Buscar

Aula 03 - Fundamentos II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ob
jet
ivo
s
3
Meta da aula 
Apresentar a importância das diversas concepções de 
homem, segundo modelos que foram influenciados pela 
perspectiva ambientalista, assim como sua repercussão nos 
estudos psicopedagógicos.
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta 
aula, você seja capaz de:
1. conceituar ambientalismo, identificando suas 
interrelações com teorias filosóficas, analisando 
as influências dessas teorias nas concepções do 
conhecimento e do desenvolvimento humanos;
2. analisar como a abordagem ambientalista do 
conhecimento e desenvolvimento humanos pode 
influenciar o campo educacional;
3. conceituar ambientalismo, comparando-o com o 
inatismo.
Pré-requisito
Tenha em mente o que foi visto na Aula 2, sobre 
inatismo. O que você verá nesta aula aqui é 
constantemente relacionado com o conteúdo 
daquela aula.
As concepções de 
homem relacionadas ao 
desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
Marise Bezerra Jurberg A
U
L
A
3 6 C E D E R J C E D E R J 3 7
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
3 6 C E D E R J C E D E R J 3 7
Se alguém lhe disser, atualmente, que é um ambientalista, você provavelmente 
pensará que essa pessoa possui princípios e valores ligados à preservação dos 
recursos naturais, ou então que pertence a algum movimento social voltado a 
um desenvolvimento sustentável, que não altere o equilíbrio do meio ambien-
te. Essas ideias existem desde o período pré-moderno, incrementaram-se 
com os progressos científicos durante o Iluminismo e chegaram a um certo 
radicalismo no século XIX e principalmente no século XX, com as preocupa-
ções da Ecologia. Os movimentos ecológicos transformaram, para sempre, a 
relação entre sociedade e natureza.
Ecologia: o prefixo “eco” vem do grego oikos, que significa casa, meio 
ambiente, habitat. As principais correntes ecológicas incluem diversas 
posições: a tradicional, ou conservadora, que defende que o meio 
ambiente não deve ser tocado e apenas preservado, e não admite a 
expansão da indústria e do consumo; contrariamente, o grupo capitalis-
ta acredita que o avanço tecnológico descobrirá formas não poluentes 
de produzir, sem a necessidade de mudanças estruturais na sociedade; 
outro grupo defende mudanças sociais e a criação de uma nova ordem 
social comunitária, descentralizada e independente; a posição socialista 
é contra as formas capitalistas de produção e incentiva uma produção 
menos poluente; finalmente, o ecofeminismo, que denuncia e se opõe 
às formas paternalistas e machistas de dominação do espaço, que são as 
principais causas do desequilíbrio ecológico. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: 
Protect_earth.png
Introdução 
3 6 C E D E R J C E D E R J 3 73 6 C E D E R J C E D E R J 3 7
A denominação ambientalista, dentro da Psicologia, embora atu-
almente inclua a Ecologia Humana e Social, possui outra conotação: este 
termo refere-se a qualquer teoria que dê mais importância à influência do 
ambiente do que às habilidades inatas, às competências e a estados atuais 
de animais, aí incluídos os seres humanos, em termos de evolução.
O estudo do inatismo e do ambientalismo é importante devido ao 
fato de que muitas questões polêmicas perduram, em nossos dias, em torno 
destas duas abordagens. Isso resulta em diferentes consequências para o 
campo da educação, assim como em outros campos de conhecimento. Ina-
tismo versus ambientalismo tiveram, posteriormente, outras denominações, 
como racionalismo versus empirismo, natureza versus cultura. 
Tem sido um grande desafio, ao longo da história da humanidade, 
o problema de como alcançamos o conhecimento e de como o corpo e a 
alma tomam parte nesse processo. Segundo Farias (s/d), as imposições 
derivadas das necessidades práticas da existência foram sempre a força 
propulsora na busca do saber. Para isto, os homens criaram lugares, 
como a Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles, as escolas e univer-
sidades medievais, onde se reuniam com a finalidade de descobrir como 
o ser humano teria acesso ao saber. Muitos filósofos e, posteriormente, 
diversos psicólogos tentaram explicar como se dá esse processo, muitas 
vezes assumindo posições contraditórias. 
A grande questão que tem ocupado a mente de inúmeros pensado-
res, ao longo de vários séculos, tem sido: os seres humanos desenvolvem 
suas habilidades ou já nascem com elas? 
Figura 3.1: Desenvolvemos nossas habilidades ou já nascemos 
com elas?
A
U
LA
 
3
 
3 8 C E D E R J C E D E R J 3 9
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
3 8 C E D E R J C E D E R J 3 9
o ambIEntalIsmo dE arIstótElEs: as sEnsaçõEs vão 
Formando a mEntE
Aristóteles contrapõe-se ao inatismo de Platão, para o qual conhe-
cer é recordar a verdade que já trazemos em nós, verdade esta que é 
inerente ao aparato racional e intuitivo de que somos dotados, desde o 
nascimento. Seu objeto de estudos é o mundo animado, ou seja, aquilo 
que tem vida, que se diferencia essencialmente do mundo inorgânico. O 
princípio da atividade, portanto, é a alma. 
Figura 3.2: Aristóteles (384-322 a./C.), discípulo da Acade-
mia de Platão durante vinte anos; fundou o Liceu.
Fonte: www.vidalusofonas.pt/aristoteles.htm
Aristóteles defende uma posição contrária, tornando-se um 
exemplo de tendência ambientalista. Ele aceita a distinção platônica 
entre sensação e pensamento, mas diverge ao rejeitar o inatismo de seu 
mestre, colocando a mente como uma tabula rasa, sem ideias inatas. 
Na visão aristotélica, nada está em nossa mente que não tenha antes 
passado pelos sentidos.
Aristóteles percorreu novos caminhos, inclusive por sua escola 
– denominada escola per ipatét ica – para fundamentar suas críticas, 
revisões e novas proposições ao platonismo. Para ele, só existe este 
mundo em que vivemos; o que está além de nossa experiência sensível 
per ipatét ica
Do grego peripa-
tetikós, que gosta 
de passear. Em seu 
Liceu, Aristóteles 
costumava andar 
com seus discípulos 
pelos jardins, obser-
vando a natureza e 
discutindo as sensa-
ções que ela lhes des-
pertava, motivo pelo 
qual sua escola era 
assim denominada. 
3 8 C E D E R J C E D E R J 3 93 8 C E D E R J C E D E R J 3 9
não é nada, não existe para nós. Posição bem diferente daquela de seu 
mestre: para o platonismo, apenas o conhecimento que se denomina 
apr ior íst ico , inato – como as intuições lógicas e matemáticas – é que 
pode existir dentro de nós, sem qualquer experiência prévia. 
A fim de passar da sensação ao pensamento, Aristóteles dá 
grande destaque ao associacionismo, em seu ensaio sobre Memória, 
escrito em 400 a.C. Acreditava que as associações eram feitas porque 
os objetos eram similares, opostos, ou estavam próximos no espaço 
ou no tempo. Neste sentido, ele pode ser considerado um precursor 
das teorias associacionistas da aprendizagem. Mostra-se, portanto, 
favorável a medidas educacionais condicionantes, conforme ressalta 
Gadotti (2008, p. 38). Na área de fenômenos psicológicos, irá nortear 
o entendimento do processo de aprendizagem, que estaria sujeito às 
leis da associação, com a participação de funções cognitivas como a 
sensação, a memória e a imaginação. 
Para Aristóteles, a alma é o princípio de todos os fenômenos vitais, 
no ser humano. As características da alma humana são a racionalidade, 
o pensamento e a inteligência, pois ela é o espírito que anima o corpo 
animal. Embora tenha funções superiores, a alma também desempenha as 
funções de alma sensitiva e alma vegetativa. Mesmo assim, ela continua 
sendo única, mas com várias funções, evidenciadas pelos atosdiversos 
que podemos desempenhar.
Aristóteles desenvolveu igualmente uma outra área do saber, a 
Lógica, que considerava um instrumento útil para nossa entrada no 
mundo do conhecimento e nas ciências. Sua lógica é dividida em três 
partes, que estudam a ideia, o juízo e o raciocínio. Sua lógica formal, 
segundo Kant, é uma obra completa, à qual nada foi acrescentado, ao 
longo dos séculos. Seus estudos nessa área baseiam-se no s i log ismo .
o ambIEntalIsmo dE John lockE: a ExPErIêncIa 
PrEcEdE a razão
No século XVII, a discussão entre inato e aprendido voltou a 
preocupar os filósofos, agora com outra denominação – racionalismo e 
empirismo, graças principalmente à divulgação das obras de Descartes 
(1596-1650), considerado o pai da filosofia moderna e defensor do ina-
tismo, ao qual se opôs o empirista inglês John Locke (1632-1704). 
aprior íst ico
Adjetivo derivado 
de apriorismo: 
do latim a priori 
+ismo; em filosofia, 
consiste na aceita-
ção, na ordem do 
conhecimento, de 
fatores independen-
tes da experiência 
(FERREIRA, 1999, 
p. 172).
O s i log ismo consis-
te em um raciocínio 
formalmente estru-
turado que a partir 
de duas premissas, 
colocadas previa-
mente, chega-se 
a uma conclusão 
necessária. O silo-
gismo é dedutivo 
e, portanto, parte 
do universal para o 
particular, enquan-
to a indução parte 
do particular para 
o universal. No 
silogismo, se as pre-
missas forem verda-
deiras, a conclusão 
também o será. Um 
exemplo clássico de 
silogismo é: Todos 
os homens são mor-
tais. José é homem; 
logo, José é mortal.
A
U
LA
 
3
 
4 0 C E D E R J C E D E R J 4 1
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
4 0 C E D E R J C E D E R J 4 1
John Locke também defende a importância da experiência na 
construção do conhecimento. Sua obra o destaca entre os filósofos empi-
ristas que abriram espaço para a ciência, junto com a filosofia. Para ele, 
as ideias não são inatas, sendo a experiência a única fonte das ideias e 
do conhecimento. A mente humana, no início, é um papel em branco 
(ou uma tabula rasa) que vai sendo preenchido aos poucos, através das 
experiências que nos chegam através das sensações. Para ele, a noção 
de experiência não se refere apenas à sensação proveniente dos órgãos 
dos sentidos, pois isso só implicaria um conjunto caótico de ideias na 
mente, mas não um conhecimento da realidade. Para que cheguemos ao 
conhecimento, é necessário que a mente realize certas operações. Através 
da experiência interior, ou seja, da reflexão, a mente é capaz de perceber 
suas próprias operações. As operações da mente – o pensamento, o racio-
cínio, a dúvida – são, também, uma fonte de ideias, embora estas não se 
originem das coisas exteriores e sim dessas atividades interiores. 
O conhecimento é, portanto, o resultado das operações que a 
mente realiza com as ideias, tanto as oriundas da sensação, quanto aque-
las advindas da reflexão. Locke realiza um minucioso exame de todos os 
tipos de ideias e operações da mente, fazendo uma distinção entre ideias 
simples e ideias complexas. Nas ideias simples, que constituem o material 
primitivo do conhecimento, o espírito é passivo; nas ideias complexas, ele 
é ativo. A experiência, portanto, envolve fenômenos externos (realizados 
através da sensação, que gera representações dos objetos externos) e 
fenômenos internos (obtidos através da reflexão).
As ideias simples resultam da experiência de qualidades sensoriais básicas 
e da realização de reflexões simples. As ideias complexas abrangem várias 
outras, que podem ser combinações de ideias simples e ideias comple-
xas. As ideias complexas, por sua vez, podem ser decompostas em ideias 
simples, mas não o inverso.
!
É em sua obra Ensaio acerca do entendimento humano (1690) 
que Locke formula sua teoria acerca da aquisição do conhecimento, 
propondo que a experiência é a fonte do conhecimento, mas que este 
se desenvolve, depois, por esforço da razão. A finalidade da filosofia, 
4 0 C E D E R J C E D E R J 4 14 0 C E D E R J C E D E R J 4 1
segundo sua visão, é essencialmente moral e cabe aos filósofos prover 
uma norma racional para a vida do ser humano. Ressalta a necessidade 
de integrar o racional dentro de uma visão empirista. Ele tenta elaborar 
uma gnos iologia para encontrar um critério de verdade. 
 
Figura 3.3: John Locke: 1632-1704.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:John_Locke.jpg
a InFluêncIa do EmPIrIsmo dE lockE na Educação E 
na concEPção do sEr humano
Quanto às suas ideias pedagógicas, Locke as compilou na obra 
intitulada Pensamentos sobre a educação, publicada em 1693, em que 
mostra como o pensamento empirista pode ser aplicado a todos os 
aspectos da educação infantil. Nela ele afirma nossa passividade, pois 
ao nascermos somos ignorantes e recebemos tudo da experiência. Ao 
mesmo tempo, somos igualmente ativos, uma vez que nosso intelecto 
constrói a experiência, ao elaborar as ideias simples. 
Defende que o treinamento educacional deva iniciar-se cedo, pois 
as crianças menores são mais maleáveis; um dos maiores erros dos pais, 
para ele, era não tornar a mente dos filhos obediente à disciplina e suscetí-
vel à razão, justamente nesse período do desenvolvimento infantil. Como 
a aprendizagem exige prática, as atividades devem ser repetidas. 
Nos séculos XV a XVII, época em que o sistema disciplinar era 
cada vez mais rigoroso, como aponta Ariès (1981), chegando a casti-
gos corporais humilhantes, aplicados a adultos e crianças, houve um 
gnosiologia
Teoria do conheci-
mento. Volta-se para 
reflexão em torno 
da origem, natureza 
e limites do ato do 
conhecimento.
A
U
LA
 
3
 
4 2 C E D E R J C E D E R J 4 3
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
4 2 C E D E R J C E D E R J 4 3
incremento na concepção autoritária, absolutista de sociedade. Locke 
destaca-se ao condenar o uso do castigo físico no processo educacional. 
Acreditava que o castigo imposto porque uma criança não fizera seus 
deveres, por exemplo, acabaria levando-a a ter aversão aos estudos. 
Recompensas, como presentes, doces ou quaisquer privilégios, por sua 
vez, deveriam ser evitadas, uma vez que a criança deve interessar-se pelo 
processo educativo, despertando o amor ao mérito e ao que é correto. 
Ele marca o início de novas atitudes em relação à criança – um ser que 
demanda cuidados especiais para sua formação, vindo a influenciar o 
conceito de educação no século XX.
Figura 3.4: A palmatória é um exemplo clássico de castigo corporal escolar. Os pro-
fessores puniam os alunos batendo com isto em suas mãos.
Em sua obra já se evidenciava uma defesa de uma teoria da apren-
dizagem baseada nas leis de associação, conforme formulara na obra 
Ensaio acerca do entendimento humano. Como exemplo, cita o fato de 
que, se dermos mel a uma pessoa até que ela sinta enjoo, da próxima 
vez que ela sentir o cheiro de mel, ou escutar a palavra mel, ela sentirá 
novamente náuseas. Não se conhecia, no entanto, como se formavam 
tais associações, o que só começou a ser estudado cerca de dois sécu-
los mais tarde, através das duas teorias que marcaram a contribuição 
pavloviana – as leis que regulam a aprendizagem por condicionamento 
e as leis sobre a atividade nervosa superior – e, posteriormente, com a 
difusão do behaviorismo (ou comportamentismo). 
O livro I deste ensaio compreende a crítica ao inatismo, que para 
Locke constitui uma doutrina fomentadora de preconceito e que leva ao 
individualismo dogmático. No livro IV desta mesma obra, ele trata doconhecimento, destacando a experiência como a única fonte possível das 
ideias; o intelecto apenas combina as ideias percebidas pelos sentidos, 
4 2 C E D E R J C E D E R J 4 34 2 C E D E R J C E D E R J 4 3
ou seja, só depois a alma trabalha o material percebido. As ideias são 
o material do conhecimento e este nasce da percepção; o conhecimento 
propicia conexões, semelhanças e diferenças entre as ideias. 
Quanto à percepção da realidade, ela pode realizar-se de duas 
maneiras: por intuição, que não necessita de prova, porquanto vem da 
evidência imediata; por demonstração, que justamente deriva da capaci-
dade de o espírito perceber diferenças e semelhanças entre ideias, o que 
se desenvolve por associação das intuições. Para John Locke, a certeza 
de que Deus existe é mais absoluta que as impressões dos sentidos, ponto 
em que ele concorda com o cartesianismo. 
Para ele, todos os homens nascem iguais, todos são iguais por 
natureza e por direitos. Todos usam a razão, que é um bem comum, e 
são todos responsáveis pela construção da sociedade, devendo parti-
lhar os resultados da organização social, cabendo ao Estado garantir 
o bem-estar geral. Afirma que o Governo não pode ser patriarcal nem 
tirânico, nem deve estar baseado na fé ou na religião. Caso o Governo 
falhe, o povo tem direito a promover uma revolução, pois o direito do 
governante vem do povo. Locke é considerado o fundador do libera-
lismo constitucional, além de ser reconhecido, enquanto atuou, como 
o filósofo moderno que possuía as opiniões filosóficas e políticas mais 
bem definidas. Ele influenciou os pensamentos de David Hume e Berke-
ley, no século seguinte, enquanto Leibniz escreveu uma resposta a seus 
Ensaios, propondo uma volta ao inatismo. Tais fatos demonstram como 
as divergências fomentam estudos. 
Além de sua teoria das ideias, portanto, ele dedicou-se à política, 
defendendo a legitimidade da propriedade e o dever do Governo de 
proteger esse direito, que é básico para a liberdade humana, sem deixar 
de lado os tópicos tradicionais da filosofia: o Eu, o Mundo, Deus e as 
bases do conhecimento. Para Locke, não há poder inato, nem os reis 
possuem direitos políticos divinos. Uma boa ação deve seguir as nor-
mas morais, que são de três tipos: a divina, a política e a da opinião 
pública. Sua influência foi grande, tanto em sua época, quanto mais 
tarde, no século XVIII, quando iluministas franceses nele foram buscar 
as principais ideias que culminaram com a Revolução Francesa, assim 
como pensadores que colaboraram para a declaração da Independência 
americana, em 1776.
A
U
LA
 
3
 
4 4 C E D E R J C E D E R J 4 5
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
4 4 C E D E R J C E D E R J 4 5
Figura 3.5: Quadros que remetem à Revolução Francesa e à Independência americana, respectivamente.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg ; 
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Washington_Crossing_the_Delaware.png
Atende ao Objetivo 1
1. Leia o texto abaixo, sobre inatismo, e tente estabelecer comparações 
com as visões filosóficas de Aristóteles e de Locke. 
A perspectiva inatista baseia-se em uma concepção de ser humano que 
se originou na filosofia e, séculos após, passou a ser designada uma pers-
pectiva racionalista ou idealista. Nessa abordagem, o único meio para se 
chegar ao conhecimento é por intermédio da razão, que é inata, e portanto 
imutável, sendo uma característica de todos os homens. Uma vez que seus 
dons são de procedência divina, o ser humano, na teoria inatista, já nasce 
pronto, não tem possibilidade de mudança, não recebe influências signifi-
cativas do social e nem age sobre este. Como a concepção de ser humano 
é divina e biologicamente determinada, infere-se que a sociedade seja 
hierarquizada e que cada um ocupe seu lugar segundo suas capacidades, 
dificultando a mobilidade social.
O individual é mais valorizado que o social, criando maior competição e 
maior discriminação, de acordo com as diferenças entre os indivíduos, 
sejam elas determinadas por classe social, etnia ou gênero. 
ATIVIDADE
4 4 C E D E R J C E D E R J 4 54 4 C E D E R J C E D E R J 4 5
o ambIEntalIsmo dE humE: um sEr humano maIs 
sEnsívEl quE racIonal
A contribuição de David Hume (1711-1776) foi no sentido de 
reelaborar e ampliar a posição de Locke, que deixara em aberto a ques-
tão de como captamos as propriedades de um objeto. Embora Locke e 
Berkeley tenham abordado a questão da associação de ideias, eles não 
examinaram atentamente o fenômeno de como as experiências sensoriais 
simples se aliam para criar formas complexas de conhecimento, ou seja, 
como se dá o processo de associação. Este processo foi retomado mais 
tarde, por diversos psicólogos da aprendizagem.
Resposta Comentada
A visão ambientalista inicia-se com a visão aristotélica, segundo a 
qual nossa mente nasce vazia de conteúdos, sendo preenchida pelas 
experiências que nos chegam pelos sentidos. A fim de passar da 
sensação para o pensamento, Aristóteles dá grande destaque ao 
associacionismo, que posteriormente será desenvolvido por Locke. 
Na perspectiva empirista, denominação que passou a substituir o 
termo ambientalista, Locke faz críticas ao inatismo, que para ele 
constitui uma doutrina fomentadora de preconceitos e que leva ao 
individualismo. Para Locke, todos nascemos iguais, por nossa natu-
reza e temos, portanto, direitos iguais. Todos usamos a razão, que é 
um bem comum, e somos corresponsáveis pela construção da nossa 
sociedade. E cabe ao Estado garantir o bem-estar de todos.
A
U
LA
 
3
 
4 6 C E D E R J C E D E R J 4 7
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
4 6 C E D E R J C E D E R J 4 7
 
Figura 3.6: David Hume, nascido em Edimburgo, 
Escócia (1711-1776). O pensamento de Hume 
possui ainda grande relevância na filosofia 
atual, principalmente pelas suas contribuições 
acerca do problema da causalidade.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:David_
Hume.jpg
Hume começa questionando o fato de que, quando observamos 
que um evento provoca um outro evento, ou quando os dois eventos 
estão próximos no tempo, isto faz com que pensemos que existe uma 
conexão entre os dois. Ele diz que, se é óbvio que nos apercebemos de 
dois eventos, não temos que, necessariamente, apreender uma conexão 
entre os dois. É nossa percepção que nos dá esta conexão que interpre- nos dá esta conexão que interpre-
tamos como causalidade.
É esta conjunção constante, assim como a expectativa que temos 
sobre ela, que constituem tudo o que podemos saber da causalidade. A 
causalidade é, portanto, inferida, o que minimiza a força que o termo 
tivera nas ideias de outros filósofos. Na perspectiva de Hume, temos 
uma crença na causalidade semelhante a um instinto, originado do 
desenvolvimento de hábitos, em nossa mente. Esta crença não pode ser 
eliminada, nem pode ser provada como verdadeira. 
A base de sua investigação sobre a teoria do conhecimento é a 
divisão dos objetos da consciência em duas classes: impressões e ideias. 
As impressões correspondem aos dados fornecidos pelos sentidos, tanto 
4 6 C E D E R J C E D E R J 4 74 6 C E D E R J C E D E R J 4 7
os oriundos de dados externos (como o calor de uma fogueira), quanto 
de estados internos (como a dor provocada pelo contato com o fogo). 
As ideias correspondem às representações, na memória, dessas impressões. 
A ideia que nos vem da lembrança da queimadura é mais fraca do que 
a impressão que tivemos na hora em que realmente nos queimamos. Asimpressões são, portanto, o que de mais forte existe na nossa mente (são os 
prazeres e as dores) e as ideias são reproduções ou cópias das impressões.
As ideias podem sofrer associações através de três fatores: pela seme-
lhança, pela contiguidade (no espaço ou no tempo) e pela causalidade. 
A mais forte relação entre as ideias é a de causa e efeito, categoria de 
relação que nos leva além de nossos sentidos e nos informa da existência 
de objetos que não vemos nem sentimos. Como exemplo, o resultado de 
uma colheita, embora esteja além da nossa experiência presente, pode 
ser previsto pela relação de causa e efeito, pois se as condições climá-
ticas fazem as plantas crescerem, elas são as causas e a boa produção 
constituirá o efeito.
Quanto à questão da indução e da dedução, Hume inicia sua 
discussão a partir da crença de que o que nos aconteceu no passado 
constitui uma orientação confiável para prevermos o futuro. Para ele, 
há duas justificativas para isso, mas ambas seriam inadequadas: 
Caso façamos isso por necessidades lógicas de que o futuro tem •	
que ser semelhante ao passado, podemos pensar que a ordem 
da natureza, por exemplo, pode mudar e o equilíbrio ambiental 
pode ser rompido, tornando o mundo caótico;
Caso o façamos usando uma justificativa mais simples (“o •	
mundo sempre foi assim e vai continuar desse jeito”), estamos 
sendo redundantes, tautológicos, ou seja, explicando a causa 
pelo efeito e este por aquela. Neste último caso, estamos usando 
um raciocínio circular que provém de hábitos desenvolvidos 
em nossa mente. 
Os hábitos são difíceis de ser eliminados e constituem a base de 
nossas crenças, as quais não podemos confirmar nem negar usando 
qualquer tipo de raciocínio, seja indutivo ou dedutivo. 
A
U
LA
 
3
 
4 8 C E D E R J C E D E R J 4 9
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
4 8 C E D E R J C E D E R J 4 9
Nesse ponto, é importante que você assista a um vídeo sobre 
David Hume, intitulado Ser ou não ser, que explora inclusive 
hábitos e crenças em relação à natureza e ao ambiente escolar. 
O vídeo tem a duração de 7:45 min. e está disponível em: 
http://paginasdefilosofia.blogspot.com/2009/10/sensacoes-
impressoes-e-ideias-em-david.html
As relações de causalidade ou de associação lógica são possíveis 
entre as ideias, mas não são necessárias entre as impressões. O estudo 
das relações predomina na obra de Hume. Ele discorda de Aristó-
teles, para quem as coisas possuem uma essência. Para Hume, cada 
coisa é composta de outras coisas e as ideias simples juntam-se para 
formar uma ideia complexa. Ele começa interrogando-se sobre o que 
é o “eu”, o “espírito”, questionando como esse “eu” pode ser consi-
derado substância (algo estável, imutável), quando o que se percebe 
desse “eu” são apenas impressões e ideias, em constante variação. 
Com esta nova visão, conseguiu mudar a atenção de filósofos, que 
passaram do estudo das essências (essencialismo) e das substâncias 
para o estudo das relações.
Ao defender um empirismo extremo, Hume transforma as 
representações do mundo, que perdem sua aparente estabilidade e 
objetividade; o papel do cientista não mais seria propor hipóteses que 
tentassem verificar a ordem dos fenômenos, nem sua universalidade. 
Nossas representações acerca do mundo e acerca do ser humano não 
são mais do que os produtos de experiências subjetivas e de hábitos 
bem estabelecidos. Segundo Figueiredo (2002, p. 110), David Hume 
e George Berkeley (1685-1753) desvendaram aquilo que podemos 
chamar de a fábrica psicológica do mundo: associações arbitrárias 
mas regulares entre ideias sensoriais, ou impressões, geram o mundo 
supostamente objetivo e autônomo, ou melhor, nossa experiência e 
conhecimento do mundo. 
4 8 C E D E R J C E D E R J 4 94 8 C E D E R J C E D E R J 4 9
Hume chega à conclusão de que todos os fatos são exteriores entre 
si. Não há nada de interior e intrínseco que os relacione necessariamente 
uns aos outros, daí defender que a relação de causalidade é apenas uma 
crença baseada no hábito. O filósofo mostra que os homens associam ideias 
e acreditam nessa associação por força do hábito ou costume. O costume, 
no entanto, não é a repetição de experiências semelhantes por parte de um 
único indivíduo, mas de muitos, ou seja, há um aspecto coletivo no costu-
me. Mesmo quando se tem um prazer individual e esse prazer foge ao que 
é costume, que é diferente dos que são aprovados social e culturalmente, 
passa-se a ter dúvidas sobre este comportamento singular. 
Na realidade, a ideia de causalidade, para ele, não existe de fato, 
senão o peso do meu hábito e da minha expectativa, como acontece quando 
espero a ebulição da água que coloquei no fogo. A expectativa não possui 
base racional. Qualquer coisa pode produzir qualquer coisa, diz Hume. 
Se a causalidade é explicada por uma ilusão psicológica, ela não possui 
qualquer valor de verdade. Seu empirismo, portanto, representa um ceti-
cismo. Para Figueiredo (1991, p. 119), a dialética do empirismo, ao por em 
questão as ideias inatas, resultava no ceticismo que diluía a certeza acerca 
do mundo e a certeza acerca do sujeito, restando apenas as sensações e os 
nomes inventados para designar conjuntos de sensações. 
A concepção de ser humano se modifica; ele passa a ser visto como pro-
duto do meio em que vive, de suas experiências e dos condicionamentos 
que recebe. O homem passa a ser cada vez mais concebido como um ser 
extremamente plástico, que desenvolve suas características em função 
das condições presentes no meio em que se encontra (DAVIS, 1990). 
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/68669
!
A
U
LA
 
3
 
5 0 C E D E R J C E D E R J 5 1
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
5 0 C E D E R J C E D E R J 5 1
O termo ceticismo refere-se a uma corrente filosófica que defende a ideia 
da impossibilidade do conhecimento de qualquer verdade. Foi criado na 
Antiguidade, por um filósofo grego chamado Pirro de Élis, que rejeitava 
qualquer tipo de dogma (afirmação considerada verdadeira sem comprova-
ção). A dúvida é o principal mecanismo do ceticismo e todo conhecimento é 
relativo, pois depende da realidade da pessoa que o possui e das condições 
do objeto que está sendo analisado. Como as visões do mundo, as crenças, 
valores, costumes e ideologias mudam em cada período da história, os 
céticos acreditam ser impossível estabelecer o que é real e irreal, correto 
e incorreto, o que os faz defenderem uma postura de neutralidade em 
todas as questões, de indiferença, abstendo-se de julgamentos de valor. 
Uma das instituições que mais questiona o ceticismo é a religião. Há duas 
formas de ceticismo: o filosófico e o cientifico, que seguem basicamente a 
mesma linha: o primeiro, avaliando os pensamentos; o segundo, tentando 
encontrar explicações para as pesquisas científicas.
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Ficheiro:Question_
mark.png
Face à impossibilidade de enumerar todas as causas dos fenôme-
nos, o pensamento indutivo – que parte do singular para tentar atingir 
o geral – fica inviabilizado como um caminho possível para alcançar a 
verdade. Tal constatação faz da ciência algo que não pode ser executa-
do. A vinculação entre causa e efeito, tida como lógica e necessária, é 
decorrente de crenças e não pode ser considerada uma inferência lógica 
válida. Se A sempre for seguido de B, tendemos a considerar que A é a 
causa de B, o que representa uma ilusão de causa e efeito. 
Ele usa o termo crença em um sentido estrito, como algo ligado 
a um fato ou a qualquer coisa existente, e reivindica ter sido o primeiro 
pensadora investigar a natureza da crença. Usa este termo em sentido 
estrito, de crença em termos de qualquer coisa existente. Ele afirma que 
os eventos são relacionados causalmente e que, no futuro, serão relacio-
nados da mesma forma como o eram no passado, porque acreditava que 
essas são crenças naturais, que não serão extintas, porque representam 
propensões da natureza humana. 
5 0 C E D E R J C E D E R J 5 15 0 C E D E R J C E D E R J 5 1
O conhecimento científico, para ele, é um conhecimento irracional, 
uma vez que se baseia em crenças, as quais não possuem estrutura lógica 
através da dedução. Seu ceticismo não consiste na negação da crença, 
mas da evidência, concluindo que o ser humano caracteriza-se mais como 
um ser de percepção sensível do que como um ser racional. 
Finalmente, podemos dizer que Hume sistematizou a abordagem 
associacionista. A investigação de Hume coloca em questão o status do 
conhecimento, mas não a objetividade do mundo (FIGUEIREDO, 2002). 
Opondo-se às filosofias cartesianas e às que consideravam o 
espírito humano através de um ponto de vista teológico-metafísico, 
o empirismo radical de Hume abriu caminho à utilização do método 
experimental para o estudo dos fenômenos mentais, embora ele criticasse 
o princípio da causalidade, que é a base das hipóteses a serem testadas 
pela experimentação. 
Atende aos Objetivos 1 e 2
2. Esta atividade consiste em analisar alguns dos temas apresentados no 
vídeo Ser ou não ser, sob a ótica de Hume. Você se lembra do garoto que 
conhecia o mundo pela internet, sem nunca ter tido contato com os locais 
e os fatos vistos na tela do computador? E dos passeios pelos campos, 
feitos pelas crianças? Quanto aos relatos de alunos em sala de aula, que 
relações teriam com a visão de mundo de David Hume?
Resposta Comentada
As impressões são mais fortes, mais nítidas que as ideias, que se 
originam das primeiras. A ideia que uma das crianças tem de outros 
países ou de lugares que só conheceu pela internet mostra como ela 
própria sabe que, se os visse pessoalmente, suas ideias sobre eles 
poderiam mudar. A busca por explorar o meio ambiente, observar o 
que ainda é desconhecido, à procura de novas impressões e forma-
ção de novas ideias é uma preocupação dos adultos que orientam as 
crianças. Na sala de aula, as ideias que circulam sobre determinados 
alunos demonstram aquilo que Hume chama de consenso e que, 
ATIVIDADE
A
U
LA
 
3
 
5 2 C E D E R J C E D E R J 5 3
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
5 2 C E D E R J C E D E R J 5 3
o EmPIrIsmo FIrma-sE aInda maIs na InglatErra – 
stuart mIll
Ainda dentro da tradição empirista, temos a contribuição do 
filósofo e economista inglês John Stuart Mill (1806-1873), para o qual 
a experiência constitui a base dos processos mentais. A partir dela, são 
formadas as representações, que, por sua vez, formam as associações e, 
por fim, surgem as ideias.
Dentro de sua visão, toda ciência deve voltar-se para a experiência, 
uma vez que toda ideia e todo conhecimento encontram-se circunscritos 
aos limites daquilo que é vivenciado. Os estudos baseados na experiência 
devem ser efetuados tanto para a lógica e as ciências matemáticas, quanto 
para as ciências humanas. 
No campo da lógica, Mill contribuiu para a radicalização do papel 
da indução, pois todo conhecimento seria formado a partir do acúmulo 
de impressões, que são da ordem particular, do individual. Para ele, 
também o pensamento dedutivo, mesmo em sua forma clássica, o silo-
gismo, possui um fundamento indutivo. A premissa geral, no silogismo, 
expressa uma característica que, apesar de coletiva, é inferida a partir 
de indivíduos, ou seja, do particular para o geral. Somente através da 
indução chegar-se-ia ao conhecimento.
A indução deve ser o método utilizado também nas ciências huma-
nas, embora estas lidem com fenômenos mais complexos, que implicam 
um número maior de variáveis a serem investigadas. 
Mill opõe-se ao positivismo de A. Comte, que será visto a seguir, 
na medida em que defende que a Psicologia é uma ciência independente 
e que ela deve oferecer os fundamentos para os estudos do ser humano 
e da moralidade. Para ele, a Psicologia forneceria as bases para as demais 
ciências morais. 
como ideias compartilhadas, acabam tornando-se estereótipos que 
servem à discriminação social. O professor pode tentar aumentar a 
autoestima dos alunos, mostrando crença na capacidade que eles 
têm de superar seus problemas de desempenho.
5 2 C E D E R J C E D E R J 5 35 2 C E D E R J C E D E R J 5 3
Figura 3.7: John Stuart Mill (1806-1873) foi 
um filósofo e economista inglês, e um dos 
pensadores liberais mais influentes do século 
XIX. Foi um defensor do utilitarismo, a teoria 
ética proposta inicialmente por seu padrinho, 
Jeremy Bentham.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:JohnStuart 
Mill.jpg
EntrE o EmPIrIsmo E o racIonalIsmo: o PosItIvIsmo 
InIcIal 
Como reação ao idealismo, ou seja, unificação da experiência 
mediante a razão, surge outro movimento: o positivismo, que se carac-
teriza por limitar-se à experiência imediata, pura, sensível, como já fizera 
o empirismo. O positivismo aparece como uma proposta a ser colocada 
no lugar do idealismo da primeira metade do século XIX, como uma 
reação ao apriorismo, ao exigir maior respeito para os dados da realidade 
objetiva. Embora o positivismo não tenha a riqueza filosófica de outras 
abordagens, o seu maior valor está na análise objetiva da experiência, 
o que fez com que se difundisse por toda a Europa, face à sua aplicação 
na prática e na tecnologia. 
Em um período em que a produção de bens materiais se intensifi-
cava, procurava-se uma base filosófica mais positiva, mais materialista, 
que fundamentasse as ideologias vigentes, a busca de resultados práticos 
para a produção de bens influenciaram o desenvolvimento das ciências 
naturais. A filosofia acabou sendo reduzida à metodologia e à sistema-
tização das ciências. 
A
U
LA
 
3
 
5 4 C E D E R J C E D E R J 5 5
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
5 4 C E D E R J C E D E R J 5 5
O positivismo surgiu na França, com Auguste Comte (1798-
1857), ganhando força na segunda metade do século XIX e no começo 
do XX, quando suas ideias chegaram ao Brasil. Defende a ideia de que 
o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro 
e que só se pode afirmar que uma teoria é correta se ela for comprovada 
através da metodologia científica. Para os positivistas, o progresso da 
humanidade depende tão somente dos avanços científicos. 
No início do século XIX, as descobertas científicas e os avanços 
técnicos faziam crer que o homem podia dominar a natureza e este era 
um campo fértil para o nascimento de uma corrente filosófica que pudesse 
se contrapor às abstrações da teologia e da metafísica. O positivismo, 
enquanto ideologia e movimento filosófico, foi fundado por Auguste 
Comte (1798-1857), que trabalhou com Saint-Simon, de quem seguiu 
a orientação para o estudo das ciências sociais: os fenômenos sociais, 
assim como os físicos, podem ser reduzidos a leis; todo conhecimento 
científico e filosófico deve ter como finalidade o aperfeiçoamento moral 
e político da humanidade.
O positivismo é produto direto de sua época, tendo sido influencia-
do pela Revolução Industrial, já plenamente realizada, e pelo nascimento 
e desenvolvimento crescente das ciências experimentais, que ocupavam 
o espaço anteriormente ocupado pela especulação racionalista.
Figura 3.8: Auguste Comte (1798-1957).Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Auguste_Comte.jpg
5 4 C E D E R J C E D E R J 5 55 4 C E D E R J C E D E R J 5 5
Comte escreveu diversos livros, como Curso de Filosofia Posi-
tiva, sua principal obra, composta de seis volumes, publicados entre 
1830 e 1842. No livro Política Positiva, ou Tratado de Sociologia, 
(1851-1854), cria uma nova religião: a religião da humanidade, que 
deveria substituir a Igreja. Na segunda fase de sua vida, esforça-se 
por transformar a ciência em religião, assim como na primeira fase 
procurou transformar a ciência em filosofia.
O positivismo sofreu influência de diversos movimentos do século 
XVIII, dos quais destacaremos dois: o empirismo radical de David Hume, 
que priorizava a experiência no processo do conhecimento; o iluminismo, 
com sua crença no progresso da humanidade por meio da razão.
Comte nunca se declarou a favor de um empirismo radical e 
colocava o positivismo entre o empirismo (a experiência direta do 
fato) e o racionalismo, que ele denominava de misticismo. Para ele, o 
saber científico depende tanto de dados empíricos como de elaboração 
racional, pois a realidade não nos é dada diretamente pela sensação; os 
dados precisam ser complementados pela ação do intelecto. É o espírito 
que elabora os dados originados nos órgãos dos sentidos e os organi-
za, criando uma imagem de mundo que é formada tanto de elementos 
empíricos quanto racionais. 
Segundo Gadotti (2001), o positivismo tem como base teórica 
três pontos capitais: 
todo conhecimento do mundo material decorre dos dados •	
“positivos”, oriundos da experiência, e é somente a eles que o 
investigador deve se ater; 
existe um âmbito puramente formal no qual se relacionam as •	
ideias, que é o da lógica pura e da matemática; 
todos os conhecimentos tidos como “transcendentes”, oriundos da •	
metafísica, da teologia ou da especulação acrítica, estão além de 
qualquer verificação prática e, portanto, devem ser descartados. 
Para Comte, uma verdadeira ciência deve analisar todos os fenô-
menos, incluindo os humanos, como fatos. Tanto nas ciências naturais 
quanto nas humanas, deve-se afastar todo preconceito e todo pressuposto 
ideológico, uma vez que ciência e cientistas devem ser neutros. 
i lumin ismo
Em termos histó-
ricos, refere-se à 
era dos iluministas, 
que pertenciam a 
uma corrente filo-
sófica que dava 
valor absoluto à 
Razão e desprezava 
qualquer forma de 
crença religiosa; em 
filosofia, refere-se à 
concepção pela qual 
a inteligência do ser 
humano necessita 
da assistência divi-
na para alcançar o 
conhecimento.
A
U
LA
 
3
 
5 6 C E D E R J C E D E R J 5 7
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
5 6 C E D E R J C E D E R J 5 7
o PosItIvIsmo E a humanIdadE: da Fé Em dEus à Fé 
na cIêncIa
A filosofia de Comte está descrita em sua obra Curso de Filosofia 
Positiva (1830-1842), na qual apresenta a lei dos três estados ou etapas 
do desenvolvimento intelectual da humanidade: 
o primeiro é o estágio •	 teológico, no qual o ser humano explica 
os fenômenos da natureza através de entes sobrenaturais ou 
divindades, até chegar a um Deus único, base das religiões 
monoteistas; 
o segundo estágio é o •	 metafísico, no qual o mundo sensível 
não é explicado por fatores ou seres exteriores a ele, mas por 
conceitos imanentes e abstratos (formas, ideias, potências, 
princípios); 
finalmente, o terceiro estágio •	 – o positivo – é alcançado quando 
o ser humano limita-se a descrever os fenômenos e a estabelecer 
“as relações constantes de semelhança e sucessão entre eles”; 
consiste no estágio atual, em que se buscam as leis científicas.
Desta lei dos três estágios, Comte deduz o sistema educacional, o 
qual deve considerar as fases históricas por que passou a humanidade, 
pois elas reproduzir-se-iam em cada ser humano:
Na primeira fase, a aprendizagem não teria um caráter formal; •	
o fetichismo inicial e natural desta fase deve, gradativamente, 
transformar-se em uma concepção abstrata do mundo.
Na segunda fase, que inclui a adolescência e a juventude, o ser •	
humano entraria em preocupações teológicas e no estudo sistemá-
tico das ciências, portanto, através de uma educação formal. 
Finalmente, ao chegar à idade madura, o homem atingiria o •	
estado positivo, sem um Deus abstrato e abraçando a religião 
do grande ser, que é a humanidade. A solidariedade humana 
seria formada através da educação. 
Segundo o pensamento social de Comte, as leis naturais regeriam a 
sociedade e a política deveria ser uma ciência exata. Para Gadotti (2001), 
o positivismo representou a doutrina que tentara consolidar a ordem 
pública, mas a lei dos três estágios não foi compatível com a evolução 
dos educandos, que não seguiam as previsões de Comte: nem as crianças 
imaginavam forças divinas para explicar o mundo, nem os jovens se 
dedicavam a abstrações metafísicas. Ainda para este autor:
5 6 C E D E R J C E D E R J 5 75 6 C E D E R J C E D E R J 5 7
O positivismo, cuja doutrina visava à substituição da manipulação 
mítica e mágica do real pela visão científica, acabou estabelecendo 
uma nova fé, a fé na ciência, que subordinou a imaginação científica 
à pura observação empírica. Seu lema sempre foi ordem e progresso. 
Acreditou que, para progredir, é preciso ordem e que a pior ordem 
é sempre melhor que qualquer desordem. Portanto, o positivismo 
tornou-se uma ideologia da ordem da resignação e, contraditoria-
mente, da estagnação social (GADOTTI, 2001, p. 110).
conclusão
Tanto o ambientalismo quanto o inatismo radicais caminham na 
direção de concepções autoritárias de exercício de poder. Em suas formas 
radicais, enquanto o inatismo biológico esteve associado ao elitismo, 
ao racismo, à política da direita, ao colonialismo e à hierarquização da 
sociedade, o ambientalismo também influenciou diversas áreas. Segundo 
Marilena Chauí (1999), a dicotomia inatismo-ambientalismo teve, como 
consequência, uma tendência ao ceticismo, à dúvida quanto à possibili-
dade de um conhecimento racional, verdadeiro. 
Em função das premissas teóricas do positivismo, resultaram 
concepções morais hedonistas e utilitárias, além do surgimento de novos 
sistemas políticos e econômicos, como a democracia moderna. Como a 
realidade física é a única que existe, a única cognoscível, os valores espiri-
tuais, a metafísica e a filosofia são todos relegados a um segundo plano. 
Severas críticas têm sido feitas à ciência mecanicista, um ideal do 
positivismo, críticas estas que provêm de dentro do próprio âmbito das 
ciências positivas, originando uma tendência atual em direção ao que se 
tem denominado pós-positivismo. Segundo este, não há relações causais 
inequívocas entre os fenômenos; todas as entidades envolvidas estão 
em estado de moldagem recíproca, sendo impossível detectar causas e 
efeitos. Na Psicologia, observa-se o aumento de novos“saberes” e novos 
“fazeres” (BONFIM, 1992).
Nenhuma pesquisa é independente dos valores do observador. 
Afirmar a neutralidade da ciência é não aceitar que, em uma investigação, 
pelo menos cinco aspectos são influenciados pelos valores do pesquisador: 
a escolha dos problemas a serem estudados; a escolha do paradigma que 
orientará o estudo; a teoria escolhida para orientar a pesquisa; os valores 
inerentes ao contexto; finalmente, a investigação ou será ressonante ou 
dissonante desses valores. 
A
U
LA
 
3
 
5 8 C E D E R J C E D E R J 5 9
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
5 8 C E D E R J C E D E R J 5 9
O positivismopós-moderno tem cada vez mais adeptos, inclusive 
através de pesquisas que comprovam a influência de múltiplas variáveis 
sobre as investigações, dando lugar a outras interpretações do mundo, 
em geral, e do ser humano, em particular. Cada vez mais se percebe a 
necessidade de contextualização de estudos e pesquisas (JURBERG, 
2000); o objetivo não é explicar, mas compreender a forma pela qual se 
alcança o conhecimento.
Como profissionais ligados à área pedagógica, seria atender à 
necessidade de “multirreferencialidade” nas ciências, como defende 
Barbosa (1998).
atIvIdadE FInal
Atende aos Objetivos 2 e 3
Agora que você teve contato com as duas perspectivas – inatismo e ambientalismo 
– vamos tentar aplicá-las na educação e no desenvolvimento humano. Para 
isso, assinale, ao lado de cada afirmação, as letras I ou A, caso se trate de uma 
proposição inatista ou ambientalista.
a. ( ) A aprendizagem depende do desenvolvimento das aptidões e 
potencialidades do indivíduo, tendo o professor o papel de facilitar que 
os dons de seus alunos manifestem-se, que floresçam naturalmente.
b. ( ) Aprendizagem e desenvolvimento são termos praticamente sinônimos, 
pois ocorrem simultaneamente; o desenvolvimento nada mais seria 
do que o resultado final das respostas aprendidas e das consequentes 
mudanças de comportamento.
c. ( ) Quanto menor a interferência do professor, maior será a criatividade 
do discípulo. No campo educacional, tal concepção do ser humano 
influenciou diferentes tipos de pedagogia, desde o imobilismo ao 
espontaneísmo.
d. ( ) Lançando mão de incentivos que gerem motivação, o professor estimula 
o ritmo e a eficácia da aprendizagem, o que pode resultar em um 
diretivismo excessivo, de sua parte. Nessa abordagem, seus postulados 
podem servir para legitimar e justificar práticas pedagógicas como o 
assistencialismo, o conservadorismo e o tecnicismo.
5 8 C E D E R J C E D E R J 5 95 8 C E D E R J C E D E R J 5 9
e. ( ) Na área da educação, as técnicas de ensino são mais valorizadas e tenta-se 
propiciar o maior número de estímulos e informações, colocando escola 
e professor como responsáveis pelo bom desempenho e desenvolvimento 
do aluno.
f. ( ) Certas pedagogias atribuem o sucesso ou o fracasso escolar unicamente 
ao aluno, uma vez que as diferenças entre eles não poderão ser 
superadas, isentando escola e professor de qualquer responsabilidade.
g. ( ) Não há preocupação em prover situações em que o aluno possa 
desenvolver sua criatividade espontaneamente, mas uma valorização 
da quantidade de informação retida e de associações efetuadas.
Resposta Comentada
As afirmações que pressupõem atributos inatos aos seres humanos, deixando que 
a educação transcorra de forma espontânea, denotam uma visão inatista (é o caso 
das questões contidas nos itens a, c, f).
As afirmações que atribuem todo o desenvolvimento do ser humano às experiências 
vivenciadas, ou seja, a fatores do ambiente, responsabilizam e supervalorizam o 
papel dos pais, dos educadores e da própria sociedade; tal visão ambientalista está 
presente nos itens b, d, e f.
r E s u m o
Esta aula poderia ser resumida em uma frase: da fé em Deus à fé na experiência, 
depois à fé na razão e, finalmente, à fé na ciência.
No que se refere ao ambientalismo, depois denominado empirismo, vimos que ele 
inicia-se trezentos anos antes da era cristã, com a visão aristotélica, que enfatizava o 
papel das sensações para que o homem chegasse ao conhecimento. A passagem das 
sensações (originadas no corpo) para o pensamento dar-se-ia através de associações: 
relacionamos os objetos que estão próximos, seja no tempo ou no espaço.
Com o passar dos séculos, a dicotomia alma x corpo passa a caracterizar a separação 
entre o empírico e o racional. Dentro da visão empirista, destacam-se as contri-
buições de John Locke, no século XVII, o qual enfatizava o papel da experiência 
na construção do conhecimento humano. As vivências seriam a única fonte das 
A
U
LA
 
3
 
6 0 C E D E R J C E D E R J P b
Psicologia e Educação | As concepções de homem relacionadas ao desenvolvimento humano: 
o ambientalismo
ideias e, portanto, do conhecimento acerca do mundo. As ideias não têm origem 
exclusiva na experiência exterior, através dos próprios objetos, mas podem originar-
se de operações da mente, pelo uso da reflexão.
No século seguinte, o ambientalismo de D. Hume tenta preencher a lacuna deixada 
por Locke, em relação ao processo pelo qual as experiências simples aliam-se para 
criar formas complexas de conhecer. Para resolver a questão, ele divide os objetos 
da consciência em duas classes: as impressões, causadas pelos objetos, e as ideias, 
que são os correspondentes, na memória, das impressões. Para ele, as relações de 
causalidade não existem no nível das ideias; critica o princípio de causa e efeito, 
considerando-o uma crença, com a qual nos habituamos, pela associação. O conhe-
cimento científico, portanto, baseado na causalidade, é impossível.
Finalmente, os séculos XIX e XX são marcados, respectivamente:
– pelo empirismo inglês de Stuart Mill, para quem também a experiência é a 
base dos processos mentais, que criam as representações que, por sua vez, 
formam as associações, das quais emergem as ideias. A ciência deve basear-se 
na experiência e o método a ser utilizado deve ser o indutivo, uma vez que o 
conhecimento do indivíduo forma-se a partir do acúmulo de suas impressões; 
pelo positivismo de A. Comte, aplicando-o à sociedade, que deveria seguir as 
leis naturais, e à política, que deveria ser também uma ciência exata;
– pelo positivismo moderno e pós-moderno; o primeiro, priorizando o pressu-
posto da causalidade e a crença na neutralidade do pesquisador; o segundo, 
reconhecendo a complexidade dos fenômenos e defendendo a necessidade de 
contextualizar os estudos acerca do desenvolvimento humano.

Outros materiais