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Artigo - A coluna Geologica e a Paleontologia

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4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 11 
AA CCoolluunnaa GGeeoollóóggiiccaa ee aa PPaalleeoonnttoollooggiiaa 
 
Marcos Natal de Souza Costa 
Centro Universitário Adventista de São Paulo 
 
Introdução 
Muito pouca coisa pode se dizer sobre Geologia sem se referir a Escala de Tempo 
Geológico. Trata-se de uma forma padronizada utilizada pelos geólogos para ordenar 
e comparar eventos passados que teriam ocorrido no mundo inteiro. 
Ela foi construída através da análise de vários tipos de rocha e do seu conteúdo 
fossilífero, funcionando como se fosse uma régua do tempo onde estão registrados a 
seqüência de eventos que contribuíram para a formação da crosta terrestre. 
Sua história reflete mudanças significativas nas formas de pensamento sobre a origem 
e idade da Terra. Assim, qualquer renomado cientista do século XVII que fosse 
perguntado sobre a idade da Terra e como ela teria se formado diria que a Terra teria 
6000 anos e que sua história estaria narrada nos primeiros capítulos do livro de 
Gênesis. Se a mesma pergunta fosse feita a outro cientista do século XIX ele diria que 
a Terra seria bem mais antiga, que o Dilúvio de Noé teria sido local ou nem mesmo 
teria ocorrido e que a história da Terra estaria registrada nas rochas. 
Através da coluna geológica é possível prever o conteúdo fossilífero de uma 
determinada camada de rochas em qualquer lugar da Terra. Isto porque, de acordo 
com a biologia convencional, a evolução dos seres vivos teria ocorrido de forma 
irreversível, ou seja, os organismos que viveram em uma determinada época, deram 
origem a outros organismos mas nunca reverteram a formas primitivas. Para o 
criacionismo científico ela também é de grande utilidade uma vez que nos informa 
sobre a paleogeografia e a paleoecologia do mundo pre-diluviano, ou seja, sobre a 
distribuição e as interrelações entre as comunidades bióticas. 
Neste trabalho faremos uma breve revisão histórica de como se formou a escala de 
tempo geológico, quais seus fundamentos e que tipo de informações podem ser dela 
extraídas. Esta revisão tem por base o trabalho de Teixeira et al., 2000. Em seguida 
discutiremos também qual o significado das divisões do tempo em Eras, Períodos e 
Épocas segundo as proposições da geologia convencional. 
 
Concepções Iniciais Sobre a Origem da Terra 
A idéia de que a Terra poderia ser muito antiga só emergiu nos dois últimos séculos 
em consequência de dois grandes movimentos da cultura ocidental: 
- O Iluminismo: movimento intelectual europeu do século XVII através do qual o 
homem passou a substituir as explicações sobrenaturais para os fenômenos da 
natureza por leis naturais; 
- Revolução Industrial: movimento técnico-científico e socio-econômico observado 
na Europa pela metade do século XVIII o qual incrementou fortemente a demanda por 
matérias-primas e recursos energéticos oriundos do subsolo. 
Antes disto, porém, não se cogitava que o mundo pudesse ser muito antigo devido a 
grande influência religiosa no pensamento intelectual daquela época. Assim, o 
cristianismo primitivo já afirmava que a Terra teria apenas poucos milhares de anos. 
Idéia semelhante continuou a ser difundida na Idade Média e Renacença por sábios 
europeus que concebiam um mundo criado em conformidade com o relato bíblico de 
Gênesis, ou seja, há cerca de 6000 anos. Tal concepção foi consolidada no importante 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 12 
trabalho do Arcebispo Ussher (1581-1656), primaz da Irlanda, através de cuidadosa 
pesquisa nas Sagradas Escrituras e em outros documentos históricos. Ussher chegou 
mesmo a estabelecer o dia da criação, que segundo ele, teria ocorrido em 23 de 
outubro de 4004 antes de Cristo. Tal foi a influência do trabalho de Ussher que esta 
data permaneceu até o início do século XX como nota de rodapé nas Bíblias 
publicadas pelas editoras das prestigiosas universidades inglesas de Oxford e 
Cambridge. 
Paralelamente aos trabalhos de Ussher, desenvolvia uma escola que, segundo Harter 
(1998), denominava-se Cosmogonia Especulativa. Esta nova concepção foi liderada 
por René Descartes cujo modelo de história da Terra influenciou sobremaneira o 
pensamento de sua época e deu origem a novas cosmogonias nos séculos seguintes. 
O sistema de Descartes postulava que a Terra teria se formado através de uma 
imensa bola de fogo que, após se resfriar teria originado uma crosta sobre o grande 
mar primitivo. Parte desta crosta teria entrado em colapso e liberado grandes 
quantidades de água para a superfície dando origem aos oceanos. 
No clima intelectual dos séculos XVII e XVIII, que mantinha a idéia do ser humano 
como centro do Universo e a Terra como de seu uso exclusivo, começou a surgir a 
Geologia. Os princípios desta nova ciência foram enunciados pelo dinamarquês Nils 
Stensen, mais conhecido pela forma latinizada como Nicolau Steno (1638-1686). A 
grande contribuição de Steno foi o estabelecimento dos três princípios que regem a 
organização de sequências sedimentares, publicado em 1669 no seu livro Prodromus: 
- Superposição: sedimentos se depositam em camadas, as mais velhas na base e 
as mais novas sucessivamente acima; 
- Horizontalidade: depósitos sedimentares se acumulam em camadas sucessivas 
dispostas de modo horizontal; 
- Continuidade Lateral: camadas sedimentares são contínuas, estendendo-se até as 
margens da bacia de acumulação ou se afinam lateralmente. 
Apesar de simples, estes princípios são absolutamente fundamentais na análise das 
relações temporais dos corpos rochosos, embora sua aplicação indiscriminada possa 
levar a interpretações equivocadas. Hoje, eles parecem mais que óbvios, contudo, na 
Europa do século XVII, vivendo um período de transição entre os mundos medieval e 
moderno onde conviviam interpretações eruditas da história da Terra e Inquisições ao 
lado de grandes descobertas científicas como o telescópio, o microscópio e o cálculo, 
estes conceitos foram inovadores. 
Por volta do século XVIII, o conceito bíblico da Criação ainda se refletia claramente 
nas primeiras tentativas de ordenar a história geológica do planeta. Entre 1750 e 1760, 
Giovanni Arduino (1713-1795) nos Alpes italianos e J. G. Lehmann (1719-1767) na 
Alemanha denominaram as rochas cristalinas com minérios metálicos, observadas no 
núcleo das montanhas, de primária ou primitivas e as rochas estratificadas bem 
consolidadas (calcários, folhelhos) com fósseis de secundárias; as rochas 
estratificadas pouco consolidadas com fósseis marinhos e intercalações vulcânicas 
foram denominadas de terciárias. Posteriormente surgiu o termo transicional para 
acomodar rochas intermediárias entre as primárias e secundárias e em 1829 o francês 
J. Descoyers cunharia o termo quaternário para sedimentos marinhos recobrindo 
rochas terciárias na Bacia de Paris. Os termos primário e secundário já foram 
abandonados, mas os termos Terciário e Quaternário ainda constam da escala 
moderna do tempo geológico, embora com conceitos diferentes dos originais. 
Na segunda metade do século XVIII esta divisão simples foi interpretada à luz do 
relato bíblico da separação da porção seca das águas durante a criação. De acordo 
com esta idéia, quase todas as rochas, incluindo os granitos e basaltos, teriam se 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 13 
precipitado das águas do mar primordial, daí a razão do nome Netunismo, em 
homenagem a Netuno, o deus do mar da mitologia greco-romana. 
Os netunistas acreditavam que as rochas se formavam em quatro séries sequênciais a 
partir das águas do mar primevo, como relatado na Bíblia. Para eles, as duas séries 
mais antigas, incluindo rochas ígneas e metamórficas eram precipitadas em capas 
concêntricas sobre toda a superfície original da Terra quando este mar ainda cobria 
tudo. As outras duas séries, mais restritasgeograficamente e caracterizadas por 
fósseis, marcas de correntes e outras estruturas indicativas de águas mais rasas eram 
originadas quando os continentes já se expunham acima do nível do mar (Fig. 1). Para 
explicar a descida do mar primevo os netunistas, como Steno, postulavam que as 
águas sumiam para dentro de imensas cavidades no interior da Terra. 
O netunismo teve em Abraão Werner (1749-1817), professor durante 42 anos na 
Academia de Minas de Freiberg, Alemanha, seu proponente mais carismático. A 
influência de Werner se estendeu até cerca de 1840, já no berço na doutrina 
antagônica, o Plutonismo, que nascera no fim da século XVIII em Edimburgo, Escócia. 
Enquanto Werner lecionava na Alemanha, o naturalista escocês James Hutton (1726-
1797) fazia as observações que serviriam de base para transformar a Geologia numa 
ciência já nas primeiras décadas do século XIX. Próximo à sua casa em Edinburgo, 
Hutton descreveu evidências de metamorfismo de contato entre basalto e rochas 
sedimentares e interpretou como intrusivo (e não precipitado) um granito que cortava 
calcário supostamente mais novo segundo os netunistas. Juntando estas 
observações, Hutton demonstrou a natureza fluida, quente e intrusiva das rochas 
ígneas, fundamentando assim o conceito de plutonismo (de Plutão, deus grego das 
profundezas), em contraposição ao netunismo de Werner. Em seu trabalho mais 
importante, Theory of the Earth, de 1788, Hutton articulou suas idéias modernas sobre 
a Geologia e a história longa e complexa da Terra. Para Hutton todo o registro 
geológico podia ser explicado pelos mesmos processos que atuam hoje, como erosão, 
sedimentação, vulcanismo, etc. Este conceito leva o nome de princípio de causas 
naturais. 
Hutton ainda estabeleceu outro princípio fundamental da Geologia, ou seja: as 
relações entrecortantes de corpos rochosos. Este princípio pode ser desdobrado em 
duas partes, a primeira regida pela lei das relações de corte e a outra pela lei das 
inclusões. Assim, qualquer feição geológica (rocha ou fóssil) cortada ou afetada por 
outra (dique, sill, falha, dobra, atividade de organismos, etc.) ou contida em outra (um 
seixo num conglomerado, uma bolha de gás num cristal) é mais antiga do que a rocha 
que corta ou que a contém ou que a estrutura que afeta. 
Entre 1830 e 1875, outro escocês, Sir Charles Lyell (1797-1875) popularizaria, em 14 
edições de seu clássico Principles of Geology, o princípio de causas naturais sob o 
prisma do Uniformitarismo. Esta obra influenciou várias gerações de geólogos a 
começar pelo jovem Charles Darwin (1809-1882) que o levou consigo ao embarcar no 
Beagle em 1831 em sua fantástica viagem ao redor do mundo. 
Na visão de Lyell, o presente seria a chave do passado sendo o passado igual ao 
presente inclusive em intensidade dos processos atuantes na dinâmica interna e 
externa. Hoje sabemos que isto não é totalmente verdade uma vez que nem todos os 
processos obsedavas atualmente como erosão, formação de solos, absorção e reflexo 
da energia solar, etc. correspondem exatamente e na mesma intensidade a aqueles 
que atuaram no passado. Assim, o rigor do Uniformitarismo proposto por Lyell passou 
por uma revisão conceitual dando origem ao Atualismo. Este princípio parte do 
pressuposto da constância das leis naturais que regem os processos geológicos, 
mesmo que no passado os produtos e a intensidade destes processos tenham sido 
algo diferentes daquilo que se observa atualmente. 
 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quarta Série Terceira Série Segunda Série Primeira Série 
Formações Parciais 
geradas após a emergência dos 
continentes acima do nível do mar 
Formações Universais 
precipitadas sobre toda a superfície 
original da Terra 
Rochas Terciárias 
Material aluvial dos 
terrenos baixos 
Rochas Secundárias 
Arenitos, calcários e 
folhelhos muito 
fossilíferos, com 
intercalações de 
rochas “precipitadas” 
Rochas de 
Transição 
Calcários e 
grauvacas até com 
fósseis e marcas de 
corrente, ainda com 
rochas 
“precipitadas” 
Rochas Primitivas 
ou Primárias 
Granitos, 
gnáisses, xistos, 
ardósias e outras 
de “aspecto 
antigo” 
Figura 1: A origem das rochas segundo os netunistas (Modificado de Teixeira et al.; 2000). 
 
O Estabelecimento da Escala de Tempo Geológico 
Estimulados pela curiosidade fomentada pelo Iluminismo e pela crescente demanda 
para recursos minerais, alguns naturalistas na Europa no fim do século XVIII e início 
do XIX notaram que o conjunto de fósseis apareciam sempre na mesma ordem no 
registro geológico. Entre 1799 e 1815, o inglês William Smith (1769-1839) e o 
anatomista francês Georges Curvier concluíram, independentemente, que esta 
constatação permitia estabelecer a equivalência temporal, ou seja, a correlação 
fossilífera ou bioestratigráfica entre faunas e floras fósseis iguais, mesmo que contidas 
em rochas diferentes e em sequências distantes entre si. 
Estava enunciado, assim, o princípio da sucessão biótica que estabelece ser possível 
colocar rochas fossilíferas em ordem cronológica pelo caráter de seu conteúdo 
fossilífero, pois cada período, época ou subdivisão do tempo geológico possuiria um 
conjunto particular de fósseis, representativo dos organismos que viveram naquele 
tempo. Para explicar a curiosa sucessão de fósseis no registro, surgiram dois 
conceitos radicalmente opostos: o Catastrofismo de Curvier, que interpretava o 
registro fóssil como resultado de sucessivas extinções cataclísmicas globais, cada 
qual seguida pela recriação logo depois de uma nova fauna e flora e a Evolução 
Biológica de Charles Darwin, que explicava a diversidade do registro fossilífero como 
resultado da interação entre seres e o meio ambiente, com a sobrevivência e sucesso 
das formas mais bem adaptadas (seleção natural). Para Darwin, portanto, as extinções 
representavam eventos naturais, ao contrário de Curvier que advogava o sobrenatural 
para explicá-las. 
Quarta Série
Terceira Série
Segunda Série
Primeira SérieNível do mar durante a:
Nível do mar atual
Rochas Terciárias
Rocas
Secundárias
Rochas Primitivas 
ou Primárias
Rochas de
Transição
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 15 
Com o princípio de sucessão biótica à sua disposição, geólogos da Europa puderam, 
no curto intervalo de 1822 a 1841, ordenar as principais sucessões geológicas destas 
regiões em uma escala de tempo geológico através da datação relativa das faunas e 
floras fósseis contidas nas rochas estudadas. Inicialmente, descreveram sistemas 
espessos de rochas, cada qual com seu conteúdo fossilífero distinto. Cada sistema de 
rochas teria sido depositado durante um período específico, identificado pelo conjunto 
de fósseis peculiares ao sistema e designado por um nome alusivo a alguma feição da 
região onde o sistema foi definido. Assim, por exemplo, o termo Cambriano se refere a 
Cambria, antigo nome romano para Inglaterra. Devoniano, da localidade de 
Devonshire, Inglaterra; Jurássico dos Montes Jura na Europa e Permiano da cidade de 
Perm, na Rússia. Nomes culturais também foram utilizados como Ordoviciano e 
Siluriano, das tribos Ordovices e Silures que habitavam o País de Gales. O termo 
Carbonífero se refere a uma sequência de rochas muito ricas em carvão enquanto que 
o Cretáceo, da palavra francesa cré (giz) se refere a grande quantidade de calcário 
fino encontrada em uma determinada sequência de rochas. 
A correlação fossilífera ou bioestratigráfica, cada vez mais refinada, levou, mesmo 
antes de 1850, à subdivisão dos períodos e destes em Épocas e unidades menores. 
Ao mesmo tempo, semelhanças e distinções entre os fósseis de diversos períodos 
permitiram a agregação dos períodos nas Eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica, 
delimitadas pelas maiores extinçõesna história da vida, no fim do Permiano e do 
Cretáceo, respectivamente. Modernamente, as eras tem sido agrupadas em intervalos 
de tempo maiores conhecidos como Eons: Arqueano, Proterozóico e Fanerozóico. Os 
eons Arqueano e Proterozóico são conhecidos, coletivamente, pelo termo informal 
Pré-Cambriano. 
 
Como Entender a Coluna Geológica 
A coluna geológica é uma forma padrão de agrupar as subdivisões do tempo 
geológico válida para toda a Terra. Como foi visto, inicialmente foram definidos os 
Períodos, que se constituem em sistemas de rochas formados numa mesma época no 
passado. A medida que novos dados foram sendo obtidos e que as rochas e seu 
conteúdo fossilífero foram sendo investigados em maior detalhe, os Períodos foram 
subdivididos em Épocas e estas em Idades. Os Períodos, por sua vez, foram 
agrupados em Eras e estas em Eons (Fig. 2). Assim, conforme a geologia 
convencional, o Eon Fanerozóico teria iniciado há 545 m.a (milhões de anos) e 
persiste até hoje, sendo constituído das seguintes Eras: Paleozóica, Mesozóica e 
Cenozóica. A Era Paleozóica teria iniciado há 545 m.a e terminado há 250 m.a sendo 
formada de 6 períodos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero 
(nos EUA dividido em Mississipiano e Pensilvaniano) e Permiano. A Era Mesozóica 
teria iniciado a 250 m.a e terminado a 65 m.a sendo formada pelos períodos Triássico, 
Jurássico e Cretáceo. Finalmente, a Era Cenozóica teria iniciado a 65 m.a, se 
estendendo até os dias atuais sendo composta dos períodos Terciário e Quaternário. 
O termo Terciário tem sido substituído por Paleógeno, mais antigo e Neógeno mais 
recente. 
Mas por que a Era Paleozóica teria iniciado há 545 m.a e não antes ou depois? Por 
que Era Mesozóica teria encerrado há 65 m.a e não em outro momento? São 
perguntas que, a primeira vista, podem chamar a atenção do leitor. Como veremos, as 
grandes divisões do tempo geológico estão relacionadas a grandes catástrofes, 
normalmente associadas a explosão ou extinção em massa de seres vivos. Para os 
objetivos de nosso estudo, vamos rever a passagem do Pré-Cambriano para o 
Cambriano e os limites entre as eras Paleozóica e Mesozóica e Mesozóica e 
Cenozóica. 
 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 16 
O Limite Pré-Cambriano/Cambriano 
A separação entre o Pré-Cambriano e o Fanerozóico é feita em função da quase 
ausência de fósseis no primeiro e na abundância deste registro no segundo. O Pré-
Cambriano é subdividido em dois Eons: o Arqueano, mais antigo e o Proterozóico, 
mais novo. As primeiras formas fósseis razoavelmente definidas são supostamente 
encontradas na parte superior do Arqueano, quando os estromatólitos se tornaram 
relativamente comuns no registro geológico. 
Eon Era Período Época 
Holoceno (recente) 
Quaternário 
Pleistoceno 
Plioceno 
Neógeno 
Mioceno 
Oligoceno 
Eoceno 
C
en
oz
ói
co
 
T
er
ci
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io
 
Paleógeno 
Paleoceno 
Cretáceo 
Jurássico 
M
es
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ói
co
 
Triássico 
Permiano 
Carbonífero 
Devoniano 
Siluriano 
Ordoviciano 
F
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P
al
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zó
ic
o 
Cambriano 
Proterozóic
o 
 
P
ré
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C
am
br
ia
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Arqueano 
 
Figura 2: Escala de Tempo Geológico. 
545 
250 
m.a 
65 m.a 
1,8 
m.a 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 17 
 
O Pré- Cambriano, segundo a interpretação convencional, é algumas vezes referido 
como a era da vida microscópica ou da vida procariótica tendo em vista a variedade de 
formas microscópicas, unicelulares e coloniais, muito simples e em grande parte 
atribuíveis aos procariontes (microrganismos sem núcleo e organelas intracelulares e 
com cromossomas circulares e apenas formas simples de reprodução assexuada). 
Desta forma, seria possível falar de seis categorias distintas de fósseis Pré-
Cambrianos: 1) estromatólitos, estruturas biossedimentares resultantes de processos 
sedimentológicos e da dinâmica de ecossistemas microbianos bentônicos; 2) 
microfósseis orgânicos, permineralizados por sílica em carbonatos ou preservados por 
compactação e carbonização em folhelhos; 3) fósseis químicos, compostos orgânicos 
de origem biológica encontrados sob forma “insolúvel” (restos de microfósseis e 
carvão) ou “solúvel”; 4) filmes carbonosos, principalmente os restos carbonizados de 
fragmentos de esteiras microbianas ou, eventualmente, algas multicelulares; 5) raros 
icnofósseis (vestígios resultantes da atividade de um organismo como pistas, 
escavações, perfurações, excrementos, etc.) e 6) raras impressões (moldes) dos 
corpos “moles” de invertebrados primitivos sem carapaças (Anelli et al., 2000). 
Ainda no Vendiano, situado no topo do Proterozóico, já no final do Pré-Cambriano, são 
encontrados fósseis mineralizados incluindo espículas de esponjas, tubos de vermes e 
a famosa Fauna de Ediacara, formada por impressões variadas de organismos que 
parecem incluir celenterados e anelídeos. De qualquer forma, a carência de fósseis 
nas rochas pré-cambrianas constitui, desde os tempos de Darwin, um problema sério 
da Paleontologia, embora algumas hipóteses tenham tentado, sem muito sucesso, 
resolver esta questão. 
O Cambriano, por sua vez, marca um importante período na história da vida na Terra 
sendo o momento em que a maior parte dos metazoários aparecem no registro 
fossilífero. Este evento é muitas vezes referido como “Explosão Cambriana” devido ao 
período relativamente curto de tempo para o qual uma grande diversidade de novas 
formas apareceram. 
Com exceção dos Briozoários que surgiram no Ordoviciano, todos os demais filos de 
metazoários surgiram no Cambriano como os cnidários, celenterados, braquiópodes, 
moluscos, artrópodes e equinodermas. Embora estes filos ainda componham a fauna 
marinha atual, muitas grupos foram extintos ou encontram-se drasticamente 
reduzidos. Os braquiópodes articulados (Subfilo Linguliformea e Craniiformea) por 
exemplo, encontram-se presentes nos mares atuais enquanto os inarticulados (Subfilo 
Rhynchonelliformea) apresentam ordens extintas no Paleozóico como os Pentamerida 
(extintos no Devoniano), os Strophomenida e Orthida (extintos no Permiano) e os 
Spiriferida (extintos no Jurássico). 
A passagem do Pré-Cambriano para o Cambriano marca, portanto, o registro 
indiscutível da vida sobre o planeta sendo assim um importante marco na escala de 
tempo geológico. Este evento teria ocorrido, segundo a geologia convencional, há 
cerca de 545 m.a. De acordo com uma interpretação Criacionista, estes animais 
representariam a fauna de invertebrados marinhos que habitavam os mares pré-
diluvianos e foram formados durante a Semana da Criação narrada nos capítulos 
iniciais do livro de Gênesis. 
 
O Limite Paleozóico/Mesozóico: a crise permiana 
Outro marco importante na coluna geológica encontra-se na passagem da Era 
Paleozóica para a Era Mesozóica, no final do Período Permiano (Fig. 2). Esta época 
foi marcada pela maior extinção de seres vivos registrada na história da vida sobre a 
Terra atingindo muitos grupos de organismos de diferentes habitats. Quase todos os 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 18 
invertebrados do Paleozóico desapareceram. Cerca de 95% das espécies encontradas 
no Permiano não apareceram mais no Terciário, logo acima, incluindo vertebrados e 
invertebrados. 
Entre os vertebrados, 75% dos anfíbios e 80% das famílias de répteis desapareceram 
do registro geológico. Alguns grupos que sobreviveram à extinção permiana reduziram 
drasticamente e nunca mais alcançaram o domínio ecológico que possuíam 
anteriormente. Dentre os grupos mais afetados estão os foraminíferos fusilinídeos, 
trilobitas, corais rugosos e tabulares, placodermes, entre outros. Dentre os grupos 
drasticamente reduzidos estão os briozoários,braquiópodes, crinóides, amonóides 
(moluscos), euripterídeos, ostracódes e equinodermas. 
Com respeito ao reino vegetal, a crise observada no Permiano e mais tarde no limite 
Mesozóico/Cenozóico é bastante controvertida. Algumas hipóteses admitem que tanto 
os reinos animal e vegetal foram afetados da mesma forma. Contudo, embora a crise 
permiana esteja bem documentada no registro fóssil dos animais e segundo alguns 
evolucionistas, forneça uma base coerente para a teoria da evolução, tem se 
questionado bastante qual o seu impacto no registro fóssil das plantas. 
Estudos publicados a partir da década dos anos oitenta (Knoll, 1984, 1986; Boutler et 
al., 1986; Traverse, 1988) sugerem que não existe evidência segura de extinção em 
massa no registro fóssil das plantas, um aspecto largamente ignorado nos recentes 
debates sobre a teoria evolutiva. Mas se não houve extinção em massa no registro 
das plantas, por que as ginmnospermas ou as pteridospermas não são dominantes 
nos dias atuais? Neste caso, mudanças importantes devem ter ocorrido no reino 
vegetal, embora não no mesmo momento nem com a mesma intensidade que aquele 
observado no registro fóssil dos animais (Stewart et al., 1993; Grane et al., 1995). 
Uma das hipóteses é que a substituição da flora Paleofítica caracterizada por grupos 
mais primitivos de plantas vasculares (licófitas, esfenófitas, progimnospermófitas e 
pteridospermófitas), pela flora Mesofítica, iniciada com o declínio das licófitas, 
esfenófitas e pteridospermas e a ascensão das coníferas e outras gimnospermófitas 
(caytoniales, cicadófitas, gingkófitas, etc.) seria em função não de processos de 
extinção em larga escala mas de seguidas adaptações a novas condições ambientais. 
Na falta de evidências mais consistentes de extinção em massa para explicar estas 
mudanças Knoll (1984, 1986) sugere dois mecanismos que teriam conduzido a 
evolução das plantas: um fator relacionado à competição e outro representado pela 
seleção de linhagens ao nível de espécie. Para Wills & Bennett (1995) esta hipótese 
seria um simples retorno aos princípios darwinianos, só que ao nível de espécie e não 
de indivíduo. Isto, por sua vez, teria implicações importantes com respeito ao 
criacionismo científico, reforçando a tese de que muitas variedades de plantas podem 
ter se diferenciado por processos microevolutivos em períodos de tempo bem mais 
curtos que os milhões de anos normalmente exigidos pela macroevolução. 
 
O que teria causado a crise permiana? 
Embora as causas da crise permiana ainda permaneçam matéria de amplo debate, 
inúmeras teorias tem sido formuladas para explicá-la. Para os nossos propósitos 
vamos citas três das hipóteses mais aceitas: glaciações, formação do mega-continente 
Pangea e erupções vulcânicas. 
Glaciações 
Uma das teorias mais aceitas para a crise permiana seria a mesma responsável pelas 
crises do Ordoviciano e do Devoniano, ou seja, a glaciação do continente Gondwana 
(África, América do Sul, Índia, Austrália e Antártida). Este evento seria resultado de um 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 19 
resfriamento global de Gondwana seguido do abaixamento geral do nível dos mares 
(regressão marinha), redução dos habitats e consequente extinção em massa. 
Uma variante desta hipótese seria flutuações climáticas severas provocadas por 
eventos glaciais rigorosos nos pólos norte e sul. Nas zonas temperadas existe 
evidência de resfriamento associado a sedimentação em clima semi-árido 
representado por espessas sequência de dunas e evaporitos. Já nas zonas polares o 
registro é de eventos glaciais mais rigorosos. Estas flutuações climáticas teriam 
provocado a instabilidade dos habitats resultando em extinção. 
Formação do Continente Pangea 
Outra teoria que procura explicar a extinção em massa do Permiano seria a redução 
da área das plataformas continentais devido a formação do mega-continente. Esta 
redução, da mesma forma que na hipótese anterior, também resultaria no aumento da 
competitividade por espaço entre os seres vivos, o que provocaria extinção em grande 
escala. 
Erupções vulcânicas 
A terceira hipótese que se tem formulado para explicar a extinção permiana seria um 
extenso derrame de lavas basálticas na Sibéria. Este evento teria emitido quantidades 
enormes de sulfato para a atmosfera além da formação de enormes nuvens de cinza 
por todo o globo. A combinação destes fatores resultaria no abaixamento geral da 
temperatura sobre a Terra provocando extinção em massa. 
Das hipóteses acima mencionadas, a que se refere à glaciações e erupções 
vulcânicas são amplamente compatíveis com o dilúvio universal proposto pelo 
criacionismo científico. Chadwick (2001) sugere que a temperatura geral da Terra teria 
reduzido consideravelmente sob a influência de espessas nuvens de cinzas vulcânicas 
acumuladas na atmosfera em função de intensa atividade vulcânica ocorrida já nos 
estágios iniciais do dilúvio de Gênesis. No caso do Brasil, este evento glacial estaria 
registrado na Bacia do Paraná, nos depósitos sedimentares da região de Itú/Salto, 100 
km a sudoeste de São Paulo. Algumas evidências que sugerem atividade glacial e sua 
preservação no registro geológicos são: morfologias típicas de abrasão (rochas 
moutonnées, pavimentos estriados) indicando a passagem de espessa capa de gelo 
sobre o substrato rochoso; depósitos do tipo till (sedimento inconsolidado, mal 
selecionado, constituído por matriz argilosa/siltosa/arenosa, contendo fragmentos 
rochosos caoticamente dispersos e de tamanho variado); clastos (seixos) isolados, 
dispersos em sedimentos finos, laminados, indicando a presença pretérita de icebergs 
em um determinado corpo de água. 
O Limite Mesozóico/Cenozóico: a crise K/T 
A passagem da Era Mesozóica para a Cenozóica também foi assinalada por uma 
grande extinção em massa no registro geológico denominada crise K/T 
(Cretáceo/Terciário). Esta crise é mais conhecida por ter exterminado os dinossauros 
da face da Terra. Cerca de 85% de todas as espécies de setes vivos desapareceram 
tornando a crise K/T a segunda maior no registro geológico. 
Contudo não foram apenas os dinossauros as vítimas deste evento. Outras linhagens 
de répteis marinhos tais como os ictiossaurus, plesiossaurus e mesossaurus também 
teriam sido extintos, bem como os pterossaurus (répteis voadores). Entre os 
invertebrados, muitas espécies e foraminíferos, alguns grupos de moluscos 
(amonóides, belenmnóides) também foram extintos. Dentre os grupos bastante 
afetados estão os foraminíferos planctônicos, dinoflagelados, braquiópodes e 
equinóides. Os grupos menos afetados foram as plantas com flores, os gastrópodes, 
pelicípodes, anfíbios e mamíferos. 
Causas prováveis da crise K/T 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 20 
A crise do final do Cretáceo tem gerado considerável interesse público nos anos 
recentes em função do controvertido debate na comunidade científica sobre as causas 
que teriam desencadeado este evento. A hipótese mais aceita pressupões a ação de 
forças exógenas, tais como o impacto de meteoritos ou cometas. Outras hipóteses 
procuram explicar o fenômeno através de causas endógenas como atividade vulcânica 
e glaciação. 
Impacto de meteoritos 
Alguns pesquisadores acreditam que a presença de altas concentrações de irídio em 
uma fina camada de sedimento depositado no limite K/T só pode ser explicada 
considerando-se a ação do impacto de meteoritos. O irídio é um elemento só 
encontrado no manto terrestre ou em corpos celestes como os meteoritos e cometas. 
Esta fina camada tem sido encontrada em sedimentos marinhos e continentais em 
inúmeras localidades em torno da Terra. 
A presença de estruturas de choque em grãos de quartzo (finos grãos com estruturas 
de impacto de alta pressão) também vem corroborar a hipótese do bólido assassino. 
Estasfeições, da mesma forma que a presença anômala de irídio, tem sido 
encontradas em sedimentos situados no limite K/T. Pesquisas tem indicado que a 
região do impacto teria sido a Península de Yucatan no México. 
Erupções vulcânicas 
As evidências de que as erupções vulcânicas foram o agente mais importante no 
desencadeamento da crise K/T também são relativamente fortes. Como foi visto 
anteriormente, o irídio é um elemento presente quase unicamente no manto terrestre e 
em corpos celestes do tipo meteoritos. Este fato tem levado alguns cientistas a 
especular que o irídio teria se originado de erupções vulcânicas maciças como 
evidenciado no planalto de Decan, na Índia e Paquistão. No local são observados 
extensos derrames de lava basáltica no limite Cretáceo/Terciário ocupando atualmente 
uma área de 500.000 km2. Este derrame teria produzido enormes quantidades de 
cinzas, alterando o clima global da Terra e a química dos oceanos. Assim, tanto as 
erupções vulcânicas como os impactos de meteoritos são mecanismos viáveis para 
explicar a extinção em massa verificada no limite Cretáceo/Terciário e como já foi 
visto, todas eles são compatíveis com um evento catastrófico semelhante ao dilúvio 
universal narrado no livro de Gênesis. 
 
Extinções em Menor Escala 
Embora os eventos acima mencionados tenham deixado evidências incisivas de uma 
catástrofe global, não foram os únicos a serem reconhecidos no registro geológico. 
Extinção em massa de menores proporções são registradas no final do Ordoviciano, 
no final do Devoniano e no Paleoceno (já na Era Cenozóica) e são utilizadas como 
marcadores de tempo. 
Segundo alguns autores, o Estágio Hirmantiano, (final do Ordoviciano) marca o que 
teria sido a primeira das cinco grandes crises do Fanerozóico. Dentre suas vítimas 
estariam os trilobitas pelágicos, alguns graptozoários, braquiópodes e bivalves (Hallam 
& Wignall, 1997). Este evento teria ocorrido em dois pulsos intercalados por uma fase 
de expansão caracterizada pela fauna Hirnantia, uma associação de braquiópodes e 
trilobitas de águas mais frias (Rong & Harper, 1988). Estes dois pulsos apresentam 
características distintas: o primeiro tendo eliminado trilobitas pelágicos e organismos 
bentônicos das baixas latitudes enquanto que o segundo teria afetado a fauna 
Hirnantia e muitos outros grupos de águas mais profundas. Segundo Brenchley et al. 
(1994) a crise ordoviciana coincide com um dos principais períodos de oscilação do 
nível do mar, sendo portanto a causa principal desta crise. 
4o Encontro Nacional de Criacionistas – UNASP – NEO - 2002 21 
A extinção do final do Devoniano apresenta um dos padrões mais seletivos de todas 
as crises bióticas. Os placodermes, grupo de peixes dominantes neste período, foram 
totalmente extintos. Os goniatites (uma ordem de moluscos) também foram muito 
afetados restando somente poucas espécies. Entre os trilobitas, somente um pequeno 
grupo teria resistido. Contudo, embora tenha sido uma crise rigorosa entre os 
organismos pelágicos, a crise Devoniana teria afetado muito pouco os organismos 
bentônicos como demonstrado no registro dos briozoários e corais rugosos e 
tabulados. 
Finalmente, a crise do final do Paleoceno foi um dos eventos mais notáveis durante o 
Cenozóico resultando, entre outras, na extinção de 50% das espécies de foraminíferos 
bentônicos de águas profundas. Segundo alguns autores, este evento tem sido 
amplamente reconhecido nas regiões batial/abissal de todo o mundo e por isto se 
constituiria em uma crise global. As espécies da epifauna, mais dependentes de águas 
bem oxigenadas foram as mais afetadas. Entre os especialistas, existe um consenso 
de que esta crise teria sido provocada pela desoxigenação de inúmeros habitats 
devido a um aumento significativo da temperatura registrado no final do Paleoceno. 
 
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