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ADMISSÃO TEMPORÁRIA

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ADMISSÃO TEMPORÁRIA
I  N  D  I  C  E  
1. LEGISLAÇÃO BÁSICA
2. CONCEITO
2.1 – O antigo conceito
2.2 – Nova característica foi agregada
2.3 – O conceito do Regulamento Aduaneiro
3. O LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO NA ADMISSÃO TEMPORÁRIA
4. A PROPRIEDADE DO BEM IMPORTADO NESTE REGIME
5. TANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE
 5.1 - Em nivel de lei
5.2 - Em nível de decreto
5.3 - Em nível de Instrução Normativa
5.4 – Atinge os cofres de carga
6. IRRELEVÂNCIA ENTRE O NOVO E O USADO
7. ADMISSÃO TEMPORÁRIA NO MERCOSUL
8. TRIBUTOS SUSPENSOS
8.1 – TRIBUTOS FEDERAIS
8.1.1 – Imposto de Importação
8.1.2 – IPI
8.1.3 – PIS/COFINS
8.1.3.1 – S/C – Quando para fim econômico
8.1.4. CIDE
8.1.5 – AFRMM 
8.2 – IMPOSTO ESTADUAL – ICMS
8.2.1 – No Estado de São Paulo
9. IMPORTÂNCIA DA FINALIDADE
9.1 – Possibilidade de mudança da finalidade para os cofres de carga
10. FINALIDADE NÃO ECONÔMICA
11. FINALIDADE ECONÔMICA
11.1 – Momento de ocorrência do fato gerador
11.2 – Bens admitidos nessa finalidade
11.3 – Pagamento Proporcional
11.4 – Dispensa do pagamento proporcional
11.5 – Regime Misto
11.6 – Prazo de Concessão e Prorrogação
11.7 – Pagamento do ICMS
11.8 – Jurisprudência Administrativa (Uso Econômico)
12. UMA NOVA FORMA DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA (SUBSTITUIÇÃO DE PARTES E PEÇAS)
13. O FATO GERADOR NOS REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
13.1 – Elementos que caracterizam o fato gerador
13.2 – O fato gerador do I.I. na admissão temporária
13.2.1 – O fato gerador no ingresso ao regime
13.2.2 – O fato gerador no despacho para consumo
14. GARANTIA E TERMO DE RESPONSABILIDADE
14.1 – Do termo de responsabilidade
14.2- Da garantia
15. A LICENÇA DE IMPORTAÇÃO
15.1.1 – Dispensa na finalidade não econômica
15.1.2 – Exigência na finalidade econômica
15.1.3 - Exigência  para material usado
15.1.4 -Exigência no caso de anuente
15.1.5 – Exigência no Despacho para Consumo
16 - PROCEDIMENTOS DIFERENCIADOS (GERAIS)
17 - PROCEDIMENTOS DIFERENCIADOS ESPECÍFICOS
18. CONCESSÃO DO REGIME
18.1 – Condições para concessão
18.2 – Formalização do pedido
18.3 – Poderão pleitear o regime
18.4 – A conceção do regime
18.4.1 – Procedimentos especiais
18.5 - Manifestação de outros órgãos
18.6 – Concedido a mercadoria nova ou usada
18.6.1 – Cautela quanto a usada
18.7 – Admissão Temporária automaticamente concedida
15.7.1 – As unidades de carga estrangeiras
19. IMPEDIMENTO PARA A CONCESSÃO
19.1 – ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING FINANCEIRO)
20. RECURSO DO INDEFERIMENTO
20.1 – CONSEQUÊNCIAS DO INDEFERIMENTO
21. PRAZO DE CONCESSÃO
22. CONCEITO DE VIGÊNCIA DO REGIME
23. O DESPACHO DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA
23.1 – REPARTIÇÃO ONDE REGISTRAR
23.2 – CONFERÊNCIA E LIBERAÇÃO
23.3 – DESEMBARAÇO SEM DESPACHO
23.4 – A NOTA FISCAL DE ENTRADA
24. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO
25. DECUMPRIMENTO DURANTE O REGIME
26. EXTINÇÃO DO REGIME – FORMAS E CONCEITO
26.1  - EXTINÇÃO DO REGIMEEXTINÇÃO PELA REEXPORTAÇÃO
26.1.1 – A FORMA DE REEXPORTAÇÃO
26.1.2 – REEXPORTAÇÃO FORA DO PRAZO
26.2 –  EXTINÇÃO PELA DESTRUIÇÃO ÀS  EXPENSAS DO INTERESSADO
26.3 – EXTINÇÃO PELA ENTREGA À FAZENDA NACIONAL
26.4 – EXTINÇÃO PELA TRANSFERÊNCIA PARA OUTRO REGIME
26.5 –  EXTINÇÃO PELA NACIONALIZAÇÃO E  DESPACHO PARA CONSUMO
26.5.1 -  A licença no despacho para consumo
26.5.1.1 – A licença dos bens consumíveis durante o regime
26.5.2 – Repartição onde registrar a D.I. para consumo
26.5.3  - Dispensa da conferência física
27. VALOR ADUANEIRO NO DESPACHO PARA CONSUMO
28. MOVIMENTAÇÃO ENQUANTO NO REGIME
29. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO
30. CASOS ESPECIAIS
30.1 – Visita de dignatários estrangeiros
30.2 – Lançamento de satélite
30.3 – Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
30.4 – Convenção de Stambul
30.4.1 – O Carnê ATA
30.5 – Bens de caráter cultural (Mercosul)
30.5.1 – Formulário para bens de caráter cultural
30.6 – Bagagem
30.6.1 – Formulário para bens ingressados na bagagem
30.7 – Veículos  
30.8 – Embarcações 
30.9 – Aeronaves 
30.9.1 – Formulário para entrada de aeronave
30.10 – Containers e Embalagens
30.11. Unidades de medição, amostras de combustíveis e padrões de ensaios-MERCOSUL
30.12 – Unidades de medição, amostras de combustíveis e padrões de ensaio
30.13 – Feiras, Convenções e Competições Esportivas
30.13.1 – Feiras e Conferências Internacionais de Tecnologias Aeroespacial e de Defesa
31. PENALIDADES
31.1 – De natureza fiscal
31.2 – De natureza administrativa
32. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIA
 
 1. LEGISLAÇÃO BÁSICA
DL 37/66 – Art. 75 – Se desejar conhecer o inteiro teor 
DECRETO 6.759/09 – RA – Arts. 353 a 382 – Se desejar conhecer o inteiro teor 
DECRETO 7.545/11 (CONVENÇÃO DE ISTAMBUL) 
IN RFB 1.361/13 –         121/02 -          17/94 -PORTARIA SECEX 23/11 
 
2. CONCEITO
É sempre difícil estabelecermos, pelo vernáculo, o exato conceito de determinado objeto do direito, como os regimes jurídicos, os institutos jurídicos etc, de modo a abranger todas as nuances que permitam retratá-los com fidelidade. E isto se dá em face da imprecisão da própria linguagem. Uma mesma palavra carrega consigo uma imprecisão significativa e será tomada num determinado sentido, dependendo do entendimento pessoal de cada leitor. Ante esta dificuldade valemo-nos do conceito elaborado pelo legislador, no caso do legislador aduaneiro, ao disciplinar o regime aduaneiro especial de admissão temporária.
2.1 – O antigo conceito do DL 37/66
Durantes anos o conceito da lei sobre o regime de admissão temporária foi muito singelo, posto que estabelecido nestes termos pelo art. 75 do DL 37/66:
“Poderá ser concedida, na forma e condições do regulamento, suspensão dos tributos que incidem sobre a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado.”
Conceito que contém duas das características do regime, mas ainda impreciso ante as alterações posteriores.
2.2 –  Nova característica foi agregada
De fato, a lei 9.430/96 agregou um elemento novo que altera o conceito anterior, retirando dele a característica de regime meramente suspensivo, ao incluir o pagamento proporcional:
“Art. 79. Os bens admitidos temporariamente no País, para utilização econômica, ficam sujeitos ao pagamento dos impostos incidentes na importação proporcionalmente ao tempo de sua permanência em território nacional, nos termos e condições estabelecidos em regulamento.
 
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá excepcionar, em caráter temporário, a aplicação do disposto neste artigo em relação a determinados bens. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.189-49, de 2001)
Fez-se mister, pois,  encontrar conceito mais preciso de admissão temporária.
2.3 –  O conceito do Regulamento Aduaneiro
O regulamento aduaneiro anterior (Dec.4.543/02) teve o cuidado de compactar o conceito deste regime disperso em duas leis e assim definir o regime de admissão temporária:
Art. 306.  O regime aduaneiro  de admissão temporária é o que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica, na forma e nas condições deste Capítulo (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 75; e Lei no 9.430, de 1996, art. 79, caput).
 
O regulamento atual (Dec. 6.759/09), em seu art.353 adotou o mesmo texto. A IN RFB 1.361/13 igualmente adotou o mesmo conceito.
3. O LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO NA ADMISSÃO TEMPORÁRIA
Não cabe ao propósito deste trabalho ampla divagação sobre o que seja lançamento tributário. Entretanto, não podemos deixar de tecer algumas considerações básicas sobre o que seja lançamento tributário e como ele se realiza na admissão temporária.
Veremos adiante que, na admissão temporária o regime de tributação será suspensivo na finalidade não econômica e misto na finalidade econômica, por possuir parte suspensiva e parte com pagamento proporcional. Tratando-se de imposto, deve ser aferido pela autoridade competente (no caso o fiscal aduaneiro) mediante lançamento, seja o regime de tributação de pagamento integral, seja suspensivo, seja misto.
O lançamentotributário é tratado no art. 142 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe:
“  Compete privativamente `a autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. “
 
O lançamento na admissão temporária também é feito pelo fiscal através da D.I., no mesmo impresso utilizado para a importação a título definitivo, sendo que aqui não cabe a utilização dos canais verde e amarelo, pois a conferência física é obrigatória e fundamentdal para a perfeita identificação do que vai entrar, a fim de na saída o mesmo produto possa ser facilmente identificado. Neste tópico do lançamento convém lembrar que em relação ao produto importado poderá haver dois lançamentos, embora distintos, porque o primeiro em regime suspensivo, a título não definitivo e o segundo, na hipótese de nacionalização, ocorrerá no despacho para consumo., cada um deles respeitando as leis vigentes no momento de seus respectivos fatos geradores.
4. A PROPRIEDADE DO BEM IMPORTADO
E importante salientar que para ser válida a admissão temporária é necessário que o bem a ser admitido no regime continue na propriedade do exportador, no exterior, isto é, que ingresse no país como uma importação a título não definitivo. Nada impede que, posteriormente, o regime de admissão temporária seja extinto, por qualquer das formas legais de extinção, como, por exemplo, a nacionalização, realizada pela compra por um nacional. Por isso, será burla ao regime a constatação de que o bem ingressou no país já na propriedade de importador sediado no país.
Assim, o importador neste regime será mero consignatário e, portanto, representante do exportador no exterior junto a Alfândega brasileira para o cumprimento das obrigações tributarias e de controle aduaneiro.
Portanto, nessa operação não pode ocorrer fechamento de cambio, uma vez que não haverá compra e venda. A fatura comercial será sempre de consignação. Sempre aconselhamos nossos clientes a colocarem expressamente na fatura comercial observação mais ou menos como esta: “A mercadoria se destina a admissão temporária, permanecendo na propriedade do exportador no exterior.” É uma redundância, por ser circunstância óbvia, porém útil porque se houver alguma duvida ou mesmo erro na elaboração do despacho aduaneiro de admissão temporária a declaração acima sugerida  facilita o retorno.
No instante em que se enfatiza a necessidade de que a importação não seja a titulo definitivo convém explicitar a diferença entre estes “importação a título definitivo” e “importação a título não definitivo”.
5. TANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE
O titular do regime é o importador consignatário, denominado beneficiário do regime. Uma vez obtido o regime pode ocorrer que não deseje mais a responsabilidade de responder perante a autoridade aduaneira pela guarda e bom uso do bem, porém outra pessoa sediada no Brasil esteja interessada em assumi-la pelo restante do prazo.
Não podemos confundir transferência de titularidade com transferência de regime aduaneiro especial, como, por exemplo, transferir para o regime de entreposto aduaneiro.. Aqui se cuida somente da transferência da responsabilidade perante o Fisco pelo restante do prazo concedido, fato que, se aprovada a transferência, resultará em assinatura de novo termo. Como diz o parágrafo único acima, o fato da transferência não implica na concessão de novo prazo para o novo titular, cabendo-lhe apenas o saldo do prazo concedido.
Vamos estudar essa transferência examinando o direito posto.
5.1 – EM NÍVEL DE LEI
A transferência do beneficiário no regime de admissão temporária está permitida pelo art.  63, inc. I, da lei n. 10833/03:
Art. 63. A Secretaria da Receita Federal fica autorizada a estabelecer:
 
I – hipóteses em que, na substituição de beneficiário de regime aduaneiro suspensivo, o termo inicial para o cálculo de juros e multa de mora relativos aos tributos suspensos passe a ser a data da transferência da mercadoria;
 
 
5.2 – EM NÍVEL DE DECRETO
O decreto do regulamento aduaneiro (6.759/09), atendendo ao teor da lei, limitou-se a copiá-la, deixando o disciplinamento para a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal:
Art. 371.  Poderá ser autorizada a substituição do beneficiário do regime.
 
Parágrafo único.  A autorização de que trata o caput não implica reinício da contagem do prazo de permanência dos bens no País.
 
Art. 372.  A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá, no âmbito de sua competência, editar atos normativos para a implementação do disposto nesta Seção.
* 5.3 – EM NÍVEL DE INSTRUÇÃO NORMATIVA
Como se vê, o Regulamento Aduaneiro praticamente repetiu a lei, deixando os detalhes para a Secretaria da Receita Federal do Brasil. A IN RFB  1.361/13 assim disciplinou esta questão:
Art. 101. Na vigência do regime de admissão temporária ou de exportação temporária ,poderá ser autorizada a substituição do beneficiário ou a mudança de finalidade em relação à totalidade ou parte dos bens admitidos temporariamente, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 121, de 11 de Janeiro de 2002.
 
5-4 – Mudança de titularidade em cofres de carga (container)
Segundo a solução de Consulta abaixo, da COSIT,  relativa aos cofres de carga, a mudança alcança os cofres de carga:
SUBSECRETARIA DE TRIBUTAÇÃO E CONTENCIOSO -COORDENAÇÃO-GERAL DE TRIBUTAÇÃO
SOLUÇÃO DE CONSULTA No- 93, DE 7 DE ABRIL DE 2015
 
ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS
 
EMENTA: ADMISSÃO TEMPORÁRIA – UNIDADES DE CARGA.
 
Na vigência do regime aduaneiro especial de admissão temporária de unidades de carga, poderá ser autorizada a substituição do beneficiário do regime, assim como a mudança de finalidade dos bens admitidos temporariamente.
 
São responsáveis solidários por infrações relativas às unidades de carga, importadas sob o regime de admissão temporária, osbeneficiários do regime, salvo se comprovada que a irregularidade ocorreu após a regular transferência, caso em que somente o novo beneficiário será responsável. A alienação, para o mercado nacional, dos bens admitidos em regime de admissão temporária só poderá ocorrer com a extinção do regime, realizada com o despacho para consumo.
 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009 -Regulamento Aduaneiro; Instrução Normativa RFB nº 1.361, de 21 de maio de 2013; Instrução Normativa nº 1.396, de 16 de setembro de 2013.
 
FERNANDO MOMBELLI – Coordenador-Geral
 
6. IRRELEVÂNCIA ENTRE O NOVO E O USADO
As normas que instituíram este regime aduaneiro especial em momento algum cogitaram de aplicá-lo somente aos bens novos. Isto porque em face da finalidade permitida o bem é importado na maioria das vezes usado. É o caso dos carros de corrida da Fórmula Um, que vêm correr no País. O mesmo ocorre com as ferramentas dos funcionários de empresas que vêm fazer reparo ou restauração. É, também, o caso das turbinas de avião que vêm para ser reparadas.
O Sr. Secretário da Receita disse isto no Ato Declaratório 89, de 28.11.00 (DOU de 30.11.00), referindo-se à variável “U”  da fórmula utilizada para pagamento do imposto proporcional, adiante estudado, variável que significa tempo de vida útil do bem, ao afirmar ser “… irrelevante, para fins de enquadramento nos Anexos I e II da IN SRF 162/98, o fato de se tratar de bem novo ou usado.”, atendendo  à característica do regime.”
Esta circunstância foi repetida no art. 6º, § 5º da IN SRF 285/03,revogada pela IN RFB 1.263/13.
§ 5º A variável “U” – tempo de vida útil do bem, constante da fórmula de que trata o § 4º, será fixada, conforme o caso, por ocasião da concessão do regime ou de sua prorrogação, sendo irrelevante, para fins de enquadramento nos Anexos I e II da Instrução Normativa SRF nº 162/98, o fato de se tratarde bem novo ou usado.
 
Porém, norma posterior diz que se o beneficiário declarar que o bem é novo, por ocasião do despacho de admissão,  se eventualmente vier a despachar para consuo não precisar se submeter à legislação especifica sobre a importação de bens usados. Talvez por isso a IN RFB 1.163/13, ao que nos consta, nada disse a respeito da mercadoria ser nova ou usada.
7. ADMISSÃO TEMPORÁRIA NO MERCOSUL
7.1 – O MERCOSUL E OS REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
O art. 2o da Circular SECEX n. 02, de 18.01.01 torna público a Decisão MERCOSUL/CMC/DEC N. 69/00, que estabelece normas especiais para a continuidades dos regimes aduaneiros especiais entre os Estados Partes. O art. 2o dessa Decisão dispõe:
“ 2O – Os Estados Partes se comprometem a eliminar completamente, em 1o de janeiro de 2006, a totalidade dos regimes aduaneiros especiais de importação mencionados no artigo anterior e os benefícios concedidos ao amparo desses regimes, excetuadas as Áreas Aduaneiras Especiais.”
Os regimes especiais mencionados no artigo anterior são os: “…aplicados pelos Estados Partes que impliquem a suspensão total ou parcial dos direitos aduaneiros que gravam a importação temporária ou definitiva de mercadorias e que não tenham como objetivo o aperfeiçoamento e posterior reexportação das mercadorias resultantes para terceiros países.”
Em 21 de Setembro de 2006 foi editado o Decreto nº 5.900, de 20 de setembro de 2006 que prorrogou até dezembro de 2007 o prazo de existência desses regimes, excepcionando as Zonas de Processamento de Exportações e as Zonas Francas
Ante a dificuldade dos Estados-Parte de cumprirem o acordado, fez-se necessário a edição de outro decreto, o de n. 6.680/08, cujo anexo, abaixo transcrito, nos fornece os motivos pelo qual a extinção dos regimes aduaneiros especiais no Bloco foi adiada para dezembro de 2010:
O CONSELHO DO MERCADO COMUM DECIDE:
 
Art. 1º – Os Regimes Especiais de Importação adotados unilateralmente pelos Estados Partes do MERCOSUL que se indicam no Anexo da presente Decisão não estarão sujeitos à obrigação estabelecida no artigo 2º da Decisão CMC Nº 69/00 e suas modificatórias.
 
Para os fins da presente Decisão, entender-se-ão por “Regimes Especiais de Importação” aqueles alcançados pela definição estabelecida no artigo 1º da Decisão CMC Nº 33/05.
7.2 A QUESTÃO DOS VEÍCULOS
O Regulamento Aduaneiro ainda dispõe que a circulação de veículos em turismo têm o regime de admissão temporária automaticamente concedida, “… dispensado o cumprimento de formalidades aduaneiras”.
Art. 356. Os veículos matriculados em qualquer dos países integrantes do Mercosul, de propriedade de pessoas físicas residentes ou de pessoas jurídicas com sede social em tais países, utilizados em viagens de turismo, circularão livremente no País, com observância das condições previstas na Resolução do Grupo do Mercado Comum – GMC no 35, de 2002, internalizada pelo Decreto no 5.637, de 26 de dezembro de 2005, dispensado o cumprimento de formalidades aduaneiras.
7.3 – O CÓDIGO ADUANEIRO DO MERCOSUL
Por fim, o CÓDIGO ADUANEIRO DO MERCOSUL, ainda não incorporado à legislação brasileira, assim disciplina a admissão temporária:
Seção III – Admissão temporária para reexportação no mesmo estado
 
Artigo 53 – Definição
 
1. A admissão temporária para reexportação no mesmo estado é o regime por meio do qual a mercadoria é importada com finalidade e prazo determinados, com a brigação de ser reexportada no mesmo estado, salvo sua depreciação pelo uso normal, sem pagamento ou com pagamento parcial dos tributos aduaneiros que incidem sobre a importação definitiva, com exceção das taxas.
 
2. A mercadoria introduzida sob o regime de admissão temporária para reexportação no mesmo estado não está sujeita, na reexportação realizada em cumprimento do regime, ao pagamento dos tributos que incidiriam em uma operação de exportação.
 
Artigo 54 - Extinção da aplicação
 
1. A aplicação do regime de admissão temporária para reexportação no mesmo estado será extinta com a reexportação da mercadoria no prazo autorizado.
 
2. A extinção da aplicação do regime poderá ocorrer também mediante:
 
a) a inclusão em outro regime aduaneiro;
b) a destruição sob controle aduaneiro; ou
c) o abandono.
 
3. A autoridade competente disporá sobre a autorização dos destinos referidos no numeral 2 e sobre a exigibilidade do pagamento dos tributos incidentes.
 
Artigo 55 - Descumprimento de obrigações substanciais do regime
 
1. Verificado o descumprimento de obrigações substanciais impostas como condição para concessão do regime, a mercadoria submetida ao regime de admissão temporária para reexportação no mesmo estado será considerada importada definitivamente.
 
2. Se o descumprimento ocorrer com relação a mercadoria cuja importação definitiva não seja permitida, será efetuada sua apreensão.
 
3. O disposto nos numerais 1 e 2 será aplicado sem prejuízo das sanções cabíveis.
7.4 – O MATERIAL PROMOCIONAL
A IN SRF 10/10 assim disciplina a questão da distribuição de material promocial nos países do MERCOSUL:
Art.1º O material promocional proveniente dos demais Estados-Partes do 
MERCOSUL para ser utilizado ou distribuído gratuitamente na ocasião ou em função da realização de feiras, exposições, congressos, seminários, encontros, 
“workshops” ou quaisquer outras atividades similares de caráter turístico, 
cultural, educativo, desportivo, religioso ou comercial, está isento do imposto 
sobre a importação e do imposto sobre produtos industrializados.
8. TRIBUTOS SUSPENSOS
8.1 – FEDERAIS
Os tributos federais suspensos por ocasião da importação são os relacionados no § 1º do art. 3º da IN RFB 1.361/13,desta forma:
§ 1º A suspensão do pagamento de tributos a que se refere o caput abrange:
 
I – o Imposto de Importação (II);
 
II – o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
 
III – a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (PIS/Pasep-Importação);
 
IV – a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade  Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou  Serviços do Exterior (Cofins-Importação);
 
V – a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível (Cide); e
 
VI – o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
(AFRMM).
* 8.1.1 – Imposto de Importação
O imposto de importação, tributo aduaneiro por excelência, tem seu pagamento suspenso quando da importação de bens no regime de admissão temporária para finalidade não econômica e tem seu pagamento feito proporcionalmente ao período em que o bem permanecer no país quando a finalidade da admissão temporária for para fins econômicos, por força do disposto no art. 75 do DL 37/66, combinado com o art. art. 79 da Lei n. 9.430/96, regulamentados pelo art. 353 do Dec. 6759/09 (RA).
Art. 353. O regime aduaneiro especial de admissão temporária é o que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica, na forma e nas condições deste Capítulo (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 75; e Lei no 9.430, de 1996, art. 79, caput).
Se desejar conhecer mais detalhes sobre o imposto de importação CLIQUE AQUI.
8.1.2 – Imposto sobre Produtos Industrializados
O mesmo ocorre com o IPI, por força do disposto no art. 45, inciso III, do Dec. 4544/02 (RIPI):
Art. 45. Serão desembaraçados com suspensão do imposto:
 
I e II – “omissis”
 
III – os produtos de procedência estrangeira que devam sair das repartições aduaneiras com suspensão do Imposto de Importação, nas condições previstas na respectiva legislação; “
 
* 8.1.3 – PIS / COFINS
A lei 10.865/04 fala sobre a suspensão dessa exação quando a importação se dá por quaisquer dos regimens aduaneiros especiais:Art. 14. As normas relativas à suspensão do pagamento do imposto de importação ou do IPI vinculado à importação, relativas aos regimes aduaneiros especiais, aplicam-se também às contribuições de que trata o art. 1º desta Lei.
§ 1º O disposto no caput deste artigo aplica-se também às importações, efetuadas por empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, de bens a serem empregados na elaboração de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem destinados a emprego em processo de industrialização por estabelecimentos ali instalados, consoante projeto aprovado pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, de que trata o art. 5ºA da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002.
§ 2º A Secretaria da Receita Federal estabelecerá os requisitos necessários para a suspensão de que trata o § 1º deste artigo.
Art. 14-A. Fica suspensa a exigência das contribuições de que trata o art. 1º desta Lei nas importações efetuadas por empresas localizadas na Zona Franca de Manaus de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem para emprego em processo de industrialização por estabelecimentos industriais instalados na Zona Franca de Manaus e consoante projetos aprovados pelo Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. (Incluído pela Lei nº 10.925, 2004)
Porém, no tocante à admissão temporária para utilização econômica essa regra não vale. O art. 373 do novo regulamento aduaneiro (dec. 6.759/09) esclarece esta questão:
Art. 373. Os bens admitidos temporariamente no País para utilização econômica ficam sujeitos ao pagamento dos impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, proporcionalmente ao seu tempo de permanência no território aduaneiro, nos termos e condições estabelecidos nesta Seção (Lei no 9.430, de 1996, art. 79; e Lei no 10.865, de 2004, art. 14).
 
O art. 79 da Lei 9.430/96 citado ao final do texto acima fala da obrigatoriedade do pagamento proporcional do imposto de importação no caso de admissão temporária para fins econômicos. O também citado art. 14 da Lei 10.865/04 cuida do PIS/COFINS e também fornece base legal para a suspensão do tributo no caso da finalidade não econômica, ao dizer:
Art. 14. As normas relativas à suspensão do pagamento do imposto de importação ou do IPI vinculado à importação, relativas aos regimes aduaneiros especiais, aplicam-se também às contribuições de que trata o art. 1o desta Lei.
 
* 8.1.3.1 – Quando para fins econômicos
Com referência a essa exação foi publicada a seguinte Solução de Consulta:
SOLUÇÕES DE CONSULTA DE 24 DE JULHO DE 2006 – No- 102 – ASSUNTO: Outros Tributos ou Contribuições
 
EMENTA: PIS/PASEP -IMPORTAÇÃO. INCIDÊNCIA.
 
Na admissão temporária de bens no País com pagamento proporcional de tributos, o PIS/Pasep -Importação incidirá na mesma proporção em que forem exigidos o imposto de importação e o IPI vinculado à importação.
 
Não incide o PIS/Pasep -Importação na prorrogação de prazo do regime efetivado antes da edição da MP nº 164, de 2004.
 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), art. 105; Lei nº 9.430, de 1996, art. 79; MP nº 164, de 2004, convertida na Lei nº 10.865, de 2004, arts. 1º, 3º, 4º, 13 e 14; Decreto nº 4.543, de 2002 (Regulamento Aduaneiro), art. 73, § único; IN SRF nº 285, de 2003, art. 6º, 10, § 1º e 13, § 1º; ADI SRF nº 21, de 2004, art. 6º.
 
ASSUNTO: Outros Tributos ou Contribuições
EMENTA: COFINS -IMPORTAÇÃO. INCIDÊNCIA.
 
Na admissão temporária de bens no País com pagamento proporcional de tributos, a Cofins -Importação incidirá na mesma proporção em que forem exigidos o imposto de importação e o IPI vinculado à importação. Não incide a Cofins -Importação na prorrogação de prazo do regime efetivado antes da edição da MP nº 164, de 2004.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), art. 105; Lei nº 9.430, de 1996, art. 79; MP nº 164, de 2004, convertida na Lei nº 10.865, de 2004, arts. 1º, 3º, 4º, 13 e 14; Decreto nº 4.543, de 2002 (Regulamento Aduaneiro), art. 73, § único; IN SRF nº 285, de 2003, art. 6º, 10, § 1º e 13, § 1º; ADI SRF nº 21, de 2004, art. 6º.
8.1.4 – CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível
8.1.5 – AFRMM – Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
A Lei 12.599/12,que altera a lei 10.893/04, transferiu para a Receita Federal a competência para cobrar e fiscalizar este adicional, que passa a ser regido pelo rito estabelecido no Dec. 70.235/72:
Art. 1o  A Lei no 10.893, de 13 de julho de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações:“Art. 3º –
§ 1o Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a administração das atividades relativas a cobrança, fiscalização, arrecadação, rateio, restituição e concessão de incentivos do AFRMM.
 
§ 2o  O AFRMM sujeita-se às normas relativas ao processo administrativo fiscal de determinação e exigência do crédito tributário e de consulta, de que tratam o Decreto no70.235, de 6 de março de 1972, e os arts. 48 a 50 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.
 
§ 3o  A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá os atos necessários ao exercício da competência a que se refere o § 1o.”
A IN 1.361/13 em seu parágrafo 1º do art. 3º assim se manifestou sobre a suspensão do AFRMM nos casos de admissão temporária:
§ 1º A suspensão do pagamento de tributos a que se refere o caput abrange:
 
I a V – ………………………………………………………………
 
VI – o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)
.
8.2 – ESTADUAL – ICMS
Na importação sob regime de admissão temporária o imposto estadual incidente é o ICMS. Por ter legislação própria em cada Estado, é suspenso em alguns e sujeito a pagamento em outros. Muitos Estados entendem que, ainda que se trate de importação a título não definitivo, ainda que a mercadoria pertença à riqueza de outro país, o simples fato de circular no território nacional a torna devedora do ICMS.
Quando a admissão temporária tem finalidade econômica o CONFAZ, no Convênio ICMS (CONFAZ) N. 58, de 22.10.99 (DOU de 28.10.99), alterado pelo Convênio 04/2001, decidiu que o bem, quando sujeito a pagamento proporcional dos impostos federais, fica sujeito a mesma proporcionalidade. Porém, vários Estados não ratificaram esse Convênio, inclusive o Estado de S.Paulo, por entenderem que não existe na legislação estadual a possibilidade do pagamento proporcional. Assim, em alguns Estados o pagamento do ICMS deve ser integral.
Embora o ICMS seja um tributo estadual, o Sr. Secretário da Receita Federal, escudando-se nos Convênios ICM 12/79 E 08/81 e nos Protocolos ICM 06/80 e 07/81, baixou a Instrução Normativa n. 54, de 24.06.91 (DOU de 27), item 4, exclui da obrigação de comprovar o pagamento ou isenção do ICMS em vários casos e entre eles:
“c) – os despachos processados com suspensão de importação em decorrência de trânsito aduaneiro, admissão temporária, entreposto aduaneiro e entreposto industrial.”
 
A lei 9.430/96, em seu art. 79, passa a permitir no Brasil o pagamento proporcional dos direitos aduaneiros ao tempo em que o bem ingressar com finalidade econômica, em regime de admissão temporária:
8.2.1 – No Estado de São Paulo
Quanto ao recolhimento do ICMS no Estado São Paulo devido por mercadoria admitida temporariamente preferimos transcrever trecho relativo ao tema de autoria do prof. Carlos Eduardo Garcia Ashikaga, advogado especialista em Direito Tributário pela PUC, professor de pós-graduação na FAAP:
Em âmbito estadual, o bem importado sob o regime aduaneiro de admissão temporária, com suspensão total dosimpostos federais incidentes na importação (artigo 4º da IN SRF 285/03), goza de isenção do ICMS, de acordo com o Anexo I, artigo 37, VI, do RICMS/SP e Convênio ICMS 58/99. Também haverá suspensão dos tributos federais naadmissão temporária para aperfeiçoamento ativo, onde o bem importado estarásujeito a beneficiamento, montagem, renovação, recondicionamento, acondicionamento, reacondicionamento, conserto, reparo ou restauração (artigo 332 do Regulamento Aduaneiro).
Já na admissão temporária de bens destinados à utilização econômica no País (artigo 6º da IN SRF 285/03), o Estado de São Paulo determinava que, havendo o pagamento proporcional dos tributos federais (conforme fórmula constante na IN SRF 285/03), incidiria integralmente o ICMS, de acordo com a Decisão Normativa CAT 04/01. Havia uma certa proporcionalidade devido ao recolhimento reduzido dos tributos federais que compõem a base de cálculo do ICMS.
Contudo, a partir de 01/11/04, com a publicação do Decreto nº 49.069/04, foi inserido o artigo 38 no Anexo II do RICMS/SP que, com base no Convênio ICMS 58/99, instituiu o cálculo proporcional do ICMS no Estado de São Paulo, reduzindo a base de cálculo na mesma proporção utilizada para os tributos federais (I.I., IPI, PIS/PASEP e COFINS).
Alguns Estados já permitiam o cálculo proporcional do ICMS na admissão temporária para utilização econômica, fundamentados no Convênio ICMS 58/99, tais como Rio de Janeiro (Livro XI, artigo 13, do RICMS/RJ), Minas Gerais (Anexo IV, Parte 1, item 28, do RICMS/MG) e Santa Catarina (Anexo 2, artigo 28, do RICMS/SC).
Mesmo assim, os contribuintes que entenderem viável poderão contestar o recolhimento do ICMS na admissãotemporária com base no entendimento doutrinário e jurisprudencial que exige a efetiva circulação jurídica (transferência de propriedade), e não a mera circulação física, para o reconhecimento da ocorrência do fato gerador do ICMS (Súmula 166 do STJ).
De qualquer forma, trata-se de mais um avanço na legislação paulista sobre o ICMS que, juntamente com o Regime Especial Simplificado de Exportação (relativo ao Recof e às operações de industrialização no Entreposto Aduaneiro), moderniza a tributação estadual ao torná-la mais compatível com a legislação aduaneira e com a tributação federal, facilitando e incentivando a atividade produtiva nacional.
No mesmo sentido Fábio Garcia Silva:
Aplicável apenas para os tributos federais (II, IPI, PIS e Cofins) originalmente, após a edição do Convênio 58/99, os Estados foram autorizados a estender tal regime também ao ICMS. Entretanto, alguns Estados, dentre eles São Paulo, adotaram apenas a sistemática da suspensão total, obrigando que os demais bens e atividades que ainda se beneficiavam do recolhimento parcial dos tributos federais (bens destinados à prestação de serviço ou à fabricação de outros bens, como máquinas e equipamentos utilizados em empreendimentos de construção civil ou montagens), recolhessem o ICMS integralmente.
Com a edição do Decreto 49.069/04, São Paulo admitiu a modalidade de pagamento parcial do ICMS em razão do tempo de permanência do bem importado, aproximando-se das disposições federais e evitando, assim, que os contribuintes realizassem a importação destes bens por outros Estados que já adotavam esta disciplina.
Não obstante o progresso trazido por essa medida, há que se ressaltar que essa cobrança parcial do ICMS ainda assim não poderia ser levada a efeito. Isto porque a importação temporária não contempla um dos requisitos indispensáveis para a ocorrência do fato gerador deste imposto: a circulação, ou seja, a transferência definitiva da titularidade do bem para o contribuinte importador. Sem ocorrência do fato gerador não há que se falar em cobrança do imposto!
O atual Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo assim dispõe:
Artigo 38 – Fica reduzida a base de cálculo do imposto incidente no desembaraço aduaneiro decorrente de importação do exterior de bens destinados à prestação de serviços ou à fabricação de outros bens de capital, sob o amparo do Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária previsto em legislação federal específica, de forma que a tributação seja equivalente àquela adotada para cobrança dos tributos federais e desde que (Convênio ICMS – 58/99, cláusula segunda):
 
I – a incidência do imposto seja proporcional ao tempo efetivo de permanência do bem no país;
II – sejam observados: 
a) o disposto no § 1º do artigo 2º deste regulamento;
b) as condições previstas na legislação federal relativa ao Regime Aduaneiro Especial de Admissão Temporária;
 
III – o desembarque e o desembaraço aduaneiro sejam efetuados neste Estado.
 
Parágrafo único – A inobservância ou o descumprimento de qualquer das condições estabelecidas neste artigo implicará na exigência integral do imposto devido desde a data do desembaraço, com os acréscimos legais cabíveis.
 
9. IMPORTÂNCIA DA FINALIDADE
A admissão temporária possui as quatro características clássicas identificadoras do regime aduaneiro especial. Para clareza, repetimos:
1ª) – regime suspensivo do pagamento de impostos;
2ª) – prazo de permanência no regime;
3ª) – garantia ao Erário (real ou pessoal, mediante termo de responsabilidade);
4ª) – .finalidade autorizada em norma legal.
Neste item cuidaremos da finalidade, elemento essencial na admissão temporária. O atual regulamento ressalta essa necessidade, que advém do DL 37/66:
Art. 363. A aplicação do regime de admissão temporária ficará condicionada à utilização dos bens dentro do prazo fixado e exclusivamente nos fins previstos (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 75, § 1o, inciso II).
Ao requerer o regime o beneficiário se o brigava a indicar a finalidade pela IN anterior. Não vimos na IN RFB 1.361/13,a mesma exigência.Vamos procurar onde foi colocada.
Num exame macro a finalidade está dividida em duas grandes vertentes:
Finalidade não econômica;
Finalidade econômica.
A finalidade econômica prescinde de qualquer arrolamento, pois é uma só, estudada no item 11.
Até o ano de 1998 vivemos período em que alguns representantes do Fisco colocavam embaraço à admissão de bens nesse regime pelo fato de se destinarem a fins econômicos, quando essa destinação nada tem de agônica. Por isso fomos obrigados a, na época, tecer as seguintes considerações:
“O regime de admissão temporária não é incompatível com o fim econômico do bem admitido temporariamente no País. Nenhuma legislação faz tal discriminação. Ao contrário, algumas disciplinam casos de bens que ingressam no país exclusivamente com finalidade econômica.
A este respeito Ângelo Oswaldo Melhorança diz o seguinte (BOLETIM LUX N.. 194, de 08.10.97): “Afora as situações específicas referidas na IN-SRF 136/87, em especial no seu item 4, a hipótese de concessão do regime para bens a serem utilizados no processo produtivo está implícita, genericamente embora, na Portaria MF n. 378, de 19.11.80 (ora respaldada pelo art. 296 do RA), a qual, ao estabelecer, como regra geral, a exigência de guia de importação para concessão do regime, preceitua, para a espécie, a seguinte condição no seu item 3, caput: “Na hipótese de bens destinados a utilização econômica mediante contraprestação ao exterior, a guia de importação somente será imitida se inexistir similar nacional para os bens objeto do pedido.”
Em 1993 a Lei 9.430 textualmente admite o regime para finalidade econômica, acrescentando que, sempre que esse for o fim, haverá cobrança de impostos proporcionais.
O desvio da finalidade é considerado conduta irregular e sancionado com a imediata execução do Termo de Responsabilidade, ou conversão do depósito eventualmente feito em renda da União.
9.1 – Possibilidade de mudança da finalidade para cofres de carga
É o que diz a Solução de Consulta COSIT abaixo:
SOLUÇÃO DE CONSULTA No- 93, DE 7 DE ABRIL DE 2015
ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS
EMENTA: ADMISSÃO TEMPORÁRIA – UNIDADES DE CARGA.
Na vigência do regime aduaneiro especial de admissão temporária de unidades de carga, poderá ser autorizada a substituição do beneficiário do regime, assim como a mudança de finalidade dos bens admitidos temporariamente.
São responsáveis solidários por infrações relativas às unidades de carga, importadas sob o regime de admissão temporária, os beneficiários do regime, salvo se comprovada que a irregularidade ocorreuapós a regular transferência, caso em que somente o novo beneficiário será responsável. A alienação, para o mercado nacional, dos bens admitidos em regime de admissão temporária só poderá ocorrer com a extinção do regime, realizada com o despacho para consumo.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009 -Regulamento Aduaneiro; Instrução Normativa RFB nº 1.361, de 21 de maio de 2013; Instrução Normativa nº 1.396, de 16 de setembro de 2013.
FERNANDO MOMBELLI -Coordenador-Geral.
10. FINALIDADE NÃO ECONÔMICA
Quando a finalidade do regime é não econômica a Receita Federal arrola aquelas para as quais admite a aplicação do regime. Hoje isto é feito pela IN RFB 1.361/13, da seguinte forma:
Art. 5º Poderão ser submetidos ao regime de admissão temporária com suspensão total do pagamento de tributos incidentes na importação os bens, inclusive semoventes, admitidos ao amparo de acordos internacionais e os destinados a:
 
I – eventos científicos, técnicos, políticos, educacionais, religiosos, artísticos, culturais, comerciais ou industriais;
II – manutenção, conserto ou reparo de bens estrangeiros, inclusive de partes e peças destinadas à reposição;
III – prestação de serviços de manutenção e reparo de bens estrangeiros, contratada com empresa sediada no exterior;
IV – reposição temporária de bens importados, em virtude de garantia;
V – seu próprio beneficiamento, montagem, renovação, recondicionamento, acondicionamento ou reacondicionamento;
VI – homologação, ensaios, testes de funcionamento ou resistência, ou ainda a serem utilizados no desenvolvimento de produtos ou protótipos;
VII – reprodução de fonogramas e de obras audiovisuais, importados sob a forma de matrizes;
VIII – assistência e salvamento em situações de calamidade ou de acidentes que causem dano ou ameaça de dano à coletividade ou ao meio ambiente;
IX – produção de obra audiovisual ou cobertura jornalística;
X – atividades relacionadas com a intercomparação de padrões metrológicos aprovadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro);
XI – realização de atividades de pesquisa e investigação científica, na plataforma continental e em águas sob jurisdição brasileira, autorizadas pela Marinha do Brasil, nos termos do Decreto nº 96.000, de 2 de agosto de 1988;
XII – promoção comercial, inclusive amostras sem destinação comercial e mostruários de representantes comerciais; e
XIII – pastoreio, adestramento, cobertura e cuidados da medicina veterinária.
 
Parágrafo único. O disposto no caput abrange outros bens ou produtos manufaturados e acabados, autorizados, em cada caso, pelo responsável pela concessão do regime, de acordo com os procedimentos estabelecidos em ato administrativo específico da Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana).
 
Art. 6º Consideram-se automaticamente submetidos ao regime de admissão temporária, dispensados das formalidades necessárias ao controle aduaneiro, os impressos, folhetos, catálogos, softwares e outros materiais operacionais ou explicativos alusivos à utilização dos bens já admitidos no regime.
 
11. FINALIDADE ECONÔMICA
Economia é a ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo de bens materiais. Quando esses bens ingressam no País no regime de admissão temporária para a atividade estudada pela economia dizemos que têm utilização econômica. Por importação de um bem para utilização econômica devemos entender aquele que objetiva ingressar no país para produzir serviço ou riqueza de imediato.
O Regulamento Aduaneiro (Dec. 6.597/09) assim conceitua utilização econômica (art. 373):
§ 1o Para os efeitos do disposto nesta Seção, considera-se utilização econômica o emprego dos bens na prestação de serviços ou na produção de outros bens.
 
A norma criadora da finalidade econômica para a admissão temporária é a Lei 9.430/96, que em seu art. 79 diz o seguinte:
“Art. 79. Os bens admitidos temporariamente no País, para utilização econômica, ficam sujeitos ao pagamento dos impostos incidentes na importação proporcionalmente ao tempo de sua permanência em território nacional, nos termos e condições estabelecidos em regulamento.
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá excepcionar, em caráter temporário, a aplicação do disposto neste artigo em relação a determinados bens. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.189-49, de 2001)
Nesta oportunidade queremos parabenizar o mestre José Lence Carlucci pela vitória alcançada, uma vez que já nos idos de 1990, quando em exercício na COANA – Coordenação do Sistema Aduaneiro, oficialmente apresentou à Secretaria da Receita Federal proposta neste sentido, reproduzida em seu livro “Uma Introdução ao Sistema Aduaneiro” (Aduaneiras, pag. 2090), nestes termos;
“Paralelamente, tendo em vista a utilização econômica desses bens, criação ou previsão da incidência de imposto de importação proporcional ao tempo de permanência dos mesmos no País, à semelhança de outros países”
Seis anos mais tarde vimos a sugestão transformada em lei.
11.1 – Momento de ocorrência do fato gerador nesta finalidade
O Regulamento Aduaneiro (dec. 6.759/09) assim descreve o momento de ocorrência do fato gerador quando a mercadoria ingressa no país em regime de admissão temporária para finalidade econômica:
Art. 73. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 23, caput e parágrafo único):
 
I – …………………………………………………
IV – na data do registro da declaração de admissão temporária para utilização econômica (Lei nº 9.430, de 1996, art. 79, caput). (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 15 de junho de 2010
 
11.2 – Bens admitidos nesta finalidade
A lei que permitiu essa nova forma de concessão não discriminou qualquer tipo de bem. Assim, na finalidade econômica basta que a mercadoria não seja de importação proibida para ser admitida no regime e esteja amparada por contrato de aluguel ou “leasing” operacional.
Comentando o surgimento do pagamento proporcional, o mestre Rooesevelt Baldomir Sosa, na publicação “Sem Fronteiras, n. 12, assim se manifesta:
“Assim, doravante, poderá o operador econômico preferir a locação ou o arrendamento operacional de uma máquina ou equipamento, em vez de adquiri-lo, reservando esta oportunidade para um momento futuro. É uma forma salutar, não apenas para viabilizar legalmente essas operações, mas também por eliminar um fator de concorrência desleal, que se torna evidente na medida em que reconhecemos que muitas dessas locações se ocultavam sob o manto das admissões temporárias, evadindo-se o beneficiário, pelo menos provisoriamente, do imposto que seus concorrentes pagavam ao importar o mesmo equipamento na modalidade de importação definitiva.
 
 
“Não creio errar quando admito ser este um bom negócio para o importador – porque pode diluir, no tempo, a carga fiscal – e também para o País – porque em teoria alivia a balança de pagamentos e ativa uma arrecadação outrora não efetiva.”
11.3 – O PAGAMENTO PROPORCIONAL
A INRFB 1.361/13 cuida da matéria da seguinte forma:
Art. 7º Os bens destinados à prestação de serviços ou à produção de outros bens poderão ser submetidos ao regime de admissão temporária, com pagamento do II, do IPI, do PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação, à razão de 1% (um por cento) a cada mês, ou fração de mês, compreendido no prazo de vigência do regime, sobre o montante dos tributos originalmente devidos, limitado a 100% (cem por cento).
 
§ 1º Ao disposto no caput incluem-se os bens destinados a servir de modelo industrial, sob a forma de moldes, matrizes ou chapas e as ferramentas industriais.
 
§ 2º Fica suspenso o pagamento da diferença entre o total dos tributos que incidiriam no regime comum de importação dos bens e os valores pagos conforme o disposto no caput.
 
§ 3º Aplica-se a suspensão total do pagamento dos tributos incidentes na importação, aos bens importados em caráter temporário:
 
I – para serem utilizadosem projetos específicos decorrentes de acordos internacionais firmados pelo Brasil;
 
II – até 31 de dezembro de 2020, quando:
 
a) destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural, nos termos da legislação que disciplina o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e das jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro); ou
 
b) tratar-se de máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos e ferramentas, inclusive sobressalentes, destinados às atividades de transporte, movimentação, transferência, armazenamento ou regaseificação de gás natural liquefeito; e
 
III – até 4 de outubro de 2023, quando destinados à utilização econômica por empresa que se enquadre nas disposições do Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, durante o período de sua permanência na Zona Franca de Manaus.
 
11.4 – Uso econômico sem pagamento proporcional
A IN RFB 1.361/13 a respeito deste item dispõe em seu § 3º do art. 7º:
§ 3º Aplica-se a suspensão total do pagamento dos tributos incidentes na importação, aos bens importados em caráter temporário:
 
I – para serem utilizados em projetos específicos decorrentes de acordos internacionais firmados pelo Brasil;
 
II – até 31 de dezembro de 2020, quando:
 
a) destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural, nos termos da legislação que disciplina o regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e das jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro); ou
 
b) tratar-se de máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos e ferramentas, inclusive sobressalentes, destinados às atividades de transporte, movimentação, transferência, armazenamento ou regaseificação de gás natural liquefeito; e
 
III – até 4 de outubro de 2023, quando destinados à utilização econômica por empresa que se enquadre nas disposições do Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, durante o período de sua permanência na Zona Franca de Manaus.
11.5 – Regime misto na finalidade econômica
Analisando o regime de tributação na finalidade de uso econômico verificamos tratar-se de regime misto, eis que uma parcela é paga proporcionalmente e outra é incluída no regime suspensivo, constante do Termo de Responsabilidade. Desta forma, o valor da parcela proporcional paga entra como renda da União e o saldo fica garantido para a eventualidade de inadimplemento do regime.
O regime misto está espelhado no Regulamento Aduaneiro (Dec. 6.759/09 – art. 373):
§ 2o A proporcionalidade a que se refere o caput será obtida pela aplicação do percentual de um por cento, relativamente a cada mês compreendido no prazo de concessão do regime, sobre o montante dos tributos originalmente devidos.
 
§ 3o O crédito tributário correspondente à parcela dos tributos com suspensão do pagamento deverá ser constituído em termo de responsabilidade.
 
§ 4o Na hipótese do § 3o, será exigida garantia correspondente ao crédito constituído no termo de responsabilidade, na forma do art. 759, ressalvados os casos de expressa dispensa, estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Esta questão também está estampada no parágrafo sexto do § 2º do art. 7º da IN RFB 1.361/13:
§ 2º Fica suspenso o pagamento da diferença entre o total dos tributos que incidiriam no regime comum de importação dos bens e os valores pagos conforme o disposto no caput.
 
11.6 – Prazo de concessão e prorrogação
O prazo para conceder prorrogação deste tipo de admissão temporária será de até 100 meses, eis que após este a mercadoria estará nacionalizada, devendo ser promovido o despacho para consumo, conforme a vê da IN RFB  1.361/13. Este prazo está fixado no Regulamento Aduaneiro (dec. 6.759/09), §1º do  art. 374,  desta forma:
Art. 374.  O regime será concedido pelo prazo previsto no contrato de arrendamento operacional, de aluguel ou de empréstimo, celebrado entre o importador e a pessoa estrangeira, prorrogável na medida da extensão do prazo estabelecido no contrato, observado o disposto no art. 373.   (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013)
 
§ 1º O prazo máximo de vigência do regime de que trata o art. 373 será de cem meses.(Redação do Dec. 8.178/14)
 
§ 2º Antes do término do prazo estipulado no § 1º, o beneficiário deverá providenciar a extinção do regime, conforme previsto no art. 367, sendo facultada a transferência para outro regime aduaneiro especial, inclusive a concessão de nova admissão temporária, que poderá ocorrer sem a necessidade de saída física dos bens do território nacional. (Redação do Dec. 8.178/14)
 
§ 3º O prazo estipulado no § 1º não se aplica ao regime aduaneiro de que trata o art. 458. (Redação do Dec. 8.178/14)
NOTA – O art. 458 acima refere-se ao regime REPETRO.
Na prorrogação os impostos serão calculados segundo a época do fato gerador ocorrido quando da concessão do regime. Neste sentido a Solução de Consulta abaixo.
SOLUÇÃO DE CONSULTA No- 123, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2010 – 7ª REGIÃO FISCAL
ASSUNTO: Regimes Aduaneiros
 
EMENTA: ADMISSÃO TEMPORÁRIA PARA UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. PAGAMENTO PROPORCIONAL DE TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE A IMPORTAÇÃO.
 
Para efeito de cálculo dos tributos, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro da declaração de admissão temporária para utilização econômica.
A legislação a ser aplicada quando do pedido de prorrogação do regime é a vigente à época dos fatos geradores, qual seja, a de concessão do regime, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei No- 5.172, de 1966, arts.113, 114, 115 e 144; Lei No- 9.430, de 1996, art. 79; Decreto No- 4.543, de 2002, arts. 72, 306, 324 a 330, posteriormente revogado pelo Decreto No- 6.759, de 2009; Decreto No- 7.213, de 2010; IN SRF No- 285, de 2003, art. 13, § 1º, II.
11.7 – PAGAMENTO DO ICMS
O ICMS é pago segundo critério adotado por cada Estado da Federação.
11.8 – JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA (USO ECONÔMICO)
SOLUÇÕES DE CONSULTA DE 24 DE JULHO DE 2006
No- 102 – ASSUNTO: Outros Tributos ou Contribuições
 
EMENTA: PIS/PASEP -IMPORTAÇÃO. INCIDÊNCIA.
 
Na admissão temporária de bens no País com pagamento proporcional de tributos, o PIS/Pasep -Importação incidirá na mesma proporção em que forem exigidos o imposto de importação e o IPI vinculado à importação.
 
Não incide o PIS/Pasep -Importação na prorrogação de prazo do regime efetivado antes da edição da MP nº 164, de 2004.
 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), art. 105; Lei nº 9.430, de 1996, art. 79; MP nº 164, de 2004, convertida na Lei nº 10.865, de 2004, arts. 1º, 3º, 4º, 13 e 14; Decreto nº 4.543, de 2002 (Regulamento Aduaneiro), art. 73, § único; IN SRF nº 285, de 2003, art. 6º, 10, § 1º e 13, § 1º; ADI SRF nº 21, de 2004, art. 6º.
 
ASSUNTO: Outros Tributos ou Contribuições
 
EMENTA: COFINS -IMPORTAÇÃO. INCIDÊNCIA.
 
Na admissão temporária de bens no País com pagamento proporcional de tributos, a Cofins -Importação incidirá na mesma proporção em que forem exigidos o imposto de importação e o IPI vinculado à importação.
 
Não incide a Cofins -Importação na prorrogação de prazo do regime efetivado antes da edição da MP nº 164, de 2004.
 
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), art. 105; Lei nº 9.430, de 1996, art. 79; MP nº 164, de 2004, convertida na Lei nº 10.865, de 2004, arts. 1º, 3º, 4º, 13 e 14; Decreto nº 4.543, de 2002 (Regulamento Aduaneiro), art. 73, § único; IN SRF nº 285, de 2003, art. 6º, 10, § 1º e 13, § 1º; ADI SRF nº 21, de 2004, art. 6º.
12. – UMA NOVA FORMA DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA (SUBSTITUIÇÃO DE PARTES E PEÇAS)
Esta forma de admissão temporária está um tanto fora do contexto geral do regime e anteriormente era gerido por uma Portaria do Ministro da Fazenda (se não nos falha a memória de n. 150) que cuidava da substituição de peças quando verificada, após o despacho e até 6 meses do desembaraço, ter apresentado defeito.
Assim, não seria bemuma admissão temporária, mas mera substituição, uma vez que a peça substituida seria destruida ou reexportada e a nova ficaria definitivamente no País. A operação não é admissão temporária, porque não temporariedade, e sequer de aperfeiçoamento ativo, porque não vai ser trabalhada para devolução. Trata-se de substituição de peça já desembaraçada como importação definitiva mas que, por razões econômicas e de garantia do fornecedor, devem ser substituidas.
Porém, a lei 10.833/03 – a nosso ver equivocadamente - deu a essa operação o nome de admissão temporária. Por acharmos a Portaria MF 150 muito burocrática, naquela oportunidade escrevemos:
A primeira manifestação da modernização desses controles encontramos na Lei 10.833/03, que no seu art. 60, abaixo, traz para as hipóteses de importação ou exportação com “…garantia ou, ainda, para reparo, revisão, manutenção, renovação ou recondicionamento,” podendo o beneficiário valer-se de produto com o mesmo “Part Number” porém com “Serial number” diferente, ou seja, valer-se de PRODUTO EQUIVALENTE.
 
O citado art. 60 da Lei 10.833/03 tem o seguinte teor:
Art. 60. Extinguem os regimes de admissão temporária, de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, aplicados a produto, parte, peça ou componente recebido do exterior ou a ele enviado para substituição em decorrência de garantia ou, ainda, para reparo, revisão, manutenção, renovação ou recondicionamento, respectivamente, a exportação ou a importação de produto equivalente àquele submetido ao regime.
 
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, exclusivamente, aos seguintes bens:
 
I – partes, peças e componentes de aeronave, objeto das isenções previstas
na alínea j do inciso II do art. 2º e no inciso I do art. 3º da Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990;
 
II – produtos nacionais exportados definitivamente, ou suas partes e peças, que retornem ao País, mediante admissão temporária, ou admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, para reparo ou substituição em virtude de defeito técnico que exija sua devolução; e
 
III – produtos nacionais, ou suas partes e peças, remetidos ao exterior mediante exportação temporária, para substituição de outro anteriormente exportado definitivamente, que deva retornar ao País para reparo ou substituição, em virtude de defeito técnico que exija sua devolução.
 
§ 2º A Secretaria da Receita Federal disciplinará os procedimentos para a aplicação do disposto neste artigo e os requisitos para reconhecimento da equivalência entre os produtos importados e exportados
A IN RFB 1.361/13 não teve outro meio senão disciplinar a operação dentro da admissão temporária. Notem que ela o fez no início da norma e ali mesmo deu a sua forma de extinção. Confira:
Art. 8º A admissão temporária de partes e peças para substituição será efetuada de acordo com o regime concedido para o bem a que se destinam.
 
§ 1º Na hipótese prevista no caput a concessão do regime para as partes e peças poderá ser efetuada em unidade da RFB diversa daquela por onde o bem a que se destinam ingressou.
 
§ 2º A extinção da aplicação do regime das partes e peças substituídas, quando não efetuada em conjunto com o bem a que se destinavam, deverá ser efetivada com observância dos procedimentos gerais de extinção do regime.
 
§ 3º Na hipótese do § 2º, as partes e peças admitidas em substituição assumirão o lugar das originalmente admitidas no regime, para os efeitos relativos à continuidade do regime.
 
Art. 9º Quando se tratar de partes e peças ou de bens para reposição de outros submetidos ao regime de admissão temporária para utilização econômica, nos termos do art. 7º, o regime somente será concedido a bem idêntico ou equivalente.
 
§ 1º O beneficiário deverá comprovar a destruição ou promover a reexportação ou o despacho para consumo do bem substituído no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de desembaraço aduaneiro do bem admitido em substituição.
 
§ 2º O desembaraço dos bens a que se refere o caput está condicionado à prestação de garantia, salvo se o beneficiário tiver adotado previamente as providências a que faz referência o § 1º.
Nestes dois artigos toda operação é enquadrada, sendo que sua extinção não consta dentre as várias ações que o beneficiário deve adotar, mas apenas no parágrafo 2º do art. 8º acima transcrito diz que qualquer dos 5 “procedimentos gerais” podem ser adotados. Na verdade uma peça com defeito, penso eu, só tem 2 “procedimentos“, ou devolve (reexportação) ou destroi.
Para mim soa estranho o que diz o art. 8 acima, que repito para clareza:
Art. 8º A admissão temporária de partes e peças para substituição será efetuada de acordo com o regime concedido para o bem a que se destinam.
 
Se a peça a ser substituida entrou no país no regime de importação definitiva (despacho para consumo) o regime de admissão temporária se converte em importação definitiva. Ou eu não entendi direito ou temos uma nova modalidade de admissão temporária.
A respeito da substitição de peças com defeito me permito aqui tecer algumas considerações.
No comércio exterior a identificação de um bem negociado pode ser genérica, sem qualquer conotação individual quando usa a expressão “Part number”. É o nome do artefato expresso em número. E “Serial number”, quando se refere à individualidade do produto fisicamente falando. Não é mais o nome do produto mas sim o número que o individualiza, o identifica como espécie.
As normas da admissão temporária, bem como da exportação temporária, exigem que o artefato objeto desses regimes seja o mesmo tanto quanto ao “Part number” quanto ao “Serial Number”.
Entretanto, a dinâmica do comércio exterior e o incremento da globalização, exigem que os controles aduaneiros sejam constantemente modernizados, flexibilizados, a fim de não impedir o crescimento desse comércio com medidas meramente burocráticas.
Por isso aplaudi a lei e a regulamentação que veio em seguida, a IN SRF 368/03, hoje revogada pela IN RFB 1.361/13, mas que no art. 1º dizia o seguinte:
Art. 1º O reconhecimento da equivalência entre os produtos importados e exportados, para a extinção dos regimes de admissão temporária, de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, aplicados a partes, peças e componentes de aeronave, objeto da isenção prevista na alínea “j” do inciso II do art. 2º e no inciso I do art. 3º da Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990, recebidos do exterior ou a ele enviados, em razão de contrato de garantia ou de prestação de serviços de reparo, restauração, renovação ou recondicionamento, observará o disposto nesta Instrução Normativa.
 
Na época escrevei:
Deduz-se do que diz o parágrafo acima que se o “part number” sofrer um “up grade”, ainda assim a autoridade aduaneira deverá considerar o artefato equivalente. Atente-se para o fato que por vezes a inovação tecnológica provoca a mudança do “part number”. Neste caso, nem o “part number” nem o “serial number” conferem e haverá necessidade de rigorosa aplicação dos quatro itens descritos no art. 2º da IN SRF 368/03, acima transcrita.
 
Peço permissão para transcrever mais um trecho do que escrevemos quando foi editada a Lei 10.833/03:
A lei inova neste campo. Isto porque, ANTES DESTA LEI, se mandássemos para o exterior uma máquina para consertar, por ter válida a garantia, e, após exame do garantidor, ele diz que ela não serve mais e, para cumprir a garantia, nos envia máquina equivalente, com as mesmas características, a Alfândega não aceitaria o regime de NÃO INCIDENCIA por estarmos diante de OUTRA MÁQUINA, com outro “serial number”. A lei veio dar esta flexibilidade, permitindo a troca do produto por outro equivalente.
Não esquecer que esta possibilidade (tanto na admissão temporária como na exportação temporária) só é válida nos casos de substituição em garantia do fornecedor (o brasileiro, no caso da admissão temporária para consertoe, o estrangeiro, com sede no exterior, no caso de exportação temporária igualmente para conserto pelo exportador garantidor).
O que é de se lamentar é a péssima redação. Não entendemos como um texto que vem inovar, vem dizer que vale o equivalente – ESTE É O ÚNICO ESCOPO DO TEXTO – inicie por afirmar “Extinguem-se os regimes….”. Ora, a extinção é apenas uma conseqüência da inovação. A lei permite a trazida de máquina equivalente (no caso do garantidor ser brasileiro permite a remessa ao exterior) e, como conseqüência dessa trazida (ou remessa) o regime deve ser baixado, operando-se, então, a extinção. COMEÇAR POR DIZER QUE HÁ EXTINÇÃO DO REGIME É MENOSPREZAR O CONTRIBUINTE ou não ter a mínima noção de redação de norma legal. Aquele que ler apressadamente este texto vai pensar que a lei extinguiu algum tipo de regime aduaneiro, quando, na verdade, apenas flexibilizou este aspecto do conserto, por permitir o equivalente. Nota zero para o redator deste texto.
 
13. O FATO GERADOR DO I.I. NOS REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
Não nos parece demais lembrarmos aos usuários desta Enciclopédia como o direito nos ensina a identificar um fato gerador tributário. É matéria eminentemente jurídica e só dessa forma deve ser examinado. Principalmente quando se trata do fato gerador dos regimes aduaneiros especiais, porque têm uma característica que é, pode-se dizer, inusitada no direito tributário: se posteriormente a mercadoria for despachada para consumo surgirão dois fatores geradores para uma mesma importação. A explicação para este fato só pode ser bem compreendida se voltarmos nossas mentes para a maneira pela qual o direito identifica o fato gerador de qualquer tributo.
13.1 – Os elementos que caracterizam um fato gerador tributário
Ensina Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário – pág. 140):
“Ao conceituar o fato que dará ensejo ao nascimento da relação jurídica do tributo, o legislador também seleciona as propriedades que julgou importantes para caracterizá-lo. E, desse conceito, podemos extraircritérios de identificação que nos permitam reconhecê-lo toda vez que, efetivamente, aconteça. No enunciado hipotético vamos encontrar tres critérios identificadores do fato:
a) critério identificador temporal;
b) critério identificador espacial;
c) critério identificador material.”
Isto porque todos os fatos que ocorrem no mundo fenomênico possuem inexoravelmente esses três critérios identificadores. Vejamos um fato curial: uma aula de importação. Haverá sempre um local (critério identificador espacial) marcada para determinada hora (critério identificador temporal). Falta o principal: a efetivação da aula (critério identificador material), uma vez que, embora com local e hora marcados, se o professor não comparecer, a aula (materialidade do fato) não existirá. O mesmo acontece com o fato gerador tributário. Faltando qualquer um desses critérios identificadores, o fato gerador da exação não existirá.
Portanto, sem que se constate a existência das três realidades acima não haverá fato gerador do II. Assim, na importação comum o fato gerador do II é assim identificado:
a) critério identificador temporal; o instante, o átimo do registro da D.I.
b) critério identificador espacial; o lugar onde é registrada a D.I. (repartição de desembaraço)
c) critério identificador material.” – a mercadoria importada
Tomando por base o simplório exemplo do item 12.1, se o navio que trouxer a carga naufragar no trajeto a mercadoria não chega e, portanto, não poderá ser identificado o critério material. Neste caso não há fato gerador. Se o despacho for antecipado – a D.I. registrada antes do naufrágio – cabe anulação da D.I. Se a carga for descarregada, porém o importador não registra a D.I. correspondente (critério temporal) não haverá fato gerador e, sim, outra situação jurídica que será a do abandono. Portanto, nenhum desses critérios pode faltar para identificarmos um fato gerador tributário.
13.2 – O fato gerador do I.I. na Admissão Temporária
Na admissão temporária temos nuance rara do direito tributário, como dissemos no início: dois fatos geradores em relação a uma mesma mercadoria importada: um quando do registro da D.I. para admissão e outro quando do despacho para consumo (se vier a ocorrer). Nos outros tributos não encontramos tal possibilidade.
Assim, vamos seguir essa dicotomia, analisando primeiro o fato gerador surgido quando da entrada no regime e depois o fato gerador surgido na hipótese de nacionalização e despacho para consumo.
13.2.1 – Fato gerador do II no ingresso do regime de A.T.
a) critério identificador temporal – momento do registro da D.I. de admissão temporária.
b) critério identificador espacial – repartição de registro dessa D.I.
c) critério identificador material – Mercadoria a ser submetida ao regime
Identificados os três critérios, temos o fato gerador do II, com efeito suspensivo até o adimplemento do compromisso.
13.2.2 – Fato gerador do II no despacho para consumo
Se o importador optar pelo despacho para consumo, adquire a mercadoria do proprietário, no exterior, e a submete a despacho para consumo, cujo fato gerador será assim identificado:
a) critério identificador temporal; momento do registro da D.I. de despacho para consumo
b) critério identificador espacial; repartição de registro dessa D.I. de despacho para consumo.
c) critério identificador material.” Mercadoria a ser submetida ao despacho para consumo para ingresso na massa de riqueza do país. A mesma que originou o primeiro fato gerador para ingresso no regime de A.T.
A mercadoria em questão ingressou fisicamente no país uma única vez, mas juridicamente duas, uma na propriedade do exportador no exterior, para regime de admissão temporária e outra na propriedade do importador no país, para consumo.
Esta possibilidade pode criar na mente dos menos avisados a seguinte dúvida, que passamos a responder:
a) VALOR – o valorutilizado na D.I. de despacho para o regime deve ser o mesmo a ser utilizado na D.I. de despacho para consumo por parte de quem adquiriu o bem?
RESPOSTA – Não. O código de valoração aduaneira determina que o valor seja o do momento do fato gerador, portanto, aspecto temporal, qual seja o do registro da D.I.. Se temos dois momentos distantes (por exemplo, o primeiro em 2007 e o segundo em 20010) pode ocorrer mudança de valor, seja para mais, seja para menos. O valor a ser utilizado na D.I. de despacho para consumo é o da fatura comercial de compra do bem, que só pode ser questionado se provado que “no momento do registro da D.I. de despacho para consumo” não é o correto. Não há base legal para fazer remissão ao valor do bem no momento da entrada no país em regime de admissão temporária.
b) “EX” TARIFÁRIO – Se quando do registro da D.I. de despacho para o regime de admissão temporária não existia “ex”para o bem em questão e quando do registro da D.I. de despacho para consumo existir esse instrumento tarifário, a pessoa que adquiriu o bem pode valer-se desse “ex” , não importando o fato de que a mercadoria chegou ao país antes de sua existência?
RESPOSTA – Sim. Desde que o “ex” caiba no “sapatinho da Cinderela”. Fica a pergunta: o “ex” é seu ou você está cavalgando no “ex” de outro? Se o “ex” puder ser aplicado ao bem que está sendo despachado vale o mesmo princípio, ou seja, com o nascimento de novo fato gerador, aplica-se a lei vigente nesse instante. Portanto, até a classificação pode ser outra. Exemplo: as máquinas multifuncionais eram legalmente classificadas no capítulo 90 e hoje passaram para o 84. Se o despacho para consumo ocorrer após a mudança, teremos classificações diferentes entre as duas D.Is.
14. GARANTIA
Como vimos, a segunda característica da admissão temporária é a garantia dos tributos suspensos, operacionalizada pela obrigatoriedade de assinatura de termo de responsabilidade. O vigente regulamento aduaneiro assim cuida da matéria:
Art. 364. Ressalvados os casos de expressa dispensa, estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, seráexigida garantia das obrigações fiscais constituídas no termo de responsabilidade, na forma do art. 759.
 
A Conv enção de Istambul (o inteiro teor voce encontra no item 1 – Legislação) em seu artigo 1º, assim define a garantia:
c) Garantia: tudo que assegura, a contento da alfândega, o cumprimento de uma obrigação para com ela. A garantia diz-se global quando assegura o cumprimento de obrigações resultantes de várias operações;
 
d) Título de admissão temporária: o documento aduaneiro internacional com valor de declaração aduaneira, que permite identificar as mercadorias (incluindo os meios de transporte)e contém uma garantia válida a nível internacional destinada a cobrir os direitos e encargos de importação;
Até o momento o Brasil não adotou o Título de Admissão Temporária, que previamente identifica a mercadoria, facilitando a conferência aduaneira e valendo como garantia, cuja obtenção no país é por vezes burocrática, dependendo de depósito em dinheiro, que onera o Caixa, ou fiança bancária, que cobra taxa para sua concessão.
A IN RFB 1.361/13 assim dispõe sobre a garantia:
Art. 11. Será exigida a prestação de garantia em valor equivalente ao montante dos tributos suspensos nos termos do art. 10.
 
§ 1º A garantia poderá ser prestada, a critério do importador, sob a forma de:
I – depósito em dinheiro;
II – fiança idônea;
III – seguro aduaneiro; ou
IV – título de admissão temporária a que se refere o art. 68.
 
§ 2º As pessoas físicas ou jurídicas que efetuam habitualmente operações de admissão temporária podem constituir garantia global.
 
§ 3º A garantia subsistirá até a extinção das obrigações do beneficiário decorrentes da concessão do regime.
 
§ 4º Não será exigida garantia:
 
I – nas hipóteses estabelecidas nos arts. 5º e 6º; I
II – quando se tratar de importação realizada por:
a) órgão ou entidade da administração pública direta, autárquica ou fundacional, da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios;
b) missão diplomática, repartição consular de caráter permanente ou representação de organismo internacional de que o Brasil seja membro; ou
c) pessoa jurídica habilitada ao Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul); ou
III – quando o montante dos tributos com pagamento suspenso for inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
 
§ 5º Na prestação de garantia sob a forma de fiança, será exigido o cumprimento dos requisitos de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional para o fornecimento de certidões previstas em Portaria Conjunta específica da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e da RFB.
 
§ 6º A prestação de garantia sob a forma de depósito em dinheiro será feita de acordo com os procedimentos estabelecidos em ato administrativo específico da RFB.
14.1 – DO TERMO DE RESPONSABILIDADE
A IN RFB 1.361/13 cuida da matéria da seguinte forma:
Art. 10. O montante dos tributos incidentes na importação, com pagamento suspenso em decorrência da aplicação do regime de admissão temporária será consubstanciado em Termo de Responsabilidade (TR).
 
§ 1º O TR será constituído na própria Declaração de Importação ou no documento que servir de base para a admissão no regime.
 
§ 2º Não será exigido TR nos casos referidos no inciso IX do art. 5º e nos casos referidos no art. 6º.
 
§ 3º Do TR não constarão valores de penalidades pecuniárias decorrentes da aplicação de multa de ofício, que serão objeto de lançamento específico, no caso de descumprimento do regime pelo beneficiário.
Como o leitor observou, o formulário do Termo de Responsabilidade vigente por tantos anos foi extinto. Os dados do Termo de Responsabilidade passaram para a “própria Declaração de Importação ou no documento que servir de base para a admissão no regime.”
No formulário RAT – Requerimento de Admissão Temporária há um campo denominado Informações Complementares” onde o beneficiário pode colocar o Termo de Responsabilidade. Se eseste for o local certo cada um usa as palavras que entender melhor.
14.2 – DA EXECUÇÃO DO TERMO DE RESPONSABILIDADE
É óbvio que, na hipótese do beneficiário não reexportar o bem admitido temporariamente, no prazo concedido, nem adotar as demais providências legais para sua extinção, será intimado a pagar, em 10 dias, o valor constante do Termo de Responsabilidade. Se não pagar, o Termo será enviado diretamente à Procuradoria da Fazenda Nacional, para inscrição como Dívida Ativa da União.
15. A LICENÇA DE IMPORTAÇÃO
Sabemos que o regime de admissão temporária, na hipótese de se extinguir pelo despacho para consumo, sofre dois momentos tributários distintos. O primeiro de introdução ao regime, para o que deveríamos ter uma Declaração de Admissão e não uma Declaração de Importação utilizada para todas as importações do País. O segundo quando da extinção do regime, quando teremos nova Declaração de Importação, esta agora, sim, para introdução do bem na massa de riqueza brasileira.
15.1. – Dispensa no  despacho de admissão
Não há problema na admissão ao regime quanto ao licenciamento, eis que está dispensado. A exigência de licença prévia surge em casos especiais, que arrolamos nos itens 15.2 a 15.6.
A legislação que cuida da emissão de licença de importação no Brasil é a Portaria SECEX 23/11 . .
Diz o artigo 8º dessa Portaria que a regra geral é a dispensa de licença e no parágrafo único, inciso II, enquadra a admissão temporária entre aquelas que estão dispensadas de licença de importação.
Art. 8º – Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão-somente providenciar o registro da Declaração de Importação – DI – no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos procedimentos de Despacho Aduaneiro junto à unidade local da RFB.
Dispensadas de licenciamento
 
Parágrafo único. São dispensadas de licenciamento as seguintes importações:
 
I – sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, inclusive sob controle aduaneiro informatizado;
 
II – sob o regime de admissão temporária, inclusive de bens amparados pelo Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural – REPETRO;
 
Portanto, constatamos que para ingresso no regime de admissão temporária a mercadoria importada está DISPENSADA da obtenção da Licença de Importação.
15.2 – Exigência no caso de importação com finalidade econômica
O Regulamento Aduaneiro deixa a cargo da SECEX exigir o licenciamento, afirmando antes que o licenciamento, se esse órgão assim entender, pode ser prévio ao embarque:
Art. 373.  Os bens admitidos temporariamente no País para utilização econômica ficam sujeitos ao pagamento dos impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, proporcionalmente ao seu tempo de permanência no território aduaneiro, nos termos e condições estabelecidos nesta Seção (Lei nº 9.430, de 1996, art. 79; e Lei nº 10.865, de 2004, art. 14). 
 
§ 1º  a 4º – “omissis”
 
Art. 373-A.  O tratamento administrativo aplicável na admissão de bens no regime de que trata o art. 373 será o mesmo exigido para uma operação de importação definitiva, salvo nos casos estabelecidos em ato normativo da Secretaria de Comércio Exterior. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013)
15.3 – Exigência para material usado
Por muitos anos prevaleceu a regra de dispensa de licença de importação no caso da admissão temporária. Porém, a legislação foi alterada e embora no capítulo do lic enciajento a Portaria SECEX 23/11 diga que no caso deste regime fica dispensada a licença de importação (artigo 8º acima, item II do parágrafo único) no capítulo do material usado ela dispõe:
Art. 43. A importação de mercadorias usadas está sujeita a licenciamento não automático, previamente ao embarque dos bens no exterior.
 
§ 1º ………………………………………………….
§ 2º Excetua-se do disposto no caput a admissão temporária ou reimportação, de recipientes, embalagens, envoltórios, carretéis, separadores, racks, clip locks, termógrafos e

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