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* * * Mecanismos Efetores da Imunidade Humoral Samia Mascarenhas B Marques * * * A imunidade humoral é mediada por anticorpos secretados e sua função fisiológica é a defesa contra microorganismos extracelulares e toxinas microbianas. Os tipos de microorganismos que são combatidos pela imunidade humoral são bactérias extracelulares, fungos e até mesmo vírus, esses tendo sido alvos de anticorpos antes de infectarem as células, ou quando são liberados, como vírions, pelas células infectadas. * * * As falhas na produção de anticorpos resultam em aumento da suscetibilidade às infecções por microorganismos extracelulares, principalmente bactérias e fungos. A maioria das vacinas atualmente usadas atua estimulando produção de anticorpos específicos. * * * Visão geral da imunidade humoral As funções efetoras dos anticorpos são as de neutralização e eliminação dos microorganismos infecciosos e das toxinas microbianas. A eliminação dos antígenos, mediados pelos anticorpos, requer a participação de outros mecanismos efetores, incluindo os fagócitos e as proteínas do complemento. * * * * * * *** Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B e pelos plasmócitos nos órgãos linfóides e na medula óssea, porém exercem suas funções efetoras em locais distantes da sua produção. Os anticorpos entram no sangue e nas secreções mucosas e são capazes de circular até os sítios onde se localizam os antígenos. Portanto, a fase efetora da imunidade humoral é sistêmica, embora as fases de reconhecimento e de ativação iniciais ocorram no baço, nos linfonodos e nos tecidos linfóides das mucosas. * * * Os anticorpos de alguns isótipos são também transportados ativamente através dos epitélios para o lúmen dos órgãos mucosos e através da placenta para a circulação do feto em desenvolvimento. * * * *** Os anticorpos que medeiam a imunidade protetora podem ser derivados de células produtoras de anticorpos de vida longa (plasmócitos), gerados pela exposição anterior a antígenos e nas respostas secundárias pela ativação das células B de memória. * * * A primeira exposição a um microorganismo ou a um antígeno, por infecção ou por vacinação, induz ativação dos linfócitos B virgens e sua diferenciação em células produtoras de anticorpos e células de memória. Algumas das células produtoras de anticorpos migram para a medula óssea e vivem neste sítio, onde continuam a produzir anticorpos durante anos depois que o antígeno foi eliminado. Se uma pessoa anteriormente imunizada encontra o antígeno, a célula produtora de anticorpos persistentes fornece proteção imediata contra a infecção. Ao mesmo tempo, o antígeno ativa as células B de memória de vida longa, que geram grande quantidade de anticorpos capazes de fornecer uma segunda onda de proteção ainda mais eficaz. * * * *** Muitas das funções dos anticorpos são mediadas pelas regiões constantes de cadeia pesada das moléculas de imunoglobulina e diferentes isótipos de cadeia pesada de imunoglobulina exercem distintas funções efetoras. * * * O sistema imune humoral é especializado de tal modo que as exposições a diferentes microorganismos ou antígenos estimulam a troca de isótipos de Ig nas células B que sejam melhores para combater esses microorganismos. Os principais estímulos para a troca de isótipos durante o processo de ativação da célula B são as citocinas derivadas das células T auxiliares. Diferentes tipos de microorganismos estimulam o desenvolvimento de células T auxiliares, que produzem distintas espécies de citocinas e por isso induzem as trocas nas células B para diferentes isótipos de cadeias pesadas. * * * *** Apesar de que muitas funções efetoras dos anticorpos sejam mediadas pelas regiões constantes das cadeias pesadas da Ig, todas essas funções são desencadeadas pela ligação dos antígenos às regiões variáveis. A exigência quanto à ligação do antígeno assegura que os anticorpos ativem os vários mecanismos efetores somente quando for necessário. * * * Neutralização dos microorganismos e das toxinas microbianas Os anticorpos contra microorganismos e toxinas microbianas bloqueiam a ligação desses microorganismos e toxinas aos receptores celulares. Muitos microorganismos entram nas células do hospedeiro por ligação de moléculas particulares de superfície às proteínas das células do hospedeiro * * * * * * A neutralização dos microorganismos e toxinas mediada por anticorpos requer somente as regiões de ligação dos antígenos com os anticorpos. Por esse motivo, esta neutralização pode ser mediada por anticorpos de qualquer isótipo na circulação e nas secreções mucosas. A maioria dos anticorpos neutralizantes do sangue é do tipo IgG, e nos órgãos mucosos, do tipo IgA. * * * Opsonização e fagocitose mediada por anticorpo Os anticorpos do isótipo IgG revestem (opsonizam) os microorganismos e promovem sua fagocitose pela ligação aos receptores Fc nos fagócitos. Os fagócitos mononucleares e os neutrófilos ingerem os microorganismos. Esses fagócitos expressam uma variedade de receptores de superfície que se ligam diretamente aos microorganismos e os ingerem, mesmo sem anticorpos, representando um mecanismo da imunidade inata. A eficiência deste processo é acentuadamente facilitada qdo o fagócito pode se ligar à partícula com alta afinidade. * * * Os fagócitos mononucleares e os neutrófilos expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos IgG . Os microorganismos podem tb ser opsonizados por um produto de ativação do complemento chamado C3b e são fagocitados pela ligação a um receptor leucocitário para o C3b. O processo de revestimento de partículas para a fagocitose é chamado opsonização, e as substâncias que executam essa função, incluindo os anticorpos e as proteínas do complemento, são chamadas opsoninas específicas. * * * * * * Função dos receptores Fc dos fagócitos Os receptores Fc dos leucócitos promovem a fagocitose das partículas opsonizadas e liberam sinais que estimulam as atividades microbicidas dos leucócitos. * * * * * * Citotoxidade celular dependente de anticorpo O receptor Fc das células NK, chamado Fc RIII (CD16), liga-se aos anticorpos IgG ligados às células, e o resultado é designado citotoxicidade celular dependente de anticorpo (CCDA). A incorporação do Fc RIII, por células-alvo revestidas de anticorpo, ativa as células NK para sintetizarem e secretarem citocinas, tais como o IFN , bem como descarregarem o conteúdo dos seus grânulos. * * * * * * Seu papel na defesa do hospedeiro contra os microorganismos não está definitivamente estabelecido. Os eosinófilos medeiam um tipo especial de CCDA dirigida contra parasitas helmínticos. * * * O SISTEMA COMPLEMENTO * * * O sistema complemento é um dos principais efetores da imunidade humoral e é também um importante mecanismo efetor da imunidade inata. * * * Ativação das vias clássica e alternativa do complemento As duas principais vias de ativação do complemento são a via clássica, que é ativada por certos isótipos de anticorpos ligados a antígenos, e a via alternativa, que é ativada nas superfícies das células dos microorganismos na ausência de anticorpo. Uma terceira via de ativação do complemento é chamada via de lectina porque é desencadeada pela ligação da lectina ligadora da manose plasmática (MBL) aos resíduos de manose terminais que são encontrados nas proteínas e nos polissacarídeos. Muitos dos componentes da via da lectina são compartilhados com a via clássica. * * * Embora as vias de ativação do complemento difiram no modo pelos quais são iniciadas, todas elas resultam na geração de complexos enzimáticos que são capazes de clivar a proteína C3 do complemento. As vias alternativas (e a da lectina) são mecanismos efetores da imunidade inata, enquanto que a via clássica é um mecanismo da imunidade humoral. * * * O evento central na ativação do complemento é a proteólise da proteína C3 para gerar produtos biologicamente ativos e a subseqüente inserção covalente de um produto da C3, chamada C3b, às superfícies das células microbianas ou de um anticorpo ligado a um antígeno. As vias clássica e alternativa diferem no modo pelo qual a C3b é produzida, isto é, nos primeiros passos, porém compartilham os mesmos passos tardios. Todas as funções biológicas do complemento são dependentes da clivagem proteolítica de C3. * * * * * * * * * Regulação da ativação do complemento A ativação da cascata do complemento e a estabilidade dos produtos ativos do complemento são rigidamente regulados para evitar a ativação do complemento nas células normais do hospedeiro e limitar a duração da ativação do complemento mesmo nas células microbianas e nos complexos antígeno-anticorpo. * * * * * * * * * * * * * * * Funções do complemento As principais funções efetoras do sistema do complemento na imunidade inata e na imunidade humoral específica são promover a fagocitose dos microorganismos nos quais o complemento está ativado, estimular a inflamação e induzir a lise desses microorganismos. * * * *** Opsonização e fagocitose Os microorganismos nos quais o complemento está ativado pela via alternativa ou pela via clássica, ficam revestidos com C3b, iC3b ou C4b e são fagocitados pela ligação dessas proteínas aos receptores específicos nos macrófagos e neutrófilos. Esta fagocitose constitui o principal mecanismo de defesa contra as infecções pela imunidade inata e adquirida. * * * * * * *** Estimulação das respostas inflamatórias Os fragmentos proteolíticos do complemento C5a, C4a e C3a induzem inflamação aguda atuando sobre os mastócitos e os neutrófilos. Esses peptídeos são chamados anafilotoxinas. * * * * * * *** Citólise mediada pelo complemento A lise de microorganismos estranhos pelo complemento é mediada pelo MAC. Esse mecanismo parece ser importante para a defesa contra apenas alguns tipos de microorganismos, porque os defeitos genéticos dos componentes do MAC resultam no aumento da suscetibilidade somente para infecções por bactérias do gênero Neisseria. * * * * * * *** Outras funções do sistema complemento As proteínas do complemento, ligando-se aos complexos antígeno-anticorpo, promovem a solubilização desses complexos e sua eliminação pelos fagócitos. Embora nosso estudo tenha enfatizado as funções fisiológicas do complemento como um mecanismo efetor da defesa do hospedeiro, o sistema complemento está tb envolvido em diversos estados patológicos. A ativação dele pode resultar na lise ou inflamação das células do hospedeiro e dessa forma induzir lesão tecidual e doença. * * * FUNÇÕES DOS ANTICORPOS EM SÍTIOS ANATÔMICOS FUNCIONAIS * * * Os anticorpos exercem funções especiais de defesa como resultado do transporte ativo para dois compartimentos anatômicos, ou seja, o lúmen dos órgãos mucosos e o feto em desenvolvimento. * * * *** Imunidade na mucosa A IgA é a principal classe de anticorpos produzida no sistema imune da mucosa. As duas portas de entrada mais comuns para os microorganismos são os tratos gastrintestinal e respiratório. Os anticorpos responsáveis pela defesa contra os microorganismos que entram por essas vias, na sua maioria IgA, que é produzida nos tecidos linfóides das mucosas e secretada através do epitélio das mucosas para dentro do lúmen dos órgãos. A IgA nas secreções das mucosas liga-se aos microorganismos e às toxinas no lúmen e neutraliza-as bloqueando sua entrada no hospedeiro. * * * * * * *** Imunidade neonatal Os mamíferos neonatais são protegidos contra a infecção pelos anticorpos maternos produzidos, que são transportados através da placenta para a circulação fetal e pelos anticorpos presentes no leite ingerido e transportados através do epitélio do intestino dos recém-nascidos. macrófagos é o mais importante opsoninas C3b +++ Ig1 e Ig3 +++ (melhores do sistema humoral) Ig2 ++ Ig4 +/- iC3b C4a e C3a ccda ou adcc receptor do C3b = Fc gama R III baixa afinidade ADCC receptor da Ig G = Fc gama R I alta afinidade fagocitose helmintos grandes não são fagocitados e seu tegumento é resistente, no entanto eles podem ser destruidos por proteinas liberadas pelos eosinófilos.
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