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A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PRESENTE NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

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Ananindeua 
2017 
ESCOLA SUPERIOR MADRE CELESTE - ESMAC 
 CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANILO GLENDO SANTANA GUEDES 
ÍSIS CRISTINA TRINDADE DOS SANTOS FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PRESENTE NA BASE NACIONAL 
COMUM CURRICULAR 
 
 
 
 
 
 
 
DANILO GLENDO SANTANA GUEDES 
ÍSIS CRISTINA TRINDADE DOS SANTOS FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PRESENTE NA BASE NACIONAL 
COMUM CURRICULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado junto ao curso de Licenciatura 
em Educação Física da Escola Superior 
Madre Celeste como quesito de avaliação. 
 
Orientador: Profº. Me. Ney França 
 
 
 
 
 
 
 
Ananindeua 
2017
 
 
DANILO GLENDO SANTANA GUEDES 
ÍSIS CRISTINA TRINDADE DOS SANTOS FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PRESENTE NA BASE NACIONAL 
COMUM CURRICULAR 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado junto ao curso de Licenciatura 
em Educação Física da Escola Superior 
Madre Celeste como quesito de avaliação. 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em:____/____/_____. 
Nota:_____ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_________________________________________ 
Docente orientador: Me. Ney Ferreira França 
Escola Superior Madre Celeste - ESMAC 
 
 
_________________________________________ 
Docente avaliador interno: Me. Robson dos Santos Bastos 
Escola Superior Madre Celeste - ESMAC 
3 
 
A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PRESENTE NA BASE NACIONAL 
COMUM CURRICULAR 
Danilo Guedes1 
Ísis Trindade2 
Prof. Me. Ney Ferreira França3 
 
RESUMO 
Em 2014 começou um debate sobre a educação brasileira no qual pensaram em um 
Plano Nacional de Educação (PNE) e um dos elementos que compuseram esse plano 
foi a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O objetivo desse estudo é analisar as 
concepções de Educação Física presente na BNCC apresentada pelo MEC. A 
abordagem metodológica é o Materialismo Histórico Dialético. As pesquisas utilizadas 
serão básica, qualitativa, exploratória e explicativa, bibliográfica e documental. Os 
dados serão de origem primária e secundária coletados a partir de acervos disponíveis 
na internet e bibliotecas. Foram analisadas como fonte de dados duas versões da 
BNCC, a segunda e a terceira versão, e utilizados como referenciais para análise 
autores como Saviani, Schultz, Martins e Duarte, Azevedo e Shigunov e Bastos, 
Santos Jr e Ferreira que deram fundamentação científica e embasamento teórico para 
que se pudesse chegar a um resultado. A BNCC apresenta uma concepção de 
Educação Física crítico-emancipatória, tem como base uma teoria curricular Pós – 
crítica, além de trazer uma lógica neoliberal de ensino/trabalho. 
Palavra-chave: Currículo. Educação Física. Políticas Públicas. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O interesse pelo estudo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surgiu 
primeiramente da vontade de pesquisar sobre políticas públicas relacionadas à 
Educação Física, então foi sugerido o tema sobre a BNCC pois é um conteúdo que 
está em destaque no setor educacional. 
Tem como importância para a formação acadêmica estar informados sobre o 
que se está discutindo no momento, pois esse projeto de lei para a educação brasileira 
 
1 Discente do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da instituição Escola Superior 
Madre Celeste - ESMAC, turma EF7N1, e-mail: danilogds52@gmail.com; 
2 Discente do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da instituição Escola Superior 
Madre Celeste - ESMAC, turma EF7N1, e-mail: isiscristinaferreira@gmail.com ; 
3 Orientador, e-mail: francaney@yahoo.com.br . 
4 
 
propõe como ponto principal a mudança dos conteúdos, determinando que todas as 
escolas do país terão uma base comum a ser estudada. Então é importante analisar 
como serão as propostas direcionadas à Educação Física e como será estabelecido 
esse currículo comum ao que diz respeito à disciplina. 
Muito se tem discutido, recentemente acerca da BNCC e como se dará o seu 
papel dentro das escolas. Porém, especificamente na Educação Física denota-se que 
muitas mudanças irão ocorrer durante esse processo de instalação do projeto, então 
é preciso estar ciente de tudo, sabendo como será todo esse processo de elaboração 
do currículo e como a Educação Física deverá ser pensada nesse contexto. 
Então essa é uma pesquisa que se torna relevante para a sociedade como um 
todo, pois todos devem ter conhecimento para tratar a respeito do tema a ser 
desenvolvido nessa pesquisa. Para isso é necessário esclarecer os pontos que 
tangem a Educação Física para que sirva de base e agregue conhecimento a cada 
indivíduo. 
Para tal, busca-se compreender esse elemento do Plano Nacional de Educação 
(PNE) através de referências teóricas bibliográficas já elaboradas no campo destinado 
à pesquisa, as leis que foram modificadas por conta da BNCC, além de trazer 
documentos para dar fundamentação à pesquisa. 
A Base Nacional Comum Curricular, irá modificar a educação pondo como ponto 
principal a mudança curricular nos conteúdos de cada disciplina e a forma de 
aplicação desses conteúdos. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2015). 
Outro ponto que podemos destacar é que com essa mudança a carga horária 
das disciplinas, com a exceção de português e matemática, serão diminuídas afetando 
o trabalho do professor. 
É importante ressaltar que nessa pesquisa serão utilizadas duas versões da 
BNCC, a segunda versão publicada em maio de 2016 e a terceira publicada em abril 
de 2017 (versão final) pelo MEC. As duas servirão como objetos de análise, pois na 
terceira versão não se menciona o ensino médio, são colocados apenas os ensinos 
infantil e fundamental, sendo que o fundamental está dividido em séries iniciais (2º ao 
5º ano) e finais (6º ao 9º ano). 
A primeira versão não foi usada para análise de dados porque ainda não estava 
condessada, estavam ocorrendo muitos debates para se chegar a um resultado final. 
Então para que os efeitos da pesquisa pudessem ser contundentes foram utilizadas 
apenas as duas últimas versões. 
5 
 
O currículo da Educação Física é o ponto principal desenvolvido nessa 
pesquisa, para analisar quais perspectivas a BNCC promove na disciplina que é de 
suma importância para a formação do aluno, tanto no que diz respeito ao corpo quanto 
a mente. 
Além disso, vivemos em um momento muito oportuno para tal pesquisa, pois o 
currículo, em específico o componente curricular Educação Física, além de estar 
sendo reformado, ele também está sendo alvo de uma expressiva modificação que se 
trata da Medida Provisória (MP) nº 746/2016 e que determinou mudanças na lei nº 
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que explicita: 
 
Seção I 
Das Disposições Gerais 
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do 
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em 
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte 
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, 
da cultura, da economia e dos educandos. 
 § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, 
constituirá componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino 
fundamental, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. 
(Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) 
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é 
componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensinofundamental, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela 
Medida Provisória nº 746, de 2016) 
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído 
pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) 
II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) 
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, 
estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 
1º.12.2003) 
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído 
pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) 
V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) 
VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) 
 
Seção IV 
Do Ensino Médio 
4Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste 
Capítulo e as seguintes diretrizes: 
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional 
Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos 
pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento 
ou de atuação profissional: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 
2016) 
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado 
da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da 
sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de 
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; 
 
4 Os trechos que estão tachados, são trechos da Lei nº 9.394/1996 reformulados após a medida 
provisória nº 746/2016 se tornar lei. 
6 
 
I - linguagens;(Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) 
II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa 
dos estudantes; 
II - matemática; (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) 
III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina 
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter 
optativo, dentro das disponibilidades da instituição. 
III - ciências da natureza; (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 
2016) 
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias 
em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.684, de 
2008) 
IV - ciências humanas; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de 
2016) 
V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, 
de 2016) 
§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão 
organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando 
demonstre: 
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção 
moderna; 
II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; 
III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao 
exercício da cidadania. 
§ 1º Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em 
mais de uma área prevista nos incisos I a V do caput. (BRASIL, Redação 
dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016) 
 
As leis relacionadas ao currículo não abrangem mais todas as fases da 
educação básica, ou seja, algumas disciplinas agora são obrigatórias apenas no 
ensino infantil e no fundamental, no médio torna-se facultativa nas aulas a frequência 
de alunos que façam ensino técnico. 
Então é de suma importância analisar as propostas da BNCC na perspectiva 
da Educação Física, pois esse componente do Plano Nacional de Educação (PNE) 
vem sendo discutido e também vem provocando significantes mudanças nas leis que 
envolvem a educação do Brasil. 
Assim para efeito da pesquisa elaborou-se o seguinte problema: Qual a 
concepção de Educação Física está posta no documento que trata sobre a 
BNCC apresentada pelo MEC para educação brasileira? 
Para contribuir na resposta da pergunta acima formulou-se o seguinte objetivo 
geral: Analisar a concepção de Educação Física presente na BNCC apresentada pelo 
MEC. Com os objetivos específicos: a) Investigar sobre currículo e a BNCC; b) 
Examinar materiais publicados sobre a BNCC; c) Identificar as propostas que a BNCC 
apresenta para a Educação Física. 
 
7 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
É de conhecimento geral que a BNCC vai ser implantada nas escolas nos 
próximos anos determinados pelo Plano Nacional de Educação (PNE), previsto de 
2014 até 2024. Neste momento do Trabalho de Conclusão de Curso serão delineadas 
as fases para que entendam como se deu essa Base e qual a concepção que ela traz 
para a disciplina Educação Física. 
 Além disso, serão abordadas questões de como o ser humano se difere dos 
outros animais por adquirir conhecimento e transformar a natureza. Como são 
repassados os conhecimentos a partir da cultura, as mudanças curriculares com base 
nos Decretos/Leis, periodização da educação e análises de algumas abordagens 
pedagógicas dando destaque ao currículo. E por fim, conceituar currículo dando 
ênfase na BNCC. 
 
2.1 DE ONDE VEM O CONHECIMENTO? 
 
Antes de mais nada é preciso mencionar que o homem é o único animal que 
se difere dos outros, por conta do processo de construção cultural e da transformação 
da natureza. 
Vejamos, Lessa e Tonet (2008) afirmam a partir de estudos feitos em Marx que 
o trabalho é efetivado através da transformação da natureza, que por sua vez 
transforma o indivíduo e a sociedade por conta dos conhecimentos e habilidades 
adquiridas ao transformar a natureza. 
O exemplo utilizado na obra é a utilização de algum meio para que o sujeito 
pudesse abrir um coco. Por meio de uma necessidade, o ser humano através de uma 
prévia-ideação5, feita através da construção de um machado, alcança a objetivação6, 
ou seja, a abertura do coco. 
 
O trabalho é o fundamento do ser social porque transforma a natureza na 
base material indispensável ao mundo dos homens. Ele possibilita que, ao 
transformarem a natureza, os homens também se transformem. E essa 
articulada transformação da natureza e dos indivíduos permite a constante 
construção de novas situações históricas, de novas relações sociais, de 
novos conhecimentos e habilidades, num processo de acumulação 
 
5 Seria antecipar ou prever o que e qual alternativa seria mais possível e provável para chegar a um 
determinado objetivo. 
6 Seria a realização e execução do que foi pensado na fase da “prévia-ideação”. 
8 
 
constante. É esse processo de acumulação de novas situações e de novos 
conhecimentos – o que significa novas possibilidades de evolução – que faz 
com que o desenvolvimento do ser social seja ontologicamente (isto é, no 
plano do ser) distinto da natureza. (LESSA e TONET, 2008, p. 26) 
 
Logo, foi observado a seguinte maneira em que para o homem (em um plano 
geral) adquirir conhecimento é preciso que ele tenha uma interação com a natureza, 
ou seja, que ele possa fazer parte da transformação dela acarretando no avanço da 
sociedade. 
Isto implica no debate do ensino sistemático, ou seja, a escola, que traria para 
o aluno uma forma de se relacionar com a natureza, transformando-a e por 
consequência disso adquirindo conhecimento para si e para o seu contexto social. O 
que será abordado no próximo tópico, Educação Escolar: Primeiras Impressões. 
 
2.2 EDUCAÇÃO ESCOLAR: PRIMEIRAS IMPRESSÕES 
 
É imprescindível ter o conhecimento acerca desse tema antes de começarmos 
a tratar sobre a essência dessa pesquisa que é o currículo da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC). 
Para isso, serão usados autores e obras clássicas, como por exemplo, 
Romanelli em História da Educação no Brasil (1986) e Saviani, em suas obras, História 
das Ideias Pedagógicas no Brasil (2011), Escola e Democracia (2015) e PedagogiaHistórico Crítica: Primeiras Aproximações (2011). 
Neste tópico serão abordados assuntos relacionados à educação, tais como as 
suas especificidades e sobre os acontecimentos históricos, delineando uma 
organização de ordem cronológica e debatendo o tema que cerne esta pesquisa. 
 
2.2.1 A EDUCAÇÃO E SUAS ESPECIFICIDADES 
 
De acordo com Romanelli (1968) a educação segundo advém da cultura, pois: 
 
A forma como se origina e evolui a cultura define bem a evolução do processo 
educativo. [...] Traços evidentes desse processo são encontrados sob a forma 
de tradição cultural, dando conteúdo à escola de nossos dias. (ROMANELLI, 
1968, p. 19-20) 
 
9 
 
Portanto, a educação tem laços com a cultura, pode-se dizer que há uma 
reciprocidade. Pois sem cultura não há educação e sem educação não há cultura. 
Pode-se citar também Baribieri, Porelli e Mello (2008) que dizem que o papel 
fundamental da educação 
 
consiste na transmissão do conhecimento historicamente produzido e 
acumulado pelo homem às novas gerações. Dessa forma, a educação atua 
na produção e reprodução da vida humana. (BARBIERI E PORELLI, 2008, 
p.224) 
 
Percebe-se uma grande troca entre educação e cultura nos dois conceitos 
trazidos pelos autores citados acima. Sendo assim convém abordar a cultura já que 
segundo estes autores, ela está presente na educação de forma atuante. Um dos 
autores mais plausíveis que tratam sobre o conceito antropológico de cultura é o 
Laraia (2001), pois segundo ele, 
 
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um 
herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a 
experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. A 
manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as 
inovações e as invenções. (LARAIA, 2001, p.24) 
 
Dentro desse contexto faz-se necessário entender sobre a cultura e duas das 
vertentes englobadas por ela, ou seja, a cultura popular e a cultura erudita. A primeira 
(cultura popular) está presente no cotidiano das pessoas, nas heranças culturais, além 
dos costumes e hábitos de cada região. Já a segunda (cultura erudita) tem como 
característica a sistematização do ensino, sendo ele repassado através de institutos 
intelectuais (escolas, universidades, etc...) ou em locais que colaboram com o 
enriquecimento do conhecimento, por exemplo, o teatro, apresentações culturais de 
dança e canto. 
 
A partir destes dois referenciais de cultura, podemos colocar diferentes 
dimensões da cultura, como a cultura criada pelo povo (popular), que articula 
uma concepção do mundo em contraposição aos esquemas oficiais; a cultura 
erudita que é transmitida na escola e sancionada pelas instituições; 
(ALMEIDA E GUTIERREZ, 2004, p. 50) 
 
Sabendo desses conceitos sobre cultura, partimos do pressuposto que a 
cultura está inserida em todos os âmbitos da sociedade e um de seus principais 
vetores é o ensino escolar, pois os indivíduos que integram as escolas irão possuir a 
cultura de forma sistematizada, para os autores Duarte, Werneck e Cardoso (2013) 
10 
 
 
é preciso conhecer a cultura e a sociedade onde se encontram inseridos, 
conhecer o significado das coisas e do mundo à luz da cultura a que 
pertencem, para que se possa perceber e melhor compreender os padrões 
de comportamento e condutas que caracterizam os processos sociais que, 
de modo geral, influenciam a educação como um todo (2013, p. 208-209) 
 
Libâneo (1994, p.16-17) afirma que “A educação é um fenômeno social e 
universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de 
toda a sociedade”. Portanto, a educação está ligada a várias vertentes da sociedade 
e é parte importante da formação de uma sociedade e por consequência de uma 
cultura existente nela. 
Existem dois tipos de educação: a escolar7 e não escolar8. A educação não 
escolar é adquirida através da vivência em sociedade, pois o indivíduo internaliza os 
costumes e tradições do seu contexto, além dos meios de comunicação também 
fazerem parte dessa educação. Sendo mais objetivo, esta educação é adquirida fora 
da escola. 
De acordo com Biesdorf (2011, p.2) “educação informal de uma pessoa será 
definida pelo ambiente em que ela vive, ou seja, trata-se de uma herança cultural”. Já 
a educação formal é caracterizada pela sistematização do currículo que a compõe, 
além de ter uma estrutura relativamente específica para ensinar. 
 
A família é a principal instituição responsável pela educação informal, através 
da qual são ensinados os costumes humanos como falar, andar, comer, 
religião, cultura [...] Já a escola é a instituição responsável pela educação 
formal, local onde acontece a mediação dos conhecimentos científicos. 
(BIESDORF, 2011, p. 3) 
 
Assim pode-se afirmar que a educação informal pode ocorrer em qualquer lugar 
em que o indivíduo esteja inserido, sendo ela, parte de sua cultura, vivência e prática 
social. Porém, a educação da qual este estudo se trata é a educação formal que deve 
ocorrer em espaços estruturados para tal formação, ou seja, escolas, instituições 
superiores, entre outras. 
Mais adiante será tratada a história da educação formal no Brasil, da qual se 
trata esta pesquisa. 
 
 
7 Educação formal. 
8 Educação informal. 
11 
 
2.2.2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
A educação no Brasil passou por várias mudanças ao longo da sua história até 
chegar nos dias atuais e nesse tópico será abordado a periodização e sistematização 
do ensino formal. 
A partir de estudos desenvolvidos por Saviani em seu livro “História das Ideias 
Pedagógicas no Brasil” (2011) é observado a evolução da organização escolar em 
diferentes períodos e contextos sociais no Brasil, que vai de 1549 a 1996 que será 
esclarecido abaixo. 
Quadro 01 – Periodização da educação formal no Brasil. 
PERÍODO ANO FATOS HISTÓRICOS 
1º período 1549-1759 
Foi relatada a chegada dos primeiros jesuítas no Brasil 
liderados pelo padre Manoel da Nóbrega. É com a 
chegada deles que tem início a educação formal, dando 
ênfase a uma pedagogia tradicional religiosa. 
2º período 1759-1932 
Neste contexto os jesuítas foram expulsos pelo 
Marques de Pombal, onde foi instituída a reforma 
pombalina em que houve a alteração da vertente 
religiosa para o laicismo, ou seja, libertando a educação 
das influências da igreja. 
3º período 1932-1947 
Há um equilíbrio entre a pedagogia tradicional (em que 
a referência é o professor) e a pedagogia nova ou 
escolanovista (em que a referência era o aluno) 
4º período 1947-1961 
A influência da pedagogia nova/escolanovista 
predomina. 
5º período 1961-1969 
Há a crise da pedagogia nova abrindo espaço para a 
articulação da pedagogia tecnicista. 
6º período 1969-1980 
Predomínio da pedagogia tecnicista e por conseguintes 
manifestações contra esse modelo de educação. 
12 
 
7º período 1980-1991 
Necessidade da pedagogia histórico crítica e de outras 
propostas alternativas. 
8º período 1991-1996 
Criação da Segunda LDB, produção e propostas de 
introdução da pedagogia crítica. 
FONTE: SAVIANI, 2011, p. 14-17. 
Este quadro nos remete às mudanças ocorridas de acordo com o tempo, sobre 
a construção e desenvolvimento da educação. Para entendermos o contexto 
educacional atual é necessário trazermos esse debate. 
Veremos a seguir os acontecimentos históricos que corroboraram para a 
consolidação da Educação Física na educação formal, através de leis e de acordo 
com a conjuntura de cada época vigente. 
 
2.3 EDUCAÇÃO FÍSICA: E SUAS DIFEREINTES CONCEPÇÕES NA HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
 
A Educação Física tem seu início obrigatório nas escolas aindacomo ginástica 
a partir de 17 de fevereiro de 1854 quando Luiz Pedreira do Couto Ferraz, Ministro do 
Império, aprova um decreto (nº 1.331-A), ou seja, uma reforma no ensino primário e 
secundário. 
Essa reforma estabelecia a ginástica como um dos elementos do currículo do 
ensino primário. Mais especificamente no art. 47º. 
 
[...] A geometria elementar, agrimensura, desenho linear, noções de musica 
e exercicios de canto, gymnastica, e hum estudo mais desenvolvido do 
systema de pesos e medidas, não só do municipio da Côrte, como das 
provincias do Imperio, e das Nações com que o Brasil tem mais relações 
commerciaes. (BRASIL. Decreto nº 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854). 
 
No art. 80º da mesma lei também aparece a ginástica, mas agora no ensino 
secundário, em que diz “Farão os alumnos exercicios gymnasticos, debaixo da direção 
de hum mestre especial” 
Após esse momento, houve outro decreto o de nº 7247 de 19 de abril de 1879, 
chamado de reforma Leôncio de Carvalho, essa reforma viria para modificar o ensino 
13 
 
primário, secundário e o superior. A ginástica aparece no decreto, primeiramente no 
art. 4º em que ela vem como uma das disciplinas do ensino primário do 1º grau, já que 
esta reforma dividiu o ensino primário em 1º e 2º grau. Já no segundo grau ela seria 
melhor aprofundada, juntamente com outras disciplinas. 
 
Art. 4º O ensino nas escolas primarias do 1º gráo do municipio da Côrte 
constará das seguintes disciplinas: 
[...] 
Gymnastica. 
[...] 
O ensino nas escolas do 2º gráo constará da continuação e desenvolvimento 
das disciplinas ensinadas nas do 1º gráo e mais das seguintes: [...] 
(BRASIL. Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879) 
 
Enquanto se estava delineando o contexto escolar, foi pensado pelos 
intelectuais da época um sistema que pudesse resultar na formação de mais 
professores para o ensino primário, já que o mesmo estava com déficit de professores. 
Em decorrência disso surgiu as escolas normais do estado. 
As “escolas normais do estado” era uma espécie de ensino que formava 
professores para atuarem no ensino primário, o currículo dela trazia também a 
ginástica como uma das disciplinas obrigatórias, mais especificamente no art. 9º deste 
decreto estudado. 
A partir dessas leis a Educação Física começa a ganhar evidência, era 
comprovado que os corpos fortes e saudáveis adoeciam menos. Além da necessidade 
higienista existia também a eugenista, ou seja, um corpo saudável poderia ser um 
corpo nos moldes de padrão eurocentristas, transformando esse corpo para 
representar a raça. 
 
Entre os pareceres e leis, que de alguma maneira trataram da inclusão da 
Educação Física junto às escolas, destacamos a lei de nº 630/1851 por ser 
possível verificar nesta uma das primeiras tentativas efetivas de 
regulamentação da Educação Física nas escolas, revelando que, pelo menos 
formalmente, as condições para a docência e o ensino dessa disciplina na 
escola estavam dadas, principalmente por ter a seu favor o respaldo científico 
desenvolvido pelos médicos higienistas. Em segundo lugar, a defesa por 
parte dos educadores da época, que também eram eugenistas, em relação à 
introdução da Educação Física (ginástica) nos colégios apresenta-se como 
um fator de diferenciação social, no sentido de que, através de um corpo forte, 
vigoroso e saudável, a elite poderia vir a eleger aquele corpo como seu 
representante, seguindo os padrões eurocentristas. (SANTOS e SÁ, 2014, 
p.1) 
 
14 
 
O decreto de nº 2.072 de 8 de março de 1940 já aparece em um contexto 
industrial, pois o Brasil estava em meio a esse processo, o currículo era pautado numa 
educação cívica, moral e física. Por conseguinte, é atribuída à Educação Física uma 
finalidade ainda nos moldes higienista, porém, começava a trazer uma função de 
formar um corpo forte e saudável para atuar na indústria, como diz no seguinte artigo 
da referida lei, 
 
Art. 4º A educação física, a ser ministrada de acordo com as condições de 
cada sexo, por meio da ginástica e dos desportos, terá por objetivo não 
somente fortalecer a saúde das crianças e dos jovens, tornando-os 
resistentes a qualquer espécie de invasão mórbida e aptos para os esforços 
continuados, mas também dar-lhes ao corpo solidez, agilidade e harmonia. 
Parágrafo único. Buscará ainda a educação física dar às crianças e aos 
jovens os hábitos e as práticas higiênicas que tenham por finalidade a 
prevenção de toda a sorte de doenças, a conservação do bem-estar e o 
prolongamento da vida. Será, neste particular. Objeto de especial atenção o 
esclarecimento do papel que, na manutenção da saúde, desempenha a 
alimentação, e bem assim dos preceitos que sobre ela devam ser 
continuamente observados. (BRASIL. Decreto nº 2.072 de 8 de março de 
1940). 
 
Dois anos depois do Decreto de nº 2.072, em 1942 é promulgada com iniciativa 
de Gustavo Capanema o decreto de nº 4.244 de 9 de abril de 1942 que veio como 
uma proposta de organizar o ensino secundário tendo como intenção servir ao novo 
modelo econômico e social, tendo objetivo de criar uma mão de obra qualificada, para 
suprir o grande avanço da industrialização no pais. O currículo continua sendo 
marcado pela educação cívica, moral e física. A Educação Física nesse decreto 
aparece de forma obrigatória até os vinte e um anos de idade, sendo ela uma disciplina 
que precisava de frequência para a evolução escolar do indivíduo. 
 
Art. 19. A educação física constituirá, nos estabelecimentos de ensino 
secundário, uma prática educativa obrigatória para todos os alunos, até a 
idade de vinte e um anos. 
Parágrafo único. A educação física será ministrada segundo programas 
organizados e expedidos na forma do artigo anterior. (BRASIL. Decreto nº 
4.244 de 9 de abril de 1942) 
 
Isso se modifica no ano de 1945, em que o Decreto-Lei nº 8.347 ordena que 
apenas os alunos que estudavam em período diurno deveriam fazer a Educação 
Física, mas ainda continuava com a idade máxima de vinte e um anos. Disposto no 
“Art. 19. A educação física constituirá uma prática educativa obrigatória, para todos os 
alunos de curso diurno, até a idade de vinte e um anos. ” 
15 
 
O Decreto-Lei nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946, elabora a organização do 
currículo do curso de ensino de escolas normais e a Educação Física era uma das 
disciplinas colocadas no currículo. A Educação Física é encontrada nesse contexto 
no capítulo III com o título de “curso de formação de professores primários”, mais 
precisamente no artigo 8º, em que a Educação Física faz parte do currículo de 
formação de professores que vai da 1ª à 3ª série do segundo grau. 
Após todos esses acontecimentos a Educação Física esteve presente também 
na primeira LDB (lei nº 4.024/61) em que trazia a prática obrigatória da disciplina no 
ensino primário e médio até os 18 anos de idade. Com interesse puramente industrial, 
associado ao corpo produtivo. Ou seja, emergia a Pedagogia Tecnicista. 
 
Basicamente, centravam-se no processo de industrialização do modelo 
econômico brasileiro, em substituição ao agrário de índole comercial-
exportadora implementado nos anos 30, e apoiavam-se na necessidade da 
capacitação física do trabalhador ao lado daquela de natureza técnica. A 
necessidade do adestramento físico [...]estava associada à formatação de um 
corpo produtivo, portanto forte e saudável, que fosse ao mesmo tempo dócil 
o bastante para submeter-se à lógica do trabalho fabril sem questioná-la, 
portanto, obediente e disciplinado nos padrões hierárquicos da instituição 
militar. A extensão da obrigatoriedade de sua prática [...] até o limite de 
dezoito anos de idade (...), justificava-se pela compreensão de ser essa a 
idade na qual se dava o término do processo de instruçãoescolar e o 
subseqüente ingresso no mercado de trabalho, cabendo a esse último os 
cuidados com a manutenção da capacitação física do não mais educando e 
sim trabalhador. (CASTELLANI, 1998, p. 7 – 8) 
 
A Pedagogia Nova não atendia mais as necessidades do mundo capitalista, 
desenfreadas com o processo de industrialização crescente, sendo superada 
pela Pedagogia Tecnicista, considerada, agora, a pedagogia oficial. A 
Pedagogia Tecnicista tinha como princípio o rendimento e como fim a 
qualificação técnica do indivíduo para este contribuir no desenvolvimento 
industrial do país. (TAMIOSO e MAZO, 1991, p. 51) 
 
O ano de 1971, traz em sua reforma educacional a prática obrigatória da 
Educação Física independente de idade, podendo ser facultada apenas pelos 
seguintes motivos: os estudantes que trabalhavam 6 horas ou mais por dia; 
estudantes com 30 anos ou mais; aos que prestavam serviço militar; e aos alunos 
fisicamente incapacitados. Após 4 anos foi adicionada mais 2 alíneas sobre a 
facultatividade da Educação Física, a primeira aos alunos com pós-graduação e a 
segunda às mulheres com prole. 
A partir de 1985 constata-se uma tendência popular. Em 1988 é apresentado 
um capítulo relacionado a educação na carta magna (constituição), em que a 
Educação Física não vinha representada com a ideia de obrigatoriedade. Em sua 
segunda versão (1990) a Educação Física já vem a ser mencionada no artigo nº 36. 
16 
 
Em 1991, é aprovado o Projeto de Lei (PL) nº 1.337 que traz a integração dos 
esportes no currículo da Educação Física. A lei nº 8.946/94 fomenta o esporte na 
escola permitindo que as escolas obtivessem vínculos empresariais de patrocínio para 
as atividades desportivas. 
Em 1996, a LDB integrou a Educação Física como componente curricular da 
educação básica, se ajustando as idades e as condições da população, sendo 
facultativa no período noturno. 
 
A Educação Física pautada na tendência Popular é dominada pelos anseios 
operários de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação, 
cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida passam a vigorar nos 
debates da disciplina. O aluno, depois de um longo período, desde a 
tendência pedagogicista, entre 1945 e 1964, passa a ser parte do processo, 
sendo ouvido, podendo sugerir e criticar. (FERREIRA E SAMPAIO, 2013) 
 
A Educação Física no ensino superior era obrigatória desde a década de 60, 
mas em 80 as coisas começariam a mudar no que diz respeito à extinção da Educação 
Física no ensino em questão. Em 1996 ainda se guiavam nesse caminho e após a 
USP ter tentado tirar a obrigatoriedade da disciplina terminando sem êxito, a 
UNICAMP traçava o mesmo caminho elaborando um texto com o título A Educação 
Física no Ensino Superior: A Obrigatoriedade Anacrônica. Nesse texto foi abordado o 
cenário da Educação Física desde o princípio trazendo como fundamentação as leis 
que embasaram a Educação Física. (CASTELLANI, 1998) 
Assim, pode-se dizer que a Educação Física atendia aos interesses da lógica 
hegemônica. Somente na década de 90 as coisas começaram a mudar originando em 
uma Educação Física contextualizada. Porém, até os dias de hoje ainda se observa 
que essa Educação Física contextualizada ainda não está incutida no ensino da 
disciplina por muitos professores. 
Algumas das abordagens que ficaram mais conhecidas nesse período em que 
emergia uma nova fase de ensino da Educação Física e que irão ser campo de disputa 
na definição das políticas curriculares no Brasil. 
 
a) Concepção de Aulas Abertas 
Essa abordagem tem o aluno como centro, onde ele tem a tomada de decisão 
diante dos objetivos traçados, na escolha de conteúdo, na avaliação e no método de 
aprendizagem. Diferentemente das aulas onde existem movimentos esportivos, nessa 
abordagem o aluno tem como objetivo elaboras seus próprios movimentos dentro das 
17 
 
aulas, sempre com o planejamento do professor, motivando o aluno a criticar e refletir 
sobre o seu meio social. O professor deve estar preparado para desenvolver 
autonomia no aluno, fazendo com que através de aula o aluno tome chegue a tomada 
de decisões ajuda no processo de ensino aprendizado. 
Objeto de pesquisa: O mundo do movimento. 
Os conteúdos são construídos por meio da definição de Temas Geradores e 
são desenvolvidos promovendo-se ações problematizadoras; as ações 
metodológicas são organizadas de forma a conduzir a um aumento no nível 
de complexidade dos temas tratados e realiza-se em uma ação participativa, 
onde professor e alunos interagem na resolução de problemas e na definição 
dos temas geradores; o ensino aberto exprime-se pelo estímulo à 
"subjetividade" dos participantes. Aqui entram as intenções do professor e os 
objetivos de ação dos alunos. (PALAFOX e NAZARI, 2007) 
 
b) Construtivista 
A abordagem construtivista visa a busca pelo conhecimento e a construção do 
conhecimento através da relação do sujeito com o meio em que vive. Esta abordagem 
faz com que o aluno reflita sobre o meio social em que vive, desenvolva seu próprio 
aprendizado e o professor atue como um mediador estingando o aluno à reflexão e a 
auto avaliação, fazendo com que o aluno se sinta à vontade em errar, em criticar, sem 
medo, vendo o erro não como um obstáculo, e sim, como um trampolim para a 
aprendizagem. Esta abordagem é contra os recursos que são usados como avalição 
nas escolas, uma avaliação padronizada, com isso, a escola não deveria ser regida e 
deixar com que o a aluno faça a sua autoavaliação e reflexão através da interação e 
a interpretação do seu contexto social. 
Objeto de pesquisa: motricidade humana ou psicomotricidade. 
 
Tem como seu conteúdo brincadeiras populares, jogo simbólico e jogo de 
regras. Sua finalidade é a construção do conhecimento através do resgate de 
conhecimento do aluno para a solução de problemas. A temática principal fica 
por conta da cultura popular, do jogo e do que é lúdico. (NETTO, ibid.) 
 
c) Crítico-Superadora 
Essa abordagem tem como ponto de partida a pedagogia histórico crítica e visa 
preparar o aluno para participar ativamente da sua realidade social. Essa abordagem 
propõe através de ciclos de escolarização a aprendizagem do aluno, fazendo o aluno 
um ser crítico dentro da sociedade e é papel do professor apresentar ao aluno as 
problematizações dentro do contexto social do aluno, fazendo com que esse aluno 
18 
 
critique e reflita, se apropriando dos conhecimentos científicos e superando os seus 
saberes empíricos trazidos ao logo da sua vivência dentro do seu meio. 
O conteúdo nessa abordagem deve ser desenvolvido dentro de uma prática 
pedagógica, onde os conteúdos devem ter um trato histórico, crítico, fazendo com que 
o aluno supere a visão alienada da sociedade em que ele vive. “Tem como seu 
conteúdo os conhecimentos sobre o jogo, esporte, dança e ginástica. Sua finalidade 
é a transformação social, para isso usam uma tematização da aula. A temática 
principal é a cultura corporal em uma visão holística. ” (NETTO, ibid.) 
Objeto de estudo: cultura corporal. 
 
d) Crítico-Emancipatória 
Para essa abordagem é necessário que o aluno seja capacitado para o meio 
em que vive e é através da comunicação professor/aluno que isso irá acontecer. É 
papel do professor instigar o aluno a criticar o que está acontecendo no nosso meio, 
principalmente no âmbito esportivo, fazendo com que o aluno atinja a emancipação, 
cabendo ao professor colocar tarefas que façam com que o aluno critique e reflita, 
trazendo para ele problematizações e assuntos que o aluno internaliza no seu dia a 
dia. O papel do professor é tornar o seu aluno livre, ajudar ele a se tornar alguém com 
autonomia intelectual e buscar a emancipação desse aluno ao longoda sua vivência. 
Nesta abordagem nota-se três níveis de competências, sendo elas, a objetiva, 
a social e a comunicativa. A primeira, visa desenvolver a autonomia dos alunos 
através da técnica; a segunda, se refere aos conhecimentos e esclarecimentos que 
os alunos devem adquirir para entender o próprio contexto sociocultural; e a terceira, 
assume um processo reflexivo responsável por desencadear o pensamento crítico e 
ocorre através da linguagem – que pode ser de caráter verbal, escrita e/ou corporal. 
(MATTOS, 2012) 
Objeto de estudo: cultura corporal de movimento. 
 
A abordagem crítico-emancipatória pretende o resgate da linguagem do 
movimento humano como forma de expressão do mundo social. Para tanto, 
busca articular uma prática do esporte condicionada a sua transformação 
didático-pedagógica, de tal modo que a educação contribua para a reflexão 
crítica e emancipatória das crianças e jovens. Pois, segundo Kunz é pelo 
questionamento crítico que se chega a compreender a estrutura autoritária 
dos processos institucionalizados da sociedade que formam as convicções, 
interesses e desejos. (FREITAS e RINALDI, 2008, p. 9) 
 
19 
 
Observa-se no quadro abaixo uma síntese das abordagens pedagógicas: 
Quadro 02 – Principais abordagens da Educação Física. 
Abordagens 
Pedagógicas 
Principais 
Autores 
Autores de 
Base 
Obras Conteúdos 
Concepção de 
Aulas Abertas 
(1986) 
Hildebrandt e 
Laging 
Hessischer 
Kugturminister 
Concepções Aberta 
de Ensino 
Visa a participação 
dos alunos nas 
decisões 
referentes aos 
objetivos, seleção 
dos conteúdos, 
metodologia e 
avaliação 
Construtivista 
(1989) 
João Batista 
Freire 
Jean Piaget; 
Michael 
Foucault 
Educação Física de 
Corpo Inteiro 
Objetiva construir 
conhecimento 
através da 
interação com o 
meio, resolvendo 
problemas 
Crítico 
Superadora 
(1992) 
 
Coletivo de 
Autores 
 
Saviani e 
Libâneo 
Metodologia do 
Ensino da Educação 
Física 
Os conteúdos 
devem partir dos 
conhecimentos já 
existentes para o 
aluno 
Crítico-
Emancipatória 
(1994) 
Elenor Kunz Habermas 
Transformação 
Didático-Pedagógica 
do Esporte 
O aprendizado das 
modalidades 
esportivas e, por 
meio desta, 
contribuindo para a 
formação do aluno 
FONTE: AZEVEDO E SHIGUNOV, 2001. (adaptado: BARBIERI, PORELLI e MELLO) 
No quadro 02 observa-se um resumo básico para um melhor entendimento 
acerca das abordagens pedagógicas utilizadas na Educação Física. Levando em 
consideração o contexto histórico da mesma pode-se dizer que em duas décadas 
houve uma grande evolução no diz respeito à produção de conhecimento da área, 
mas que ainda há muito a se fazer, pois ainda está entranhado no ensino o modelo 
da aptidão física. 
Mediante toda essa explicação sobre as abordagens pedagógicas, faz-se 
necessário debatermos sobre o currículo da BNCC. Qual concepção ela pode trazer 
relacionada às circunstâncias explicitadas acima? Qual discurso o currículo traz a 
partir dessa conjuntura? Constataremos mais adiante, no tópico O Currículo na BNCC. 
 
2.4 CURRÍCULO: UMA BASE PARA A BASE 
 
20 
 
Esta pesquisa discorrerá sobre currículo, que é imprescindível para o fomento 
do conhecimento científico acerca do tema a ser tratado. Buscando conceituar esta 
palavra tão abrangente e com tantos significados. Schmidt (2003, p. 3) aponta que a 
palavra currículo tem sentido etimológico na palavra curriculum, termo latino, que tem 
significado em “movimento progressivo, o andamento de uma corrida de bigas9, uma 
estrada a ser percorrida”. 
Pode-se também mencionar e conceituar currículo a partir do autor Michael 
Apple (2008, p. 108) que traz uma forte relação entre a construção do currículo com a 
questão social e econômica, ou seja, a social para manter o controle sobre a massa e 
econômica para a formação de mão de obra especializada e hábil para a indústria. 
Por meio desse conceito trazemos para a pesquisa em questão, ou seja, todas essas 
mudanças têm um certo teor de interesse político e econômico. 
Além disso, Sancristán (2000, apud Aranha 2011) enfatiza que o currículo 
possui duas dimensões, sendo elas: a forma e o conteúdo. Sendo o conteúdo os 
elementos a serem ensinados e a forma seria a organização desse método. 
 
O currículo é, antes de tudo, uma seleção de conteúdos culturais 
peculiarmente organizados, que estão codificados de forma singular. Os 
conteúdos em si e a forma ou códigos de sua organização, tipicamente 
escolares, são parte integrante do projeto [cultural] (SANCRISTÁN, p.35 
apud. ARANHA, p.62) 
 
Pode-se mencionar também as Teorias Curriculares, que Silva (2001, p.17) 
categorizou em TRADICIONAIS, CRÍTICAS E PÓS-CRÍTICAS. Os conteúdos foram 
divididos conforme o quadro abaixo: 
Quadro 03 – Conteúdos das Teorias Curriculares. 
TEORIAS 
TRADICIONAIS 
TEORIAS CRÍTICAS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS 
ensino 
aprendizagem 
avaliação 
metodologia 
didática 
organização 
planejamento 
eficiência 
Ideologia 
reprodução cultural e 
social / poder 
classe social 
capitalismo 
relações sociais de 
produção conscientização 
emancipação e libertação 
identidade, alteridade, 
diferença 
subjetividade 
significado e discurso 
saber–poder 
representação 
cultura 
gênero, raça, etnia 
 
9 Uma biga é um carro de guerra de duas rodas, movido por dois cavalos. Foi usada 
na Antiguidade como carro de combate. 
21 
 
objetivos currículo oculto 
resistência 
sexualidade 
multiculturalismo 
FONTE: SILVA, 2001. 
Schmidt (2013, p. 67) aponta que o currículo tem uma relação de poder o que 
implica em dizer que a escolha do currículo tem um interesse implícito. 
 
Enquanto as teorias tradicionais consideram-se neutras, científicas e 
desinteressadas, as críticas e pós-críticas, contrariamente argumentam que 
não existem teorias neutras, científicas e desinteressadas, e sim implicadas 
em relação de poder. 
 
Outro ponto importante são os conteúdos educativos, que permeiam a 
Educação Física perpassando pelas dimensões de Coll ( Ano ??) que correspondem 
à três elementos: a) dimensão conceitual; b) dimensão atitudinal e; c) dimensão 
procedimental. Cada um deles corresponde as seguintes perguntas, respectivamente, 
“o que se deve saber?”, “como se deve ser?” e “o que se deve saber fazer?”. De 
acordo com Darido (2005, p. 5) 
 
o papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, 
jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo 
para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas 
inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos 
devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E, 
finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber porque ele está 
realizando este ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados 
àqueles procedimentos (dimensão conceitual). 
 
Estes elementos têm relação direta com as políticas educacionais no que diz 
respeito à formação do aluno, uma formação plena deveria ser o direito de todos que 
estão incluídos no processo educacional. 
Anteriormente à atual BNCC as políticas educacionais apresentadas eram os 
DCN’s (Diretrizes Curriculares Nacionais) e PCN’s (Parâmetros Curriculares 
Nacionais), estas reformas curriculares que antecederam a BNCC vêm sendo 
implementadas desde a década de 90. Por conta do neoliberalismo se sentiu uma 
forte necessidade na reformulação dos conteúdos e a forma de aplicação dos mesmos 
para que se pudesse nortear o ensino escolar, como sempre atendendoaos 
interesses hegemônicos. (MEC, [s.d.]) 
Os DCN’s estão assegurados pela Constituição Federal, disposto no art. 22 e 
art. 210 de 1988. Que diz 
22 
 
 
Compete privativamente à União legislar sobre: (...) diretrizes e bases da 
educação nacional; (...) Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino 
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos 
valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. (BRASIL, Constituição da 
República Federativa do Brasil, 1988) 
 
Após a Lei nº 9.131/95 se criou o Conselho Nacional de Educação (CNE) 
resultando na discussão dos parâmetros curriculares. Os PCN’s foram elaborados 
pelo MEC ao longo de três anos (1995 – 1998), o processo de construção desta 
política educacional foi similar ao da BNCC. Recebeu contribuição de especialistas e 
também foram submetidos a debates para que pudesse ser aperfeiçoado e 
posteriormente aplicado. 
Mediante isso, busca-se relacionar a concepção de currículo e os conteúdos 
propostos com a Base Nacional Comum Curricular que é uma proposta que o governo 
está implementando nas escolas, como veremos mais à frente. 
 
2.5 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 
 
A Base Nacional Comum Curricular é um elemento composicional do Plano 
Nacional de Educação (PNE) sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 25 de 
junho de 2014, previsto na Lei nº 13.005/2014 que “determina diretrizes, metas e 
estratégias para a política educacional dos próximos dez anos” (MEC), ou seja, de 
2014 a 2024. A BNCC se trata de uma proposta curricular composta por um grupo de 
pesquisadores e que tem como meta instituir a matriz curricular de toda a educação 
do país. Nesta proposta curricular está de forma sistematizada o que cada uma das 
disciplinas deve ministrar nas escolas brasileiras, desde o ensino infantil ao ensino 
médio. 
A BNCC está prevista no Plano Nacional de Educação – PNE, a partir de artigos 
e parágrafos que apontam para ações que lhe diz respeito, tais como: 
 
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito 
da instância permanente de que trata o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação 
dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão 
a base nacional comum curricular do ensino fundamental; 
3.2) o Ministério da Educação, em articulação e colaboração com os entes 
federados e ouvida a sociedade mediante consulta pública nacional, 
elaborará e encaminhará ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 
2o(segundo) ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de 
aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de ensino médio, 
a serem atingidos nos tempos e etapas de organização deste nível de ensino, 
com vistas a garantir formação básica comum; 
23 
 
3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito 
da instância permanente de que trata o § 5o do art. 7o desta Lei, a 
implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que 
configurarão a base nacional comum curricular do ensino médio; 
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuacão interfederativa, diretrizes 
pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos 
currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos 
(as) alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a 
diversidade regional, estadual e local. (CNTE, p. 4, 2015) 
 
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), 
o documento ainda em processo de discursões e debates entre alguns setores ligados 
a educação, determina que o currículo que está sendo proposto, terá 60% de 
conteúdos comuns para a educação básica e 40% restantes serão implementados, 
configurados e determinados regionalmente a medida em que haja necessidades em 
cada sistema educacional (CNTE, 2015, p. 5). Mas mesmo contando com estes 40% 
de autonomia da escola na elaboração do currículo escolar, ele provavelmente ficará 
sujeito a limitações, pois acredita-se que para que haja uma emancipação do 
aluno/indivíduo como constituinte da sociedade os conteúdos devem receber máxima 
atenção, de forma a compactuar com a diversidade e pluralidade social, ou seja, a 
BNCC tiraria a autonomia da escola e valores da diversidade brasileira. 
Além disso, outros aspectos são problematizados por outras instituições ligadas 
a educação, em nota o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino 
Superior (ANDES-SN), diz-se que a BNCC 
 
está vinculada uma proposta de centralização da seleção de conteúdos e sua 
uniformização, baseada no argumento de autoridade dos especialistas das 
disciplinas. Isto desconsidera as diferenças de significado que se podem 
atribuir a conteúdos em variados contextos (sociais, econômicos e culturais) 
cuja expressão possui espaço garantido nos projetos político-pedagógicos 
das escolas, conforme estabelecido na LDB. (ANDES-SN, 2016, p.1) 
 
Portanto, fundamenta mais ainda a ideia de que a criação da BNCC segue uma 
lógica neoliberal de sociedade, pois cria estratégias para a educação, sendo o ensino 
profissionalizante uma forma de manter os interesses de classe, no qual poderá ser 
organizado na perspectiva de fomentar as ideologias voltadas para o poder 
hegemônico. 
Com isso, vale também mencionar uma afirmação sobre o ensino técnico-
profissionalizante sobre MP 746/2016 de Bastos, Santos Jr e Ferreira (2017) que diz: 
 
Esta imposição do atual governo compõe o conjunto de ações políticas que 
retoma a um passado não muito distante, no tempo de uma educação 
24 
 
técnico-profissionalizante que tinha a perspectiva de formar escravos 
modernos, capital humano preparado para servir aos interesses de quem 
detém o domínio econômico neste país. (2017, p. 43) 
 
Faz parte dos planos hegemônicos para a manutenção do estado capitalista 
esta reforma do ensino médio com a ajuda da BNCC, o que provoca no mercado o 
aumento de mão de obra dando uma série de opções para a classe burguesa 
submeter a classe trabalhadora a qualquer trabalho e salário tirando a possibilidade 
de luta e conquista desta camada social. 
Isto tudo nos remete à Teoria do Capital Humano que segundo Schultz (1973 
apud Mira e Romanowski 2009, p. 10209 – 10210) cita que 
 
postula que a educação é um bem de produção indispensável ao 
desenvolvimento econômico, tendo por função preparar as pessoas para 
atuar num mercado em expansão que necessita de uma força de trabalho 
“educada”. 
 
Então pode-se afirmar que a educação escolar tem fortes laços com o mercado 
de trabalho, principalmente quando se fala nesta Teoria. Pois a formação de mão de 
obra barata é necessária para os donos dos meios de produção. 
A Educação Física no Brasil sofreu muitas mudanças de acordo com contexto 
histórico que foi apresentado na seção 2.3. Ao longo desse processo histórico a 
disciplina já teve concepções como: higienista, militarista, tecnicista, esportivista, 
dentre outras. 
Grande parte da reprodução social se faz dentro da escola, a partir da educação 
dada as crianças desde os seus primeiros anos de vida, então o currículo com esse 
caráter de reproduzir ajuda a fomentar ainda mais esta ideologia mercadológica. A 
Educação Física em seu currículo tem se manifestado ao longo dos anos e de seus 
avanços contra essas ideologias, intelectuais como Saviani, Castellani, Taffarel, entre 
outros, pensam em uma educação com uma abordagem mais crítica. 
 
3 MÉTODOS E MATERIAIS 
3.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA 
 
Essa pesquisa terá como método o Materialismo Histórico Dialético (MHD), que 
foi idealizado por Karl Marx, “o método do materialismo histórico dialético, é método 
de interpretação da realidade, visão de mundo e práxis” (PIRES, 1997,p. 85). Pois o 
25 
 
objetivo é investigar a essência do objeto de pesquisa para a superação do discurso 
fundamentado pelo senso comum. 
Tendo como base filosófica o marxismo pode-se dizer que o principal objeto 
dessa abordagem são as transformações sociais e econômicas. Essa pesquisa vem 
justamente tratar sobre como a BNCC vai afetar o ensino e consequentemente a 
sociedade, pois a relação entre ensino e sociedade é estreita. 
 
3.3 TIPOS DE PESQUISA 
3.3.1 Ponto de Vista da Natureza 
 
Do ponto de vista da natureza esta pesquisa se tratará da Pesquisa Básica, 
que de acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p. 34) “objetiva gerar conhecimentos 
novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve 
verdades e interesses universais. ” 
 
3.3.2 Ponto de Vista da Abordagem do Problema 
 
Neste sentido a abordagem é qualitativa que: 
 
não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o 
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, 
etc. [...] Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam 
explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não 
quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de 
fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) 
e se valem de diferentes abordagens. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 31 
– 32) 
 
3.3.3 Ponto de Vista dos Objetivos 
 
Esta pesquisa é classificada como Exploratória e Explicativa, sendo 
respectivamente, de acordo com Gil (2002, p. 41 – 42) 
 
Pesquisas exploratórias: Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar 
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a 
constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo 
principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. (...) 
Pesquisas explicativas: Essas pesquisas têm como preocupação central 
identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência 
dos fenômenos. 
 
26 
 
3.3.4 Ponto de Vista da Técnica 
 
A pesquisa será a bibliográfica e documental, que segundo Gil (2002, p.44 - 
45), “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado” já a 
pesquisa documental “vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento 
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da 
pesquisa. ” 
Desenvolvida com base nos materiais que serão levantados de acervos da 
internet e de bibliotecas que diz respeito ao nosso objeto de pesquisa. 
 
3.4 TIPOS DE DADOS 
 
Trata-se de dados primários e secundários, pois a análise principal se trata do 
documento da Base e também será feita a coleta dados bibliográficos de materiais já 
elaborados que fazem uma análise da Base Nacional Comum Curricular dando uma 
maior fundamentação à nossa pesquisa. 
De acordo com Fontelles et. al. (2009, p. 7), sobre os dados primários e 
secundários 
 
No primeiro caso, são as fontes cuja origem remonta à época que se está 
pesquisando, ainda não analisadas e que, frequentemente, foram produzidas 
pelas próprias pessoas estudadas, tais como correspondências, diários, 
textos literários e outros documentos mantidos em órgãos públicos e 
instituições privadas de qualquer natureza; no segundo, correspondem às 
fontes cujos trabalhos escritos se baseiam na fonte primária, e tem como 
característica o fato de não produzir informações originais, mas, apenas, uma 
análise, ampliação e comparação das informações contidas na fonte original. 
 
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO/RESULTADOS DOS DADOS 
 
A análise se definirá por partes retiradas do documento de apresentação da 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e por produções textuais e referenciais 
teóricos já elaborados que possam dar embasamento na resposta da pergunta 
problema. 
Serão analisados dois documentos de apresentação da BNCC a segunda 
versão publicada em maio de 2016 e a terceira versão publicada em abril de 2017 
(versão final) pelo MEC. Trazendo as mudanças que ocorreram nos conteúdos dos 
documentos, além de atualizar algumas informações pertinentes à pesquisa. 
27 
 
 
4.1 Orientações Metodológicas Gerais 
 
Um dos elementos mais importantes que se esperam do aluno de acordo a 
BNCC é o domínio das competências, que segundo o próprio documento em sua 
terceira versão diz 
 
Segundo a LDB (Artigos 32 e 35), na educação formal, os resultados das 
aprendizagens precisam se expressar e se apresentar como sendo a 
possibilidade de utilizar o conhecimento em situações que requerem aplicá-
lo para tomar decisões pertinentes. A esse conhecimento mobilizado, 
operado e aplicado em situação se dá o nome de competência (MEC, 2017a, 
p. 15) 
 
Algumas das competências em moldes gerais que o documento da BNCC em 
sua terceira versão traz, são as seguintes: 
 
[...] a BNCC adota dez competências gerais, que se inter-relacionam e 
perpassam todos os componentes curriculares ao longo da Educação Básica, 
sobrepondo-se e interligando-se na construção de conhecimentos e 
habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB. 
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o 
mundo físico, social e cultural para entender e explicar a realidade (fatos, 
informações, fenômenos e processos linguísticos, culturais, sociais, 
econômicos, científicos, tecnológicos e naturais), colaborando para a 
construção de uma sociedade solidária. 
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das 
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação 
e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular 
e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos das 
diferentes áreas. 
3. Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas 
manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também para 
participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 
4. Utilizar conhecimentos das linguagens verbal (oral e escrita) e/ou verbo-
visual (como Libras), corporal, multimodal, artística, matemática, científica, 
tecnológica e digital para expressar-se e partilhar informações, experiências, 
ideias e sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos 
que levem ao entendimento mútuo. 
5. Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, 
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as 
escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir 
conhecimentos e resolver problemas. 
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações 
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao seu projeto de 
vida pessoal, profissional e social, com liberdade, autonomia, consciência 
crítica e responsabilidade. 
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para 
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que 
respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental 
em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao 
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 
28 
 
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, 
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade 
para lidar com elas e com a pressão do grupo. 
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, 
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e 
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, 
identidades, culturase potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, 
gênero, orientação sexual, idade, habilidade/necessidade, convicção 
religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma 
coletividade com a qual deve se comprometer. 
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, 
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões, com base nos 
conhecimentos construídos na escola, segundo princípios éticos 
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (MEC, 2017a, p. 18-19) 
 
Analisando a 5ª competência observa-se a urgência em formar mão de obra 
proativa para o mercado de trabalho, pessoas que possam fazer o seu serviço e 
também ser útil para quaisquer outros serviços que possam aparecer, resultando na 
aptidão em resolver problemas que possam porventura surgir. Segundo Martins 
(2010, p. 21) 
 
Diante de um mundo em “constantes transformações”, mais importante que 
adquirir conhecimentos, posto sua “transitoriedade”, será o desenvolvimento 
de competências para o enfrentamento dessas. Apela-se, pois, à formação 
de personalidades flexíveis, criativas, autônomas, que saibam trabalhar em 
grupos e comunicar-se habilmente e, sobretudo, estejam aptas para os 
domínios da “complexidade do mundo real”. 
 
A exigência do mercado resulta na importância de se estabelecer 
determinantes, chamados de competências, para que a educação possa chegar ao 
desfecho esperado, ou seja, formar trabalhadores cujo feitio seja de dominar todas as 
áreas dando aos meios de produção um trabalhador que faça o trabalho de dez, 
gerando mais lucro para a empresa. 
 
Esse trabalhador deve ser polivalente, multifuncional (com capacidade para 
exercer várias funções diferentes), flexível (com capacidade de adaptar-se às 
mudanças do mundo do trabalho a fim de garantir sua empregabilidade). 
Além disso, é necessária uma formação geral que sirva de base para o 
desenvolvimento das atividades requeridas nesse novo modo de produção, 
visto que não cabe mais o treinamento em atividades específicas, como era 
o caso no taylorismo. (MIRA e ROMANOWSKI, 2010, 10213) 
 
Nota-se os mesmos paradigmas na 9ª e na 10ª competência, com base no que 
foi dito acima. Um indivíduo que possa se dar bem em seu meio de trabalho, que seja 
autônomo, que seja flexível, que seja perfeito aos moldes do mercado de trabalho. 
De acordo com o quadro 03 exposto na seção 2.4, que fala sobre as Teorias 
Curriculares a BNCC se encaixa na pós-crítica, pois as competências apontam um 
29 
 
referencial de identidade e cultura citadas no quadro. Principalmente a 1ª, 3ª e 6ª 
competência. 
Em relação ao currículo escolar do ensino médio que vai ser norteado pela 
BNCC e será obrigatório a todas as escolas públicas de ensino básico. Este currículo 
comum terá a carga horária de 1.800 horas englobará quatro áreas de conhecimento, 
serão elas: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e 
sociais aplicadas. Ainda no ensino médio o aluno teria outra possibilidade, que seria 
a formação técnica e profissional que ficaria à critério dele escolhê-la ou continuar 
com alguma das quatro áreas de conhecimento citadas anteriormente. É importante 
ressaltar que durante todo esse processo as disciplinas português, matemática e 
inglês serão obrigatórias à todas as áreas, independente da escolha que o aluno faça. 
(MEC, 2017b) 
Quanto ao ensino profissionalizante Bastos, Santos Jr e Ferreira (2017, p. 45) 
mencionam que seria quase certo quais tipos de alunos escolheriam tal ensino, os 
alunos de escolas públicas, devido a formação em um curto prazo de tempo. 
Este ensino traz consigo uma carga fortemente neoliberal, mesmo que não 
esteja explicitado no documento de apresentação da própria BNCC, pois é de 
interesse dele (do ensino) fazer com que os envolvidos nesse processo escolham 
trabalhar ao invés de estudar, para que assim possam cada vez mais contribuir para 
a manutenção dos interesses hegemônicos. Mantendo a distinção entre os que 
controlam e os que executam. 
Por outras palavras observa-se um descarado regresso ao tecnicismo, ou o que 
é chamado hoje de neotecnicismo, para Mira e Romanowski (2009, p. 10210) 
 
pode-se dizer que o elemento central da pedagogia tecnicista era a 
organização racional dos meios, sendo que o planejamento era o centro do 
processo pedagógico, elaborado pelos especialistas. O professor e os alunos 
eram relegados a posições secundárias; não se valorizava a relação 
professor-aluno, pois o aluno devia se relacionar com a tecnologia. Essa 
abordagem deu ênfase à reprodução do conhecimento, valorizando o 
treinamento e a repetição para garantir a assimilação dos conteúdos. 
 
A diferença entre o tecnicismo e o neotecnicismo é que “a tecnologia determina 
o nível de conhecimento e o tipo de qualificação necessário à força de trabalho” (idem, 
p. 10213). Ou seja, os parâmetros utilizados ainda são os mesmos, só se inclui o 
domínio da tecnologia para que o indivíduo possa ter visibilidade no mercado de 
trabalho. 
30 
 
Assim sendo, evidencia a proposta colocada pela BNCC, pois o processo 
escolar é o meio que esses trabalhadores irão passar para chegar ao mercado e 
competir pela sua vaga de emprego. O que nos remete à Teoria do Capital Humano, 
pois para Saviani (2011, p. 429 – 430) a “contribuição da educação para o progresso 
econômico-produtivo, marca distintiva da teoria do capital humano. ”. 
Pode-se dizer que haverá um exacerbado exército de trabalhadores reservas, 
o que é muito válido quando se fala em modo de produção capitalista, deixando a 
concorrência do mercado mais afunilada ainda, garantindo a competitividade o que é 
muito bom para o capitalismo. 
A disciplina da Educação Física nesse processo fará seu papel como formadora 
de corpos adestrados para servir o modo de produção capitalista, tendo em vista o 
neoliberalismo. Vejamos mais adiante. 
 
4.2 Conteúdos Curriculares da Educação Física na BNCC 
 
A Educação Física entra na BNCC como componente curricular da área de 
linguagens, juntamente com a Língua Portuguesa, Língua Estrangeira e Artes. No 
segundo documento da BNCC, o currículo da Educação Física está sistematizado da 
seguinte forma: brincadeiras e jogos; esportes; exercícios físicos; ginásticas; lutas; 
práticas corporais alternativas; práticas corporais de aventura; práticas corporais 
rítmicas. E que deverão ser trabalhados através de ciclos, organizados a partir do 1º 
ciclo (1º, 2º e 3º ano); 2º ciclo (4º e 5º ano); 3º ciclo (6º e 7º ano); 4º ciclo (8º e 9º ano); 
ao 5º ciclo (1º, 2º e 3º ano do ensino médio). 
No terceiro e último documento da BNCC o currículo da Educação Física está 
dividido entre os conteúdos: brincadeiras e jogos, danças, lutas, ginásticas, esportes 
e práticas corporais de aventura. Este terceiro documento não menciona o ensino 
médio, é colocado na cartilha apenas o currículo para o ensino infantil e séries iniciais 
e finais do ensino fundamental. 
Neste terceiro documento, em que eles dividem em séries iniciais e finais do 
ensino fundamental a disciplina da Educação Física. E algumas das competências 
gerais da disciplina que serão analisadas são as seguintes: 
 
1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos 
com a organização da vida coletiva e individual. 
31 
 
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver 
no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo. 
4. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas 
corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das 
atividades laborais. 
9. Usufruir das práticas corporaisde forma autônoma para potencializar o 
envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a 
promoção da saúde. (MEC, 2017a, p. 181) 
 
Observa-se relações com a abordagem crítico-emancipatória, de Elenor Kunz, 
no que diz respeito a 1ª competência falando sobre cultura corporal de movimento, 
que em quase todo o documento a Educação Física possui essa nomenclatura. Esta 
abordagem, mesmo que faça parte de uma Teoria Crítica, não apresenta uma forma 
plural de educação integral, em que tenha um intuito de uma formação omnilateral 
para o indivíduo quanto sujeito histórico. Seu único foco é o esporte, deixando de lado 
as outras modalidades. 
 
esta centrada no ensino dos esportes que foi concebida para a Educação 
Física Escolar. Busca uma ampla reflexão sobre a possibilidade de ensinar 
os esportes pela sua transformação didático-pedagógica e de tornar o ensino 
escolar em uma educação de crianças e jovens para a competência crítica e 
emancipada. (AZEVEDO E SHIGUNOV, 2011, p. 3) 
 
Na 2ª e na 9ª competência nota-se mais proximidades com a abordagem 
crítico-emancipatória, do que diz respeito aos níveis de competências: objetiva, social 
e comunicativa. 
Logo após, na 4ª competência eles dizem provocar o raciocínio crítico/reflexivo 
no aluno, porém, ao ler a BNCC não se observa em como será feita esse estímulo. 
Certo que seria durante as atividades realizadas, mas ao ler as habilidades de cada 
conteúdo, sendo ele dança, esporte, etc., não fica claro essa provocação. 
A concepção de Educação Física presente na BNCC inclui também uma 
tendência de educação esportivista. Esta tendência ainda é muito representativa 
dentro da Educação Física escolar, pois traz uma séria maneira de lidar com o esporte 
de rendimento, fazendo das aulas monótonas e sem ganho reflexivo para o aluno. 
 
Outro aspecto importante será o retorno da valorização de conteúdos 
técnicos-esportivos, por conta do ambiente técnico-profissionalizante que se 
pretende instituir nas escolas públicas, um claro retorno à proposta 
esportivista desenvolvida nas escolas entre as décadas de 1960 e 1980, ação 
pedagógica que estava em consonância com o modelo educacional objetivo 
e operacionalizante demandado pelo mercado de trabalho. (BASTOS, 
SANTOS JR E FERREIRA, 2017, p. 49) 
 
32 
 
Esta tendência ainda é muito valorizada e a construção e desenvolvimento da 
Educação Física visava acabar com ela, formando novos professores que pudessem 
tirar de vez essa relevância de conteúdos técnicos-esportivos. Mas irá voltar com 
grande força por conta do ambiente técnico-profissionalizante. A BNCC faz parte 
dessa nova era. 
Quando se analisa a BNCC tem-se uma ideia de que ela é perfeita, que não se 
pode haver uma melhor solução para a educação do que esta e um dos trechos que 
causam uma inquietação é o seguinte: 
 
A atual situação escolar e curricular do Ensino Médio evidencia, além disso, 
certos desafios a serem enfrentados também pela área de Linguagens, tais 
como: o tecnicismo; a teorização dissociada da prática; a progressão 
curricular linear, rígida e artificial (baseada em listas de conteúdos); a 
fragmentação na abordagem do ensino; o distanciamento da realidade social 
dos/as estudantes; a exclusão ou o uso apenas instrumental das tecnologias 
digitais (MEC, 2017a, p. 34) 
 
A ensino deveria ter como base uma educação politécnica, pautada na 
formação omnilateral do indivíduo contribuindo para um desenvolvimento do mesmo 
como sujeito histórico. 
 
A concepção de formação politécnica fundamenta-se no materialismo 
histórico-dialético, englobando, de modo indissociável, uma concepção 
pedagógica, uma perspectiva de trabalho e um projeto de sociedade, que 
garante à politecnia uma coerência entre método, concepção de mundo e 
práxis. (REIS, et. al., 2013, p. 52) 
 
 Esta breve análise foi feita em caráter mais objetiva possível, deixando clara a 
concepção geral e de Educação Física que a BNCC traz para o ensino básico do país. 
Na falta de leitura e de análises fortemente munidas de sabedoria acaba-se levando 
à alienação da massa, tomando esta educação como uma educação solucionadora 
dos fatídicos problemas ocasionados pelo capitalismo. Que para Reis et al (2013, p. 
57), o objetivo é “educar os indivíduos em conformidade com as necessidades do 
modo capitalista de produção da existência humana”. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
O objetivo desse estudo foi o de analisar a concepção presente na BNCC, 
contribuindo para o meio acadêmico de forma a fazer com que todos se mantenham 
informados sobre esta questão. 
33 
 
Buscando resolver a pergunta problema e os objetivos da pesquisa, foram 
analisadas a segunda e a terceira versão da BNCC, em busca das concepções que 
estariam presentes no documento. 
Ao ser analisado, foi notada uma tendência neoliberal, principalmente ao 
analisar a segunda versão da BNCC que delimita os parâmetros para ensino médio 
que introduz a área de ensino profissionalizante fazendo com que o aluno saia do 
ensino básico direto para o mercado de trabalho ajudando diretamente a economia do 
país a crescer, já que o país vive uma crise econômica, a solução do atual presidente 
Temer foi aprovar com emergência a BNCC. 
Se tratando de Educação Física, foram analisadas as competências presentes 
no terceiro e último documento e o estudo deste documento possibilitou encontrar a 
concepção presente na BNCC. 
O que nos remete a uma concepção critico-emancipatória, pois se encontra 
bastante presente na BNCC a nomenclatura cultura corporal de movimento além dos 
níveis de competências (objetiva, social e comunicativa) que a abordagem aponta, 
essa abordagem não tem como objetivo formar um aluno omnilateral visando-o como 
um sujeito histórico, mas sim uma forma singular de educação integral, focando 
apenas o esporte, deixando de lado as outras modalidades que são de suma 
importância para a evolução do aluno. 
Foi observado também uma relação com a Teoria Curricular pós-crítica que 
Reis (2013) categoriza. A Pós-Crítica se encaixa por ter correspondência com as 
competências analisadas na terceira versão da BNCC, os conteúdos dispostos fazem 
correlação com identidade, cultura, gênero, raça, etnia, entre outras. 
Conclui-se que além de uma concepção crítico-emancipatória, a proposta 
apresentada pela BNCC para Educação Física é criar mentes adestradas para o 
mercado, que ajudem no crescimento da economia do país sem fazê-los refletir e 
criticar o meio social em que vivem se tornando um sujeito alienado. 
Apresenta-se como solução, uma concepção politécnica que tem como base 
uma formação omnilateral do indivíduo fazendo com que o mesmo evolua como um 
sujeito histórico, buscando uma coerência nos seus estudos entre os métodos 
repassados, a concepção de mundo desse sujeito e a sua atuação prática no meio 
social. 
 
34 
 
THE CONCEPTION OF PHYSICAL EDUCATION PRESENT IN THE NATIONAL 
COMMON CURRICULAR BASE 
 
ABSTRACT 
 
In 2014 began a debate about Brazilian education in which they thought of a National 
Education Plan (PNE) and one of the elements that composed this plan was the 
National Curricular Common Base (BNCC). The objective of this study is to analyze 
the conceptions of Physical Education present in the BNCC presented by the MEC. 
The methodological approach is the Historical Materialism Dialectic. The research 
used will be basic, qualitative, exploratory and explanatory, bibliographical and 
documentary. The data will be of primary and secondary origin collected from 
collections available on the internet and libraries. Two versions of BNCC, the second 
and third version, were analyzed as data source, and authors such as Saviani, Schultz,

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