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F:\2014.SEGUNDO SEMESTRE\LOGÍSTICA E SUPPLY CHAIN\01 Conceitos de Logística, Logística Integrada e SCM.doc - 1/6 “Conceitos de Logística, Logística Integrada e Supply Chain Management” 1. ANÁLISE CRÍTICA E INTERPRETATIVA DOS DIFERENTES CONCEITOS 1.1. Apresentação dos Conceitos As diferentes definições aqui enunciadas foram selecionadas entre as apresentadas em sala de aula; as da bibliografia recomendada e de outras publicações periódicas com vistas a incorporar os pontos chaves para a compreensão do processo de desenvolvimento da logística e clarear o encadeamento de sua evolução. 1.1.1. Logística “A logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo.” (Christopher, 1992). “A logística é o processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e o armazenamento eficiente e efetivo de matérias primas, estoques em processo, produtos acabados, serviços e correspondente informação, desde o ponto de origem até o ponto de consumo (incluindo movimentos de entrada e saída, internos e externos), com o propósito de obedecer (atender) os requerimentos (necessidades) dos clientes.” (The Council of Logistic Management / Langley e Holcom B., 1992). “O planejamento e a operação de sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica.” (Daskin, 1985). 1.1.2. Logística Empresarial “A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo dos produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.” Logística Empresarial = Suprimento Físico (Administração de Materiais) + Logística de Produção + Distribuição Física 1.1.3. Logística Integrada A logística integrada é o sistema logístico que leva em conta a integração das diversas funções logísticas tais como o transporte, o armazenamento, a manutenção de estoques, o processamento de pedidos, a comunicação, a produção e o nível dos serviços, dando ênfase especial às questões de minimização do custo total e à análise dos trade-offs entre os componentes dos custos. A concepção de logística integrada diz respeito à integração de todas as funções, porém representando uma integração interna de atividades. 1.1.4. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) Representa uma integração externa de atividades, rompendo as fronteiras da organização e pregando a plena integração de todos os membros da cadeia de suprimentos. As principais vantagens desta integração estão nas possibilidades de aumentar a produtividade (redução de custos / redução de estoques / compras mais vantajosas / racionalização dos transportes / eliminação de desperdícios) e agregar valor (prazos confiáveis / atendimento no caso de emergências / facilidades na colocação de pedidos / serviços de pós-venda). 1.1.5. Logística Global Refere-se ao sistema logístico que oferece seus serviços para o gerenciamento de conexões de diversas cadeias globais que vão das fontes de fornecimento até o usuário final. (Considera-se aqui o negócio global como aquele que excede a função simplesmente da exportação de um produto e atinge o fornecimento de materiais e componentes em mais de um país, mantendo também vários locais de fabricação ou montagens.) A necessidade de operar serviços de logística global são preferencialmente dos seguintes tipos de companhias: as produtoras de commodities, para o deslocamento de grandes quantidades de matéria- prima; as companhias de fabricação intensiva em mão-de-obra que se beneficiam dos baixos custos regionais oferecidos em alguns países e as companhias que centralizam seus investimentos em P&D e são chamadas de centro de excelência para a fabricação e o desenvolvimento de produtos de forma concentrada. O desafio da logística global é centralizar o controle e descentralizar as operações. O gerenciamento de uma rede global de fluxos de materiais e informações é mais complexo que o gerenciamento de um sistema logístico nacional. 1.1.6. Just In Time (JIT) O just in time é a filosofia de se iniciar uma atividade (a produção) somente quando se verificar a necessidade dela (processamento do pedido). “A filosofia do just in time requer a entrega ao cliente de pequenas quantidades, mais frequentemente no momento de sua necessidade. O desafio da gerência logística é encontrar meios pelos quais estas exigências possam ser satisfeitas, sem o aumento indesejável de custos. Poderão existir trade-offs, mas o objetivo tem que ser o aumento da eficiência dos custos totais da cadeia de suprimentos. (…) O princípio básico da logística do JIT é assegurar que todos os elementos da cadeia estejam sincronizados, devendo haver uma sinalização antecipada das necessidades de remessa e reabastecimento e, mais importante, o mais alto nível de disciplina de planejamento.” (Christopher, 1992). A logística do JIT deve evitar a manutenção de estoques excessivos no fornecedor e otimizar as entregas substituindo uma série de entregas JIT em pequenas quantidades para um cliente por entregas combinando pedidos de vários fornecedores. “A razão está no fato de a informação agora substituir estoques. A informação reduz a incerteza ao longo do sistema logístico, o que é benéfico tanto para o fornecedor como para o comprador.”(Ballou, 1993) “A técnica Just-in-time é vantajosa quando (1) os produtos têm alto valor unitário e necessitam de alto nível de controle, (2) as necessidades ou demandas são conhecidas com alto grau de certeza, (3) os tempos de reposição são pequenos e conhecidos e (4) não há benefício econômico em suprir-se com quantidades maiores que as requeridas. 1.1.7. Efficient Consumer Response (ECR) A resposta eficiente ao consumidor tem como princípio básico as informações sobre a saída ou uso real do produto serem transmitidas ao fornecedor quase em tempo real. “As decisões de fabricação e entrega são tomadas com base no conhecimento dos verdadeiros requisitos do consumidor final, investigando informações das etapas mais avançadas possíveis na cadeia de distribuição.” (Christopher, 1992) 1.1.8. Comparação de desempenho (Benchmarking) Define-se como o estudo comparativo entre organizações verificando-se como se dá a geração de valor para seus clientes, ou seja, é uma avaliação orientada para o processo, evidenciando elementos como a satisfação do cliente, o tempo de processamento, o custo do atendimento, etc. “O benchmarking competitivo poderia ser definido como a medição contínua dos produtos, serviços, processos e práticas da companhia, em relação aos padrões dos melhores concorrentes e outras companhias que são consideradas líderes.” (Christopher, 1992). O benchmarking do processo logístico é a avaliação comparativa de um fluxo de distribuição que começa com os fornecedores, passa pela indústria, por intermediários, distribuidores, vendedores e cliente final. 1.2. Análise Crítica O processo logístico, que inicialmente foi pensado e utilizado para fins militares, vem sendo cada vez mais absorvido em sua concepção sistêmica pelos processos produtivos e comerciais. O desenvolvimento da logística, que teve seu impulso inicial fortemente determinado por necessidades militares, passa a evoluir de acordo com as demandas docomércio mundial, das inovações tecnológicas tanto de produto quanto de processo produtivo e de suas diferentes formas e necessidades de distribuição. Neste sentido, a evolução do pensamento logístico incorpora, de forma gradativa, aspectos adjacentes ao processo logístico, quer sejam eles administrativos, industriais, comerciais ou gerenciais, que traduzem uma maior absorção de elementos em um único sistema, tornando-o mais complexo não apenas por suas dimensões físicas globais como também por sua diversificação de áreas do conhecimento envolvidas. A princípio, quando se fala apenas em logística poderia se imaginar um processo quase linear de distribuição de bens e serviços por uma cadeia quer seja de abastecimento de tropas ou de consumidores em geral. A logística estaria representando todas as ações e planejamento necessários à execução destas tarefas. A partir da intensificação do uso do pensamento logístico para fins comerciais se solidifica o conceito de logística empresarial, delineando-se de forma mais nítida os objetivos das ações do processo: facilitar o fluxo de produtos e informações da matéria-prima ao consumidor final, com nível de serviço adequado ao cliente e com o menor custo possível. A visão se alarga para se pensar as necessidades da empresa além da produção em si, ou seja, adiciona-se suprimento + produção + distribuição = atendimento ao cliente. A competição acirrada entre os produtos determina preocupações adicionais sobre o desempenho empresarial levando a uma busca de melhorias em todo o processo produtivo. Desta forma, agiliza-se novas formas de trabalho em conjunto no âmbito das funções internas à cadeia produtiva, ou seja, as funções de transporte, armazenamento, manutenção de estoques, processamento de pedidos, comunicação e produção, promovendo a integração entre as atividades e privilegiando a visão de processo sobre a visão funcional. Neste caso, tem-se o conceito de logística integrada que focaliza principalmente a diminuição do custo total mais do que dos custos das funções parciais e se debruça sobre a análise dos trade-offs entre os componentes dos custos. A visão do gerenciamento da cadeia de suprimentos (supply chain management) vai ainda mais longe à busca de melhores condições de competitividade e de aumento de produtividade. A integração se expande além das fronteiras da empresa e é implantada nas relações com os fornecedores, produtores, distribuidores, varejistas e clientes. O principal instrumento para a implantação desta filosofia de gerenciamento do processo logístico é a troca de informação entre os participantes da cadeia logística, incluindo-se aí o usuário final. A partir deste pensamento, intensifica-se a estratégia de redução de estoques possibilitada pela comunicação constante entre os diferentes elementos da cadeia. O ponto máximo da busca pelo estoque zero traduz-se na filosofia do Just-in-time, desenvolvida principalmente pelos japoneses, que se orienta para alcançar a redução máxima entre o tempo de compra de um determinado produto e o tempo de sua produção. O principal elemento que diferencia este pensamento está no valor do tempo, o que levou a uma busca desenfreada pela rapidez desde o processamento do pedido até a produção, distribuição e entrega do produto. Destaca-se que este tipo de pensamento e procedimentos são adequados para alguns produtos, porém nem tão necessários para muitos outros. Esta constatação provocou a reação de diferentes indústrias e convencionou-se um novo conceito para dar respostas a diferentes mercados, de distintas características: a resposta eficiente ao cliente (Efficient Response Consumer – ECR). Esta resposta deve estar calcada nas necessidades reais do usuário final e na busca da satisfação do atendimento e para isto a investigação e análise dos mercados locais e das preferencias individuais são básicas e cruciais para o negócio. As técnicas de obtenção das informações sobre o cliente e o nível de atendimento foram sendo desenvolvidas e vem sendo divulgada a comparação de desempenho (benchmarking) como forma de se conseguir padrões mínimos de competitividade e se delinear os níveis de excelência dos parâmetros para uma mesma categoria de empresas. A evolução dos conceitos e das estratégias de atuação das diferentes empresas de diversas cadeias produtivas formam a cada dia um quadro mais complexo de relações que trazem para o âmbito mundial a incorporação dos problemas e das soluções dos processos produtivos e de movimentação e consumo desta produção. A abertura dos mercados, as empresas multi e transnacionais, a produção em diferentes países e as trocas multidirecionais tornam cada vez mais real a idéia de aldeia global e trazem o desafio de questões ainda mais complexas para serem tratadas por uma logística global. 2. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ATIVIDADES PRIMÁRIAS DA LOGÍSTICA E DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA LOGÍSTICA. 2.1. Características Básicas das Atividades Primárias da Logística. As atividades da logística podem ser subdivididas em atividades primárias e atividades de apoio. São consideradas atividades primárias: transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. As atividades de apoio são: armazenagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção, obtenção, programação de produtos e manutenção de informação. Entre as características básicas das atividades primárias da logística destacam-se: 2.1.1. Transportes Para a logística, o transporte significa uma das atividades mais importantes devido à necessidade de movimentação dos produtos em uma cadeia logística e da participação do componente de custo relativo a esta atividade atingir de um a dois terços do custo logístico total. A administração da atividade de transporte em um sistema logístico abrange desde as decisões sobre o modo ou modos de transporte, a rota a ser adotada, a utilização da capacidade dos veículos, até algumas vezes a definição do tipo de veículo, o número e a freqüência das viagens para atender a demanda. 2.1.2. Manutenção de Estoques Os estoques também são responsáveis por uma parcela significativa dos custos logísticos, aproximadamente de um a dois terços. A agregação de valor que os estoques trazem a um produto tem a ver com o tempo de entrega da mercadoria, o que faz com que as decisões de armazenagem e localização destes estoques sejam parte decisiva da estratégia empresarial. Segundo Ballou (1993), “a administração de estoques envolve manter seus níveis tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo que provê a disponibilidade desejada pelos clientes.” É importante salientar a correlação de custos entre transporte e estoques, cujo balanceamento faz parte de grande parte dos estudos da logística e é considerado uma arte da moderna administração. 2.1.3. Processamento de Pedidos A importância maior da atividade de processamento de pedidos está em esta ser a atividade que inicia todo o processo logístico, apesar de, se comparada com as demais atividades primárias, ser de baixo custo relativo. Outra questão importante diz respeito ao tempo de recepção do pedido após ter sido solicitado. A velocidade da informação e as facilidades da comunicação fazem muita diferença por ajudarem no desembaraço e agilidade das demais atividades primárias. 2.2. Características Básicas do Processo de Desenvolvimento da Logística. 2.2.1. Antes de 1950 O que caracterizava a forma de administrar as atividades logísticas era a sua fragmentação por outras áreas da empresa, compartimentando os interesses em áreas com objetivos conflitantes. Por exemplo, a atividade de transporte normalmente estava sob a responsabilidade do setor de produção enquanto os estoques eram controlados pela área de marketing e o processamento de pedidos situava-sebaixo as ordens da gerência de vendas ou finanças. 2.2.2. Entre 1950 e 1970 Este período se caracterizou por ser a fase de desenvolvimento de teorias e implantação prática de uma abordagem da logística de forma mais integrada entre suas atividades. Após alguns estudos específicos sobre custos de distribuição e sobre o comportamento do custo de transporte em relação ao custo de manutenção de estoques, foi destacada a importância de um novo conceito: o de custo total. Isto tornou facilitado o processo de redistribuição interna das atividades logísticas dentro da empresa. Outros fatores que contribuíram para um maior desenvolvimento da logística neste período foram: as alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores, a pressão por custos nas empresas, os avanços na tecnologia de computadores e a experiência militar adquirida. 2.2.3. A partir de 1970 A partir da década de 70 a logística se consolidou. A nova configuração do quadro econômico mundial de desaceleração do crescimento do mercado, aumento de inflação e menor crescimento da produtividade levaram à mudança de enfoque de estímulo da demanda para melhor administração dos suprimentos. As áreas de interesse foram concentradas em controle de custos, produtividade e controle da qualidade. As funções logísticas foram fortemente afetadas devido à importância crescente dos custos de transporte com a alta do petróleo e do custo de manutenção de estoques, com a elevação dos custos de capital. O interesse administrativo que a princípio se voltava apenas para redução de custos expandiu-se para a adequação dos conceitos logísticos em prol de maior competitividade. A visão das empresas vem se transformando e abrindo espaço para as atividades logísticas típicas e criando espaços de interface com as funções de produção e marketing para a atuação conjunta tais como formação de preços, embalagens, compras e programação da produção. 3. VISÃO SISTEMÁTICA DA ANÁLISE LOGÍSTICA Para uma visão sistemática da análise logística faz-se necessário compreender o conceito de sistema total que também, em relação à logística, deverá progressivamente se tornar mais e mais abrangente. O sistema total é uma ótica de análise que amplia o foco para além das fronteiras da empresa e verifica o interesse não apenas da empresa vendedora como também da empresa compradora. Ou seja, da mesma forma que se analisa as compensações de custo internas a uma empresa, seu custo total, se verifica a conveniência de alguma medida estratégica para as empresas com que se negocia. Por outro lado, em cada situação, dependendo dos objetivos, deve-se ter uma noção clara do sistema a ser analisado. Segundo alerta Novaes (1994), o sistema é formado por componentes que interagem entre si e com o meio ambiente e, a classificação dos componentes ou subsistemas vai depender do objetivo que se tem em mente. Desta forma, a abordagem sistemática da análise logística também poderá abranger diversos escopos de sistema logístico dependendo do objetivo da análise. Por exemplo, a análise logística de uma determinada cadeia pode englobar a visão dos subsistemas de suprimento, produção, distribuição física, assistência técnica e reutilização. No entanto, em outros casos, estes subsistemas podem estar ainda mais subdivididos abrangendo diversas cadeias de abastecimento em muitos países diferentes caso se considere uma visão sistemática de logística global. Os subsistemas considerados para uma análise sistemática devem levar em conta as suas inter- relações tendo em vista que as agregações dos ótimos dos subsistemas não coincide necessariamente com o ótimo do conjunto, ou seja do sistema em questão. 4. ÓRGÃO GESTOR E SEU SISTEMA DE OBJETIVOS A concepção de um órgão gestor para integrar e coordenar as atividades dos diferentes modos de transporte no país tem como premissa se constituir em um sistema complexo, formado por diferentes componentes interconectados ou em interação dinâmica, dotados de uma organização e agenciados em função de um objetivo comum. O sistema de objetivos do órgão gestor consiste em: 4.1. Finalidades: Ser um órgão integrador e coordenador dos planos de ação do sistema de modos de transporte brasileiro; Tornar-se um centro de informação e assistência técnica a todos os usuários e agentes econômicos do sistema. 4.2. Metas: Alcançar a competitividade de forma racional e adequada dos diferentes modos de transporte no âmbito nacional; Estabelecer uma rede de informação e comunicação a nível nacional e regional; 4.3. Objetivos: Conseguir reduzir os custos logísticos através de uma ação compartilhada dos diferentes modos de transporte formadores do sistema. 5. CUSTOS LOGÍSTICOS E A FUNÇÃO TRANSPORTE 5.1. A importância dos custos logísticos na função transporte e nas atividades econômicas dos países. O transporte representa o componente mais significativo dos custos logísticos, ou seja, aproximadamente dois terços do total, enquanto os custos de manutenção de estoques participam com o terço restante. (Ballou, 1993). Considerando a variação que pode ocorrer entre estes dois componentes em função das estratégias de redução de estoques ou de ampliação da quantidade e redefinição de localização de centros de distribuição, seria mais correto afirmar que, entre as três atividades primárias da logística, os estoques e o transporte contribuem, cada um, com uma parcela entre um e dois terços dos custos logísticos totais, enquanto o processamento de pedidos tem uma participação mínima nos custos. Entretanto, há que se estar atento para as diferentes formas de avaliação e quantificação destes custos em função de um maior ou menor detalhamento de seus componentes. Por exemplo, Christopher (1992) relaciona em uma decomposição de custos logísticos cinco elementos: custos de transporte, estocagem, depósitos, entregas locais e processamento de pedidos. Este mesmo autor apresenta duas pesquisas sobre custos logísticos com metodologias diferentes. A primeira delas, sobre custos logísticos como porcentagem da receita de vendas (P-E International 1991, Egham, Surrey, U.K.), aponta como elementos de custo: transporte, armazenagem, entrada do pedido, administração e estoque. A pesquisa seguinte, citada por Christopher (1992), analisa os custos por cliente em percentual (%) das vendas líquidas utilizando os seguintes elementos de custo: processamento do pedido, manutenção do estoque, separação e despacho, transporte e manuseio dentro da fábrica, fretes e comissões. Isto vem alertar para que apesar da análise de custos logísticos mostrar percentuais significativos dos custos totais, devem ficar claros os métodos empregados e os parâmetros de comparação tendo em vista que além da diferenciação entre seus componentes, estes podem estar referidos ao valor de venda dos produtos, e portanto à lucratividade, ou ao custo total de produção. Ballou (2005) cita algumas estimativas da relevância dos custos logísticos sobre a economia tais como serem estes responsáveis por: 15% do produto nacional bruto dos Estados Unidos; 19 a 22% das vendas líquidas de uma firma particular; 43% do valor agregado da indústria de petróleo; 39% do valor agregado da indústria química; 36% do valor agregado da indústria de alimentos e varejo em geral; 30% do valor agregado da indústria de papel; 26% do valor agregado da indústria de madeira; 20% do valor agregado da indústria automobilística e de materiais de construção; 18% do valor agregado da indústria metalúrgica; 17% do valor agregado da indústria de utensílios; 16% do valor agregado da indústria farmacêutica 12% do valor agregado da indústria de máquinas; 11% do valor agregado da indústria de borracha; 10% do valor agregado da indústria de equipamentos elétricos e têxteis; 8% do valor agregado das indústrias de vestuário, móveis e fumo; e 22,5% do valor agregado de todas as indústrias. No Brasil, as estimativas que vêm sendo apontadas são no sentido da grande ineficiência dos modos de transporte e das deficiências em diversos elementos da infraestrutura econômica. Convencionou-se chamar a esta situação crítica da infraestrutura nacional de “Custo Brasil”, tendo em vista os enormes prejuízos acarretados por ela quanto à competitividade brasileira junto ao mercado internacional, as dificuldades para garantir a economia de escala na produção e para a redução dos preços das mercadorias. 5.2. Redução dos Custos Logísticos As principais estratégias para a redução dos custos logísticos iniciam seus estudos e planejamento através da análise logística. Isto vem sendo apontado por estudos internacionais quanto à visão de logística integrada e da utilização de conceitos tais como o gerenciamento da cadeia de suprimentos e outros. Por exemplo, um estudo realizado por A. T. KEARNEY aponta que as organizações integradas ampliam a sua lucratividade entre 1,9 e 2,4 pontos percentuais em relação a empresas não integradas. Christopher (1992) cita o caso da XEROX que após ter implantado a integração da cadeia de suprimentos conseguiu reduzir seus estoques em mais de U$ 700 milhões e seus custos logísticos diminuíram em U$ 100 milhões. A integração da cadeia de suprimentos promove o desenvolvimento da coprodução entre todos os atores da cadeia, desde os fornecedores até o usuário final. A partir da integração é possível: Prazos de entrega mais curtos; Promessas de entrega confiáveis; Menos quebras na programação; Níveis de estoque mais baixos; Implantação mais rápida das modificações de projeto; Menos problemas de qualidade; Preços competitivos e estáveis; Maior prioridade dada aos produtos. A análise logística tem como objeto de estudo o fluxo logístico e uma análise de custos logísticos tende a ter algumas incompatibilidades com a análise tradicional de custos, baseada em custo dos produtos. A análise dos custos logísticos necessita de uma desagregação maior que a análise tradicional para a identificação dos custos verdadeiros da prestação de serviço ao cliente em uma variedade de produtos em cada etapa do processo. Outro impedimento causado pela falta de análise de custos logísticos, agregados sob a ótica das funções logísticas, é o estudo dos trade-offs, tanto do ponto de vista de seus impactos sobre o custo total quanto sobre a receita de vendas. Isto implica na observação do conceito de custo total para a avaliação de ações em qualquer etapa do processo logístico. Segundo Christopher (1992), o sistema de custeio logístico deve refletir o fluxo dos materiais, ser capaz de identificar os custos resultantes do fornecimento de serviço ao cliente, possibilitar uma análise separada de custos e receitas, por tipo de cliente e por segmento de mercado ou canal de distribuição, e, exige uma orientação para resultados, ou seja, devem-se definir os produtos desejados do sistema logístico.
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