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CADERNO - PROCESSO CIVIL IV

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Processo Civil IV 
1 
 
AULA 1 – 06/02/2017 
AÇÃO MONITÓRIA A partir do art. 700, CPC 
Existem algumas demandas que possuem, por uma escolha do legislador, 
procedimento específico: os chamados procedimentos especiais. A ação monitória 
é uma dessas ações que seguem um procedimento próprio, que está previsto a 
partir do art. 700 do CPC. 
Todas as ações que possuem procedimentos especiais seguem regras 
procedimentais próprias, e utilizam subsidiariamente o procedimento comum, 
previsto no CPC. 
Imagine que foi proposta uma ação monitória e determinado ato processual 
precisa ser realizado, o operador do direito recorrerá aos artigos correspondentes 
ao procedimento da monitória. Se houver regra específica a respeito do 
procedimento, esta será utilizada. Se inexistir regra específica, recorrer-se-á ao 
procedimento comum, utilizado subsidiariamente. 
O procedimento comum, por ser o básico, irradia os seus efeitos em todo o 
sistema processual. 
O art. 700 prevê a ação monitória: 
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que 
afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título 
executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: 
(...) 
O NCPC avançou muito em relação ao CPC/73. No código antigo, o 
cabimento da ação monitória se restringia a obrigações de pagar e obrigações de 
dar coisa, desde que a coisa fosse fungível. O legislador de 2015 ampliou o 
cabimento, de modo que a ação monitória poderá ser proposta por aquele que tem 
uma prova escrita sem eficácia executiva, consignando na prova qualquer tipo de 
obrigação, podendo ser de pagar, dar (fungível ou infungível), fazer ou não fazer. 
Se o credor dispõe de título executivo, deverá ajuizar a ação de execução. Se 
o título executivo é judicial, significa dizer que ele já passou por uma fase de 
conhecimento. Se ele tem título executivo extrajudicial, poderá desde logo 
ingressar com ação de execução. 
Portanto, para a monitória, é necessária a presença de um documento 
escrito que não seja título executivo. 
Alguns exemplos de documentos que podem instruir ações monitórias: 
Processo Civil IV 
2 
 
Um documento assinado por credor e devedor no qual o devedor reconhece 
que deve. Esse mesmo documento teria eficácia executiva se duas testemunhas 
assinassem o documento, de modo que o credor poderia ir diretamente para a 
execução. Sem as assinaturas das testemunhas há uma prova documental que 
embasa uma ação de conhecimento (monitória), mas que não pode embasar uma 
ação de execução. 
Quando se pede um cartão de crédito, geralmente o cliente preenche um 
formulário, manda para a operadora de cartão de crédito e aguarda a verificação. 
Quando a proposta é acolhida pela administradora, o cartão é mandado pelo 
correio. O documento assinado para a solicitação do cartão de crédito não é um 
título executivo, pois não é considerado um contrato. É considerado, para fins 
legais, uma proposta de solicitação, até porque muitas vezes quem pede não tem 
acolhido o seu pedido. Aquele documento pode instruir ação monitória, pois é uma 
prova escrita. 
Outro exemplo é a troca de e-mails, pois pode ficar delimitada a obrigação 
de dar e a obrigação de pagar. 
No caso de conversas no Whatsapp há prova eletrônica. Não se pode pura e 
simplesmente imprimir os prints do Whatsapp e usar como prova. Pode, contudo, 
levar o celular para um tabelião no cartório, a fim de que ele lavre uma ata 
notarial, que é um documento escrito, no qual há, inclusive, presunção de 
veracidade, por conta da fé pública do tabelião. O tabelião afirmará que, analisando 
um aparelho de celular iPhone, visualizou o Whatsapp e pôde constatar a 
ocorrência de conversa nos determinados dias e horários. Assim, a conversa no 
Whatsapp foi transformada em prova documental. 
A SKY pode cobrar com base na fatura mensal, que é prova escrita 
ensejadora de ação monitória. 
Cheque prescrito pode instruir monitória, pois o valor que consta no cheque 
não deixou de ser devido. 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
3 
 
AULA 2 – 08/02/2017 
AÇÃO MONITÓRIA A partir do art. 700, CPC 
Diante do rito especial, é possível a constituição do título executivo de uma 
forma muito mais rápida do que acontece se fosse ajuizada ação de cobrança, que 
seguiria o rito comum. 
A lei prevê que o juiz, ao receber a petição inicial, se estiver convencido do 
documento escrito apresentado pelo requerente, existe a possibilidade de 
deferimento de mandado imediato de pagamento. Trata-se, portanto, de 
acolhimento da petição inicial com a determinação de um mandado de injunção, 
para que o réu pague, entregue, faça ou deixe de fazer, dependendo do tipo de 
obrigação. 
Dentro dessa perspectiva, se o réu, uma vez citado, pagar, fizer, deixar de 
fazer ou entregar a coisa objeto do litígio, a pretensão do autor já estará satisfeita, 
sem que haja a necessidade de passar por todo o procedimento. 
A ação monitória é extremamente vantajosa, porque com base em prova 
escrita apresentada pelo autor, antes mesmo do réu se manifestar, já há a 
possibilidade de mandado de injunção. 
A escolha entre a ação monitória e a ação de cobrança pelo rito comum 
compete ao autor, pois o autor pode optar pela propositura de ação de rito comum. 
É uma ação de conhecimento que possui procedimento mais célere que o 
procedimento comum estudado anteriormente. 
O art. 700 aduz: 
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que 
afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título 
executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: 
I - o pagamento de quantia em dinheiro; 
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou 
imóvel; 
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
A ação monitória com base no NCPC tem cabimento bem mais amplo do que 
com base no CPC/73. 
Cabe ação monitória, por exemplo, se o cheque estiver prescrito. Se o prazo 
de 6 meses vencer, a dívida continua existindo, mas não pode ser objeto de 
Processo Civil IV 
4 
 
cobrança via execução. Portanto, há o dever de pagar e prova escrita. Essa prova 
escrita goza de liquidez, exigibilidade e há como identificar quem é credor e quem 
é devedor. 
Legitimidade 
O legitimado ativo é um suposto credor, que seja portador de uma prova 
escrita sem eficácia executiva. 
É possível a formação de um litisconsórcio entre credores? Sim, se todos 
estiverem constantes na prova escrita. 
No tocante à legitimidade passiva, o caput do art. 700 exige que o devedor 
seja capaz. A legitimidade passiva, portanto, para a ação monitória é restrita a 
devedores capazes. Incapazes, apesar de devedores, não podem ser réus na ação 
monitória. 
Como o mandado expedido na ação monitória é para pagamento, entrega, 
fazer ou desfazer algo, o incapaz não pode agir por conta própria dessa forma, 
dependendo de representação ou assistência. 
Não há expedição de mandado para comparecimento em audiência de 
conciliação. Na monitória o mandado é injuntivo e o incapaz não tem condições de, 
por iniciativa própria, agir de tal maneira. 
Injunção 
substantivo feminino 
1. ato de injungir, de ordenar expressamente uma coisa; ordem 
precisa e formal. 
2. influência coercitiva de leis, regras, costumes ou circunstâncias; 
imposição, exigência, pressão. 
Com base na prova escrita apresentada pelo autor, o juiz está convencido de 
que o autor tem que cumprir o requerido. Isso equivale a uma tutela de evidência. 
Por uma questão de eficácia do mandado injuntivo, as ações monitórias 
somente podem ser propostas contra devedores capazes. 
 A lei fala devedor capaz, mas não se deve ter a impressão de que oréu da 
ação monitória necessariamente tem que ser uma pessoa física. Se for pessoa física, 
tem que ser capaz, mas não significa dizer que pessoas jurídicas não possam ser 
rés em ações monitórias. Portanto, pessoa jurídica e fazenda pública podem ser rés 
de ações monitórias. 
O principal requisito para a propositura de ação rescisória é a presença de 
uma prova escrita sem eficácia executiva, na qual conste uma obrigação de pagar, 
fazer, não fazer ou dar. 
Processo Civil IV 
5 
 
É possível que na mesma prova escrita constem duas ou mais obrigações, 
inclusive de naturezas diferentes. Em uma só prova escrita podem constar, por 
exemplo, uma obrigação de fazer e uma obrigação de não fazer. Nesse caso, não 
haverá a necessidade de propositura de duas ações monitórias, poderá ser 
proposta somente uma monitória e serão expedidos dois mandados: um para cada 
obrigação constante na mesma prova escrita. 
Se forem duas provas escritas contra a mesma pessoa (mesmo credor e 
mesmo devedor), por exemplo, também poderá ser proposta somente uma 
monitória. 
Ações monitórias não podem ser ajuizadas nos juizados especiais cíveis, 
pois seriam dois procedimentos especiais. 
Se quiser demandar no juizado especial cível, deverá respeitar o 
procedimento do JEC: citação para audiência de conciliação e assim por diante. 
O art. 700, §1º aduz o seguinte: 
§ 1o A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, 
produzida antecipadamente nos termos do art. 381. 
Bruna pediu dinheiro emprestado a Michel e duas testemunhas 
presenciaram o ato. Se Michel ajuizar uma ação monitória cobrando o dinheiro 
emprestado e pura e simplesmente arrolar as testemunhas, a inicial será 
indeferida liminarmente, em razão da ausência de prova escrita, pois Michel quer 
produzir provas para embasar o que alegou, de modo que somente caberá o rito 
comum ou dos juizados. 
O §1º permite que Michel entre com uma produção antecipada de provas, 
pedindo para ouvir as testemunhas. As testemunhas prestam seus depoimentos, 
confirmando que houve a negociação e, com base nesse documento, Michel poderá 
seguir com uma ação monitória. 
Da mesma forma é possível que um tabelião lavre uma ata notarial com os 
depoimentos das testemunhas. A prova era inicialmente oral e foi lavrada em 
prova escrita. 
Pode-se produzir prova antecipadamente e, com base nela, seguir com a 
ação de rito especial. 
A prova será, num primeiro momento, suficiente para a expedição do 
mandado de injunção. 
No CPC/73, para pedir produção antecipada de provas, era necessário 
provar a urgência. Contudo, no NCPC pode produzir antecipadamente qualquer 
prova a qualquer título. 
Processo Civil IV 
6 
 
Inclusive, a produção antecipada de provas pode ser um instrumento para 
forçar uma conciliação. 
O mandado de injunção diz: pague, faça, não faça ou dê em 15 dias, ou 
embargue a monitória. O “embargue a monitória” equivale a uma contestação. Os 
embargos têm efeito suspensivo. 
O mandado que vai ser expedido é de pagamento, fazer, não fazer ou dar ou 
embargar. Portanto, o devedor tem duas alternativas: ou cumpre o mandado ou se 
opõe à monitória com os embargos. Se ele cumpre o mandado, acabou a ação 
porque a obrigação foi cumprida. Se ele não cumpre o mandado e opta por 
embargar, esses embargos têm efeito suspensivo, suspendendo a eficácia do 
mandado injuntivo, de modo que a ação monitória que estava correndo no rito 
especial, vira uma ação de rito comum. Quando o réu embarga a monitória, a 
celeridade é perdida, pois vira uma ação de rito comum. 
Se o réu não embarga a monitória e não cumpre o mandado, a decisão 
inicial que determinou o processamento da monitória com a expedição do 
mandado é suficiente para constituir um título executivo, tanto que a lei aduz que 
cabe ação rescisória da decisão inaugural que acolhe o processamento da ação. 
Se o réu embarga a monitória ele está dizendo para o juiz que a prova 
escrita não tem condições de virar título executivo. O réu tem a oportunidade, 
através de todas as provas admitidas, provar que não tem obrigação com o autor. 
A ação é proposta como monitória, na petição inicial, sinalizando para o juiz 
que é uma demanda de conhecimento de rito especial, mas o juiz pode ou não se 
convencer disso. Se o juiz não se convencer de que a prova escrita não pode 
embasar uma ação monitória (se ele entender que aquela prova não é um 
documento hábil e confiável para uma monitória), o juiz intimará o autor para que 
ele adapte a petição inicial para o procedimento comum. 
Se o juiz não se convencer, ele deverá oportunizar o autor a transformar a 
ação monitória em ação comum. Se o autor optar por não emendar a inicial, ele 
extinguirá a ação monitória. 
§ 5o Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental 
apresentada pelo autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo, 
emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento comum. 
Há três níveis de prova escrita: 1) prova escrita com eficácia executiva, 
executável, 2) prova escrita sem eficácia executiva, digna de monitória, 3) prova 
escrita somente para ação de conhecimento comum. 
§ 2o Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o 
caso: 
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; 
Processo Civil IV 
7 
 
II - o valor atual da coisa reclamada; 
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito 
econômico perseguido. 
A memória de cálculo é semelhante ao que se faz em ação de execução. 
O conteúdo patrimonial é nas hipóteses de ação de fazer ou não fazer. Por 
exemplo, contratou uma empreiteira para fazer um muro e ela não fez, deverá 
explicitar quanto custaria o muro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
8 
 
AULA 3 – 13/02/2017 
AÇÃO MONITÓRIA A partir do art. 700, CPC 
Na ação monitória deverá ser instruída uma cópia ou o documento original 
escrito sem força executiva. É o documento escrito que garante que o autor tenha a 
possibilidade de demandar perante o procedimento especial da ação monitória. 
O §2º do art. 700 prevê que a petição inicial da monitória deverá constar a 
importância devida, com a memória de cálculo (semelhante ao que acontece com a 
demanda de execução) e, se se tratar de obrigações específicas, o autor deve 
demonstrar o valor atual da coisa demandada (obrigação de dar) e o conteúdo 
atual em discussão (obrigações de fazer ou não fazer). 
Se o juiz verificar que o documento apresentado pelo autor não tem 
credibilidade, ele pode determinar que o autor promova a emenda da petição 
inicial, a fim de adequá-la ao procedimento comum. 
Ao despachar inaugurando a monitória, o juiz deverá determinar a 
expedição do mandado injuntivo, que é o mandado de pagamento, fazer, não fazer 
ou entrega. Além disso, ao despachar a inicial, o juiz deverá determinar os 
honorários advocatícios, de acordo com o art. 701: 
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a 
expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para 
execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao 
réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento 
de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à 
causa. 
A monitória nada mais é do que uma tutela de evidência. 
O CPC/73 determinava que se o réu pagasse a dívida no prazo de 15 dias, 
ficaria isento do pagamento de honorários e custas processuais. O NCPC manteve a 
isenção do pagamento de custas (art. 701, §1º), contudo, estabeleceu o pagamento 
de honorários em 5% do proveito econômico que está sendo buscado pelo autor. 
É vantajoso para o advogadoque ele celebre contrato com o cliente, 
estabelecendo honorários de êxito, pois o advogado receberá do cliente e o 
advogado será remunerado através de honorários de sucumbência pagos pelo réu 
e dos honorários compactuados com o cliente. 
Petição inicial distribuída, o juiz fará a análise prévia. Se o juiz se convencer 
da prova apresentada pelo autor, determinará a expedição do mandado de 
injunção. 
Processo Civil IV 
9 
 
O réu, ao invés de dar cumprimento ao mandado injuntivo, pode pretender 
se opor à ação monitória, perdendo, assim, os benefícios estabelecidos na lei 
(isenção de custas e honorários em 5%). 
A defesa que o réu pode apresentar na ação monitória é chamada de 
embargos monitórios. O prazo para apresentação dos embargos monitórios é de 15 
dias. 
Os embargos monitórios não dependem de penhora para serem 
apresentados. Não há a necessidade de garantia patrimonial para apresentar os 
embargos e, ainda assim, os embargos monitórios terão o condão de suspender o 
mandado injuntivo. 
Os embargos à execução têm natureza de ação de conhecimento incidental, 
enquanto os embargos monitórios equivalem a uma contestação. As matérias de 
defesa que um devedor pode apresentar em uma ação de rito comum poderão ser 
inseridas nos embargos monitórios. 
A manifestação do autor aos embargos monitórios é equivalente à réplica, é 
chamada de impugnação aos embargos monitórios. 
Os 15 dias para pagamento serão contados de forma corrida, porque é prazo 
para satisfação do direito material. O prazo para apresentação dos embargos 
monitórios será contado em dias úteis, porque é prazo processual. 
Se o réu não cumprir o mandado de injunção e não apresentar embargos à 
execução, a decisão que determinou a expedição do mandado vira título executivo 
e, sabendo que o processo é sincrético, segue-se para a execução, expedindo o 
mandado de pagamento, penhora e possível expropriação. 
Art. 701, § 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo 
judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não 
realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos 
no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da 
Parte Especial. 
Se seguir para a etapa de execução, ao apresentar impugnação à execução, o 
réu somente poderá alegar as matérias restritas à impugnação à execução. 
Imagine que o réu ofereceu os embargos monitórios, portanto, os embargos 
monitórios suspendem a eficácia do mandado injuntivo e transformam o rito 
especial em rito comum. Haverá a possibilidade de audiência de saneamento, 
instrução processual... Muitas vezes o réu alega que a assinatura que está no 
documento não é sua, então deve abrir para exame grafotécnico. 
Terminada a instrução processual, será prolatada sentença. 
Processo Civil IV 
10 
 
Se o réu não apresentar embargos, a tutela de evidência vira tutela 
executiva. Se houver embargos monitórios a ação monitória se transforma em 
procedimento comum, a fim de que o juiz prolate sentença e essa sentença será 
título executivo judicial. 
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu 
poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701, 
embargos à ação monitória. 
§ 1o Os embargos podem se fundar em matéria passível de 
alegação como defesa no procedimento comum. 
§ 2o Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à 
devida, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende 
correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado 
da dívida. 
§ 3o Não apontado o valor correto ou não apresentado o 
demonstrativo, os embargos serão liminarmente rejeitados, se 
esse for o seu único fundamento, e, se houver outro fundamento, 
os embargos serão processados, mas o juiz deixará de examinar a 
alegação de excesso. 
§ 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão 
referida no caput do art. 701 até o julgamento em primeiro grau. 
§ 5o O autor será intimado para responder aos embargos no prazo 
de 15 (quinze) dias. 
§ 6o Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o 
oferecimento de reconvenção à reconvenção. 
§ 7o A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, 
se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo 
judicial em relação à parcela incontroversa. 
§ 8o Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o 
título executivo judicial, prosseguindo-se o processo em 
observância ao disposto no Título II do Livro I da Parte Especial, 
no que for cabível. 
§ 9o Cabe apelação contra a sentença que acolhe ou rejeita os 
embargos. 
§ 10. O juiz condenará o autor de ação monitória proposta 
indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de 
multa de até dez por cento sobre o valor da causa. 
§ 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser embargos à ação 
monitória ao pagamento de multa de até dez por cento sobre o 
valor atribuído à causa, em favor do autor. 
Se houver o oferecimento de embargos monitórios, transforma-se em 
procedimento comum, que será finalizado com a prolação de sentença e, 
evidentemente, o recurso cabível é a apelação. 
Há uma dúvida que ainda não foi efetivamente respondida pela doutrina: a 
sentença que julga a ação monitória é recorrível por apelação. O recurso de 
apelação, em regra, é recebido no efeito suspensivo, o que impede a instalação do 
módulo executivo. Contudo, o art. 1.012 (artigo que trata da apelação) prevê que 
naqueles incisos do 1.012 eventual apelação não terá efeito suspensivo, permitindo 
eventual execução provisória. 
Processo Civil IV 
11 
 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir 
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: 
III - extingue sem resolução do mérito ou julga 
improcedentes os embargos do executado; 
Esse inciso III não pode ser interpretado de maneira ampla, em outras 
palavras, não se pode imaginar que porque os embargos à execução, quando 
julgados improcedentes, atacados pela apelação, tal recurso não terá efeito 
suspensivo, isso não se aplicará aos embargos monitórios. Nota-se que não há 
previsão específica para os embargos monitórios. 
Entretanto, o § que enumera os incisos aduz: além de outras hipóteses 
previstas em lei. A redação do § provoca problemas, porque essa afirmação deixa 
claro que o rol não é taxativo. 
Remete-se o leitor aos artigos da ação monitória, em especial o art. 702, §4º, 
que prevê o seguinte: 
§ 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão 
referida no caput do art. 701 até o julgamento em primeiro grau. 
Pode-se defender que uma eventual apelação contra a sentença dos 
embargos monitórios não teria efeito suspensivo, pois o § supramencionado aduz 
que será suspensa a eficácia da decisão até o julgamento em 1º grau. 
Outro ramo da doutrina sustenta o contrário, pois uma vez julgado, é 
preciso aguardar os 15 dias da apelação, lembrando que a sentença nasce com 
condição de suspensividade. Se interposta a apelação, para esse entendimento, 
continua o efeito suspensivo. 
Decisões interlocutórias deverão ser impugnadas ou em preliminar da 
apelação, ou via agravo de instrumento, de acordo com o cabimento do art. 1.015. 
Eventuais decisões omissas, contraditórias, obscuras ou com erro material 
deverão ser impugnadas por embargos de declaração. 
Ação monitória e a Fazenda Pública 
Quando a fazenda é devedora de obrigações de fazer, não fazer ou dar, o 
procedimento executivo contra ela será igual ao contra particulares. Em 
obrigações de pagar, há a necessidade de um procedimento de conhecimento 
prévio, com a sua condenação e o pagamento será por precatório. 
A fazenda pode ser devedora de títuloextrajudicial e o pagamento será por 
precatório também. 
Processo Civil IV 
12 
 
Como pode a ação monitória, que é ação de conhecimento, ser proposta 
contra a fazenda pública se ainda não há contra ela um título executivo? 
Pode se impor à fazenda pública pagar algo em 15 dias, se o precatório leva 
1 ano? Pode. A fazenda pública pode pagar o que deve voluntariamente. 
Art. 700, § 6o É admissível ação monitória em face da Fazenda 
Pública. 
Para a fazenda pública cumprir com as suas obrigações, ela não precisa ser 
condenada a pagar. Ora, se a fazenda é demandada em uma ação monitória e 
entende que deve pagar, ela pode pagar. Somente se necessita de precatório 
quando há condenação. Se a fazenda não pagou a conta de energia de um órgão 
público, ela pode pagar, se perceber que está errada, assim como pode optar por 
oferecer embargos monitórios. 
Se a fazenda opta por apresentar embargos monitórios, haverá a 
necessidade de uma sentença condenatória lhe impondo uma obrigação. 
Art. 701, § 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os 
embargos previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 
496, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I 
da Parte Especial. 
Esse § faz referência à remessa necessária, disposta no art. 496. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
13 
 
AULA 4 – 15/02/2017 
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS Lei 9.099/95 
Como é cediço, a Lei nº 9.099/95 regulamenta o procedimento sumaríssimo 
nos Juizados Especiais Cíveis. Além dos JECs, existem os Juizados Fazendários: 
Fazendas Públicas Federais, Estaduais e Municipais. Esses juizados fazendários são 
regulamentados por outras duas leis, posteriores à 9.099/95. 
Essas três leis dos juizados especiais compõem um sistema à parte do 
regulamentado no CPC, de modo que as ações tramitadas nos juizados, as leis que 
deverão ser aplicadas prioritariamente são as específicas e, em caso de omissão 
legislativa, o CPC poderá ser utilizado de maneira subsidiária. 
A expressão juizado de pequenas causas não é correta e deve ser evitada 
porque dá a falsa impressão de que as causas que tramitam nos juizados são de 
pouca importância. 
As ações que são de competência dos JECs não são pequenas ações, são 
somente ações com menor complexidade, que não dependem de ampla instrução 
processual, podendo ser resolvidas com uma instrução processual mais limitada, 
diferentemente do que acontece com as ações que tramitam pelo procedimento 
comum. 
A instrução processual do rito sumaríssimo é mais enxuta, dada a menor 
complexidade daquela causa. 
Além disso, somente ações cujo proveito econômico pretendido seja de até 
40 salários mínimos são de competência dos JECs. 
Princípios que regem os JECs: 
Os princípios informativos do procedimento sumaríssimo dos JECs estão 
previstos nos artigos 1º e 2º da Lei nº 9.099/95. 
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça 
Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos 
Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, 
julgamento e execução, nas causas de sua competência. 
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, 
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, 
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. 
É princípio fundamental dos juizados a conciliação, vez que a tentativa de 
conciliação é obrigatória. No procedimento sumaríssimo dos juizados, desde 1995 
Processo Civil IV 
14 
 
(quando foi promulgada a lei), cita-se o réu para comparecimento na audiência de 
conciliação. 
O NCPC, seguindo a tendência conciliadora que começou com a Lei nº 
9.099/95, alterou o procedimento comum, a fim de citar o réu para a audiência de 
conciliação. 
Essa audiência de tentativa de conciliação não pode ser realizada somente 
com o propósito de respeitar o que diz a Lei nº 9.099/95, isto é, deve-se 
demonstrar para as partes as vantagens da conciliação. 
No procedimento comum, as partes podem optar por não realizar a 
audiência de conciliação, na petição inicial e na contestação. No procedimento 
sumaríssimo, contudo, isso não é possível, as partes são obrigadas a comparecer na 
audiência de conciliação. 
No procedimento comum, se a parte não comparecer à audiência de 
conciliação, ela será multada, pois significa ato atentatório à dignidade da justiça. 
No procedimento sumaríssimo, se o autor não comparecer à audiência de 
conciliação, o processo será arquivado. A ausência do réu, por sua vez, provoca a 
sua revelia. 
O autor não pode abdicar da audiência de conciliação, porque estaria 
abdicando de um dos principais princípios dos juizados. 
Pode-se designar também a audiência UNA, que é de conciliação, instrução e 
julgamento. 
Se a audiência é só de conciliação, basta o comparecimento do réu, ao passo 
que se a audiência é UNA, o réu deve levar a contestação, sob pena de decretação 
de sua revelia. 
Através do princípio da oralidade, os principais atos do procedimento 
sumaríssimo podem ser orais. O requerimento inicial (petição inicial), por 
exemplo, pode ser oral. Se a causa tiver pretensão inferior a 20 salários mínimos, 
não há a necessidade de advogado. 
Do mesmo modo, a contestação pode ser oral, na audiência de instrução e 
julgamento. 
A economia processual é outro princípio do procedimento sumaríssimo, o 
qual deve ser visto sob duas perspectivas: 1) até o primeiro grau haverá 
gratuidade da justiça (apenas a partir do recurso é que as custas são devidas), o 
mesmo acontece com honorários, que somente serão devidos a partir do recurso; 
2) deve ser possibilitada a maior quantidade de resolução de pretensões com 
menor carga de trabalho por parte do judiciário. 
Processo Civil IV 
15 
 
Admite-se no procedimento sumaríssimo a cumulação de pedidos e de 
partes. Em uma mesma ação de rito sumaríssimo, pode o autor pleitear o 
recebimento de dano moral e dano material, sem que haja a necessidade de ajuizar 
duas ações. Quando houver cumulação de pedidos, a somatória deles não poderá 
ultrapassar 40 salários mínimos. 
Além disso, é possível cumular as partes, isto é, é permitido o litisconsórcio 
nos juizados. 
Em primeiro grau é permitida a ausência de advogado, contudo, se houver a 
necessidade de interposição de recurso ou de oferecimento de contrarrazões a um 
recurso, a parte deverá ter advogado. O ato de recorrer é técnico, pois existem 
regras da técnica recursal que somente um profissional tem conhecimento. 
No mais, a celeridade processual é um dos princípios dos JECs. 
Competência 
 Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, 
processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, 
assim consideradas: 
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário 
mínimo; 
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo 
Civil; 
III - a ação de despejo para uso próprio; 
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não 
excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 
Os juizados têm competência para promover a execução de suas decisões. O 
juizado prolator da sentença, se ela não for comprida, promove-lhe a execução. 
Promove a execução de qualquer tipo de obrigação, inclusive. 
O mesmo poder de polícia que um juiz de juizado tem, é o poder de polícia 
do juiz de uma vara cível comum. 
A competência é de causas de menor complexidade, são elas: 1) proveito 
econômico menor de 40 salários mínimos; 2) as ações do inciso II do art. 275, que 
são as ações do rito sumário (antigo CPC), o procedimento sumário atendia 
basicamente as mesmas ações do procedimentosumaríssimo, como caiu em 
desuso, esse artigo perdeu o efeito, já que o rito sumário não existe mais no NCPC; 
3) ação de despejo para uso próprio, se for para qualquer outra finalidade (por 
exemplo, comercial), não poderá ser pelo procedimento sumaríssimo; 4) ações 
possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente a 40 salários mínimos. 
Processo Civil IV 
16 
 
É possível demandar em juizado com ações cuja pretensão seja superior a 
40 salários mínimos, mas ao agir assim, o autor estará renunciando a diferença. Se 
demandar em pretensão de 50 salários mínimos, ele está abrindo mão dos 10 
salários mínimos de diferença, exceto nos casos de conciliação. Se as partes 
conciliarem a condenação aos 50 salários mínimos, o juiz poderá homologar, mas 
não poderá, contudo, decidir condenando em 50 salários mínimos. 
Em casos de multa, o montante também poderá ultrapassar os 40 salários 
mínimos. 
 Nas ações de despejo para uso próprio é irrelevante o valor do bem. O bem 
que se busca pode ser de valor superior ao de 40 salários mínimos. 
Se for ação de manutenção de posse, somente poderá tramitar pelo rito 
sumaríssimo se o bem esbulhado ou turbado for até 40 salários mínimos. 
A ação é abaixo de 40 salários mínimos, mas precisa da realização de uma 
perícia. Para tramitar em juizado, depende da complexidade da perícia. Se for uma 
perícia simples, há o entendimento de que pode tramitar em juizado. Se, contudo, 
houver a necessidade de elaboração de laudo e de trabalho complexo, não poderá 
tramitar em juizado. 
Ações monitórias não podem tramitar em juizado, porque o procedimento 
monitório é especial tanto quanto o sumaríssimo, de modo que haveria conflito de 
procedimentos. Isso não significa dizer que não se pode ajuizar no JEC ação de 
conhecimento com base em prova escrita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
17 
 
AULA 5 – 20/02/2017 
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS Lei 9.099/95 
Legitimidade ativa e passiva 
 Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta 
Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as 
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. 
O artigo diz que não poderão ser partes, quer atuando como autores ou 
como réus, os mencionados no caput do art. 8º. 
O incapaz não pode ser parte por conta dos princípios que regulamentam os 
juizados especiais: informalidade, celeridade, simplicidade... Se fosse possível que o 
incapaz demandasse nos juizados, teria que ser verificado se a representação dele 
estava adequada, o que poderia gerar um incidente em um processo que tem que 
ser célere e simples. 
Além disso, seria complicado permitir que o incapaz fosse parte por conta 
do princípio conciliador dos juizados, pois o representante teria que anuir. 
Com relação ao preso, as partes, seja o autor ou o réu, precisam comparecer 
nas audiências. A audiência da parte autora em qualquer das audiências provoca o 
arquivamento do processo, enquanto a ausência do réu provoca a revelia. Portanto, 
ficaria complicado exigir que o preso estivesse presente nas audiências, pois o 
Estado teria que arcar com custo de deslocamento do preso até a audiência e 
depois o retorno dele para o presídio, fora o risco de ele conseguir escapar. 
As pessoas jurídicas de direito público não podem ser parte porque são rés 
no procedimento sumaríssimo dos juizados fazendários. Quando se pretender 
demandar contra a união federal, a ação deverá ser ajuizada no juizado fazendário. 
O mesmo vale para os estados e os municípios. 
Com relação à massa falida e o insolvente civil, a justificativa é de que em 
ambos os casos existe procedimento próprio, tanto para decretação de falência, 
quanto para decretação de insolvência civil. Portanto, sabendo que já são 
procedimentos especiais, não poderão ser feitos nos juizados, pois entrariam em 
conflito com o procedimento especial da Lei nº 9.099/95. 
Somente poderá ser autor: 
§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado 
Especial: 
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito 
de pessoas jurídicas; 
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores 
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na 
forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; 
Processo Civil IV 
18 
 
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da 
Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, 
de 23 de março de 1999; 
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos 
do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. 
Quanto ao réu, somente há restrições daqueles arrolados no caput, ou seja, 
não há o menor problema demandar contra grandes empresas, por exemplo. 
A Lei nº 9.099/95 permite a formação de litisconsórcio, seja ele necessário 
ou facultativo. 
A Lei nº 9.099/95 não permite intervenção de terceiros, em suas diversas 
modalidades. 
 Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de 
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o 
litisconsórcio. 
A Lei nº 9.099/95 veda a intervenção de terceiros, ocorre que o NCPC 
permite em sede de juizado o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica. Como o NCPC é posterior à Lei nº 9.099/95 e foi o NCPC quem trouxe essa 
nova modalidade de intervenção de terceiros, hoje não é mais correto se dizer que 
não cabe modalidade alguma de intervenção de terceiros, vez que é admitida uma 
modalidade de intervenção: o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica. 
Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados 
especiais. 
Isso faz muito sentido, uma vez que o grande cliente dos juizados é o 
consumidor. 
Um dos princípios informativos dos JECs é o da informalidade, ao lado da 
simplicidade, celeridade, economia. Portanto, tendo em vista a informalidade, a Lei 
nº 9.099/95 permite que o pedido inicial seja apresentado oralmente, bastando 
que o autor se dirija a um juizado e lá relate os fatos que justificariam a instauração 
de uma demanda. 
É possível, contudo, que o autor apresente pedido por escrito, 
evidentemente sem os rigores de uma petição inicial, nos moldes do CPC. 
O art. 14 da Lei nº 9.099/95 reforça a ideia da informalidade e simplicidade: 
 Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, 
escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. 
 § 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem 
acessível: 
Processo Civil IV 
19 
 
 I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; 
 II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; 
 III - o objeto e seu valor. 
É possível que o titular do direito passe uma procuração para outra pessoa 
contratar um advogado, a fim de que este advogado promova uma demanda no 
nome do titular. 
Aspectos procedimentais 
Apresentado o requerimento inicial (oral ou escrito), o juiz determinará que 
se promova a citação do réu para comparecimento na audiência de conciliação ou 
na audiência UNA (conciliação, instrução e julgamento). 
Se as partes resolverem conciliar, lavra-se no termo de audiência o acordo 
celebrado e este será homologado por sentença. Se no acordo estiver constante 
obrigação de fazer, não fazer, dar ou pagar, virou um título judicial e o autor 
poderá requerer sua execução em caso de descumprimento. 
Se as partes não transigirem na audiência de conciliação, deverá ser 
designada nova data para audiência de instrução e julgamento. 
Na audiência de conciliação não há a necessidade de oferecimento da 
contestação. 
Nem todo juizadofraciona as audiências, existem juizados que optam pela 
realização de audiências UNAS, que serão de conciliação, instrução e julgamento. 
Se for UNA a audiência, deve-se apresentar a contestação (protocolar no 
sistema até antes da audiência), a menos que a parte queira fazer contestação oral. 
No procedimento sumaríssimo dos juizados não cabe reconvenção, mas 
cabe o chamado pedido contraposto. Essa discussão fica prejudicada no NCPC, 
porque no CPC/73 a contestação era apresentada em uma peça e a reconvenção 
em outra, contudo, no NCPC podem ser apresentadas conjuntamente a contestação 
e a reconvenção. 
O pedido contraposto deve ficar limitado ao teto de 40 salários mínimos. 
Não raro as sentenças são prolatadas em audiência de instrução e 
julgamento. Se a sentença for prolatada na audiência, todos estarão intimados no 
ato e o prazo começa a contar no dia seguinte à realização da audiência. 
As sentenças eletrônicas gerarão intimações eletrônicas. 
Há prazo para abertura do arquivo eletrônico de intimação, sob pena de 
considerar intimado o advogado que não abriu o arquivo. 
Processo Civil IV 
20 
 
Contra a sentença prolatada em juizado especial cível cabe embargos de 
declaração, no prazo de 5 dias. 
A Lei nº 9.099/95 previa que os embargos de declaração tinham efeito 
suspensivo do prazo nos JECs, e não interruptivo. Antigamente acontecia de 
apresentar os ED no 5º dia, suspendia o prazo de 10 para apresentação dos 
embargos, prolatada a decisão que julgou os ED, restava somente os 5 dias do resto 
do prazo de 10 dias para o recurso inominado. 
O NCPC determina que os embargos de declaração terão efeito interruptivo 
nos JECs. 
Art. 1.065. O art. 50 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) 
“Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a 
interposição de recurso.” (NR) 
Quando os ED forem julgados, serão novos 10 dias para que o recurso 
inominado seja interposto. 
Os juizados adotam a contagem dos prazos processuais em dias corridos. 
O recurso cabível contra sentenças prolatadas nos juizados tem algumas 
peculiaridades e não pode ser confundido com o recurso de apelação. 
O recurso inominado tem prazo de 10 dias. 
Quem tem competência para julgar o recurso inominado são as turmas 
recursais dos juizados, compostas por juízes de primeiro grau, que continuam 
respondendo por suas varas e respondem pela turma recursal dos juizados. 
No recurso inominado, há a possibilidade de recolher as custas processuais 
no prazo de até 48h após a interposição do recurso. 
O único recurso cabível contra o acórdão que julga o recurso inominado é o 
recurso extraordinário, eis a razão: 
O art. 102, III, que trata do recurso extraordinário, aduz o seguinte: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas 
em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
Por sua vez, o art. 105, III, que trata do recurso especial, leciona: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
Processo Civil IV 
21 
 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou 
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos 
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a 
decisão recorrida: 
Nota-se que o inciso que trata do recurso especial fala que caberá especial 
contra decisões de tribunais, enquanto no art. 102, III, não há a necessidade da 
decisão ser oriunda de tribunal, e a turma recursal não é tribunal, portanto, caberá 
somente recurso extraordinário contra o acórdão que julgar o recurso inominado. 
Por fim, o juizado tem competência para executar suas decisões e o 
procedimento será igual ao procedimento de execução comum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
22 
 
AULA 6 – 22/02/2017 
JUIZADOS FAZENDÁRIOS Leis nº 10.259 e 12.153 
Duas leis regulamentam o procedimento sumaríssimo dos juizados das 
fazendas públicas: Lei nº 10.259 e Lei nº 12.153. A Lei nº 10.259 regulamenta os 
juizados da fazenda federal, enquanto a Lei nº 12.153 regulamenta os juizados 
fazendários estaduais e municipais. 
Em ambos os casos, seja no juizado da fazenda federal, seja no juizado das 
fazendas estaduais e municipais, será aplicada subsidiariamente, a Lei nº 9.099/95. 
Naquilo que não estiver regulamentado pelas duas leis dos juizados fazendários, 
aplica-se subsidiariamente a Lei dos Juizados Especiais Cíveis. 
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da 
Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta 
Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
Os mesmos princípios estudados na Lei nº 9.099/95 serão aplicados aos 
juizados fazendários: celeridade, simplicidade, informalidade, conciliação. 
A conciliação é plenamente viável nas demandas contra o poder público, 
pois ambas as leis claramente têm dispositivos voltados à conciliação. Deve-se 
verificar se a conciliação é vantajosa para o poder público e, caso positivo, não há 
óbice para realizar a conciliação. 
A advocacia geral da união tem uma série de instruções que são inerentes a 
determinadas demandas, colocando requisitos para algumas demandas e, se o 
sujeito se encaixar naqueles requisitos, a própria união apresenta acordo. 
Na Lei nº 9.099/95 há o princípio da opcionalidade, vez que o autor pode 
escolher pelo procedimento sumaríssimo ou por outros procedimentos, dentre 
eles, o comum. Em se tratando dos juizados fazendários, inexiste essa opção. A 
competência dos juizados fazendários é absoluta em ações de até 60 salários 
mínimos. Qualquer ação contra união, estados e municípios, se o valor pretendido 
for até 60 salários mínimos, serão de competência de juizados fazendários. 
Quando não existir juizado fazendário na comarca, o demandante deverá 
buscar o juizado fazendário mais próximo e ali apresentar o seu requerimento. 
O art. 3º, §3º da Lei nº 10.259 aduz: 
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua 
competência é absoluta. 
O art. 2º, §4º da Lei 12.153 aduz: 
Processo Civil IV 
23 
 
§ 4o No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda 
Pública, a sua competência é absoluta. 
Portanto, ambas as leis afastam o princípio da opcionalidade nos juizados 
fazendários. 
Além disso, o art. 20 da Lei nº 10.259 sustenta: 
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser 
proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro 
definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual. 
Competência 
A competência do juizado fazendário federal está no art. 3º da Lei nº 
10.259: 
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, 
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o 
valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas 
sentenças. 
Tem competência para conciliar, processar, julgar e executar. 
Demandas com valores superiores a 60 salários mínimos poderão ser 
ajuizadas nos juizados federais, mas a diferença do montante será renunciada. 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as 
causas: 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, 
as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão 
e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade 
administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos; 
II -sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas 
federais; 
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo 
federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento 
fiscal; 
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão 
imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares 
aplicadas a militares. 
Segundo o inciso I, não competirá aos juizados fazendários julgar: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
Processo Civil IV 
24 
 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional 
e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; 
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
Ações envolvendo estados estrangeiros ou organismos internacionais e 
municípios ou pessoas residentes no Brasil são de competência privativa das varas 
federais. 
Imagine que o Brasil firmou um tratado com a Inglaterra para transferência 
de conhecimento científico tecnológico. Se esse contrato não for cumprido, 
somente poderá tramitar o processo na vara federal. 
Finalmente, o inciso XI aduz que as ações que envolvam disputa sobre 
direitos indígenas não são de competência dos juizados fazendários. Nesse caso, 
não se fala de questões de direitos individuais de indígenas, mas em questões de 
direito coletivo de indígenas, será de competência privativa de varas federais. 
Não poderão tramitar nos juizados fazendários as ações de mandado de 
segurança (Lei nº 12.016). O mandado de segurança já possui um procedimento 
especial, o qual é totalmente conflitante com o procedimento especial nos juizados 
fazendários. Não existe em mandado de segurança audiência de conciliação, 
instrução processual, por exemplo. 
Não raro, são impetrados mandados de segurança contra decisões 
interlocutórias tomadas no procedimento sumaríssimo. Esse caso é diferente, 
porque o objeto do mandado de segurança não é o objeto principal da demanda. O 
mandado de segurança estará sendo utilizado como sucedâneo recursal, diante do 
fato de que decisões interlocutórias em juizados especiais cíveis são irrecorríveis. 
Nos juizados fazendários, as decisões interlocutórias podem ser objeto de 
recurso inominado. 
Um mandado de segurança originário não é de competência de juizado 
fazendário, o que pode acontecer é a necessidade de impetração de mandado de 
segurança contra decisão tomada por um magistrado que tem sua função atrelada 
a um juizado. Há um processo em curso, uma decisão irrecorrível e o mandado de 
segurança é usado como sucedâneo recursal. 
Ações de desapropriação possuem rito próprio e complexo, incompatível 
com a celeridade dos juizados especiais. O mesmo vale para as ações de 
demarcação de terras, constante no inciso II. 
Em ações de juizados fazendários, só quem pode ser réu é a administração 
pública. Nas execuções fiscais, a administração pública é a exequente credora, 
portanto, não podem tramitar nos juizados as execuções fiscais. 
Processo Civil IV 
25 
 
As ações de improbidade administrativa possuem procedimento especial. 
Um dos principais legitimados ativos para a ação civil pública é o MP, ao 
lado da defensoria. As ações civis públicas são regulamentadas por lei específica, 
tendo um procedimento específico. 
A competência dos juizados estaduais e municipais tem previsão no art. 2º 
da Lei nº 12.153: 
Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda 
Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até 
o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial da 
Fazenda Pública: 
I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de 
divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, 
execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses 
difusos e coletivos; 
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, 
Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles 
vinculadas; 
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de 
demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções 
disciplinares aplicadas a militares. 
O §1º, I, do art. 2º da Lei nº 12.153 repete o da Lei nº 10.259, exceto no que 
tange aos incisos do art. 109 da CF, por uma razão clara: o art. 109 fala da 
competência federal. 
Legitimidade 
O art. 6º da Lei nº 10.259 sustenta: 
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: 
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e 
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei no 9.317, de 5 
de dezembro de 1996; 
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas 
federais. 
As sociedades de economia mista deverão ser demandas em juizados 
especiais cíveis, porque seu regime jurídico é de direito privado. 
O art. 5º da Lei nº 12.153 aduz: 
Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública: 
Processo Civil IV 
26 
 
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e 
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar 
no 123, de 14 de dezembro de 2006; 
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os 
Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas 
a eles vinculadas. 
Para demandar contra o Banco do Brasil, essa ação não é de competência de 
juizado federal, portanto, deverá ser ajuizada em juizado especial cível, porque o 
BB é uma sociedade de economia mista. 
A Caixa Econômica é uma autarquia federal, portanto, deverá ser 
demandada nos juizados fazendários. 
Para demandar contra a UFPA, a competência é dos juizados fazendários. 
As Leis dos juizados fazendários não falam sobre o teto para os autores sem 
advogado, portanto, pode-se entender pela aplicação subsidiária de 20 salários 
mínimos sem advogado e 60 salários mínimos com advogado. 
Aspectos procedimentais 
Nos juizados fazendários não há o benefício do prazo dobrado para o 
Estado. 
Lei nº 10.259, art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática 
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito 
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação 
para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência 
mínima de trinta dias. 
Lei nº 12.153, art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática 
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito 
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação 
para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência 
mínima de 30 (trinta) dias. 
Em ações de juizados fazendários, não há remessa necessária em hipótese 
alguma, uma vez que o teto do juizado sequer chega ao valor necessário para a 
ocorrência da remessa necessária prevista no art. 496, CPC. Portanto, ou as 
fazendas recorrem pelo recurso inominado, ou as decisões transitam em julgado e 
seguem para a execução. 
Lei nº 10.259, art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá 
reexame necessário. 
Lei nº 12.152, art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá 
reexame necessário. 
Processo Civil IV 
27 
 
As audiências podem ser de conciliação ou UNAS. 
A defesa deverá ser apresentada de igual modo aos juizados especiais cíveis. 
O juiz do juizado fazendário (seja federal, estadual ou municipal) pode ver a 
necessidade da concessão de tutela de urgência, a qual poderá ser concedida de 
ofício ou mediante requerimento da parte interessada. Serão deferidas por 
intermédio de decisões interlocutórias. 
Decisões interlocutórias em juizados especiaiscíveis são decisões 
irrecorríveis. Nos juizados fazendários, entretanto, são recorríveis as decisões 
interlocutórias que concederem tutelas de urgência, dessa forma, utiliza-se o 
recurso inominado. Lei nº 10.259: 
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, 
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano 
de difícil reparação. 
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso 
de sentença definitiva. 
Portanto, não é toda interlocutória que pode ser objeto de inominado, 
somente as que tratarem de tutela de urgência nos juizados fazendários. 
Decisões interlocutórias no curso de ações que tramitem em juizados 
fazendários não são recorríveis, contudo, se a decisão interlocutória for concessiva 
de tutela de urgência, caberá recurso inominado. 
Cabe embargos de declaração contra decisões interlocutórias em juizados. 
O pedido de reconsideração pode ser utilizado, mas não é recurso e, por 
isso, não tem a eficácia de impedir a preclusão, portanto, o prazo continuará 
correndo. O correto é entrar com o inominado e, com base no inominado, tentar 
conversar com o juiz. Só o pedido de reconsideração é deveras perigoso, porque 
não há nada que assegure que o magistrado vai mudar de ideia e o prazo 
continuará correndo. 
Uma decisão que julgue o juizado absolutamente incompetente também é 
recorrível por recurso inominado, porque é uma sentença sem resolução de 
mérito. 
O art. 489 do CPC exige que as decisões sejam fundamentadas. Esse artigo 
se aplica aos juizados ou há incompatibilidade com a simplicidade dos juizados? 
Obviamente que sim, pois a Constituição Federal elenca como garantia 
constitucional a fundamentação das decisões judiciais. 
Processo Civil IV 
28 
 
Na execução, se as obrigações forem de fazer, não fazer e dar, basta que o 
juiz oficie a autoridade. Obrigações específicas serão executadas de ofício com 
determinação apresentada à autoridade ré. 
Quando a obrigação é de pagar, não há como fazer a execução com penhora 
de bens, pois bens públicos são impenhoráveis. Nesses casos, os pagamentos serão 
pagos por RPV ou precatório. 
O RPV pode ser utilizado quando a condenação da união for de até 60 
salários, dos estados for de 40 salários e dos municípios for de 30 salários. 
Se for acima disso, será feito o pagamento por precatório. 
Não pode fracionar o pagamento em RPV e precatório. Deve-se receber o 
RPV com renúncia do crédito remanescente, ou aguardar o pagamento por 
precatório. 
Se houver multa além da condenação, somará o valor das duas e, caso 
ultrapasse o limite para RPV, tudo será pago em precatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
29 
 
AULA 7 – 15/03/2017 
TUTELAS PROVISÓRIAS Art. 294, CPC 
1. Noções gerais 
Sofreu consideráveis modificações com o NCPC. 
As tutelas provisórias podem ser de urgência e de evidência. Exemplo de 
uma tutela de evidência é o mandado de injunção da ação monitória. O documento 
apresentado pelo autor demonstra de maneira satisfatória que existe uma 
obrigação que lhe une ao réu. 
2. Tutela de urgência 
Não raro a parte necessita de uma resposta rápida por parte do judiciário, 
de modo que não há como aguardar, precisa que o judiciário dê uma resposta 
imediata. A parte não pode se submeter a demora, complexidade do procedimento. 
Situações em que as partes pleiteiam tutelas de urgência, justamente pelo 
fato de que não podem arcar com o tempo do processo. Por mais que exista a 
garantia da duração razoável do processo, mas isso é no plano abstrato, porque na 
realidade do plano forense, a demora acontece. 
Imagine que alguém tenha protestado um título que está pago e, em razão 
desse protesto, inúmeras restrições de crédito estão sendo provocadas ao que teve 
seu nome protestado, o suposto devedor daquela obrigação. Não dá para essa 
pessoa aguardar o desfecho com a prolação de uma decisão final para que esse 
protesto seja baixado. 
Imagine uma situação que envolve uma pessoa que vai ao judiciário em 
busca de um tratamento médico, de recebimento de créditos alimentares, outra 
que busca ter o direito de abandonar o lar porque está sendo agredida pelo 
cônjuge, uma situação na qual exista uma ameaça de desmoronamento em uma 
construção, ou situação que envolva dano ambiental iminente. 
Em todos esses exemplos, a parte precisa que o judiciário intervenha de 
maneira imediata, porque se demorar para que a tutela jurisdicional seja prestada 
ao término do processo, o direito ameaçado pode perecer, de modo que a decisão 
final será inócua. 
Existem inúmeras situações que justificam a intervenção do judiciário de 
maneira imediata, que são as tutelas de urgência. 
 
 
Processo Civil IV 
30 
 
2.1. Classificação 
2.1.1. Quanto à espécie Art. 294, §único 
As tutelas de urgência podem ser, nos termos do §único do art. 294, de 
natureza cautelar ou de natureza antecipada. Esta seria a classificação das tutelas 
de urgência quanto à espécie. 
A tutela cautelar é aquela que objetiva proteger o resultado útil do processo. 
É o que acontece quando se pede o sequestro de um bem, para que se possa 
discutir a propriedade desse bem em uma ação de conhecimento. Sequestra a 
coisa, tira das mãos do demandado, para que ela não corra o risco de perecimento. 
Uma vez guardada nas mãos do depositário, existirá tranquilidade para discutir 
quem é o titular. Portanto, a cautelar de sequestro está protegendo o resultado útil 
do processo. 
É o que acontece também quando há o arresto de bens. O credor percebe 
que o devedor está dilapidando seu patrimônio, portanto, não existirão bens 
penhoráveis se não for concedida a tutela cautelar. Apesar da possível 
caracterização de fraude contra credores em ação pauliana, é melhor evitar que o 
problema aconteça, como prevenção, através da tutela cautelar. 
No antigo CPC havia um processo cautelar, que, juntamente com o processo 
de conhecimento e o processo de execução, representava as três principais 
modalidades de tutela jurisdicional. No CPC/73, primeiramente a parte 
prejudicada teria que ajuizar uma ação cautelar, obter uma liminar e depois ajuizar 
o processo principal, de conhecimento ou executivo, para que a medida cautelar 
deferida tivesse utilidade. 
O CPC/2015, em que pese prever o cabimento de tutelas cautelares 
preventivas, simplificou, já não é mais preciso um processo cautelar, é preciso 
somente pedidos cautelares, que poderão ser apresentados antes de um pedido 
principal, ou de maneira incidental. 
As tutelas cautelares visam resguardar a pretensão que a parte está 
discutindo. 
Por outro lado, as tutelas antecipadas se assemelham às antigas tutelas 
antecipadas do CPC/73. São aquelas marcadas pela satisfatividade, não objetivam 
resguardar um direito, o que buscam é permitir que a parte usufrua de seus efeitos 
desde logo, o que nada mais é do que a tutela antecipada que havia no CPC/73. 
É o que acontece com alguém que vai ao judiciário pedir um tratamento 
médico, alegando que o plano de saúde está negando o tratamento, por uma 
carência, por exemplo, quando na verdade nada dessas justificativas é plausível. 
Processo Civil IV 
31 
 
Aqui não se busca proteger o resultado útil do processo, o que se busca é 
permitir que a parte já usufrua dos efeitos de uma decisão que somente virá 
tempos depois, quando, na verdade, o tempo é tudo o que a parte não dispõe. 
Tutelas cautelares visam a proteção do resultado útil do processo, é o que 
acontece com o arresto, o sequestro, a produção antecipada de provas. Ao passo 
que as tutelas antecipadas são marcadas por um objetivode satisfação. Em que 
pese serem tutelas de urgência, já há claramente a intenção de gozar de 
consequências que decorram eventualmente do deferimento de uma tutela dessa 
natureza. 
Quando se defere tutela antecipada e não há defesa em relação a ela, 
dependendo do que foi pedido, poderá ser entendido como pedido incontroverso, 
que poderá trazer consequências severas para o réu. 
 
2.1.2. Quanto ao momento 
O art. 294, §único prevê que essas tutelas de urgência podem ser cautelares 
e antecipadas, poderão ser classificadas quanto ao momento, como tutelas 
antecedentes ou incidentais. 
Quando é antecedente, ela é apresentada antes de o requerente ter levado a 
conhecimento do judiciário o seu pedido principal, é o que acontece, por exemplo, 
nos exemplos de sequestro e arresto de um bem. Primeiramente vem a tutela de 
urgência antecedente e depois o requerente apresenta a sua tutela principal. Esta 
será a tutela de urgência antecedente. 
Já a tutela incidental, como o nome diz, é aquela que ocorre quando já há um 
processo em curso e se mostra necessária a adoção de uma providência de 
urgência. Incidentalmente, o pedido de urgência poderá ser formulado. 
É o exemplo de um divórcio litigioso em que o marido está dilapidando o 
patrimônio, a esposa entra com pedido de tutela de urgência cautelar e incidental. 
O CPC prevê que quando a cautelar é incidental, como já é apresentada no 
curso do processo, não há a necessidade de pagamento de custas. As custas já 
foram recolhidas quando o requerente apresentou o pedido originário (art. 295, 
CPC). 
 
 
 
2.2. Revogabilidade Art. 296, CPC 
Processo Civil IV 
32 
 
Todas essas tutelas de urgência, sejam elas de urgência ou evidência, 
incidentais ou antecedentes, uma das características é a revogabilidade. Da mesma 
forma que tais tutelas podem ser preenchidas, desde que preenchidos os 
requisitos, pode ser que no curso do processo se constate que já não há mais 
justificativa para as suas manutenções. 
A revogação precisa ser feita de maneira motivada e provocada. Sempre tem 
que haver provocação, pois isto ocasionaria tremenda insegurança jurídica. 
As decisões sempre deverão ser reversíveis, pois pode acontecer uma 
modificação do status. 
O contraditório fica postergado. O juiz analisa a urgência e adota o 
procedimento cabível. O juiz pode ter se convencido da necessidade da tutela de 
urgência em um primeiro momento, mas tempos depois pode se convencer do 
contrário. Em razão disso, desde que o faça de maneira motivada, pode entender 
por sua revogação. 
As tutelas de urgência geralmente são pedidas sem que a parte contrária 
tenha a oportunidade de se manifestar. Inclusive, essa é uma das exceções da 
norma fundamental do CPC que exige que o juiz, ao decidir, ouça ambas as partes. 
 
2.3. Necessidade de motivação Art. 298, CPC 
A decisão interlocutória concessiva da tutela de urgência é um dos casos de 
interposição de agravo de instrumento. Poderá acontecer a revogação no juízo de 
2º grau ou em juízo de 1º grau (retratação da decisão). 
Deve dizer o motivo da revogação. 
O objeto do agravo de instrumento é reverter a decisão que concedeu a 
tutela de urgência. 
É possível a concessão de tutelas de urgência em grau de recurso, é a 
chamada tutela recursal. 
Pode acontecer de ter pedido a tutela de urgência em 1º grau, o juiz não ter 
concedido. Quem pediu a tutela entra com agravo de instrumento, reiterando o 
pedido, é possível que seja concedido ou negado novamente. Seja concedida a 
tutela recursal ou negada a tutela recursal, cabe agravo interno, para levar o 
julgamento à turma. 
Características: provisoriedade e revogabilidade. Podem ser revistas pelo 
juízo que as prolatou ou em grau de recurso. 
Processo Civil IV 
33 
 
A decisão denegatória ou de acolhimento da retratação também tem que ser 
motivada. 
A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, isto é, 
enquanto não for revogada, produz seus efeitos. 
 
2.4. Requisitos Art. 300, CPC 
Tutelas de urgência são deferidas com base em 2 requisitos: perigo da 
demora por parte do judiciário, aliado a uma alegação razoável de que existe uma 
ameaça a um direito que precisa de uma tutela emergencial. 
Isso nada mais é que o fumus boni iuris e o periculum in mora. 
O CPC/73 falava em verossimilhança das alegações. 
 
2.5. Liminar ou justificação prévia Art. 300, §2º, CPC 
A concessão pode acontecer de maneira liminar, ou seja, inaudita altera 
pars. É uma das hipóteses em que a lei permite a postergação do contraditório. A 
tutela será deferida de modo liminar. 
É possível, contudo, que o juiz não se convença do preenchimento dos 
requisitos e, consequentemente, nos termos do art. 300, §2º, o juiz pode designar 
uma audiência de justificação prévia. É possível a designação de uma audiência de 
justificação prévia para que o autor possa convencer o magistrado do 
preenchimento dos requisitos do art. 300. 
A audiência de justificação prévia acontecerá antes da audiência de 
conciliação. Essa audiência é do autor, quem vai produzir provas é o requerente da 
tutela de urgência. Sequer há motivos para a participação do réu. 
Em casos de pedido de tutela incidental e o réu já está integralizado na 
relação processual, o réu pode participar da audiência de justificação, entretanto, 
não poderá se manifestar ou intervir. 
Não pode se manifestar na audiência de justificação porque a tutela, se 
deferida, é revogável e poderá ser objeto de recurso. 
 
2.6. Irreversibilidade Art. 300, §3º, CPC 
As tutelas não podem ser deferidas quando forem irreversíveis, mas isso 
não deve ser interpretado de maneira absoluta. Não raro os juízes se deparam com 
Processo Civil IV 
34 
 
situações em que há a necessidade de se ponderar valores: uma tutela de urgência 
requerendo uma cirurgia. Se o juiz defere, é irreversível. No caso concreto, o juiz 
terá que ponderar o direito à vida do requerente e o interesse público envolvido. 
Existem instrumentos que podem minimizar esse risco (art. 300, §1º). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
35 
 
AULA 8 – 20/03/2017 
TUTELAS PROVISÓRIAS Art. 294, CPC 
Responsabilidade objetiva Art. 302, CPC 
Responsabilidade objetiva pela apresentação de pedidos de tutela de 
urgência. A parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência 
causar à parte adversa, se: 
a) A sentença lhe for desfavorável: a parte se valeu de tutela e a sentença lhe 
foi desfavorável. Se houve prejuízo patrimonial, a parte deverá arcar 
com a indenização correspondente. Toda a estrutura do art. 302 é 
baseada na ideia de responsabilidade objetiva, ou seja, 
independentemente da intenção de praticar o prejuízo, se as situações 
tiverem acontecido, somado ao possível dano sofrido pelo demandado, o 
dever de indenizar existirá. 
b) Quando obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não 
fornecer os meios necessários para citação do requerido, no prazo de 5 
dias. Quando é antecedente, num primeiro momento, o autor apresenta 
somente o pedido de urgência, deixando para apresentar o principal 
somente mais adiante (chama-se complementação da petição inicial ou 
formulação do pedido principal). Pode ser que num primeiro momento o 
autor da ação necessite apenas da tutela de urgência, como uma 
separação de corpos, uma busca e apreensão de um menor, alimentos 
provisórios, deixando para formular a sua pretensão principal em um 
momento posterior, no mesmo processo. Quando for formulado o 
pedido de tutela de urgênciaem caráter antecedente, é preciso que o réu 
seja integralizado à relação processual, obedecendo ao prazo de 5 dias. 
O autor não pode ser penalizado pela morosidade do judiciário, se o 
autor indicou todos os elementos necessários para a citação. 
c) Ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal. Se a 
medida de urgência tiver seus efeitos cessados e causar prejuízo ao 
demandado, esses prejuízos serão apurados e lhe darão direito a 
indenização. 
d) Se o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do 
autor. 
A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido 
concedida, sempre que possível. Ou seja, a apuração dos danos será feita no 
próprio processo principal, que já está em curso, sem que haja a necessidade do 
demandado promover o ajuizamento de outra demanda para buscar a liquidez do 
seu prejuízo. 
Processo Civil IV 
36 
 
No tocante às modalidades de liquidação, se a obtenção do dano puder ser 
feita por meros cálculos aritméticos, o credor liquida. Se for algo mais complexo, 
será por arbitramento ou pelo procedimento comum. 
 
TUTELA CAUTELAR EM CARÁTER ANTECEDENTE Art. 305 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela 
cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, 
a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o 
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o 
caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 
303. 
Quando se formula um pedido de tutela de urgência de caráter antecedente, 
na petição inicial apenas o pedido de urgência será formulado: é o arresto de bens, 
sequestro de uma coisa, busca e apreensão de alguém ou de algo, deixando-se para 
a apresentação do pedido principal momentos depois. 
Contudo, o art. 305 obriga que quando a tutela for cautelar em caráter 
antecedente, já se indique a pretensão principal que vai ser formulada: a lide e o 
seu fundamento. Por “lide e seu fundamento” deve-se vislumbrar a pretensão 
principal que será posteriormente apresentada. 
Deve-se apresentar os fundamentos de fato e de direito que justificam a 
apresentação do principal, do qual o cautelar será útil. 
Se foi apresentada uma cautelar de arresto com a justificativa de que o 
devedor está dilapidando o seu patrimônio, a lide e o fundamento para a concessão 
da tutela de urgência seria assegurar ao credor requerente o direito de em uma 
futura execução ter a possibilidade de penhorar bens, a fim de que tais bens 
possam ser devidamente utilizados como forma de satisfação. 
O §único do art. 305 estabelece a fungibilidade que há entre tutelas 
antecipadas e tutelas cautelares. Ambas as tutelas fazem parte de uma mesma 
base, que são as tutelas de urgência. As tutelas antecipadas têm como principal 
característica a satisfatividade, ao passo que a cautelar tem como principal 
característica a protetividade, ou seja, é utilizada para proteger o resultado útil de 
determinado processo. 
Diante do fato de que têm os mesmos requisitos e que partem de uma 
mesma ideia, muitas vezes elas se confundem. Não raro o autor acha que precisa 
de uma tutela cautelar, quando na realidade precisa de uma antecipada. Dessa 
forma, pode haver a fungibilidade entre as tutelas. 
Processo Civil IV 
37 
 
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 dias, contestar o 
pedido e indicar as provas que pretende produzir. 
Este pedido não é o pedido principal, é apenas contestar o pedido cautelar. 
Contestar a desnecessidade do sequestro, do arresto, da busca e apreensão... 
Quando o autor só formulou o pedido cautelar, o réu se manifesta somente sobre 
ele. 
O art. 307 aduz: 
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo 
autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em 
que o juiz decidirá dentro de 5 dias. 
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-
á o procedimento comum. 
Poderá ocorrer uma revelia limitada ao pedido cautelar, uma veracidade 
dos fatos alegados pelo autor no tocante ao pleito cautelar, o que não retira do réu 
o direito de contestar o pedido principal. 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser 
formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será 
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de 
tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas 
processuais. 
A tutela cautelar poderá ser apresentada em caráter antecedente, que 
poderá ser apresentada sozinha. Se for apresentada sozinha, o procedimento será 
citar o réu para contesta-la no prazo de 5 dias. Se não se manifestar a respeito da 
cautelar, o pedido da cautelar passará a ser incontroverso. Por outro lado, uma vez 
cumprida a cautelar em caráter antecedente, deverá o autor complementar a 
inicial, a fim de que o pedido principal seja formulado e, uma vez formulado o 
pedido principal, o réu terá a oportunidade de contesta-lo. 
Pode acontecer da tutela cautelar ser apresentada concomitantemente com 
o pedido principal, ocasião em que o réu será citado para contestar tudo. 
De resto, terá audiência de conciliação e seguirá o procedimento comum. 
Se o pedido principal não for formulado no prazo de 30 dias, haverá a 
cessação da eficácia e, cessando a eficácia da cautelar, se o cumprimento dela tiver 
provocado prejuízo patrimonial, deverá ocorrer a indenização por conta da 
responsabilidade objetiva. 
Quando é incidental, não há custas. Quando é antecedente, haverá o 
pagamento de custas. 
Processo Civil IV 
38 
 
O prazo de 30 dias é em dias úteis, pois é prazo processual. 
Não havendo conciliação, a contestação será feita na forma do art. 335 (ou 
seja, normalmente). 
Hipóteses em que cessa a eficácia da cautelar antecedente: 
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter 
antecedente, se: 
I – o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; 
II – não for efetivada dentro do prazo de 30 dias; 
III – o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo 
autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. 
O inciso II fala de não ser efetivada a tutela cautelar em 30 dias, ou seja, se 
não for dado cumprimento a ela. Não se pode responsabilizar o autor pela 
morosidade judiciária, portanto, o não cessa a eficácia, porque o autor não pode ser 
responsabilizado. Faz-se a interpretação de que só se justifica a cessação da 
eficácia com base neste inciso se a culpa for do autor, por exemplo, se ele não 
pagou as custas. 
Julgado improcedente o pedido principal, não há razão para manter o 
pedido cautelar, sendo revogado, portanto. 
Se o juiz indeferiu a cautelar, nada impede que o pedido principal seja 
formulado. Talvez não existam motivos para concessão da tutela de urgência, mas 
isto não quer dizer que o autor não poderá apresentar a sua pretensão principal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil IV 
39 
 
AULA 9 – 29/03/2017 
TUTELAS PROVISÓRIAS 
TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE 
Há a possibilidade de se ajuizar monitória com base em prova escrita que 
não contenha eficácia executiva. A partir dessa prova escrita, o autor pode optar 
pela propositura da monitória que, uma vez acolhida pelo órgão jurisdicional, 
expedirá o mandado de injunção. A expedição deste mandado é pautada em uma 
cognição sumária, sumariamente, com base nas alegações do autor e na prova 
escrita, o juiz determina a expedição do mandado monitório. 
Uma vez cumprido o mandado monitório, pode o réu cumprir a obrigação 
ou apresentar embargos monitórios e, uma vez apresentados,

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