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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
1 
FRIEDRICH MULLER 
 
A METÓDICA DE FRIEDRICH MULLER: 
 
Segundo Müller, a métodica de 
concretização da norma não se confunde 
com uma métodica de interpretação de 
textos de linguagem, com recurso às 
regras artificiais da hermenêutica clássica. 
Neste erro, afirma Müller, incorreram 
Laband e, também, de certa maneira, Hans 
Kelsen. 
Segundo Müller, a norma não é uma 
proposição idiomática posta no papel, não 
é um mero texto, logo, a interpretação 
jurídica também não é uma mera 
interpretação do texto da lei. O processo 
de concretização (ou interpretação 
jurídica), segundo Müller, envolve três 
elementos básicos, são eles: a) O FATO (o 
RELATO que se fez do caso concreto); b) o 
PROGRAMA DA NORMA; c) o ÂMBITO 
NORMATIVO. Como se vê, para Müller, a 
concretização da norma é um PROCESSO 
ESTRUTURADO. 
Segundo Müller, toda concretização 
normativa é aperfeiçoadora e criativa. Isto 
porque, segundo ele, a interpretação não 
deve se prestar nem a descobrir "a 
vontade do legislador" (uma ficção, 
segundo ele) nem "a vontade da lei" (uma 
vontade desatualizada e imobilizada pelo 
texto da norma). O processo de 
concretização da norma abrange o 
funcionamento dela, o seu 
reconhecimento e a sua eficiência na 
atualidade. O texto da norma não é a 
norma. O texto é apenas a ponta de um 
grande iceberg. Logo, não é o texto da 
norma que regula o caso concreto, mas, 
sim, o que diz o juiz, o administrador, o 
órgão de governo, o corpo legislativo etc. 
A concretização da norma e o seu 
processo estruturado é construído a partir 
da observação do que diz a ciência e o seu 
conhecimento teórico, mas, também, e 
sobretudo, o que prescreve a praxis. O 
texto da norma, segundo Müller, não 
contém a NORMATIVIDADE e a sua 
estrutura material concreta. Do que se 
deduz que não é possível isolar a norma 
da "realidade", antes é a realidade em seus 
respectivos dados (o círculo ou o âmbito 
da norma - ÂMBITO NORMATIVO) afetada 
pela disposição da norma (o PROGRAMA 
DA NORMA) o elemento material 
constitutivo da da própria norma. 
Em suma, o processo de concretização (ou 
interpretação jurídica) que cria e 
aperfeiçoa a norma para um certo caso 
concreto é estruturado a partir de três 
elementos: 
a) O FATO: que é o RELATO que se fez do 
caso concreto; 
b) o PROGRAMA DA NORMA 
(Normprogramm): é a pretensão ou 
disposição da norma, ou seja, 
o objetivo que a norma do caso concreto 
pretende alcançar; 
c) o ÂMBITO NORMATIVO (Normbereich): 
é o rol de situações concretas a que a 
norma pode se dirigir ou pretende 
controlar. 
 
OS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 
CONSTITUCIONAL DA NOVA 
HERMENÊUTICA. 
O MÉTODO CONCRETISTA DE 
INSPIRAÇÃO TÓPICA (A NOVA 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL DE 
FRIEDRICH MÜLLER). 
 
Síntese feita por mim a partir do Curso de 
Direito Constitucional do Ilustre Professor 
Emérito Paulo Bonavides. 
O método de Müller é concretista. Tem sua 
base medular ou inspiração maior na 
tópica, a que ele faz alguns reparos, 
modificando-a em diversos pontos para 
poder chegar aos resultados da 
metodologia proposta. 
Todas as diligências empreendidas por 
Müller se concentraram em estruturar e 
racionalizar o processo de concretização 
da norma, de modo que a atividade de 
interpretação, deixada em aberto pela 
tópica, possa por meio da racionalização 
método-lógica tornar-se minimamente 
controlada, de sorte a não enfraquecer o 
caráter de obrigatoriedade e normatividade 
da regra inscrita na Constituição. 
A interpretação em Müller, bem como nos 
demais autores concretistas (Konrad 
Hesse e Ehmke, por exemplo), se qualifica 
como concretização. Ou seja, é a 
interpretação que especifica qual será a 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
2 
norma aplicável a um determinado caso 
concreto. Em outras palavras, a 
concretização se caracteriza por ser feita 
através da interpretação, e esta se 
caracteriza por ser o próprio processo de 
concretização. 
Mas a interpretação é a interpretação do 
quê? Da norma. Porém, o que é a norma? 
É aqui que se concentra a essência da 
originalidade contida na posição desse 
jurista (Friedrich Müller), quando ele 
responde a esta indagação. 
Ele compreende a norma jurídica como 
algo que vai além do texto de uma regra 
normativa inscrita na Constituição ou em 
um Código. Logo, a interpretação ou 
concretização de uma norma não se 
confunde com a mera interpretação do 
texto de um artigo de lei, por exemplo. Por 
conseguinte, a interpretação ou 
concretização para Müller não tem o 
mesmo significado que a interpretação 
tem para uma boa parte do juristas, isto é, 
como sendo um processo de interpretação 
de um texto, explorando as suas 
possibilidades semânticas ou sintáticas. 
A concretização da norma para Müller é 
algo mais abrangente, pois envolve outras 
variáveis, e não apenas o texto da lei, além 
de ser algo mais arrojado. Nas palavras de 
Müller, a "metódica" envolve todos os 
meios de trabalho mediante os quais se 
chega a concretizar a norma e a realizar o 
direito. Logo, é uma operação mais 
complexa, pois envolve diversas outras 
variáveis, além do texto de lei. 
A concretização empreendida pelos 
Tribunais, com frequência, se socorre de 
TOPOI ou pontos de vistas (lugares 
comuns, opiniões compartilhadas pela 
maioria dos juristas e que não estão 
previstas expressamente na lei). 
Exemplos de topoi: o princípio da unidade 
da Constituição; a presunção de que há 
uma "natureza das coisas"; a necessidade 
de uma interpretação conforme o caso 
concreto; a possibilidade de mudança de 
importância de uma norma constitucional 
em razão de alterações fáticas do mundo 
social; a importância que a matéria tem 
tanto para interpretação da norma como 
para decisão do conflito; a importância 
que considerações históricas, políticas e 
científico-sociais têm para que seja 
proferida a decisão. 
 
A METÓDICA DE FRIEDRICH MULLER: 
UMA ESTRUTURAÇÃO CONCRETISTA DO 
DIREITO E DA REALIDADE: O ÂMBITO DA 
NORMA FUNDAMENTA A 
NORMATIVIDADE. 
 
A partir da lição de Müller é possível 
concluir que, ao analisar a praxis jurídica, 
a normatividade se apresenta como um 
"processo estruturado". E que, ao analisar 
a relação da normatividade com a norma e 
o texto da norma, é preciso, logo a seguir, 
analisar a estrutura da norma. 
Ou seja, segundo Müller, a norma jurídica 
não é um juízo hipotético diante de um 
grupo de situações abstratamente 
imaginadas e que possam ser isoladas. Ela 
não é, prossegue o professor de 
Heidelberg, um comando autoritário 
sobreposto à realidade. 
Pelo contrário, ela é a consequência de um 
processo. 
Uma consequência que ordena a própria 
estrutura material da esfera social a ser 
regulada. 
Em outras palavras, o direito e a realidade 
não são esferas incomunicáveis nem 
categorias autônomas subsistentes por si 
mesmas. O âmbito da norma é fator que 
fundamenta a normatividade. Não é uma 
simples soma de fatos, mas um conjunto 
de elementos estruturais extraídos da 
realidade social. Isto é, o conjunto de 
circunstâncias sociais encontradas na 
realidade de uma certa sociedade e que 
fundamenta a normatividade. 
Como Müller parte da ideia de que o texto, 
a rigor, não é a lei, mas tão-somente a 
forma da lei, ele propõe uma teoria 
estruturalista em que a normatividade da 
prescrição jurídica se fundamenta através 
do âmbito da norma (conjunto de 
circunstâncias sociais encontradas na 
realidade, por exemplo, as presunções 
compartilhadas). E o âmbito normativo, 
por sua vez, é extraído do conteúdo fático 
geral da esfera regulativa da prescrição. 
Ou seja, se é a realidade social que se 
quer regular, é preciso extrair dela as 
premissasque devem balizar e 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
3 
fundamentar a norma jurídica que decidirá 
o conflito. 
Sendo assim, o texto funciona como 
aquilo que irá dirigir e delimitar a 
concretização possível. 
Como a interpretação do texto da norma 
forma uma parte importante da norma, 
mas não a única, por meio da qual se 
converte os sinais gráficos de ordenação 
normativa aplicada a determinados casos, 
é mais correto se falar em concretização 
de normas, e não de interpretação ou 
exegese. 
A metodologia jurídica, daqui para frente 
precisa levar em consideração as 
condições que cercam as "funções de 
concretização da norma" (a fixação da 
norma,o Governo, a Administração, a 
Jurisprudência, a Ciência). 
 
A "METÓDICA ESTRUTURANTE" NA 
CONCRETIZAÇÃO DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS. 
 
Em se tratando de concretização de 
normas constitucionais, preconiza Müller 
que haja, além dos elementos clássicos e 
tradicionais distinguidos e apontados por 
Savigny, elementos adicionais a serem 
acrescentados, cabendo à nova 
metodologia completar a análise estrutural 
do processo de concretização por meio de 
um modelo de estrutura, também de 
concretização, de maneira que disso tudo 
resulte uma "metódica estruturante" 
(strukturierende Methodik). 
Entram em jogo na teoria de Müller os 
seguintes elementos de concretização da 
norma: 
a) os elementos metodológicos em sentido 
estrito (os da interpretação gramatical, 
histórica, genética sistemática e 
"teleológica", além de alguns princípios 
isolados de interpretação constitucional); 
b) os elementos do âmbito da norma; 
c) os elementos dogmáticos; 
d) os elementos teóricos ou de uma Teoria 
da Constituição; 
e) os elementos técnicos de solução; 
f) e os elementos político-jurídicos ou 
político-constitucionais. 
Dentre estes elementos, alguns se 
relacionam de maneira direta com a 
norma, ao passo que outros apenas o 
fazem de forma indireta. 
Estão em relação direta com a norma os 
elementos metodológicos em sentido 
estrito, os do âmbito da norma e parte dos 
elementos dogmáticos. Os demais, não se 
relacionando diretamente com a norma, 
desempenham funções auxiliares, bem 
delimitadas durante o ato de 
concretização. 
Müller, ao tratar sobre o aspecto mais 
complexo e delicado de sua teoria 
estrutural da norma, concebida em sua 
normatividade dentro de um âmbito fático 
(ou material), cuja análise é fundamental 
para o hermeneuta, estabelece uma 
hierarquia entre os elementos de 
concretização da norma. Em caso de 
conflito, ou seja, em que os resultados 
possíveis da interpretação são 
contraditórios entre si, deve prevalecer os 
elementos imediatamente relacionados 
com a norma sobre os demais. 
E se entre os elementos imediatamente 
vinculados à norma surgir um conflito, isto 
é, se entre as interpretações possíveis a 
partir dos elementos diretamente ligados à 
norma também houver contradição, 
devem prevalecer os elementos 
gramaticais e sistemáticos, vez que eles se 
referem a interpretação de texto de 
normas, enquanto os demais se 
relacionam a textos que não são textos de 
normas. Nas palavras do autor: 
"A função da limitação jurídico-estatal do 
texto da prescrição que se vai concretizar 
(e do texto da norma sistematicamente 
tirado de outras prescrições) prevalece 
sobre os resultados empíricos 
provenientes do âmbito da norma". 
 
Robert Alexy 
 
I – INTRODUÇÃO: 
Segundo Robert Alexy, na obra Teoria dos 
Direitos Fundamentais, a norma jurídica é 
o gênero que admite duas espécies, são 
elas: os princípios e as regras. Tanto 
regras quanto princípios são normas, 
porque ambos dizem o que deve ser. O 
referido autor chama atenção de que a 
distinção entre princípios e regras não é 
nova. 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
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Porém, como ele esclarece, há uma 
pluralidade de critérios distintivos. 
Joseph Raz faz alusão ao critério da 
generalidade. De acordo com este critério, 
os princípios são normas com grau de 
generalidade relativamente alto, enquanto 
o grau de generalidade das regras é 
relativamente baixo. 
Josef Esser menciona, ainda, outros 
critérios, são eles: 
a) o da "determinabilidade dos casos 
de aplicação"; 
b) a forma de seu surgimento; 
c) o caráter explícito de seu conteúdo 
axiológico; 
d) a referência à ideia de Direito ou a uma 
lei jurídica suprema;e) ou, ainda, o critério 
da importância para ordem jurídica. 
Por fim, Hyman Gross faz referência ainda 
a dois outros critérios: 
a) princípios são o fundamento das regras, 
ao passo que as regras são elas mesmas 
regras; 
b) princípios são normas de 
argumentação, ao passo que as regras são 
normas de comportamento. 
II - O JUSPUBLICISMO PÓS-POSITIVISTA 
DETERMINA A HEGEMONIA NORMATIVA 
DOS PRINCÍPIOS (Friedrich Müller e 
Ronald Dworkin). 
 
A construção doutrinária de que os 
princípios têm força de norma, provém, em 
grande parte, do empenho da Filosofia e 
da Teoria Geral do Direito em buscarem 
algum campo neutro onde se possa 
superar a antinomia clássica Direito 
Natural / Direito Positivo. 
Tanto Friedrich Müller quanto Ronald 
Dwokin, segundo Paulo Bonavides, já se 
encontram na faixa histórica do pós-
positivismo, cujas teses mais fecundas e 
representativas são encabeçadas por eles. 
De um lado, a doutrina de Müller, 
caracterizada pelo normativismo de sua 
teoria estruturante do direito, intenta 
ultrapassar pelas vias conceituais de uma 
concepção material o formalismo 
normativista de Kelsen. Do outro lado, a 
lição de Dworkin, que parte da conexão 
entre o Direito e a Moral, com o intuito de 
abalar a Ciência Jurídica da maneira como 
ela é definida pelo positivismo de Herbert 
Hart. 
Trata-se de uma reviravolta na doutrina. 
Os princípios jurídicos passam a ser 
entendidos como normas, normas-valores 
com positividade e que se encontram 
inscritas na Constituição, e não nos 
Códigos. Normas providas, dentro do 
sistema jurídico, do mais alto peso, por 
fazerem parte da norma de eficácia 
suprema, Esta norma não pode deixar de 
ser o PRINCÍPIO. 
Deste modo, fica ultrapassada a antiga e 
embolorada distinção entre princípios e 
normas. Agora, com base no novo 
discurso metodológico, a norma se torna o 
gênero que possui duas espécies: os 
princípios e as regras. Esta nova distinção 
já se acha difundida e estabelecida, basta 
consultar a obra de Robert Alexy, cuja 
obra reflete o influxo da doutrina pós-
positivista. 
III - OS DISTINTOS CRITÉRIOS PARA 
ESTABELECER A DISTINÇÃO ENTRE 
REGRAS E PRINCÍPIOS (ROBERT ALEXY). 
Ao estudar uma teoria material dos 
direitos fundamentais em bases 
normativas - teoria normativa-material - 
Alexy instituiu a distinção entre regras e 
princípios, que, na essência, é a mesma de 
Dworkin. Conjugou as duas modalidades 
debaixo do conceito de normas. 
Tanto as regras como os princípios 
também são normas, escreve ele, 
porquanto ambos se formulam com a 
ajuda de expressões deônticas 
fundamentais, como mandamento, 
permissão e proibição. 
Em seguida, ele assevera que os 
princípios, assim como as regras, 
constituem fundamentos para juízos 
concretos de dever, embora sejam 
fundamentos de espécie mui diferentes. 
A diferença entre princípios e regras é, 
portanto, a diferença entre duas espécies 
de normas. Alexy lembra que há inúmeros 
critérios acerca da distinção entre 
princípios e regras. O mais frequente, 
segundo ele, é o da generalidade. De 
acordo com este, diz Alexy, os princípios 
são normas dotadas de alto grau de 
generalidade relativa, ao passo que as 
regras, sendo também normas, têm, 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofiado Direito 
Bernardo Montalvão 
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contudo, grau relativamente baixo de 
generalidade. 
Alexy exemplifica. E o faz tomando a 
norma segundo a qual toda pessoa 
desfruta da liberdade de crença, como 
norma com um grau relativo de alta 
generalidade, ao passo que a norma sobre 
o direito que todo preso possui de fazer 
proselitismo (converter a uma nova 
religião) em favor de suas crenças junto 
doutros presos presos seria ilustração das 
normas de reduzido grau de generalidade. 
Portanto, é possível, segundo se lhe 
afigura, classificar as normas de acordo 
com o critério da generalidade, sendo 
umas princípios, enquanto outras são 
regras. 
Os demais critérios de distinção seguem 
adiante relacionados: a) o da 
determinabilidade dos casos de aplicação 
(Esser), b) o da origem, c) o da 
diferenciação entre normas criadas e 
normas "medradas" ou crescidas, referido 
por Schuman e Eckhoff; d) o da 
explicitação do teor de valoração 
(Canaris); e) o da relação com a ideia de 
Direito (Larenz), ou com a lei suprema do 
Direito (H. J Wolff) e f) o da importância 
que tem para ordem jurídica (Peczenik e 
Ziembinski). 
Com fundamento em tais critérios, Alexy 
parte para descoberta de três possíveis 
teses acerca da distinção que vai das 
regras aos princípios. 
A primeira, rodeada de ceticismo, entende 
que nenhum daqueles critérios, 
unilaterais, em razão de sua própria 
diversidade, serve para fundamentar uma 
tal distinção. Valendo-se da autoridade de 
Wittgenstein, entende ele, portanto, que o 
alvo há de ser colocado nas inumeráveis 
homogeneidades e heterogeneidades, 
semelhanças e dessemelhanças, dentro da 
classe das normas, e não em uma divisão 
em duas classes. 
A segunda tese, prossegue Alexy, é 
representada por quantos admitem que as 
normas, de modo relevante, se repartem 
em princípios e regras, mas pondera que 
esta distinção se faz de forma GRADUAL. 
Seus adeptos, via de regra, são aqueles 
numerosos autores que se valem do grau 
de generalidade por critério decisivo de 
distinção. 
A terceira tese, enfim, vem a ser aquela 
que Alexy considera como correta e 
consiste em afirmar que entre os 
princípios e as regras não impera tão 
somente uma distinção de GRAU, mas de 
QUALIDADE também, Somente por meio 
desta última tese é possível fazer uma 
distinção específica entre as normas. 
O critério gradualista-qualitativo de Alexy 
não se acha contido, conforme ele mesmo 
declara, na lista dos critérios mencionados 
anteriormente, mas explica a maior parte 
daqueles até então tradicionais e que se 
reputavam decisivos. 
Ponto determinante deste critério - 
entendidos os princípios como 
MANDAMENTOS DE OTIMIZAÇÃO - é o 
reconhecimento de que eles são normas. 
Mas NORMAS DE OTIMIZAÇÃO, cuja 
principal característica consiste em 
poderem ser cumpridas em distinto grau 
(pode ser cumprido mais ou menos) e 
onde a medida imposta de execução não 
depende apenas de possibilidades fáticas, 
senão também jurídicas (o cumprimento 
depende de possibilidades fáticas e 
jurídicas). 
Disto resulta, segundo Alexy, que a esfera 
das possibilidades jurídicas se determina 
por princípios e regras de direção 
contrária. Por outro lado, prossegue Alexy, 
as regras são normas que sempre podem 
ser cumpridas ou não, e quando uma regra 
vale, então se á de fazer exatamente o que 
ela exige ou determina. Nem mais, nem 
menos. 
Demais disso, como as regras contêm, 
desse modo, ESTIPULAÇÕES no espaço 
fático e jurídico do possível, isto significa, 
segundo ele, que, então, existe aí, entre as 
regras e os princípios, distinção 
qualitativa, e não de grau, e que toda 
norma é regra ou princípio. 
IV – O CONFLITO DE REGRAS SE 
RESOLVE NA DIMENSÃO DA VALIDADE E 
A COLISÃO DE PRINCÍPIOS NA 
DIMENSÃO DO VALOR. 
Mas onde a distinção entre regras e 
princípios desponta com maior nitidez, no 
dizer de Alexy, é ao redor da colisão de 
princípios e do conflito de regras. Em 
 
 
 
 
 
 
 
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Filosofia do Direito 
Bernardo Montalvão 
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comum entre as colisões e os conflitos é 
que duas normas, cada qual aplicada de 
per si, conduzem a resultados entre si 
incompatíveis, a saber, a dois juízos 
concretos e contraditórios de dever-ser 
jurídico. Distinguem-se, por conseguinte, 
no modo de solução do conflito. Afirma 
Alexy: “Um conflito entre regras somente 
pode ser resolvido se uma cláusula de 
exceção, que remova o conflito, for 
introduzida numa regra ou pelo menos se 
uma das regras for declarada nula”. 
Juridicamente, segundo Alexy, uma regra 
vale o ou não vale, e quando vale, e é 
aplicável a um caso, isto significa que 
suas consequências jurídicas também 
valem. 
Com a colisão de princípios, tudo se passa 
de modo inteiramente distinto, conforme 
adverte Alexy. A colisão ocorre, por 
exemplo, se algo é vedado por um 
princípio, mas permitido por outro, 
hipótese em que um dos princípios deve 
recuar. Isto, porém, não significa que o 
princípio do qual se abdica seja declarado 
nulo, nem que uma cláusula de exceção 
nele se introduza. 
Antes quer dizer, esclarece Alexy, que, em 
determinadas circunstâncias, um princípio 
cede ao outro ou que, situações distintas, 
a questão de prevalência se pode resolver 
de forma contrária. 
Com isso, afirma Alexy, se quer dizer que 
os princípios têm um PESO diferente nos 
casos concretos, e que o princípio de 
maior peso é o que prepondera. 
Já os conflitos de regras se desenrolam na 
dimensão da validade, ao passo que a 
colisão de princípios, visto que somente 
princípios válidos podem colidir, 
transcorre fora da dimensão da validade, 
ou seja, na dimensão do PESO, isto é, do 
VALOR. 
Da posição de Alexy se infere uma suposta 
proximidade da teoria dos princípios com 
a teoria dos valores. 
Aquela se acha subjacente a esta. Se as 
regras têm que ver com a validade, os 
princípios têm muito que ver com os 
valores. 
Teoriza Alexy na mesma direção da 
Jurisprudência dos Valores, e aqui reside 
a inteira contemporaneidade do seu 
pensamento jurídico no que ao valor 
normativo dos princípios. 
V - AS CRÍTICAS AO CONCEITO DE 
PRINCÍPIO DE ROBERT ALEXY. 
Contra o conceito de princípio formulado 
por Alexy levantam-se, contudo, conforme 
ele mesmo arrolou, três objeções 
principais. 
A primeira forceja por demonstrar a 
existência de colisões de princípios que se 
resolvem mediante a declaração de 
invalidade de um deles. 
Mas, quando isso ocorre, é porque se trata 
de princípio extremamente fraco, isto é, 
princípio que em nenhum caso prevalece 
sobre qualquer outro. 
A segunda objeção envolve a ocorrência 
de princípios absolutos. Jamais podem 
eles ser colocados, porém, numa relação 
de preferência perante outros princípios. 
Neste ponto, Alexy rebate dizendo: "Se 
existem princípios absolutos, então cabe 
modificar a definição do conceito de 
princípio, visto que, se um princípio, em 
caso de colisão, precede todos os demais 
princípios, e também o de que uma regra 
estabelecida se há de seguir, significa que 
sua realização não conheceria limites 
jurídicos. Haveria somente fronteiras 
fáticas. Não seria aplicável o teorema da 
colisão". 
A terceira crítica é a de que o conceito de 
princípio é demasiado vasto e, portanto, 
imprestável, ou seja, inútil, porque faria 
objeto de avaliação todos os interesses 
possíveis. 
Esta é a mais fraca das críticas, e a ela 
pouca ou nenhuma atenção lhe concede o 
formulador da nova teoria dos princípios, 
salvo para deixar bem clara a sua 
divergência com Ronald Dworkin, que 
entende de maneira restritiva os princípios 
, fazendo dos bens coletivos meras 
POLICIES (políticas), ao contrário de 
Alexy, que alarga o conceito de princípio e 
insere neles também as políticas (bens ou 
interesses de natureza coletiva). Em 
Dworkin os princípios se referemunicamente aos direitos individuais, mas 
para Robert Alexy, os princípios englobam 
tanto os direitos individuais como os de 
natureza coletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
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VI - A TEORIA DOS PRINCÍPIOS É HOJE O 
"CORAÇÃO" DAS CONSTITUIÇÕES: A 
CONTRIBUIÇÃO DE RONALD DWORKIN 
NA IDADE DO PÓS-POSITIVISMO. 
A distinção entre regras e princípios é 
também um dos pontos centrais da 
original concepção de Dworkin sobre as 
normas jurídicas. Em muitos aspectos, 
mas não em todos, ela coincide com a de 
Robert Alexy. É possível até dizer, com 
alguma ousadia, que Alexy se inspirou, de 
certo modo, a partir da obra de Dworkin. 
De forma sucinta, se passará a expor o 
pensamento de Dworkin acerca dos 
princípios, cuja normatividade foi ele um 
dos primeiros a admiti-la com toda a 
consistência e solidez conceitual, posto 
que com as insuficiências e imperfeições 
restritivas corrigidas por Robert Alexy, ao 
fazer o necessário e indeclinável 
enriquecimento dos conteúdos materiais 
dos princípios, cujo raio de abrangência 
ele alargou com maior rigor científico, 
segundo Paulo Bonavides. 
A teoria dos princípios, depois de 
acalmados os debates acerca da 
normatividade que lhes é inerente, se 
converteu no coração das Constituições, 
ainda de acordo com Paulo Bonavides. 
Voltemos a Dworkin, As regras, segundo 
ele, são aplicáveis segundo o método do 
TUDO OU NADA (an all or nothing). Se 
ocorrerem os fatos por ela estipulados, 
afirma ele, então a regra será válida e, 
nesse caso, a resposta que der deverá ser 
aceita; se tal, porém, não acontecer, aí a 
regra nada contribuirá para decisão. 
Sempre que se tratar de regra, para torná-
la mais precisa e completa, faz-se mister 
enumerar-lhe todas as exceções. O 
conceito de validade da regra é conceito 
de tudo ou nada apropriado para a mesma, 
mas incompatível com a dimensão de 
PESO, que pertence à natureza do 
PRINCÍPIO. Entenda-se bem: PESO ou 
VALOR. 
A dimensão de peso, ou importância ou 
valor (valor aqui numa acepção específica) 
só os princípios a possuem, as regras não, 
sendo este, talvez, o mais seguro critério 
com que distinguir tais normas. A escolha 
ou a hierarquia dos princípios se dá por 
meio de sua relevância. 
Das reflexões de Dworkin infere-se que um 
princípio, aplicado a um determinado caso, 
se não prevalecer, nada obsta a que 
amanhã, noutras circunstâncias, volte ele 
a ser utilizado, e já então de maneira 
decisiva. Já em um sistema de regras, 
segundo Dworkin, não é correto afirmar 
que uma regra é mais importante do que a 
outra. De tal sorte que, quando duas 
regras entram em conflito, não se admite 
que uma possa prevalecer sobre a outra 
em razão de seu maior peso. 
"Se duas regras entrarem em conflito, uma 
delas não pode ser regra válida. A decisão 
acerca de qual será válida e qual deverá 
ser abandonada ou reformada fica sujeita 
a considerações exteriores às próprias 
regras". 
As soluções possíveis para o conflito, 
referidas por Dworkin, são as seguintes: 
um sistema legal pode regular conflitos de 
regras por meio de outras regras, de 
preferência a que for decretada pela 
autoridade mais alta (hierarquia); a regra 
que houver sido formulada primeiro 
(cronologia); a mais específica ou algo 
desta natureza (especialidade) e, por fim, a 
que tiver apoio dos princípios mais 
importantes. 
Só as regras determinam o resultado, 
segundo Dworkin, não importa o que 
aconteça. Se um resultado contrário acaba 
ocorrendo, a regra é abandonada ou 
alterada, de acordo com Dworkin, ao 
passo que com os princípios isto não 
ocorre, pois com estes as coisas não se 
passam deste modo; se os princípios se 
inclinam por uma decisão, de maneira não 
conclusiva, e ela não prevalece, os 
princípios sobrevivem intactos. 
O princípio, ainda de acordo com Dworkin, 
pode ser relevante em caso de conflito, 
para um determinado problema legal, não 
estipula uma solução particular. E quem 
houver de tomar a decisão levará em conta 
todos os princípios envolvidos, elegendo 
um deles, sem que isso signifique, todavia, 
identificá-lo como "válido". Princípios não 
são válidos, antes têm peso. Regras, elas 
sim, são válidas.

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