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ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 1 1. DEFINIÇÃO DE ÁCIDO E BASE Sabemos que segundo Arrhenius, uma neutralização ácido-base é uma reação na qual um ácido e uma base se combinam para produzir seu respectivo sal e água. Além disso, já estamos familiarizados com sua definição de ácidos e bases, na qual ácidos são substâncias que em meio aquoso produzem e bases são substâncias que em meio aquoso produzem . Sim, mas como classificar ácidos e bases em reações que não envolvem , ou ? Bronsted e Lowry vão nos ajudar na elucidação dessa questão. 1.1 – DEFINIÇÃO DE ÁCIDO E BASE SEGUNDO BRONSTED-LOWRY: Bronsted e Lowry identificaram a ocorrência da transferência de um próton, de uma espécie para a outra, na maioria das reações ácido-base. Assim, redefiniram ácidos como substâncias capazes de doar prótons e bases capazes de recebê-los. ÁCIDO FORTE No caso de um ácido forte, por exemplo, o ácido clorídrico ( ), teremos a dissociação representada pela equação abaixo: Onde o íon cloreto, , devido a capacidade de aceitar o próton oriundo do , é sua base conjugada. Um ácido forte, predominantemente ou totalmente dissociado, possui uma base conjugada associada a ele fraca. DEFINIÇÃO DE BRONSTED-LOWRY PARA ÁCIDOS E BASES: Um ácido é um doador de prótons; Uma base é um receptor de prótons. ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 2 À frente iremos usar argumentos matemáticos para a afirmação acima. Por hora basta utilizarmos essa informação. ÁCIDO FRACO No caso de um ácido fraco, por exemplo, o ácido acético ( ), teremos a dissociação representada pela equação abaixo: Onde o íon acetato, , devido sua capacidade de aceitar o próton oriundo do é sua base conjugada. Um ácido fraco, parcialmente dissociado, possui uma base conjugada forte associada a ele. Observe que tanto o par ácido/ base conjugada, quanto base/ acido conjugado, diferem por um único próton. O que pontua a utilidade em se considerar uma reação ácido-base de Bronsted como um equilíbrio químico que apresenta tanto uma reação direta como uma reação inversa. Isto é: duas substâncias que são diferentes por apenas um próton são conhecidas como um par conjugado ácido-base. AGORA É A HORA DE VOCÊ TENTAR: Na reação: ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 3 A amônia é um ácido ou uma base Bronsted? Qual é seu par conjugado?1 ATENÇÃO! Hidróxidos metálicos, como por exemplo, ou , não são bases segundo Bronsted, pois não podem receber um próton. Contudo esses compostos se dissociam completamente em água nos íons , e . Observe que o hidróxido é naturalmente uma base de Bronsted, já que pode aceitar um próton. 1.2 – DEFINIÇÃO DE ÁCIDO E BASE SEGUNDO LEWIS: Em 1923, uma definição mais abrangente de ácidos e bases foi formulada por Lewis. De acordo com Lewis, ácido é qualquer substância que pode aceitar um par de elétrons e base àquela que pode doá-los. Essa definição além de abranger os exemplos anteriores, também englobam reações que não envolvem prótons. AGORA É A HORA DE VOCÊ TENTAR: Para as reações abaixo, especifique quais são os ácidos e as bases de Lewis2: a) b) c) 1 A primeira coisa a fazer é lembrar a definição de ácidos e bases de Bronsted: ácidos são substâncias capazes de doar prótons bases são substâncias capazes de receber prótons. Logo a amônia, , é uma base de Bronsted, uma vez que ela pode aceitar um próton, e o íon amônio, é seu ácido conjugado. 2 Resposta: ; ; ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 4 2. DISSOCIAÇÃO DE ÁCIDOS E BASES: A dissociação de um ácido fraco, , em solução aquosa pode ser representada por: A constante de equilíbrio termodinâmico para esse processo é: Em que representa as atividades das espécies. Como a concentração de água na maioria das soluções aquosas é próxima à da água pura, ela não é alterada essencialmente pelo processo de dissociação. Portanto pode-se considerar que a água está em seu estado padrão, ou seja líquido puro, para o qual a atividade é unitária. Para simplificar também substituiremos por . Assim: Como é uma espécie não carregada, podemos fazer para soluções diluídas. Logo: Lembre-se que a atividade iônica média, , é definida como: Em que e são as atividades do cátion e do ânion, respectivamente. ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 5 A atividade iônica média e a molalidade iônica média estão relacionadas pelo coeficiente médio de atividade iônica, , isto é: Em que: Assim, temos que: Logo: Se o ácido for suficientemente fraco, as concentrações das espécies iônicas serão baixas e, portanto, como uma boa aproximação podemos escrever: A força do ácido é indicado pela magnitude de , isto é, qanto maior o valor de , mais forte é o ácido. Outro modo de medir a força de um ácido é calcular sua dissociação percentual, definida por: Em que é a concentração do íon hidrogênio no equilíbrio e é a concentração inicial do ácido. ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 6 3. PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA E A ESCALA DE pH: A dissociação da água é um caso importante, uma vez que muitas reações ácido-base ocorrem em soluções aquosas. A água comporta-se tanto como ácido quanto como base. Essa propriedade é conhecida como amfoterismo. A constante de dissociação, ou produto iônico, da água é: Ou, em termos de concentrações: Assim como a maioria das constantes é uma função da temperatura. Pelos valores de observa-se que a água é um ácido e uma base extremamente fracos. Em uma solução neutra, a 298K. Se a solução for ácida, . Em uma solução básica, . O íon desempenha papel central em muitos processos químicos e biológicos e sua concentração pode variar em um amplo intervalo. Portanto, é útil estabelecer uma escala de pH de modo que: Em que é a atividade dos íons em solução, dada por . Somente os coeficientesde atividade iônica média podem ser determinados experimentalmente, portanto, podemos apenas estimar o valor de . ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 7 Geralmente para soluções relativamente diluídas a baixas forças iônicas, podemos usar a seguinte equação aproximada: Tenha em mente que o medido de uma solução raramente é igual ao calculado pela equação , em razão do comportamento não ideal. Podemos também definir a escala de como se segue: Vimos que em determinadas situações podemos escrever a equação da constante de dissociação da água como um produto das concentrações de seus íons: . Tomando o negativo de seu logaritmo teremos: Em que . A 25 oC, a equação acima se torna: Embora na prática o intervalo de esteja entre 1 e 14, existem valores negativos de , assim como valores de maiores que 14. ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 8 4. RELAÇÃO ENTRE A CONSTANTE DE DISSOCIAÇÃO DE UM ÁCIDO E A SUA BASE CONJUGADA: Uma relação importante entre a constante de dissociação de um ácido e a constante de dissociação de sua base conjugada pode ser derivada como se segue, usando ácido acético como exemplo: A base conjugada , fornecida por um solução de acetato de sódio, , reage com a água de acordo com a equação: Podemos escrever a constante de dissociação da base como: O produto de por é dado por: Essa equação permite chegar a uma conclusão importante: quanto mais forte for o ácido, isto é, quanto maior for o , mais fraca será sua base conjugada, ou seja, menor o , e vice-versa. ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 9 5. HIDRÓLISE SALINA: A dissolução de ou de em água resulta em uma solução essencialmente neutra. Por outro lado, pode-se dizer que uma solução de acetato de sódio ou cloreto de amônio é tudo menos neutra. Dependendo da concentração, por exemplo: o de uma solução de acetato de sódio pode ser muito mais alto que 7, enquanto o de uma solução de cloreto de amônio é bem mais baixo que 7. Os desvios de 7 resultam da hidrólise salina, que é a reação de um ânion ou de um cátion de um sal, ou de ambos com a água. ACETATO DE SÓDIO Considere a reação entre o acetato de sódio e a água. Sendo o acetato de sódio um eletrólito forte, ele se dissocia completamente: Contudo, o ácido acético é um ácido fraco, logo o equilíbrio abaixo pende para a direita produzindo um excesso de íons hidróxidos, e, consequentemente, uma solução básica. A constante de equilíbrio é a mesma da constante de dissociação da base: Supondo que o íon não reage com a água e sabendo que a constante de dissociação do ácido acético a 298 oC é temos: ÁCIDOS E BASES Priscila TAMIASSO-MARTINHON Página 10 AGORA É A HORA DE VOCÊ TENTAR: Siga para o cloreto de amônio um raciocínio análogo ao usado para o acetato de sódio. ATENÇÃO! Cátions pequenos e altamente carregados, como o , e também se hidrolisam na água. Estritamente falando, todos os cátions metálicos, incluindo os cátions alcalinos e alcalinos terrosos, hidrolisam-se em determinada extensão, de modo que sua presença também pode influenciar, por abaixamento, o pH da solução. 6. TITULAÇÕES ÁCIDO-BASE: A titulação ácido-base é um procedimento experimental simples. Uma base é adicionada com o auxilio de uma bureta a uma solução ácida até atingir o ponto de equivalência. Se a concentração de uma das soluções for conhecida, a outra concentração pode ser calculada a partir dos volumes do ácido e da base. O pHmetro é o instrumento mais conveniente para monitorar a titulação, porém o emprego de outros dispositivos também é possível.
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