ser encontrados 
em várias partes do 
mundo. Os mais 
conhecidos e estudados 
estão na América do 
Sul, principalmente na 
região andina do Chile, Peru e Bolívia. Descobertos pelo pesquisador Ondemar Dias em 1977, os 
geoglifos do Acre estão sendo melhor estudados a partir da ação de vários pesquisadores. 
 
DESCOBERTA DE 450 GEOGLIFOS NA AMAZÔNIA AJUDA A DESVENDAR MISTÉRIO 
 
Um novo estudo sobre as misteriosas figuras revelou que no oeste da Amazônia pré-colombiana, uma 
população considerável tirava seu sustento da floresta, transformando-a intensamente. Apesar disso, 
por realizar um manejo sustentável das espécies, as intervenções geravam pouco desmatamento. 
Nos últimos 40 anos, os cientistas têm localizado, no leste do Acre, um grande número de geoglifos, 
que foram revelados graças ao gradual desmatamento na região, de acordo com os autores da pesquisa. 
Um dos geoglifos estudados pelos cientistas, no leste do Acre 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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Pelo menos 450 geoglifos foram descobertos até hoje, ocupando uma área equivalente a 13 mil 
quilômetros quadrados. A maior parte deles foi produzida há cerca de 2 mil anos, dizem os cientistas. 
Alguns têm centenas de metros de diâmetro. 
Toda aquela porção do extremo ocidental do Acre era coberta por floresta primária até os anos 1980 e 
vem sendo desflorestada para a criação de gado. Metade da cobertura florestal na região já se perdeu. 
Por ironia, não fosse o aumento da ocupação humana no Acre, as centenas de geoglifos pré-históricos 
hoje catalogados continuariam ocultospela mata. A floresta evidentemente esconde muitos outros. Os 
geoglifos se espalham pelos vales dos rios Acre, Iquiri e Abunã, entre Rio Branco e Xapuri, e também ao 
norte de Rio Branco, na direção do Estado do Amazonas. 
A função dos geoglifos até hoje 
permanece um mistério. Dificilmente 
eram cidades, já que os arqueólogos 
encontram muito poucos artefatos nas 
escavações. Pelo formato, os cientistas 
também descartam que as construções 
tivessem finalidade defensiva. De 
acordo com os autores do estudo, o 
mais provável é que eles só eram 
utilizados ocasionalmente, com 
objetivos rituais. 
Pelo que se sabe, os geoglifos foram 
feitos por índios Aruaques que moram 
na Amazônia séculos atrás para servir 
de campo para rituais religiosos. 
“Quando a gente faz as medidas 
percebe que eles são muitos constantes. 
Eles não tinham instrumentos de 
metal, faziam provavelmente com pás 
de madeira, mas tinham precisão 
matemática”, afirma Denise Schaan, da 
UFPA (Universidade Federal do Pará), e 
coordenadora das pesquisas dos 
geoglifos. 
A descoberta dos geoglifos contradiz a 
ideia de que a Amazônia era um 
ecossistema intocado antes da 
colonização, já que havia modificações humanas na floresta - mas também revela que os povos locais 
conseguiam fazer isso sem destruir a floresta. 
O fato de que esses locais ficaram escondidos por séculos sob a floresta desafia a ideia de que a Amazônia 
era um ecossistema intocado. O objetivo das pesquisas é saber se a região já tinha florestas quando os 
geoglifos foram construídos e até que ponto o impacto dessas construções tiveram impacto na 
paisagem. 
 
DESVENDANDO O MISTÉRIO 
 
Os geoglifos do Acre eram um espaço de comunicação espiritual e de ritual com a natureza, afirma uma 
equipe de cientistas da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e da USP. 
 
Stonehenge amazônico 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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Um novo estudo comandado 
por pesquisadores 
brasileiros e finlandeses traz 
uma interpretação 
alternativa. 
Esses recursos de paisagem 
antropogênica funcionariam 
como dispositivos 
sistêmicos para se envolver 
e viajar dentro do mundo 
das entidades invisíveis, por 
um lado; e, de outro, 
mantinham os sentimentos 
de unidade, continuidade e 
pertencimento ao lugar no 
mundo dos humanos. 
A pesquisa indica que os 
geoglifos não eram usados 
por todos, mas apenas pelos 
indivíduos das comunidades 
especializadas em rituais ou 
interações com seres vivos 
além dos humanos. 
Segundo o estudo, também 
eram importantes para as 
comunidades indígenas em 
certas etapas da vida – “as 
variedades dos padrões 
geométricos eram usadas 
como portas ou caminhos 
para atingir conhecimento de elementos distintos do entorno que os rodeava”. 
De acordo com as especialistas em antropologia ancestral, a visualização e interação ativa com 
elementos vivos da natureza era importante e construtiva para as comunidades indígenas. 
 
INSPIRAÇÃO ANIMAL 
 
A razão pela qual os desenhos respondem a padrões geométricos específicos ainda não está clara. 
Para os pesquisadores, há inspiração em desenhos e formas encontradas em peles de animais. Esses 
padrões também são observados nos dias de hoje em cerâmicas, tecidos e joias confeccionados pelos 
indígenas modernos. 
Ainda de acordo com as teorias de arte visual, acredita-se que os padrões geométricos podem ajudar as 
pessoas com fertilidade, resistência, conhecimento e poder. 
Até hoje índios de tribos no Acre continuam protegendo esses lugares. Ao contrário de outros moradores 
da região, evitam usar esse espaço para atividades que consideram mundanas, como agricultura e 
moradia. 
Esse comportamento, assinalam as pesquisadoras, reforçam ainda mais a ideia de origem sagrada dos 
desenhos. 
Sitio Jacó Sá 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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HÁBITOS EM ANÁLISE 
 
“A gente tem feito pesquisas para fazer datações 
dessas construções, para ver o que eles comiam, o que 
plantavam, e para ver os tipos de atividades que 
tinham. A gente busca isso nas escavações, e já temos 
descoberto algumas coisas: em um deles, por exemplo, 
havia um resto de construção na entrada. 
Encontramos restos de panelas de cerâmica, algumas 
bem mais elaboradas. Se descobriu algumas coisas de 
plantação, e eles comiam milho”, explica Schaan. 
A maioria dos desenhos foi feita em lugares abertos, 
próximo a palmeiras. “Os índios tinham crença nessa 
coisa de espíritos que habitam as palmeiras, e essas 
vegetações são características desde a época dos 
geoglifos”, diz. 
 
RECONSTITUIÇÃO FLORESTAL 
 
Utilizando métodos de última geração, os cientistas 
reconstruíram as características da vegetação nos 
últimos 6 mil anos, nos dois sítios escolhidos. "Nós abrimos uma série de buracos até 1,5 metro dentro 
e fora dos geoglifos e, do fundo deles, para extrair amostras do solo", afirmou Jennifer Watling, da USP. 
"Nessas amostras, analisamos os fitólitos (fósseis microscópicos de plantas). Cada tipo de planta possui 
um fitólito diferente, o que nos permite descobrir qual era a vegetação que havia ali primitivamente", 
explicou a cientista. 
Além dos fitólitos, os pesquisadores também estudaram a quantidade de carvão vegetal encontrada nas 
amostras - para estimar a quantidade de floresta queimada no passado - e mediram os isótopos estáveis 
de carbono, que indicam o quanto a vegetação era aberta ou fechada. "Isso nos permitiu estimar se ali, 
há milhares de anos, havia floresta densa ou uma vegetação semelhante à savana", afirmou. 
Embora os geoglifos sejam formados por grandes baixos relevos escavados na terra, espalhando-se por 
vastas áreas e causando grande alteração na paisagem, o estudo mostrou que havia pouca remoção da 
floresta. Desmatamentos temporários eram feitos apenas para a construção dos geoglifos. 
"Apesar do número enorme e da densidade de geoglifos na região, agora temos certeza de que as 
florestas do Acre nunca haviam sido desmatadas tão extensivamente como ocorreu nos anos recentes", 
disse a pesquisadora. 
O impacto na floresta era grande, mas não o desmatamento, segundo ela. "Em vez de queimar partes 
da floresta - para construir geoglifos ou para cultivar alimentos - esses povos transformavam seu 
ambiente concentrando espécies de árvores economicamente importantes, como palmeiras e 
castanheiras", explicou Jennifer. 
 
"DESIGNERS" DA AMAZÔNIA 
 
Segundo a pesquisadora, o estudo traz evidências de que, no Acre, a biodiversidade de algumas partes 
da floresta atual pode ser um legado dessas antigas "práticas agroflorestais". 
Segundo a pesquisa, formas geométricas reproduzidas 
no chão foram inspiradas na pele dos animais 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
Página | 11 
 
"As florestas que estão lá hoje em dia têm pelo menos 6 mil anos. Mas a partir de 4 mil anos atrás, 
elas começaram a ser alteradas para favorecer as plantas úteis. Isso é uma evidência de que a 
biodiversidade atual foi produzida por essas populações", disse. 
Segundo Jennifer, a evidência de que a floresta foi manejada pelos indígenas muito antes do contato 
com os europeus não pode ser usada como justificativa para o uso da terra destrutivo e insustentável 
que é feito atualmente. 
"Em vez disso, essas evidências devem servir para mostrar que foi possível, no passado, um regime de 
manejo que não levava à degradação da floresta. O estudo destaca também a importância do 
conhecimento indígena na busca de alternativas sustentáveis do uso do solo", declarou. 
 
GEOGLIFOS NA AMÉRICA LATINA 
 
Os desenhos do Acre estão 
numa lista para serem 
declarados Patrimônio 
Mundial da Humanidade pela 
Unesco. Mas existem outros 
lugares com padrões 
geométricos milenares. 
A América Latina é um 
grande foco dessas formações 
ancestrais, segundo registros 
oficiais. 
Alguns dos mais conhecidos 
são as linhas de Nazca,localizadas a 400 
quilômetros ao sul de Lima, 
capital do Peru. 
Há também os geoglifos de 
Chug-Chug, no deserto 
chileno do Atacama, que 
concentram uma elevada 
concentração de desenhos 
geométricos no chão que, ao 
que tudo indica, são muito 
mais antigos. 
Fora da América do Sul, os 
mais famosos estão nos 
Estados Unidos, Reino Unido 
e Austrália. 
Uma das preocupações agora é garantir a preservação do patrimônio na Amazônia e atrair turistas para 
conhecer o patrimônio histórico. 
“Muitos deles estão em fazendas de gados e áreas de questão de plantações de cana, e não há cuidados 
de preservação. Eles poderiam servir para o turismo, mas não há estrutura. Não há também um sítio 
preparado para visitação”, finaliza Schaan. 
 
As linhas de Nazca, no Peru, cobrem uma área de aproximadamente 450 
quilômetros quadrados 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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Agência Acre/Divulgação 
 
A CONQUISTA DA AMAZÔNIA PELOS EUROPEUS - UMA HISTÓRIA FEITA DE MITOS E DESAFIOS. 
 
A história da região tem sido, 
da chegada dos primeiros 
europeus à Amazônia até os 
dias atuais, uma trajetória de 
perdas e danos e nela, a 
Amazônia tem sido vítima 
daquilo que ela tem de mais 
especial — sua magia, sua 
exuberância e sua riqueza. 
Os primeiros conquistadores e 
colonizadores não se 
conformaram em ver aquela 
terra, que lhes parecia ser o 
paraíso terrestre, ocupada por 
povos que julgavam bárbaros, 
primitivos, rudes, preguiçosos e, 
possivelmente desprovidos de 
uma alma. 
As ações à conquista e à 
manutenção da Amazônia - 
hoje patrimônio incontestável 
do povo brasileiro - constituem 
uma das mais belas páginas da 
história da humanidade. No curso, que durou quase 200 anos, sobraram coragem, determinação, 
desprendimento e incontáveis sacrifícios. Homens, em sua grande maioria, mas também mulheres e 
crianças; brancos, negros e, principalmente, índios, enfrentando dificuldades e vencendo desafios, 
levaram a tarefa gigantesca de desbravar tão grande e desconhecida região. 
Predominava na imaginação do Velho Mundo que os limites geográficos terminavam onde a visão 
humana não podia atingir, dada a estrutura tecnológica que se dispunha. Assim, havia um pré-conceito 
de que existia um local em que o mundo tinha fim. Com a ação das expedições marítimas, e os indícios 
já suspeitos, deparou-se com um mundo mais vasto ainda, que a mente humana não poderia imaginar. 
“A conquista do Amazonas”. Óleo sobre tela de Antônio Parreiras,1907 
 
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Terras e pessoas foram inseridas nos processos de descobertas. Na região oceânica entre o Pacífico e o 
Atlântico havia um continente, que se estendia como um desafio para o navegador europeu. Os 
espanhóis entregaram-se nesta tarefa de adentrar na nova região, seguidos logo pelos portugueses, que 
ávidos pelo desejo de riquezas e glórias, mostraram-se, ambos, audaciosos, no intuito único de agradar 
às realezas a que serviam. A região amazônica inseriu-se neste contexto de descobrimentos, sendo 
disposta como uma “margem” do Novo Mundo. As notícias advindas do encontro com o Novo Mundo 
fizeram surgir no pensamento europeu uma série de mitologias, sendo duas as mais citadas: a do 
Eldorado, cidade encantada, erguida em ouro, e o das Amazonas. Com o adensamento dos contatos e a 
introdução no território descoberto, o imaginário europeu começou a transformar-se, e aquilo que se 
mesclava entre a realidade material e a realidade imaginada passa a distinguir-se. 
 
A luz da racionalidade 
permitiu ao 
descobridor idealizar 
estratégias para 
garantir a posse do 
território, no preceito 
clássico da posse pelo 
uso (uti possidetis). 
A partir do século XV, 
com a expansão 
europeia, os países 
europeus iniciaram um 
processo expansionista 
em direção ao 
Atlântico. Coube a 
Portugal e à Espanha o 
pioneirismo na 
expansão marítima, 
devido ao fato de essas 
nações: 
 
1) Serem as primeiras 
a centralizarem o 
poder nas mãos de um 
rei; 
 
2) Possuírem uma 
posição geográfica 
privilegiada; 
 
3) Terem acesso ao 
desenvolvimento 
tecnológico (caravela, 
bússola e astrolábio) 
existentes. 
 O Eldorado 
 
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As divergências entre Portugal e Espanha sobre as 
novas rotas de navegação estabelecidas no Atlântico 
foram solucionadas por meio da assinatura de dois 
tratados: o Tratado da Bula Inter Coetera (1493) e o 
Tratado de Tordesilhas (1494). Pelos termos da Bula 
Inter Coetera, o “novo mundo” seria dividido entre 
Portugal e Espanha. Isto assegurara a Portugal o 
direito de Padroado, haja vista que a palavra da 
santidade papal tinha força legal a que nenhuma 
nação cristã oferecia restrição de qualquer natureza. 
No entanto, os termos da Bula desagradaram à Coroa 
Portuguesa. Para solucionar esse impasse, foi 
negociado o Tratado de Tordesilhas, que ampliava os 
domínios portugueses sobre vasta área do continente 
descoberto. 
A União Ibérica (1580-1640) favoreceu o processo 
de expansão portuguesa pela região Amazônica. 
Portugal e Espanha permaneceram unidos até que o 
Tratado de Tordesilhas perdeu sua força com a 
restauração da autonomia portuguesa para conduzir o 
processo de ocupação da Amazônia, o que provocou 
modificações nas fronteiras e nos domínios desses povos. Com o Tratado de Madri (1750), a Espanha 
reconhece o direito português na Amazônia antes conquistada pelos espanhóis. 
 
Inicialmente, os portugueses 
realizaram expedições pelo litoral 
norte do Brasil, seguindo os passos 
de Pinzón, embora ainda não 
conseguissem conquistar o 
território. Com a abertura desse 
caminho, outros europeus 
passaram a participar da expansão 
ultramarina. Entretanto, os 
espanhóis não tinham desistido de 
ocupar o vale amazônico, até 
porque tinham direito (até então) 
à área pelo Tratado de Tordesilhas. 
Outras expedições ocorreram pelo 
rio Amazonas, de Quito à direção 
oeste-leste. 
Dali partiram os navegadores 
espanhóis Gonçalo Pizarro, 
Francisco Orellana e seus 
companheiros (1539-1541) em 
expedição pelo rio Amazonas, 
sendo essa a primeira grande 
viagem que os espanhóis 
As Amazonas 
 
Representação do Tratado da Bula Inter Coetera 
 
Estudos Amazônicos 6º ano 
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realizaram na região, navegando em toda extensão do rio. 
Com esse feito, Francisco Orellana conseguiu o título de Capitão e Governador das Terras da Amazônia, 
com direito de colonizar a região. Em 1545, Orellana fez a 2ª viagem para a Amazônia, com 1500 
homens, porém não obtendo êxito nessa expedição. Tendo como referência a cidade de Quito, os 
espanhóis não desistiram e realizaram nova expedição à Amazônia, garantindo a posse para os domínios 
da Coroa Espanhola, a qual visava à conquista das minas de Potosí, na região andina. 
Em 1560, o governo espanhol do Vice-Reinado do Peru, organizou uma expedição comandada pelo 
militar Pedro de Ursua, em direção ao Eldorado, sendo Pedro morto pelos seus companheiros, passando 
a comandar o aventureiro Lopo de Aguirre, que alcançou o delta do Amazonas, em 1561, sendo essa a 
última viagem espanhola pelo Amazonas, não permitindo ainda sua ocupação. No entanto, outros 
europeus tinham interesse nas riquezas da Amazônia: holandeses e ingleses procuraram ampliar seus 
domínios, das Antilhas até a América, visando à colonização. 
Também expedições 
holandesas (1598), no 
litoral amazônico, 
estabeleceram feitorias, 
com 1600 homens em 
Orange e Nassau, nas 
margens do rio Xingu. Os 
ingleses, em 1611, já 
tinham estabelecido 
feitorias no delta do 
Amazonas, com suas 
primeiras tentativas de 
ocupar a região, em busca 
de exploração mercantil de 
suas riquezas naturais: as 
drogas do sertão. Essas 
primeiras ações dos 
ingleses e holandeses 
foram de iniciativaparticular, ao contrário de 
Portugal e Espanha que 
tinham aval dos reinos. 
Mais tarde, os governos de 
Inglaterra e Holanda 
assumem os 
empreendimentos em 
águas e terras da região, 
passando a organizar a 
Companhia de Navegação 
e Colonização dos territórios da Amazônia. Ingleses e Holandeses, mesmo não tendo muito êxito, pois 
foram expulsos pelas tropas portuguesas, mas conseguiram, de alguma forma, se instalar nas Guianas, 
uma vez que não havia muito interesse de Portugal em colonizar a região, isto acabou favorecendo a 
penetração de holandeses e ingleses na Amazônia (1580-1640). 
Além desses, os franceses também tentaram conquistar além do Rio de Janeiro e Maranhão onde já 
haviam penetrado, deram início à ocupação do território da Guiana, procurando fixarem-se no Amapá, 
na Capitania do Cabo Norte. Desta forma, os franceses penetraram em território da Amazônia, 
O tratado de Tordesilhas 
 
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fundaram fortificações militares e núcleos coloniais que deram origem à Macapá (1764), cujas origens 
revelam as ações de defesa portuguesa contra a invasão francesa na região amazônica. No Pará, antes 
da fundação de Belém pelos portugueses, chegaram até a fundar uma aldeia em Caeté (hoje Bragança), 
além de dominarem completamente o Maranhão. 
O ciclo de navegações para o “novo mundo” tinha como principal objetivo, principalmente dos 
portugueses, garantir o domínio nas águas e nas terras do Novo Mundo. Estava-se numa nova era, cujos 
desdobramentos dar-se-iam pelos séculos XVI e XVII, com a vinda de franceses, holandeses e ingleses, 
aventurando-se em regiões desconhecidas. O Tratado de Tordesilhas evidenciara que os portugueses já 
tinham conhecimento sobre o continente sul-americano. 
 
AS PRIMEIRAS EXPLORAÇÕES 
 
A terceira fase da ocupação humana da Amazônia corresponde ao povoamento europeu da região. O 
escrivão da expedição, Gaspar de Carvajal, fez os primeiros registros escritos sobre a floresta amazônica 
e sua diversidade de ambientes e culturas narrando à existência de mulheres guerreiras nas margens 
do grande rio, a Amazonas, são responsáveis pelo nome que hoje o identifica. Seguiram-se outras 
expedições espanholas com finalidade exploratória, até que franceses tentassem, no norte do Brasil, 
estabelecer a França Equinocial. 
O primeiro europeu a pisar as terras amazônicas, foi 
o espanhol Vicente Pinzón (em janeiro de 1500), que 
percorreu a foz do Amazonas, conheceu a ilha de 
Marajó e surpreendeu-se em ver que se tratava de 
uma das regiões mais intensamente povoadas do 
mundo então conhecido. Ficou admirado vendo a 
pororoca (fenômeno natural que fez com que 
mudasse o curso de navegação) e maravilhado com 
as águas doces do mais extenso e mais volumoso rio 
do mundo que foi chamado por ele de Mar Dulce. Foi 
bem acolhido pelos índios da região. Mas, apesar de 
fantástica, sua viagem marca o primeiro choque 
cultural e o primeiro ato de violência contra os povos 
da Amazônia: Pinzón aprisiona índios e os leva 
consigo para vender como escravos na Europa. 
Com a chegada de Cabral em 1500 a coroa 
portuguesa expandia seu domínio na nova Terra, 
fazendo Salvador como um centro, onde as 
expedições partiam para as Índias e para o sul até o 
Rio da Prata, isto faz com que a conquista da 
Amazônia retarde, pois os espanhóis seus “donos”, de 
acordo com o Tratado de Tordesilhas não deram 
muita importância ao território amazônico. 
Fundação de São Luís, capital da França Equinocial, 
no início do século XVII 
 
Vicente Pinzón 
 
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Apesar de seu caráter pioneiro, a expedição de 
Orellana não deixou outros frutos que fossem 
duradouros. A região voltou a pertencer 
exclusivamente aos cerca de 5 milhões de índios 
(segundo uma das estimativas existentes) que ali 
habitavam e que também haviam sido motivo da 
admiração nos relatos de Carvajal, tal sua quantidade 
e organização. Muitas décadas se passariam antes 
que novas investidas à região fossem realizadas. 
 
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA - OS FORTES E 
MISSÕES 
 
Com a união das coroas espanholas e portuguesas, os 
espanhóis fazem o reconhecimento da área com 
Francisco de Orellana e Pinzón, como também Pedro 
de Ursa e Lopes de Aguirre, mas não tem a pretensão 
de povoar, abrindo precedentes para invasores como 
franceses, holandeses, irlandeses e ingleses, que fazem contato com os nativos e mantêm boas relações 
e fundam fortificações por toda a Amazônia. 
 
Em 1612, um conquistador 
francês, Daniel de La Touche, 
Senhor de La Ravardièri, fundou a 
cidade de São Luís do Maranhão, 
estabelecendo amizade com os 
índios Tupinambá, no vale do rio 
Pará. Em guerra contra os 
Camarapins, os franceses subiram 
as águas do rio Tocantins, 
derrotando os Pacajá e Parissó. 
Esse fato fez com que a Coroa 
Portuguesa tomasse uma medida 
para conter a presença de 
estrangeiros que só poderia ser 
feita, através de uma ocupação 
militar que tivesse a função de 
expulsar os invasores e construir 
fortificações para guardar o 
território, designou oficiais como 
Jerônimo de Albuquerque, Diogo 
de Campos e Francisco Caldeira de 
Castelo Branco, que partiu para a 
Amazônia, no início do século XVII, onde expulsou os franceses de São Luís, Maranhão e fundou o Forte 
do Presépio em dezembro de 1615 e a cidade de Belém em 1616 no Pará, que marca o início da 
ocupação portuguesa a Amazônia e a construção de outros fortes ao longo do rio Amazonas, Gurupi, 
Pauxis (Óbidos), Tapajós (Santarém) e São José do Rio Negro (Manaus). 
Francisco de Orellana 
 
Forte do Castelo – Belém – Pa 
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O Forte do Presépio que, além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial e de dar origem 
à atual cidade de Belém, serviu como base para o povoamento da Amazônia. 
Após a expulsão dos franceses e diante da violência dos portugueses, os índios Tupinambá, aliados dos 
franceses, invadem a cidade de Belém (07/01/1619) e destroem várias edificações, comandados pelo 
Cacique Guaimiaba (Cabelo de Velho), provocando a morte de muitos índios e a revolta dos luso-
brasileiros. Na conquista da Amazônia, então fizeram os portugueses suas guerras contra as populações 
nativas da região, quase sempre as exterminando e subjugando-as ao seu domínio, embora devessem 
também guerrear contra os outros invasores europeus: ingleses e holandeses, pela posse do território. 
Vê-se que, a fundação de Belém, na embocadura do Amazonas, foi o primeiro importante passo dos 
portugueses, pela posse da região, permitindo o controle da navegação fluvial do Amazonas ao Oceano 
Atlântico, sendo considerada como uma “decisão acertada” dos conquistadores lusos. Depois disso, os 
portugueses passaram a realizar uma série de expedições militares pela região amazônica para expulsão 
não só dos ingleses holandeses, mas também de qualquer povo estrangeiro que invada a região. 
Era necessário alargar os domínios portugueses para oeste, para assegurar a exploração das riquezas 
ocultas da floresta. Coube ao capitão Pedro Teixeira, em 1637, o comando da expedição composta por 
cerca de duas mil pessoas, sendo a grande maioria índios. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela 
conseguiu estabelecer marcos de ocupação territorial portuguesa ao longo do rio. Além da proteção 
contra outros europeus, os fortes também serviam para estabelecer núcleos de povoamento a partir dos 
quais pudesse ser estabelecida a colonização. Na Amazônia, os principais recursos explorados pelos 
portugueses foram a mão-de-obra indígena e as drogas do sertão, especiarias de alto preço no mercado 
europeu. 
Essas missões tiveram um apoio importante dos religiosos que tinham a função de catequizar e 
melhorar o relacionamento do indígena com os portugueses. 
 
A IMPORTÂNCIA DE BELÉM PARAA EXPLORAÇÃO. 
 
A fundação de Belém foi de vital importância para os portugueses, pois dali partiu suas principais 
expedições com o intuito de conquistar o território amazônico, além de estar em uma posição 
estratégica, situada bem na foz do Amazonas principal porta de entrada para exploração do território. 
 
O Capitão Pedro Teixeira, a frente de sua 
expedição, lançou-se para Oeste, contra 
a correnteza, pela calha do rio 
Amazonas, com a finalidade de 
reconhecer e explorar a região e colocar 
marcos de ocupação portuguesa, até 
aonde pudesse chegar. E assim foi feito. 
Valendo-se do conhecimento e da 
adaptação à selva de muitos índios que 
compunham a tripulação, levou sua 
missão até Quito, na América 
Espanhola. A expedição durou cerca de 2 
anos, constitui feito memorável e de 
suma importância para o 
reconhecimento da presença portuguesa 
na Amazônia. Foi o único navegador de 
sua época a fazer o trajeto de ida e volta, 
Fundação de Belém, obra de Theodoro Braga, 1908, Museu de Arte 
de Belém (MAB). 
 
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saindo da foz para nascente e de volta a foz. 
Muitas outras entradas e bandeiras foram empreendidas pelos luso-brasileiros à Amazônia, seja em 
busca do tão sonhado "El Dourado", seja para colher as chamadas "drogas do sertão", especiarias muito 
apreciadas à época. 
 
AMAZÔNIA PORTUGUESA 
 
O estabelecimento do Tratado de Madri e o início da administração de Marquês de Pombal em Portugal, 
ambos ocorridos em 1750, marcaram uma nova fase na qual a Amazônia brasileira foi, em linhas 
gerais, definida. Vale lembrar que, nessa época, o conhecimento que se possuía do interior do continente 
americano ainda era muito impreciso. O Mapa das Cortes, elaborado a pedido do rei de Portugal, serviu 
de base para as negociações do Tratado de Madri e possuía forte distorção do curso dos rios que cortam 
as terras a oeste do Brasil. Essas distorções eram propositais, puxando o traçado dos rios para leste, 
diminuindo artificialmente a área pretendida pelos portugueses – e cumpriram perfeitamente o objetivo 
de desorientar os negociadores espanhóis. Não menos importante do que o Tratado de Madri para a 
inauguração de uma nova fase da história amazônica foi a administração empreendida pelo Marquês 
de Pombal. Tão logo subiu ao poder, ainda em 1750, Pombal pretendia tirar Portugal da situação de 
atraso que experimentava frente às demais potências europeias e da dependência da Inglaterra, país do 
qual recebia proteção contra a França e a Espanha. Pombal criou a Companhia Geral do Comércio do 
Grão-Pará e Maranhão que deveria oferecer preços atraentes para as mercadorias ali produzidas a serem 
consumidas na Europa, tais como cacau, canela, cravo, algodão e arroz. Começou também a introduzir 
na Amazônia a mão-de-obra escrava de origem africana. 
 
CRONOLOGIA DAS AÇÕES 
PORTUGUESAS NA AMAZÔNIA 
 
• 1612: Pedro Teixeira e Gaspar de 
Freitas de Macedo afundam um 
“patacho holandês” para impedir sua 
aproximação de Belém; 
• 1623: Luís Aranha de Vasconcelos e 
Bento Maciel Parente guerrearam contra 
os ingleses e franceses para destruir suas 
fortificações, ao longo do rio Amazonas; 
• 1625: Bento Maciel Parente atacou e 
destruiu o forte holandês de Mariocay; 
• 1627: Pedro Teixeira guerreou contra 
ingleses e holandeses para destruir os 
fortes de Mandiutuba, Tilletille e 
Uarimuaca, no Xingu e Capary; 
• 1629: Pedro Teixeira e Pedro Costa 
Favela conquistaram o forte inglês de 
Torrego na Ilha de Tocuju; 
• 1631: Jacome Raimundo de Noronha 
e Pedro da Costa Favela conquistaram o 
forte inglês Phillippe, entre os rios Matapy e Ananirapucu; 
• Pedro Baião de Abreu assaltou o forte inglês de Cumaú, próximo à fortaleza de Macapá; 
Mapa das Cortes 
 
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• 1637 -1638: Pedro Teixeira, com 70 soldados e 1000 índios, ampliou o domínio português até o 
rio Tapajós, do rio Amazonas até a povoação espanhola de Payamino; 
• 1639: A Guarnição luso-brasileira afundou o navio de guerra holandês que desembarcava colonos e 
soldados holandeses; 
• 1648: A milícia portuguesa faz seu último ataque destruindo as fortificações militares dos holandeses, 
próximo à Macapá. 
 
Na imensa região de várzea, localizada ao longo das margens do rio Amazonas, entre os séculos XV e 
XVII, concentravam-se várias populações indígenas, nos afluentes dos rios Tocantins, Xingu, Tapajós, 
Negro, Madeira e Branco. Fundações e fortificações de conquistadores europeus surgiram nessa área, 
provocando a despovoação de inúmeras aldeias indígenas, as quais foram sendo substituídas por 
missões religiosas e aldeamentos ao lado de fortalezas lusas que mantinham o sistema colonial 
português na Amazônia. 
Até fins do século XVIII, conforme dados históricos da Amazônia, os nativos da região estavam 
praticamente desaparecendo da Várzea Amazônica, resultado do “descimento” dos índios através dos 
médios e altos cursos dos rios, expulsão provocada por colonos lusos e mestiços, durante o processo da 
conquista e começo da colonização portuguesa na Amazônia. 
 
AS AÇÕES DAS MISSÕES RELIGIOSAS 
 
A colonização portuguesa no vale amazônico estava baseada em três pontos: comércio, aldeamento e 
fortalezas, sendo que os últimos garantiam as condições para o sistema colonial funcionar na região, 
com práticas mercantilistas na venda de drogas do sertão, ação realizada pelo índio destribalizado e 
aldeado sob comando das ordens religiosas. Através da catequização e expansão do catolicismo, os 
missionários desestruturavam as sociedades indígenas, transformando os índios em cristãos a serviço 
da colonização portuguesa, atuando como carregadores, canoeiros, remeiros, guerreiros, guias, 
intérpretes, domésticos, artistas, operários e coletores de ervas. Entre as principais ordens que se 
fizeram presentes na Amazônia se destacam quatro grupos: os Jesuítas, os Mercedários, os Franciscanos 
e os Carmelitas. Os conflitos entre os jesuítas e os colonos, disputando a mão-de-obra indígena, 
provocaram a expulsão dos jesuítas. A partir do século XVII e definitivamente no século XVIII pelas 
reformas pombalinas e a oposição do Marquês de Pombal aos soldados de Cristo. Os índios “descidos” 
para as missões eram ‘alugados’ aos colonos pelos jesuítas que regulavam o valor dos serviços; por outro 
lado, os colonos não lhe pagavam pelo trabalho dos índios e raramente os devolvia às missões, 
escravizando-os ilegalmente por meio das “guerras justas” e “Tropas de resgate”. 
 
OS REFLEXOS DA EXPLORAÇÃO 
 
A história da Amazônia foi construída sob o desejo europeu de alargar as dimensões territoriais e 
aumentar as posses a partir da exploração das riquezas naturais. Dentro deste enfoque buscou-se 
demonstrar como a Amazônia passou de apenas ideia ou noção sobre o desconhecido, para os 
desbravadores portugueses e espanhóis, a uma utilização de um planejamento de ações para dominar 
a área descoberta, sendo que o elemento indígena esteve presente durante toda a evolução dos 
acontecimentos. Os episódios narrados neste texto, esquecidos por diversas vezes das crônicas nacionais, 
dão a contribuição da Amazônia para a história da sociedade brasileira, apresentando um contexto de 
conflitos entre povos europeus e os nativos amazônidas, cujos resultados influenciaram nos atuais 
limites geográficos e traços culturais que apresentamos. 
Conquistada a custo de sofrimentos e sacrifícios, a Amazônia precisava agora ser mantida. 
A história dos homens na Amazônia tem sido construída a partir de muitos conflitos: de um lado, a 
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visão paradisíaca criada pela magia dos mitos da região e sobre a região; de outro, a violência cotidiana 
gerada pela permanente exploração da natureza e desencadeada pelos preconceitos em relação a ambos 
— homem e natureza.Ao longo de quatro séculos perdeu-se, muito da identidade original do homem e os referenciais da vida 
anterior, face aos sucessivos e constantes choques culturais. Hoje, o homem da Amazônia procura 
reconstruir, sem cessar, uma nova identidade e uma nova forma de vida que lhe possibilitem harmonizar 
uma nova cultura com a conservação da natureza, os benefícios e o usufruto do progresso técnico e 
científico do mundo moderno. 
O aumento da destruição da natureza é alarmante. Nas últimas décadas, enormes massas vegetais, que 
incluem madeiras nobres, vêm sendo queimadas impiedosamente. De 1500 a 1970, ou seja, em 470 
anos, apenas 2% de toda a floresta amazônica havia sido destruído; em apenas 30 anos (1970 a 2000), 
segundo o INPE, 14% foi devastado. Trata-se de um desastre sem precedentes contra o maior 
patrimônio natural do planeta Terra, contra a economia e a sobrevivência dos habitantes naturais — 
caboclos, ribeirinhos, índios e outros. E, pode-se mesmo dizer, contra o futuro da região e das novas 
gerações que precisarão dela para viver. 
 
FUNDAÇÃO DE BELÉM: EXPLORADORES, ÍNDIOS E RELIGIOSOS. 
 
A CONQUISTA DO PARÁ 
 
Na época da conquista do Pará, Espanha e Portugal formavam a União Ibérica (desde 1580). Para o 
Brasil, naquela fase de expansão territorial, a união peninsular foi benéfica, pois Portugal e Espanha, 
transformadas em uma só nação, veio a tornar sem efeito o Tratado de Tordesilhas, facilitando, desse 
modo, a penetração interiorana. 
 
A conquista do Norte foi determinada pelo rei de 
Espanha e Portugal. Visava, inicialmente, desalojar, 
do Maranhão, os franceses que ali haviam criado 
a França Equinocial. E em 1614, Jerônimo de 
Albuquerque segui à frente da tropa, para cumprir 
aquela missão. Em 1615, já com Alexandre de Moura 
liderando as tropas lusas, houve a capitulação 
definitiva. Após a vitória, Moura nomeou Albuquerque 
governador do Maranhão e encarregou o militar e 
explorador português Francisco Caldeira de Castelo 
Branco (-1619) de conquistar o Pará. 
A 25 de dezembro de 1615 a expedição partiu da 
baía de São Marcos, composta do patacho Santa 
Maria da Candelária, do caravelão Santa Maria das 
Graças e da lancha grande Assunção. Compunha-se 
de 150 homens, 10 peças de artilharia, pólvora e 
muita munição e mantimentos. O piloto-mor era 
Antônio Vicente Cochado, o francês Charies servindo 
de guia. As três embarcações eram comandadas por Pedro de Freitas, Antônio da Fonseca e Álvaro Neto. 
A viagem sem incidentes durou 18 dias. E a 12 de janeiro de 1616 os portugueses aportaram na baía 
de Guajará, chamada pelos nativos de Paraná-Guaçu. 
 
 
Localização do estado do Pará no mundo 
 
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Texto e Contexto 
 
O capitão André Pereira, que participou da expedição que fundou o Forte do Presépio na cidade de Belém 
em 1616, dá notícia desse sucesso ao Rei de Espanha. 
 
“Primeiramente depois que ò capitaom maior, Alexandre de Moura deu fin no Maranhaom à ò enemigo 
como fez, è tendo à terra pacifica, è povoadas as fortalezas como lhe pareceo necessario, pos por obra 
mandar fazer este novo descobrimento do grande Rio das Amazonas, è pera tambem se saver ò que 
avia no Cavo do Norte, conforme à ordem que pera isso levava do Governador Geral do Brasil Gaspar de 
Souza; è asi mandou 150 homens em tres companhias, è por capitaom mor dellas à Francisco Caldeira 
de castel branco em tres embarcazoens. Partimos para esta jornada dia de Natal pasado, em que deu 
principio à esta era de 1616. ” 
“Chegando no sitio à onde fizemos fortaleza por el Rey nosso senhor, que será 35 leguoas pello Rio 
asima pera ò Sul, por parecer elle à ò capitaom mor bom sitio. ” 
“Há neste Rio em todas as partes delle muito Gentio por extremo de diversas nazoens, ò mais delle mui 
bem encarado sem barba, trazem os homens cabello comprido como molheres, è de mui perto ò 
parecem de que pode ser nasceria o emgano que dizem das Amazonas; pois naom há outra cousa de 
que à este proposito se pudesse deitar maom. ” 
 
À nova conquista, Castelo Branco, dando vazão a seu amor por Portugal, deu o nome de Feliz Lusitânia. 
O engenheiro-mor Francisco Frias Mesquita iniciou a construção da Casa Forte, localizada à margem 
esquerda da foz do Piri (hoje doca do Ver-o-Peso). Recebeu a denominação de Forte do Presépio e em 
seu interior levantaram uma pequena capela, sob a invocação de N. S. das Graças. 
Além do Forte do Presépio outros foram também construídos para proteger as terras da Amazônia da 
invasão de conquistadores ao longo do século XVII: Forte de S. Pedro de Nolasco (Convento das Mercês, 
em Belém), Forte N. S. das Mercês da Barra, Forte S. Antônio de Macapá, Casa Forte (origem da cidade 
de Ourém), Forte de N. S. de Nazaré, Forte da embocadura do rio Tuerê, Forte do Rio Paru, Forte do 
Tapajós (futura Santarém) e o Forte do Pauxis (origem da cidade de Óbidos). 
 
Texto e Contexto 
 
A 2 de janeiro de 1639 Pedro Teixeira redigiu, em Quito, uma Relação da sua jornada Amazonas acima, 
endereçada ao presidente da Audiência de Quito. 
 
“Nesse grande sítio tem Sua Majestade uma fortaleza que chamam ‘O Presépio’, situada na Cidade de 
Belém; dista do mar 25 léguas [e] fica na banda leste, numa ponta de terra firme mui saudável e 
fertilíssima. (...) Está situada a dita fortaleza sobre uma grande enseada que ali faz o rio, tendo à vista 
três caudalosos rios: o primeiro se chama Capim, o segundo Oscaza [Acará? ], o terceiro Moysu [Mojú]. 
” 
“A cidade do Pará está ao sul em dois terços [de grau] menos alguns minutos. Os holandeses têm 
chegado sondando [explorando] até o sítio de caça Juro [?], quatro jornadas inteiras acima do Tapajós 
e têm feito muitíssimo esforço para povoá-lo. ” 
 
O local escolhido por Castelo Branco para os portugueses se instalarem compreendia uma estreita faixa 
de terra confinada por um lado pela baía de Guajará e por outro por um grande pântano, chamado pelos 
nativos de Piry. 
A localização escolhida mantinha o núcleo naturalmente abrigado de um ataque pelo interior, ao mesmo 
tempo em que permitia o controle da entrada da baía. 
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O surgimento do Forte do Presépio representou, assim, o marco da fundação da cidade. Em função do 
reduzido número de pessoas envolvidas no ato de fundação, a cidade nasceria embrionariamente dentro 
do forte. 
 
 
Em 7 de janeiro de 1619, os Tupinambás chefiados 
por Guaimiaba, Cabelo de Velha, revoltaram-se 
contra os portugueses, atacando o Forte do 
Presépio. Porém, o levante Tupinambá foi 
desbaratado pelos luso-brasileiros. 
 
Texto e Contexto 
 
A “Descriçam do Estado do Maranham, Para, 
Corupa, Rio das Amazonas” de Maurício de Heriarte 
(1662). 
 
XXI. A Cidade de Bellem, capitania do Gram Para, 
esta asentada sobre o famoso rio que se chamam 
Para, 25. Legoas da Barra, cercada com 4 rios, que 
por hûa parte e outra a cingem: que sam, Guama, 
Guajara, Capim, e Moju, que todos juntos desaguam 
no Gram Para. 
Tem esta cidade hûa fortaleza, sobre o porto, bastante e defensível, com tres companhias de infantaria. 
Tem Capitam mor, Ouvidor, Provedor, Amoxarife, e Escrivam real, que tudo se desconta da Fazenda de 
S. Majestade. Tem sette engenhos de fazer asucar. Seus moradores fazem muito tabaco, he muy 
abundante de mantimentos da terra e frutas. 
XXIII. Sam as terras do Para firmes, e melhores que as de Sam Luis, muy fertiles em dar fruto, e todo 
o anno criam, porque todo anno chove: suposto que no veram nam há tanta a agoa. Sam capazes de 
grandes povoações, por serem terras larguissimas, e de muitos Indios, que quando foy povoada de 
Portuguezes, avia mais de 600. Povoações de Indios Tapinambas e Tapuias, que vendo que eram poucos 
os Portuguezes, se levantaram contra elles, e mataram 222, sendo seu Capitam mor Francisco Caldeira 
de Castello Branco: mas os q’ ficaram, com muito trabalho,deram grandes guerras à os Indios, e 
O Forte do Presépio, Hoje. Núcleo Cultural Feliz 
Lusitânia. Belém, PA. 
 
A Praça D'Armas do Forte do Presépio, Hoje. 
 
Artefatos Bélicos encontrados por arqueólogos nos 
arredores do Forte. Balas de canhão e pedras de 
pederneira (o atrito da pederneira no patin da arma 
produzia faísca na caçoleta que explodia e expulsava a 
bala). Acervo do Museu do Forte do Presépio. Belém, PA. 
 
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destruíram a naçam Tupinamba, que dominava sobre a outra naçam Tapuia. Morreram muitos Indios 
na guerra, e outros se retiraram pella terra dentro. 
 
Terminada a construção do Forte do Presépio, o próximo passo dos portugueses foi a colonização de 
Belém. Ergueram as primeiras casas. 
A conquista do Grão-Pará pode ser dividida em quatro momentos. Em um primeiro momento, ocorreu a 
luta contra os indígenas que visava não só desalojá-los, mas também que continuassem a apoiar os 
franceses. Destacaram-se nessas lutas Mahias de Albuquerque e Manuel Pires (que dizimaram as tribos 
localizadas nos sertões de Cumã e Tapuitapera), Diogo Botelho (que arrasou a aldeia de Muju), Gaspar 
de Freitas (que lutou nas aldeias de Iguapé), Bento Maciel Parente e Pedro Teixeira. 
Em um segundo momento, os portugueses tinham como meta a luta contra os estrangeiros a fim de 
evitar que os franceses, ingleses e holandeses dominassem o vale amazônico, onde já haviam construído 
várias fortalezas. As principais: Forte de Nassau, construído pelos holandeses entre 1599 e 1600, 
próximo à foz do Xingu, destruído em 1623; Forte de Mandiatuba, próximo a Gurupá, pertencente 
também dos holandeses, atacado em 1625 por Pedro Teixeira; Forte de Maiocaí, também de 
holandeses, destruído por Luís Aranha e Bento Maciel. 
Em um terceiro momento, houve a ação de religiosos na região, que foi muito importante para a 
conquista espiritual na Amazônia. Com Castelo Branco, veio o padre Manoel Figueiredo de Mendonça, 
que rezou a primeira missa em Belém e que foi depois nomeado o 1º Vigário do Pará. Em 1617, 
aportavam os frades capuchos frei Antônio de Merciana, frei Cristóvão de São José, frei Sebastião do 
Rosário e frei Felipe de São Boaventura. Em 1618, os franciscanos capuchos, por ordem régia, ficaram 
responsáveis pela catequese indígena. Em 1621, a corte concordava com a reivindicação do capitão 
Manoel de Souza Eça, no sentido de que fossem enviados jesuítas ao Grão-Pará. Em 1626, era fundado, 
em Belém, o convento de Santo Antônio. Em 1639 foi criada a Missão do Maranhão e Grão-Pará da 
Companhia de Jesus (depois de, no ano anterior, ser entregue aos jesuítas o empreendimento 
catequista). Neste mesmo ano, aportavam em Belém os primeiros mercedários, que, em 1640, 
fundaram o convento (onde hoje se localiza a Igreja das Mercês). Fundaram missões no Rio Negro, 
Urubu, Amatari, Aniba e Uatumã. Em 1643 chegou o padre Antônio Vieira, que, deslumbrado com o 
lugar, sentiu que a conquista espiritual da Amazônia ampliaria os domínios de Sua Majestade e da 
região. 
Missões jesuítas foram fundadas ao longo do rio Amazonas, do Negro e do Tocantins. Tiveram 
participação importante Francisco Veloso e Manoel Pires. Em 1660, os jesuítas inauguraram, em Belém, 
a Igreja de São Francisco Xavier (atual Santo Alexandre). Nessa fase, a conquista espiritual estava, assim, 
dividida: jesuítas, mercedários e frades de Santo Antônio cuidavam da catequese; os carmelitas e os 
frades da Piedade encarregavam-se da moralização interna das conquistas. Em 1667, foi criado o 
Bispado do Maranhão. Em 1706, outra ordem vinha atuar na região: a dos Franciscanos da Província 
da Conceição da Beira de Minho. No dia 4 de março de 1719, o Papa Clemente XI, através da bula 
Copiosus in misericórdia, criou o Bispado do Grão-Pará, sendo nomeado o 1º bispo, o Carmelita D. Frei 
Bartolomeu do Pilar. 
Por fim, ocorreu a conquista do Rio Amazonas. Na primeira metade do século XVII a Coroa Portuguesa 
já havia determinado que o Rio Amazonas fosse explorado até o Peru. O explorador e militar 
português Pedro Teixeira (1570-1641) fora nomeado comandante por Jácome de Noronha, dando-lhe 
a patente de capitão-mor da força expedicionária e poderes de capitão-geral governador do Estado. Os 
demais cargos e postos foram ocupados por outras pessoas influentes: mestre de campo, o capitão 
Antonio de Azambuja; sargento-mor, Felipe de Matos Cotrim; comandante das companhias de 
infantaria, os capitães Pedro Baião de Abreu e Pedro da Costa Favela. 
A Bandeira saiu de São Luís, aportando em Belém em julho de 1637. Na capital paraense, foram 
incorporados à expedição 70 soldados, além do capitão Domingos Pires da Costa, o sargento Domingos 
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Gonçalves e Diogo Rodrigues, o cronista da viagem João Gomes de Andrade, entre outros. No dia 28 de 
outubro de 1637, a expedição seguiu, de Cametá, já com 45 canoas, conduzindo 87 militares, três civis 
e mais de mil caboclos paraenses. No dia 3 de julho de 1638, a expedição atingiu o estuário do Rio 
Aguarico. Ali, Pedro Teixeira instalou um destacamento militar sob o comando de Pedro Favela, com a 
assistência de Pedro Baião de Abreu. No dia 15 de agosto atingiu a povoação de Payamino, longe 80 
léguas de Quito. 
 
A 16 de fevereiro de 1639, Pedro Teixeira deu início 
à nova jornada, desta vez de regresso a Belém. Vários 
religiosos acompanharam-no como os padres 
Cristóvão de Acunã (que a respeito escreveu O Novo 
Descobrimento do Rio das Amazonas) e Andrés de 
Artieda. Rumaram para Belém, chegando à baía do 
Guajará a 12 de dezembro de 1639. Os limites da 
Amazônia portuguesa tinham sido dilatados. 
CHOQUE CULTURAL 
 
A chegada dos portugueses a terras brasileiras 
em 1.500 colocou em contato duas culturas 
notavelmente diversas. A sociedade europeia 
privilegiava o dinheiro, as relações mercantis e o 
cristianismo. A sociedade indígena, nativa da 
América, valorizava a relação com a natureza, o 
mito e a vida comunitária. Mais tarde vieram os 
africanos sob a condição de escravos. 
Nesses 500 anos de história em comum, a ação dos europeus, somada à contribuição de ameríndios e 
africanos, criou uma sociedade original nos trópicos. No entanto, isto teve o seu preço. Para os 
ameríndios, ocorreu a destruição quase completa de sua cultura original e o extermínio de povos inteiros. 
Logo houve combates religiosos: a fé em um deus único (monoteísmo) foi imposta e a fé em vários 
deuses (politeísmo) foi combatida. O europeu obrigava os índios a cobrir o corpo todo por “decência”, 
com vestidos, e a inutilizar os adereços (enfeites). Além disto, desde o início da conquista portuguesa no 
Brasil, dos litorais do Sul até o Maranhão, os portugueses estiveram em contato com povos que falavam 
diversos dialetos. 
Os padres religiosos decidiram então unificar todos os dialetos da língua tupi numa língua única, 
escrevendo gramática e dicionários. Na Amazônia, pela Carta Régia de 1689, a língua geral, isto é, a 
língua tupi, tornou-se oficial e devia ser ensinada pelos padres até aos filhos de colonos. Essa língua 
ficou conhecida como Nheengatu. No plano político-social, a alta mortalidade e os descimentos 
reduziram a população indígena, afastando a possibilidade de organização, em virtude da redução do 
poder político dos caciques. 
Expedição de Pedro Teixeira. 
 
A "Conquista do Amazonas", obra do pintor Antônio 
Parreiras que retrata episódio da expedição de Pedro Teixeira 
(ao centro de azul) e suas conquistas na região. Original no 
Museu do Estado do Pará (MEP), Belém, PA. 
 
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A Companhia de Jesus foi a ordem religiosa 
que mais se destacou no Brasil colonial. 
Fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de 
Loyola para ser uma organização religiosa de 
combate às “heresias” e aos “inimigos da fé”, 
a Companhia de Jesusincorporou o espírito da 
Contrarreforma. 
No Brasil, os jesuítas chegaram em 1549, na 
comitiva chefiada pelo padre Manuel da 
Nóbrega. Nos séculos XVII e XVIII, os jesuítas 
mantinham igrejas, paróquias, colégios e 
missões desde Paranaguá (no atual estado do 
Paraná) até a região amazônica. Tanto por seu 
trabalho pastoral e missionário quanto pelo 
papel político que exerciam, os jesuítas 
tiveram forte presença na vida social e cultural 
da colônia. Foi na implantação das 
missões junto aos indígenas que os jesuítas 
mais se destacaram. 
 
A função das missões era reunir grupos nativos em 
aldeamentos, promover sua conversão e aculturação 
e evitar sua escravização. Os índios aldeados ou 
“reduzidos” eram considerados protegidos, ou 
“livres”. Nos aldeamentos, onde isolavam os 
índios, os missionários os catequizavam e faziam 
produzir. 
 
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL 
 
Após a fundação de Belém, a nova descoberta 
ficou administrada por capitães-
mores subordinados ao Governo Geral do Brasil. 
Não demorou muito para que o vasto território 
Igreja de Santo Alexandre. Antiga Igreja e Escola dos 
jesuítas do século XVIII no Pará. Belém, Pará. 
 
Padre jesuíta Antônio Vieira em gravura que representa o 
padre convertendo índios na Amazônia. 
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fosse dividido e várias capitanias, doadas a pessoas de bom grado. Assim, criaram sete capitanias: 
 
1 – Capitania do Pará – Tinha como cede Belém e estendia-se da margem esquerda do rio Acutipuru 
(Quatipuru), até o primeiro braço do Rio Pará (Tocantins). 
2 – Capitania de Caeté – Gaspar de Souza, e mais tarde seu filho Álvaro de Souza, era o donatário. Não 
tinha delimitação certa. 
3 – Capitania de Vera Cruz do Gurupi – Pertencente a Feliciano Coelho de Carvalho, filho de Francisco 
Coelho e Carvalho, governador do Maranhão e Pará. 
4 – Capitania de Cametá – Feliciano Coelho de Carvalho, perdendo a concessão de Vera Cruz de Gurupi, 
conseguiu outra, localizada em terras banhadas pelo Tocantins e habitada pelos índios camutás (1623). 
Em 1635, criou a vila Viçosa de Santa Cruz de Cametá. 
5 – Capitania do Cabo do Norte – Pertencente a Bento Maciel Parente. Compreendia quase a totalidade 
das terras do atual Amapá. 
6 – Capitania da Ilha de Joanes – Pertencente a Antônio de Souza Macedo, abrangendo todo o território 
da ilha do Marajó. 
7 – Capitania de Gurupá – Criada a partir das ruínas do forte holandês. 
 
Esse sistema de capitanias não foi muito benéfico para a região, sendo extinto e revertendo à Coroa as 
antigas doações. Em 23 de setembro de 1623, as capitanias do Grão-Pará e Maranhão se unificaram 
em um só Estado, tendo como sede a cidade de São Luís. Em 1652, Pará e Maranhão separaram-se; 
dois anos depois voltando a se unificar. Em 1673 o governador Pedro César de Menezes transferiu a 
sede do governo para Belém. Em 1688, a corte determinou que a capital voltasse a ser São Luís. No 
entanto, em 1737 a sede governamental retornou a Belém para, em 1752, o Pará ganhar novamente 
sua autonomia. Em 1815, as capitanias gerais do Brasil foram transformadas em províncias. A 
Província do Grão-Pará, com capital em Belém, possuía toda a superfície da Amazônia, já que a capitania 
do Rio Negro (atual Estado do Amazonas), continuava a depender do Pará. 
O Pará (e a Amazônia) era subordinada diretamente a Lisboa, desvinculado do resto do Brasil. Somente 
com a vinda de D. João VI, e sendo a Corte instalada no Rio de Janeiro, é que os laços entre o extremo 
norte e o resto do país estreitaram-se mais. 
 
EVOLUÇÃO URBANÍSTICA 
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Após a instalação do Forte 
do Presépio, os 
portugueses trataram de 
dar início à colonização da 
nova conquista. 
Oficialmente, a primeira 
rua a ser aberta foi a 
do Norte, hoje Siqueira 
Mendes, paralela à baía do 
Guajará, que ia daquela 
fortificação até a casa do 
capitão-mor Bento de 
Maciel Parente, onde hoje 
localiza-se a Igreja do 
Carmo. 
Depois abriram as ruas 
do Espírito Santo (hoje Dr. 
Assis), dos Cavaleiros (Dr. Malcher), São João (João Diogo), da Residência (Félix Rocque), 
Atalaia (Joaquim Távora), Barroca (Gurupá), Longa (Ângelo Custódio), Água das Flores (Pedro 
Albuquerque), Alfama (Rodrigues dos Santos) e Aljube (Cametá). 
Em 1627, com a construção do Convento de Santo Antônio, pelos frades da mesma ordem, que do 
igarapé do Uma se transferiram para ali, começou a “conquista” do bairro da Campina. 
Com a expansão urbanística, a cidade ficou dividida em dois bairros: o da Cidade e o da Campina. O 
igarapé do Piri servia de limite entre as duas aglomerações urbanas. Com a chegada de colonos 
açorianos, em 1676, tiveram de abrir uma nova rua para abrigá-los. Eram cerca de 234 pessoas de 
ambos os sexos. A rua aberta foi chamada de São Vicente. Depois, prolongaram-na até o Piri com o 
nome de Nova de Santana (é a atual Manoel Barata). 
Nos dois bairros as paisagens se assemelhavam: as ruas eram estreitas, possuíam poucas edificações, 
contudo havia algumas igrejas e conventos importantes, predominantemente as construções eram de 
casas de um só pavimento. A partir do século XVIII, edificaram-se importantes construções 
arquitetônicos como a capela de N. Sa. das Graças. Ergueram-se depois as primeiras igrejas de São João, 
Carmo, Santo Alexandre, Capela Santo Antônio. Mercês. Construíram-se os conventos do Carmo, dos 
Franciscanos de Santo Antônio, Jesuítas, Mercês. 
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Neste momento, não havia fonte 
de água na cidade. A água que os 
moradores bebiam era a que se 
colhia dentro de um barril 
enterrado no chão, em um sítio 
chamado de Pau de Água ou Paul 
de Água, existente na estrada de 
mesmo nome, posteriormente 
chamou-se de São Jerônimo e, 
hoje, governador José Malcher. 
Contudo, o governador José de 
Nápoles Telo de Meneses 
resolveu levar até ao Lago do 
Palácio aquela água, onde foi 
erguida a Casa de Mãe de Água. 
No entanto, o povo preferia 
servir-se do rio e dos igarapés. Os 
melhores poços eram o do 
Convento de Santo Antônio, o da 
Horta do Seminário, o do Palácio 
do Governo e o da casa do 
Ouvidor. 
 
 
ATIVIDADES 
 
1 – Em qual das fases da pré-história da Amazônia os grupos primitivos começaram a produzir 
cerâmica? 
 
a) Fase Arcaica 
b) Fase Tardia 
c) Fase Paleoindígena 
d) Fase Mesolítica 
 
2 – Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da presença humana na Amazônia 
durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente) foi, provavelmente, 
neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da: 
 
a) África 
b) Eurásia 
c) Austrália 
d) Ásia 
 
3 – Amazônia era então uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas manchas de floresta 
ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o mastodonte, a preguiça gigante, 
o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares que compunham a chamada: 
 
Mapa que mostra Belém do Pará, em 1724. 
 
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a) Megafauna 
b) Megaflora 
c) Megabytes 
d) Gigafauna 
 
4 – Cite duas fases da pré-história da Amazônia. 
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5 – Quais as principais características dos primeiros habitantes amazônicos da fase paleoindígena? 
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6 – A pintura rupestre mostrada na figura 
anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro, 
expressa 
 
a) o conflito entre os povos indígenas e os 
europeus durante o processo de colonização do 
Brasil. 
b) a organização social e política de um povo 
indígena e a hierarquia entre seus membros. 
c) aspectos da vida cotidiana de grupos que 
viveram durante a chamada pré-história do 
Brasil. 
d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos. 
e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoindígenas da América durante o período colonial. 
 
7 – (...) Pré-História do Brasil compreende a existência de uma crescente variedade linguística, cultural 
e étnica, que acompanhou o crescimento demográfico das primeiras levas constituídas por poucas 
pessoas (...) que chegaram à região até alcançar muitos milhões de habitantes na época da chegada da 
frota de Cabral. (...) não houve apenas um processo histórico, mas numerosos, distintos entre si, com 
múltiplas continuidades e descontinuidades, tantas quanto as etnias que se formaram constituindo ao 
longo dos últimos 30, 40, 50, 60 ou 70 mil longos anos de ocupação humana das Américas. 
 
(Pedro Paulo Funari e Francisco Silva Noeli. "Pré-História do Brasil", 2002.) 
 
Considerando o texto, é correto afirmar que 
 
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a) as populações indígenas brasileiras são de origem histórica diversa e, da perspectiva linguística, étnica 
e cultural, se constituíram como sociedades distintas. 
b) uma única leva imigratória humana chegou à América há 70 mil anos e dela descendem as 
populações indígenas brasileiras atuais. 
c) a concepção dos autores em relação à Pré-História do Brasil sustenta-se na ideia da construção de 
uma experiência evolutiva e linear. 
d) os autores descrevem o processo histórico das populações indígenas brasileiras como uma trajetória 
fundada na ideia de crescente progresso cultural. 
e) na época de Cabral, as populações indígenas brasileiras eram numerosas e estavam em um estágio 
evolutivo igual ao da Pré-História europeia. 
 
8 – Entre os nômades, o trabalho não tem o mesmo valor que nas sociedades agrárias. Os índios 
Ianomâmi, da Amazônia, desenvolvem suas atividades, em média, três horas por dia e não valorizam o 
trabalho nem o progresso tecnológico. Os Guaiaqui, caçadores nômades da floresta paraguaia, passam, 
pelo menos, metade do dia em completa ociosidade. Quanto ao desenvolvimento social, do pensar e do 
fazer dos primeiros humanos, é correto afirmar que a: 
 
a) produção de novas ferramentas de pedra polida foi a transformação mais importante ocorrida nesse 
período. 
b) fabricação de ferramentas e a utilização do fogo evidenciam que a sobrevivência humana não está 
diretamente relacionada à adaptação cultural do homem. 
c) abundância de recursos animais e vegetais promoveu a sedentarização do homem. 
d) capacidade de conseguir mais alimentos deu ao homem menor controle sobre o meio ambiente. 
e) troca da caça e da coleta pela agricultura ocorreu de maneira súbita. 
 
9 – Considera-se a realidade amazônica como uma das áreas da América onde as pesquisas 
arqueológicas, durante o período Paleoindígena, ainda são escassas. Sobre essa fase, podemos afirmar: 
 
a) Foi o período em que começou a ocupação da América, por meio do Estreito de Behring. 
b) A ocupação da Amazônia ocorreu no período entre 11.200 a.C. a 8.500 a.C. A população que chegou 
à Amazônia era nômade, vivia da coleta de moluscos e habitava grutas e cavernas. 
c) Foi o período em que ocorre uma imigração dos Andes Centrais para a Amazônia Ocidental. 
d) Vestígios encontrados em Monte Alegre (PA) sugerem que a caça é importante elemento para 
comprovar a veracidade científica desse período. 
e) “b” e “d” estão corretas. 
 
10 – De acordo com os seus conhecimentos sobre as fases de ocupação da Amazônia, analise os itens 
abaixo e marque a alternativa correta. I. Paleoindígena – Período mais antigo de ocupação da América, 
em que ocorreu uma imigração da África para o Brasil, segundo as descobertas de L. W. Lund, em Lagoa 
Santa – MG. II. Arcaica – Fase em que ocorreu uma importante transformação no processo produtivo: 
a descoberta da agricultura e a produção de cerâmica. III. Pré-História Tardia – Fase em que ocorreu o 
surgimento das sociedades complexas, a exemplo dos Cacicados Complexos. 
 
a) I, II e III são verdadeiros. 
b) I e II são verdadeiros. 
c) I e III são verdadeiros. 
d) II e III são verdadeiros. 
e) I é verdadeiro. 
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11 – Como ficou conhecida a região onde os portugueses fundaram o Forte do Castelo, em Belém? 
 
a) Feliz Lusitânia 
b) Tapuitapera 
c) Guajará 
d) Iguapé 
 
12 — Em 1541, o navegante e descobridor Francisco de Orellana (c.1511-1546), a mando do 
conquistador espanhol Gonçalo Pizarro(c.1502-1548) e à frente de 400 espanhóis e de 4.000 índios, 
partiu de Quito para explorar as terras: 
 
a) de Santa Maria de la Mar Dulce. 
b) de caeté 
c) do El dorado y la canela 
d) do Guamá 
 
13 — O primeiro a navegar no Rio Amazonas foi o espanhol Vicente Yañez Pinzón, em dezembro de 
1499, partiu de Palos, à frente de quarto caravelas, com a finalidade precípua de descobrir terras e 
exercer a posse em nome da: 
 
a) Coroa Portuguesa 
b) Coroa Espanhola 
c) Coroa Francesa 
d) Coroa Inglesa 
 
14 — O governo de Portugal mandou construir na Amazônia, inúmeros fortes. O ´´ Forte do Presépio´´ 
foi o primeiro construído em 1616, por: 
 
a) Pedro de Ursa 
b) Francisco de Orellana 
c) André de Mendonça 
d) Castelo Branco 
 
15 – Além de portugueses e espanhóis, quais eram os outros povos que disputavam a conquista da 
Amazônia? 
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16 – Qual a justificativa da coroa portuguesa para a criação das fortificações pela Amazônia? 
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17 – Em fins do século XV, as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, com as bênçãos da 
Igreja Católica, acordaram um tratado para definir a divisão das terras por descobrir, onde atualmente 
se situam a África e as Américas. Qual era o nome deste tratado? 
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