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Delirium introdução - delirurium significa em sentido figurado estar perturbado, desorientado. Em sentido literal significa estar fora de si. Essa é uma condição neuropsiquiátrica de origem orgânica. Acomete principalmente idosos em ambiente hospitalar. definicição -Delirium é definido como uma síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada pela presença simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigília. A duração é variável, e a gravidade varia de formas leves a formas muito graves. - essa condição é decorrente de uma diminuição do metabolismo cerebral, constado no eletroencefalograma pelo alentecimento difuso do seu padrão. epidemiologia e importância - prevalência de delirium em idosos em diferentes ambientes: Comunidade > 1 a 2% Ambiente de urgência > até 40% Pós- operatório > 2 a 60% Unidade de terapia intensiva > 70 a 87% - Portanto, delirium é extremamente frequente. Além disso, muitas vezes pode ser a única manifestação de uma doença física. Apesar da importante da condição, em 36 a 67% dos casos ela não é diagnosticada e isso pode significar pior prognostico tanto em ambiente hospitalar, quanto fora dele. - Sendo assim, delirium deve ser considerado como uma urgência médica, ter o seu diagnóstico corretamente estabelecido e a terapêutica rapidamente instituída. quadro clínico - inclui: Distúrbio da cognição Distúrbios da atenção e consciência Perturbações no ciclo sono-vigília Perturbações no comportamento psicomotor - uma característica marcante de delirium é que esses sintoma são flutuantes. Eles tem início agudo, mas no idoso o aparecimento dos sintomas pode ser insidioso. As manifestações clínicas podem ser precedidas por sinais prodrômicos como diminuição da concentração, irritabilidade, insônia, pesadelos ou alucinação transitória. - uma característica essencial para o diagnostico e que se encontra em todos os casos é o prejuízo do pensamento. Ele estará lendo ou acelerado, nas formas leves, ou sem logico ou coerência, nas formas graves. - A memória está comprometida, diretamente associada ao prejuízo da atenção e nível de consciência. - alucinações e ilusões estão presentes em 40 a 75% dos casos. - orientação temporoespacial comprometida. - na linguagem geralmente ocorre: disnomia( incapacidade de nomear objetos, mesmo que o paciente os reconheça) e disgrafias( dificuldades motoras na escrita). - outra característica essencial é a diminuição da atenção. O idoso terá dificuldade de manter uma conversação. Terá dificuldade para manter a atenção em um estímulo. - O estado de alerta ou vigilância também se encontra anormalmente alterado, podendo estar reduzido ou aumentado. A desorganização do ritmo circadiano do sono é comum, com sonolência diurna e sono noturno reduzido e fragmentado. - o comportamento psicomotor encontra-se alterado. Pode ocorrer um estado de hiperatividade ou hipoatividade, sendo que as duas formas podem se alternar. etiologia - delirium tem causa multifatorial. Pode ser qualquer afecção médica, uso ou abstinência de drogas. - as causa mais comuns estão em uma tabela no final deste documento. - Entre as causas clínicas de delirium em idosos, destacam-se os processos infecciosos, particularmente pneumonia e infecção do trato urinário, afecções cardiovasculares, cerebrovasculares e pulmonares que causam hipoxia, e distúrbios metabólicos. - os fármacos sozinhos correspondem a 12 a 39% dos casos de delirium. Fatores que complica ainda mais a situação está a polifarmácia e a automedicação. -condições cirúrgicas que podem causar delirium: No pré-operatório: idade avançada e comorbidades. No intra-operatório: tipo de anestesia, duração e tipo de cirurgia, hipotensão e hipóxia. No pós-operatório: dor, infecção, analgesia, sedação, imobilização. fatores de risco - no ambiente hospitalar, existe os fatores predisponentes (já presentes à admissão) e os fatores precipitantes (fatores que contribuem com o desenvolvimento de delirium). - os fatores predisponentes interagem com os pricipitantes e causam delirium. Por exemplo, um paciente com fatores predisponentes tem maiores chance de desenvolver delirium caso seja exposto a um fator precipitante. Já um paciente sem fatores predisponentes, terá mais resistência em desenvolver delirium caso seja exposto a fatores precipitantes. - entre os predisponentes existe 4 fatores de risco identificados: Déficit cognitivo leve Doença grave Uremia Déficit sensorial -Outros fatores predisponentes são: história prévia de delirium, depressão, alcoolismo, história de acidente vascular encefálico e idade maior do que 75 anos. - pacientes idosos tem maior propensão em desenvolver delirium devido aos seguintes fatores: Menor reserva funcional hepática e renal. Maior suscetibilidade a doenças sistêmicas, com uso comum de mais de um fármaco. Menor capacidade de resposta ao estresse; Decréscimo de células do córtex cerebral, da produção de acetilcolina e menor plasticidade de receptores muscarínicos, com aumento da toxicidade, principalmente com o uso de fármacos com ação anticolinérgica. - 5 fatores precipitantes foram identificados: restrição física má nutrição uso simultâneo de mais de três medicamentos (principalmente substâncias psicoativas) uso de sonda vesical e iatrogenia. - existe 5 fatores de risco que podem contribuir com a manutenção do delirium após a alta hospitalar. demência, déficit visual, alta comorbidade, restrição física durante o delirium prejuízo funcional fisiopatologia - ainda não é bem compreendida. Mas as causas que são propostas é a toxidade a fármacos e resposta a inflamação e ao estresse. - A disfunção generalizada dos neurônios corticais pode ser devida a alterações metabólicas nas próprias células, secundárias, por exemplo, a condições como hipoglicemia, hipoxia ou deficiência de tiamina ou na transmissão de sinais a partir de estruturas não corticais. TEORIA NEUROQUÍMICA - acredita-se que a diminuição de acetilcolina seja um dos fatores mais importantes para o desevolvimento de delirium. Essa diminuição pode levar à diminuição do nível de consciência e prejuízo da memoria. Essa condição é reforçada pois, anticolinérgicos quando passam a barreira hematencefálica causam delirium. Além disso, condições clínicas que reduzem a síntese de acetilcolina, como hipoxia, hipoglicemia e deficiência de tiamina, estão relacionadas com delirium. - a dopamina quando aumentada também está associada a delirium. - alterações do nível de serotonina tem sido propostas como causas de delirium. Uma vez que a serotonina participa da modulação da atenção e do ciclo sono-vigília. Niveis diminuídos causam distração, impulsividade e exaltação. - alterações do GABA também está sendo relacionadas como causa de delirium. hipotese neuroinflamatória - o processo inflamatório no sistema nervoso central, com expansão das células microgliais e produção aumentada de citocinas inflamatórios, pode causar comprometimento funcional dos neurônios, com disfunção neuroquímica, desconexão de algumas áreas do cérebro e geração de sintomas vinculados ao delirium como perda da atenção, distúrbio psicomotor, alteração da consciência, inversão do ritmo sono-vigília. - o idoso encontra-se em maior risco de desenvolver delirium devido aos seguintes fatores: imunossenescência maior quantidade de citocinas inflamatórias circulantes maior suscetibilidade a infecções. medidas para identificação dos casos CRITÉRIOS DIAGNÓSTICO - TABELA NO FINAL DESSE DOCUMENTO INTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO - Para avaliação inicial de delirium por profissionais de saúde, não treinados na área psiquiátrica, destaca-se o CAM (Quadro 27.3- TABELA NO FINAL DESTE DOCUMENTO), que abrange 9 itens derivados de critérios do DSM III-R, e formulados em linguagem de simples compreensão (Wei et al., 2008). É um dos instrumentosmais utilizados na prática médica. DIAGNÓSTICO - envolve duas etapas: estabelecer o diagnostico síndrome e determinar a causa. - para estabelecimento do diagnostico é feito a historia clinica, exame físico e aplicação de um critério diagnostico, como o CAM( documento no final deste documento). Para determinar o diagnóstico é necessário solicitar exames complementares como: hemograma, exames bioquímicos, análise de urina, culturas e raios X de tórax - esses exames servem para identificar as condições clinicas mais comuns que causa delirium. - É essencial listar todos os medicamentos em uso, suspendendo os não essenciais e reduzindo a dose dos essenciais; deve-se também considerar a possibilidade de abstinência a álcool ou benzodiazepínicos. O exame clínico deve ser minucioso, procurando doenças agudas ou crônicas em fase de descompensação. - Em casos selecionados, dosagens de fármacos, punção liquórica, hormônios tireoidianos, eletroencefalograma, tomografia computadorizada de crânio podem ser requeridos. diagnóstico diferencial - os principais diagnóstico diferenciais de delirium são: depressão, psicoses funcionais e demencia, sendo essa ultima o mais frequente. - na tabela no final deste documento encontra –se as principais características que ajudam a definir delirium de outros diagnósticos.
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