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O BELO MUNDO DOS SOCIALISTAS UTÓPICOS

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O BELO MUNDO DOS SOCIALISTAS UTÓPICOS
(FABRÍCIO)
Inglaterra – 1820 – Lugar triste para se viver. Vitoriosa de uma longa luta no Continente, mas parecia estar em uma luta interna muito pior.
Trabalho Industrial:
Fábrica em Lowdham – Meninos e meninas, todos com mais ou menos de 10 anos, eram chicoteados dia e noite. Mas, comparada com uma fábrica em LITTON, Lowdham era extremamente humana. 
Fábrica em Litton – Crianças surradas, esmurradas e sexualmente violentadas. As crianças ficavam quase nuas no inverno e seus dentes eram arrancados. 
Rotinas de 16 horas de trabalho. Muitas vezes os operários não podiam levar seus próprios relógios e os relógios das oficinas tinha a estranha tendência de adiantar-se durante os poucos minutos destinados às refeições. 
Os horrores das condições de trabalho não eram o único fator de inquietação. A máquina era moda, e significava a substituição do trabalhador pelo aço que não reclamava. 
1811 – PROTESTOS CONTRA A TECNOLOGIA SE GENERALIZAVAM. Fábricas destruídas espalhavam-se pelos campos, e dizia que “Ned Ludd passara por ali”. O boato era que um Rei Ludd, ou um General Ludd, estava comandando as atividades da multidão. Não era verdade, evidentemente. As “Luddities”, como as chamavam, eram incendiadas puramente pelo ódio espontâneo às fábricas, que para o povo eram como prisões, e ao salário industrial, que continuavam a desprezar.
David Ricardo: Quase o único, entre as pessoas respeitáveis, a admitir que talvez a máquina nem sempre representasse um benefício imediato para o operário. 
NEW LANARK (BRENO)
Filas de casas de trabalhadores, limpas, com dois aposentos cada, havia ruas onde o lixo estava cuidadosamente amontoado em cantos, esperando ser levado, ao invés de se espalhar por toda a rua. 
E, nas fábricas, um espetáculo ainda mais raro se apresentava aos olhos dos visitantes (Czar Nicolau I e os príncipes Joao e Maximiliano da Austria): sobre cada empregado estava pendurado um pequeno cubo de madeira, pintado de cor diferente: preto, azul, amarelo, branco. Da mais escura à mais clara, as cores representavam os diferentes graus de comportamento, sendo branco excelente e preto, mau. As cores predominantes eram o amarelo e o branco.
Outra surpresa: Não havia crianças nas fabricas. E ninguém era castigado, e, exceto por alguns poucos adultos incorrigíveis que tiveram de ser expulsos por bebedeira crônica ou qualquer outro vicio, a disciplina era mantida pela tolerância, e não pelo temor. 
A porta da administração da fábrica ficava aberta e qualquer um podia formular objeções as regras e regulamentos.
O tratamento às crianças era o mais notável. Ao invés de dispersas pelas ruas, estavam em uma grande escola, trabalhando e brincando. 
E New Lanark dava lucros, muitos lucros. A empresa era administrada não somente por um santo, mas por um santo muito prático. E esse santo era ROBERT OWEN. 
“BONDOSO SR. OWEN DE NEW LANARK.”
Filho de pais pobres, nascido no país de Gales em 1771, Robert Owen saiu da escola aos 9 anos para ser aprendiz de negociante de linhos, e poderia ter permanecido no negócio a vida inteira. Mas preferiu ir para Manchester, e ali, com 18 anos e 100 libras emprestadas do irmão, estabeleceu-se como pequeno capitalista fabricante de maquinas têxteis. Após conseguir um cargo de gerente na fábrica de um Sr. Drinkwater, tornou-se ele uma espécie de menino precoce da indústria têxtil. 
Durante alguns anos, Owen ouvira falar de uma série de fiações que estavam à venda em New Lanark que pertenciam à um Sr. Dale. Com dinheiro emprestado, comprou as fábricas e ainda conquistou a mão de sua eleita, filha do ex proprietário. 
Um ano depois, Owen havia transformado New Lanark e, cinco anos depois, ela estava irreconhecível. Com mais dez anos, tornou-se conhecida mundialmente. Além de ganhar uma reputação europeia por sua bondade e visão, Owen também ganhou uma fortuna de pelo menos 60 mil libras. 
New Lanark não era somente um exercício de filantropia, mas também uma oportunidade para Robert comprovar as teorias que formulara sobre o progresso da humanidade como um todo. Ele acreditava que a humanidade não era melhor que o ambiente em que se encontrava e que, se esse fosse melhorado, um verdadeiro paraíso terrestre poderia ser conseguido. 
PLANO DE REORGANIZAÇÃO SOCIAL (CIDADE-JARDIM)
Cada família teria um apartamento para si, mas dispondo em comum de salas de estar, de ler e cozinhas. Crianças de mais de três anos seriam instaladas separadamente, a fim de que pudessem receber a educação que seria melhor para moldar o caráter para a vida adulta. 
Em torno das escolas, haveria jardins que seriam cuidados pelas crianças mais velhas, e em volta deles estariam os campos de cultivos tratados com enxadas. À distância, longe do conjunto residencial, estaria a fábrica
1819 - Uma comissão especial foi formada para levantar 96000 libras necessárias para estabelecer uma cooperativa experimental, nos moldes sugeridos por Owen. 
Robert Owen acreditava que os pobres poderiam tornar-se produtores de grande riqueza, se tivessem oportunidades de trabalhar, e que seus deploráveis hábitos sociais podiam transformar-se em virtudes sob a influência de um medo propicio. 
O dinheiro necessário à vila cooperativa experimental não foi levantado, mas apesar disso seria impossível deter o indômito filantropo. Owen fora um humanista, e transformara-se em um humanista profissional. 
1824 – Vendeu New Lanark e dispôs-se a construir sua própria comunidade do futuro. Na América. 
1826 – Nova Harmonia. A empresa não poderia ter êxito, e não teve. Não houve planejamento: 800 colonizadores surgiram, tumultuosamente, em poucas semanas. Owen foi enganado por um auxiliar e surgiram comunidades rivais.
1828 – Evidente fracasso. Owen vendeu a terra e retornou à Inglaterra. Lá, seus ensinamentos tinham criado raízes numa classe do país: a classe trabalhadora. Época dos primeiros sindicatos modernos, e os trabalhadores viam em Owen um possível líder ou defensor de seus interesses. Organizaram cooperativas de produtores, que fracassaram sem exceção, e de consumidores. 
Mas Owen não tinha tempo para as cooperativas. Estava mergulhado em um novo projeto: Grande União Nacional Moral das Classes Produtivas e Uteis. (Abreviado para Grande Nacional). Sob sua bandeira, os sindicalistas lutaram e em 1833 foi lançado oficialmente o movimento trabalhista inglês. Era um instrumento não só da MELHORIA social, mas da MODIFICAÇÃO social. Propunha de melhores salários e condições de trabalho até à abolição do dinheiro. 
Foi um fiasco completo.
Os patrões viram o Grande Nacional como um mau agouro para a propriedade privada e pediram a sua perseguição, com leis antissindicalistas. Dentro de dois anos o sindicato estava morto.
Em seus últimos anos, Owen encontrou refúgio no espiritualismo e morreu com 87 anos de idade em 1858.
Por mais que se queira, Owen não foi um economista. Foi mais do que isso: deu nova formulação à matéria prima com que lida o economista. Sozinho, mostrou à Inglaterra que a indústria não precisava ter como base o trabalho barato e brutalmente explorado. 
Sozinho, abriu caminho para a legislação fabril, colocando seus princípios em pratica e mostrando que funcionava. Foi o homem que teve a audácia de sugerir que os pobres poderiam ser melhor assistidos fazendo-se com que se tornassem produtivos, e que se pôs em campo para prova-lo. Foi o homem cujos discípulos fundaram o movimento cooperativo e que formou a primeira organização trabalhista realmente significativa vista pelo mundo.
“O homem é fruto das circunstancias”
SAINT SIMON (EMILY)
Aristocrata, descendente de Carlos Magno. Nascido em 1760, foi educado na consciência da nobreza de sua origem e da importância de manter o brilho de seu nome. Desde criança, confundiu a devoção a um princípio com a teimosia. 
Sua autoindulgência poderia tê-lo levado ao mais indulgente dos grupos políticos: à corte de Luis XVI. Mas Saint-Simon redimiu-se pelo amor a uma ideia estranha àquela da corte: A democracia.
Lutouem cinco campanhas, ganhou a Ordem de Cincinnatus e, o que é mais importante, tornou-se discípulo apaixonado das novas ideias de liberdade e igualdade.
Quando o escolheram para a Assembléia Nacional, propôs a abolição dos títulos e renunciou ao seu. 
A revolução o tratou estranhamente. Por um lado, ele especulou com terras da Igreja, ganhando uma modesta fortuna; por outro, ocupou-se com um gigantesco plano educativo que o colocava em contato com estrangeiros e, por isso, caiu em desagrado e foi posto em custódia protetora. Conseguiu fugir, mas apresentou-se novamente quando soube que o proprietário de seu hotel fora injustamente acusado de colaborar na fuga. Foi para a cadeia. Obteve a liberdade e, com o dinheiro que tinha acumulado, empenhou-se numa fantástica busca de conhecimentos. Mas essa busca, embora interessante, era financeiramente desastrosa. Seus gastos tinham sido excessivos, a ponto da exaustão. 
1823 – Tentou suicidar-se. Mas nunca pôde conseguir o que queria e apenas perdeu um olho. 
Quando veio o fim, reuniu seus poucos discípulos e disse-lhes: “Lembrem-se de que para realizar grandes coisas é necessária a paixão”
Justificativa para o fim melodramático: Havia fundado uma religião. Semimística e desorganizada, pois se baseava num conjunto de ideias confusas e inacabadas. O evangelho pregado por Saint-Simon proclamava que o homem deve trabalhar, para participar dos frutos da sociedade.
Para ele, são os trabalhadores de todas as classes e hierarquias que merecem a mais alta recompensa da sociedade e os ociosos que devem ter a menor. As recompensas deviam ser proporcionais à contribuição social, deviam recair sobre os que trabalham, nas fabricas, e não sobre os observadores.
Protesta contra o fato de que, numa sociedade de trabalho, sejam os ociosos que levem a parte do leão da riqueza.
CHARLES FOURIER (ISAAC)
Como Saint-Simon, Fourier acreditava que o mundo estava completamente desorganizado. 
Nascido em 1772, filho de um comerciante de Besançon, passou a vida como viajante comercial sem êxito. De certo modo, nada fez, nem mesmo se casou. Suas paixões se resumiam à flores e gatos. 
Fourier foi um excêntrico. Para sermos exatos, foi um louco manso. Seu mundo era uma fantasia: a terra, acreditava ele, tinha vida para 80000 anos: 40000 de vibrações ascendentes e o mesmo número de vibrações descendentes. Entre as duas haveria 8000 anos de Apogée du Bonheur. O mundo estava vivendo no quinto de oito estágios de progresso, tendo atravessado a Confusão, Selvageria, Patriarquismo e Barbárie. Em seguida viria o Abono e em seguida a marcha ascendente da Harmonia. Quando houvéssemos atingido a Ventura Final, porém, recomeçaríamos a descida, passando por todas as fases novamente, até o princípio
Mas à medida que abríssemos nosso caminho, cada vez mais profundamente, no sentido da harmonia, as coisas realmente começariam a surgir: uma Coroa no Norte envolveria o Polo destilando uma suave emanação; o mar se transformaria em limonada, seis novas luas substituiriam o velho satélite solitário, e novas espécies apareceriam. Tudo isso, e mais uma descrição dos habitantes de outros planetas, dá aos escritos de Fourier um ar de loucura. 
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE POR FOURIER
A sociedade deveria ser reorganizada em falanstérios que consistiriam numa espécie de Grande Hotel, não muito diferente das vilas cooperativas de Owen. 
Todos teriam de trabalhar, decerto, por umas poucas horas diárias. Ninguém fugiria do trabalho, pois todos fariam o que mais lhes agradassem. 
Para a minoria das crianças que recusassem os trabalhos desagradáveis, haveria Pequenos Bandos que cuidariam das flores e corrigiriam a pronuncia defeituosa dos pais.
Ente todos os trabalhadores haveria uma competição de quem fazia o melhor. E tudo isso seria extremamente lucrativo, os lucros subiriam a 30%. Seria, porém, um lucro comunal: o excedente devia ser dividido na proporção de 5/12 para o trabalho, 4/12 para o capital e 3/12 para a “capacidade”, e todos seriam convocados a serem tanto proprietários como trabalhadores.
Chegou a haver nos Estados Unidos mais de 40 falanstérios. 
Mas nenhuma dessas comunidades dos sonhos criou raízes próprias. Os mundos ideais têm grande dificuldade em resolver atritos da realidade, e, de todas as planejadas Utopias, nenhuma era mais distante da realidade e dos aspectos práticos quanto os falanstérios. 
Anatole France: Sem sonhadores a humanidade ainda viveria nas cavernas. Há em todos eles um toque de loucura. Não são notáveis pelas suas excentricidades ou pela riqueza e interesse de suas fantasias. São dignos de nossa atenção por terem sido corajosos, e para apreciar essa coragem devemos avaliar e compreender o clima intelectual em que viviam. Viviam num mundo que não era só duro e cruel, mas que racionalizava sua crueldade à guisa de leis econômicas
O mundo é que era cruel, não os que nele viviam, pois o mundo era dominado por leis econômicas, e estas não podiam nem deviam ser modificadas.
As leis pareciam inexoráveis. Por isso os utopistas tomaram coragem para dizer que na verdade todo o sistema deveria ser modificado. 
Note-se que eram socialistas utópicos. Essa expressão quer dizer duas coisas: primeiro, que, ao contrário dos comunistas, esperavam convencer os membros das classes superiores que a modificação social redundaria em beneficio dele. Em segundo lugar, isso quer dizer que eram reformadores econômicos. 
Poucos deles pensaram em reformar dentro do sistema. Os utópicos desejavam algo melhor do que a reforma, queriam uma nova sociedade onde o “ama ao próximo” pudesse, de alguma forma, vir a ter prioridade sobre a mesquinha preocupação do homem consigo mesmo. 
JOHN STUART MILL (NATHÁLIA)
Seu pai era James Mill, historiador, filósofo e panfletário, amigo íntimo de Ricardo e Jeremy Bentham, uma das inteligências líderes do princípio do século XIX. James Mill tinha ideias definidas sobre quase tudo, especialmente sobre educação. Seu filho, John Stuart Mill, foi o resultado inacreditável dessas ideias. 
John Stuart Mill nasceu em 1806. Em 1809 começou a aprender grego. Com sete anos, tinha lido a maioria dos diálogos de Platão. No ano seguinte, começou a estudar Latim, tendo antes digerido Heródoto, Xenofonte, Diógenes, Laércio e parte de Luciano. Entre os oito e doze anos, conclui a leitura de Virgílio, Horácio, Lívio, Salústio, Terêncio, Lucrécio, Aristóteles, Sócrates e Aristófanes. Tinha dominado a geometria, a Álgebra, os cálculos diferenciais, escrito uma história romana, um resumo da história universal antiga, uma história da Holanda e alguns versos. 
Com a idade madura de doze anos, Mill começou a estudar Lógica e a obra de Hobbes. Aos 13 anos, tinha feito o exame completo de tudo o que havia para conhecer no campo de Economia Política.
Não havia férias, “para que o habito do trabalho não fosse interrompido e adquirido o gosto da ociosidade”, não houve amigos de infância, nem mesmo a consciência de que sua educação e instrução eram significativamente diferentes do normal. 
Teve uma espécie de colapso nervoso aos 20 anos. Enquanto os outros jovens estavam descobrindo que pode haver beleza na atividade intelectual, Mill tinha que verificar que podia haver beleza na beleza. Passou por uma fase melancólica e leu todos os autores que falavam do coração tão seriamente como seu pai falara do cérebro. E nessa época encontrou Harriet Taylor. 
Harriet e Mill enamoraram-se, e, durante 20 anos, corresponderam-se, viajaram juntos, viveram mesmo juntos. E quando o pai de Harriet morreu, casaram-se. 
Harriet Taylor completou para Mill o despertar emotivo que começara tão tarde, abriu-lhe os olhos para os direitos das mulheres e da humanidade. 
Aos 43 anos publicou seu grande trabalho: Princípios de Economia Política. 
O livro é um levantamento total do assunto: toma renda, os salários, os preços e s taxas e refaz o caminho que tinha sido traçado por Smith, Malthus e Ricardo.
As leis econômicas da produção pertencem à natureza. Mas as leis econômicas nada têm a ver coma distribuição. Uma vez que tenhamos produzido o melhor que pudermos, podemos dispor desse produto como quisermos.
A distribuição da riqueza depende das leis e costumes da sociedade. Não havia como apelar para as “leis” para justificar a distribuição dos frutos da sociedade: havia apenas os homens, distribuindo sua riqueza como achavam conveniente. 
Mill acreditava que as classes trabalhadoras chegariam a ver o espectro malthusiano e por isso controlariam alegre e voluntariamente seu número.
O sistema de Mill não é integralmente socialista. Reconhece que a propriedade encerra abusos, mas admite que o sistema está ainda na infância e poderia melhorar; os abusos não lhe pareciam inseparáveis da instituição. Via, ainda, um perigo no sistema chamado comunismo. 
Mill viveu até 1873. No final das contas, o que ele defendia não era tão extremista que não pudesse ser aceito por quase todos: impostos sobre as rendas e heranças, formação de cooperativas de trabalhadores. Era intrinsecamente uma doutrina inglesa: gradativa, otimista, realista e destituída de extremos radicais. 
Mill se tornou o grande economista de sua época. Mencionavam-no como o sucessor e herdeiro de Ricardo e comparavam-no favoravelmente ao próprio Adam Smith. Mas ele se preocupava apenas com duas coisas: sua mulher, a quem dedicava um devotamente que os amigos julgavam próximo a cegueira, e a busca do conhecimento, da qual nada o podia afastar.
Seu livro sobre economia, com a mensagem de progresso e de oportunidade de progresso pacifico, foi publicado em 1848. Por coincidência, um outro livro muito menor – um panfleto – foi publicado naquele mesmo ano. O manifesto comunista, que em poucas páginas desfez, com amargas palavras, a calma e tranquilidade que J. S. Mill lançara sobre o mundo.

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