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Estudos Amazônicos 6º ano Página | 1 HISTÓRIA DA OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA A primeira fase da longa história do povoamento humano na Amazônia começa praticamente junto com a formação da floresta que conhecemos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente) foi, provavelmente, neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da Ásia chegaram de sua longa migração até a América do Sul. Eram grupos nômades de caçadores-coletores que perseguiam as grandes manadas de animais. PRIMEIROS HABITANTES A Bacia Amazônica ocupa mais da metade do Continente Sul-americano, e está distribuída entre vários países dos quais o território maior corresponde ao Brasil. Apesar de já existirem, desde 1970, dados esparsos que levaram a se levantar hipóteses sobre a ocupação da Amazônia por bandos de caçadores arcaicos, foi somente a partir da década de 1990 que maiores evidências o demonstraram. Os achados, no Pará, da grutas do Gavião e de Pequiá, em Carajás, descobertas em 1985 e estudadas por arqueólogos do Museu Paraense Emílio Goeldi, e da Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, também descoberta por pesquisadores do mesmo Museu e posteriormente escavada pela arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt, demonstraram, sem dúvida, a existência de ocupações pré-históricas muito anteriores ao estabelecimento das culturas tradicionais amazônicas de horticultores de floresta tropical, baseadas principalmente no cultivo da mandioca e do milho. A Amazônia era então uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas manchas de floresta ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o mastodonte, a preguiça gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares de megafauna, os quais se supõe, serviam de base alimentar para os bandos de caçadores gregários e cujos fósseis podem ser encontrados nos barrancos de muitos dos rios amazônicos, especialmente no Acre. Gruta do Gavião, Carajás - Pa Gruta do Pequiá, Carajás - Pa Caverna da Pedra Pintada em Monte Alegre - Pa Estudos Amazônicos 6º ano Página | 2 A CULTURA DE FLORESTA TROPICAL Mudanças climáticas e ambientais, ocorridas entre 7.000 e 6.000 anos, levaram ao aumento da temperatura e da umidade do planeta, fazendo com que as florestas se expandissem. Começava então uma segunda fase do povoamento humano da Amazônia, na qual as populações passaram a contar com recursos alimentares mais diversificados e novas formas de organização social surgiram. Essas novas práticas socioculturais, por volta de 5.000 anos atrás, deram origem à chamada Cultura de Floresta Tropical, caracterizada por grupos que praticavam uma agricultura ainda incipiente, complementada pela caça, pesca e coleta de frutos e sementes da floresta. A partir dessa nova organização social, os grupos pré- históricos amazônicos passaram também a fabricar cerâmica e a ocupar alguns locais por períodos mais prolongados. Com isso, deixaram grandes sítios arqueológicos que testemunham seu florescimento por toda a Amazônia. A partir do surgimento da Cultura de Floresta Tropical, a ocupação humana da Amazônia alcançou o estágio de alta diversificação que os europeus encontraram ao começar a exploração da grande floresta. Para entender as estratégias de sobrevivência dos grupos pré- históricos amazônicos há que distinguir dois ecossistemas diferenciados: a várzea e a terra firme. A várzea corresponde às planícies inundáveis pelos rios que nascem nos Andes e que são ricos em nutrientes; já na terra firme Preguiça gigante, um dos exemplares da megafauna que habitavam a Amazônia pré- histórica. O estranho Toxodonte, semelhante a um hipopótamo Estudos Amazônicos 6º ano Página | 3 predominam solos pobres e rios com poucos nutrientes, conhecidos na região como “rios da fome”, provenientes dos escudos da Guiana e do Brasil dos quais o mais significativo é o Rio Negro. As áreas de várzea contam com maiores recursos alimentares embora dependam de níveis inseguros de inundação. Entretanto, a terra firme, que apresenta solos menos férteis, é também menos vulnerável a mudanças climáticas. Um complexo sistema de adaptação ecológica e de relações intertribais levou os homens das várzeas e das terras firmes amazônicas a criar mecanismos de subsistência que permitiram o desenvolvimento de culturas inéditas e originais como as de Marajó, de Santarém ou do Amapá, para citar algumas das mais significativas. VISÃO NEGATIVA Até pouco tempo, havia uma visão negativa sobre o meio ambiente amazônico, principalmente por falta de pesquisas científicas. Acreditava-se que, durante a Pré-História, a Amazônia não foi capaz de desenvolver uma cultura complexa, a exemplo dos Andes e da Mesoamérica. Divulgava-se a ideia de que a Região era um vazio demográfico devido à enorme acidez do solo que, por sua vez, não permitia uma grande produtividade agrícola. Acreditava-se, ainda, que todos os artefatos de civilizações pré-históricas encontrados eram oriundos de outras regiões em função das constantes imigrações, comuns nessa fase da história da humanidade já que as populações eram nômades. SÉCULO X A.C. Os registros de pesquisas nas áreas da Antropologia, Arqueologia e Etno-História desenvolvidas desde o século XIX, na América e na Amazônia, permitem-nos afirmar que as civilizações complexas mais antigas, da Pré-História, surgiram entre os séculos XXV a.C. e X a.C. nas regiões Andinas e Mesoamericanas. Com relação à Amazônia, as civilizações complexas só surgiram por volta do século X a.C. Era comum, ainda, afirmar que, devido ao surgimento tardio das civilizações complexas na Amazônia, a sua ocupação pré-histórica ocorreu do Oeste para o Leste Amazônico, e o desenvolvimento dos cacicados complexos teriam sido originados nos Andes. Mas, graças às pesquisas feitas por Domingos Ferreira Pena, João Barbosa Rodrigues, Charles Hart, Eduardo Góes Neves, Betty Megers, Anna Roosevelt, André Prous, Pedro Ignácio Schmits, a orientação leva-nos para outra direção: a ocupação pré-histórica da Amazônia originou-se do Leste para o Oeste, e os cacicados complexos surgiram nas antigas sociedades ceramistas do Oriente Amazônico (ou marajoara). II – A OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA Não existe um quadro consensual, entre os pesquisadores antropólogos e arqueólogos, sobre a periodização da ocupação pré-histórica da Amazônia. Isso em função das poucas pesquisas realizadas Ossada encontrada em sítio arqueológico na Amazônia Estudos Amazônicos 6º ano Página | 4 nessas primeiras fases de ocupação humana da Região. Por isso, os cientistas fizeram uma periodização provisória, assim organizada: a) Primeira fase: Paleoindígena. b) Segunda fase: Arcaica. c) Terceira fase: Pré-história Tardia. A pré-história da Amazônia vai desde uma ocupação paleoindígena, ocorrida acerca de 11.200 anos A.P. (antes do presente: expressão usada para datação de períodos arqueológicos; o ano de 1950 é a data inicial do Presente), até a extinção dos cacicados complexos, a partir da primeira metade do 2º milênio da Era Cristã. FASE PALEOINDÍGENA A população era pouco numerosa, dispersa, nômade e organizada socialmente em bandos frouxos. Os bandos paleoindígenas da América do Sul davam importância à coleta de moluscos, de plantas e a caça de animais de pequeno porte. Acredita-se que a ocupação paleoindígena da Amazônia, que teria acontecido por volta de 9.200 a.C., era baseada na coleta de frutas, na caça e na pesca; que se desenvolveu para umacultura de pescadores e coletores de moluscos. Isso pode ser comprovado através dos restos alimentares que foram encontrados na caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre, no Estado do Pará. Apesar das pontas de lanças, encontradas na caverna da Pedra Pintada, que sugerem os seus usos em caça de grandes animais, especialmente de grandes peixes, não indicam uma especialização na caça desse tipo, mas sim na caça e coleta generalizada. FASE ARCAICA O homem do período arcaico buscava novos recursos alimentares nas savanas, nas estepes, no litoral e nos lagos. A caça é diversificada; amplia-se a coleta animal e vegetal; a experimentação e o conhecimento acumulado levam à domesticação das plantas e de animais. Pontas de lanças encontradas nas proximidades de cavernas amazônicas no período paleoindígena Estudos Amazônicos 6º ano Página | 5 Por volta de 6000 a. C., as populações estabelecidas em áreas produtivas ao longo do rio Amazonas começam a fabricar cerâmica. Entre 2000 e 1000 a.C., desenvolveu-se uma ocupação estável de horticultores de raízes (mandioca etc.), produtores de cerâmica com decoração incisa e com apêndices zoomorfos modelados, às vezes com pintura geométrica vermelha e branca. Foram descobertos e identificados diversos sambaquis (depósitos artificiais de conchas) do delta em região do baixo Amazonas, costa da Guiana e foz do Orinoco, através dos quais foi possível inferir-se uma transição da subsistência baseada na caça e coleta para uma agricultura incipiente, e do estágio pré-cerâmico inicial ao cerâmico. FASE DA PRÉ-HISTÓRIA TARDIA A Fase pré-história Tardia (1000 a.C. a 1000 d.C.) pode ser caracterizada pelo surgimento, ao longo dos principais braços e deltas dos rios, de sociedades indígenas com grau de complexidade bastante significativo na sua economia, na demografia e nas organizações políticas e sociais. Tinham domínios culturais tão grandes ou até mesmo maiores que os de muitos Estados pré-industriais do Velho Mundo, tais como as civilizações minoica e micênica e os Estados africanos como Ashanti e Benim, ou as do vale do Indo, na Índia. Essas sociedades indígenas são denominadas pelos antropólogos de cacicados complexos. Fragmentos de cerâmicas encontrados em Parintins, Amazonas, da fase arcaica Tesos – elevações construídas na ilha de Marajó, de grande Estudos Amazônicos 6º ano Página | 6 Dados arqueológicos e etno-históricos revelam indícios da presença dessas sociedades indígenas complexas ao longo das várzeas dos rios Amazonas e Orinoco; nos contrafortes orientais dos Andes; e na região costeira do Caribe. Especificamente na Amazônia, por volta de 1000 a.C., desenvolvem-se as culturas dos construtores de tesos (aterros artificiais construídos em áreas inundáveis), as quais foram sucedidas por sociedades complexas e hierarquizadas, associadas a uma indústria de cerâmica muito refinada. Tais sociedades seriam exemplificadas pela Marajoara, na ilha do Marajó, e pela Tapajônica, na região de Santarém. EXTINÇÃO DOS CACICADOS Por cerca de dois mil anos, o meio ambiente forneceu a sustentação das sociedades complexas, no entanto, com a chegada dos europeus, tudo retrocedeu. Começaram as fases da conquista e da colonização; em nome de uma civilização cristã e de uma incessante busca de poder e riqueza material, os europeus destruíram os cacicados – diretamente com as guerras e a escravidão; indiretamente, através do contágio por doenças até então desconhecidas – fazendo suas populações desaparecerem completamente da maior parte das várzeas. Os índios sobreviventes internaram-se na floresta, formando sociedades tribais independentes, provavelmente retornando aos padrões que antecederam ao surgimento dos cacicados: subsistência baseada em plantas amidoadas e proteína animal e os estilos artísticos principalmente zoomórficos. Nas atuais sociedades indígenas da Amazônia, em geral, não se pode encontrar nada que lembre as sociedades complexas do Período da Pré-história Tardia, a não ser alguns vestígios materiais, e o registro na memória das crônicas dos conquistadores dos séculos XVI e XVII. Resumindo, e no estado atual do conhecimento, é possível o estabelecimento de sequências sobre a ocupação humana na Amazônia que abranjam desde as primeiras levas de caçadores-coletores nômades presentes nas várzeas e na terra firme desde o fim do Pleistoceno. Posteriormente, já no Holoceno, aparecem ocupações sedentárias ou semi-sedentárias de horticultores de raízes e conhecedores da manufatura de uma cerâmica simples, assentados principalmente nas terras baixas de várzea. A esse período pertencem os abundantes e extensos sambaquis fluviais que se encontram desde Manaus à costa do Pará e que apresentam estágios diversos de ocupação, a partir do quinto milênio a.C. com intensivo aproveitamento dos recursos marinhos. Num terceiro período que pode ter começado em torno do século 5 d.C. e chega até o contato europeu, formaram-se sociedades mais complexas e hierarquizadas com chefias ou cacicados; construíram-se grandes aterros Urna funerária encontrada no Marajó Estudos Amazônicos 6º ano Página | 7 onde situam-se as aldeias tanto para proteger-se das enchentes como por medida defensiva e onde também enterravam os mortos. As cerâmicas cerimoniais e funerárias dessas sociedades são policromas e profusamente decoradas com relevos e apliques antropomorfos e zoomorfos de grande complexidade. Seu estágio cultural pode se situar no chamado período “formativo” das altas culturas andinas. OS GEOGLIFOS – MARCAS DO PASSADO AMAZÔNICO Povos que construíram figuras misteriosas no Acre, há 2 mil anos, faziam 'manejo agroflorestal', promovendo grandes alterações na floresta, sem desmatá-la OS GEOGLIFOS Geoglifos são vestígios arqueológicos representados por desenhos geométricos (linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos, entre outros), zoomorfos (animais) ou antropomorfos (formas humanas), de grandes dimensões e elaborados sobre o solo, que podem ser totalmente e melhor observados se vistos do alto, em especial, através de sobrevoo. Geoglifos podem ser encontrados em várias partes do mundo. Os mais conhecidos e estudados estão na América do Sul, principalmente na região andina do Chile, Peru e Bolívia. Descobertos pelo pesquisador Ondemar Dias em 1977, os geoglifos do Acre estão sendo melhor estudados a partir da ação de vários pesquisadores. DESCOBERTA DE 450 GEOGLIFOS NA AMAZÔNIA AJUDA A DESVENDAR MISTÉRIO Um novo estudo sobre as misteriosas figuras revelou que no oeste da Amazônia pré-colombiana, uma população considerável tirava seu sustento da floresta, transformando-a intensamente. Apesar disso, por realizar um manejo sustentável das espécies, as intervenções geravam pouco desmatamento. Nos últimos 40 anos, os cientistas têm localizado, no leste do Acre, um grande número de geoglifos, que foram revelados graças ao gradual desmatamento na região, de acordo com os autores da pesquisa. Um dos geoglifos estudados pelos cientistas, no leste do Acre Estudos Amazônicos 6º ano Página | 8 Pelo menos 450 geoglifos foram descobertos até hoje, ocupando uma área equivalente a 13 mil quilômetros quadrados. A maior parte deles foi produzida há cerca de 2 mil anos, dizem os cientistas. Alguns têm centenas de metros de diâmetro. Toda aquela porção do extremo ocidental do Acre era coberta por floresta primária até os anos 1980 e vem sendo desflorestada para a criação de gado. Metade da cobertura florestal na região já se perdeu. Por ironia, não fosse o aumento da ocupação humana no Acre, as centenas de geoglifos pré-históricos hoje catalogados continuariam ocultospela mata. A floresta evidentemente esconde muitos outros. Os geoglifos se espalham pelos vales dos rios Acre, Iquiri e Abunã, entre Rio Branco e Xapuri, e também ao norte de Rio Branco, na direção do Estado do Amazonas. A função dos geoglifos até hoje permanece um mistério. Dificilmente eram cidades, já que os arqueólogos encontram muito poucos artefatos nas escavações. Pelo formato, os cientistas também descartam que as construções tivessem finalidade defensiva. De acordo com os autores do estudo, o mais provável é que eles só eram utilizados ocasionalmente, com objetivos rituais. Pelo que se sabe, os geoglifos foram feitos por índios Aruaques que moram na Amazônia séculos atrás para servir de campo para rituais religiosos. “Quando a gente faz as medidas percebe que eles são muitos constantes. Eles não tinham instrumentos de metal, faziam provavelmente com pás de madeira, mas tinham precisão matemática”, afirma Denise Schaan, da UFPA (Universidade Federal do Pará), e coordenadora das pesquisas dos geoglifos. A descoberta dos geoglifos contradiz a ideia de que a Amazônia era um ecossistema intocado antes da colonização, já que havia modificações humanas na floresta - mas também revela que os povos locais conseguiam fazer isso sem destruir a floresta. O fato de que esses locais ficaram escondidos por séculos sob a floresta desafia a ideia de que a Amazônia era um ecossistema intocado. O objetivo das pesquisas é saber se a região já tinha florestas quando os geoglifos foram construídos e até que ponto o impacto dessas construções tiveram impacto na paisagem. DESVENDANDO O MISTÉRIO Os geoglifos do Acre eram um espaço de comunicação espiritual e de ritual com a natureza, afirma uma equipe de cientistas da Universidade de Helsinki, na Finlândia, e da USP. Stonehenge amazônico Estudos Amazônicos 6º ano Página | 9 Um novo estudo comandado por pesquisadores brasileiros e finlandeses traz uma interpretação alternativa. Esses recursos de paisagem antropogênica funcionariam como dispositivos sistêmicos para se envolver e viajar dentro do mundo das entidades invisíveis, por um lado; e, de outro, mantinham os sentimentos de unidade, continuidade e pertencimento ao lugar no mundo dos humanos. A pesquisa indica que os geoglifos não eram usados por todos, mas apenas pelos indivíduos das comunidades especializadas em rituais ou interações com seres vivos além dos humanos. Segundo o estudo, também eram importantes para as comunidades indígenas em certas etapas da vida – “as variedades dos padrões geométricos eram usadas como portas ou caminhos para atingir conhecimento de elementos distintos do entorno que os rodeava”. De acordo com as especialistas em antropologia ancestral, a visualização e interação ativa com elementos vivos da natureza era importante e construtiva para as comunidades indígenas. INSPIRAÇÃO ANIMAL A razão pela qual os desenhos respondem a padrões geométricos específicos ainda não está clara. Para os pesquisadores, há inspiração em desenhos e formas encontradas em peles de animais. Esses padrões também são observados nos dias de hoje em cerâmicas, tecidos e joias confeccionados pelos indígenas modernos. Ainda de acordo com as teorias de arte visual, acredita-se que os padrões geométricos podem ajudar as pessoas com fertilidade, resistência, conhecimento e poder. Até hoje índios de tribos no Acre continuam protegendo esses lugares. Ao contrário de outros moradores da região, evitam usar esse espaço para atividades que consideram mundanas, como agricultura e moradia. Esse comportamento, assinalam as pesquisadoras, reforçam ainda mais a ideia de origem sagrada dos desenhos. Sitio Jacó Sá Estudos Amazônicos 6º ano Página | 10 HÁBITOS EM ANÁLISE “A gente tem feito pesquisas para fazer datações dessas construções, para ver o que eles comiam, o que plantavam, e para ver os tipos de atividades que tinham. A gente busca isso nas escavações, e já temos descoberto algumas coisas: em um deles, por exemplo, havia um resto de construção na entrada. Encontramos restos de panelas de cerâmica, algumas bem mais elaboradas. Se descobriu algumas coisas de plantação, e eles comiam milho”, explica Schaan. A maioria dos desenhos foi feita em lugares abertos, próximo a palmeiras. “Os índios tinham crença nessa coisa de espíritos que habitam as palmeiras, e essas vegetações são características desde a época dos geoglifos”, diz. RECONSTITUIÇÃO FLORESTAL Utilizando métodos de última geração, os cientistas reconstruíram as características da vegetação nos últimos 6 mil anos, nos dois sítios escolhidos. "Nós abrimos uma série de buracos até 1,5 metro dentro e fora dos geoglifos e, do fundo deles, para extrair amostras do solo", afirmou Jennifer Watling, da USP. "Nessas amostras, analisamos os fitólitos (fósseis microscópicos de plantas). Cada tipo de planta possui um fitólito diferente, o que nos permite descobrir qual era a vegetação que havia ali primitivamente", explicou a cientista. Além dos fitólitos, os pesquisadores também estudaram a quantidade de carvão vegetal encontrada nas amostras - para estimar a quantidade de floresta queimada no passado - e mediram os isótopos estáveis de carbono, que indicam o quanto a vegetação era aberta ou fechada. "Isso nos permitiu estimar se ali, há milhares de anos, havia floresta densa ou uma vegetação semelhante à savana", afirmou. Embora os geoglifos sejam formados por grandes baixos relevos escavados na terra, espalhando-se por vastas áreas e causando grande alteração na paisagem, o estudo mostrou que havia pouca remoção da floresta. Desmatamentos temporários eram feitos apenas para a construção dos geoglifos. "Apesar do número enorme e da densidade de geoglifos na região, agora temos certeza de que as florestas do Acre nunca haviam sido desmatadas tão extensivamente como ocorreu nos anos recentes", disse a pesquisadora. O impacto na floresta era grande, mas não o desmatamento, segundo ela. "Em vez de queimar partes da floresta - para construir geoglifos ou para cultivar alimentos - esses povos transformavam seu ambiente concentrando espécies de árvores economicamente importantes, como palmeiras e castanheiras", explicou Jennifer. "DESIGNERS" DA AMAZÔNIA Segundo a pesquisadora, o estudo traz evidências de que, no Acre, a biodiversidade de algumas partes da floresta atual pode ser um legado dessas antigas "práticas agroflorestais". Segundo a pesquisa, formas geométricas reproduzidas no chão foram inspiradas na pele dos animais Estudos Amazônicos 6º ano Página | 11 "As florestas que estão lá hoje em dia têm pelo menos 6 mil anos. Mas a partir de 4 mil anos atrás, elas começaram a ser alteradas para favorecer as plantas úteis. Isso é uma evidência de que a biodiversidade atual foi produzida por essas populações", disse. Segundo Jennifer, a evidência de que a floresta foi manejada pelos indígenas muito antes do contato com os europeus não pode ser usada como justificativa para o uso da terra destrutivo e insustentável que é feito atualmente. "Em vez disso, essas evidências devem servir para mostrar que foi possível, no passado, um regime de manejo que não levava à degradação da floresta. O estudo destaca também a importância do conhecimento indígena na busca de alternativas sustentáveis do uso do solo", declarou. GEOGLIFOS NA AMÉRICA LATINA Os desenhos do Acre estão numa lista para serem declarados Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Mas existem outros lugares com padrões geométricos milenares. A América Latina é um grande foco dessas formações ancestrais, segundo registros oficiais. Alguns dos mais conhecidos são as linhas de Nazca,localizadas a 400 quilômetros ao sul de Lima, capital do Peru. Há também os geoglifos de Chug-Chug, no deserto chileno do Atacama, que concentram uma elevada concentração de desenhos geométricos no chão que, ao que tudo indica, são muito mais antigos. Fora da América do Sul, os mais famosos estão nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. Uma das preocupações agora é garantir a preservação do patrimônio na Amazônia e atrair turistas para conhecer o patrimônio histórico. “Muitos deles estão em fazendas de gados e áreas de questão de plantações de cana, e não há cuidados de preservação. Eles poderiam servir para o turismo, mas não há estrutura. Não há também um sítio preparado para visitação”, finaliza Schaan. As linhas de Nazca, no Peru, cobrem uma área de aproximadamente 450 quilômetros quadrados Estudos Amazônicos 6º ano Página | 12 Agência Acre/Divulgação A CONQUISTA DA AMAZÔNIA PELOS EUROPEUS - UMA HISTÓRIA FEITA DE MITOS E DESAFIOS. A história da região tem sido, da chegada dos primeiros europeus à Amazônia até os dias atuais, uma trajetória de perdas e danos e nela, a Amazônia tem sido vítima daquilo que ela tem de mais especial — sua magia, sua exuberância e sua riqueza. Os primeiros conquistadores e colonizadores não se conformaram em ver aquela terra, que lhes parecia ser o paraíso terrestre, ocupada por povos que julgavam bárbaros, primitivos, rudes, preguiçosos e, possivelmente desprovidos de uma alma. As ações à conquista e à manutenção da Amazônia - hoje patrimônio incontestável do povo brasileiro - constituem uma das mais belas páginas da história da humanidade. No curso, que durou quase 200 anos, sobraram coragem, determinação, desprendimento e incontáveis sacrifícios. Homens, em sua grande maioria, mas também mulheres e crianças; brancos, negros e, principalmente, índios, enfrentando dificuldades e vencendo desafios, levaram a tarefa gigantesca de desbravar tão grande e desconhecida região. Predominava na imaginação do Velho Mundo que os limites geográficos terminavam onde a visão humana não podia atingir, dada a estrutura tecnológica que se dispunha. Assim, havia um pré-conceito de que existia um local em que o mundo tinha fim. Com a ação das expedições marítimas, e os indícios já suspeitos, deparou-se com um mundo mais vasto ainda, que a mente humana não poderia imaginar. “A conquista do Amazonas”. Óleo sobre tela de Antônio Parreiras,1907 Estudos Amazônicos 6º ano Página | 13 Terras e pessoas foram inseridas nos processos de descobertas. Na região oceânica entre o Pacífico e o Atlântico havia um continente, que se estendia como um desafio para o navegador europeu. Os espanhóis entregaram-se nesta tarefa de adentrar na nova região, seguidos logo pelos portugueses, que ávidos pelo desejo de riquezas e glórias, mostraram-se, ambos, audaciosos, no intuito único de agradar às realezas a que serviam. A região amazônica inseriu-se neste contexto de descobrimentos, sendo disposta como uma “margem” do Novo Mundo. As notícias advindas do encontro com o Novo Mundo fizeram surgir no pensamento europeu uma série de mitologias, sendo duas as mais citadas: a do Eldorado, cidade encantada, erguida em ouro, e o das Amazonas. Com o adensamento dos contatos e a introdução no território descoberto, o imaginário europeu começou a transformar-se, e aquilo que se mesclava entre a realidade material e a realidade imaginada passa a distinguir-se. A luz da racionalidade permitiu ao descobridor idealizar estratégias para garantir a posse do território, no preceito clássico da posse pelo uso (uti possidetis). A partir do século XV, com a expansão europeia, os países europeus iniciaram um processo expansionista em direção ao Atlântico. Coube a Portugal e à Espanha o pioneirismo na expansão marítima, devido ao fato de essas nações: 1) Serem as primeiras a centralizarem o poder nas mãos de um rei; 2) Possuírem uma posição geográfica privilegiada; 3) Terem acesso ao desenvolvimento tecnológico (caravela, bússola e astrolábio) existentes. O Eldorado Estudos Amazônicos 6º ano Página | 14 As divergências entre Portugal e Espanha sobre as novas rotas de navegação estabelecidas no Atlântico foram solucionadas por meio da assinatura de dois tratados: o Tratado da Bula Inter Coetera (1493) e o Tratado de Tordesilhas (1494). Pelos termos da Bula Inter Coetera, o “novo mundo” seria dividido entre Portugal e Espanha. Isto assegurara a Portugal o direito de Padroado, haja vista que a palavra da santidade papal tinha força legal a que nenhuma nação cristã oferecia restrição de qualquer natureza. No entanto, os termos da Bula desagradaram à Coroa Portuguesa. Para solucionar esse impasse, foi negociado o Tratado de Tordesilhas, que ampliava os domínios portugueses sobre vasta área do continente descoberto. A União Ibérica (1580-1640) favoreceu o processo de expansão portuguesa pela região Amazônica. Portugal e Espanha permaneceram unidos até que o Tratado de Tordesilhas perdeu sua força com a restauração da autonomia portuguesa para conduzir o processo de ocupação da Amazônia, o que provocou modificações nas fronteiras e nos domínios desses povos. Com o Tratado de Madri (1750), a Espanha reconhece o direito português na Amazônia antes conquistada pelos espanhóis. Inicialmente, os portugueses realizaram expedições pelo litoral norte do Brasil, seguindo os passos de Pinzón, embora ainda não conseguissem conquistar o território. Com a abertura desse caminho, outros europeus passaram a participar da expansão ultramarina. Entretanto, os espanhóis não tinham desistido de ocupar o vale amazônico, até porque tinham direito (até então) à área pelo Tratado de Tordesilhas. Outras expedições ocorreram pelo rio Amazonas, de Quito à direção oeste-leste. Dali partiram os navegadores espanhóis Gonçalo Pizarro, Francisco Orellana e seus companheiros (1539-1541) em expedição pelo rio Amazonas, sendo essa a primeira grande viagem que os espanhóis As Amazonas Representação do Tratado da Bula Inter Coetera Estudos Amazônicos 6º ano Página | 15 realizaram na região, navegando em toda extensão do rio. Com esse feito, Francisco Orellana conseguiu o título de Capitão e Governador das Terras da Amazônia, com direito de colonizar a região. Em 1545, Orellana fez a 2ª viagem para a Amazônia, com 1500 homens, porém não obtendo êxito nessa expedição. Tendo como referência a cidade de Quito, os espanhóis não desistiram e realizaram nova expedição à Amazônia, garantindo a posse para os domínios da Coroa Espanhola, a qual visava à conquista das minas de Potosí, na região andina. Em 1560, o governo espanhol do Vice-Reinado do Peru, organizou uma expedição comandada pelo militar Pedro de Ursua, em direção ao Eldorado, sendo Pedro morto pelos seus companheiros, passando a comandar o aventureiro Lopo de Aguirre, que alcançou o delta do Amazonas, em 1561, sendo essa a última viagem espanhola pelo Amazonas, não permitindo ainda sua ocupação. No entanto, outros europeus tinham interesse nas riquezas da Amazônia: holandeses e ingleses procuraram ampliar seus domínios, das Antilhas até a América, visando à colonização. Também expedições holandesas (1598), no litoral amazônico, estabeleceram feitorias, com 1600 homens em Orange e Nassau, nas margens do rio Xingu. Os ingleses, em 1611, já tinham estabelecido feitorias no delta do Amazonas, com suas primeiras tentativas de ocupar a região, em busca de exploração mercantil de suas riquezas naturais: as drogas do sertão. Essas primeiras ações dos ingleses e holandeses foram de iniciativaparticular, ao contrário de Portugal e Espanha que tinham aval dos reinos. Mais tarde, os governos de Inglaterra e Holanda assumem os empreendimentos em águas e terras da região, passando a organizar a Companhia de Navegação e Colonização dos territórios da Amazônia. Ingleses e Holandeses, mesmo não tendo muito êxito, pois foram expulsos pelas tropas portuguesas, mas conseguiram, de alguma forma, se instalar nas Guianas, uma vez que não havia muito interesse de Portugal em colonizar a região, isto acabou favorecendo a penetração de holandeses e ingleses na Amazônia (1580-1640). Além desses, os franceses também tentaram conquistar além do Rio de Janeiro e Maranhão onde já haviam penetrado, deram início à ocupação do território da Guiana, procurando fixarem-se no Amapá, na Capitania do Cabo Norte. Desta forma, os franceses penetraram em território da Amazônia, O tratado de Tordesilhas Estudos Amazônicos 6º ano Página | 16 fundaram fortificações militares e núcleos coloniais que deram origem à Macapá (1764), cujas origens revelam as ações de defesa portuguesa contra a invasão francesa na região amazônica. No Pará, antes da fundação de Belém pelos portugueses, chegaram até a fundar uma aldeia em Caeté (hoje Bragança), além de dominarem completamente o Maranhão. O ciclo de navegações para o “novo mundo” tinha como principal objetivo, principalmente dos portugueses, garantir o domínio nas águas e nas terras do Novo Mundo. Estava-se numa nova era, cujos desdobramentos dar-se-iam pelos séculos XVI e XVII, com a vinda de franceses, holandeses e ingleses, aventurando-se em regiões desconhecidas. O Tratado de Tordesilhas evidenciara que os portugueses já tinham conhecimento sobre o continente sul-americano. AS PRIMEIRAS EXPLORAÇÕES A terceira fase da ocupação humana da Amazônia corresponde ao povoamento europeu da região. O escrivão da expedição, Gaspar de Carvajal, fez os primeiros registros escritos sobre a floresta amazônica e sua diversidade de ambientes e culturas narrando à existência de mulheres guerreiras nas margens do grande rio, a Amazonas, são responsáveis pelo nome que hoje o identifica. Seguiram-se outras expedições espanholas com finalidade exploratória, até que franceses tentassem, no norte do Brasil, estabelecer a França Equinocial. O primeiro europeu a pisar as terras amazônicas, foi o espanhol Vicente Pinzón (em janeiro de 1500), que percorreu a foz do Amazonas, conheceu a ilha de Marajó e surpreendeu-se em ver que se tratava de uma das regiões mais intensamente povoadas do mundo então conhecido. Ficou admirado vendo a pororoca (fenômeno natural que fez com que mudasse o curso de navegação) e maravilhado com as águas doces do mais extenso e mais volumoso rio do mundo que foi chamado por ele de Mar Dulce. Foi bem acolhido pelos índios da região. Mas, apesar de fantástica, sua viagem marca o primeiro choque cultural e o primeiro ato de violência contra os povos da Amazônia: Pinzón aprisiona índios e os leva consigo para vender como escravos na Europa. Com a chegada de Cabral em 1500 a coroa portuguesa expandia seu domínio na nova Terra, fazendo Salvador como um centro, onde as expedições partiam para as Índias e para o sul até o Rio da Prata, isto faz com que a conquista da Amazônia retarde, pois os espanhóis seus “donos”, de acordo com o Tratado de Tordesilhas não deram muita importância ao território amazônico. Fundação de São Luís, capital da França Equinocial, no início do século XVII Vicente Pinzón Estudos Amazônicos 6º ano Página | 17 Apesar de seu caráter pioneiro, a expedição de Orellana não deixou outros frutos que fossem duradouros. A região voltou a pertencer exclusivamente aos cerca de 5 milhões de índios (segundo uma das estimativas existentes) que ali habitavam e que também haviam sido motivo da admiração nos relatos de Carvajal, tal sua quantidade e organização. Muitas décadas se passariam antes que novas investidas à região fossem realizadas. COLONIZAÇÃO PORTUGUESA - OS FORTES E MISSÕES Com a união das coroas espanholas e portuguesas, os espanhóis fazem o reconhecimento da área com Francisco de Orellana e Pinzón, como também Pedro de Ursa e Lopes de Aguirre, mas não tem a pretensão de povoar, abrindo precedentes para invasores como franceses, holandeses, irlandeses e ingleses, que fazem contato com os nativos e mantêm boas relações e fundam fortificações por toda a Amazônia. Em 1612, um conquistador francês, Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardièri, fundou a cidade de São Luís do Maranhão, estabelecendo amizade com os índios Tupinambá, no vale do rio Pará. Em guerra contra os Camarapins, os franceses subiram as águas do rio Tocantins, derrotando os Pacajá e Parissó. Esse fato fez com que a Coroa Portuguesa tomasse uma medida para conter a presença de estrangeiros que só poderia ser feita, através de uma ocupação militar que tivesse a função de expulsar os invasores e construir fortificações para guardar o território, designou oficiais como Jerônimo de Albuquerque, Diogo de Campos e Francisco Caldeira de Castelo Branco, que partiu para a Amazônia, no início do século XVII, onde expulsou os franceses de São Luís, Maranhão e fundou o Forte do Presépio em dezembro de 1615 e a cidade de Belém em 1616 no Pará, que marca o início da ocupação portuguesa a Amazônia e a construção de outros fortes ao longo do rio Amazonas, Gurupi, Pauxis (Óbidos), Tapajós (Santarém) e São José do Rio Negro (Manaus). Francisco de Orellana Forte do Castelo – Belém – Pa Estudos Amazônicos 6º ano Página | 18 O Forte do Presépio que, além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial e de dar origem à atual cidade de Belém, serviu como base para o povoamento da Amazônia. Após a expulsão dos franceses e diante da violência dos portugueses, os índios Tupinambá, aliados dos franceses, invadem a cidade de Belém (07/01/1619) e destroem várias edificações, comandados pelo Cacique Guaimiaba (Cabelo de Velho), provocando a morte de muitos índios e a revolta dos luso- brasileiros. Na conquista da Amazônia, então fizeram os portugueses suas guerras contra as populações nativas da região, quase sempre as exterminando e subjugando-as ao seu domínio, embora devessem também guerrear contra os outros invasores europeus: ingleses e holandeses, pela posse do território. Vê-se que, a fundação de Belém, na embocadura do Amazonas, foi o primeiro importante passo dos portugueses, pela posse da região, permitindo o controle da navegação fluvial do Amazonas ao Oceano Atlântico, sendo considerada como uma “decisão acertada” dos conquistadores lusos. Depois disso, os portugueses passaram a realizar uma série de expedições militares pela região amazônica para expulsão não só dos ingleses holandeses, mas também de qualquer povo estrangeiro que invada a região. Era necessário alargar os domínios portugueses para oeste, para assegurar a exploração das riquezas ocultas da floresta. Coube ao capitão Pedro Teixeira, em 1637, o comando da expedição composta por cerca de duas mil pessoas, sendo a grande maioria índios. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela conseguiu estabelecer marcos de ocupação territorial portuguesa ao longo do rio. Além da proteção contra outros europeus, os fortes também serviam para estabelecer núcleos de povoamento a partir dos quais pudesse ser estabelecida a colonização. Na Amazônia, os principais recursos explorados pelos portugueses foram a mão-de-obra indígena e as drogas do sertão, especiarias de alto preço no mercado europeu. Essas missões tiveram um apoio importante dos religiosos que tinham a função de catequizar e melhorar o relacionamento do indígena com os portugueses. A IMPORTÂNCIA DE BELÉM PARAA EXPLORAÇÃO. A fundação de Belém foi de vital importância para os portugueses, pois dali partiu suas principais expedições com o intuito de conquistar o território amazônico, além de estar em uma posição estratégica, situada bem na foz do Amazonas principal porta de entrada para exploração do território. O Capitão Pedro Teixeira, a frente de sua expedição, lançou-se para Oeste, contra a correnteza, pela calha do rio Amazonas, com a finalidade de reconhecer e explorar a região e colocar marcos de ocupação portuguesa, até aonde pudesse chegar. E assim foi feito. Valendo-se do conhecimento e da adaptação à selva de muitos índios que compunham a tripulação, levou sua missão até Quito, na América Espanhola. A expedição durou cerca de 2 anos, constitui feito memorável e de suma importância para o reconhecimento da presença portuguesa na Amazônia. Foi o único navegador de sua época a fazer o trajeto de ida e volta, Fundação de Belém, obra de Theodoro Braga, 1908, Museu de Arte de Belém (MAB). Estudos Amazônicos 6º ano Página | 19 saindo da foz para nascente e de volta a foz. Muitas outras entradas e bandeiras foram empreendidas pelos luso-brasileiros à Amazônia, seja em busca do tão sonhado "El Dourado", seja para colher as chamadas "drogas do sertão", especiarias muito apreciadas à época. AMAZÔNIA PORTUGUESA O estabelecimento do Tratado de Madri e o início da administração de Marquês de Pombal em Portugal, ambos ocorridos em 1750, marcaram uma nova fase na qual a Amazônia brasileira foi, em linhas gerais, definida. Vale lembrar que, nessa época, o conhecimento que se possuía do interior do continente americano ainda era muito impreciso. O Mapa das Cortes, elaborado a pedido do rei de Portugal, serviu de base para as negociações do Tratado de Madri e possuía forte distorção do curso dos rios que cortam as terras a oeste do Brasil. Essas distorções eram propositais, puxando o traçado dos rios para leste, diminuindo artificialmente a área pretendida pelos portugueses – e cumpriram perfeitamente o objetivo de desorientar os negociadores espanhóis. Não menos importante do que o Tratado de Madri para a inauguração de uma nova fase da história amazônica foi a administração empreendida pelo Marquês de Pombal. Tão logo subiu ao poder, ainda em 1750, Pombal pretendia tirar Portugal da situação de atraso que experimentava frente às demais potências europeias e da dependência da Inglaterra, país do qual recebia proteção contra a França e a Espanha. Pombal criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que deveria oferecer preços atraentes para as mercadorias ali produzidas a serem consumidas na Europa, tais como cacau, canela, cravo, algodão e arroz. Começou também a introduzir na Amazônia a mão-de-obra escrava de origem africana. CRONOLOGIA DAS AÇÕES PORTUGUESAS NA AMAZÔNIA • 1612: Pedro Teixeira e Gaspar de Freitas de Macedo afundam um “patacho holandês” para impedir sua aproximação de Belém; • 1623: Luís Aranha de Vasconcelos e Bento Maciel Parente guerrearam contra os ingleses e franceses para destruir suas fortificações, ao longo do rio Amazonas; • 1625: Bento Maciel Parente atacou e destruiu o forte holandês de Mariocay; • 1627: Pedro Teixeira guerreou contra ingleses e holandeses para destruir os fortes de Mandiutuba, Tilletille e Uarimuaca, no Xingu e Capary; • 1629: Pedro Teixeira e Pedro Costa Favela conquistaram o forte inglês de Torrego na Ilha de Tocuju; • 1631: Jacome Raimundo de Noronha e Pedro da Costa Favela conquistaram o forte inglês Phillippe, entre os rios Matapy e Ananirapucu; • Pedro Baião de Abreu assaltou o forte inglês de Cumaú, próximo à fortaleza de Macapá; Mapa das Cortes Estudos Amazônicos 6º ano Página | 20 • 1637 -1638: Pedro Teixeira, com 70 soldados e 1000 índios, ampliou o domínio português até o rio Tapajós, do rio Amazonas até a povoação espanhola de Payamino; • 1639: A Guarnição luso-brasileira afundou o navio de guerra holandês que desembarcava colonos e soldados holandeses; • 1648: A milícia portuguesa faz seu último ataque destruindo as fortificações militares dos holandeses, próximo à Macapá. Na imensa região de várzea, localizada ao longo das margens do rio Amazonas, entre os séculos XV e XVII, concentravam-se várias populações indígenas, nos afluentes dos rios Tocantins, Xingu, Tapajós, Negro, Madeira e Branco. Fundações e fortificações de conquistadores europeus surgiram nessa área, provocando a despovoação de inúmeras aldeias indígenas, as quais foram sendo substituídas por missões religiosas e aldeamentos ao lado de fortalezas lusas que mantinham o sistema colonial português na Amazônia. Até fins do século XVIII, conforme dados históricos da Amazônia, os nativos da região estavam praticamente desaparecendo da Várzea Amazônica, resultado do “descimento” dos índios através dos médios e altos cursos dos rios, expulsão provocada por colonos lusos e mestiços, durante o processo da conquista e começo da colonização portuguesa na Amazônia. AS AÇÕES DAS MISSÕES RELIGIOSAS A colonização portuguesa no vale amazônico estava baseada em três pontos: comércio, aldeamento e fortalezas, sendo que os últimos garantiam as condições para o sistema colonial funcionar na região, com práticas mercantilistas na venda de drogas do sertão, ação realizada pelo índio destribalizado e aldeado sob comando das ordens religiosas. Através da catequização e expansão do catolicismo, os missionários desestruturavam as sociedades indígenas, transformando os índios em cristãos a serviço da colonização portuguesa, atuando como carregadores, canoeiros, remeiros, guerreiros, guias, intérpretes, domésticos, artistas, operários e coletores de ervas. Entre as principais ordens que se fizeram presentes na Amazônia se destacam quatro grupos: os Jesuítas, os Mercedários, os Franciscanos e os Carmelitas. Os conflitos entre os jesuítas e os colonos, disputando a mão-de-obra indígena, provocaram a expulsão dos jesuítas. A partir do século XVII e definitivamente no século XVIII pelas reformas pombalinas e a oposição do Marquês de Pombal aos soldados de Cristo. Os índios “descidos” para as missões eram ‘alugados’ aos colonos pelos jesuítas que regulavam o valor dos serviços; por outro lado, os colonos não lhe pagavam pelo trabalho dos índios e raramente os devolvia às missões, escravizando-os ilegalmente por meio das “guerras justas” e “Tropas de resgate”. OS REFLEXOS DA EXPLORAÇÃO A história da Amazônia foi construída sob o desejo europeu de alargar as dimensões territoriais e aumentar as posses a partir da exploração das riquezas naturais. Dentro deste enfoque buscou-se demonstrar como a Amazônia passou de apenas ideia ou noção sobre o desconhecido, para os desbravadores portugueses e espanhóis, a uma utilização de um planejamento de ações para dominar a área descoberta, sendo que o elemento indígena esteve presente durante toda a evolução dos acontecimentos. Os episódios narrados neste texto, esquecidos por diversas vezes das crônicas nacionais, dão a contribuição da Amazônia para a história da sociedade brasileira, apresentando um contexto de conflitos entre povos europeus e os nativos amazônidas, cujos resultados influenciaram nos atuais limites geográficos e traços culturais que apresentamos. Conquistada a custo de sofrimentos e sacrifícios, a Amazônia precisava agora ser mantida. A história dos homens na Amazônia tem sido construída a partir de muitos conflitos: de um lado, a Estudos Amazônicos 6º ano Página | 21 visão paradisíaca criada pela magia dos mitos da região e sobre a região; de outro, a violência cotidiana gerada pela permanente exploração da natureza e desencadeada pelos preconceitos em relação a ambos — homem e natureza.Ao longo de quatro séculos perdeu-se, muito da identidade original do homem e os referenciais da vida anterior, face aos sucessivos e constantes choques culturais. Hoje, o homem da Amazônia procura reconstruir, sem cessar, uma nova identidade e uma nova forma de vida que lhe possibilitem harmonizar uma nova cultura com a conservação da natureza, os benefícios e o usufruto do progresso técnico e científico do mundo moderno. O aumento da destruição da natureza é alarmante. Nas últimas décadas, enormes massas vegetais, que incluem madeiras nobres, vêm sendo queimadas impiedosamente. De 1500 a 1970, ou seja, em 470 anos, apenas 2% de toda a floresta amazônica havia sido destruído; em apenas 30 anos (1970 a 2000), segundo o INPE, 14% foi devastado. Trata-se de um desastre sem precedentes contra o maior patrimônio natural do planeta Terra, contra a economia e a sobrevivência dos habitantes naturais — caboclos, ribeirinhos, índios e outros. E, pode-se mesmo dizer, contra o futuro da região e das novas gerações que precisarão dela para viver. FUNDAÇÃO DE BELÉM: EXPLORADORES, ÍNDIOS E RELIGIOSOS. A CONQUISTA DO PARÁ Na época da conquista do Pará, Espanha e Portugal formavam a União Ibérica (desde 1580). Para o Brasil, naquela fase de expansão territorial, a união peninsular foi benéfica, pois Portugal e Espanha, transformadas em uma só nação, veio a tornar sem efeito o Tratado de Tordesilhas, facilitando, desse modo, a penetração interiorana. A conquista do Norte foi determinada pelo rei de Espanha e Portugal. Visava, inicialmente, desalojar, do Maranhão, os franceses que ali haviam criado a França Equinocial. E em 1614, Jerônimo de Albuquerque segui à frente da tropa, para cumprir aquela missão. Em 1615, já com Alexandre de Moura liderando as tropas lusas, houve a capitulação definitiva. Após a vitória, Moura nomeou Albuquerque governador do Maranhão e encarregou o militar e explorador português Francisco Caldeira de Castelo Branco (-1619) de conquistar o Pará. A 25 de dezembro de 1615 a expedição partiu da baía de São Marcos, composta do patacho Santa Maria da Candelária, do caravelão Santa Maria das Graças e da lancha grande Assunção. Compunha-se de 150 homens, 10 peças de artilharia, pólvora e muita munição e mantimentos. O piloto-mor era Antônio Vicente Cochado, o francês Charies servindo de guia. As três embarcações eram comandadas por Pedro de Freitas, Antônio da Fonseca e Álvaro Neto. A viagem sem incidentes durou 18 dias. E a 12 de janeiro de 1616 os portugueses aportaram na baía de Guajará, chamada pelos nativos de Paraná-Guaçu. Localização do estado do Pará no mundo Estudos Amazônicos 6º ano Página | 22 Texto e Contexto O capitão André Pereira, que participou da expedição que fundou o Forte do Presépio na cidade de Belém em 1616, dá notícia desse sucesso ao Rei de Espanha. “Primeiramente depois que ò capitaom maior, Alexandre de Moura deu fin no Maranhaom à ò enemigo como fez, è tendo à terra pacifica, è povoadas as fortalezas como lhe pareceo necessario, pos por obra mandar fazer este novo descobrimento do grande Rio das Amazonas, è pera tambem se saver ò que avia no Cavo do Norte, conforme à ordem que pera isso levava do Governador Geral do Brasil Gaspar de Souza; è asi mandou 150 homens em tres companhias, è por capitaom mor dellas à Francisco Caldeira de castel branco em tres embarcazoens. Partimos para esta jornada dia de Natal pasado, em que deu principio à esta era de 1616. ” “Chegando no sitio à onde fizemos fortaleza por el Rey nosso senhor, que será 35 leguoas pello Rio asima pera ò Sul, por parecer elle à ò capitaom mor bom sitio. ” “Há neste Rio em todas as partes delle muito Gentio por extremo de diversas nazoens, ò mais delle mui bem encarado sem barba, trazem os homens cabello comprido como molheres, è de mui perto ò parecem de que pode ser nasceria o emgano que dizem das Amazonas; pois naom há outra cousa de que à este proposito se pudesse deitar maom. ” À nova conquista, Castelo Branco, dando vazão a seu amor por Portugal, deu o nome de Feliz Lusitânia. O engenheiro-mor Francisco Frias Mesquita iniciou a construção da Casa Forte, localizada à margem esquerda da foz do Piri (hoje doca do Ver-o-Peso). Recebeu a denominação de Forte do Presépio e em seu interior levantaram uma pequena capela, sob a invocação de N. S. das Graças. Além do Forte do Presépio outros foram também construídos para proteger as terras da Amazônia da invasão de conquistadores ao longo do século XVII: Forte de S. Pedro de Nolasco (Convento das Mercês, em Belém), Forte N. S. das Mercês da Barra, Forte S. Antônio de Macapá, Casa Forte (origem da cidade de Ourém), Forte de N. S. de Nazaré, Forte da embocadura do rio Tuerê, Forte do Rio Paru, Forte do Tapajós (futura Santarém) e o Forte do Pauxis (origem da cidade de Óbidos). Texto e Contexto A 2 de janeiro de 1639 Pedro Teixeira redigiu, em Quito, uma Relação da sua jornada Amazonas acima, endereçada ao presidente da Audiência de Quito. “Nesse grande sítio tem Sua Majestade uma fortaleza que chamam ‘O Presépio’, situada na Cidade de Belém; dista do mar 25 léguas [e] fica na banda leste, numa ponta de terra firme mui saudável e fertilíssima. (...) Está situada a dita fortaleza sobre uma grande enseada que ali faz o rio, tendo à vista três caudalosos rios: o primeiro se chama Capim, o segundo Oscaza [Acará? ], o terceiro Moysu [Mojú]. ” “A cidade do Pará está ao sul em dois terços [de grau] menos alguns minutos. Os holandeses têm chegado sondando [explorando] até o sítio de caça Juro [?], quatro jornadas inteiras acima do Tapajós e têm feito muitíssimo esforço para povoá-lo. ” O local escolhido por Castelo Branco para os portugueses se instalarem compreendia uma estreita faixa de terra confinada por um lado pela baía de Guajará e por outro por um grande pântano, chamado pelos nativos de Piry. A localização escolhida mantinha o núcleo naturalmente abrigado de um ataque pelo interior, ao mesmo tempo em que permitia o controle da entrada da baía. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 23 O surgimento do Forte do Presépio representou, assim, o marco da fundação da cidade. Em função do reduzido número de pessoas envolvidas no ato de fundação, a cidade nasceria embrionariamente dentro do forte. Em 7 de janeiro de 1619, os Tupinambás chefiados por Guaimiaba, Cabelo de Velha, revoltaram-se contra os portugueses, atacando o Forte do Presépio. Porém, o levante Tupinambá foi desbaratado pelos luso-brasileiros. Texto e Contexto A “Descriçam do Estado do Maranham, Para, Corupa, Rio das Amazonas” de Maurício de Heriarte (1662). XXI. A Cidade de Bellem, capitania do Gram Para, esta asentada sobre o famoso rio que se chamam Para, 25. Legoas da Barra, cercada com 4 rios, que por hûa parte e outra a cingem: que sam, Guama, Guajara, Capim, e Moju, que todos juntos desaguam no Gram Para. Tem esta cidade hûa fortaleza, sobre o porto, bastante e defensível, com tres companhias de infantaria. Tem Capitam mor, Ouvidor, Provedor, Amoxarife, e Escrivam real, que tudo se desconta da Fazenda de S. Majestade. Tem sette engenhos de fazer asucar. Seus moradores fazem muito tabaco, he muy abundante de mantimentos da terra e frutas. XXIII. Sam as terras do Para firmes, e melhores que as de Sam Luis, muy fertiles em dar fruto, e todo o anno criam, porque todo anno chove: suposto que no veram nam há tanta a agoa. Sam capazes de grandes povoações, por serem terras larguissimas, e de muitos Indios, que quando foy povoada de Portuguezes, avia mais de 600. Povoações de Indios Tapinambas e Tapuias, que vendo que eram poucos os Portuguezes, se levantaram contra elles, e mataram 222, sendo seu Capitam mor Francisco Caldeira de Castello Branco: mas os q’ ficaram, com muito trabalho,deram grandes guerras à os Indios, e O Forte do Presépio, Hoje. Núcleo Cultural Feliz Lusitânia. Belém, PA. A Praça D'Armas do Forte do Presépio, Hoje. Artefatos Bélicos encontrados por arqueólogos nos arredores do Forte. Balas de canhão e pedras de pederneira (o atrito da pederneira no patin da arma produzia faísca na caçoleta que explodia e expulsava a bala). Acervo do Museu do Forte do Presépio. Belém, PA. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 24 destruíram a naçam Tupinamba, que dominava sobre a outra naçam Tapuia. Morreram muitos Indios na guerra, e outros se retiraram pella terra dentro. Terminada a construção do Forte do Presépio, o próximo passo dos portugueses foi a colonização de Belém. Ergueram as primeiras casas. A conquista do Grão-Pará pode ser dividida em quatro momentos. Em um primeiro momento, ocorreu a luta contra os indígenas que visava não só desalojá-los, mas também que continuassem a apoiar os franceses. Destacaram-se nessas lutas Mahias de Albuquerque e Manuel Pires (que dizimaram as tribos localizadas nos sertões de Cumã e Tapuitapera), Diogo Botelho (que arrasou a aldeia de Muju), Gaspar de Freitas (que lutou nas aldeias de Iguapé), Bento Maciel Parente e Pedro Teixeira. Em um segundo momento, os portugueses tinham como meta a luta contra os estrangeiros a fim de evitar que os franceses, ingleses e holandeses dominassem o vale amazônico, onde já haviam construído várias fortalezas. As principais: Forte de Nassau, construído pelos holandeses entre 1599 e 1600, próximo à foz do Xingu, destruído em 1623; Forte de Mandiatuba, próximo a Gurupá, pertencente também dos holandeses, atacado em 1625 por Pedro Teixeira; Forte de Maiocaí, também de holandeses, destruído por Luís Aranha e Bento Maciel. Em um terceiro momento, houve a ação de religiosos na região, que foi muito importante para a conquista espiritual na Amazônia. Com Castelo Branco, veio o padre Manoel Figueiredo de Mendonça, que rezou a primeira missa em Belém e que foi depois nomeado o 1º Vigário do Pará. Em 1617, aportavam os frades capuchos frei Antônio de Merciana, frei Cristóvão de São José, frei Sebastião do Rosário e frei Felipe de São Boaventura. Em 1618, os franciscanos capuchos, por ordem régia, ficaram responsáveis pela catequese indígena. Em 1621, a corte concordava com a reivindicação do capitão Manoel de Souza Eça, no sentido de que fossem enviados jesuítas ao Grão-Pará. Em 1626, era fundado, em Belém, o convento de Santo Antônio. Em 1639 foi criada a Missão do Maranhão e Grão-Pará da Companhia de Jesus (depois de, no ano anterior, ser entregue aos jesuítas o empreendimento catequista). Neste mesmo ano, aportavam em Belém os primeiros mercedários, que, em 1640, fundaram o convento (onde hoje se localiza a Igreja das Mercês). Fundaram missões no Rio Negro, Urubu, Amatari, Aniba e Uatumã. Em 1643 chegou o padre Antônio Vieira, que, deslumbrado com o lugar, sentiu que a conquista espiritual da Amazônia ampliaria os domínios de Sua Majestade e da região. Missões jesuítas foram fundadas ao longo do rio Amazonas, do Negro e do Tocantins. Tiveram participação importante Francisco Veloso e Manoel Pires. Em 1660, os jesuítas inauguraram, em Belém, a Igreja de São Francisco Xavier (atual Santo Alexandre). Nessa fase, a conquista espiritual estava, assim, dividida: jesuítas, mercedários e frades de Santo Antônio cuidavam da catequese; os carmelitas e os frades da Piedade encarregavam-se da moralização interna das conquistas. Em 1667, foi criado o Bispado do Maranhão. Em 1706, outra ordem vinha atuar na região: a dos Franciscanos da Província da Conceição da Beira de Minho. No dia 4 de março de 1719, o Papa Clemente XI, através da bula Copiosus in misericórdia, criou o Bispado do Grão-Pará, sendo nomeado o 1º bispo, o Carmelita D. Frei Bartolomeu do Pilar. Por fim, ocorreu a conquista do Rio Amazonas. Na primeira metade do século XVII a Coroa Portuguesa já havia determinado que o Rio Amazonas fosse explorado até o Peru. O explorador e militar português Pedro Teixeira (1570-1641) fora nomeado comandante por Jácome de Noronha, dando-lhe a patente de capitão-mor da força expedicionária e poderes de capitão-geral governador do Estado. Os demais cargos e postos foram ocupados por outras pessoas influentes: mestre de campo, o capitão Antonio de Azambuja; sargento-mor, Felipe de Matos Cotrim; comandante das companhias de infantaria, os capitães Pedro Baião de Abreu e Pedro da Costa Favela. A Bandeira saiu de São Luís, aportando em Belém em julho de 1637. Na capital paraense, foram incorporados à expedição 70 soldados, além do capitão Domingos Pires da Costa, o sargento Domingos Estudos Amazônicos 6º ano Página | 25 Gonçalves e Diogo Rodrigues, o cronista da viagem João Gomes de Andrade, entre outros. No dia 28 de outubro de 1637, a expedição seguiu, de Cametá, já com 45 canoas, conduzindo 87 militares, três civis e mais de mil caboclos paraenses. No dia 3 de julho de 1638, a expedição atingiu o estuário do Rio Aguarico. Ali, Pedro Teixeira instalou um destacamento militar sob o comando de Pedro Favela, com a assistência de Pedro Baião de Abreu. No dia 15 de agosto atingiu a povoação de Payamino, longe 80 léguas de Quito. A 16 de fevereiro de 1639, Pedro Teixeira deu início à nova jornada, desta vez de regresso a Belém. Vários religiosos acompanharam-no como os padres Cristóvão de Acunã (que a respeito escreveu O Novo Descobrimento do Rio das Amazonas) e Andrés de Artieda. Rumaram para Belém, chegando à baía do Guajará a 12 de dezembro de 1639. Os limites da Amazônia portuguesa tinham sido dilatados. CHOQUE CULTURAL A chegada dos portugueses a terras brasileiras em 1.500 colocou em contato duas culturas notavelmente diversas. A sociedade europeia privilegiava o dinheiro, as relações mercantis e o cristianismo. A sociedade indígena, nativa da América, valorizava a relação com a natureza, o mito e a vida comunitária. Mais tarde vieram os africanos sob a condição de escravos. Nesses 500 anos de história em comum, a ação dos europeus, somada à contribuição de ameríndios e africanos, criou uma sociedade original nos trópicos. No entanto, isto teve o seu preço. Para os ameríndios, ocorreu a destruição quase completa de sua cultura original e o extermínio de povos inteiros. Logo houve combates religiosos: a fé em um deus único (monoteísmo) foi imposta e a fé em vários deuses (politeísmo) foi combatida. O europeu obrigava os índios a cobrir o corpo todo por “decência”, com vestidos, e a inutilizar os adereços (enfeites). Além disto, desde o início da conquista portuguesa no Brasil, dos litorais do Sul até o Maranhão, os portugueses estiveram em contato com povos que falavam diversos dialetos. Os padres religiosos decidiram então unificar todos os dialetos da língua tupi numa língua única, escrevendo gramática e dicionários. Na Amazônia, pela Carta Régia de 1689, a língua geral, isto é, a língua tupi, tornou-se oficial e devia ser ensinada pelos padres até aos filhos de colonos. Essa língua ficou conhecida como Nheengatu. No plano político-social, a alta mortalidade e os descimentos reduziram a população indígena, afastando a possibilidade de organização, em virtude da redução do poder político dos caciques. Expedição de Pedro Teixeira. A "Conquista do Amazonas", obra do pintor Antônio Parreiras que retrata episódio da expedição de Pedro Teixeira (ao centro de azul) e suas conquistas na região. Original no Museu do Estado do Pará (MEP), Belém, PA. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 26 A Companhia de Jesus foi a ordem religiosa que mais se destacou no Brasil colonial. Fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola para ser uma organização religiosa de combate às “heresias” e aos “inimigos da fé”, a Companhia de Jesusincorporou o espírito da Contrarreforma. No Brasil, os jesuítas chegaram em 1549, na comitiva chefiada pelo padre Manuel da Nóbrega. Nos séculos XVII e XVIII, os jesuítas mantinham igrejas, paróquias, colégios e missões desde Paranaguá (no atual estado do Paraná) até a região amazônica. Tanto por seu trabalho pastoral e missionário quanto pelo papel político que exerciam, os jesuítas tiveram forte presença na vida social e cultural da colônia. Foi na implantação das missões junto aos indígenas que os jesuítas mais se destacaram. A função das missões era reunir grupos nativos em aldeamentos, promover sua conversão e aculturação e evitar sua escravização. Os índios aldeados ou “reduzidos” eram considerados protegidos, ou “livres”. Nos aldeamentos, onde isolavam os índios, os missionários os catequizavam e faziam produzir. ADMINISTRAÇÃO COLONIAL Após a fundação de Belém, a nova descoberta ficou administrada por capitães- mores subordinados ao Governo Geral do Brasil. Não demorou muito para que o vasto território Igreja de Santo Alexandre. Antiga Igreja e Escola dos jesuítas do século XVIII no Pará. Belém, Pará. Padre jesuíta Antônio Vieira em gravura que representa o padre convertendo índios na Amazônia. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 27 fosse dividido e várias capitanias, doadas a pessoas de bom grado. Assim, criaram sete capitanias: 1 – Capitania do Pará – Tinha como cede Belém e estendia-se da margem esquerda do rio Acutipuru (Quatipuru), até o primeiro braço do Rio Pará (Tocantins). 2 – Capitania de Caeté – Gaspar de Souza, e mais tarde seu filho Álvaro de Souza, era o donatário. Não tinha delimitação certa. 3 – Capitania de Vera Cruz do Gurupi – Pertencente a Feliciano Coelho de Carvalho, filho de Francisco Coelho e Carvalho, governador do Maranhão e Pará. 4 – Capitania de Cametá – Feliciano Coelho de Carvalho, perdendo a concessão de Vera Cruz de Gurupi, conseguiu outra, localizada em terras banhadas pelo Tocantins e habitada pelos índios camutás (1623). Em 1635, criou a vila Viçosa de Santa Cruz de Cametá. 5 – Capitania do Cabo do Norte – Pertencente a Bento Maciel Parente. Compreendia quase a totalidade das terras do atual Amapá. 6 – Capitania da Ilha de Joanes – Pertencente a Antônio de Souza Macedo, abrangendo todo o território da ilha do Marajó. 7 – Capitania de Gurupá – Criada a partir das ruínas do forte holandês. Esse sistema de capitanias não foi muito benéfico para a região, sendo extinto e revertendo à Coroa as antigas doações. Em 23 de setembro de 1623, as capitanias do Grão-Pará e Maranhão se unificaram em um só Estado, tendo como sede a cidade de São Luís. Em 1652, Pará e Maranhão separaram-se; dois anos depois voltando a se unificar. Em 1673 o governador Pedro César de Menezes transferiu a sede do governo para Belém. Em 1688, a corte determinou que a capital voltasse a ser São Luís. No entanto, em 1737 a sede governamental retornou a Belém para, em 1752, o Pará ganhar novamente sua autonomia. Em 1815, as capitanias gerais do Brasil foram transformadas em províncias. A Província do Grão-Pará, com capital em Belém, possuía toda a superfície da Amazônia, já que a capitania do Rio Negro (atual Estado do Amazonas), continuava a depender do Pará. O Pará (e a Amazônia) era subordinada diretamente a Lisboa, desvinculado do resto do Brasil. Somente com a vinda de D. João VI, e sendo a Corte instalada no Rio de Janeiro, é que os laços entre o extremo norte e o resto do país estreitaram-se mais. EVOLUÇÃO URBANÍSTICA Estudos Amazônicos 6º ano Página | 28 Após a instalação do Forte do Presépio, os portugueses trataram de dar início à colonização da nova conquista. Oficialmente, a primeira rua a ser aberta foi a do Norte, hoje Siqueira Mendes, paralela à baía do Guajará, que ia daquela fortificação até a casa do capitão-mor Bento de Maciel Parente, onde hoje localiza-se a Igreja do Carmo. Depois abriram as ruas do Espírito Santo (hoje Dr. Assis), dos Cavaleiros (Dr. Malcher), São João (João Diogo), da Residência (Félix Rocque), Atalaia (Joaquim Távora), Barroca (Gurupá), Longa (Ângelo Custódio), Água das Flores (Pedro Albuquerque), Alfama (Rodrigues dos Santos) e Aljube (Cametá). Em 1627, com a construção do Convento de Santo Antônio, pelos frades da mesma ordem, que do igarapé do Uma se transferiram para ali, começou a “conquista” do bairro da Campina. Com a expansão urbanística, a cidade ficou dividida em dois bairros: o da Cidade e o da Campina. O igarapé do Piri servia de limite entre as duas aglomerações urbanas. Com a chegada de colonos açorianos, em 1676, tiveram de abrir uma nova rua para abrigá-los. Eram cerca de 234 pessoas de ambos os sexos. A rua aberta foi chamada de São Vicente. Depois, prolongaram-na até o Piri com o nome de Nova de Santana (é a atual Manoel Barata). Nos dois bairros as paisagens se assemelhavam: as ruas eram estreitas, possuíam poucas edificações, contudo havia algumas igrejas e conventos importantes, predominantemente as construções eram de casas de um só pavimento. A partir do século XVIII, edificaram-se importantes construções arquitetônicos como a capela de N. Sa. das Graças. Ergueram-se depois as primeiras igrejas de São João, Carmo, Santo Alexandre, Capela Santo Antônio. Mercês. Construíram-se os conventos do Carmo, dos Franciscanos de Santo Antônio, Jesuítas, Mercês. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 29 Neste momento, não havia fonte de água na cidade. A água que os moradores bebiam era a que se colhia dentro de um barril enterrado no chão, em um sítio chamado de Pau de Água ou Paul de Água, existente na estrada de mesmo nome, posteriormente chamou-se de São Jerônimo e, hoje, governador José Malcher. Contudo, o governador José de Nápoles Telo de Meneses resolveu levar até ao Lago do Palácio aquela água, onde foi erguida a Casa de Mãe de Água. No entanto, o povo preferia servir-se do rio e dos igarapés. Os melhores poços eram o do Convento de Santo Antônio, o da Horta do Seminário, o do Palácio do Governo e o da casa do Ouvidor. ATIVIDADES 1 – Em qual das fases da pré-história da Amazônia os grupos primitivos começaram a produzir cerâmica? a) Fase Arcaica b) Fase Tardia c) Fase Paleoindígena d) Fase Mesolítica 2 – Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente) foi, provavelmente, neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da: a) África b) Eurásia c) Austrália d) Ásia 3 – Amazônia era então uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas manchas de floresta ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o mastodonte, a preguiça gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares que compunham a chamada: Mapa que mostra Belém do Pará, em 1724. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 30 a) Megafauna b) Megaflora c) Megabytes d) Gigafauna 4 – Cite duas fases da pré-história da Amazônia. _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 5 – Quais as principais características dos primeiros habitantes amazônicos da fase paleoindígena? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 6 – A pintura rupestre mostrada na figura anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil. b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros. c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil. d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos. e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoindígenas da América durante o período colonial. 7 – (...) Pré-História do Brasil compreende a existência de uma crescente variedade linguística, cultural e étnica, que acompanhou o crescimento demográfico das primeiras levas constituídas por poucas pessoas (...) que chegaram à região até alcançar muitos milhões de habitantes na época da chegada da frota de Cabral. (...) não houve apenas um processo histórico, mas numerosos, distintos entre si, com múltiplas continuidades e descontinuidades, tantas quanto as etnias que se formaram constituindo ao longo dos últimos 30, 40, 50, 60 ou 70 mil longos anos de ocupação humana das Américas. (Pedro Paulo Funari e Francisco Silva Noeli. "Pré-História do Brasil", 2002.) Considerando o texto, é correto afirmar que Estudos Amazônicos 6º ano Página | 31 a) as populações indígenas brasileiras são de origem histórica diversa e, da perspectiva linguística, étnica e cultural, se constituíram como sociedades distintas. b) uma única leva imigratória humana chegou à América há 70 mil anos e dela descendem as populações indígenas brasileiras atuais. c) a concepção dos autores em relação à Pré-História do Brasil sustenta-se na ideia da construção de uma experiência evolutiva e linear. d) os autores descrevem o processo histórico das populações indígenas brasileiras como uma trajetória fundada na ideia de crescente progresso cultural. e) na época de Cabral, as populações indígenas brasileiras eram numerosas e estavam em um estágio evolutivo igual ao da Pré-História europeia. 8 – Entre os nômades, o trabalho não tem o mesmo valor que nas sociedades agrárias. Os índios Ianomâmi, da Amazônia, desenvolvem suas atividades, em média, três horas por dia e não valorizam o trabalho nem o progresso tecnológico. Os Guaiaqui, caçadores nômades da floresta paraguaia, passam, pelo menos, metade do dia em completa ociosidade. Quanto ao desenvolvimento social, do pensar e do fazer dos primeiros humanos, é correto afirmar que a: a) produção de novas ferramentas de pedra polida foi a transformação mais importante ocorrida nesse período. b) fabricação de ferramentas e a utilização do fogo evidenciam que a sobrevivência humana não está diretamente relacionada à adaptação cultural do homem. c) abundância de recursos animais e vegetais promoveu a sedentarização do homem. d) capacidade de conseguir mais alimentos deu ao homem menor controle sobre o meio ambiente. e) troca da caça e da coleta pela agricultura ocorreu de maneira súbita. 9 – Considera-se a realidade amazônica como uma das áreas da América onde as pesquisas arqueológicas, durante o período Paleoindígena, ainda são escassas. Sobre essa fase, podemos afirmar: a) Foi o período em que começou a ocupação da América, por meio do Estreito de Behring. b) A ocupação da Amazônia ocorreu no período entre 11.200 a.C. a 8.500 a.C. A população que chegou à Amazônia era nômade, vivia da coleta de moluscos e habitava grutas e cavernas. c) Foi o período em que ocorre uma imigração dos Andes Centrais para a Amazônia Ocidental. d) Vestígios encontrados em Monte Alegre (PA) sugerem que a caça é importante elemento para comprovar a veracidade científica desse período. e) “b” e “d” estão corretas. 10 – De acordo com os seus conhecimentos sobre as fases de ocupação da Amazônia, analise os itens abaixo e marque a alternativa correta. I. Paleoindígena – Período mais antigo de ocupação da América, em que ocorreu uma imigração da África para o Brasil, segundo as descobertas de L. W. Lund, em Lagoa Santa – MG. II. Arcaica – Fase em que ocorreu uma importante transformação no processo produtivo: a descoberta da agricultura e a produção de cerâmica. III. Pré-História Tardia – Fase em que ocorreu o surgimento das sociedades complexas, a exemplo dos Cacicados Complexos. a) I, II e III são verdadeiros. b) I e II são verdadeiros. c) I e III são verdadeiros. d) II e III são verdadeiros. e) I é verdadeiro. Estudos Amazônicos 6º ano Página | 32 11 – Como ficou conhecida a região onde os portugueses fundaram o Forte do Castelo, em Belém? a) Feliz Lusitânia b) Tapuitapera c) Guajará d) Iguapé 12 — Em 1541, o navegante e descobridor Francisco de Orellana (c.1511-1546), a mando do conquistador espanhol Gonçalo Pizarro(c.1502-1548) e à frente de 400 espanhóis e de 4.000 índios, partiu de Quito para explorar as terras: a) de Santa Maria de la Mar Dulce. b) de caeté c) do El dorado y la canela d) do Guamá 13 — O primeiro a navegar no Rio Amazonas foi o espanhol Vicente Yañez Pinzón, em dezembro de 1499, partiu de Palos, à frente de quarto caravelas, com a finalidade precípua de descobrir terras e exercer a posse em nome da: a) Coroa Portuguesa b) Coroa Espanhola c) Coroa Francesa d) Coroa Inglesa 14 — O governo de Portugal mandou construir na Amazônia, inúmeros fortes. O ´´ Forte do Presépio´´ foi o primeiro construído em 1616, por: a) Pedro de Ursa b) Francisco de Orellana c) André de Mendonça d) Castelo Branco 15 – Além de portugueses e espanhóis, quais eram os outros povos que disputavam a conquista da Amazônia? _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 16 – Qual a justificativa da coroa portuguesa para a criação das fortificações pela Amazônia? _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ Estudos Amazônicos 6º ano Página | 33 _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 17 – Em fins do século XV, as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, com as bênçãos da Igreja Católica, acordaram um tratado para definir a divisão das terras por descobrir, onde atualmente se situam a África e as Américas. Qual era o nome deste tratado? _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________
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