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Processo do Trabalho 2 Processo do Trabalho I 1º bimestre Aula 01 – Noções introdutórias .............................................................................................................................03 Aula 02 – Noções introdutórias cont.; a solução do conflito de interesses ......................................................05 Aula 03 – A eficácia da lei processual trabalhista no tempo e no espaço .....................................................11 Aula 04 – A eficácia da lei processual trabalhista no tempo e no espaço cont.; Competência.................................................................................................................. .......................................22 Aula 05 – Competência cont.; Princípios do Direito Processual do Trabalho ..................................................31 Aula 06 – Princípios do Direito Processual do Trabalho cont. ............................................................................40 Aula 07 – Princípios do Direito Processual do Trabalho cont. ............................................................................47 Aula 08 – Princípios do Direito Processual do Trabalho cont. ............................................................................59 Aula 09 – Princípios do Direito Processual do Trabalho cont.; Atos processuais ..............................................68 Aula 10 – Atos processuais cont. ............................................................................................ ..............................79 2º bimestre Aula 11 – Prazos processuais ................................................................................................... ..............................90 Aula 12 – Sujeitos do processo ............................................................................................................................102 Aula 13 – Das partes no processo ...................................................................................................... .................112 Aula 14 – Das partes no processo cont. .................................................................................................... .........121 Aula 15 – Das partes no processo cont. .............................................................................. ...............................132 Aula 16 – Ação ........................................................................................................................ .............................139 Aula 17 – Ação cont.; dissídios coletivos; reclamação e defesa ....................................................................146 Aula 18 – Reclamação e defesa cont. ................................................................................................... ...........154 Aula 19 – Reclamação e defesa cont. ..............................................................................................................165 Aula 20 – Meios de prova ......................................................................................................... ...........................174 Aula 21 – Meios de prova .............................................................................................................. ......................184 Aula 22 – Meios de prova ....................................................................................................................................189 Aula 23 – Atos processuais cont. ........................................................................................................................202 3 1. DEFINIÇÃO DO PROCESSO DO TRABALHO (Definição dada por Carlos Henrique Bezerra Lima) É um ramo do direito autônomo, porque o processual é constituído por sistema de normas etc.; são esses elementos que diferenciam o processo do trabalho de outros, sendo autônomo por ter regras específicas. Portanto, não se tem como aplicar essas regras em outros ramos. Ex.: agravo de instrumento é diferente. No ramo do direito civil é para decisões interlocutórias. Em contrapartida, no direito do trabalho elas não são atacadas por agravo de instrumento, mas terá uma única finalidade. → Os conflitos individuais, os quais descendem dos dissídios coletivos, isto é, daqueles conflitos que tem empregado e empregador, são resolvidos na esfera da vara do trabalho. Da mesma forma, é possível a pluralidade de partes. O dissídio coletivo é interposto no TRT ou no TST. Quando a base do sindicato for regional, será no TRT. Quando for de base nacional, irá para o TST. Ex.: correios é de base nacional, irá para o TST. O TRT não está limitado a somente dissidio coletivo, existe mandato de segurança, ação rescisória, direitos difusos e coletivos. → A justiça do trabalho, a partir da emenda constitucional n° 45, incluiu o artigo 114 que altera a competência da justiça do trabalho: não será apenas de relação de emprego e sim, abrange relação de trabalho. Importante ressaltar que, o artigo 114, I foi retirado por uma ADIN. → Acidente de trabalho: ações ainda não julgadas pelo tribunal de justiça, passaram a ser de competência da Justiça do Trabalho. → Honorários profissionais não são de competência da Justiça do Trabalho, e sim da Justiça Comum, de acordo com a súmula 363 do STJ. 1) DEFINIÇÃO O processo do trabalho é o ramo da ciência jurídica constituído por um sistema de normas, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos individuais e difusos, decorrentes direta ou indiretamente da relação de emprego e de trabalho, bem como, regular o funcionamento dos órgãos que compõem a justiça do trabalho. 2) FUNÇÃO A função do Processo do Trabalho é solucionar os conflitos por meio da prestação jurisdicional, que se dá em regra, pela autocomposição e pela heterocomposição. Introdução Aula 01 Resumo 4 súmula 363 do STJ. → Só pode ser de competência da justiça do trabalho: autor da ação tem que ser pessoa física e não pode ser relação de consumo. 1. FUNÇÃO DO PROCESSO DO TRABALHO O Processo do Trabalho é o meio encontrado para solucionar conflito de interesses através da tutela jurisdicional. Para que possa aplicar o processo do trabalho, é necessário que haja o conflito – este ocorre quando as partes se desentendem acerca de uma pretensão, podendo ser pessoas físicas ou jurídicas. É obvio, portanto, que não existirá processo sem pretensão. Ex.: A não está pagando horas extras para B. B procura a tutela jurisdicional por estar com conflito de interesses. Qual a pretensão principal? A hora extra. Existem, então, pedidos principais que geram acessórios. Quando se ingressa com a pretensão de obter valores das horas extras, quais serão os pedidos secundários? Os reflexos em aviso prévio, 13º salário e etc. A função social do Processo do Trabalho é justamente solucionar o conflito existente entre A e E. A função do Processo do Trabalho é solucionar os conflitos por meio da prestação jurisdicional, que se dá em regra, pela autocomposição e pela heterocomposição. Aula 01 5 1. AUTOCOMPOSIÇÃO 1.1 No processo Ocorre quando as partes espontaneamente ajustam um acordo sobre o objeto de litígio, sem emprego de forças, fazendo concessões reciprocas. As partes que estão no processo entram em acordo. Quando se ingressa com uma ação, existe o princípio basilar da conciliação. Ninguém é obrigado a conciliar, mas quando isso ocorrer, ambos abrem parte de determinados direitos ou pretensão, sem haver imposição. Quando for procedimento ordinário, existem dois momentos da conciliação. Primeiramente, devemos entender que a conciliação é decisão transitada em julgado, sentença homologatória em que não cabe recurso. Súmula nº 259 do TST - TERMO DE CONCILIAÇÃO. AÇÃO RESCISÓRIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT. Os termos de acordo só poderão ser impugnados mediante ação rescisória, precisando ter os requisitos da ação rescisória. Ninguém pode recorrer desse acordo? Somente a Previdência Social pode recorrer, de acordo com o §único do artigo 831 da CLT. Toda vez que tiver uma sentença na justiça do trabalho, haverá a possibilidade de recorrer por parte da previdência social, que não será em favor das partes e sim, da União. Sempre que tiver matérias ou pedidos de natureza salarial, 1) AUTOCOMPOSIÇÃO 1.1 No processo: As partes que estão no processo entram em acordo. 1.2 Extraprocesso: Por meio da Comissão de Conciliação Prévia 2) HETEROCOMPOSIÇÃO Quando as partes em conflito delegam a um terceiro o poder de decidir sobre o caso concreto. 3) AUTODEFESA Quando as partes utilizam qualquer meio para poder valer os seus direitos. A solução do conflito de interesses Aula 02 Resumo 6 haverá incidência da Previdência. Art. 831, CLT: a decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. O que são as parcelas de natureza salarial: Férias, 13º salário, aviso prévio trabalhado, horas extras, etc. O que não são parcelas de natureza salarial: aviso prévio indenizado, FGTS, multas de 40%, multa do artigo 447 (§8º), multa do artigo 467, indenização por dano patrimonial e moral, etc. Toda vez que tiver parcela de natureza indenizatória, a justiça do trabalho é obrigada a oficiar a Previdência Social para que tome conhecimento da sentença. Ex.: pedido na sentença de 50 mil e a maioria são pedidos de natureza salarial, o juiz insiste por um acordo, pedindo para que a proposta seja melhor e ele reduzirá as parcelas de natureza salarial. As partes acordaram em 20 mil reais, sendo 5 mil de natureza salarial. O recolhimento será sobre os 5 mil. A previdência, quando intimada, percebe que há algo errado, pois os pedidos tiveram como maior parte os de natureza salariais, mas no acordo foi o que teve menos. Deve haver uma simetria entre os pedidos e o acordo. Portanto, apenas a Previdência social poderá recorrer do acordo com o intuito de discriminar a parcela de natureza salarial. Art. 832, CLT: da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. §3º As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. A contribuição previdenciária irá existir também nas decisões cognitivas, assim como nas homologatórias (o mais comum nesse caso é a parte que não é hipossuficiente pagar a contribuição). §4º A União será intimada das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela indenizatória, na forma do art. 20 da Lei no 11.033, de 21 Aula 02 7 de dezembro de 2004, facultada a interposição de recurso relativo aos tributos que lhe forem devidos. Quando é que o INSS vai ingressar com recurso? Recurso ordinário, pois é uma decisão de juiz de Vara, com prazo em dobro para recorrer (os prazos dos recursos do Processo do Trabalho são de 8 dias, exceto embargos de declaração que são de 5 dias), neste caso, a previdência terá 16 dias para recorrer. Quando o INSS vai ser intimado? Ás vezes demora meses para que ele possa ser intimado. → Nenhum juiz está obrigado a homologar acordo, pois isto é caráter subjetivo do magistrado. Já houve casos em que advogados ingressaram com acordo e o juiz negou. Em Belém, um advogado entrou com Mandado de Segurança contra a decisão do juiz – já entendemos que não é possível entrar com recurso de acordo com a súmula 259 do TST – não tendo nenhum modo de fazer com que o juiz aceite o acordo, como diz a própria súmula 418 do TST que não cabe nenhum tipo de recurso, por se tratar de caráter subjetivo do magistrado. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 A homologação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. Temos uma novidade com a reforma acerca da execução: Antes da reforma, a ausência de pagamento de uma das parcelas, antecipa as demais. O juiz, de oficio, já determina a execução. Com a reforma, a execução não será mais operada de ofício, só vai ser processada de oficio se o exequente estiver utilizando um jus postulandi. Se o exequente estiver pleiteando com um advogado, este deverá requerer a execução. Existe outra situação, o acordo por mera liberalidade: Ex.: L entra contra D discutindo relação de emprego. Se D fizer uma proposta de X por mera liberalidade para não assinar a carteira (e não pagar FGTS, 13º, etc.), L aceitará porque será uma proposta razoável. Como fica a previdência social por causa das parcelas que não serão pagas? Nessa hipótese, a previdência social incide sobre o valor total do acordo. Só existe acordo por mera liberalidade antes da sentença. Aula 02 8 OJ-SDI1-368 DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. PARCELAS INDENIZATÓRIAS. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO. INCIDÊNCIA SOBRE O VALOR TOTAL (DEJT divulgado em 03, 04 e 05.12.2008). É devida a incidência das contribuições para a Previdência Social sobre o valor total do acordo homologado em juízo, independentemente do reconhecimento de vínculo de emprego, desde que não haja discriminação das parcelas sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, conforme parágrafo único do art. 43 da Lei nº 8.212, de 24.07.1991, e do art. 195, I, “a”, da CF/1988. 1.1 Extraprocesso (Comissão de Conciliação Prévia – CCP) Os artigos 625-A ao 625-H tratam sobre a CCP: Comissão de Conciliação Prévia – foi instituída com a finalidade de desafogar o judiciário, só que, quando ela foi inserida em 2000, ela surgiu de forma obrigatória. Este artigo sofreu uma ADIN em 2009, pois feria o acesso ao judiciário, já que, a empresa que tivesse CPP não daria a oportunidade do empregado se demitir perante a justiça do trabalho senão fosse primeiramente pela CPP. A petição inicial que era endereçada a justiça do trabalho, neste caso, seria endereçada para a CPP. O que acontecia era que a pessoa dizia que não gostaria de participar da conciliação, para assim, ter uma prova comprovando que teve acesso ao CPP antes de ir à justiça do trabalho. O STF decidiu que o trabalhador é livre, procura a CPP apenas se quiser. A CPP só tem finalidade de homologar acordo, que transita em julgado, de acordo com a súmula 259 do TST, pois é um título executivo extrajudicial, de acordo com o artigo 876 da CLT. Hoje não se tem mais a possibilidade de ingressar na CPP. Orientação Jurisprudencial 270/TST-SDI-I - 18/12/2017. Programa de Demissão Voluntária - PDV. Transação extrajudicial. Quitação. Parcelas oriundas do extinto contrato de trabalho. Efeitos. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo. 2. HETEROCOMPOSIÇÃO A heterocomposição ocorre quando as partes em conflito delegam a um terceiro o poder de decidir sobre o caso concreto. A arbitragem somente existia nos dissídios coletivos, mas com a reforma, esta também poderá ser usada nos dissídios individuais. A arbitragem está no artigo 507-A e 507-B da CLT. Aula 02 9 Qualquer pessoa pode utilizar a arbitragem? Não, nos dissídios individuais, somente nos contratos de trabalho cuja remuneração for superior a duas vezes o limite da previdência social pode ser usado a arbitragem. Essa arbitragem é benéfica para o empregador. 3. AUTODEFESA A autodefesa é quando as partes utilizam qualquer meio para poder valer os seus direitos; é como se houvesse uma imposição de forças. Ex.: greve. Na autodefesa as partes usam toda a força necessária para poder valer aquilo que se entende ser os seus direitos. No entanto, a autodefesa é somente um meio. Dessa forma, ressalta-se que, a autocomposição não precisa da autodefesa, mas toda vez que se tiver a autodefesa poder-se-á ter uma autocomposição ou uma extracomposição. Significa dizer que, quando se estudou Direito do Trabalho I, viu-se sobre convenção coletiva. Falou-se que, convenção coletiva é, na verdade, cláusulas trazidas por sindicatos de categorias representativas de profissionais, que apresentam normas mais favoráveis. Assim, por se tratarem de ‘convenções’ (ajuste de vontades, com as partes – os sindicatos, os quais representam uma categoria profissional + categoria patronal – convencionando), também são exemplos de autocomposição. Quando eles estão convencionando, é desse ajuste que sai a norma mais favorável e a condição mais benéfica, uma vez que a CLT se aplica a todos de forma indistinta. Entretanto, essas convenções devem observar as normas de ordem pública, ou seja, o mínimo que é assegurando no art. 7º da CF, bem como o mínimo que é assegurado na CLT e nas normas esparsas. Em contrapartida, quando esses sindicatos não conseguem convencionar, não se terá convenção coletiva. Dessa forma, passa-se a ter um litígio o qual precisa ser resolvido. Além disso, é importante informar que, a greve não é o único meio de se ter um litígio (precisa-se entrar em greve para haver um dissídio coletivo). Todavia, muitas vezes, algumas categorias buscam a greve como forma de fazer valer o seu direito. A justiça do trabalho é composta de Vara, TRT e TST. Quando se tem dissídio coletivo, aonde se entra com essa ação? Depende da base territorial daquele sindicato. Se determinado sindicato tem base territorial que tem abrangência regional, eventual conflito será resolvido no TRT. Ex.: correios = sindicato nacional. Se houver uma lide envolvendo os empregados do Correios, esse sindicato deverá procurar o TST, uma vez que se trata de base territorial nacional. Nunca se terá dissídio coletivo privado! Quando se ingressa com dissídio coletivo, haverá ou não haverá uma tentativa de conciliação? Sim. Se os sindicatos convencionarem, ter-se-á uma sentença normativa. Por outro lado, caso os sindicatos não se ajustem, ter-se-á uma sentença condenatória. Aula 02 10 Importante observar que, a conciliação existirá tanto nas varas quanto nos tribunais. §3º do art. 114, CF: em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Além disso, não é somente o sindicato que ingressará com dissídio coletivo; o MPT também poderá, embora esteja atuando na condição de custos legis, isto é, ele não tem as mesmas finalidades que os sindicatos têm1. Sendo assim, o MPT somente terá interesse de ingressar com essa lide quando houver greve (nas atividades essenciais) na qual resultará em lesão a um bem (não sei se ela falou essa palavra). Nesse caso, quem decidirá o conflito será a Justiça do Trabalho. 1 Os sindicatos têm como finalidade dirimir conflito que venha a favorecer uma categoria. Aula 02 11 1. A EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO TEMPO Com a reforma trabalhista, pergunta-se quais serão os atos que ela alcançará; em que tempo poderá se realizar esses atos processuais. Ao pegar o art. 1º da LINDB, tem-se que: Art. 1º, LINDB: salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Quando que a lei da reforma trabalhista foi aplicada? Em novembro. E sabe-se que ela teve aplicação imediata. Isso tem base no art. 912 da CLT. Art. 912, CLT: salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Os atos processuais praticados antes da nova lei se mantêm perfeito e acabado, porque na época em que o ato foi praticado estava vigendo a lei anterior. Portanto, a nova lei alcançará os processos em curso daquele momento para frente. Isso é, na verdade, discutido por meio de teorias. Desde já, deve- se saber que o ordenamento jurídico pátrio adota a teoria do sistema de isolamento dos atos processuais. 1.1 A aplicação processual no tempo por meio das seguintes teorias a) Sistema da unidade processual: Essa teoria defende que, embora o processo possua diversos atos processuais, o processo é uno e indivisível, de modo que somente pode ser vinculado por uma única lei. Dessa forma, para que não haja retroatividade, aplica-se a lei antiga aos pro- 1. A EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO TEMPO Os atos processuais praticados antes da nova lei se mantêm perfeito e acabado, porque na época em que o ato foi praticado estava vigendo a lei anterior 1.1 A aplicação processual no tempo por meio das seguintes teorias: a) Sistema de unidade processual: Embora o processo possua diversos atos processuais, o processo é uno e indivisível, de modo que somente pode ser vinculado por uma única lei b) Sistema das fases processuais: O processo, ainda que único, é dividido em fases autônomas, quais sejam: postulatória, instrutória e decisória, devendo a lei nova disciplinar somente as fases não iniciais. c) Sistema de isolamento dos atos processuais: O sistema de isolamento admite que a nova lei seja aplicada imediatamente, alcançando os processos em curso, em que pese à unidade processual. A eficácia da lei processual trabalhista no tempo e no espaço Aula 03 Resumo 12 cessos em andamento. Ex.: eu ingresso com uma ação antes da reforma trabalhista e este processo alcança a nova lei; o sistema da uni- Ex.: se eu ingressar com uma ação antes da reforma trabalhista e este processo alcançar a nova lei, esse sistema defende que, esses atos processuais que foram praticados na antiga lei continuam sendo praticados na antiga lei até o final do processo. Para essa teoria somente se aplica a nova lei a partir dos processos que foram ingressados na sua vigência. a) Sistema das fases processuais: Essa teoria defende que o processo, ainda que único, é dividido em fases autônomas, quais sejam: postulatória, instrutória e decisória, devendo a lei nova disciplinar somente as fases não iniciais. Ex.: eu estou litigando com Camila. Ela, por sua vez, ingressou com uma ação. Essa corrente entende que, a nova lei apenas pode ser aplicada após encerrar uma fase que começou com base na lei anterior. Se eu estou começando na fase postulatória e eu estou sendo notificada já estando em vigor a lei nova, para essa teoria eu somente aplicaria a lei nova na próxima fase e não nessa, tendo em vista que a fase postulatória começou com base na lei anterior. Uma coisa são fases do processo e outra coisa são atos processuais. Nas fases do processo eu pratico diversos atos processuais (defesa, aditamento da inicial, oitiva de testemunha por precatória, etc.). Dependendo da fase do processo, existem diversos atos processuais que podem ser realizados. b) Sistema de isolamento dos atos processuais: Art. 14, CPC: a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. O sistema de isolamento admite que a nova lei seja aplicada imediatamente, alcançando os processos em curso, em que pese à unidade processual. Aula 03 13 Ex.: Camila ingressou com uma ação no momento em que estava vigendo a lei anterior. Naquela época, tinha-se um requisito de petição inicial. Se quando Camila ingressou com a ação e estava vigendo a lei anterior, então os atos praticados por ela são perfeitos e acabados. O juiz não poderá extinguir o processo sem resolução de mérito alegando que o §1º do art. 840, CLT não está sendo observado, porque quando Camila praticou o ato, o que estava vigendo era a lei processual antiga. Contudo, quando Camila ingressou com a ação (com 05 dias da nova lei), eu (ré) já fui notificada com base na nova lei. A diferença então é: o ato processual que eu praticarei já é com base na nova lei, portanto, eu terei de praticá-lo com a nova lei. Aqui, se eu tiver de aduzir uma exceção de competência em razão do lugar, eu não poderei utilizar o preceito anterior, porque no momento que eu fui notificada da audiência interposta por Camila, já estava vigendo a nova lei. Portanto, por isso que ela alcançará o processo em curso, respeitando os atos processuais praticados por ocasião da lei anterior, que estava vigendo naquele momento. Os atos processuais praticados antes da entrada em vigor da nova lei processual estão resguardados por constituírem ato perfeito e acabado, logo, os atos processuais praticados na vigência da lei que foi revogada mantêm plena eficácia mesmo que se estabeleçam preceitos e conteúdos diferentes. Ex.: preposto. Antes da reforma, o preposto deveria ser obrigatoriamente empregado da empresa; a exceção era a microempresa e o empregador doméstico. Com a reforma trabalhista não existe mais essa obrigatoriedade, basta que tenha conhecimento dos fatos, podendo ser um contador. Aqui, se eu (ré) recebo a notificação e, neste momento, está vigorando uma nova lei que me permite levar como preposto qualquer pessoa, então eu não precisarei mais levar algum empregado da empresa. Em caso de lei processual cujo conteúdo envolva jurisdição e competência terá a mesma aplicação imediata, regendo-se o processo com base nos atos anteriores à sua promulgação. Aula 03 14 A Emenda Constitucional n° 45 trouxe que a Justiça do Trabalho tinha competência para dirimir conflitos nas relações laborais (como honorários profissionais) e também em determinadas relações de trabalho. Ex.: eu sou contadora e faço uma prestação de serviço para Camila, que, caloteira, não me paga. Eu ingresso (na época da EC n° 45, antes da operação e antes de se ter a Súmula 363 do STJ) com uma ação de cobrança na Justiça do Trabalho. Suponhamos que, no curso desta ação em que o juiz ouvia a testemunha, chegou a Súmula 363 do STJ estabelecendo que a competência para dirimir conflitos que envolvam honorários profissionais seja da justiça comum (“Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente”). Essa decisão alcança este processo? Sim, plenamente. Ele sai da Justiça do Trabalho independentemente dos atos processuais já praticados e é distribuído para a justiça comum. Ex.: eu demando contra Bibi. Sai uma sentença procedente para mim. Bibi ingressa com recurso ordinário. Esse processo foi distribuído para a 1ª turma recursal. Nesse momento, sai a Súmula 363 do STJ. Desse modo, esquecem-se os atos processuais e a decisão, porque o Tribunal não poderá julgar o processo, uma vez que ele não tem mais competência material. Este processo, portanto, é enviado integralmente para o Judiciário, que passa a ter competência material. Em qual hipótese não passaria? Se, por acaso, eu tivesse uma sentença procedente e essa decisão transitasse em julgado, haja vista que, nesse caso, já se estaria numa nova fase: de execução. Em contrapartida, se esse processo não tiver decisão, ele é alcançado integralmente. PORTANTO: Atos processuais que não envolvem jurisdição e competência: respeita-se o ato processual praticado com base na lei anterior e se aplica a nova lei a partir da sua promulgação em diante; Atos processuais que envolvem jurisdição e competência: o processo é alcançado integralmente, inclusive alcançando os atos já praticados, porque a Justiça do Trabalho deixou de ter competência material para dirimir esse conflito. EXCEÇÃO A ESSA REGRA POR DECISÃO DO STF: é em relação ao dano moral e patrimonial decorrente de acidente do trabalho. Isso se deu por meio da EC n°45. Passou-se a competência de danos morais decorrentes de acidente de trabalho para a Justiça do Trabalho. Portanto, tirou-se a competência da Justiça Comum (era ela quem analisava os danos morais e patrimoniais decorrente de acidente) e passou para a Justiça do Trabalho. O que ficou decidido, então, foi: os processos que não havia sentença e nem estavam em fase recursal seriam Aula 03 15 encaminhados para a Justiça do Trabalho; os processos que estavam sentenciados ou com pendência de recurso permaneciam na Justiça Comum, observando determinadas regras do processo civil que não existem no processo do trabalho. Ex.: eu ingressei com uma ação de danos patrimoniais por acidente de trabalho em face da empresa de Bibi. Há um incidente processual; eu apresento agravo de instrumento. Isso não pode ocorrer na Justiça do Trabalho, porque alguns atos processuais, em que pese ter no processo civil e no processo do trabalho, possuem finalidades diferentes. O agravo de instrumento, por exemplo, no processo do trabalho somente tem o objetivo de destrancar recurso. Art. 7º, CLT: os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas; b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais; c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos. Art. 8º, CLT (antes da reforma) Art. 8º, CLT (depois da reforma) As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito (...) caput permanece. §1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. §2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. §3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais Aula 03 16 do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (NR) Art. 9º, CLT: serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Houve uma alteração no que se diz respeito a custas processuais. Antes da reforma, o empregador e o empregado poderiam ser condenados a custas processuais. No entanto, como que o empregado será condenado as custas se ele não paga nada? Toda vez que ele tiver uma sentença totalmente improcedente, ele poderá sofrer uma condenação dessa natureza – no limite de 2% do valor da causa. Ex.: o empregado ingressa com uma ação trabalhista; tem uma sentença improcedente; o juiz não lhe concede justiça gratuita e resolve condená-lo em 2% do valor da causa, que é de, supostamente, 01 milhão e 200 mil. Para recorrer, seria necessário o pagamento das custas processuais. A mesma coisa acontece em relação ao empregador. O que acontecia era: se ele tivesse uma sentença procedente ou parcialmente procedente e recorresse, ele teria de pagar custas de 2% do valor de sua condenação. Entretanto, com a reforme, tivemos o art. 789, CLT, o qual traz o mínimo e o máximo (isso não havia antes). Art. 789, CLT (antes da reforma) Art. 789, CLT (depois da reforma) Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e Aula 03 17 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas: I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o valor da causa; IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. §1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. §2º Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas processuais. §3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. §4º Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal. sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: (...) incisos e parágrafos permanecem. O que, com a reforma, está se querendo dizer no caput deste artigo é: se o limite da minha condenação (que é o limite de 2%) for mais que 4x o limite máximo dos benefícios do Regime 18 Geral de Previdência Social (R$5.645,80), dever-se-á depositar quatro vezes esse valor. Portanto, se a minha condenação (tirando sobre os 2%) ultrapassar R$22.583,20 (correspondente a 4x 5.645,80), é este valor que será devido. Ex.: se eu tive uma sentença antes da nova lei e estou recorrendo, a minha base será a lei anterior. Eu já recolhi os 2% em cima de 300 mil reais. Nesta ocasião, eu não posso pedir de volta a diferença entre o valor recolhido e o limite máximo estabelecido na nova lei. Em relação à justiça gratuita, a reforma também trouxe modificações que não foi benéfica ao trabalhador: Art. 790, CLT (antes da reforma) Art. 790, CLT (depois da reforma) Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. §1º Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. §2º No caso de não- pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título. §3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que (...) caput, §1º e §2º permanecem. §3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. §4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. NR Aula 03 19 perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. O que se tinha antes era: se ele ganhasse até o dobro do mínimo legal (ou seja, duas vezes o salário mínimo) ou se ele estivesse desempregado e ou se ele simplesmente declarasse nos termos da lei que ele não pode prover o processo em sustento próprio e de sua família. Essa última parte não se tem mais. Ex.: o trabalhador ganha 2.428,30; ele não terá direito à justiça gratuita. Logo, observa-se que há uma mudança nesse §3º do art. 790, CLT. Antes, eu poderia até ganhar mais, no entanto bastava eu declarar que eu não tinha condições de arcar com o processo. Muda-se, portanto, por completo: uma parte desse §3º é suprimida e onerada. A outra novidade está no §4º que trata sobre a isenção de custas. Ainda, tem-se o art. 840, CLT: Art. 840, CLT (antes da reforma) Art. 840, CLT (depois da reforma) A reclamação poderá ser escrita ou verbal. §1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. §2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que (...) mantém o caput. §1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. §2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo. Aula 03 20 couber, o disposto no parágrafo anterior. §3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo serão julgados extintos sem resolução do mérito. (NR) Existem dois procedimentos na Justiça do Trabalho: o procedimento sumaríssimo e ordinário. Quando que eu sei que é um ou outro? Quando as ações interpostas forem até 40% do salário mínimo vigente na data da interposição, tem-se o procedimento sumaríssimo. Nele, é incabível emenda à inicial, já que, neste procedimento há regras específicas de requisitos para a petição inicial, uma vez que os pedidos devem ser, obrigatoriamente, líquidos. Em contrapartida, em relação ao procedimento ordinário, os requisitos para a petição inicial estão contidos no §1º do art. 840, CLT, em nenhum momento colocava que os pedidos deveriam ser liquidados. Agora, com a reforma, isso mudou. Quem ingressou com uma reclamatória trabalhista antes da reforma, prevalece o §1º do art. 840 da CLT; quem ingressou com a ação trabalhista após a reforma, prevalece o novo preceito. A ausência de qualquer novo requisito exigido não dá a possibilidade de emendar a inicial, porque o §3º do mesmo artigo aduz que a ausência dos requisitos do §1º (do art. 840) extingue o processo sem resolução de mérito. Súmula 263, TST: PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE. Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015). Lendo essa súmula 263, do TSTS ao mesmo tempo do §3º, tem-se que, provavelmente ela será cancelada por não estar em conformidade com o que a nova lei traz. Aula 03 21 Art. 775, CLT (antes da reforma) Art. 775, CLT (depois da reforma) Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada. Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia de feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento. §1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses: I – quando o juízo entender necessário; II – em virtude de força maior devidamente comprovada. §2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-se às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. Ex.: eu estou contando prazo para interpor recurso e, a partir de agora, os prazos são contados em dias úteis, mas antes da reforma eles eram contados em dias corridos. Como é que ficaria a contagem do prazo para as pessoas que já tinham o seu prazo sendo contado quando chegou a reforma? As pessoas que já tinham sido intimadas antes da reforma, o prazo permaneceu aquele que estava em vigor antes da reforma. Aula 03 22 2. A EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO ESPAÇO A lei processual no espaço diz respeito ao território em que será aplicado o dispositivo legal. Aqui, prevalece a lei processual trabalhista que vigora no nosso país. Art. 763, CLT: o processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste Título. As normas do Brasil se aplicam a todos os brasileiros e estrangeiros que trabalham no país. Nos contratos é possível que as partes possam eleger o foro que vá dirimir o conflito entre elas. No entanto, isso não é possível na Justiça do Trabalho. A regra está prevista no art. 651, caput, CLT, enquanto que as exceções estão previstas nos parágrafos deste mesmo artigo: Art. 651, CLT: a competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. De acordo com este artigo, caput, a competência territorial é no local da prestação do serviço, não importando se este trabalhador foi contratado em outro local. Ex.: Bibi é contratada em Altamira para trabalhar em Belem 2. A EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO ESPAÇO A lei processual no espaço diz respeito ao território em que será aplicado o dispositivo legal. Em regra, a competência territorial é no local da prestação do serviço, não importando se este trabalhador foi contratado em outro local. CONFLITO DE COMPETÊNCIA 1. DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA São atribuições conferidas aos órgãos encarregados da função jurisdicional; é a competência que legitima o poder jurisdicional. Assim, todo juiz competente tem jurisdição, mas nem todo juiz que tem jurisdição é competente. Aula 04 Resumo A eficácia da lei processual trabalhista no tempo e no espaço 23 Belém. Não importa onde ocorreu a contratação; o que vigorará é o local da prestação do serviço. Logo, as partes não podem, no momento do ajuste de contrato, escolher o foro que dirimirá eventual conflito já que a regra é o art. 651, CLT. Os parágrafos 1º, 2º e 3º desse artigo são exceções a essa regra. §1º, art. 651, CLT: quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. Esse parágrafo determina que, se esse trabalhador (representante comercial) tiver uma lide, se naquele local tenha agência ou filial da empresa – e se ele estiver subordinado a essa agência ou filial, ele proporá essa reclamatória no local onde estava sendo a prestação de serviço. Em contrapartida, se ele não estiver subordinado, este empregado poderá escolher entre o local de seu domicílio ou o local mais próximo (da prestação de serviço). §2º, art. 651, CLT: a competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. Este §2º deve ser analisado com cautela e em conjunto com a Lei n° 7.074/82, a qual trata do trabalhador que foi contratado para trabalhar no Brasil e foi transferido para o estrangeiro. Falou-se que a regra geral é o local da prestação de serviço, entretanto, nesta hipótese do §2º há uma situação atípica: Ex.: o empregado é brasileiro, contratado por uma empresa pública, sendo transferido para o estrangeiro = ele poderá reclamar aqui, bem como poderá utilizar normas internacionais ou normas brasileiras (desde que seja a mais benéfica neste contrato). Art. 2º, Lei n° 7.064/82: para os efeitos desta Lei, considera-se transferido: I – o empregado removido para o exterior, cujo contrato estava sendo executado no território brasileiro; II – o empregado cedido à empresa sediada no estrangeiro, para trabalhar no exterior, desde que mantido o vínculo trabalhista com o empregador brasileiro; III – o empregado contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior. Aula 04 24 Art. 3º, Lei n° 7.064/82: a empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I – os direitos previstos nesta Lei; II – a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. Parágrafo único. Respeitadas as disposições especiais desta Lei, aplicar-se-á a legislação brasileira sobre Previdência Social, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de Integração Social - PIS/PASEP. O inciso II deste artigo traz a teoria do conglobamento mitigado: as normas devem ser aplicadas quando mais favoráveis, levando-se em consideração o conjunto de normas que devem ser aplicadas no caso laboral. §3º, art. 651, CLT: em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. Em relação ao §3º do art. 651, CLT, a princípio pode-se pensar que ele conflita com o caput, apesar de isso não ocorrer. Na verdade, existem determinados contratos em que se tem o local do contrato e o local típico da prestação de serviço. Ex.: aqueles que trabalham em terminal rodoviário, como comissário de bordo, como piloto de avião, empregados que fazem show e etc. Ele fez o contrato dele em Brasília. Existe um local fixo, nesses casos, para a prestação de serviço? Não. Logo, nesta hipótese, esses empregados poderão escolher o local da última prestação de serviço ou o local da contratação. Ex.: existem empresas de construção civil que contratam engenheiros fiscais de obra (onde tiver obra, ele estará fiscalizando). Dessa forma, não há um local fixo para prestação de serviço. Isso tudo poderá gerar um incidente processual: Ex.: Bibi ingressa com uma ação na qual se entende que a Justiça do Trabalho tem competência material, mas não tem competência territorial. Aqui, obviamente dever-se-á suscitar uma exceção de competência em razão do lugar. Aula 04 25 Art. 800, CLT (antes da reforma) Art. 800, CLT (depois da reforma) Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir. Apresentada a exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência dessa exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido no artigo. §1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção. §2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco dias. §3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente. §4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. (NR) Aula 04 26 Com a reforma do CPC, a exceção de competência passou a ser apresentada como preliminar. Em contrapartida, com a reforma trabalhista também houve uma mudança: não se apresenta mais a exceção de incompetência com a defesa, nem como preliminar e nem em peças separadas: Ex.: Bibi ingressou com uma ação trabalhista. Andréa (empregadora de Bibi) entendeu que o local onde ela ingressou com essa ação trabalhista não tem a competência material. A partir do momento em que eu fui notificada da ação ajuizada, eu tenho 05 dias úteis (exclui-se o dia do começo e o do vencimento) para apresentar exceção de incompetência em razão do lugar. Logo, eu apresentarei a minha defesa genérica somente depois, quando o juiz abrir prazo para tanto (este prazo será de 30 dias contados da data da ação proposta). Ressalta-se que, no processo que eu entro com a exceção de competência em razão do lugar, o processo movido por Bibi é suspenso (§1º), ou seja, não será analisada a sua pretensão, mas esse incidente que eu suscitei. A audiência também será suspensa, além de haver prazo para que Bibi, na condição de exceto, manifeste-se acerca da minha exceção de competência em razão do lugar. O §1º do art. 800, CLT (NR) impõe que, toda vez que eu (empregadora) for notificada da audiência, eu já saberei como ela procederá, pois a minha defesa poderá ser apresentada até o dia da mesma. O §2º do art. 800, CLT tem como hipótese: Ex.: depois que a audiência foi suspensa, os autos seguem conclusos para o juiz, que intimará a parte contrária (chamado de “exceto”) a fim de que este se manifeste acerca da exceção de incompetência em razão do lugar. Ex.: Victória, Paola, Cyntia, Larissa e Bianca estão reclamando contra Andréa. Apesar de haver mais de uma pessoa como autor, continua sendo dissídio individual plúrimo. Ainda, mesmo que haja tal litisconsórcio, o prazo para os excetos se manifestarem continua sendo 05 dias (prazo comum) para todas. Importante ressaltar que, caso esse prazo de 05 dias – determinado no caput do art. 800, CLT – não seja utilizado, não se poderá mais alegar exceção de competência territorial. Outra novidade que esse artigo proporciona é o §3º: o juiz pode designar audiência de instrução e julgamento podendo o excipiente e suas testemunhas serem ouvidos por carta precatória, no juízo que tiver sido indicado como competente. Ex.: eu contratei determinado empregado. A minha empresa está em São Paulo; o contrato firmado foi em São Paulo; e a prestação do serviço foi em um dos Municípios de São Paulo. Eu posso dizer que eu quero ser ouvida (eu e minhas testemunhas) por carta precatória. Aula 04 27 Eu não precisarei ir para a audiência em outro Município para poder discutir a exceção de competência em razão do lugar2. Isso está previsto no §3º do art. 800, CLT. O §4º, por sua vez, indica que o juiz decidirá a exceção de competência e designará uma nova data, que será a audiência inaugural, na qual se apresentará a defesa e arrolar testemunha. A partir daqui começa-se a discutir questões de mérito. §1º, art. 893, CLT: os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. Ressalta-se que, a decisão de exceção de competência em razão do lugar tem natureza judicial de decisão interlocutória. Em regra, contra essa decisão não caberá recurso. O que se pode fazer somente é lavrar protesto3. Se não for lavrado protesto, não se poderá, em recurso, discutir o incidente, haja vista que o protesto é o meio que se tem para demonstrar a insatisfação com aquela decisão. Logo, a regra é que, da decisão interlocutória não cabe recurso (§1º do art. 893, CLT). Esse §1º do art. 893, CLT preceitua que o indivíduo somente poderá discutir esse incidente (exceção de competência) somente depois da decisão definitiva, isto é, após a decisão de mérito. Ex.: o juiz negou o meu pedido de exceção de incompetência. Decidiu. Eu protestei. Ele prosseguiu, dando as partes a possibilidade de apresentar defesa em relação aos pedidos de mérito. Designou audiência. Instrução processual. Sentença. Nesse caso, se a sentença não me for favorável e eu quiser recorrer (já que, obviamente, ninguém recorre de sentença favorável), esse incidente processual é discutido em preliminar de defesa. Isso ocorre, pois, se o juiz acolher a minha preliminar (o incidente processual), os atos praticados pelo magistrado serão, todos, nulos. Sendo assim, o processo volta para a vara e faz a remessa para o juízo competente. Fora dito que não cabe recurso contra essa decisão interlocutória. Contudo, para essa regra há uma exceção, a qual está prevista na Súmula 214, ‘c’, TST: SÚMULA Nº 214: DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: 2 Não se pode mais apresentar a exceção de competência na audiência; isso somente era possível até antes da reforma trabalhista. Se o indivíduo tivesse sido intimado antes da reforma, este poderá utilizar a exceção de competência nos moldes do art. 800 da CLT antiga. Em contrapartida, se o indivíduo foi notificado após a reforma, este seguirá os moldes do art. 800 da CLT nova. 3 Protesto não está na CLT; trata-se de uma questão doutrinária. Aula 04 28 c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Aqui, significa que se está discutindo que a competência territorial é de outro Tribunal Regional distinto. Ex.: Camila foi contratada por Andréa, em São Paulo, para trabalhar em Minas Gerais. Camila volta para São Paulo e ingressa com uma ação trabalhista. Andréa apresentou uma exceção de incompetência com base no lugar. Se o juiz acolher essa exceção de incompetência, caberá recurso, uma vez que o TRF de São Paulo não é o mesmo TRF de Minas Gerais, portanto, está se discutindo competência territorial de Tribunais Regionais distintos. Importante observar que, para que se faça jus à exceção, é necessário ainda que o juiz acolha a exceção de incompetência. O recurso cabível contra essa decisão é o recurso ordinário, que deve ser interposto perante o órgão que proferiu a decisão interlocutória. Neste caso, não precisa o protesto. Somente será necessário protesto se o juiz, nesse caso, não acolher a exceção de incompetência. E se essa decisão interlocutória não tiver sido proferida em audiência? Nesse caso, deve- se lavrar os processos; ou apresenta uma petição simples ou apresenta em preliminar de defesa. Os prazos para recurso na Justiça do Trabalho são, todos, de 08 dias, exceto embargos de declaração (05 dias), recurso extraordinário (15 dias) e agravo de instrumento em recurso extraordinário (15 dias). Art. 105, CF: compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; As sentenças estrangeiras devem ser homologadas pelo STJ para que elas possam ser executadas. Aula 04 Conflitos de competência 29 Os conflitos de competência podem ser resolvidos pelo TRT, TST, STJ ou STF. 1. DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA São atribuições conferidas aos órgãos encarregados da função jurisdicional; é a competência que legitima o poder jurisdicional. Assim, todo juiz competente tem jurisdição, mas nem todo juiz que tem jurisdição é competente. A competência em razão da matéria significa dizer que é a competência em razão de assuntos que a Justiça do Trabalho pode julgar. Ex.: se eu ingressar com uma ação na Justiça do Trabalho tentando discutir uma matéria a qual não é de sua competência, não haverá decisão. Ex.: expurgos do FGTS. Muitas pessoas tentaram ingressar na Justiça do Trabalho por conta do FGTS. Todavia, os expurgos nada têm a ver com a relação de emprego, mas está relacionado com as correções que não foram devidamente calculadas pelo Poder Público da União, logo, a competência é da Justiça Federal e não da Justiça do Trabalho. Dessa forma, quando se entra com uma ação que não é de competência da Justiça do Trabalho, tem-se uma nulidade absoluta. Art. 114, CF: compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [..] Foi dito que, a partir da EC n° 45, foi dada a competência para a Justiça do Trabalho dirimir conflitos que versassem sobre danos materiais e morais decorrentes de acidente de trabalho: Súmula nº 392, TST: DANO MORAL E MATERIAL. RELAÇÃO DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (redação alterada em sessão do Tribunal Pleno realizada em 27.10.2015) - Res. 200/2015, DEJT divulgado em 29.10.2015 e 03 e 04.11.2015. Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido. Súmula n° 300, TST: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CADASTRAMENTO NO PIS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS). Aula 04 30 Se o empregador não cadastrou seu empregado no PIS, ingressa-se com uma ação trabalhista com base na Súmula 300, TST. Porém, se o problema dele é de condição administrativa, a competência é da Justiça Federal. Súmula 389, TST: SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 210 e 211 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I – Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego. (ex-OJ nº 210 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) II – O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. (ex-OJ nº 211 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) Toda vez que se ingressar com uma ação, tendo, dentro do pedido, o seguro desemprego haverá pedidos alternativos: guias de seguro desemprego ou indenização equivalente. Ex.: se o meu empregador não fornece as guias para que eu possa me habilitar, eu devo acioná-lo na Justiça do Trabalho. Por outro lado, se ele fornece as guias (o fato de entregar as guias não significa dizer que o empregado receberá), mas não me pagam, deve-se ingressar com uma ação na Justiça Federal. Súmula 736, TST: compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores. Essa Súmula 736 dispõe que, em relação ao meio ambiente, a competência é da Justiça do Trabalho. Outra situação: as ações possessórias decorrentes da relação de emprego tem como competente a Justiça do Trabalho. Ex.: aquele empregador fornece um imóvel para o seu empregado residir. Ele é demitido. A lei do empregado rural diz que ele tem 30 dias para desocupar o imóvel. Se ele não desocupa, a ação não deve ser proposta na esfera cível, mas se deve propor uma ação na Justiça do Trabalho, já que, aqui, decorre de uma relação de emprego. Aula 04 31 Ex.: Carlos ingressou com um processo e, no curso da instrução processual, vem uma norma determinando que aquela vara não é mais competente; mas a jurisdição trabalhista em relação àquela lide passa a ser Ananindeua. O processo de Carlos é, então, imediatamente encaminhado para aquela jurisdição. Em relação a isso, há algumas súmulas do STJ: Súmula 10, STJ: Competência. Execução de sentença. Instalação de JCJ. Justiça do Trabalho. CPC, art. 87. CLT, art. 769. Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência do Juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas. Súmula n° 180, STJ: na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito de competência verificado, na respectiva Região, entre Juiz Estadual e Junta de Conciliação e Julgamento. De acordo com essas súmulas, pergunta-se: Quando é que o TRT terá competência para dirimir conflitos? Têm-se 03 situações. 1ª) Quando houvesse conflito de competência – tanto faz ser positivo ou negativo – entre juiz de uma vara do trabalho com outro juiz de outra vara do trabalho, no mesmo regional, ou seja, conflito de competência entre juízes de varas distintas de um mesmo regional; Ex.: Marília suscitará um conflito de competência, bem como Andréa também suscitará um conflito de competência. 2. DAS COMPETÊNCIAS 2.1 Competência funcional das varas do trabalho 2.2 Competência do juiz de direito investido na função trabalhista 2.3 Competência do TRT - Conflito de competência entre juiz de vara do trabalho + juiz de outra vara do trabalho (mesmo regional); - Conflito de competência entre juiz de direito investido na jurisdição trabalhista + juiz de vara do trabalho do mesmo regional; - Conflito de competência entre juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista. 2.4 Competência do TST Quando o conflito for suscitado entre juiz de vara do trabalho de tribunais regionais diferentes. 2.5 Competência dos auxiliares da Justiça do Trabalho 2.6 Competência do STJ Quando o conflito for suscitado entre juiz de vara do trabalho + juiz de direito não investido na jurisdição 2.6 Competência do STF Quando o conflito for suscitado pelo TST, alegando que a competência é de outro tribunal (STJ, TRT) PRINCÍPIOS 1. DISPOSITIVO Todo processo começa pela iniciativa das partes. 2. INQUISITIVO/INQUISITÓRIO O juiz tem liberdade para impulsionar o processo. Aula 05 Resumo Conflitos de competência 32 Marília é da 3ª vara e Andréa, da 4ª vara – ambas do TRT 8ª Região. Nesse caso, há juízes de varas distintas, mas de um mesmo tribunal. Quando isso ocorrer, será o TRT que dirimirá esse conflito. 2ª) Quando houver conflito de competência entre juiz de direito investido na jurisdição trabalhista e juiz de vara do trabalho de um mesmo regional; Ex.: Andréa é juíza de direito de uma das varas do interior de Belém; essa localidade não está abrangida por uma jurisdição trabalhista. Vem Camila e ingressa com uma ação na comarca de Bibi. Carlos passa a ser investido na jurisdição trabalhista. Chega com Andréa, que é juíza do trabalho, e passa a haver um conflito entre eles. Observa-se que, juiz de direito investido na jurisdição trabalhista (Carlos) vs. Uma juíza do trabalho que está dentro do mesmo regional (TRT 8ª região), logo, quem resolverá o conflito será, também, o TRT. 3ª) Juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista: entre um juiz de direito e outro juiz de direito, ambos investidos na jurisdição trabalhista. Ex.: Mônica, que é juíza de direito, passa a ser investida na esfera trabalhista. Bruna, igualmente, é juíza de direito e passa a ser investida na esfera trabalhista. O processo é distribuído, quando se constata um conflito de competência entre Mônica e Bruna. Aqui, percebe-se que ambas estão investidas na jurisdição trabalhista, portanto, tem-se um conflito que será dirimido pelo TRT. Sendo assim, tudo que envolver juiz do trabalho ou juiz investido na jurisdição trabalhista de um mesmo regional, será um conflito de responsabilidade para o TRT dirimir. Por outro lado, a competência do TST ocorrerá quando houver regionais distintos. Quando é que o TST terá competência para dirimir conflitos? Quando o conflito de competência for suscitado entre juiz de vara do trabalho de tribunais regionais distintos. Ex.: há um conflito de competência entre o juiz da 10ª vara do TRT 8ª região e o juiz da vara do Rio de Janeiro. Nesse caso, há juízes do trabalho, mas em regiões distintas. Logo, quem decidirá a situação será o TST. Também é possível o inverso: Ex.: tem-se um juiz de direito, investido na jurisdição trabalhista, e juiz de vara do trabalho em tribunais regionais distintos. A competência também será do TST. Isso está previsto nos seguintes artigos: Art. 803, CLT: os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre: a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho; b) Tribunais Regionais do Trabalho; c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária; d) Câmaras do Tribunal Superior do Trabalho. Aula 05 33 Art. 808, CLT: os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos: a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões; b) pela Câmara de Justiça do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes; c) pelo Conselho Pleno, os suscitados entre as Câmaras de Justiça do Trabalho e de Previdência Social; (Vide Decreto Lei 9.797, de 1946) d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridades da Justiça do Trabalho e as da Justiça Ordinária. PORTANTO: Basta que se identifique onde está ocorrendo o conflito: Vara do mesmo regional TRT Varas de tribunais distintos TST Art. 105, CF: compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos. Quando será competência do STJ? Quando este conflito for suscitado entre juiz de vara do trabalho e juiz de direito não investido na jurisdição trabalhista. Ex.: o juiz da 1ª vara Cível e Empresarial da comarca de Belém é materialmente incompetente, razão pela qual deve remeter os autos ao fórum. Quem resolverá tal conflito é o STJ. Art. 102, CF: compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal. Quando será competência do STF? Em relação ao STF, está previsto no art. 102, I, “o”, da CF. Observa-se que, a competência será do STF quando o conflito for suscitado pelo TST, no qual este alega que a competência é de outro ramo do Judiciário (STJ, TRT, etc.). Aula 05 34 Súmula nº 420 do TST: COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 115 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005. Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003) Essa súmula n° 420 determina que não existe conflito de competência entre vara e seu Tribunal. Logo, pode haver conflito entre varas (uma cível e outra trabalhista), contudo, nunca entre vara e o TRT ao qual ela pertence. 2. DAS COMPETÊNCIAS 2.1 Competência funcional das varas do trabalho A competência funcional das varas do trabalho está contida: Do art. 647 ao art. 659, CLT; Os artigos 660 a 667, da CLT estão revogados pela EC n° 24 de 1999. 2.2 Competência do juiz de direito investido na função trabalhista A competência do juiz de direito investido na função trabalhista está contida: Do art. 668 ao art. 669 da CLT. 2.3 Competência dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) A competência dos TRTs está contida: Do art. 670 ao art. 683, CLT; Os artigos 684 a 689, CLT, estão revogados também pela EC n° 24 de 1999. 2.4 Competência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) A competência do TST está contida: Do art. 690 ao art. 709, CLT; Na lei n° 7701 de 1988; Além desses artigos, cada Tribunal Superior do Trabalho tem os seus regimentos internos. 2.5 Competência dos auxiliares da justiça do trabalho Do art. 710 à art. 721, CLT. Aula 05 35 Para encerrar, é importante fazer uma observação quanto à competência territorial que não foi feita anteriormente: O artigo 62 e o artigo 63, ambos do CPC, não têm aplicabilidade no processo do trabalho. OJ n° 149 SDI-2 do TST: traz que não é possível declarar de ofício a competência relativa territorial. Dessa forma, se a parte não alegar no momento definido no art. 800 da CLT, faz com que se prorrogue a competência. Foi apresentado o art. 800, CLT, a fim de mostrar de que forma se discute a exceção de incompetência em razão do lugar. Então, deve-se prestar atenção nesse dispositivo para entender como a doutrina vem elaborando suas discussões sobre ele. O art. 800, portanto, aduz que, “apresentada a exceção de incompetência territorial, no prazo de 05 dias, a contar da notificação, antes da audiência, em peça que sinalize a existência dessa exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido no artigo”. A pergunta que se faz é: como que fica o prazo de 05 dias a contar da notificação se não houver audiência? O que acontece é, quando se for estudar atos processuais, ver-se-á que não se tem aquele prazo máximo para apresentar defesa do mesmo modo que há no processo civil; no processo do trabalho, tem-se um prazo mínimo que deve ser observado. Significa dizer que, da notificação até a audiência tem que ter mais que 05 dias, ou seja, deve ser observado o quinquídio. Ex.: se eu sou notificada hoje (segunda-feira) para uma audiência na sexta-feira, eu teria o prazo de 04 dias para apresentar defesa, logo, não foi observado a regra do art. 841, CLT (prazo mínimo de 05 dias – quinquídio), e, por isso, eu tenho o direito de pedir a devolução de prazo. Portanto, a doutrina coloca que a pessoa pode perfeitamente ser notificada e a sua notificação trazer uma audiência para depois dos 05 dias. Nesse caso, está tudo correto. O problema é quando esse período não é respeitado. Ex.:
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